Folha de Pernambuco

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Programa

TERÇA-FEIRA

CINEMA - "Paris, Texas", do diretor Win Wenders, é o clássico exibido hoje dentro do Janela Internacional de Cinema

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Recife, 28 de outubro de 2014

Editor: Talles Colatino Subeditora: Priscila dos Santos e-mail: tv@folhape.com.br / programafolha@gmail.com Telefone: 34255835 - 34255842

Cineasta argentino chega ao Recife para esquetes biográficos

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ESCRITORES sob a lente do CINEMA

Saiba mais

CURRÍCULO - Eduardo Montes Bradley traz no currículo um total de 74 produções cinematográficas, entre elas "Cortázar: notas para um documentário", sobre o escritor argentino Julio Cortázar. Além de serem disponibilizados na internet, seus filmes são oferecidos a universidades e bibliotecas de todo o mundo pela sua produtora, a Heritage Film Project.

 PROJETO "Writers made in Brazil" faz Eduardo Montes Bradley percorrer o País e, nesta semana, o Nordeste

MARINA SUASSUNA

Há dois anos, o cineasta, jornalista e biógrafo argentino Eduardo Montes Bradley, resolveu focar suas lentes em escritores brasileiros no projeto "Writers made in Brazil", no qual produz esquetes biográficos que prestigiam intimamente os autores. Desde ontem que o cineasta radicado nos Estados Unidos está no Recife para filmar com o escritor José Luiz Passos. Hoje, segue para Vicência, no Ceará, onde fará finalização de imagens para o filme "Correia de Brito", em homenagem ao escritor Ronaldo Correio de Brito. De lá, segue para a Paraíba, onde filma a convite da UFPB, sobre o escritor Sérgio Santana. "Meus filmes são pequenos ensaios autobiográficos com uma profunda carga poética. Eu não faço entrevistas. Os autores aparecem na tela como personagens de si mesmo. No final das contas, os filmes acabam sendo tanto meus quanto deles. É um trabalho colaborativo", diz. A aproximação com os escritores brasileiros se dá, sobretudo, através de leituras e recomendações. A ideia de filmar com Ronaldo Correia de Brito, cuja escrita ele compara a de Edgard Allan Poe, se deu durante uma conversa com a autora carioca Adriana Lisboa, com quem também realizou um documentário a partir do romance "Azul-corvo". "Ronaldo é um escritor comprometido com sua história regional. Apesar de viver no Recife, ele habita paisagens imaginárias de todo o sertão brasileiro. A escrita dele é como os trovadores medievais. Inclusive, ele aparece cantando no filme", conta. Para "Correia de Brito", Bradley captou imagens no apartamento recifense do escritor, onde conversaram sobre as inspirações sociocul-

JORNALISTA e biógrafo privilegia ensaios autobiográficos com carga poética Carolina Pires/Divulgação

Divulgação

RONALDO Correia de Brito será filmado a partir de hoje

JOSÉ LUIZ Passos está entre autores homenageados

turais do conto "Homens atravessando pontes", cuja tradução em inglês despertou o interesse de Bradley. Já o interior do Ceará serviu como locação para as gravações da infância de Ronaldo, que Bradley considera a parte mais poética. "O trabalho de Eduardo é muito livre. Ele não parte de um roteiro pré-determinado. É algo que vai sendo construído no decorrer do processo. No meu apartamento, além de eu ler um trecho do meu livro 'Galileia', tivemos algumas conversas informais que também foram gravadas. Ele tem uma forma de captar imagens bastante particulares”, pontua Ronaldo. A chilena radicada no Brasil Carola Saavedra, o mineiro Luiz Rufatto e o amazonense Milton Hatoum também constam na lista cineasta. "O direcionamento que dou aos autores durante as filmagens é o mesmo que marca todos os meus documentários sobre escritores desde 1998. Cada

autor é um reflexo de seu tempo e deixa um testemunho único e exclusivo. Tenho interesse na leitura que os escritores fazem o seu tempo, do seu ambiente, não o que eles estão escrevendo ou como escrevem. Eu não vendo livros", esclarece. O interesse de Montes Bradley pelo Brasil está em seu DNA. Seu pai morou no Rio de Janeiro, em 1954. Muitos de seus parentes também estiveram no País, a exemplo de Carlos Ocantos-Ziegler, tido como o primeiro argentino a escrever sobre o Rio de Janeiro, ainda no século 19. Aos 16 anos, Bradley teve o primeiro contato com o cinema de Glauber Rocha. Posteriormente, virou fã dos filmes "Orfeu negro" (1959) e "Central do Brasil" (1997). Segundo ele, o Brasil dispõe de uma safra de escritores contemporâneos que "dão o que falar" no que diz respeito à definição de um recorte da realidade de modo diferenciado.

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