A extensão da linha do Tua a Bragança
4.4. O ASSENTAMENTO DA LINHA Hugo Silveira Pereira293
João Lopes da Cruz não tinha prática nem conhecimentos técnicos para levar a cabo uma obra como um caminho-de-ferro, pelo que necessitava de um engenheiro praticado. A escolha recaiu sobre Manuel Francisco da Costa Serrão, um técnico formado na escola do exército. Com 48 anos de idade e 22 anos de experiência (topografia, estudos ferroviários, hidráulica, direcção de obras públicas) em Portugal e nas colónias, Costa Serrão era uma enorme mais-valia para o empreendimento294. Iniciou os seus trabalhos na linha ainda antes do trespasse da concessão e da assinatura do contrato de empreitada. Em 11 de Maio de 1903, deslocou-se aos Cortiços para proceder aos trabalhos preliminares de reconhecimento do terreno295. Depois das primeiras inspecções, Costa Serrão chegou à conclusão de que o projecto original do governo podia “ser classificado de construção bastante difficil e dispendiosa”, podendo e devendo ser melhorado, até porque o custo quilométrico sobre o qual seria calculada a garantia de juro era inferior ao custo do projecto original (de 1888). Por outro lado, os preços da mão-de-obra e dos materiais eram muito mais elevados do que os de 1888. Para o engenheiro, ficava “bem á evidencia demonstrada a necessida293
Centro Interuniversitário de História da Ciência e da Tecnologia (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa).
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Arquivo histórico do ministério das obras públicas. Processo individual de Manuel Francisco da Costa Serrão. Centro nacional de documentação ferroviária. Fiscalização. Linha de Foz-Tua a Bragança, caixa 150, peça s/n (8). Gazeta de Bragança, 23.3.1903, n.º 566. O Nordeste, 12.11.1902, n.º 805. GALVÃO, 1929. GALVÃO, 1940.
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CRUZ, 1906: 5.
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