elevare Suplemento técnico sobre elevadores e movimentação de cargas
Ascensores com história «O Elevador do Bom Jesus do Monte, o Mais Antigo de Portugal»
Qualidade, segurança e ambiente «A Preocupação Ambiental na Produção, Instalação e Manutenção de Elevadores»
DOSSIER QUALIDADE
Notas técnicas «Integração do Projeto de Elevadores em Edifícios»
Figuras «Resumo Biográfico de Joaquim Pinto»
PUB
Ficha técnica
Sumário
elevare
DIRETOR Fernando Maurício Dias fmd@isep.ipp.pt
Suplemento técnico sobre elevadores e movimentação de cargas
COLABORAÇÃO REDATORIAL Fernando Maurício Dias, José Aidos Rocha, Miguel Tato, Modesto Ribeiro, Ricardo Araújo, José Pirralha, Nuno Carneiro, João Paulo Rocha,
2
EDITORIAL Objetivo: Qualidade
Fernando J. T. Estêvão Ferreira, Leopoldo Cortez, Rogério Marques, António de Vasconcelos Lourenço, António Vasconcelos, Ricardo Sá e Silva e Helena Paulino
3
LEGISLAÇÃO Regulamento Técnico de Segurança contra Incêndio em Edifícios
COORDENADOR EDITORIAL Ricardo Sá e Silva, Tel.: +351 225 899 628
6
Aplicação em Elevadores de um Sistema de Poupança de Energia ‘LESS’
r.silva@oelectricista.pt
DIRETOR COMERCIAL
ARTIGO TÉCNICO
8
NORMALIZAÇÃO Caminhos da Normalização Europeia
Júlio Almeida, Tel.: +351 225 899 626 j.almeida@oelectricista.pt
10
QUALIDADE, SEGURANÇA E AMBIENTE A Preocupação Ambiental na Produção, Instalação e Manutenção de Elevadores
CHEFE DE REDAÇÃO Helena Paulino h.paulino@oelectricista.pt
12
NOTAS TÉCNICAS Integração do Projeto de Elevadores em Edifícios
ASSESSORIA João Miranda
16
Impacto dos Variadores Eletrónicos de Velocidade nos Motores e na Rede Elétrica
j.miranda@oelectricista.pt
DESIGN
INVESTIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
20
DOSSIER: QUALIDADE [20]
Luciano Carvalho
A Solução do Conceito de Qualidade e a sua Aplicação no Setor dos Elevadores
l.carvalho@publindustria.pt
[24]
Acreditação de Entidades
WEBDESIGN
[26]
Certificação
Martino Magalhães
[28]
O Sistema de Gestão da Qualidade e a Relevância da sua Implementação
m.magalhaes@oelectricista.pt
[32]
“a segurança é uma preocupação crescente da sociedade”
PROPRIEDADE, REDAÇÃO, EDIÇÃO E ADMINISTRAÇÃO
35
FIGURAS Resumo Biográfico de Joaquim Pinto
CIE - Comunicação e Imprensa Especializada, Lda.® Grupo Publindústria Tel.: +351 225 899 626/8 · Fax: +351 225 899 629
36
Os trabalhos assinados são da
ASCENSORES COM HISTÓRIA O Elevador do Bom Jesus do Monte, o Mais Antigo de Portugal
geral@cie-comunicacao.pt · www.cie-comunicacao.pt
38
NOTÍCIAS E PRODUTOS
40
CONSULTÓRIO TÉCNICO
exclusiva responsabilidade dos seus autores.
Imagem da capa gentilmente cedida por António Vasconcelos
elevare
1
Editorial
Objetivo: Qualidade
No passado dia 15 de junho foi divulgado o 1.o número da ELEVARE que, dados os comentários que recebemos, foi muito bem acolhido pela generalidade do público ao qual a revista se destina. Não é fácil colocar em pé um projeto desta natureza. Da nossa parte, e enquanto houver interesse do mercado, estaremos disponíveis para manter e melhorar a publicação. Gostaria, mais uma vez, de frisar a importância de fazerem chegar os vossos comentários, sugestões e críticas na certeza de que serão sempre analisados e considerados em futuros números.
Fernando Maurício Dias Diretor
Neste número damos destaque ao tema da Qualidade, um tema controverso no nosso setor, principalmente quando a revisão do Decreto-Lei n.o 320/2002 prevê a introdução de alterações significativas quer ao nível das empresas de manutenção quer ao nível das entidades inspetoras. É nosso objetivo desvendar um pouco do que é a Qualidade e o seu enquadramento a nível nacional relativamente aos formalismos de acreditação e certificação. Para tal, convidamos a participar, entre outros, as entidades nacionais que tutelam o setor, nomeadamente o IPQ – Instituto Português da Qualidade e o IPAC – Instituto Português de Acreditação. Gostaria de deixar uma palavra relativamente às 2. as Jornadas Técnicas de Elevadores que decorreram no Centro de Congressos do ISEP – Instituto Superior de Engenharia do Porto e que tiveram organização conjunto da FIPP – Fundação Politécnico do Porto, OE – Ordem dos Engenheiros e ISEP. Mais uma vez as Jornadas pautaram-se pelo elevado nível de comunicações apresentadas e também pela elevada adesão de participantes no evento (mais de 300). É, certamente, com encontros desta índole que se consegue uma maior partilha de experiências e de preocupações entre todos os interessados, direta ou indiretamente, nesta atividade. Para finalizar desejo que tenham um bom ano de 2013 quer a nível pessoal quer a nível empresarial. Boa leitura.
2
elevare
Legislação
Regulamento Técnico de Segurança contra Incêndio em Edifícios José Aidos Rocha
1. INTRODUÇÃO A construção de edifícios com múltiplos pisos levou à criação, desenvolvimento e instalação de dispositivos de transporte utilizados para mover bens ou pessoas verticalmente. Deste modo, passou a ser possível um acesso rápido e cómodo a qualquer andar de uma edificação, independentemente da sua altura. No entanto, a resolução de um problema acarretou, como reverso, o aparecimento de riscos associados à utilização de elevadores pelo que a nível internacional os regulamentos de segurança, designadamente os de segurança contra incêndio, passaram a conter exigências para garantir a segurança dos ocupantes dos edifícios. um edifício, de conservar durante um
exigências que lhe são solicitadas. Por
Em Portugal, estas questões estão conti-
período de tempo determinado à estabi-
exemplo: porta E [escalão de tempo] ou
das no Regulamento Técnico de Segurança
lidade e ou à estanquidade, isolamento
contra Incêndio em Edifícios (RT-SCIE) - Por-
térmico, resistência mecânica, ou qual-
taria n.º 1532/2008, de 29 de dezembro que
quer outra função específica, quando
Compartimento
define as condições, entre outras, a cumprir
sujeito ao processo de aquecimento re-
dente, com um grau de resistência e os
pelas instalações técnicas.
sultante de um incêndio.
meios de controlo de fumo, que esta-
parede EI [escalão de tempo]; ›
Câmara corta-fogo corta-fogo
indepen-
belece, em regra, a comunicação entre As classificações de desempenho mais
dois espaços com o objetivo de garantir
2. DEFINIÇÕES/CONCEITOS
utilizadas na atribuição de resistência
a proteção temporária de um deles ou
Para melhor entendimento das disposições
ao fogo aos produtos de construção
evitar a propagação do incêndio entre
contidas na legislação em vigor, apresen-
são as seguintes:
tam-se as definições subjacentes à presen-
›
te temática:
›
›
›
Plano de referência (PR)
R - capacidade de suporte de carga;
ambos; ›
Ascensor prioritário para bombeiros
E - estanquidade a chamas e gases
Elevador situado na fachada de um
quentes;
edifício ou no seu interior, dispondo
I - isolamento térmico.
neste caso de caixa própria protegi-
Plano de nível, à cota de pavimento do
›
acesso destinado às viaturas de socor-
A estes critérios está associado um es-
da, equipado com maquinaria, fonte
ro, medida na perpendicular a um vão de
calão de tempo (em minutos, variando
de energia permanente e comandos
saída direta para o exterior do edifício;
entre 15 e 240, passando por 20, 30, 45,
especialmente protegidos, com dispo-
Resistência ao fogo
60, 90 ...), durante o qual um determi-
sitivo de comando para utilização ex-
Propriedade de um elemento de cons-
nado elemento de construção mantém,
clusiva pelos bombeiros, em caso de
trução, ou de outros componentes de
em condições de fogo normalizado, as
emergência;
elevare
3
Legislação ›
Posto de segurança
3.3 Reação ao fogo
Local, permanentemente vigiado, de um edifício onde é possível controlar todos os sis-
Os materiais utilizados na construção
temas de vigilância e de segurança, os meios de alerta e de comunicação interna, bem
ou no revestimento de caixas de eleva-
como os comandos a acionar em situação de emergência.
dores devem ter uma reação ao fogo da Classe A1 (grosso modo, podem dizer-se que os materiais utilizados devem ser incombustíveis).
3. SEGURANÇA PASSIVA 3.1 Caixas dos elevadores A segurança passiva dos edifícios passa, entre outros requisitos, pelo estabelecimento de
4. EXIGÊNCIAS DE EXPLORAÇÃO
compartimentos corta-fogo (setores de fogo). Esta compartimentação é garantida por paredes guarda-fogo e pavimentos com resistência ao fogo adequada para fracionar a carga
4.1 Dispositivo de chamada em caso de
de incêndio do seu conteúdo ou impedir a propagação de um eventual incêndio entre espa-
incêndio
ços definidos por essa setorização.
Os ascensores devem ser equipados com dispositivos de chamada em caso de in-
A compartimentação anteriormente referida pode ser colocada em causa pela instalação
cêndio, acionáveis por operação de uma
de elevadores que atravessam todos os pisos pelo que há que adotar algumas medidas de
fechadura localizada junto das portas de
segurança que a seguir se caraterizam.
patamar do piso do plano de referência, mediante uso de chave especial, e auto-
O isolamento e proteção das caixas de elevadores ou de baterias de elevadores são assegu-
maticamente, a partir de sinal proveniente
rados pela atribuição de resistência ao fogo às paredes e às portas de patamar, de acordo
da central de deteção de incêndio, quando
com o apresentado na Tabela 1:
exista.
Tabela 1. Isolamentos e proteção das caixas de elevadores.
A chave referida no parágrafo anterior deve estar localizada junto à porta de patamar
Altura do edifício H ≤ 28 metros H > 28 metros
N.º pisos abaixo do PR
Paredes
Portas de patamar *
do piso do plano de referência, alojada em
Até um piso
EI 30 ou REI 30
E 15
caixa protegida contra o uso abusivo e sina-
Mais do que um piso
EI 60 ou REI 60
E 30
Qualquer
EI 60 ou REI 60
E 30
lizada com a frase «Chave de manobra de
* Estas portas são obrigatoriamente de funcionamento automático.
Nos pisos abaixo do plano de referência, os acessos aos elevadores que sirvam espaços afetos a estacionamentos, para além do discriminado, devem ainda ser protegidos por câmaras corta-fogo, que podem ser comuns às das caixas de escadas. Nos edifícios com altura superior a 28 metros, os elevadores podem comunicar diretamen-
emergência do elevador», devendo o posto de segurança, caso exista, dispor de uma cópia dessa chave. O acionamento do dispositivo de chamada deve desencadear as seguintes ações: ›
de referência, onde devem ficar esta-
te com as circulações horizontais comuns desde que satisfeitas as condições expressas na Tabela 1, com exceção dos prioritários de bombeiros que devem ser servidos, por um átrio com acesso direto à câmara corta-fogo que protege a escada. Salienta-se que nos edifícios com altura superior a 28 metros, a ligação entre circulações horizontais comuns interiores e as vias verticais protegidas interior é obrigatoriamente assegurada por câmaras corta-fogo, desde que sejam ambas interiores. 3.2 Isolamentos das casas das máquinas As casas de máquinas de elevadores com carga nominal superior a 100 kg, quando existam, devem ser instaladas em locais próprios isolados dos restantes espaços do edifício, com exceção da caixa do elevador ou da bateria de elevadores, por elementos de construção que garantam pelo menos as classe de resistência ao fogo discriminadas na Tabela 2:
Enviar as cabinas para o piso do plano cionadas com as portas abertas;
›
Anular todas as ordens de envio ou de chamada eventualmente registadas;
›
Neutralizar os botões de chamada dos patamares, os botões de envio e de paragem das cabinas e os dispositivos de comando de abertura das portas.
Se, no momento do acionamento do dispositivo, qualquer das cabinas se encontrar em marcha, afastando-se do piso do plano de referência, deve parar, sem abertura das portas e, em seguida, ser enviada para o piso referido.
Tabela 2. Isolamentos das casas das máquinas.
Elementos de construção
Resistência ao fogo
Paredes não resistentes
EI 60
Se, no momento do acionamento do dispositivo, um ascensor estiver eventual-
Paredes e pavimentos resistentes
REI 60
mente bloqueado pela atuação de um
Portas
E 30 C*
dispositivo de segurança, deve manter-se
* Portas dotadas de dispositivo de fecho automático (C).
4
elevare
imobilizado.
Legislação 4.2 Sinalética
Ter portas de patamar e de cabina, des-
Os edifícios de grande ou de muito grande
Em todos os pisos dos edifícios, junto dos
lizantes de funcionamento automático,
altura, bem como os que possuem três ou
acessos aos ascensores, devem ser afixa-
com largura não inferior a 0,8 m;
mais pisos abaixo do plano de referência,
dos sinais com a seguinte inscrição: «Não
›
Ter um alçapão de socorro instala-
devem ser dotados de elevadores com ca-
utilizar o ascensor em caso de incêndio» ou
›
do no teto da cabina, com pontos de
raterísticas especiais para serem utilizados
com pictograma equivalente.
abertura ou fecho claramente identi-
pelos bombeiros em caso de incêndio.
ficados e cujo acesso não esteja obstruído por qualquer elemento ou dis5. ASCENSOR PRIORITÁRIO PARA
positivo, com as dimensões mínimas
BIBLIOGRAFIA
BOMBEIROS
de 0,4 m × 0,5 m;
›
›
Ter na cabina meios de acesso que per-
Decreto.-Lei n.º 220/2008, de 12 de novembro - Regime Jurídico da Segurança contra
5.1 Critérios de exigência
mitam a abertura completa do alça-
É obrigatória a instalação de, pelo menos,
pão de socorro a partir do interior, por
um ascensor destinado a uso prioritário dos
exemplo com a ajuda de um ou vários
- Regulamento Técnico de Segurança contra
bombeiros em caso de incêndio os edifícios
degraus escamoteáveis com um passo
Incêndio em Edifícios;
que possuam as seguintes caraterísticas:
máximo de 0,4 m e capazes de suportar
›
Altura superior a 28 m;
uma carga de 1.200 N;
para o fabrico e a instalação de ascensores
›
Mais de dois pisos abaixo do plano de
Ter no interior ou no exterior da ca-
- Aplicações particulares para ascensores de
referência (isto é, um edifício possuindo
bina escada que permita ao bombei-
pessoas e ascensores de cargas – Parte 72:
três ou mais pisos abaixo do plano de
ro eventualmente encarcerado o seu
referência deve ser dotado de elevador
auto-socorro até ao patamar mais
prioritário).
próximo;
para o fabrico e a instalação de ascensores
Efetuar o percurso entre o piso do pla-
- Aplicações particulares para ascensores de
De realçar que deve ser estabelecido pelo
no de referência e o piso mais afastado
pessoas e ascensores de cargas – Parte 73:
menos, um elevador por cada comparti-
deste, num tempo não superior a ses-
Comportamento de ascensores em caso de
mento de fogo, servindo todos os pisos,
senta segundos após o fecho das por-
incêndio.
bem como devem ser servidas por estes
tas;
›
›
todas as zonas de refúgio quando exigidas
›
pelo pelo RT-SCIE. 5.2 Dispositivo de chamada em caso de incêndio – exigências complementares
›
Incêndio em Edifícios; ›
›
Portaria n.º 1532/2008, de 29 de dezembro
Norma NP EN 81-72 – Regras de segurança
Ascensores prioritários de bombeiros; ›
Norma NP EN 81-73 – Regras de segurança
Ser dotado de um sistema de intercomunicação entre a cabina e o piso do
RESENHA CURRICULAR
plano de referência e o posto de segu-
›
Licenciado em Engenharia Civil pela Acade-
rança;
mia Militar. É detentor de uma Pós-gradua-
Ser apoiado por fontes de energia de
ção em Proteção Contra Incêndios de Edifí-
Cada ascensor deve ser equipado com
emergência (por exemplo: grupo gera-
cios promovida pela Faculdade de Ciências e
um dispositivo complementar ao de cha-
dor).
Tecnologia da Universidade de Coimbra e La-
mada anteriormente descrito, constituído
boratório Nacional de Engenharia Civil;
por um interruptor acionado por chave
A caixa de cada ascensor para uso dos
própria, colocado no piso do nível de re-
bombeiros deve ser independente, pos-
empresa que desenvolve atividades de con-
ferência, que desencadeia uma segunda
suindo as condições de isolamento e pro-
sultoria e de projeto nas áreas da segurança
atuação e o coloca ao serviço exclusivo
teção definidas no ponto 3.1 do presente
contra incêndio, segurança no trabalho e or-
dos bombeiros, restabelecendo a opera-
artigo.
ganização da emergência (medidas de auto-
›
cionalidade dos botões de envio da cabina
Atualmente é Diretor-Geral da Exactusensu,
proteção);
e dos dispositivos de comando de abertu-
Caso o elevador se destine a apoiar a eva-
ra das portas.
cuação de pessoas em macas ou camas, as
funções de Adjunto Técnico e de 2º Coman-
exigências são maiores no que concerne à
dante, entre 2002 e 2006, no Batalhão de Sa-
Esta chave de manobra da fechadura e a
›
capacidade e às dimensões.
respetiva cópia devem estar posicionadas
padores Bombeiros (BSB) do Porto; ›
nos locais e nas condições elencados no ponto 4.1 do presente artigo.
Desempenhou, em comissão de serviço, as
Foi-lhe outorgado o título de Especialista em “Engenharia de Segurança”, em maio de 1999,
6. CONCLUSÕES
sendo presentemente vogal da Comissão de
As instalações técnicas dos edifícios, com
Especialização em Engenharia de Segurança
5.3 Principais caraterísticas
destaque neste caso para os elevadores,
O ascensor destinado a uso prioritário dos
devem ser concebidas, instaladas e explo-
bombeiros em caso de incêndio deve ainda
radas, de modo que não constituam causa
tintos - Grau Ouro, pela Liga dos Bombeiros
possuir as seguintes caraterísticas:
de incêndio, nem contribuam para a sua
Portugueses, em março de 1994 e com a Meda-
›
Ter capacidade de carga nominal não
propagação, devendo satisfazer as exigên-
lha de Bons Serviços - Grau Prata, pela Câmara
inferior a 630 kg;
cias técnicas exaradas no Regulamento
Municipal do Porto, em setembro de 2005.
Ter dimensões mínimas de 1,1 m × 1,4 m;
Técnico (RT-SCIE).
›
da Ordem dos Engenheiros; ›
Foi agraciado com a Medalha de Serviços Dis-
elevare
5
Artigo técnico
Aplicação em Elevadores de um Sistema de Poupança de Energia ‘LESS’ Miguel Tato, Modesto Ribeiro, Ricardo Araújo Consumo anual de eletricidade para cada tipo de edifício (%)
Efalift – Sistemas e Tecnologias para Elevadores, Lda.
72%
29%
18%
17%
37%
52%
Residencial
Escritório
Hospital
Hotel
Comercial
Outros
Potencial poupança de energia Sistema less
INTRODUÇÃO Energia consumida em funcionamento normal
À semelhança de todos os equipamentos elétricos, também os elevadores tem um elevado consumo de energia em standby (modo de espera), que quando comparada com a de um televisor (4 W) a do elevador
Fonte: E4 - Eficiência energética em elevadores e escadas rolantes | D2.2 - Relatório Nacional
Figura 1.
(80 W a 800 W) pode chegar a 200 vezes mais. Segundo os estudos levados a cabo
Dada a grande variedade de marcas de
dores conforme sejam ou não necessários
pelo "E4 – Eficiência Energética em Eleva-
quadros de comando instalados nos eleva-
(aplicável a elevadores residenciais de uso
dores e Escadas Rolantes", o consumo de
dores existentes, o desafio foi desenvolver
esporádico).
energia do elevador em standby, pode che-
um sistema económico, universal, de fácil
gar a mais de 70% do total da energia por
instalação em qualquer tipo de modelo de
Outra funcionalidade é fazer essa para-
ele consumida, caso se trate de um edifício
elevador e capaz de desligar total ou par-
metrização dependente de um calendário
residencial (Figura 1). Esta energia é com-
cialmente elevadores que não estejam a
semanal, de maneira a se poder “afinar”
pletamente desaproveitada, não produzindo
ser utilizados, de modo a economizar a
de forma mais precisa o sistema (por dia
qualquer trabalho útil e contribuindo desta
energia em standby. Este sistema tem em
da semana e por hora com resolução de
forma para uma redução drástica do rendi-
consideração os seguintes pontos:
30 minutos, por exemplo). A solução ideal
mento energético do elevador.
›
A atividade dos botões de chamada de
atinge-se permitindo ao sistema guardar o
piso;
histórico das chamadas realizadas nos ele-
Atividade/utilização típica dos elevado-
vadores do edifício e com base nesse his-
POTENCIAR A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DOS
res para cada edifício (perfil de necessi-
tórico, aplicar uma heurística capaz de esti-
ELEVADORES INSTALADOS
dade de utilização).
mar as necessidades imediatas do elevador
›
e, com isso, gerir a sua energia de modo a
Tendo em vista tornar o parque dos elevadores instalados em Portugal mais eficien-
Com base na informação anterior, é possí-
otimizar o seu desempenho. Este método
te, contribuindo assim para uma redução
vel inferir uma parametrização (período de
adaptativo é não só o mais indicado para
no consumo de energia elétrica, que de
adormecimento, por exemplo) que permite
encontrar o perfil de necessidades de utili-
acordo com o estudo “E4-D2.2-Country Re-
“afinar” o sistema para otimizar a utilização
zação de cada edifício, mas também para se
port-Portugal” o consumo em standby dos
energética dos elevadores do edifício em
ajustar às respetivas variações que são de
elevadores em Portugal corresponderá a
questão, ligando ou desligando os eleva-
esperar ao longo do tempo.
305.272 Gwh por ano e que ao ser eliminado proporcionaria uma redução de cerca de
Chamadas de piso
Chamadas de piso
112.950 toneladas de CO2eq por ano gastas Atividade dos elevadores
para a produção da mesma. Posto isto, urge serem adotadas medidas que permitam re-
SISTEMA LESS Energia para os elevadores do grupo
duzir o consumo de energia em standby.
Parametrização
Para tal pode ser seletivamente desligada a energia a alguns equipamentos (motor
Figura 2.
de portas, displays, sensor de carga, entre outros), quando o elevador está parado, ou seja, em modo standby, no entanto tal situ-
Elev. 2 Elev. 1 6h 7h 8h 9h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h 19h 20h 21h 22h 23h 0h 1h 2h 3h 4h 5h
ação nem sempre é possível e por vezes muito dispendiosa.
6
elevare
Figura 3.
Artigo técnico QUANTO SE PODE POUPAR
usar um elevador que esteja desligado baste para isso pres-
Com este sistema toda a energia poupada advém da energia
sionar um botão de patamar, atingindo-se um compromisso
de standby consumida pelos elevadores quando estão para-
entre poupança de energia e disponibilidade do elevador.
dos à espera de aceitar chamadas. Para saber quanto os elevadores vão poupar é necessário saber:
Ao utilizar o método adaptativo para a gestão dos grupos de
›
A potência consumida em standby;
elevadores face ao histórico de chamadas, o grau de poupan-
›
O perfil de necessidades de utilização.
ça/otimização energé tica pode ainda atingir patamares mais elevados e, portanto, mais apelativos ao investimento dos
Para se determinar a energia consumida em standby, o méto-
utilizadores.
do mais correto é o recurso a um wattímetro trifásico montado à entrada do quadro de comando.
Há ainda poupanças mais difíceis de contabilizar ao utilizar este método de otimização energética por poupança na ener-
A não existir o processo adaptativo já referido, o perfil de
gia de standby, como por exemplo a maior duração do equi-
necessidades de utilização para os elevadores de um edifí-
pamento pelo menor tempo de utilização, ou o aumento do
cio é mais complicado de definir, podendo ser conseguido,
tempo de vida dos componentes elétricos e eletrónicos por
por exemplo, aplicando um registador durante um período
atenuação da fadiga. Quaisquer destes pontos são vantagens
de tempo razoável (não inferior a 2 semanas), que armazene
adicionais do sistema, não se traduzindo diretamente na pou-
os períodos (data e hora) em que o elevador está em modo
pança energética mas na rentabilização do investimento.
standby (modo de espera). Recolhida esta informação determina-se o perfil de necessidades de utilização do elevador e calcula-se a potencial energia a poupar.
CONCLUSÃO Ao contribuirmos de forma a diminuir ao máximo o enorme desperdício de energia quando os elevadores se encontram
CASOS PRÁTICOS
parados, em modo standby, todos, utilizadores ou não, direta ou indiretamente, ganharíamos com tal facto.
Caso 1. a potência que consome em standby e obteve-se um valor de 183 W. Com base na informação recolhida junto do administrador do condomínio estimou-se que o elevador pode ser desligado durante 11.5 horas por dia, à noite das 23 horas às 6.30 horas, durante o dia das 9.30 às 11 e das 14.30 às 17 horas. Com base neste perfil de necessidades de utilização, com a aplicação do sistema LESS o potencial de poupança será de 768,14 kWh/ano. Caso 2. Edifício também residencial, com dois elevadores a trabalhar
PUB
Num edifício residencial com apenas um elevador, mediu-se
Sentimos a modernização de elevadores como uma imagem de marca Elevis é uma empresa especialista no ramo dos elevadores, apresentamos soluções, com a instalação de todos os tipos de elevadores e plataformas elevatórias, assim como, soluções em mobilidade reduzida.
em grupo e com uma potência consumida em standby de 237 W por elevador, obteve-se o perfil de utilização da Figura 3, ou seja, o potencial de tempo para desligar os elevadores é de: ›
10 horas/dia para o elevador 1;
›
18 horas/dia para o elevador 2.
o que se traduz num potencial de poupança de consumo de energia em standby de 1.557 kWh/ano para o elevador 2 e 865 kWh/ano para o elevador 1, ou seja 2.422 kWh/ano no conjunto dos dois elevadores. Conforme se pode verificar em ambos os casos, há uma poupança significativa de energia, o que torna o sistema economicamente viável. De notar que estes valores de poupança de energia poderão ser inferiores, pois o sistema monitoriza em permanência a atividade dos botões de piso por forma a se for necessário
Elevis Elevadores Rua Professor Egas Moniz, Lote 5, R/C Drtº 8005-272 Montenegro Faro
Normalização
Caminhos da Normalização Europeia José Pirralha
Interpretations
Presidente da CT 63 – Elevadores, escadas mecânicas e
EN81-1
tapetes rolantes
EN81-1/A1
Standardization Guides ISO GESR's & GSP's Legal Requirements
EN81-1/A2 EN81-1/A3
Falar hoje de Normalização em Portugal, EN81-2
mais não é, salvo honrosas excepções, do
EN81-20
Revision Process EN81-50
EN81-2/A1
que falar em Normalização Europeia.
EN81-2/A2 EN81-2/A3
Num tempo de globalização e de interna-
New Technologies & State-of-the-art
cionalização das economias, as Normas
Users' Requirements, Comments & Input
assumem-se cada vez mais como instrumentos fundamentais para a competitividade, ao mesmo tempo que exercem uma grande influência na sociedade, em es-
A elaboração das Normas Europeias assen-
bremos o conceito de Norma Harmonizada,
pecial em matérias de segurança e bem-
ta num conjunto de princípios basilares, tais
desde logo por se tratar de uma Norma
estar dos cidadãos, eficácia das redes,
como:
Europeia aprovada com base num pedido
interoperabilidade, ambiente, segurança
›
coerência;
apresentado pela Comissão, tendo em vista
e condições de trabalho, acessibilidades,
›
transparência;
a aplicação de legislação da União em ma-
entre outros.
›
abertura;
téria de harmonização.
›
consenso;
A crescente difusão do comércio inter-
›
aplicação voluntária;
É este o mecanismo que vertido para a
nacional, deu às Normas Europeias uma
›
independência;
Directiva 95/16/CE, conduz aos mecanis-
relevância cada vez maior, alargando-se à
›
eficiência.
mos de colocação no mercado, no caso à
escala global.
chamada presunção de conformidade, isto Embora considerando a importância destes
é, para que um ascensor seja colocado no
Para tal, muito tem contribuído o chamado
princípios como um todo, permitimo-nos
mercado, é condição suficiente que se-
"Vienna Agreeement" acordo pelo qual o
destacar dois deles, justamente a transpa-
jam cumpridas as Normas Harmonizadas
CEN e o ISO se comprometem a estabelecer
rência (o processo de elaboração/aprova-
aplicáveis.
formas de cooperação técnica e institucio-
ção requer a participação dos organismos
nal de tal forma que as Normas produzidas
nacionais) e o facto das Normas serem de
adquiram cada vez mais o estatuto global.
aplicação voluntária.
É com base neste acordo, que deu os pri-
Nesta abordagem, e procurando agora uma
encontrar as Normas específicas de ele-
meiros passos há mais de 20 anos e que ao
maior aproximação às Normas que estão
vadores. Tal, como hoje se nos apresen-
longo do tempo tem vindo a ser melhorado,
mais próximas do setor de elevação, va-
tam as Normas EN 81-xx, estão estru-
que hoje uma parte significativa das Nor-
mos deter-nos sobre a família de Normas
turadas em 8 grupos, verificando-se ao
mas se apresentam como EN ISO.
EN 81-xx.
longo dos últimos anos uma atualização
Nesta linha e com o objectivo de melhorar
Antes de olharmos com algum detalhe
tes com vista a enquadrá-las de forma
a produção de Normas foi recentemente
para esta família de Normas, que como to-
coerente.
publicado e entrará em vigor em janeiro de
das as famílias tem uma estrutura e de cer-
2013 o novo regulamento europeu para a
ta forma uma hierarquia, é necessário que
De forma simplificada podemos apresentar
Normalização (n.o 1025/2 de 25.10.2012),
reavivemos alguns conceitos.
os 8 grupos do seguinte modo:
A FAMÍLIA DE NORMA EN 81-XX É nesta família de Normas que podemos
de designações das Normas existen-
o qual
estabelece regras para a coope-
EN 81-1x: bases da organização do sistema
ração entre Organizações Europeias de
Entendida a Norma como uma especifica-
e as interpretações;
Normalização (CEN, CENELEC e EPSI), os
ção técnica, aprovada por um Organismo de
EN 81-2x: ascensores para transporte de
Organismos Nacionais de Normalização, os
Normalização reconhecido, para aplicação
pessoas e pessoas e mercadorias;
Estados-Membros e a Comissão para a ela-
repetida ou continuada, cuja observância
EN 81-3x: elevadores destinados a trans-
boração de Normas Europeias.
não é obrigatória, é importante que relem-
porte de mercadorias (exclusivamente);
8
elevare
Normalização EN 81 Family of Standards
EN 81-4x
EN 81-1x
EN 81-2x
EN 81-3x
Basics & Interpretations
Lifts for Transport of Persons & Goods
Lifts for Transport of Goods only
Special Lifts for Transport of Persons & Goods
EN 81-5x
EN 81-6x
EN 81-7x
EN 81-8x
Evaluations
Documentation for Lifts
Particular Applications Persons & Goods
Existing Lifts
(TR) 10:2008
1:2009
3(0):2008
40:2008
50
60
70:2003
80:2003
System of EN81 Series of Standards
Passenger & Goods/Passenger Lifts-Electric
Service Lifts
Stairlifts & Inclined Lifting Platforms
Calculations & Tests of Lift Components
Technical File & Instruction for passenger lifts
Accessibility for Persons with Impaired Mobility
Improvement of Safety of Existing Lifts
(TS) 11:2011
2:2009
31:2010
41:2010
51
61
71:2005
81
Interpretations
Passenger & Goods/Passenger Lifts-Hydraulic
Accessible Goods-only Lifts
Vertical Lifting Platforms
Type Examination of Lifts
Technical File & Instruction for goods lifts
Vandal Resistant Lifts
Modernization of Lifts
12
7
43:2009
58:2000
68
72:2003
(TS) 82:2008
Procedures for risk Assessment
Rack and Pinion Lifts
Lifts for Access to Workplaces
Landing Door Fire Test
Remote Monitoring
Firefighters Lifts
Accessibility Improvement of Existing Lifts
20
73:2005
(TS) 83:2009
Passenger & Goods/Passenger Lifts
Behavior of Lifts in the event of Fire
Vandal resistance Improvement of Existing Lifts
21:2009
(TS) 76:2011
Passenger Lifts in Existing Buildings
Use of Lifts for the Evacuation of Disabled
Legend: Published (year of the latest)
22
Under revision
Passenger Lifts, Inclined
In development Possible future development
77 Lifts Subject to Seismic Conditions
28:2003 Remote Alarms for Lifts
EN 81-4x: elevadores especiais para o
ropa, tais como
transporte de pessoas e mercadorias;
Association, ELCA - European Lifts Com-
EN 81-5x: verificações, cálculos e testes;
ponents Association, EFESME - European
EN 81-6x: documentação;
Federation Elevator Smal and Medium
A comprovar o interesse dos diferentes
EN 81-7x: aplicações particulares:
Enterprise, NBL - Notified Bodies Lifts e
interessados está o gigantesco núme-
Comissão Europeia;
ro de comentários apresentados quer
os trabalhos da ISO/TC 178 e a harmo-
no que refere ao pr EN 81-20 – 3268 co-
No quadro de Normas da família EN 81-xx,
nização internacional de Normas (Viena
mentários, quer no que diz respeito ao
existem Normas publicadas ( 16 em 31),
agreement);
pr EN 81-50 – 620 comentários.
EN 81-8x: ascensores existentes. ›
Normas em revisão (4), Normas em desenvolvimento ( 5) e Normas em previsão (6).
›
ELA - European Lift
em abril de 2012 e estão neste momento em apreciação os comentários apresentados.
a resposta às novas tecnologias e a atualização do estado da arte.
Todo este material está a ser consolidado e analisado pelos diferentes grupos Ad Hoc
Uma nota de destaque para duas das
Este é, no essencial, o conjunto de razões
Normas em desenvolvimento, exatamente a
que determina a necessidade de tão profun-
EN 81-20 e a EN 81-50, sobre as quais falare-
da mudança.
mos mais adiante e a previsão de que está em
criados para o efeito. Esta avalanche de comentários irá atrasar certamente o calendário previsto, o qual
agenda a preparação de uma Norma para a
Para lá das alterações do conteúdo pro-
previa o lançamento do voto formal em
modernização de ascensores (N 81-81).
priamente dito, a primeira alteração digna
março de 2013 com publicação pelo CEN
de registo é de estrutura, à estrutura das
em setembro de 2013 e entrada em vigor
Normas EN 81-1/2:1998+A3:2009, separan-
em 2016.
A REVISÃO DA EN 81-1/2:1998+A3:2009
do o que é matéria normativa propriamente
A revisão da EN 81-1/2:1998+A3:2009 está
dita e o conjunto de verificações, exames e
Todavia, face à dimensão da tarefa está a
em curso e é, sem dúvida, a mais impor-
ensaios.
ser considerada a sua nova calendarização,
tante alteração normativa no setor nos úl-
estimando-se o lançamento do voto formal
timos 25 anos, quer pelo alcance quer pelo
Surgem assim, duas novas designações a
para janeiro de 2014 e a publicação em ju-
forte impacto para a indústria.
que nos vamos ter que habituar, EN 81-20-
nho do mesmo ano.
incluindo os ascensores elétricos e hidráuNa base da decisão do CEN de por ombros a
licos e a EN 81-50- referente aos exames
Como tal a entrada em vigor aponta agora
tal tarefa estão as seguintes razões:
e ensaios, também válida para ascensores
para junho 2017.
›
elétricos e hidráulicos.
a existência de um número significativo de interpretações (mais de 80);
› ›
Pese embora possa parecer um prazo lar-
o facto de desde 1998, se terem já reali-
Para quando podemos esperar a publicação
go, a verdade é que a natureza das altera-
zado três emendas à Norma, A1 ,A2 e A3;
e entrada em vigor da EN 81-20 e EN 81-50?
ções introduzidas recomenda que se come-
o Input de diversos organismos na Eu-
Os projetos foram submetidos a inquérito
ce a trabalhar o quanto antes.
elevare
9
Qualidade, segurança e ambiente
A Preocupação Ambiental na Produção, Instalação e Manutenção de Elevadores Eng.º Nuno Carneiro Responsável do Departamento de Qualidade, Ambiente e Segurança, Schmitt Elevadores, Lda.
Os impactes ambientais nos processos de produção, instalação e manutenção de elevadores são hoje uma preocupação de todas as empresas ligadas a este setor de atividade. É por isso, do maior interesse das organizações, que sejam definidas e implementadas estratégias ambientais que permitam um crescimento sustentado e a melhoria da qualidade de vida.
exemplo, cursos de água, solo, envolvente
tos) e a uma menor produção de poluentes.
natural e humana), as diversas matériasprimas utilizadas, os processos e os pro-
É por isso muito importante que as empre-
1. DESENVOLVIMENTO
dutos fabricados, os resíduos produzidos
sas industriais definam estratégias de elimi-
Os impactes ambientais resultantes das
e o próprio ciclo de vida do produto, assim
nação e redução de poluentes diretamente
atividades industriais são atualmente reco-
como a reutilização dos materiais após o
nas fontes emissoras. Esta atuação pode
nhecidos, por todos, como problemas gra-
seu final de vida, entre outros.
consistir no desenvolvimento de atividades
ves e com importantes implicações para a
que promovam a redução de desperdícios,
saúde pública e para a gestão dos recursos
a conservação dos recursos naturais, a
naturais e energéticos.
eliminação ou redução de substâncias químicas que prejudiquem o ambiente, a diminuição da quantidade de resíduos produzidos, e como consequência, a diminuição dos impactes com poluentes que são lançados para o ar, solo e águas.
A implementação de legislação e de normas ambientais, cada vez mais restritivas, Uma vez que não existem processos de
e a criação de mercados mais competitivos
fabrico isentos de impactes ambientais, as
exige que as empresas sejam mais eficien-
atividades industriais estão inteiramente li-
tes, quer do ponto de vista produtivo quer
gadas a uma maior ou menor degradação
do ponto de vista ambiental, assim como
do meio ambiente, assim como da qualida-
das condições de segurança e qualidade no
de de vida das pessoas.
trabalho.
O impacte ambiental varia mediante o tipo
Assim, e de forma sustentável, o aumento
A indústria de fabrico, instalação e de ma-
de indústria, pelo que devemos ter em con-
da produção industrial deve estar aliado a
nutenção de elevadores está assim en-
sideração a zona de implantação (como por
uma redução de gastos (otimização de cus-
globada nas atividades que apresentam
10
elevare
Qualidade, segurança e ambiente impacto no meio ambiente e na qualidade
›
de vida. Para evitar as consequências dos impactes
Boas práticas de gestão: ›
Controlo de inventários;
›
Formação dos trabalhadores;
›
ambientais gerados por este tipo de empre-
Gestão racional dos materiais e produtos, água e energia;
sas industriais, tornou-se prioritário definir
›
Prevenção de fugas e derrames.
e implementar medidas que permitam reduzir e, se possível, eliminar as fontes po-
›
luentes de forma preventiva.
Reciclagem externa: › ›
Reduções de emissão e resíduos; Redução do consumo de água e energia;
2. A PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL
›
NA INDÚSTRIA DE PRODUÇÃO, INSTALAÇÃO E MANUTENÇÃO DE ELEVADORES
Melhor utilização de matérias-pri-
A estratégia ambiental das empresas de
mas (eco-eficiência).
Produção, Instalação e Manutenção de Ele-
Reformulação dos produtos e a sua
vadores passa por:
A redução dos impactes ambientais nos
substituição:
›
processos de produção, instalação e de
›
›
Eco-design – alterações ao nível do de-
Substituição de produtos mais ade-
sign dos produtos promovem uma re-
manutenção dos elevadores deverá ser
quados, ambientalmente, ao ciclo
dução do impacte ambiental associado
desenvolvida através de uma estratégia
de vida do produto;
ambiental, que tem sido considerada como
›
Equipamentos de elevada poupança
um fator essencial para o desenvolvimen-
de energia e devidamente certifica-
to das empresas deste setor de atividade,
dos como equipamentos com efici-
na medida em que permite atingir melho-
ência energética – Classe A.
(reciclagem e a reutilização); ›
Boas práticas – Certificação Ambiental das empresas pela Norma ISO 14001 ou EMAS;
›
Melhoria de processos – adoção de me-
rias ambientais e ao mesmo tempo refor-
didas de eficiência energética (poupar
çar a sua competitividade no mercado dos
água, eliminar/minimizar a produção de
elevadores.
resíduos, otimizar os ciclos de consumo de energia, alterar a logística interna e externa, entre outros); ›
Restruturação de processos – a modificação parcial ou geral das tecnologias utilizadas para fabrico dos produtos, assim como dos processos de fabrico (substituindo tecnologias antiquadas por outras ambientalmente mais responsáveis, como por exemplo, a elimi-
A estratégia ambiental que as empresas
nação de linhas de pintura manual com
possam definir, não se prende apenas na
tintas de base solvente por linhas auto-
questão de mudança de tecnologias, mas
máticas de pintura electroestática que
A preocupação e a estratégia ambiental en-
sobretudo nas atitudes e comportamentos
permitem melhorias consideráveis em
contram-se normalmente definidas na Po-
que vão permitir às empresas deste setor
termos de impactes ambientais;
lítica de Ambiente e significam a aplicação
tornarem-se mais eco-eficientes, contri-
contínua de melhorias a produtos e proces-
buindo assim para um Desenvolvimento
as bases técnicas para a definição dos
sos industriais de forma preventiva e inte-
Industrial Sustentável.
limites de emissões permitidos para
›
Melhores técnicas disponíveis – são
cada tipo de atividade e que permi-
grada, para reduzir ou minimizar os impac-
tem diminuir os consumos de energia,
tes para a saúde humana e para o ambiente,
de matérias-primas e de produção de
bem como os custos de produção, através
3. CONCLUSÃO
da utilização mais eficiente das matérias-
A forma como as empresas convivem com
-primas, energia e água, permitindo pou-
a questão do Desenvolvimento Sustentável,
panças nos custos de gestão das emissões
passa a ter uma resposta na Eco-eficiência.
tratamento e valorização de resídu-
e nos resíduos gerados.
Entende-se como Eco-eficiência, as ativida-
os e emissões produzidas pelas em-
des e esforços que uma organização de-
presas permitem incrementar a sua
As opções da adoção de uma Política Am-
senvolve para otimizar (redução na fonte)
eco-eficiência;
biental, passam nomeadamente por:
a utilização dos recursos naturais (água,
›
resíduos; ›
›
Tratamento e valorização internas – o
Valorização externa de resíduos – o
energia, matéria-prima, entre outros), com
tratamento e a valorização dos resídu-
Alteração do processo para a pre-
a finalidade de reduzir o impacte ambiental
os devem ser efetuados por empresas
venção e minimização de resíduos e
e com o objetivo de ter resultados benéfi-
devidamente licenciadas para a gestão
emissões.
cos a nível ecológico e económico.
de resíduos.
elevare
11
Notas técnicas
Integração do Projeto de Elevadores em Edifícios João Paulo Rocha Eng.o Técnico de Eletrotecnia Técnico Responsável de Projetos de Instalações Especiais
1. INTRODUÇÃO
sores, uma vez ser o tipo de elevador de
O conceito geral do projeto de elevador em
uso mais corrente sendo responsável por
edifício é adequar uma instalação, neste
cerca 92% das instalações em exploração
caso um elevador, a um edifício com uma
em Portugal.
determinada utilização, tendo em conta as necessidades na data da sua conceção e futuramente, com o objetivo de na data de en-
2. ENQUADRAMENTO
trada em exploração este ainda esteja atual
É necessário deixar bem claro que não se
e capaz de se adaptar a necessidades futu-
deve confundir projeto do ascensor em edi-
ras. Para além da função do edifício, outra
fícios, com o projeto do ascensor enquan-
preocupação a levar em consideração, é
to equipamento. Teoricamente, o segundo
adequar as instalações à legislação e nor-
seria a consequência do primeiro. Porém
malização aplicável, mas também à legis-
na prática o projetista do ascensor em edi-
lação futura. Assim na conceção do projeto
fícios define as condições que se adequa à
Figura 1. Elevador do Peneco Albufeira.
do elevador este não deve ser dimensiona-
utilização e ao edifício. O segundo passo fica
Arq.o João Castro Ferreira.
do como um equipamento autónomo, mas
reservado aos fabricantes dos elevadores
como um equipamento a ser incorporado
que desenvolverão um projeto de porme-
numa construção e, por consequência, de-
nor do equipamento e finalmente o proje-
vidamente adaptado.
tista enquanto representante do proprietá-
2.1. Estudo de Tráfego
rio deverá validar a solução desenvolvida
Para o desenvolvimento do estudo de tráfe-
Na especialidade dos elevadores há que ca-
pelo fabricante. No desenvolvimento do
go é necessário obter as seguintes informa-
tegorizar os equipamentos na sua função
projeto do ascensor o primeiro passo será
ções sobre o edifício:
de transporte:
conhecer a utilização do edifício, efetuar o
›
Tipo de Utilização;
›
Pessoas;
estudo de tráfego e a qualidade de serviço
›
Curso do transporte vertical;
›
Mercadorias.
pretendida.
›
População a transportar.
Nestas categorias ainda podemos subcate-
O estudo de tráfego definirá os seguintes
Tendo como base as fórmulas de probabili-
gorizar o transporte de pessoas da seguin-
aspetos do projeto de ascensores:
dade de operação do transporte vertical de
te forma:
›
Quantidade de ascensores;
pessoas, determinamos o ciclo de rotação
›
Ascensores;
›
Lotação/carga nominal;
tendo em conta as caraterísticas principais
›
Monta-camas;
›
Velocidade de transporte.
do ascensor (sistema de tração, capacida-
›
Monta-carros.
de de transporte das cabinas tipo de porta, Como resultado do estudo de tráfego deve-
largura da porta, velocidade da cabina, nú-
A categoria de equipamentos de transporte
rão ser apresentadas várias soluções que
mero de paragens e curso).
de mercadorias também se pode subdividir
serão aplicadas na fase seguinte. A etapa
nas seguintes subcategorias:
seguinte será integrar os resultados do es-
A partir do ciclo de rotação é possível de-
›
Plataformas;
tudo de tráfego ao projeto do edifício.
terminar os parâmetros que avaliam o de-
›
Monta-Cargas;
›
Monta-pratos.
sempenho dos ascensores, a saber: Para concluir, o documento técnico do pro-
›
Neste artigo, dada a extensão do tema, abordaremos apenas o projeto de ascen-
12
elevare
Intervalo Máximo do Piso Principal – IMP;
jeto é necessário confirmar a adequação regulamentar da integração do elevador no
›
Capacidade de Transporte – T5;
edifício.
›
Qualidade de Tráfego – QT;
Notas técnicas 2.1.1. Intervalo Máximo do Piso Principal – IMP
cia (IMP). Em função do tipo de edifício, este
›
Mecânica;
Intervalo Máximo do Piso Principal (IMP) é o
curso médio é um valor ponderado do cur-
›
Segurança;
tempo médio entre as partidas sucessivas
so total percorrido pelos ascensores. Nor-
›
Acústica;
das cabinas do piso principal. Este parâme-
malmente os valores considerados para o
›
Gestão Técnica Centralizada.
tro é determinante para se definir o número
curso médio são os seguintes:
de ascensores a instalar.
›
Habitação: 50% do curso total;
Destas especialidades, a arquitetura é a de
›
Escritório: 75% do curso total;
maior exigência no processo de integração,
A avaliação do IMP será efetuada de acordo
›
Hotel: 55% do curso total;
porque é a arte de maior relevância que es-
com estes limites:
›
Hospital: 75% do curso total.
tuda o edifício, de forma a desempenhar a
› › › ›
25 segundos no máximo para uma qua-
sua função. As restantes especialidades,
lidade de serviço excelente;
As paragens prováveis é um fator determi-
na sua essência, devem tentar adaptar-se
32 segundos no máximo para uma qua-
nante para a definição do tempo de espera
às condicionantes definidas pela arquitetu-
lidade de serviço bom;
e na capacidade de transporte (T5). As pa-
ra. Recordo que o objetivo é construir um
40 segundos no máximo para uma qua-
ragens prováveis são calculadas em função
edifício.
lidade de serviço satisfatório;
do tipo de utilização do edifício e o número
50 segundos no máximo para uma qua-
de pisos existentes. Normalmente os valo-
2.2.1. Arquitetura
lidade de serviço sofrível;
res considerados para o curso médio são
A integração do ascensor na arquitetura re-
os seguintes:
leva-se importante nos seguintes aspetos:
›
Habitação: 2 x CME (Capacidade média
›
Dimensões;
de utilizadores por ascensor);
›
Acessibilidade;
2.1.2. Capacidade de Transporte – T5 A capacidade de transporte é o número de pessoas a transportar pela solução em es-
›
Escritório: 75% do curso total;
tudo, em 5 minutos.
›
Hotel: 55% do curso total;
2.2.1.1. Dimensões
›
Hospital: 100% do curso total;
Na conceção do ascensor as dimensões são normalmente o aspeto que origina uma
2.1.3. Qualidade de Trafego – QT A Qualidade de Trafego – QT é a percen-
2.2. Integração do ascensor no edifício
maior preocupação, pois é o que mais inter-
tagem de população do edifício acima do
O aspeto determinante para a melhor inte-
fere com o próprio programa do edifício. Na
piso principal, que pode ser transportada
gração do ascensor ao edifício, será em que
maioria das situações, os programas são
em 5 minutos pela bateria de ascensores.
fase do projeto se efetua esta integração,
tão exigentes que uma pequena área pode-
Recomenda-se:
isto é, quanto mais cedo, mais fácil será e
rá obrigar a refazer um projeto por com-
›
1 a 15% para um edifício sem tráfego
por consequência, melhor será a solução
pleto. As dimensões são determinadas pela
importante;
encontrada. Com os resultados do estudo
capacidade de transporte, sistema de tra-
15 a 25% para um edifício com tráfego
de tráfego, o mais certo é termos mais do
ção, sistema de abertura das portas (cen-
importante.
que uma solução de possível aplicação. Em
tral ou lateral). Neste aspeto, o que suscita
conjunto com a restante equipa de projeto,
sempre discussão é a dimensão da caixa do
serão avaliadas as várias soluções, pon-
elevador nos três eixos, incluindo também
cálculo deve ainda levar em conta as se-
deradas as vantagens versus as desvanta-
a dimensão do poço e do extra curso supe-
guintes considerações:
gens. Na maioria das situações os aspetos
rior. Com o aparecimento dos ascensores
›
Tipo de edifício;
mandatários serão o espaço disponível, o
sem casa das máquinas a problemática da
›
Fator de ocupação da cabina;
grau de qualidade de serviço pretendido e
integração destes espaços têm vindo a des-
›
Curso médio;
o custo.
parecer, porém, quando existem devem-se
›
Paragens prováveis.
›
A partir dos parâmetros de IMP, T5 e QT, o
ter em consideração nomeadamente o péComo resultado da integração, será a defi-
direito e o sentido de abertura da porta.
Para o tipo de edifícios há quatro categorias:
nição das caraterísticas do ascensor a ins-
›
Habitação – Utilização mediana;
talar nomeadamente as seguintes:
2.2.1.2. Acessibilidade
›
Serviços (escritórios e comércio) – Utili-
›
Sistema de tração;
Nos dias de hoje, revela-se de alguma im-
zação Elevada;
›
Estrutura;
portância a garantia das acessibilidades a
›
Hoteleiro – Utilização acima da média;
›
Caixa;
pessoas de mobilidade reduzida. Com o au-
›
Hospital – Utilização muito elevada.
›
Cabine.
mento da esperança de vida e a queda da natalidade origina o aumento da percenta-
O fator de carga é a percentagem da car-
A integração do ascensor leva com que
gem de população idosa, com dificuldade
ga nominal que, em média á transportada
o respetivo projeto interfira com as res-
de locomoção e sem apoio parental/fami-
numa viagem, que para efeito de calculo é
tantes especialidades, nomeadamente as
liar. Dai a necessidade, na fase de projeto, de
considerado 80% da carga nominal.
seguintes:
precaver estas situações e alertar os pro-
›
Arquitetura;
motores para esta realidade. Ressalve-se
O curso médio é um dado utilizado na defini-
›
Estruturas;
que, ultimamente, no segmento dos promo-
ção do tempo de espera no piso de referên-
›
Eletricidade;
tores de individuais, moradias unifamiliares,
elevare 13
Notas técnicas tem crescido a procura da instalação de as-
estruturais, como por exemplo lintéis. Nas
ção da cabine e em alguns casos a casa das
censores destinados para esse fim.
situações em que há utilização dos espaços
máquinas.
abaixo do último piso de paragem do ascensor, é necessário que a estrutura do poço
2.2.6. Segurança Contra incêndios
seja sobredimensionada para suportar os
A integração da segurança contra incên-
esforços em queda do contra peso.
dio incide essencialmente dos seguintes aspetos:
2.2.3. Eletricidade
›
Isolamento ao fogo;
Sendo o ascensor uma máquina eletrome-
›
Sinalética;
cânica teremos de garantir a disponibilidade
›
Equipamento de uso dos bombeiros.
de energia elétrica suficiente para alimentar estes equipamentos. No passado recen-
O isolamento ao fogo aplica-se na casa das
te, era habitual existir na data de arranque
máquinas e na caixa do elevador. À luz da
da instalação problemas com disponibili-
legislação de segurança contra incêndio, as
No entanto, temos verificado algumas fa-
dade de potência elétrica para alimentar o
casas das máquinas devem ser isoladas ao
lhas ao nível do projeto, mais uma vez na
ascensor, por um lado motivado por falta
fogo com uma classe resistência ao fogo de
restrição ao mínimo das dimensões da
de coordenação e por outro pelas potências
60 minutos e portas pára-chamas 30 minu-
cabine, levando que não permitam ser uti-
elevadas dos motores. Nos dias de hoje,
tos com sistema de fecho automático.
lizados por aqueles que mais necessitam.
já são pouco frequentes estes problemas,
O exemplo da falha mais frequente é a ca-
porque há uma maior coordenação na fase
A caixa do elevador deverá ser isolada ao
bine não ter as dimensões que permitam o
de projeto e pelo desenvolvimento tecnoló-
fogo com classe de resistência ao fogo
transporte de uma pessoa em cadeira de
gico as potências destes equipamentos têm
30 minutos e portas pára-chamas 15 minu-
rodas.
diminuindo.
tos, nos casos dos edifícios de altura até 28
Recentemente, deparei-me com um projeto
Também é necessário garantir níveis mí-
mento ao fogo deverá ser 60 minutos e as
de remodelação de uma moradia, em que
nimos de iluminação para os acessos aos
portas pára-chamas 30 minutos. As portas
uma das preocupações do promotor era
elevadores, à casa de máquinas e à caixa do
devem ser sempre dotadas de sistema de
a instalação de um ascensor. Quando foi
elevador.
fecho automático. O isolamento ao fogo,
minutos. Para os restantes casos, o isola-
pode ser dispensado sempre que os eleva-
apresentado o projeto arquitetura, a conceção do elevador foi dado como facto consu-
Nas situações onde seja necessário prever
dores apenas sirvam o mesmo comparti-
mado e estava de acordo com a legislação.
um ascensor de uso de bombeiros, deve-se
mento corta-fogo.
Dado que era uma remodelação, a cabine
ainda prever a alimentação de emergência
possuía portas a 90° e com as dimensões
e as respetivas canalizações resistentes ao
Junto ao acesso dos elevadores, deve ser
mínimas regulamentares de 1,1 x 1,4 m (Fi-
fogo.
afixado uma sinalética com a indicação de não utilização em caso de incêndio.
gura 2). Porém, continha uma falha grave, que iria comprometer a utilização do eleva-
2.2.4. Hidráulica
dor por pessoas em cadeira de rodas: numa
Na hidráulica, os aspetos a considerar na in-
Os edifícios com altura superior a 28 me-
situação de portas a 90°, a dimensão de 1,1
tegração estão relacionados com as redes
tros ou com mais de dois pisos abaixo do
metros de largura não permite a rotação da
de água, nas seguintes situações:
plano de referência, devem ser dotados de
cadeira de rodas no seu interior.
›
Drenagem de água no poço do ascen-
um ascensor para uso dos bombeiros. Nes-
sor, quando os níveis freáticos estão
tas situações, à que ter a preocupação para
muito próximos;
as seguintes condições:
Drenagem das águas pluviais nos pata-
›
Ao
nível
de
acessibilidades
deve-se
considerar: ›
›
Botões que tenham indicação luminosa e inscrições de alto-relevo em braille;
dos bombeiros em caso de incêndio;
mares, quando no exterior; ›
Garantir que não há passagem de con-
sistema de chamada para uso exclusivo
›
capacidade e dimensão adequada quan-
›
Registo do piso de destino;
dutas ao atravessar no interior da casa
do utilizado para apoio da evacuação de
›
Indicação numérica luminosa e sonora
das máquinas;
acamados;
›
Saídas desobstruídas.
›
do piso de paragem;
resgate dos ocupantes;
2.2.5. Mecânica
›
velocidade de transporte;
Nas instalações mecânicas, as interferên-
›
sistema de intercomunicação com o posto de segurança;
2.2.2. Estruturas
cias são inexistentes, exceto na necessidade
Nas estruturas, a preocupação que tere-
de ventilação da casa das máquinas e caixa
›
caixa do elevador independente;
mos de ter serão basicamente o seu dimen-
do elevador. Em casos mais particulares,
›
índice de proteção à penetração de líqui-
sionamento para suportar os esforços que
como por exemplo ascensores panorâmi-
os ascensores irão transmitir ao edifício
cos com exposição ao exterior, será neces-
e que o poço não coincida com elementos
sário verificar a necessidade de climatiza-
14
elevare
dos do equipamento elétrico; ›
sistema de drenagem de água no poço do elevador.
PUB
2.2.7. Acústica Na integração do ascensor é necessário conhecer o nível de ruído produzido pelo ascensor de forma que o estudo do comportamento acústico esteja considerado. Normalmente, esta preocupação é relevante nos casos em que a casa das máquinas está próxima de quartos. Nas situações dos edifícios de habitação esta problemática é reduzida quando a casa das máquinas está instalada no piso inferior. 2.2.8. Gestão Técnica Centralizada Atualmente, é comum os edifícios serem dotados de sistemas de Gestão Técnica Centralizada - GTC. Neste caso faz todo o sentido que os ascensores comuniquem com a GTC, transmitindo várias informações como: ›
Posição;
›
Carga;
›
Consumo de energia;
›
Estado;
›
Alarmes.
Consolas de diálogo
Para que esta interligação seja possível é necessário que o ascensor esteja concebido com um protocolo de comunicação, configurado para transmitir a informação respetiva. Mesmo num ascensor sem sistema de comunicação por protocolo é sempre possível transmitir alguma informação através de
Tecnologia Wireless em Automação
replicação de contactos dos vários estados do ascensor. Os objetivos da interligação dos ascensores à GTC passa por melhorar a eficiência energética e aumentar a disponibilidade de exploração, reduzindo as intervenções de manutenção.
3. CONCLUSÃO
E/S Remotas IS1
Barreiras de Segurança Intrínseca
O projeto do ascensor, como qualquer outro, deve ser uma antevisão das necessidades pelo que se deve estar preocupado por utilizar mais tecnologias, mas sempre devidamente fundamentadas. O documento técnico que compõe o projeto deve ser incorporado com uma maior informação e detalhe de forma a caraterizar devidamente o ascensor. De maneira geral o projeto é um elemento chave para suces-
Interruptores Fins de Curso em caixa de derivaçãoInterruptores de Pé
so da construção de um edifício e o do ascensor não foge a esta regra, porém requer que sejam tomadas medidas na elaboração do projeto na fase em que se faz a integração com as restantes especialidades. Esta integração deverá ser iniciada o mais cedo possível. É importante o acompanhamento da obra pelo autor do projeto e mesmo após o edifício entrar em exploração. Este será um processo de onde se podem retirar muitos ensinamentos.
Equipamento de Medida e Controlo
Os cuidados com a segurança são os mais importantes, mas atualmente, cada vez mais faz sentido ter em consideração outros aspetos como a eficiência energética e as intervenções para manutenção, pois são pilares para se obterem edifícios mais sustentáveis e assim contribuir para um desenvolvimento sustentável.
AVControlo - Material Eléctrico, Lda. Centro Empresarial AAA - Rua Ponte de Pedra - 240 D19 - 4470-108 Gueifães - Maia Telefone: 220 187 283 - Fax: 222 455 240 www.avcontrolo.pt - geral@avcontrolo.pt
Investigação e Desenvolvimento
Impacto dos Variadores Eletrónicos de Velocidade nos Motores e na Rede Elétrica Fernando J. T. E. Ferreira Departamento de Engenharia Eletrotécnica, Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC), Coimbra, Portugal Instituto de Sistemas e Robótica, Universidade de Coimbra (ISR-UC), Coimbra, Portugal , fernandoferreira@ieee.org
Resumo – Os Variadores Eletrónicos de Velocidade, devido às suas
Motors) são tecnologias mais eficientes, estando comercialmente
vantagens técnico-económicas, são cada vez mais utilizados para
disponíveis para a classe IE43, mas ainda assim com uma quota de
controlar a velocidade e o binário dos motores de indução trifá-
mercado muito inferior à dos MIs. Os motores AC síncronos não po-
sicos. Porém, têm também associados alguns aspetos negativos.
dem ser alimentados diretamente da rede, necessitando por isso de
Neste artigo, de uma forma breve, discute-se o seu impacto nos
um controlador eletrónico, exceto se incorporarem uma gaiola de
motores de indução trifásicos e na rede elétrica.
esquilo auxiliar, como é o caso do motor de ímanes permanentes de arranque direto 4 (Line-Start Permanent Magnet Synchronous Motor). Com uma quota de mercado cada vez mais reduzida, os motores de
I. INTRODUÇÃO
Corrente Contínua (Direct Current, DC) com escovas (commutated
Os motores de indução trifásicos com rotor em gaiola de esquilo1
DC motors) são ainda utilizados em algumas aplicações industriais.
(MIs, Figura 1) são o tipo de motor elétrico de Corrente Alternada
Na última década, a utilização de Variadores Eletrónicos de Velo-
(Alternate Current, AC) mais utilizado em acionamentos eletromecâ-
cidade5 (VEVs, Figura 2) tem vindo a aumentar significativamente
nicos industriais com potência nominal superior a 0,75 kW, integran-
para o controlo da velocidade e do binário em motores AC síncro-
do mais de 85% dos mesmos.
nos e assíncronos. Atualmente, na União Europeia, vendem-se mais de 2 milhões de VEVs por ano, dos quais cerca de 95% com potência inferior ou igual a 37 kW. Na sua grande maioria, estes VEVs são constituídos por um retificador de díodos e um inversor de fonte de tensão (Voltage-Source Inverter – VSI) com modulação por largura de impulso (Pulse-Width Modulation – PWM), e vendem-se separadamente dos motores. Todavia, o mercado das unidades integradas (VEV integrado na estrutura do motor) está a crescer na gama de potência de 0,75 a 22 kW.
Figura 1. Motores de indução trifásicos com rotor em gaiola de esquilo.
O controlo eletrónico dos MIs através de VEVs permitiu que estes substituíssem os motores DC com escovas em muitas aplicações
Até setembro de 2012, os MIs só estavam comercialmente dispo-
com necessidade de controlo de velocidade e binário, razão pela
níveis para as classes de rendimento IE1, IE2 e IE3, definidas na 1.ª
qual estes últimos estão a desaparecer do mercado, uma vez que
edição da Norma IEC 60034-30 (2008). Porém, foram recentemen-
os primeiros apresentam vantagens ao nível do rendimento e da
te lançados no mercado europeu MIs de classe IE42. Os motores AC
fiabilidade.
síncronos de ímanes permanentes (Permanent Magnet Synchronous Motors) e de relutância variável (Synchronous/Variable Reluctance
1
3
A classe IE4 está definida no documento de especificações técnicas IEC/
4
Atualmente, a WEG é o único grande fabricante a comercializar este tipo
TS 60034-31 e será incluída na 2.ª edição da Norma IEC 60034-30.
Em português, são também denominados de “motores assíncronos trifásicos com rotor em curto-circuito”. Em inglês, são denominados de “three-phase squirrel-cage induction motors”.
2
16
O lançamento foi feito pela empresa WEG que, até à data, é o único fa-
de motores (modelo WQuattro, disponível de 0,37 a 7,5 kW). 5
No meio industrial, são muitas vezes denominados de “inversores” ou
bricante a comercializar MIs de classe IE4 na gama de 3 a 355 kW (2, 4 e
“conversores de frequência”. Em inglês, são tipicamente denominados
6 pólos). Refira-se que a WEG é um dos maiores fabricantes de motores
de “Variable Speed Drives – VSDs”, “Adjustable Speed Drives – ASDs” ou “Va-
eléctricos a nível mundial.
riable Frequency Drives – VFDs”.
elevare
Investigação e Desenvolvimento Devido às suas vantagens técnico-económicas, os VEVs substituí-
A operação dos ACEs pode ser num ou mais quadrantes, conso-
ram praticamente todas as outras soluções para controlo de velo-
ante o motor opera em modo de motorização, frenagem/geração
cidade (por exemplo, mecânicas e hidráulicas) em processos indus-
e/ou num ou ambos os sentidos de rotação (Figura 4). A possibi-
triais acionados por MIs.
lidade de operação nos segundo e quarto quadrantes (modo de frenagem/geração) depende da bidirecionalidade da transmissão
Os VEVs foram identificados como uma das tecnologias com maior
mecânica (por exemplo, uma engrenagens com sem-fim não é, na
potencial de poupança energética, particularmente em aplicações
prática, bidirecional) e do tipo de controlador eletrónico. Os moto-
de movimentação de fluidos com necessidade de variação de cau-
res podem ainda estar sujeitos a uma carga fixa ou variável. Por
dal/fluxo, nomeadamente, bombas, ventiladores e compressores.
exemplo, em elevadores e guindastes de tração, os ACEs podem
Porém, mesmo nestas aplicações, os VEVs têm tido uma difusão
operar em modo de motorização e de frenagem, em ambos os
lenta.
sentidos de rotação, e o nível de carga pode ser muito variável. Já num sistema de bombagem, a operação é tipicamente num
Em aplicações com operação nos quatro quadrantes (por exemplo,
único sentido de rotação e em modo de motorização, podendo a
elevadores e guindastes), os VEVs com regeneração energética (ca-
velocidade e, consequentemente, o binário (ou carga) ser fixos ou
pacidade de injeção de energia na rede) têm um potencial de pou-
variáveis.
pança de energia ainda maior.
Figura 4. Os quatro quadrantes de operação dos motores.
Figura 2. Variadores eletrónicos de velocidade comerciais.
III. Variação de Velocidade e Binário em MIs De uma forma muito simplificada, nos MIs a variação do binário é
Neste artigo, de uma forma breve, discute-se o impacto dos VEVs
conseguido através da regulação da amplitude da tensão (da qual
na rede elétrica e nos MIs, excluindo-se as já bem conhecidas van-
dependerá o fluxo magnetizante) e a variação da velocidade angu-
tagens técnico-económicas associadas ao controlo de velocidade
lar através da regulação da frequência da tensão. Assim, podem-
e binário.
se ter controladores/reguladores de “tensão variável e frequência fixa” ou de “tensão e frequência variáveis”. Refira-se ainda que, em regime permanente, se pode ajustar o binário (ou o fluxo magneti-
II. ACIONAMENTOS ELETROMECÂNICOS
zante) dos MIs à carga com o objetivo de aumentar o seu rendimen-
De uma forma geral, os acionamentos eletromecânicos (ACEs, Fi-
to e fator de potência.
gura 3), também denominados de sistemas elétricos de força motriz, para além do motor elétrico, integram dispositivos de coman-
Existem várias técnicas para variar a velocidade em MIs, podendo
do e proteção, um sistema de transmissão mecânica (acoplamento
ser divididas em dois grupos: 1) técnicas baseadas na variação do
direto, engrenagens, correias, entre outros) e, opcionalmente, um
deslizamento6; 2) técnicas baseadas na variação da velocidade de
controlador/regulador elétrico/eletrónico do motor (VEV, arranca-
sincronismo.
dor suave, entre outros). Os VEVs podem ser utilizados em ACEs de velocidade constante ou variável, desde que haja necessidade de variar a frequência e amplitude da tensão aplicada ao motor. 6
O deslizamento num MI corresponde à diferença entre a velocidade de sincronismo e a velocidade do rotor. Tipicamente, é expresso em percentagem da velocidade de sincronismo. A velocidade de sincronismo é diretamente proporcional à frequência da tensão e inversamente pro-
Figura 3. Componentes de um acionamento eletromecânico industrial.
porcional ao número de pólos.
elevare 17
Investigação e Desenvolvimento Nas Figuras 5-7, apresentam-se três técnicas para regular a velocidade em MIs com base na variação do deslizamento, nomeadamente, variação da resistência rotórica (só aplicável aos motores de rotor bobinado), variação da amplitude da tensão aplicada aos terminais do motor e alteração do modo de ligação (estrela/ triângulo). Nas Figuras 8 e 9 apresentam-se duas técnicas para variar a velocidade em MIs com base na alteração da velocidade de sincronismo, nomeadamente, alteração do número de pólos (possível em motores de duas velocidades com enrolamentos do tipo Dahlander ou enrolamentos separados/independentes) e variação simultânea da
Figura 7. Regulação de velocidade em MIs através da alteração do modo de liga-
frequência e da amplitude da tensão aplicada aos terminais do mo-
ção dos enrolamentos estatóricos (estrela ou triângulo).
tor (denominado de controlo escalar ou V/f; possível em motores alimentados/controlados por VEVs7).
Figura 8. Regulação de velocidade em MIs através da alteração do número de pólos em enrolamentos do tipo Dahlander (4/8 pólos, binário variável).
Figura 5. Regulação de velocidade em MIs através da variação do valor da resistência rotórica (só aplicável aos motores de rotor bobinado).
Figura 9. Regulação de velocidade em MIs através da variação da amplitude e frequência da tensão aplicada ao motor (controlo V/f).
IV. TÉCNICAS DE ARRANQUE DE MIS Figura 6. Regulação de velocidade em MIs através da variação da amplitude da
Existem várias técnicas de arranque de MIs. Os benefícios associa-
tensão.
dos ao arranque/paragem suave dos MIs são vários, sendo os mais relevantes: a) redução da corrente máxima absorvida pelos motores no período de arranque das plataformas industriais, conduzindo a menores quedas de tensão e a uma menor potência tomada nes-
7
Relativamente às técnicas de controlo eletrónico de MIs implementadas
se período, o que, eventualmente, pode permitir reduzir a potência
nos VEVs com inversores de fonte de tensão (VSI) e modulação por lar-
contratada; b) redução do desgaste mecânico dos motores e dos
gura de impulso (PWM), para além do controlo escalar (Scalar Control),
equipamentos a ele acoplados8, prolongando o seu tempo de vida e
existe também o controlo vetorial (Flux Vector Control ou Field-Oriented Control) e o controlo direto de binário (Direct Torque Control), nos
18
8
Por exemplo, um arranque suave permite estender significativamente o
quais se utiliza a posição/velocidade angular (medida ou estimada) para
tempo de vida das correias, particularmente se a carga tiver uma inércia
o controlo do motor em malha fechada.
relativamente elevada.
elevare
Investigação e Desenvolvimento reduzindo as necessidades de manutenção e/ou reparação; c) possibilidade de se poupar energia durante o processo de arranque dos motores, particularmente se forem utilizados VEVs; d) possibilidade de se aumentar a frequência de paragens/arranques do motor nalgumas aplicações, permitindo poupar energia. A. Motores de uma velocidade Os MIs de uma velocidade (Single-Speed Motors) podem arrancar diretamente da rede (arranque direto; D.O.L. starting), sendo a corrente de arranque e os esforços eletrodinâmicos e mecânicos no motor muito elevados, razões pelas quais este tipo de arranque só
Figura 11. Topologia típica dos arrancadores suaves com dois tirístores em an-
se utiliza tipicamente para motores de potência nominal inferior a
tiparalelo (ou um TRIAC) por fase e respetivas formas de onda da tensão e da
4 kW. No instante inicial do processo de arranque direto, o desliza-
corrente à saída, para um determinado ângulo de disparo dos tirístores.
mento é de 100%, decrescendo até ao valor final em regime permanente, que depende do nível de carga e do modelo do motor (nor-
O arranque dos MIs com VEV é o mais suave e eficiente, permitindo
malmente inferior a 10%). Durante este tipo de arranque, apesar de
manter o deslizamento num valor muito próximo do nominal ao
ser relativamente rápido, as perdas por efeito de Joule no rotor e no
longo de todo o processo, garantindo simultaneamente um biná-
estator são muito significativas.
rio elevado e uma corrente relativamente baixa (Figura 9). Assim, as perdas no motor durante o processo de arranque com VEV são
O arranque estrela-triângulo (com um sistema de 3 contactores)
muito menores do que as que nele ocorrem com outros métodos.
permite reduzir a corrente e o binário em cerca de 3 vezes, sendo
No entanto, os VEVs são demasiado dispendiosos para serem uti-
esta técnica largamente utilizada. O deslizamento varia da mesma
lizados apenas para efetuar o arranque/paragem do motor, reco-
forma que no arranque direto, mas em duas etapas distintas. Na
mendando-se a sua utilização só em aplicações que, ao longo do
primeira e segunda etapas, o deslizamento estabiliza nos pontos de
seu ciclo de funcionamento, possam beneficiar técnica e/ou econo-
funcionamento em estrela e triângulo, respetivamente (Figura 7).
micamente com a variação de velocidade.
Os arrancadores suaves (Soft Starters, Figura 10) são reguladores
Refira-se ainda que o binário produzido pelos arrancadores sua-
eletrónicos (conversores AC/AC) que permitem variar a amplitude
ves é muito inferior ao do produzido pelos VEVs no início do ar-
da componente fundamental da tensão (mantendo a sua frequência
ranque, podendo os mesmos não ser adequados para alguns tipos
igual à da rede elétrica) e, dessa forma, controlar o binário do mo-
de cargas (compare-se as Figs. 6 e 9). Com efeito, nos VEVs, sem
tor durante o arranque (Figura 6). Na Figura 11 apresenta-se a topo-
aumentar demasiado a corrente de arranque é possível aumentar
logia típica de um arrancador suave. O arranque com este tipo de
significativamente o binário, uma vez que se consegue controlar o
dispositivo é bastante mais suave e prolongado, do que o feito atra-
deslizamento.
vés dos arranques direto e estrela-triângulo. Ao longo do arranque, o deslizamento varia da mesma forma que o do arranque direto.
B. Motores de duas velocidades O arranque também pode ser feito de forma relativamente suave se o MI tiver dois modos de funcionamento distintos com diferentes velocidades de sincronismo. As soluções comercialmente disponíveis (mais comuns) são os MIs de duas velocidades (two-speed motors) com dois enrolamentos independentes/separados ou com enrolamentos Dahlander. Os enrolamentos separados permitem
Figura 10. Arrancadores suaves comerciais.
qualquer combinação de pares de pólos (por exemplo, 2/4, 4/8, 2/6 e 4/6) enquanto os enrolamentos Dahlander só permitem relações
Todavia, devido à elevada distorção harmónica da tensão e da
de dobro (por exemplo, 2/4 e 4/8). Os motores de enrolamentos
corrente produzida pela grande maioria dos arrancadores suaves
separados ainda são muito utilizados em elevadores residenciais,
comerciais, tanto para o motor como para a rede, não devem ser
embora sejam mais volumosos e pesados do que os de uma veloci-
utilizados para variar a tensão aplicada ao motor em regime per-
dade ou mesmo que os com enrolamentos Dahlander. Nos motores
manente, exceto se os benefícios energéticos e/ou técnicos decor-
de duas velocidades, o binário pode ser aproximadamente cons-
rentes da redução da amplitude da componente fundamental da
tante ou variável para os dois modos de funcionamento, devendo
tensão excederem largamente os aspetos negativos associados às
escolher-se a relação de binário em função da característica mecâ-
perdas do próprio dispositivo e às perdas harmónicas adicionais no
nica da carga a acionar. Nos arranques com este tipo de solução, as
motor, bem como à elevada distorção harmónica da corrente ab-
perdas no motor até se atingir a velocidade final resultam menores
sorvida. Estes dois últimos aspetos constituem a razão pela qual o
que as associadas ao arranque direto, mas maiores que as associa-
arrancador suave é “shuntado” (bypass) após o arranque. No arran-
das ao arranque com VEV.
que dos MIs podem-se também utilizar reguladores de tensão de tecnologia sinusoidal (por exemplo, os dispositivos SinuMEC).
(Continua na próxima edição)
elevare 19
Dossier: qualidade
A Solução do Conceito de Qualidade e a sua Aplicação no Setor dos Elevadores Fernando Maurício Dias Departamento de Engenharia Eletrotécnica do Instituto Superior de Engenharia do Porto. Fundação Politécnico do Porto.
SUMÁRIO O conceito de Qualidade tem evoluído ao longo dos tempos. Atualmente a Qualidade desempenha um papel fundamental na sociedade em geral e nas organizações em particular. A nível da União Europeia a Qualidade temse tornado uma ferramenta de valorização das organizações que, as políticas comunitárias pretendem promover e reconhecer de forma a dotar as empresas, através de um processo de forte responsabilização, de novas competências que promovem a desburocratização e a autonomia em diversos processos.
Na prática uma das formas de "vermos" a
dade tenha sido a "ferramenta" adotada pela
qualidade é a satisfação de uma ou mais
União Europeia como fator determinante
necessidades implícitas ou explícitas por
para a aplicação das Diretivas que respei-
PALAVRAS CHAVE
parte do cliente. É importante ter atenção
tam os princípios da Nova Abordagem e
Qualidade, Sistema de Gestão da Qualidade,
ao facto que a Qualidade depende de fato-
Abordagem Global. A Diretiva Ascensores
Diretivas Comunitárias, Diretiva Ascenso-
res que, se forem alterados, podem modifi-
(95/16/CE) é um exemplo claro da inclusão
res, Nova Abordagem, Abordagem Global,
car a perceção de qualidade. Considerando
da Qualidade na aplicação da Diretiva.
Requisitos Essenciais de Segurança.
o exemplo da compra de um ascensor e, por exemplo, o preço é o fator limitativo, a exigência por parte do cliente relativamen-
2. BREVE ANÁLISE À EVOLUÇÃO HISTÓRICA
1. INTRODUÇÃO
te ao desempenho do produto não será a
DA QUALIDADE
Qualidade é uma palavra que todos estamos
mesma se não houver limites relativamen-
Tendo por base o conceito da Qualidade,
habituados a utilizar, no entanto, uma ques-
te ao preço.
podemos afirmar que o início da "Qualida-
tão se coloca: qual o seu significado, o que representa, como se mede, qual o seu custo.
de" remonta à existência do Homem dado No entanto, também existem definições
que este sempre procurou o que mais se
mais formais para o termo Qualidade. Nessa
adequasse às suas necessidades nas mais
Efetivamente, a palavra Qualidade tem um
perspetiva, nada melhor que a terminologia
variadas vertentes, fossem essas de ordem
significado muito amplo, logo, permite va-
dada pela Norma NP EN ISO 9000:2005 que
material, intelectual, social ou espiritual.
riadíssimas interpretações e adaptações
define qualidade como: Grau de satisfação
a diferentes contextos, por exemplo, fala-
de requisitos dados por um conjunto de ca-
No entanto, a qualidade mais próximo da
mos em qualidade de atendimento, qualida-
raterísticas intrínsecas.
que conhecemos hoje, pode-se dizer que
de do ar, qualidade de vida, qualidade de um
teve o seu início na revolução industrial em
produto, qualidade de um serviço prestado,
É esta particularidade de "grau de satisfa-
Inglaterra através do aparecimento das "fá-
entre outros.
ção de requisitos" que faz com que a Quali-
bricas" que comportavam ferramentas de
20
elevare
Dossier: qualidade trabalho e os primeiros equipamentos de
série com vista a obter grande produtivi-
cos, e outros). No fim da guerra, em 1945,
medição.
dade. No entanto, esta visão revelou-se
escasseavam os bens para a população
Podemos identificar 4 etapas distintas ao
contraproducente, os operários estavam
civil, então, entrou-se num período em que
nível da evolução da Qualidade:
focalizados na produção e a qualidade
a prioridade máxima das empresas passou
–
Etapa 1 – Inspeção – Qualidade com foco
era relegada para um plano secundário
a ser o cumprimento dos prazos de entre-
no produto;
e centrada exclusivamente no produto.
ga para assegurar uma maior presença no
Etapa 2 – Controlo Estatístico da
A atividade dos inspetores limitava-se à
mercado, mais uma vez a ansia desenfre-
Qualidade – Qualidade com foco no
identificação e quantificação dos produtos
ada em produzir e o aparecimento de no-
processo;
defeituosos que, muitas vezes, resultava
vas empresas sem experiência traduziu-se
Etapa 3 – Garantia da Qualidade – Quali-
em medidas punitivas. As peças defeituo-
numa quebra muito significativa da qualida-
dade com foco no sistema;
sas eram segregadas sem que fosse fei-
de dos produtos.
Etapa 4 – Gestão da Qualidade Total
to um estudo prévio sobre as causas dos
(“Total Quality Management – TQM”).
defeitos.
–
– –
Nos anos seguintes à 2.a Grande Guerra, o Mundo assistiu a um grande desenvolvimento tecnológico e industrial. Foram
2.1. Etapa 1 – Inspeção – Qualidade com foco
2.2. Etapa 2 – Controlo Estatístico
lançados no mercado, novos materiais e
no produto
da Qualidade – Qualidade com foco
novas fontes de energia principalmente
No final do século XVIII e início do século XIX
no processo
a fornecida pelas centrais nucleares, que
a Qualidade era obtida de uma forma mui-
A segunda etapa tem início devido a signi-
apresentavam requisitos tecnológicos mui-
to diferente da utilizada nos dias de hoje. A
ficativos desenvolvimentos na década de
to exigentes. Estes fatores tecnológicos,
produção era totalmente artesanal e em
1930, referentes à resolução de problemas
associados ao aumento da pressão provo-
pequena escala. Os artesãos e artífices
da Qualidade dos produtos que culminaram
cada pela concorrência, provocaram uma
eram os responsáveis pelo fabrico do pro-
com o surgimento do Controle Estatístico
nova consciencialização que culmina com
duto e pela sua Qualidade final.
de Processos.
a necessidade de uma nova abordagem da
Com o desenvolvimento da industrializa-
Com o crescimento da produção, o modelo
ção, e consequentemente a produção em
baseado na inspeção 100% torna-se caro e
massa, implementou-se um sistema que
ineficaz. É nesta altura que a estatística co-
Entre 1950 e 1960 vários trabalhos foram
tinha por base inspeções, onde um ou mais
meça a ter um papel importantíssimo nas
publicados ampliando o campo de abran-
atributos de um produto eram examinados,
questões relacionadas com a Qualidade no-
gência da Qualidade. Juran, em 1951, dá
medidos ou testados, de forma a assegurar
meadamente na solução de problemas de
relevo à necessidade de “evidências obje-
a sua Qualidade.
controlo da qualidade que, posteriormente,
tivas” e propõe uma abordagem que tor-
implica a identificação das causas reais de
na mensurável a qualidade de produtos e
não conformidade e agir sobre elas.
serviços. A prevenção passa a ser adotada
sociedade face a toda a envolvente social e
No início do século XX, Frederick W. Taylor
económica.
na gestão dos processos produtivos ten-
estabeleceu os Princípios da Administraa
ção Científica. Através desses princípios
O surgimento da 2. Grande Guerra Mundial
do implicações positivas no nível qualida-
criou-se a função de inspetor cuja atribui-
potenciou o aparecimento de outras técni-
de, podendo ser medida pela redução de
ção era zelar pela Qualidade dos produtos
cas para contrariar a ineficiência e impra-
desperdícios.
fabricados.
ticabilidade associada à metodologia da inspeção a 100% na produção em massa de
Assim sendo, as quatro principais abor-
Nas primeiras décadas do século XX não
armamentos e munições. Assim, aparecem
dagens que se destacam nesta etapa são:
era habitual as empresas possuírem um
novas técnicas de amostragem.
a quantificação dos custos da Qualidade, o controlo total da Qualidade, as técni-
departamento afeto à qualidade. Apenas
cas de confiabilidade e o programa Zero
algumas organizações de grande dimen-
Defeitos.
são possuíam departamento de inspeção
2.3. Etapa 3 – Garantia da Qualidade –
final dos produtos. Hierarquicamente, esse
Qualidade com foco no sistema
departamento, dependia do responsável
Mais uma vez uma Grande Guerra, a segun-
pela produção o que, logo à partida, levan-
da, é um marco decisivo para a evolução
2.4. Etapa 4 – Gestão da Qualidade Total
tava problemas quanto à independência do
da Qualidade. Durante esse período con-
(“Total Quality Management - TQM”)
inspetor em desempenhar corretamente e
turbado, a produção para fins militares era
Podemos identificar como o início desta
com eficácia as suas funções.
prioritária, logo, absorvia os melhores re-
nova etapa o final da década de 70 que não
cursos disponíveis, quer fossem humanos
é mais do que o resultado da evolução na-
ou materiais.
tural da Qualidade. É normal que Portugal,
A metodologia definida por Taylor foi excelente quanto ao aumento da produtividade
um país que esteve "parado" durante um
das organizações uma vez que era esse o
A produção de bens de consumo civil dimi-
longo período do século XX, tenha acom-
seu grande objetivo, ou seja: produção em
nuiu (indústria automóvel, eletrodomésti-
panhado esta evolução mas em períodos
elevare 21
Dossier: qualidade desfasados dos aqui referidos. Nesta nova
ou com uma bandeira. Se analisarmos
estas, destacam-se a nova abordagem,
etapa, que nos acompanha até aos nossos
nesta perspetiva, a Qualidade fica muito
para a regulamentação dos produtos, e
dias, para além de englobar as metodolo-
cara à empresa, mas, se pelo contrário,
a abordagem global para a avaliação da
gias anteriores está focalizada no cliente e
encararmos a Qualidade como algo que
conformidade. O que estas abordagens
na sua satisfação como fator de sucesso
pode potenciar toda a organização, en-
complementares têm em comum é o fac-
das organizações. Para obter este objeti-
tão, devemos procurar que todo o inves-
to de limitarem a intervenção pública ao
vo a Gestão da Qualidade Total envolve e
timento realizado na implementação do
essencial, deixando à indústria uma maior
abrange todas as áreas da organização em
Sistema de Gestão da Qualidade e da sua
amplitude de escolha possível quanto ao
que a Gestão de Topo é o primeiro motor
certificação seja, efetivamente, um inves-
modo como deve cumprir as suas obriga-
dinamizador da qualidade.
timento que traga retorno à empresa.
ções públicas
Considerando que as empresas estão inse-
Uma nova técnica e estratégia regula-
3. O SETOR DOS ELEVADORES
ridas num mercado altamente competitivo,
mentar foi estabelecida pela resolução do
E A QUALIDADE
o potencial de benefícios que a Qualidade
Conselho de 1985 relativa à "Nova Abor-
Hoje em dia, muitos dos participantes
pode trazer a uma organização é diverso,
dagem", à harmonização técnica e à nor-
deste setor de atividade, vêm a Qualidade
no entanto, pode-se destacar:
malização, que estabelecia os seguintes
como algo "virtual" que só existe no papel,
a) Benefícios qualitativos: utilização ade-
princípios [3]:
não tem interesse prático e é caro, logo
quada dos recursos (equipamentos,
a) A harmonização legislativa está limita-
destinado a empresas de maior dimen-
materiais, mão-de-obra), disciplina a
da à adoção dos requisitos essenciais a
são. Esta visão é compreensível mas não
produção e uniformiza o trabalho, auxi-
que devem corresponder os produtos
aceitável, compreensível porque todos
lia o treino e melhora o nível técnico da
colocados no mercado para que pos-
somos livres de termos e defendermos
mão-de-obra, regista o conhecimento
sam beneficiar da livre circulação na
as nossas opiniões, não é aceitável por-
tecnológico, facilita a contratação ou
Comunidade;
que quando estamos a falar em Qualidade
venda de serviços, aumenta a credibi-
b) As especificações técnicas dos produ-
estamos a falar de respeito pelos consu-
lidade perante os clientes e o respeito
tos conformes com os requisitos es-
midores/clientes (satisfação de requisi-
dos seus pares;
senciais fixados pelas diretivas serão
tos) quer ao nível técnico quer ao nível da
b) Benefícios
processuais:
participação
estabelecidas em Normas harmoniza-
forma como nos relacionamos, estamos
em programas de garantia da qualida-
a falar de cumprimento de Legislação e
de, controlo do produto e do serviço,
c) A aplicação de Normas harmonizadas,
Normas, estamos a falar de respeito pelo
uniformização do controlo e de ensaios,
ou de outras Normas, continua a ser
ambiente.
segurança dos técnicos e dos equipa-
voluntária, podendo o fabricante apli-
mentos, racionalização da utilização
car outras especificações técnicas para
Um dos principais fatores que determi-
de equipamentos e do tempo, facilita
nam uma postura de desconfiança é,
a rastreabilidade de componentes e da
certamente, o desconhecimento sobre o
documentação;
das;
cumprir os requisitos; d) Os produtos fabricados em conformidade com as Normas harmonizadas
tema. Quando falamos de Qualidade es-
c) Benefícios quantitativos: redução do
beneficiam de uma presunção de con-
tamos a falar de uma filosofia, de uma
consumo e do desperdício (gestão de
formidade com os requisitos essenciais
postura abrangente face à gestão global
materiais), especificação de componen-
correspondentes.
de uma organização, em muitos casos
tes, uniformização de componentes e
esta abordagem é minimizada em torno
equipamentos, redução de variedade de
No entanto, é necessário algo mais para
do produto ou do serviço o que cria uma
produtos, procedimentos para cálculos
a perfeita aplicação da nova metodologia.
barreira, difícil de ultrapassar, em muitos
e projetos, aumento da produtividade,
São necessárias condições para uma ava-
dos nossos empresários. É evidente, se
melhoria da qualidade de produtos e
liação de conformidade fiável. A Resolução
uma empresa não possuir um produto ou
serviços.
de 1989 do Conselho relativa a uma abor-
prestar um serviço com o mínimo de qua-
dagem global em matéria de avaliação de
lidade exigido pelos clientes não terá con-
conformidade estipula os seguintes princí-
dições para estar no mercado, mas não é
4. A QUALIDADE E A DIRETIVA
pios orientadores para a Política Comunitá-
deste aspeto que estamos a tratar, esta-
ASCENSORES
ria de avaliação da conformidade [3]:
mos a abordar toda a organização para
a) É assegurada uma abordagem coeren-
além do produto ou serviço prestado. É
4.1. Enquadramento
te na legislação comunitária mediante
nesta dimensão que a Qualidade pode tra-
Atendendo que a livre circulação de pes-
o estabelecimento dos módulos relati-
zer mais-valias às empresas e são essas
soas e bens é um dos desígnios da União
vos às diferentes fases dos processos
mais-valias que os gestores devem exigir
Europeia e atendendo à necessidade de eli-
de avaliação da conformidade, bem
quando implementam um Sistema de Ges-
minar as barreiras limitadoras da aplica-
como dos critérios relativos à sua uti-
tão da Qualidade, ou seja, não se devem
ção desse princípio, foram desenvolvidas
lização, à designação e à notificação de
conformar com um "papel" (certificado)
ferramentas originais e inovadores, entre
organismos que devam participar nes-
22
elevare
Dossier: qualidade ses processos e à utilização da marca-
membros, visando garantir a segurança da
certificado não fazem uso das premissas
ção CE.
utilização dos ascensores e dos seus equi-
definidas no Módulo H, optando por aplicar
pamentos e eliminar obstáculos à sua livre
o Módulo G - Verificação por Unidade ou
circulação.
o Controlo Final. O principal argumento é
b) É generalizada a utilização da Norma Europeia relativas à Gestão da Qualidade (NP EN ISO 9001) e às exigências
o recurso a uma entidade terceira (Orga-
que devem satisfazer os organismos de
A Diretiva 95/16/CE estabelece um conjun-
nismo Notificado) para avaliar a conformi-
avaliação da conformidade que gerem a
to de disposições aplicáveis aos ascenso-
dade de todas as unidades colocadas em
garantia de qualidade;
res em todas as suas fases: conceção, fa-
serviço. No nosso mercado esta é uma po-
c) A criação de sistemas de acreditação e
brico, instalação, ensaios e controlo final.
sição ainda muito bem vista pelos donos de
o recurso a técnicas de intercompara-
A obrigatoriedade do cumprimento dos re-
obra dado que ainda está muito enraizado
ção são promovidos nos Estados-Mem-
quisitos essenciais estabelecidos é o ponto
o hábito das fiscalizações serem efetuadas
bros e a nível comunitário;
fulcral da Diretiva associado à metodolo-
por uma entidade terceira.
d) São promovidos acordos de reconheci-
gia de avaliação da conformidade que, por
mento recíproco em matéria de certi-
último, leva à imprescindível "marcação
ficação e de ensaios entre organismos
CE" para que, componente de segurança
5. CONCLUSÕES
que operem no domínio não regula-
ou ascensor, estejam aptos a estarem no
Do que foi dito é importante reter o fac-
mentar;
mercado.
to de que a Qualidade é algo fundamental
e) Os programas minimizam as diferenças
nos nossos dias, quer para o exterior das
das infraestruturas de qualidade exis-
A Diretiva Ascensores faz referência às
empresas (clientes) quer para o interior
tentes (nomeadamente, sistemas de
diferentes formas de avaliação da con-
(organização). A adoção de um Sistema
calibragem e metrologia, laboratórios
formidade dos ascensores e/ou dos seus
de Gestão da Qualidade, mais do que uma
de ensaios, organismos de certificação
componentes (módulos). A escolha do mó-
"moda" é uma ferramenta poderosa que a
e de inspeção e organismos de acredi-
dulo é da responsabilidade do fabricante/
gestão, bem formada e informada, pode fa-
tação) entre Estados-Membros e entre
instalador que deve selecionar aquele que
zer uso, potenciando todas as valências da
setores industriais;
melhor satisfaça a organização. Assim, há
sua organização.
Promoção do comércio internacional
módulos para avaliação da conformidade
entre a Comunidade e países terceiros,
de componentes: Exame «CE» de Tipo dos
A nova metodologia regulamentar da União
através de acordos de reconhecimento
Componentes de Segurança - Exame CE de
Europeia, assente em Diretivas, que visa a
recíproco e de programas de coopera-
Tipo (Módulo B); Anexo XI – Conformidade
quebra de barreiras à livre circulação de
ção e assistência técnica.
com o Tipo com Controlo por Amostragem
bens assenta em poucos mas criteriosos
(Módulo C) e há módulos para avaliação da
requisitos essenciais de segurança. A ava-
Um princípio fundamental da nova aborda-
conformidade de ascensores: Exame «CE»
liação da conformidade dos produtos é
gem é a limitação da harmonização legis-
de tipo do ascensor; Anexo VI - Controlo Fi-
uma escolha do fabricante/instalador, es-
lativa aos requisitos essenciais que são de
nal; Anexo VIII - Garantia de Qualidade dos
tando sempre suportada pela presença de
interesse público. Estes requisitos visam,
Produtos (Módulo E); Anexo IX - Garantia de
Organismos Notificados. A implementação
em especial, a proteção da segurança e da
Qualidade Total (Módulo H); Anexo X - Ve-
de um Sistema de Gestão da Qualidade de
saúde dos utilizadores (normalmente, con-
rificação por Unidade (Módulo G); Anexo XII
acordo com a NP EN ISO 9001, permite à or-
sumidores e trabalhadores) e abrangem,
- Garantia de Qualidade dos Produtos - As-
ganização ser mais autónoma em determi-
por vezes, outros requisitos fundamentais
censores (Módulo E); Anexo XIII - Garantia
nados processos de tomada de decisão, no
(por exemplo, a proteção da propriedade ou
de Qualidade Total (Módulo H); Anexo XIV
entanto, neste caso, autonomia é também
do ambiente).
- Garantia de Qualidade de Produção (Mó-
um forte sinal de responsabilidade.
f)
dulo D). Os requisitos essenciais são de aplicação obrigatória, destinam-se a proporcionar
A utilização de Sistemas de Gestão da
6. BIBLIOGRAFIA
e garantir um nível de proteção elevado e
Qualidade nos processos de avaliação de
[1]
devem ser aplicados em função dos riscos
conformidade previstos na diretiva pode
Gestão da Qualidade, Fabiano Schefer, Uni-
inerentes a um produto. Só os produtos que
ser encarado como benéfico para as em-
versidade Federal de Santa Maria, Cidade
cumpram os requisitos essenciais podem
presas, por exemplo, se uma empresa
ser colocados no mercado e entrar em
requereu a um organismo notificado da
[2] Diretiva 1995/16/CE do Parlamento Europeu
serviço.
sua escolha a avaliação do seu Sistema de
e do Conselho de 29 de junho de 1995 – Di-
Gestão da Qualidade segundo o Módulo H,
retiva Ascensores. Jornal Oficial das Comuni-
pode efetuar a avaliação da conformidade
Vantagens da Implantação de Sistemas de
Universitária, Camobi, Santa Maria, RS;
dades Europeias;
4.2. Diretiva Ascensores
do ascensor no final da sua instalação. No
[3] Guia para a Aplicação das Diretivas Elabora-
Em 29 de junho de 1995, a União Euro-
nosso mercado existe um número signifi-
das com Base nas Disposições da Nova Abor-
peia adotou a Diretiva 95/16/CE, relativa à
cativo de empresas que, embora possu-
dagem e da Abordagem Global, Bruxelas,
aproximação das legislações dos Estados
am o seu Sistema de Gestão da Qualidade
setembro de 1999.
elevare 23
Dossier: qualidade
Acreditação de Entidades
Eng.º Leopoldo Cortez Diretor do Instituto Português de Acreditação, I.P. (IPAC)
Neste artigo faz-se uma breve introdução à atividade de acreditação de entidades, nomeadamente organismos de inspeção, sendo referido o seu enquadramento nacional e internacional, entidades e metodologias envolvidas, bem como o seu impacto e indicadores para Portugal.
Evolução da acreditação de entidades em Portugal nos últimos anos.
A acreditação consiste no reconhecimen-
tuo europeus e desde o passado mês de
inspeções, que são descritas pelo IPAC em
to da competência técnica dos agentes
outubro, também signatário do então cria-
Anexos Técnicos ao Certificado de Acre-
que efetuam a avaliação da conformida-
do acordo de reconhecimento mútuo mun-
ditação, e que podem mudar consoante o
de (quer sejam calibrações, ensaios, cer-
dial para inspeções. Quer isto dizer que a
desempenho da entidade e o resultado das
tificações ou inspeções), de acordo com
acreditação de um organismo de inspeção
avaliações pelo IPAC. A acreditação é assim
Normas Internacionais, sendo executada
pelo IPAC goza do imediato reconhecimen-
um estatuto dinâmico que pode ser alte-
pelo organismo nacional de acreditação.
to de equivalência dessa acreditação como
rado em qualquer momento, razão pela
A acreditação de entidades é hoje realiza-
se tivesse sido efetuada por um dos seus
qual o IPAC publica na sua página eletrónica
da em quase todos os países desenvolvi-
parceiros dos acordos de reconhecimento
(www.ipac.pt) um diretório regularmen-
dos (cerca de 120 países, incluindo todos
mútuo, devendo as autoridades nacionais
te atualizado das entidades acreditadas
os da União Europeia), existindo um cada
da União Europeia aceitar em igualdade
e dos respetivos âmbitos de acreditação.
vez maior recurso à acreditação para im-
de condições a prestação dos serviços
Adicionalmente, os Anexos Técnicos são
plementação de políticas comunitárias e
de inspeção que estejam cobertos pela
emitidos digitalmente com valor probató-
nacionais, racionalizando recursos do Es-
acreditação.
rio legal, contendo um código alfanumérico
tado e equalizando os procedimentos e as
de 12 caracteres, que quando digitados na
condições de concorrência.
secção de Comprovativos de Acreditação da página eletrónica do IPAC, ou quando
A importância da acreditação no desenvol-
clicada a ligação embutida no ficheiro di-
vimento do Mercado Único foi reconheci-
gital, permite obter uma confirmação do
da com a publicação de um regulamento
estado de vigência do respetivo Anexo
comunitário que enquadra o seu funcio-
Técnico. O diretório permite também uma pesquisa dos diferentes tipos de entidades
namento, e requer o seu reconhecimento automático pelas autoridades nacionais
Marca de signatário dos acordos de reconhecimento
acreditadas (laboratórios, organismos de
dos Estados-Membros, desde que o orga-
mundiais
certificação e organismos de inspeção), quer por nome ou número do Certificado,
nismo nacional de acreditação que confe-
quer por descritores do âmbito acreditado
riu a respetiva acreditação seja signatário dos acordos de reconhecimento mútuo
Para conferir este elevado nível de confian-
(www.ipac.pt/pesquisa/acredita.asp). As en-
europeu. Tal é o caso do Instituto Portu-
ça pelas autoridades e instâncias comuni-
tidades acreditadas e em particular os orga-
guês de Acreditação, I.P. (IPAC), designado
tárias, é necessário garantir que as ativida-
nismos de inspeção acreditados estão obriga-
pelo Governo Português como organismo
de de inspeção cobertas pela acreditação
dos a emitir os seus relatórios e certificados
nacional de acreditação da República Por-
estejam bem caraterizadas e avaliadas
de inspeção referentes a atividades acredita-
tuguesa, pois o mesmo é signatário desde
– deste modo, a acreditação é conferida
das com o símbolo de acreditação (ver Figura
2006 dos acordos de reconhecimento mú-
sempre para a execução de determinadas
a seguir).
24
elevare
Dossier: qualidade
Símbolo de organismo de inspeção acreditado
Como nem todas as inspeções ou serviços que um organismo de inspeção execute ou ofereça podem estar cobertos pela acreditação, o IPAC obriga a que o organismo de inspeção assinale e distinga as inspeções acreditadas das não-acreditadas, quer nos certificados e relatórios emitidos, quer nas propostas comerciais que efetue. ca a eventuais interessados ou entidades
federativas e associativas dos organismos
Faz-se notar que apenas as atividades
acreditadas, de forma a manter a sua inde-
de acreditação que visam promover a har-
de inspeção acreditadas são avaliadas
pendência e imparcialidade nas avaliações
monização da atuação e supervisionar os
pelo IPAC, pelo que não deve ser inferida
que efetua.
signatários dos acordos de reconhecimento mútuos.
nenhuma garantia ou confiança noutras atividades que o organismo de inspeção
O IPAC efetua assim uma avaliação inicial
possa oferecer, pois simplesmente o IPAC
(e posteriormente anual) do organismo
A acreditação tem vindo a crescer regular-
não as avaliou, ou se avaliou, teve uma
de inspeção candidato, através de equi-
mente desde o seu início, contando no final
apreciação negativa. O processo de acre-
pas especializadas que incluem peritos
de 2011 com mais de 700 entidades acre-
ditação está descrito no Regulamento Ge-
na execução das atividades a acreditar, de
ditadas, das quais mais de 200 são orga-
ral de Acreditação (Documento DRC001),
forma a poder confirmar a competência
nismos de inspeção. Embora a maioria dos
disponível na página eletrónica do IPAC
da entidade e fiabilidade do resultado das
organismos de inspeção acreditados sejam
(www.ipac.pt/docs/documentos.asp), sen-
suas inspeções. Durante a avaliação se-
centros de inspeção de veículos, existem
do nele citados os restantes procedimen-
rão apreciadas as disposições do organis-
cerca de 50 outros organismos de inspeção
tos e regulamentos a ter em conta – em
mo de inspeção com vista a cumprir com
acreditados, cobrindo áreas de intervenção
linhas gerais o processo de acreditação
os critérios e requisitos de acreditação,
muito distintas, estando nela incluída a ins-
inicia-se por uma fase de candidatura, de-
bem como testemunhada a execução de
peção de elevadores.
pois uma avaliação seguida de decisão. A
inspeções. Finalmente é conveniente terminar abor-
fim de garantir o cumprimento continuado dos requisitos de acreditação, o IPAC efe-
Os critérios que têm de ser cumpridos es-
dando a distinção entre acreditação e cer-
tua anualmente avaliações das entidades
tão descritos em Normas Internacionais,
tificação do Sistema de Gestão. A certifi-
acreditadas, podendo o âmbito de acredi-
nomeadamente a ISO/IEC 17020 para o
cação do Sistema de Gestão da Qualidade,
tação ser alterado (estendido ou restrin-
caso dos organismos de inspeção. Esta
conforme a Norma ISO 9001, é uma ativi-
gido) de forma voluntária ou imposta pelo
Norma contém disposições sobre diversos
dade que abrange apenas um dos critérios
IPAC, tendo ainda o IPAC à sua disposição a
aspetos, nomeadamente estruturais (como
de acreditação citados acima, a existência
aplicação de sanções (suspensões e anula-
sejam a independência e imparcialidade do
de um sistema de gestão. Não avalia com
ções) para os casos em que os organismos
organismo e a sua organização interna),
a mesma profundidade e rigor técnico a
falhem no cumprimento dos requisitos de
bem como sobre aspetos da qualidade
competência da entidade para executar
acreditação. O IPAC disponibiliza igualmen-
(sistema de gestão), de recursos humanos
atividades, nem garante o mesmo nível de
te de forma gratuita a documentação de
e materiais (incluindo equipamentos ade-
fiabilidade dos resultados dessa atividade.
candidatura necessária, devendo os even-
quados e sua calibração) e do processo de
Daí que a acreditação seja a qualificação
tuais interessados consultar a mesma, po-
inspeção (incluindo a adoção de métodos e
normalmente preferida face ao risco que
dendo se necessário contactar o IPAC para
procedimentos apropriados). Conforme já
resulte para a segurança de bens e pes-
obter esclarecimentos ou informações
foi referido, estes critérios são comuns a
soas, a proteção do ambiente e da saúde,
adicionais. O IPAC, porém, está normati-
todas as acreditações processadas no Mun-
a avaliação da conformidade face a dispo-
vamente obrigado a abster-se de prestar
do, existindo guias harmonizados que auxi-
sições legais, ou para a proteção de certos
qualquer consultoria ou assistência técni-
liam a interpretação, bem como estruturas
setores de atividade económica.
elevare 25
Dossier: qualidade
Certificação Rogério Marques EIC – Empresa Internacional de Certificação, S.A. www.eic.pt
RESUMO Com o presente texto, e tendo em vista as alterações previstas na legislação para as empresas da área dos elevadores, pretende-se caraterizar sumariamente o significado de um sistema de gestão da qualidade, bem como explicar como decorre o processo de certificação pela EIC – Empresa Internacional de Certificação, S.A.
PALAVRAS CHAVE Processo de certificação, sistema de gestão da qualidade, certificação, organismo de certificação, auditoria. Desde o final dos anos 80 do século passado que, em Portugal, se começou a ouvir falar, de uma forma mais frequente, de sistemas de gestão da qualidade e da sua certificação. Na altura, falava-se em “garantia da qualidade” e recorria-se a documentos de referência (normas) que entretanto evoluíram e definem hoje requisitos destinados à gestão da organização das empresas. Desde essa altura que nos habituámos a
é o sistema de gestão da qualidade e, na
sa, atualmente na sua versão do ano de
ouvir falar de certificação e, mais concreta-
maioria dos casos, os documentos onde es-
2008. Os requisitos estabelecidos nesta
mente, da certificação de empresas
tão estabelecidos os requisitos que servem
Norma são genéricos e aplicáveis a qual-
de base à certificação são Normas.
quer tipo de organização. Quando corretamente implementados numa organização,
MAS, DE QUE FALAMOS QUANDO FALAMOS
Embora haja referenciais em áreas diferen-
deverão trazer valor acrescentado a essa
DE CERTIFICAÇÃO DE EMPRESAS?
tes (ambiente, saúde e segurança no tra-
organização, facilitando o cumprimento das
A certificação por parte de um organismo
balho, responsabilidade social, investiga-
caraterísticas estabelecidas para os servi-
de certificação é um ato através do qual se
ção, desenvolvimento e inovação e muitos
ços ou produtos que fornece, permitindo-
pretende transmitir a terceiros que aquilo
outros), o que vamos abordar neste artigo
lhe monitorizar o desempenho e a eficácia
que é objeto da certificação cumpre deter-
tem sobretudo a ver com o referencial res-
dos seus processos, numa ótica de melho-
minados requisitos, os quais constam de
peitante à qualidade.
ria contínua.
um determinado documento. A Norma usada em Portugal (e nos resNo que se refere à certificação de empre-
tantes países) na maioria das certificações
QUAL É O PRIMEIRO PASSO
sas ou, de uma forma menos abreviada, à
nesta área é a NP EN ISO 9001; trata-se de
PARA A CERTIFICAÇÃO?
certificação de sistemas de gestão da quali-
uma Norma Internacional, adotada como
Este primeiro passo não tem a ver com os
dade de empresas, o objeto da certificação
Norma Europeia e como Norma Portugue-
organismos de certificação. A implementa-
26
elevare
Dossier: qualidade ção de um sistema de gestão da qualidade
e que, através da avaliação dos auditores,
rior à primeira auditoria), vai permitir à EIC
deverá ser feita pela própria organização, re-
possam mesmo identificar eventuais aspe-
decidir sobre a manutenção da certificação
correndo aos seus colaboradores (que terão
tos suscetíveis de serem objeto de ações de
concedida. No ano seguinte, é realizada
obviamente de ter formação neste domínio)
melhoria (na ótica da melhoria contínua que
uma nova auditoria (“2.º acompanhamen-
ou a elementos exteriores (consultores).
é inerente ao espírito da própria Norma).
to”), de forma a permitir uma nova decisão
A partir do momento em que a organização
A primeira auditoria (chamada “auditoria de
tuais desvios ao referencial normativo,
considera que o seu sistema de gestão da
concessão”) desenrola-se em duas fases: a
para os quais não sejam apresentadas e
qualidade está corretamente implementa-
primeira mais documental e tendo em vista
evidenciadas ações corretivas adequadas,
do e já a funcionar, poderá pedir a um orga-
conhecer a empresa, a segunda avaliando
poderão levar à suspensão ou anulação da
nismo de certificação que o certifique.
já a parte técnica da empresa e o desempe-
certificação (embora estes casos sejam
nho da sua atividade.
pouco frequentes).
COMO SE PROCESSA A CERTIFICAÇÃO
No final da auditoria, a equipa auditora re-
No final do ciclo de certificação, poder-se-
PELA EIC – EMPRESA INTERNACIONAL
gistará num relatório aquilo que considera
-á iniciar um novo ciclo, o qual se inicia com
DE CERTIFICAÇÃO?
ser mais relevante na avaliação feita, bem
uma auditoria chamada “renovação”. O ci-
Quando a EIC é contactada para efeitos de
como eventuais desvios do sistema audita-
clo irá prosseguir em moldes idênticos ao
certificação, é pedido à empresa o envio
do relativamente aos requisitos estabeleci-
anterior.
de determinadas informações (locais onde
dos na NP EN ISO 9001; estes desvios cons-
exerce a sua atividade, número de colabo-
tituem as chamadas não conformidades,
radores, âmbito pretendido para a certifi-
as quais podem ser mais ou menos graves,
PARA ALÉM DE OBTEREM UM CERTIFICADO,
cação, entre outros), de forma a permitir
consoante a extensão do incumprimento
QUE OUTROS BENEFÍCIOS SÃO GERALMENTE
elaborar a proposta de certificação que é
face ao referencial normativo ou o que res-
APONTADOS PELAS EMPRESAS
enviada à empresa e que, geralmente, es-
peita às suas repercussões na atividade da
COMO RESULTADOS DE UM PROCESSO
tabelece um programa de auditorias para
empresa.
DE CERTIFICAÇÃO?
sobre a manutenção da certificação. Even-
três anos (que correspondem a um ciclo de
Do diálogo que a EIC mantém com as em-
certificação), com os respetivos custos e
No caso de haver não conformidades, a
presas, podemos concluir que nem sempre
duração das auditorias.
empresa é chamada a apresentar e a imple-
o certificado é o resultado mais relevante
mentar um plano de ações corretivas para
de um processo de certificação e aquele
Após a adjudicação da proposta pela orga-
as situações registadas. Estas ações, depois
que as empresas mais procuram. De facto,
nização, é escolhida pela EIC (com o acordo
de avaliadas pela EIC, permitem tomar a de-
a principal mais-valia que é frequentemen-
da organização cliente) a equipa auditora
cisão de certificar o sistema de gestão da
te apontada como um importante benefício
que terá a responsabilidade de realizar a au-
qualidade que foi auditado. No caso de não
resultante do processo de implementação
ditoria. A equipa auditora pode ser constitu-
terem sido registadas não conformidades
do sistema e da sua certificação é o de con-
ída por um ou mais elementos; pelo menos
no relatório, haverá desde logo, em prin-
seguir, a nível interno, uma melhor raciona-
um dos elementos terá obrigatoriamente
cípio, condições para passar à certificação.
lização de processos e de sistematização
de estar qualificado (em termos técnicos)
de procedimentos, ou seja, um melhor fun-
para a área a ser auditada. Por exemplo, se
A partir do momento em que é tomada a
se tratar de uma empresa de manutenção
decisão de conceder a certificação, esta é
de elevadores, pelo menos um dos elemen-
representada fisicamente por um certifica-
Podemos aliás dizer que, ao implementar
tos terá necessariamente de ser capaz de
do, que permitirá às empresas certificadas
um sistema de gestão da qualidade, a or-
avaliar os aspetos técnicos da atividade da
evidenciar, a terceiros, clientes ou outros,
ganização deverá efetivamente mantê-lo
empresa e, simultaneamente, dialogar com
que aquela organização tem um sistema
a funcionar de forma adequada e correta,
os colaboradores da empresa. Com a rea-
de gestão da qualidade com condições para
de forma a colher os benefícios que o seu
lização da auditoria não se pretende fazer
controlar, eficazmente, a qualidade dos ser-
cumprimento é suposto trazer. Frequente-
um juízo de valor sobre a organização, mas
viços ou dos produtos fornecidos.
mente confundido com um aumento de bu-
sim avaliar se os requisitos estabelecidos
cionamento da empresa.
rocracia, a organização (nomeadamente os
na NP EN ISO 9001 estão a ser cumpridos e
Os ciclos de certificação são, de uma forma
gestores do sistema) deverá zelar para que
corretamente implementados.
geral e conforme atrás referido, de três
o sistema funcione de uma forma racional e
anos. Ao fim de um ano após a auditoria de
adequada à atividade da empresa. Um siste-
concessão, é realizada uma nova auditoria,
ma de gestão da qualidade que represente
Estas auditorias não devem ser confundidas
o
com ações de fiscalização; o seu objetivo é
que constitui o chamado “1. acompanha-
um peso burocrático é certamente um sis-
permitir à EIC fundamentar a sua decisão
mento”; esta auditoria, que pode ser menos
tema que necessita de uma revisão ou cujo
de certificar (ou não) a empresa auditada,
exaustiva do que a primeira em termos de
funcionamento em moldes corretos e de
mas também se pretende que as auditorias
requisitos da Norma a serem avaliados
acordo com as necessidades não foi cuida-
sejam uma mais-valia para as empresas
(tendo, com frequência, uma duração infe-
do pela organização.
elevare 27
Dossier: qualidade
O Sistema de Gestão da Qualidade e a Relevância da sua Implementação António de Vasconcelos Lourenço Doutorando em Ciências Empresariais ELTIX Elevadores
INTRODUÇÃO São as empresas, e não os políticos, que geram crescimento económico e emprego. No entanto, para que as empresas possam conceder à economia o forte impulso que tanto necessita, é indispensável um contexto empresarial que lhes permita prosperar. Neste sentido, urge agregar valores aos produtos
Figura 1. Stakeholders de uma organização. Fonte: Adaptado de Stephens et al. (2005, pp. 394-395).
e serviços, mas também, promover o investimento e o desenvolvimento das empresas,
societais que sobre elas são geradas. Inte-
biente organizacional, por mudanças nesse
na acepção que estas possam estar apetre-
ressa pois, identificar os stakeholders duma
ambiente e por riscos associados a esse
chadas, quer ao nível de conhecimento, quer
organização, que de acordo com Stephens et
ambiente; (b) por necessidades variáveis; (c)
ao nível de instrumentos de gestão, para
al. (2005), e conforme a Figura 1 evidencia,
por objectivos particulares; (d) pelos produ-
serem capazes de responder aos desafios
são os mais relevantes.
tos/serviços que proporciona; (e) pelos pro-
e expectativas dos seus stakeholders, que
cessos que utiliza e (f) pelas suas dimensão
sendo cada vez mais diversos, exigentes e
e estrutura organizacional.
informados, requerem que a eficácia das
2. SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE (SGQ)
empresas passe a estar dependente de um
O Modelo de SGQ consagrado na Norma
Esta Norma Internacional promove a elei-
trabalho mais profundo da gestão pela qua-
Internacional ISO 9001:2008 tem por ob-
ção de uma abordagem por processos
lidade. Neste contexto, a implementação de
jectivo principal garantir a satisfação dos
quando se desenvolve, implementa e me-
um Sistema de Gestão da Qualidade nas em-
stakeholders, através de procedimentos de
lhora a eficácia de um SGQ, no propósito
presas de manutenção de ascensores tem
melhoria contínua, consubstanciados no
de aumentar a satisfação dos stakeholders
como objectivo a garantia de capacidade
acompanhamento e monitorização de pro-
e, neste sentido, ir ao encontro dos seus
de cumprimento dos paradigmas exigíveis
cessos, para os quais são definidos indica-
requisitos.
duma sociedade hodierna.
dores de desempenho e a determinação de medidas de melhoria.
Na Figura 2, é ilustrado o modelo de processos e as suas interacções, os quais se-
1. IDENTIFICAÇÃO DOS STAKEHOLDERS
Segundo a Norma supracitada, a concepção
guem para a sua prossecução o Ciclo de
A teoria de stakeholder de Freeman (1984)
e a implementação do SGQ numa organi-
Deming (1994), também conhecido pelo Mé-
e Freeman e Gilbert, citados por Ulmer
zação é influenciada por: (a) pelo seu am-
todo PDCA (Plan, Do, Check, Act).
(2001), relaciona-se primariamente com a forma como os indivíduos e grupos afectam uma organização, e o comportamento tomado pelos responsáveis das mesmas, em resposta a esses grupos e indivíduos. A sua teoria sugere que se uma organização quer ter sucesso, deve prestar toda a atenção aos seus stakeholders e expandir a sua opinião de relacionamentos críticos. Em consonância com a responsabilidade que é atribuída a uma organização, pelos seus stakeholders, esta tem de responder no sentido de corresponder às expectativas
28
elevare
Figura 2. Modelo de Sistema de Gestão de Qualidade. Fonte: Adaptado da NP ISO 9001 (2008, p. 8).
Dossier: qualidade 3. AS EMPRESAS DE MANUTENÇÃO
tanto ao nível da envolvente interna quer da externa, indo ao encontro das necessidades
DE ASCENSORES (EMA)
e expectativas dos seus stakeholders, com a finalidade de obter vantagem competitiva,
O Decreto-Lei 320/2002, de 28 de Dezem-
eficaz e eficiente, de modo a atingir, manter e melhorar o desempenho e as capacidades
bro, define EMA, como sendo a entidade que
organizacionais da empresa.
efectua e é responsável pela manutenção de ascensores, monta-cargas, escadas me-
A adopção desta nova estratégia, veio alterar os procedimentos até então desenvolvidos,
cânicas e tapetes rolantes, entendendo-se
tendo estes provocado a alteração do organigrama da empresa, de modo a poder respon-
como manutenção o conjunto de operações
der às exigências do SGQ. Na Figura 3 podemos observar a configuração organizacional da
de verificação, conservação e reparação
empresa, antes da introdução da ISO 9001.
efectuadas com a finalidade de manter uma instalação em boas condições de segurança e funcionamento. Este Decreto veio também atribuir o estatuto de EMA e definir os recursos humanos mínimos para o exercício da actividade. Volvidos já dois lustros sobre a publicação deste Decreto-Lei, fez já a sua apresentação e discussão pública o, já no prelo, futuro Decreto-Lei, que entre outras, introduz as principais novidades, nomeadamente a
Figura 3. Organigrama da ELTIX Elevadores antes da implementação da ISO 9001. Fonte: ELTIX Elevadores.
nova designação EMIE – Empresas de Manutenção de Instalações de Elevação e, a obrigatoriedade de estas empresas se-
Com a implementação do SGQ, a concepção funcional da ELTIX veio a sofrer consideráveis
rem certificadas pelo Sistema de Gestão
alterações e ajustes, de modo a permitir que a integração do sistema não colidisse com
da Qualidade ISO 9001. Contrariamente ao
a realidade estrutural e cultural da empresa, e salvaguardasse o assomar da síndrome
Decreto-Lei 320/2002, este futuro diploma
de psicopatologia no trabalho, a qual, segundo Dejours (1992), deriva da dissociação dos
não contempla os requisitos necessários ao
colaboradores com a concepção das tarefas que executam, mas sim, na promoção e parti-
exercício da actividade das EMIE e dos seus
cipação no papel que todos os colaboradores individualmente desempenham no processo
profissionais, tendo deixado esta matéria
global e na qualidade da empresa, com o intuito de assegurar, de um modo manifesto e
para Lei da Assembleia da República.
diáfano, aos diversos stakeholders um SGQ adequado e que estimulasse a dinâmica de melhoria contínua. Neste sentido, procedeu-se numa primeira fase, ao levantamento e identi-
Neste contexto, as actuais empresas que
ficação dos stakeholders da ELTIX, para uma melhor integração e inter-relacionamento no
ainda não se encontram certificadas por
processo de qualidade, para que numa segunda fase se ajustasse o organigrama funcional
um SGQ ISO 9001, terão que o contemplar
da empresa. Na Figura 4 é realçado o resultado do trabalho de identificação das diversas
e implementar na sua estrutura organiza-
partes interessadas.
cional, nos termos previstos no diploma a publicar.
4. A IMPLEMENTAÇÃO DO SGQ NA ELTIX ELEVADORES A ELTIX Elevadores, uma PME do sector, foi fundada em 2002, tendo desde então exercido a sua actividade como EMA, até ao primórdio do ano de 2011, sem ter integrado no seu método de gestão, um Sistema de Gestão para a Qualidade certificado. A qualidade inicia-se na gestão de topo devendo esta criar valores para a qualidade que permeiem a organização no seu todo (Chatter-
Figura 4. Stakeholders da ELTIX Elevadores. Fonte: ELTIX Elevadores.
jee e Yilmaz, 1993). Neste sentido, a gestão de topo ao decidir optar pela estratégia de certificação da ISO 9001, encetou, a partir
Como se observa na figura anterior existe um leque bastante amplo de partes interes-
da data referida, um novo modo de estar,
sadas, com interesses legítimos nas acções e operações da empresa, as quais segundo
elevare 29
Dossier: qualidade Pearson e Mitrof (1993), face aos seus interesses envolvidos podem assumir determinados
financeiro da empresa. O funcionamento
estereótipos.
do SGQ da ELTIX é baseado num conjunto de processos interligados, que foram
Derivado à própria essência e especificidade da actividade, a qual tem que responder às
identificados e têm de ser geridos e me-
determinações da imensa regulamentação e legislação inerente, constatasse ainda, que
lhorados de forma que os requisitos exigí-
o conjunto dos stakeholders normativos e difusos é predominante sobre os funcionais,
veis sejam transformados através de um
vindo assim ampliar o grau de exigência do próprio sistema de gestão, bem como, ao es-
conjunto de actividades geradoras de va-
tabelecimento da implementação adequada ao porte da empresa, ao tipo de serviço pres-
lor acrescentado, na satisfação final das
tado, às características dos recursos humanos que compõem a empresa, às actividades
partes interessadas.
que são desenvolvidas e aos métodos utilizados para desenvolver tais actividades. Neste contexto, foi necessário reformular o organigrama funcional da ELTIX, para que este se
Os grupos identificados são operacionali-
pudesse enquadrar e responder às exigências do SGQ. Na Figura 5 podemos observar o
zados por um conjunto de processos com
organigrama resultante dos requisitos julgados necessários para a implementação do
afinidades comuns, sendo que os proces-
sistema.
sos são constituídos por conjuntos de actividades inter-relacionadas e interactuantes que transformam entradas em saídas, en-
4.1. Modelo de gestão por processos
contrando-se formalmente documentados.
Os objectivos do SGQ são estabelecidos periodicamente, a partir da política de qualidade da empresa, através do resultado do desempenho dos processos. Para tal, o cumpri-
Numa abordagem macro e atendendo à
mento dos objectivos da política da qualidade deve fornecer as directrizes para um
actividade e dimensão da empresa, é apre-
impacto positivo na qualidade final do serviço, na eficácia operacional e no desempenho
sentado na Figura 6 o modelo de gestão por processos.
PROCESSOS Tipo I – Processos de Gestão: definem as estratégias e linhas de orientação dos diferentes tipos de processos, garantindo ao nível do planear, executar, controlar e avaliar a melhoria contínua da empresa, e o envolvimento dos recursos associados; Tipo II – Processos de Realização do Produto: estão envolvidos na criação física do produto ou serviço, desde a relação com fornecedores até à sua venda e transferência para o cliente, bem como na assistência após venda; Figura 5. Organigrama da ELTIX Elevadores após a implementação da ISO 9001. Fonte: Manual de Gestão da
Tipo III – Processos de Apoio: sustentam as
Qualidade da ELTIX Elevadores (p. 11).
actividades de negócio e de gestão, fornecendo entradas adquiridas, tecnologia, recursos humanos e outras funções no âmbito da empresa.
5. CONCLUSÃO O Sistema de Gestão da Qualidade, evidenciado na Norma NP ISO 9001:2008, especifica requisitos que, quando implementados, fornecem evidências suficientes para a obtenção da eficácia dos seus processos. Esta Norma estabelece preceitos que favorecem a implementação de um sistema de gestão Figura 6. Modelo de Gestão por Processos da ELTIX Elevadores. Fonte: Manual de Gestão da Qualidade da
da qualidade estruturado, o qual, especifica
ELTIX Elevadores (p. 14).
desde as responsabilidades que competem
30
elevare
Dossier: qualidade à gestão, passando pela regulamentação
6. BIBLIOGRAFIA
de processos de aquisição e execução de
›
serviços, até à garantia dos produtos/serviços aos clientes.
Industry, Government, Education. Oxford (2. a
›
ed.): Cambridge: MIT Press.
Decreto-Lei n.º 320/2002, de 28 de Dezem›
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stakeholder approach. London: Pitman.
Manual de Gestão da Qualidade: ELTIX Eleva›
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dores (4. ed). Gaia: Autor.
Freeman, E. (1984). Strategic Management: a
Pearson, C., & Motrof, I. (1993). From crisis
NP ISO 9001:2008. Sistemas de Gestão da
prone to crisis prepared: A framework for crisis
sua respectiva certificação, as empresas
Qualidade: Requisitos. (3. a ed). Caparica:
management. Academy for Management Exe-
devem pretender granjear um maior rigor
IPQ.
cutive, 7, 48-59.
Com a implementação da Qualidade e a
nas suas tarefas quotidianas, um maior
›
›
NP ISO 9004:2000. Sistemas de Gestão da
›
Stephens, K., Malone, P. & Bailey, C.
controlo ao nível produtivo, técnico, admi-
Qualidade: Linhas de Orientação para a Me-
(2005). Communication with stakeholders
nistrativo, financeiro, de gestão, e uma su-
lhoria de Desempenho. Caparica: IPQ.
during a crisis: Evaluation message strate-
perior interligação de todos os intervenien-
›
gies. Journal of Business Communication,
o
Revisão do Decreto-Lei n. 320/2002, de 28
tes na empresa, ou seja, com todos os seus
de Dezembro.Recuperado em 2012, Outubro
stakeholders.
24, de http://www.anieer.com/UserFiles/File/ Geral/Proj_revisao_DL320.pdf.
42, 390- 419. ›
Ulmer, R. (2001). Effective crisis management through established stakeholder relationships: Malden Mills as a case study.
Como recomendação final, é importante
Management Communication Quarterly, 14,
que não se considere a certificação como a mera obtenção definitiva de um troféu
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
que permanecerá ad aeternun na empresa.
›
A certificação da Qualidade é um processo
590-615.
Chatterjee, S. & Yilmaz, M. (1993), Quality confusion: Too many gurus, not enough disciples.
contínuo de melhoria que implica a inova-
Business Horizons, 36(3): 15-18. Dejours, C. (1992). A Loucura do Trabalho: Es-
Nota:
da empresa certificada, sujeita a auditorias
tudo da Psicopatologia do Trabalho (5.a ed.).
Texto não escrito de acordo com o novo acordo
regulares, internas e externas, de avaliação
São Paulo: Ed. Cortez-Oboré.
ortográfico por questão de objecção de consciência
Deming, W. (1994). The New Economics: For
do autor.
ção constante dos padrões de qualidade
e controlo.
›
›
PUB
Dossier: qualidade
“a segurança é uma preocupação crescente da sociedade”
Ricardo Fernandes, atual Diretor
venções realizadas respeitem os requisitos
do Departamento de Informação,
essenciais de segurança estabelecidos na
Desenvolvimento e Assuntos
Diretiva 95/16/CE e assegurem as carate-
Europeus do Instituto Português da
rísticas da qualidade do serviço.
Qualidade, falou à revista “Elevare” sobre a nova legislação e requisitos
No entanto a certificação, em si mesma,
relacionadas com a qualidade, e o seu
pode não ser suficiente para atingir os ob-
contributo para a sustentabilidade
jetivos de reconhecimento propostos. É
económica e segurança dos
aconselhável que seja uma certificação
utilizadores dos elevadores e
acreditada, isto é, que a empresa seja cer-
ascensores.
tificada por um organismo de certificação acreditado pela entidade nacional de acreditação, o IPAC, para a atividade e domínio da certificação em que atua.
Revista Elevare (RE): Tendo em conta que
económico, da competição que referi ante-
a revisão do Decreto-Lei n.º 320/2002
riormente, garantindo que a otimização de
aponta para a certificação do sistema
RE: E relativamente à obrigatoriedade de
custos não diminui a competência técnica,
de gestão da qualidade das empresas de
acreditação das Entidades Inspetoras para
nem compromete a confiança na execução
manutenção e para a acreditação como
poderem exercer a sua atividade?
das atividades que estão acreditadas. Para
organismo de inspeção por parte das enti-
RF: Sou da opinião que poderá vir a colma-
concluir, gostaria de referir que a acredi-
dades inspetoras, como vê esta situação:
tar alguma falta de acompanhamento das
tação das EI traz vantagens, vindo servir
uma ameaça ou uma oportunidade para as
atividades destas entidades. Também nesta
essencialmente para ganhar e transmitir
empresas?
área de atividade existe uma forte concor-
confiança na execução das atividades téc-
Ricardo Fernandes (RF): É sem dúvida uma
rência no mercado. A pressão dos custos
nicas de inspeção, ao confirmar a existência
oportunidade. Será um contributo para a
pode levar à procura de profissionais mais
de um nível de competência técnica mínimo,
melhoria das operações das Empresas de
baratos, menos especializados e mais ge-
reconhecido.
Manutenção de Ascensores (EMA) e para a
neralistas, que focam a sua atuação em
credibilidade das inspeções efetuadas pelas
aspetos mais administrativos não essen-
Entidades Inspetoras (EI), a bem da seguran-
ciais, diminuição da duração e do rigor das
RE: Tudo isto tendo como objetivo funda-
ça de todos os utilizadores. Não só para os
inspeções, em suma, subtraindo valor às
mental garantir a máxima segurança dos
ascensores das nossas casas, como sobre-
inspeções e falta de credibilidade.
utilizadores dos elevadores? RF: Sim, claro. A segurança é uma preocu-
tudo para o caso dos ascensores, escadas e tapetes de serviço público, que têm um uso
A acreditação é o procedimento através
pação crescente da sociedade atual, reco-
intensivo em estações, metros, aeroportos,
do qual o IPAC avalia e reconhece a com-
nhecida e aceite como tal por todos nós,
espaços comerciais, e outros.
petência técnica de uma entidade para
designadamente pela própria Comissão
efetuar a atividade. O referencial para a
Europeia e pelas autoridades públicas dos
Na minha perspetiva o estabelecimento da
acreditação das EI é a NP EN ISO/IEC 17020
vários países.
obrigatoriedade da certificação das EMA
para organismos de inspeção. Pode-se di-
contribui para criar os controlos necessá-
zer que a acreditação vai funcionar como
Repare que a manutenção e as inspeções
rios a montante, garantindo que as inter-
uma espécie de regulador técnico, mas não
são, hoje em dia, exercidas por várias em-
32
elevare
Dossier: qualidade presas que concorrem entre si, o que pode
como as Normas para a certificação
qualidade de vida aos mais variados níveis
levar a que estas empresas possam enve-
dos sistemas de gestão da qualidade
da nossa sociedade.
redar pela redução crescente de custos em
NP
tempos de crise, pondo em causa a segu-
NP EN ISO 14001 e segurança e saú-
rança ou inclusivamente comprometendo a
de no trabalho NP 4397 (OHSAS 18001)
sua imparcialidade.
para a certificação da EMA. E ainda a
a qualidade, a segurança
NP EN ISO/IEC 17020 para a acreditação
ambiental e os recursos naturais
Também é importante referir que a cer-
EN
ISO
9001,
gestão
ambiental
“as atividades económicas,
precisam de estar em
das EI como organismos de inspeção.
permanente interação”
tificação segundo a NP EN ISO 9001 traz vantagens, nomeadamente para as PME
Relativamente à metrologia, convém que
que atuam neste mercado, das quais posso
os equipamentos de inspeção, medição
destacar a melhoria da organização interna,
e ensaio utilizados nas intervenções aos
RE: Hoje, embora em número muito redu-
o centrar a sua atividade no cliente, norma-
ascensores, quer pelas AMA quer pela EI,
zido, já existem algumas empresas do se-
lizar procedimentos, práticas e registos,
estejam devidamente calibrados por labo-
tor que possuem sistemas da qualidade,
evidenciar o cumprimento das especifica-
ratórios acreditados. Enquanto Instituição
segurança e ambiente certificados de uma
ções técnicas, melhorar continuamente as
Nacional de Metrologia, o IPQ garante o ri-
forma integrada. Quais as vantagens e as
práticas, conduzindo a menores custos in-
gor e a exatidão das medições realizadas,
desvantagens dessa opção?
ternos. Tudo isto reforça a imagem da EMA,
assegurando a comparabilidade e rastrea-
RF: A qualidade, a segurança e o am-
aumenta a satisfação e confiança dos seus
bilidade, a nível nacional e internacional, e a
biente são de facto áreas de importância
clientes e fideliza e aumenta o número de
realização, manutenção e desenvolvimento
crescente, mas acrescentaria também o
clientes.
dos padrões das unidades do SI - Sistema
da responsabilidade social. São estes os
Internacional.
pilares da sustentabilidade de que agora tanto se fala. As empresas que já implementaram sistemas integrados de gestão
IPQ, O PROMOTOR INSTITUCIONAL RE: E que papel desempenha o IPQ para a
da qualidade, ambiente e segurança estão
aplicação das Diretivas Comunitárias sobre
a tirar certamente vantagens da opção que
ascensores?
tomaram. São aquelas que estão conscien-
RE: Qual o papel do Instituto Português da
RF: O IPQ é a Autoridade Notificadora para
tes de que, hoje em dia, o crescimento eco-
Qualidade (IPQ) nas áreas que implicam
a aplicação da Diretiva 95/16/CE reformu-
nómico é visto como uma parte integrante
com o setor dos elevadores (ON, OI, Nor-
lada pela Diretiva 2006/42/CE e respetiva
de um desenvolvimento sustentado, em
malização, Metrologia, Certificação, entre
legislação de transposição (Decreto-Lei
que as atividades económicas, a qualidade,
DA QUALIDADE EM PORTUGAL
outros)?
295/98 e Decreto-Lei 176/2008) para a
a segurança ambiental e os recursos na-
RF: O IPQ desempenha um papel, penso
ordem jurídica nacional, que estabelecem
turais, precisam de estar em permanente
que muito importante, em todos domí-
um conjunto de disposições, abrangendo
interação.
nios que citou e que têm implicações vá-
os ascensores, desde a sua conceção, fa-
rias no setor dos ascensores. Por várias
brico, instalação, ensaios e controlo final.
Na minha perspetiva, a atual crise que
razões que passo a enumerar. O IPQ, por
Nos termos da legislação aplicável, é o
atravessamos pode ser uma oportunidade
via das suas atribuições e responsabi-
IPQ que procede à qualificação dos Orga-
para assegurar a implementação de pa-
lidades, é o promotor institucional da
nismos Notificados (ON) que atuam para
drões consistentes de qualidade, ambiente
qualidade em Portugal, enquanto orga-
os ascensores novos. São exemplo de ON,
e segurança. A retoma do mercado por que
nismo nacional coordenador do Sistema
o IEP, o ISQ e a Fundação do Instituto Po-
todos ansiamos, passa por um processo
Português da Qualidade (SPQ), Organis-
litécnico do Porto, que estão acreditados
de seleção das empresas, em que natural-
mo Nacional de Normalização (ONN) e
como organismos de inspeção e a APCER
mente as mais fracas saem do mercado. Só
Instituição Nacional de Metrologia. Como
e a SGS, que atuam ao nível do sistema
aquelas que demonstrarem consistência
gestor do SPQ integrando os três subsis-
de gestão da qualidade das empresas
na qualidade dos seus produtos e/ou ser-
temas, da Normalização, da Metrologia e
instaladoras.
viços, vão merecer credibilidade para a retoma de confiança por parte dos clientes e
da Qualificação, compete ao IPQ criar e
consumidores.
disponibilizar a infraestrutura indispen-
Assim e como se vê, penso que posso dizer
sável para potenciar a prática dos me-
que o IPQ assume um papel essencial como
lhores processos e métodos de gestão
motor da promoção e da modernização de
da qualidade.
múltiplos setores de atividade, onde se in-
RE: Mas os consumidores e clientes estão
clui o dos ascensores, através de práticas e
com menos recursos económicos, na gene-
No que se refere à normalização é o IPQ
metodologias da qualidade e dos conceitos
ralidade, e muitas vezes podem optar por
que edita as Normas a serem seguidas
que lhe estão associados, a nível relacional
menos qualidade mas melhores preços.
na segurança dos ascensores, como a
das organizações com os cidadãos e com o
RF: Sim, e é exatamente quando estes são
NP EN 81-1 e a NP EN 81-2 e outras, bem
Estado, contribuindo para uma melhoria da
confrontados com a necessidade de deci-
elevare 33
Dossier: qualidade são qualidade-preço, infelizmente ainda é
vamente ao tempo que pode demorar a
bilização dos documentos normativos en-
o preço que decide muitas vezes. Na ma-
edição da versão em português de uma
viados pelas CT, e que depois de uma verifi-
nutenção de elevadores isto pode tornar-
Norma Europeia EN, é preciso esclarecer
cação técnica normativa são preparados e
-se desastroso, pois os custos escondidos
que não se trata de uma mera tradução
editados pelo IPQ.
da não-qualidade do serviço prestado vão
linguística. Tem de ser analisada pelos pe-
manifestar-se mais cedo ou mais tarde.
ritos no âmbito das Comissões Técnicas
Reportando-me ao ano passado posso di-
Felizmente que se vai assistindo a uma exi-
de Normalização (CT) e deverá haver cui-
zer-lhe, por exemplo, que a meta proposta
gência crescente do consumidor, sendo que
dados, nomeadamente quanto à lingua-
para o tempo médio de edição era de 50
hoje a decisão consciente é tomada tendo
gem técnica e terminologia e às práticas
dias úteis e conseguiu-se superar o objeti-
em conta simultaneamente os dois fatores
desenvolvidas no país.
vo com uma realização de 48,26 dias úteis.
que referi.
E a perspetiva é de vir a melhorar ainda Como é sabido o IPQ, enquanto Organismo
mais, com a implementação do Projeto
Mas assiste-se cada vez mais a uma cons-
Nacional de Normalização (ONN), tem orien-
PROQUAL, que tem como objetivo a análise
ciencialização para a problemática da quali-
tado a sua atuação pelo princípio da descen-
e a reorganização de toda a atividade do
dade dos produtos e/ou serviços, a preser-
tralização em Organismos de Normalização
IPQ, com particular enfoque nos proces-
vação do ambiente, as condições do local
Setorial (ONS), do apoio ao funcionamento
sos diretamente centrados no cliente, com
de trabalho e o contributo para a sociedade.
das CT, aproximando as atividades norma-
incidência ao nível das competências fun-
Do lado das empresas estas têm de estar
tivas dos seus mais diretos interessados,
damentais do IPQ, que constituem as suas
atentas. Quem não estiver, arrisca-se a não
estimulando a definição de prioridades
principais áreas de atividade, a Metrologia
sobreviver, como já disse antes. O desafio
setoriais de normalização por parte dos
e a Normalização, sem descurar, também,
está em conseguir gerir corretamente os
agentes económicos e sociais nacionais. A
as restantes áreas relacionadas com a
custos, considerando a qualidade, o am-
rede compreende atualmente 55 ONS, 164
promoção da Qualidade e com os Assun-
biente e a segurança, sem afetar a rentabili-
Comissões Técnicas constituídas por cerca
tos Europeus.
dade da empresa.
de 3.400 peritos. Para o caso vertente das Normas que referiu, foram elaboradas pela
Concretamente no domínio da atividade nor-
Penso que o desenvolvimento e implemen-
CT 63 no âmbito do ONS, que é a DGEG. O
mativa, os efeitos esperados são significati-
tação de sistemas integrados de gestão da
acervo normativo nacional a 31 de dezem-
vos, sendo de sublinhar a inclusão de uma
qualidade, ambiente e segurança, será uma
bro de 2011 era de cerca de 22.000 Normas,
plataforma colaborativa que suporte todo o
aposta que as organizações terão que fazer
das quais 5.000 em português.
fluxo de informação trocada entre os milha-
num futuro próximo, para garantir a quali-
res de intervenientes nacionais no processo
dade dos seus produtos e serviços, a pre-
Quero acrescentar ainda que o IPQ tem vin-
normativo. Também é de salientar a criação
servação do meio ambiente e a segurança e
do a fazer um enorme esforço no sentido
de uma biblioteca digital associada a um sis-
o bem-estar dos seus trabalhadores, o que
de promover a criação de novas CT e dina-
tema de controlo de acessos remotos, des-
se enquadra na sua responsabilidade social,
mizar os trabalhos das já existentes, no que
tinado a disponibilizar um serviço automá-
dando assim um contributo relevante para
se refere à tradução de Normas e tornando
tico de informação normativa por perfil de
a sociedade com a criação de emprego e
cada vez mais eficiente e célere a disponi-
destinatário.
riqueza.
RE: Os regulamentos nacionais de segurança de ascensores Elétricos e Hidráu-
NOTA BIOGRÁFICA
licos são, respetivamente, as Normas NPEN 81-1 e NPEN 81-2. Constata-se que
57 anos de idade, tem desenvolvido a sua atividade profissional na área da Qualidade e dos conceitos
quando há alterações às normas e en-
que lhe estão associados. Desempenhou diversos cargos como técnico e como dirigente em vários
quanto não há a versão em português te-
organismos da administração pública. Atualmente é Diretor do Departamento de Informação, Desen-
mos um regulamento nacional em língua
volvimento e Assuntos Europeus do Instituto Português da Qualidade (IPQ). Licenciado em Engenhar-
estrangeira. Que comentário faz a esta
ia Mecânica (IST); Pós-Graduação em Engenharia da Qualidade (UNL-ISQ); Pós-Graduação em Gestão
situação.
Empresarial (ISCTE-INDEG); Mestrado em Gestão da Qualidade, parte curricular terminada (Univer-
RF: Começo por afirmar que ambas as
sidade Aberta). Vogal das Comissões Técnicas de Normalização, CT 80 - Gestão da Qualidade e da
Normas estão já traduzidas para portu-
CT 164 – Responsabilidade Social das Empresas. Avaliador do Prémio de Excelência PEX/SPQ, As-
guês. De facto a legislação aplicável faz
sessor Training Course da European Foundation for Quality Management ( EFQM – 2005). Docente
referência direta às Normas NP EN 81-1
universitário. Tem elaborado trabalhos e estudos, publicado artigos em revistas e boletins da espe-
e NP EN 81-2, que constituem os regula-
cialidade e apresentado comunicações em Congressos, Colóquios, Seminários e Conferências, sobre
mentos de segurança para os ascensores
temas da “Gestão da Qualidade”, da “Gestão Ambiental” e da “Segurança e Saúde no Trabalho”; “Audi-
elétricos e ascensores hidráulicos, res-
torias da Qualidade e Ambiente”; da “Responsabilidade Social” e do “Desenvolvimento Sustentável”.
petivamente. Em segundo lugar, e relati-
34
elevare
Figuras
Resumo Biográfico de Joaquim Pinto
Nascido no Porto em 1934, coincidente
Começou o seu trabalho no Departamento
com o início de atividade na Pinto & Cruz
de Instalações Eletromecânicas que inclu-
onde sempre trabalhou, empresa que
íam a comercialização, instalação e manu-
derivou mais tarde em várias sociedades
tenção de elevadores, demonstrando logo
em função das diversas áreas de
ali um espírito empreendedor e de grande
especialidades em que laborava.
visão, criando as condições de organização
Joaquim António da Silva Pinto passou
das diversas atividades com o objetivo de
a sua Infância entre a escola primária
transformar a empresa familiar numa fu-
de Paranhos e o jardim da Arca d’Água,
tura grande organização, dinamizando uma
local na época muito frequentado
das suas paixões a área dos elevadores,
para as brincadeiras de criança e
tornando-a numa imagem da empresa.
habitualmente um local, pelas suas condições, muito utilizado na prática
Na época vender um elevador era um dia
da patinagem, modalidade que muito
de festa, daí que as carteiras de elevado-
apreciava.
res eram exíguas e havia, como é natural,
Joaquim Pinto
poucos instaladores. No Norte pontificava a Pinto & Cruz com a Schindler, a Efacec No seu trajeto académico frequentou o Li-
e a G. Perez, representante da Schlieren
reforço da sua posição de quota de mer-
ceu D. Manuel ingressando em seguida no
que viria a ser adquirida pela Schindler. Só
cado, alargando-a numa primeira fase a
Instituto Superior de Engenharia no Porto
muito mais tarde começou a aparecer a
nível nacional com sucessivas aberturas
onde terminou em 1955 a sua formação em
Comportel e depois as multinacionais di-
de delegações (Porto, Lisboa, Coimbra,
Engenharia Técnica Eletromecânica, tendo
retamente.
Bragança, Açores, Algarve) e mais tarde
concluído o curso como o aluno mais jovem.
com a sua internacionalização, tornando Com o tempo e com o crescimento da orga-
a P&C numa empresa de referência e lí-
nização, afastou-se do dia-a-dia da área dos
der em serviços de Engenharia, que per-
Licenciado, estagiou em seguida em duas
elevadores para se dedicar mais à gestão
mitiu ao longo da sua historia de 76 anos,
grandes empresas à época, hoje inexisten-
de topo de empresa, criando condições nos
incluir no seu portfolio a realização das
tes: a Empresa Fabril do Norte na Senhora
mais diversos departamentos que se foram
mais prestigiadas obras a nível Nacional
da Hora e na Metalúrgica Duarte Ferreira,
criando (Elevadores, Instalações Eletrome-
e nos últimos anos também em África,
ambas com mais de 1.000 trabalhadores,
cânicas Especiais, Cozinhas e lavandarias
onde atualmente é já considerada como
onde adquiriu experiência, conhecimentos
Industriais, Tubos válvulas e Acessórios,
uma empresa líder no mercado Angolano
técnicos e de gestão, que mais tarde na em-
Máquinas Pesadas, Gruas, Motores e Ge-
na Comercialização, Instalação e Manu-
presa de seu Pai lhe serviram para se tor-
radores, Maquinas Ligeiras para Floresta e
tenção de Elevadores.
nar num empreendedor e gestor de grande
Jardim, Motores e equipamentos, Manuten-
sucesso, granjeando prestígio por parte das
ção e Assistência Técnica), que passaram a
Hoje ocupa o lugar de Presidente do Conse-
mais diversas organizações empresariais.
ser liderados por responsáveis competen-
lho de Administração da P&C-Pintos & Com-
tes.
panhia, SGPS, S.A. sociedade à qual perten-
Após terminar o Serviço Militar em 1958,
cem todas as sociedades P&C em Portugal
entrou para os quadros da Pinto & Cruz que
Atravessou, já na liderança da empresa,
e Angola, bem como 50% da Tuval (venda
conhecia largamente, pois durante as férias
todo o período conturbado do pós-25 de
de tubos e acessórios para fluídos) em An-
escolares, tinha por hábito ir com seu Pai, o
abril, projetando um rumo de moderni-
gola, e, num futuro breve, também com
fundador da P&C, para o escritório da em-
dade, com uma visão de futuro, com ob-
igual percentagem numa empresa de ele-
presa.
jetivos bem delineados, que incluíam o
vadores em Moçambique.
elevare 35
Ascensores com história
O Elevador do Bom Jesus do Monte, o Mais Antigo de Portugal Nota: Fotos do artigo da autoria do autor.
António Vasconcelos Engenheiro Especialista em Transportes e Vias de Comunicação (OE)
O Elevador do Bom Jesus do Monte tem uma enorme importância patrimonial, sendo o mais antigo funicular em todo o mundo com sistema de acionamento por contrapeso de água e mantém praticamente intactos os seus equipamentos, construídos no século XIX.
Portugal dispõe atualmente de oito funicu-
peso de água, tinha sido o de South Cliff, em
ca. Foi notável o espírito empreendedor de
lares em serviço, dos quais seis construí-
Scarborough, (Reino Unido) que entrou em
Manuel Joaquim Gomes, que tinha fundado,
dos entre o final do século XIX e o início do
serviço em 1876, ou seja apenas 6 anos an-
cinco anos antes da inauguração do eleva-
século XX: Bom Jesus de Monte, em Braga
tes do Bom Jesus. Tal como esse funicular
dor do Bom Jesus, a Companhia Carris de
(1882); Lavra (1884), Gloria (1885) e Bica
britânico, que foi mais tarde eletrificado em
Braga, com carros “americanos”, que circu-
(1892), ambos em Lisboa, Nazaré (1889) e
1930, existiram outros aparelhos, anterio-
lavam entre a estação do Caminho de Ferro
Monte de Santa Luzia, em Viana do Caste-
res ao do Bom Jesus, movidos a água e que
e o Pórtico de entrada Escadório do Bom
lo (1923). Entretanto, passado um período
foram mais tarde eletrificados ou mesmo
Jesus. Por seu lado coube a Raul Mesnier
de quase oitenta anos após a entrada em
desativados.
de Ponsard dirigir os trabalhos de constru-
serviço do funicular de Santa Luzia, foram
ção do Elevador, em estreita ligação com
inaugurados o funicular dos Guindais, no
Atualmente encontram-se apenas mais seis
Nikolaus Riggenbach, engenheiro suíço que
Porto (2004) e o de Viseu (2009). Refira-se
funiculares deste tipo em atividade: quatro
tinha conhecido uns anos antes, durante um
que tanto o funicular da Nazaré, como o de
no Reino Unido: Saltburn Cliff, em Saltburn
estágio feito na Suíça, e a quem se deve o
Santa Luzia, foram profundamente remo-
(1884); Leas Cliff – A em Folkstone (1885);
projeto e a construção dos equipamentos
delados, respetivamente em 1968 e 2007.
Lynton & Lynmouth, em Lynton (1890); Ma-
nas Oficinas de Olten (Schweizerisch Cen-
O Elevador do Bom Jesus do Monte, em
chynlleth, na cidade com o mesmo nome
tralbahn Hauptwerkstatte, 1881).
Braga, é propriedade da Confraria do Bom
(1992); um na Suíça: Neuveville, em Fribour-
Jesus do Monte, que também tem a ex-
go (1899) e outro na Alemanha: Neroberg-
Este célebre inventor suíço notabilizou-se
ploração a seu cargo. Inaugurado a 25 de
bahn, em Wiesbaden (1888). Refira-se que
pela construção do primeiro caminho-de-
março de 1882, é o mais antigo de Portugal
o funicular de Machynlleth é relativamente
-ferro de cremalheira na Europa, no Mon-
e da Península Ibérica e mantém ainda em
recente e foi instalado no Centro de Tec-
te Rigi na Suíça, em 1871, onde utilizou pela
serviço o original sistema de acionamento
nologias Alternativas na cidade do mesmo
primeira vez o tipo de cremalheira que tinha
com contrapeso de água. O primeiro funi-
nome, situada no País de Gales.
patenteado. Após este sucesso, Rigenbach
cular que utilizou este sistema de contra-
36
elevare
construiu na sua terra natal, em 1879, (soA iniciativa da construção do Elevador do
mente três anos antes do Elevador do Bom
Bom Jesus, cujo objetivo era proporcionar
Jesus), o funicular de Giessbach, junto ao
um fácil acesso à estância do Bom Jesus,
lago Brienz, também acionado por contra-
deve-se ao dinâmico empresário braca-
peso de água e que lhe serviu de modelo
rense, Manuel Joaquim Gomes e ao talen-
para o do Bom Jesus (foi eletrificado pos-
toso engenheiro portuense de ascendência
teriormente). Por seu lado, Raul Mesnier
francesa, Raul Mesnier de Ponsard. A cons-
de Ponsard, após a conclusão do elevador
trução do Elevador orçou em cerca de 30
do Bom Jesus, projetou e construiu vários
contos, uma soma considerável para a épo-
funiculares em Lisboa, entre os quais os
Ascensores com história da Lavra, Gloria e Bica, que ainda estão em
oito calços de liga metálica, encostados a
serviço, e o centenário Elevador de Santa
quatro tambores estriados fixados às duas
Justa, porventura a sua obra mais conhe-
rodas dentadas fixadas aos dois eixos dos
cida. Também a ele se deve o funicular da
rodados, acionados pelo condutor através
Nazaré.
de um fuso de atuação manual. A refrigeração destes freios é feita por água que cai
O Elevador do Bom Jesus tem 274 metros de
continuamente do depósito auxiliar, com ca-
extensão, vence um desnível de 116 metros,
pacidade de 72 litros.
(com uma inclinação média de 42 %), num tempo de três a quatro minutos. Dispõe de
mentação de água é bastante raro, dado
Existe também um sistema de frenagem de
duas vias paralelas, uma para cada cabina,
que na maioria dos elevadores que utilizam
emergência, constituído por um contrapeso
com a bitola de 1.435 mm, que são tracio-
o mesmo sistema de acionamento, a água
que atua diretamente no freio. O seu aciona-
nadas por um único cabo de aço de 38 mm
ou é abastecida pela rede pública ou reci-
mento é efetuado pelo condutor em caso de
de diâmetro, que liga entre si as duas cabi-
clada através de bombas elétricas, com
falha do freio principal ou automaticamente
nas, passando por uma roldana de inversão
o inevitável dispêndio de energia. Por seu
em caso de rebentamento do cabo ou enga-
com 3.620 mm de diâmetro.
lado, a água descarregada no piso inferior é
te do sistema de tração. Por sua vez, essas
utilizada na rega de terrenos de cultivo nas
rodas dentadas transmitem os esforços de
proximidades.
frenagem aos dentes da cremalheira tipo
O seu percurso desenvolve-se do lado es-
“Riggenbach”, fixadas rigidamente às tra-
querdo do monumental Escadório barroco
vessas da via.
do Santuário do Bom Jesus, erigido em 1721
Cada uma das duas cabinas pode transportar
pelo Arcebispo de Braga, D. Rodrigues de
38 passageiros e dispõe de um depósito de
Moura Teles, ao longo do qual estão dispos-
água para 5.850 litros. A indicação de nível
Em 2006 este funicular sofreu importantes
tas as Capelas da Via Sacra, descrevendo a
é realizada por um sistema de boia flutuante
obras de recuperação e reabilitação, man-
Paixão de Jesus Cristo. Terminando na parte
com ponteiro e régua graduada com 6 mar-
tendo todavia a traça original. Foram subs-
mais alta, junto á estátua equestre de São
cas. Cada marca corresponde a 1.000 litros
tituídos os carris e as cremalheiras e foram
Longuinho.
de água. A quantidade de água a colocar no
renovadas as cabinas (estrutura metálica e
depósito é função da diferença do número
carroçaria de madeira).
Umas das caraterísticas mais originais do
de pessoas a subir e a descer, calculado
Elevador do Bom Jesus é o sistema de ali-
através do seguinte sistema, muito simples
Este funicular é muito frequentado, trans-
mentação da água. Os reservatórios das
e eficaz: Antes de iniciar a marcha, o condu-
portando cerca de 130.000 pessoas por
duas cabinas são abastecidos através das
tor da cabina inferior informa ao seu colega,
ano. Durante a sua longa vida já transpor-
fontes e nascentes da Estância do Bom
da cabina superior, o número de passagei-
tou mais de 10 milhões de pessoas, sem ter
Jesus, canalizadas por uma tubagem que
ros que irá transportar, através de um to-
havido até esta data, um único acidente.
alimenta um depósito geral enterrado, lo-
que de campainhas: para cada grupo de 6
calizado junto ao piso superior do Eleva-
passageiros é dado um toque de campainha
Entretanto aguarda-se a sua classificação
dor. Mesmo nos anos mais secos, não tem
elétrica (ou toque de sineta na ausência de
como monumento de interesse público. O
sido necessário o abastecimento externo
energia elétrica). Em face dessas informa-
processo de classificação, que se arrastava
pela rede pública, o que demonstra bem a
ções, o condutor da cabina superior abre
desde o ano 2000, altura em que a ASPA
utilização de energias renováveis no acio-
o passador que descarrega a água para
(Associação para a Defesa, Estudo e Divul-
namento do Elevador. Este sistema de ali-
dentro do depósito até atingir a marca pre-
gação do Património Cultural e Natural) fez
tendida, segundo a fórmula: n.o de marcas:
a proposta, entrou agora na sua fase de fi-
n.o de toques – n.o de grupos de 6 passagei-
nalização, após o aval dado pelo Conselho
ros para descer.
Nacional de Cultura. Este reconhecimento pode ajudar à candidatura do Bom Jesus do
Desta maneira, a cabina superior torna-se
Monte a Património da Humanidade.
mais pesada do que a inferior e o movimento começa, assim que estejam libertados os
SUGESTÕES DE LEITURA
freios das duas cabinas, sendo a velocidade
›
O Elevador do Bom Jesus do Monte,
regulada manualmente pela ação no freio
José Manuel Lopes Cordeiro, Fernando
da cabina descendente. Com a chegada ao
Mendes, António Vasconcelos, edição
nível inferior, a água é descarregada auto-
da Ordem dos Engenheiros, Região Norte (2001);
maticamente, através de uma válvula automática e o ciclo repete-se.
›
Documentação do Simpósio sobre Funiculares “Historia e perspetivas de fu-
O sistema de frenagem deste elevador é
turo”, Ordem dos Engenheiros, Região
muito engenhoso, sendo constituído por
Norte (2001).
elevare 37
Notícias e Produtos F.Fonseca apresenta portfolio de scanners de segurança Sick
ELEVARE apresenta-se nas 2.as Jornadas Técnicas de Elevadores
Paralelamente é realizada uma exposição
F.Fonseca, S.A.
Fundação Politécnico do Porto
nacionais e internacionais, onde promovem
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A 2.ª edição das Jornadas Técnicas de Elevadores, organizadas pelo FIPP – Fundação do A flexibilidade é a base para soluções de se-
Instituto Politécnico do Porto, o ISEP – Insti-
A Fundação Instituto Politécnico do Porto,
gurança que se desejam inteligentes, de fá-
tuto Superior de Engenharia do Porto e a OE
no âmbito das suas iniciativas de formação,
cil instalação e controlo. Os scanners laser
– Ordem dos Engenheiros, realizaram-se a
irá promover um conjunto de ações dire-
de segurança da Sick, com o seu portfolio
15 de junho de 2012 no ISEP e pautaram-se
cionadas para o setor dos ascensores. As
alargado não apresentam lacunas, quer em
pela troca de conhecimentos entre os dife-
iniciativas decorrerão no primeiro semes-
aplicações móveis quer estacionárias. Exis-
rentes participantes no setor da elevação. A
tre de 2013, nas instalações da Fundação
te um scanner correto para cada aplicação.
entrada em vigor da EN 81/A3, a revisão do
Instituto Politécnico do Porto, em horário
A interação entre pessoas e máquinas é
Decreto-Lei n.º 320/2008 de 28 de dezem-
laboral e/ou pós-laboral.
cada vez mais importante em muitos locais
bro, as perspetivas de evolução do merca-
Alguns dos cursos são Electricidade Apli-
de trabalho, incrementando também a ne-
do, a eficiência energética nos ascensores, o
cada e Eletrónica Aplicada, ambas com 45
cessidade de equipamentos de segurança à
papel dos consumidores foram alguns dos
horas, Mecânica Aplicada com 35 horas,
altura.
temas tratados neste encontro técnico que,
Hidráulica com 36 horas, Legislação e Nor-
Os scanners de segurança laser da Sick per-
em 2012, voltou a reunir os maiores espe-
malização com 20 horas, Qualidade e Se-
mitem uma reação rápida para alterações
cialistas nacionais na área desde as maiores
gurança com 15 horas e Eficiência Energé-
das condições de segurança das várias ins-
empresas do setor, os projetistas, a tutela,
tica para Ascensores com 20 horas. Estes
talações. Dado que apenas as áreas perigo-
os municípios, as entidades fiscalizadoras
cursos destinam-se a profissionais com
sas são monitorizadas/protegidas, as áreas
e os consumidores. A edição número um
habilitações mínimas do 12.º ano (eletrotéc-
adjacentes podem ser usadas como áreas
da separata técnica ELEVARE, a primeira
nica, mecânica ou similar) e técnicos com
de trabalho. Algumas funções adicionais
separata técnica portuguesa a abordar os
experiência comprovada e relevante no se-
como campos triplos ou monitorização si-
elevadores e a movimentação de cargas,
tor. Para mais informações pode contactar
multânea de campos podem ser utilizadas
aproveitou o evento para se apresentar ao
a Fundação Instituto Politécnico do Porto,
como forma de prevenir tempos de para-
mercado e aos seus leitores que regista-
mais exatamente com Paula Mano.
gem indesejados. As principais caraterísti-
ram com enorme agrado o nascimento de
cas passam pelo comissionamento facilita-
um meio de comunicação totalmente dedi-
do, maior flexibilidade, adaptação a várias
cado à área dos elevadores.
condições do ambiente, uma integração
A primeira edição das Jornadas Técnicas de
simples, proteção de veículos e suporte à
Elevadores em 2011 pautou-se pela ade-
navegação e ainda é 2 em 1 ao proteger a
são em massa de participantes e elevado
Pinto & Cruz instala ascensores e elevadores em Portugal e em Angola
máquina e as pessoas e ainda controlar o
interesse dos temas abordados na área
Pinto & Cruz – Elevadores e Instalações
arranque. As vantagens passam pela gama
dos elevadores. O principal objetivo deste
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alargada, proteção sem contacto, fácil inte-
encontro técnico passa pela troca e atua-
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lização de conhecimentos devidamente en-
apertados, soluções completas e seguran-
quadrados com as questões relacionadas
ça e navegação num equipamento. Os scan-
com a legislação e normalização segundo
ners de segurança Sick são indicados para
a sua evolução, a evolução tecnológica dos
garantir a segurança de pessoas e máqui-
equipamentos, a eficiência energética, o en-
nas em qualquer indústria, independente-
quadramento com a lei das acessibilidades,
mente do setor de atividade.
a segurança dos técnicos, o relacionamen-
A Pinto & Cruz instalou para a IZAT FASHION
to entre empresas e com os consumidores,
COMERCIO, elevadores e escadas rolantes
além do papel dos municípios e da DGEG.
ecoeficientes no novo espaço comercial re-
... 38
elevare
...
PUB
centemente inaugurado na cidade de Faro. A Pinto & Cruz foi também a empresa escolhida para colaborar na renovação dos elevadores do antigo Hotel Turismo de Braga, agora designado Hotel Mercure Braga Centro. A Pinto & Cruz também substituiu 40 ascensores e modernizou 24 no complexo habitacional do Bairro da Rosa e Bairro Amarelo, em Almada. A Pinto & Cruz cresceu em Angola, tendo instalado na República Popular de Angola, elevadores nos novos aeroportos provinciais do Dundo, Saurimo, Luema, Soho. Na cidade de Luanda o edifício da Provedoria da Justiça e as Torres do Carmo foram instalados 12 elevadores com 25 paragens e uma velocidade nominal de 3,00 m/s. A Pinto & Cruz também investiu em Moçambique, assente numa política de expansão no mercado africano, tendo previsto para janeiro de 2012 o início da sua atividade na República de Moçambique.
... F.Fonseca apresenta o scanner de medição laser TiM3xx da Sick F.Fonseca, S.A. Tel.: +351 234 303 900 · Fax: +351 234 303 910 ffonseca@ffonseca.com · www.ffonseca.com www.facebook.com/FFonseca.SA.Solucoes.de.Vanguarda
O TiM3xx é o passo lógico na evolução de scanners laser da Sick, com uma nova tecnologia de medição de distância de elevada resolução (HDDM), reduzindo os tempos mortos da máquina graças à sua elevada fiabilidade e imunidade à luz ambiente. O design do TiM3xx permite-lhe ser um dos mais pequenos do mercado, tornando-se facilmente invisível. Mesmo sendo pequeno consegue uma distância de deteção gigante, atingindo os 4 metros de alcance. O scanner TiM3xx é a essência da performance num corpo miniatura. Os argumentos que esgrime fazem com que não tenha necessidade de se esconder: tecnologia HDDM, 48 campos disponíveis e a função Touch and Teach para configuração sem um computador. O TiM3xx, com apenas 7.9 cm de altura, e um scanner laser muito flexível, com um custo irrepreensível e de fácil configuração, indicado para aplicações portáteis ou estacionárias, em automação de fábricas e logística. Graças ao seu consumo muito reduzido e ao seu design industrial e robusto, o TiM3xx da Sick está especialmente concebido para proteção de colisões em veículos autoguiados e para verificar a presença de produto em armazéns automáticos.
...
Consultório técnico
Consultório Técnico
Fernando Maurício Dias Responsável Técnico
UMA EMPRESA QUE POSSUA O SEU SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE CERTIFICADO PELA NORMA NP EN ISO 9001 PODE FAZER A AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE (VISTORIAS) DOS SEUS ELEVADORES? A certificação do sistema de gestão da qualidade segundo a Norma NP EN ISO 9001 é o primeiro passo para que seja possível ao instalador efetuar a avaliação da conformidade dos ascensores por si instalados, no entanto, não é condição suficiente. Para que tal seja possível, a empresa deve requerer a um organismo notificado da sua escolha a avaliação do seu Sistema de Gestão da
mentação. Estes equipamentos não estão
em que o equipamento atua são compatí-
Qualidade segundo o Módulo H, posterior-
sujeitos a vistoria para serem colocados
veis com o nível de segurança das pessoas.
mente, após o seu reconhecimento, pode
em serviço. No que diz respeito a inspeções
Assim é fundamental ter em atenção a:
efetuar a avaliação da conformidade do as-
periódicas, o Decreto-Lei n.o 320/2002 de
I.
Sensibilidade do equipamento (DI);
censor no final da sua instalação. É de notar
28 de dezembro não se aplica a estes equi-
II.
Tensão limite de contacto (V);
que, mesmo nesta situação, existe sempre
pamentos, logo, não é obrigatório o con-
III. Valor da resistência da terra de prote-
a "vigilância" de um Organismo Notificado.
trato de manutenção (embora aconselhá-
Neste âmbito, os Organismos Notificados
vel) e as inspeções periódicas. Na revisão
Portugueses são: APCER - Associação Por-
do Decreto-Lei n.o 320/2002 esta situação
Há várias sensibilidades do equipamento
tuguesa de Certificação e SGS-ICS Serviços
será alterada.
disponíveis no mercado, normalmente são
ção (Rt).
utilizadas sensibilidades de 30 mA e 300 mA.
Internacionais de Certificação Lda.
A tensão limite de contacto a que pode SE A INSTALAÇÃO ELÉTRICA
ser submetido o corpo humano, sem que
UM HOME LIFT ESTÁ OBRIGADO A ALGUMA
DO ASCENSOR POSSUIR PROTEÇÃO
haja dano para a sua saúde, e consideran-
VISTORIA OU INSPEÇÃO PERIÓDICA?
DIFERENCIAL PODE-SE AFIRMAR
do um ambiente seco é de 50 V, é este va-
Os Home Lift não se enquadram na defi-
QUE ESTÁ ASSEGURADA A PROTEÇÃO
lor que serve de referência (não pode ser
nição de ascensor, desse modo, não estão
CONTRA CONTACTOS INDIRETOS?
ultrapassado). Atendendo à Lei de Ohm,
abrangidos pela Diretiva Ascensores, logo,
A proteção contra contactos indiretos em
V = Rt x DI, se V tem de ser menor do que
não estão sujeitos aos meios de avaliação
esquemas de ligação à terra do tipo TT (sis-
50 a expressão fica V < Rt x DI, logo, temos
da conformidade (vistorias) definidos pela
tema habitualmente utilizado) é efetuada
que garantir que a conjugação do valor de
Diretiva Ascensores. No entanto, têm de
pela utilização de dispositivos diferenciais
Rt e DI garanta a condição. O grande pro-
respeitar os requisitos definidos pela Di-
residuais que poderão ser disjuntores ou
blema é que, em grande parte dos casos,
retiva Máquinas (Diretiva onde se enqua-
interruptores com a função diferencial, no
não é conhecido o valor de Rt por parte da
dram), assim, obrigatoriamente devem
entanto, para que efetivamente a proteção
EMA o que faz com que não seja possível
possuir marcação CE bem como Declara-
contra contactos indiretos esteja assegu-
garantir à priori a proteção contra contac-
ção CE de conformidade e demais docu-
rada é necessário verificar se as condições
tos indiretos.
40
elevare
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