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EDUCADORA, MISSIONÁRIA E YOUTUBER
Papo missionário
Conheça um pouco da Liz Motta, uma educadora brasileira que vive há cinco anos na Alemanha, de onde oferece mentoreamento sobre missão transcultural
MEU NOME É Liz Motta e sou educadora missionária. Não tenho essas “grandes histórias de conversão” e jamais vivenciei aquele momento clássico do “chamado à missão”, em que um evento sobrenatural (ou quase isso) arrebata seus sentidos e você vê a vida gritando com todas as letras: IDE. Comigo não foi assim. Sou mais uma jovem (33 anos ainda é jovem, certo?) que acabou se deparando com os desafios da missão adventista e integrando isso ao caminho que já estava seguindo.
PRIMEIROS PASSOS
E isso porque, pra início de conversa, eu cresci na igreja sem muito contato com esse tema. Não se falava muito a esse respeito. Minha visão sobre isso se limitava à evangelização e plantio de igrejas. Tudo muito local. Era só o que eu conhecia.
Sem contar que, no contexto adventista, o Brasil foi entendido por um bom tempo como um campo missionário. Afinal, a mensagem adventista chegou ao nosso país via colportores (vendedores de livros e revistas) e evangelistas vindos da Alemanha e dos Estados Unidos.
Por isso, nós brasileiros nos acostumamos a nos enxergar como o fim desse processo, e não o começo dele. Recebíamos missionários, e só.
Érelativamente recente essa ideia de “devolução” ou de “pagamento de dívida”, que motiva a organização de expedições missionárias e envio de voluntários para além-mar, como um dia fizeram conosco.
Enfim, eu não tinha referência nenhuma de missionários transculturais. Mas tive referências importantes de gente que tinha espírito missionário: meu tio e meu avô. Foi observando o exemplo deles que dei meus primeiros passos em ações missionárias locais, aos 11 anos de idade. E que bom que foi assim! Sempre me envolvi muito com atividades sociais e abracei todas as oportunidades que a igreja me deu.
DESCOBERTAS E CASAMENTO
Quando conheci os desafios missiológicos do adventismo, meu envolvimento acabou sendo super natural: simplesmente me joguei. Decidi ir para o Uruguai, pois tinha ouvido que era o lugar mais desafiador para se evangelizar na América do Sul. A partir dessa experiência, conversando com pessoas mais vividas, Deus me mostrou que o melhor pra mim seria ir mesmo para projetos missionários transculturais, longe de casa. E qual foi o destino escolhido? Nova York (EUA), em 2013.
Pois é: comecei logo por essa metrópole global. Mas acredite, foi um perrengue nada chique. Porque uma das tarefas mais complicadas é a missão urbana. Nos grandes centros, tornar interessante ouvir sobre o evangelho é ainda mais desafiador que de costume, pois as pessoas são muito apressadas e fechadas. E um detalhe importantíssimo – na verdade, não foi um detalhe – é que lá conheci meu marido: o Lukas. Um missionário alemão muito dedicado, com quem aprendi e ainda aprendo muitas coisas. Sabe aquele cara que coloca você pra cima e pra frente? Então...
PROFISSÃO E MISSÃO
Como boa nerd que sou, comecei a devorar materiais sobre missão transcultural e temas afins. Foi nessa época que conheci os missionários de autossustento, os famosos mas raros tentmakers. Seguindo o modelo de ministério do apóstolo Paulo (At 18), eles são missionários no mercado de trabalho e se viram para arranjar a própria renda e criar laços no lugar em que estão. Enfim… Fui sentindo que esse poderia ser um caminho sem volta pra mim. Ser uma tentmaker! Aventureiro, não? Você não viu nada! No meu canal do YouTube e no podcast Papo Missionário você encontra boas histórias (lizhermann. com). Aproveita e se increve lá, hein?!
Quando o Lukas e eu decidimos nos casar, planejamos como seria nossa vida. Decidimos ir como missionários para a Alemanha. Ele tinha um grande desejo de pregar para pessoas da sua cultura. Além disso, estar lá facilitaria nossa adaptação, porque no início do casamento a gente precisa de alguma estabilidade. Lá nos casamos e começamos a testemunhar junto aos alemães. Caso você ainda não tenha entendido, nós trabalhamos na Alemanha para nos sustentar e fazemos de nossa própria profissão a nossa missão. Cada um conduz sua própria empresa: eu sou consultora para projetos e organizações sociais em vários países , e o Lukas é engenheiro de software. E antes que você pergunte: dá super certo. Esse combo tem rendido muitos frutos nos cinco anos que já estamos na Alemanha.
Mas aí você pergunta: “E trabalhar por aí não toma seu tempo, atrapalhando sua rotina como missionária?” Claro que sim (risos), mas são ônus e bônus, né? Embora seja desafiador estar por conta própria em outro país – e o próprio apóstolo Paulo lamentou isso (1Co 9:1-12) – , acaba que a rotina “normal” junto a outras pessoas “normais” oferece pra gente oportunidades muito diferenciadas de criar vínculos e testemunhar. Em tudo dai graças! (1Ts 5:18) SERÁ QUE ISSO É PRA VOCÊ?
Lendo minha história, é provável que você esteja sentindo aquela comichão no peito para colocar a mochila nas costas e sair pelo mundo desenvolvendo seus dons, testemunhando do amor de Cristo e criando boas lembranças, seja durante as férias, por um ano ou até por toda a vida. É muito bacana quando falo com pessoas empolgadas com isso.
Porém, preciso adverti-los que optar pela missão vai na contramão de simplesmente fazer turismo. Também não é mera experiência de intercâmbio pra você incrementar seu currículo. Muito menos uma fuga para quem Não levamos cansou da religiosidade traJesus a lugar dicional, vinculada a temnenhum: é Ele que nos leva a plos e instituições. É sim um compromisso sério, que envolve abnegação e foco todo lugar. E total na missão de Deus. inclusive Ele já O missionário que ama está nos nossos a missão faz de tudo para destinos; porém, não da maneira aprender com os outros. É sedento por ter contato com outra cultura, seja ela que esperamos qual for. Ele simplesmente encontrá-Lo não tem tempo para preconceitos. Jamais tira sarro de qualquer expressão de diversidade. Ele sabe que o respeito é o caminho para a conexão, mas também não se esquece das suas raízes. Ele não se esquece do seu berço, da teologia e dos princípios. Em sua jornada, ele sabe quais bagagens são pesadas demais para levar sobre os ombros, quais jamais deveria se dar ao luxo de abrir mão e quais terá que se virar para conseguir ao longo do trajeto. Fui poética aqui, mas tenho certeza de que você entendeu. O missionário que ama a missão tem a consciência de que “levar Jesus para as pessoas” é uma “motivação” clichê e problemática. Não levamos Jesus a lugar nenhum: é Ele que nos leva a todo lugar. E inclusive Ele já está nos nossos destinos; porém, não da maneira que esperamos encontrá-Lo. Por fim, o missionário que ama a missão ama as pessoas. E faz isso porque enxerga nelas – independentemente de quem sejam – bem mais do que roupas, gestos, falas e trejeitos diferentes ou exóticos. Ele vê nelas o que de fato são: filhos e filhas criados à imagem e semelhança de Deus (Gn 1:26, 27). Se você ainda está com vontade de se tornar missionário(a), algo especial pode estar acontecendo aí dentro de você. Ore e deixe que Cristo conduza seus próximos passos. Novas situações e pessoas poderão indicar o caminho a seguir. Testemunho escrito com base na entrevista concedida ao jornalista Lucas Schultz.
A estudar a Bíblia
VOCÊ GOSTA DE ler a Bíblia? Na verdade, essa é uma pergunta que pode ter várias respostas. Há quem goste, mas compreende pouco; há quem prefira as porções mais fáceis de entender, como os Salmos, Provérbios e livros históricos; há também aqueles que têm curiosidade sobre profecias. Isso ocorre porque as Escrituras reúnem uma variedade de assuntos, os quais podem atender diferentes gostos, interesses e necessidades. O mais importante é não perder a fé de que esse livro é a Palavra de Deus.
Se você quer “desbravar” a Bíblia, mas não sabe por onde começar, anote as dicas a seguir.
1COMECE BEM Ore pedindo a iluminação do Espírito Santo. O estudo da Bíblia demanda a soma do esforço humano com a atuação divina. Isso porque não se trata de mera compreensão intelectual, mas de força espiritual para obedecer ao que Deus diz.
2USE A CABEÇA Deus deseja que usemos toda a nossa capacidade cognitiva para compreendê-Lo, mas isso implica que nossa razão esteja submissa à Sua revelação.
3ESCOLHA A MELHOR VERSÃO Opte por uma versão que tenha sido traduzida e organizada por especialistas sérios (da Sociedade Bíblica Brasileira, por exemplo), que tenham trabalhado para preservar o sentido original do texto nas línguas bíblicas (hebraico, aramaico e grego). Se for usar uma versão em linguagem mais atual ou paráfrases, compare o texto com as traduções mais formais.
4ESTUDE COM PROPÓSITO Evite ler a Bíblia apenas casualmente. Faça um plano de leitura com base num livro específico, numa passagem difícil, em determinado tema ou biografia. Planeje isso com base em sua necessidade ou curiosidade. O importante é separar tempo regular, de qualidade e com concentração para ler, anotar, refletir e praticar o que está aprendendo.
5ATENTE PARA OS ELEMENTOS-CHAVE Procure os pontos principais do texto, como palavras, expressões e conceitos. Sempre há uma ênfase central na passagem lida. No entanto, observe esse mesmo elemento e sua utilização em outras partes da Bíblia. Você pode contar com o suporte de algum material de apoio, como a Lição da Escola Sabatina dos Jovens (comtextobiblico.com.br), dicionários e comentários bíblicos.
6LITERAL X FIGURADO Tente identificar o estilo literário usado pelo autor. Seria essa passagem, por exemplo, uma parábola, um provérbio, uma alegoria, um salmo ou profecia apocalíptica? Além disso, é importante que você observe a estrutura literária do texto, a fim de entender como o autor organizou o fluxo de suas ideias ou narrativas.
7NÃO FORCE A BARRA Estude o texto dentro do seu contexto histórico e cultural. Analise também como essa passagem se relaciona com as sentenças e parágrafos anteriores e posteriores a ela. Considere ainda a temática mais ampla do livro e os ensinos sobre esse tópico ao longo de toda a Bíblia. Desse modo, você terá mais condições de identificar qual princípio bíblico está em jogo e como você poderá aplicá-lo hoje.
À prova de balas
Trechos
“– Nós cremos que devemos guardar todos os Dez Mandamentos. Um deles diz: ‘Não matarás.’ Por isso, não portamos armas [...] – E se todos pensassem assim, jovem? Como iríamos para a guerra? – Se todos pensassem assim, não haveria guerras” (p. 47).
“O tempo inteiro ele orava: ‘Senhor, ajuda-me a salvar mais um’ [...] Levou cerca de cinco horas, mas Desmond resgatou todos os soldados feridos” (p. 112).
QUE OBJETO É indispensável para um soldado numa guerra? Não seria demais supor que seja uma arma, certo? Principalmente se o campo de batalha for a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o conflito mais abrangente e letal da história, que vitimou de 50 a 70 milhões de pessoas . O único até hoje a usar armas nucleares.
Agora, imagine ser um soldado no front dessa batalha sem portar um revólver sequer e ainda sair vivo dessa história e ser condecorado pelo presidente dos Estados Unidos como um herói de guerra. Impressionante – para não dizer inacreditável!
No livro O Soldado Desarmado (CPB, 2016, 174 p.), é possível conhecer de perto a saga desse corajoso combatente da vida real. Desmond Doss foi um jovem voluntário do exército norte-americano que defendeu a bandeira do seu país pela Companhia B, na batalha de Okinawa, no Japão. Na função de paramédico, ele andava alguns metros atrás dos seus c ompanheiros. Doss entrou para a história depois de, sob fogo cruzado, resgatar 75 soldados feridos num único dia.
Seu ato heroico inspirou o longa-metragem Até o Último Homem (2016), filme dirigido por Mel Gibson e que levou duas estatuetas do Oscar (montagem e mixagem). No entanto, o filme é um drama adaptado da vida real de Desmond. Já no livro O Soldado Desarmado, escrito pela esposa dele, Frances Doss, encontramos uma biografia rica em detalhes significativos, que nos ajudam a entender as motivações e as escolhas desse soldado adventista do sétimo dia, falecido em 2006, aos 87 anos.
As memórias de acidentes e milagres operados por Deus na família de Desmond ao longo de sua infância e adolescência em Lynchburg, na Virgínia (EUA), explicam um pouco de como Desmond adquiriu uma fé quase inabalável. Tendo a vida poupada em várias situações, ele conheceu as verdades bíblicas ainda na infância e desenvolveu com os pais e irmãos – depois também com a esposa – a convicção de que Deus o protegeria, apesar das dificuldades. Pelo fato de ser um adventista, Desmond se alistou no exército como “objetor de consciência”, título que, em 2007, daria nome a um documentário sobre ele. Por causa de sua escolha, Doss seria desobrigado de portar uma arma. Porém, levaria o peso de não ser considerado tão patriota como seus companheiros de guerra.
Quando Desmond entrou para o exército, a guerra já estava acontecendo na Europa e em outras partes do mundo, mas ele ainda passou dois anos em treinamento antes de embarcar para a linha de frente. Durante todo o seu período de preparação e mesmo no campo de batalha, Doss levava consigo sua pequena Bíblia. Ele podia estar sem arma de fogo, contudo, não abria mão do seu escudo: a dependência de Deus.
A admirável história de Desmond Doss, que já rendeu livros, documentários e filme, é uma grande lição de confiança e abnegação. Isso porque ele testemunhou que, na trincheira entre a vida e morte, mesmo completamente desarmado, a fé em Deus pode tornar alguém à prova de balas!
PEDAGOGIA
A profissão que facilita a aprendizagem de pessoas de todas as idades
A GRADUAÇÃO EM Pedagogia é uma das cinco mais procuradas no Brasil, de acordo com o Censo Superior de 2018, realizado pelo Inep. Porém, muito antes de se tornar um curso do ensino superior, nos moldes como conhecemos hoje, a pedagogia já dava seus primeiros passos na Grécia antiga, período em que foi cunhada a expressão paidagogia, que significa algo como “direção ou condução da criança”. Contudo, a pedagogia não se limita à instrução de crianças nem ao ambiente escolar. Ela tem como foco o desenvolvimento de pessoas de todas as faixas etárias e em vários contextos. Confira.
PERFIL PROFISSIONAL
O pedagogo deve ter a capacidade de se comunicar bem, compartilhar conhecimento e facilitar a aprendizagem de seus alunos. Por sua vez, quem deseja trabalhar na gestão ou coordenação escolar precisa ter um perfil mais analítico, habilidades administrativas e uma visão abrangente sobre a escola e sua relação com a comunidade. Acima de tudo, o profissional da educação deve entender o desenvolvimento humano, nas várias etapas da vida, e compreender o papel transformador da educação na sociedade. MATRIZ CURRICULAR
As instituições adventistas que oferecem o curso de Pedagogia buscam formar educadores críticos da realidade sociocultural e educacional, procurando equilibrar a formação teórica com a qualificação técnica. Fazem parte da matriz curricular disciplinas como Arte e Corporeidade, Fundamentos Metodológicos da Educação Infantil, Ciclo Didático e Linguagens e Pesquisa. Destaque para a disciplina optativa de Tecnologia Educacional, que passou a ter mais relevância durante a pandemia em função do ensino remoto.
ÁREAS DE ATUAÇÃO
O mercado de trabalho não se limita à docência no ensino fundamental. Inclui também gestão escolar, educação especial, de jovens e adultos, além de pedagogia hospitalar, empresarial, organizacional e social. Pedagogos podem atuar, por exemplo, no desenvolvimento de projetos para ONGs e com consultoria e produção de conteúdo para editoras , plataform as digitais de educação e até para a indústria de brinquedos. Quem deseja a área acadêmica e a docência no ensino superior deve cursar mestrado e doutorado.
REMUNERAÇÃO
O salário varia conforme a região, o nível de ensino (infantil ou fundamental) e se a escola é pública ou privada, mas a média nacional da rede pública para a educaç ão básica é R$ 2.886,24. Fora da sala de aula, funções como designer educacional costumam ter salários mais atrativos (R$ 4.204,00). Por sua vez, professores de dedicação exclusiva em universidades federais podem ganhar até R$ 20.000,00. ONDE ESTUDAR
Faculdade Adventista da Amazônia (Faama) Benevides (PA) R$ 262,00 (licenciatura) Vespertino, oito semestres faama.edu.br
Faculdade Adventista da Bahia (Fadba) Cachoeira (BA) R$ 599,00 (licenciatura) Matutino e vespertino, oito semestres adventista.edu.br
Faculdade Adventista de Minas Gerais (Fadminas) Lavras (MG) R$ 499,00 (licenciatura) Noturno, oito semestres fadminas.org.br
Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP) Campus São Paulo (SP) R$ 588,05 (licenciatura) Noturno, oito semestres unasp.br
Campus Hortolândia (SP) R$ 749,00 (licenciatura) Noturno, oito semestres
Campus Engenheiro Coelho (SP) R$ 647,00 (licenciatura) Noturno, oito semestres
Instituto Adventista Paranaense (IAP) Ivatuba (PR) R$ 838,00 (licenciatura) Noturno, oito semestres iap.org.br
Educação Adventista a Distância (EAD) R$ 269,00 (licenciatura) 16 módulos (quatro anos) eadadventista.unasp.br
Fontes: Rebeca Darius, doutora em Educação pela Unesp e coordenadora do curso de Pedagogia do UNASP, campus Engenheiro Coelho; sites guiadacarreira.com.br, querobolsa.com.br, portal.inep.gov.br e proifes.org.br.