Separata ELEVARE 2

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elevare Suplemento técnico sobre elevadores e movimentação de cargas

Ascensores com história «O Elevador do Bom Jesus do Monte, o Mais Antigo de Portugal»

Qualidade, segurança e ambiente «A Preocupação Ambiental na Produção, Instalação e Manutenção de Elevadores»

DOSSIER QUALIDADE

Notas técnicas «Integração do Projeto de Elevadores em Edifícios»

Figuras «Resumo Biográfico de Joaquim Pinto»


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Ficha técnica

Sumário

elevare

DIRETOR Fernando Maurício Dias fmd@isep.ipp.pt

Suplemento técnico sobre elevadores e movimentação de cargas

COLABORAÇÃO REDATORIAL Fernando Maurício Dias, José Aidos Rocha, Miguel Tato, Modesto Ribeiro, Ricardo Araújo, José Pirralha, Nuno Carneiro, João Paulo Rocha,

2

EDITORIAL Objetivo: Qualidade

Fernando J. T. Estêvão Ferreira, Leopoldo Cortez, Rogério Marques, António de Vasconcelos Lourenço, António Vasconcelos, Ricardo Sá e Silva e Helena Paulino

3

LEGISLAÇÃO Regulamento Técnico de Segurança contra Incêndio em Edifícios

COORDENADOR EDITORIAL Ricardo Sá e Silva, Tel.: +351 225 899 628

6

Aplicação em Elevadores de um Sistema de Poupança de Energia ‘LESS’

r.silva@oelectricista.pt

DIRETOR COMERCIAL

ARTIGO TÉCNICO

8

NORMALIZAÇÃO Caminhos da Normalização Europeia

Júlio Almeida, Tel.: +351 225 899 626 j.almeida@oelectricista.pt

10

QUALIDADE, SEGURANÇA E AMBIENTE A Preocupação Ambiental na Produção, Instalação e Manutenção de Elevadores

CHEFE DE REDAÇÃO Helena Paulino h.paulino@oelectricista.pt

12

NOTAS TÉCNICAS Integração do Projeto de Elevadores em Edifícios

ASSESSORIA João Miranda

16

Impacto dos Variadores Eletrónicos de Velocidade nos Motores e na Rede Elétrica

j.miranda@oelectricista.pt

DESIGN

INVESTIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

20

DOSSIER: QUALIDADE [20]

Luciano Carvalho

A Solução do Conceito de Qualidade e a sua Aplicação no Setor dos Elevadores

l.carvalho@publindustria.pt

[24]

Acreditação de Entidades

WEBDESIGN

[26]

Certificação

Martino Magalhães

[28]

O Sistema de Gestão da Qualidade e a Relevância da sua Implementação

m.magalhaes@oelectricista.pt

[32]

“a segurança é uma preocupação crescente da sociedade”

PROPRIEDADE, REDAÇÃO, EDIÇÃO E ADMINISTRAÇÃO

35

FIGURAS Resumo Biográfico de Joaquim Pinto

CIE - Comunicação e Imprensa Especializada, Lda.® Grupo Publindústria Tel.: +351 225 899 626/8 · Fax: +351 225 899 629

36

Os trabalhos assinados são da

ASCENSORES COM HISTÓRIA O Elevador do Bom Jesus do Monte, o Mais Antigo de Portugal

geral@cie-comunicacao.pt · www.cie-comunicacao.pt

38

NOTÍCIAS E PRODUTOS

40

CONSULTÓRIO TÉCNICO

exclusiva responsabilidade dos seus autores.

Imagem da capa gentilmente cedida por António Vasconcelos

elevare

1


Editorial

Objetivo: Qualidade

No passado dia 15 de junho foi divulgado o 1.o número da ELEVARE que, dados os comentários que recebemos, foi muito bem acolhido pela generalidade do público ao qual a revista se destina. Não é fácil colocar em pé um projeto desta natureza. Da nossa parte, e enquanto houver interesse do mercado, estaremos disponíveis para manter e melhorar a publicação. Gostaria, mais uma vez, de frisar a importância de fazerem chegar os vossos comentários, sugestões e críticas na certeza de que serão sempre analisados e considerados em futuros números.

Fernando Maurício Dias Diretor

Neste número damos destaque ao tema da Qualidade, um tema controverso no nosso setor, principalmente quando a revisão do Decreto-Lei n.o 320/2002 prevê a introdução de alterações significativas quer ao nível das empresas de manutenção quer ao nível das entidades inspetoras. É nosso objetivo desvendar um pouco do que é a Qualidade e o seu enquadramento a nível nacional relativamente aos formalismos de acreditação e certificação. Para tal, convidamos a participar, entre outros, as entidades nacionais que tutelam o setor, nomeadamente o IPQ – Instituto Português da Qualidade e o IPAC – Instituto Português de Acreditação. Gostaria de deixar uma palavra relativamente às 2. as Jornadas Técnicas de Elevadores que decorreram no Centro de Congressos do ISEP – Instituto Superior de Engenharia do Porto e que tiveram organização conjunto da FIPP – Fundação Politécnico do Porto, OE – Ordem dos Engenheiros e ISEP. Mais uma vez as Jornadas pautaram-se pelo elevado nível de comunicações apresentadas e também pela elevada adesão de participantes no evento (mais de 300). É, certamente, com encontros desta índole que se consegue uma maior partilha de experiências e de preocupações entre todos os interessados, direta ou indiretamente, nesta atividade. Para finalizar desejo que tenham um bom ano de 2013 quer a nível pessoal quer a nível empresarial. Boa leitura.

2

elevare


Legislação

Regulamento Técnico de Segurança contra Incêndio em Edifícios José Aidos Rocha

1. INTRODUÇÃO A construção de edifícios com múltiplos pisos levou à criação, desenvolvimento e instalação de dispositivos de transporte utilizados para mover bens ou pessoas verticalmente. Deste modo, passou a ser possível um acesso rápido e cómodo a qualquer andar de uma edificação, independentemente da sua altura. No entanto, a resolução de um problema acarretou, como reverso, o aparecimento de riscos associados à utilização de elevadores pelo que a nível internacional os regulamentos de segurança, designadamente os de segurança contra incêndio, passaram a conter exigências para garantir a segurança dos ocupantes dos edifícios. um edifício, de conservar durante um

exigências que lhe são solicitadas. Por

Em Portugal, estas questões estão conti-

período de tempo determinado à estabi-

exemplo: porta E [escalão de tempo] ou

das no Regulamento Técnico de Segurança

lidade e ou à estanquidade, isolamento

contra Incêndio em Edifícios (RT-SCIE) - Por-

térmico, resistência mecânica, ou qual-

taria n.º 1532/2008, de 29 de dezembro que

quer outra função específica, quando

Compartimento

define as condições, entre outras, a cumprir

sujeito ao processo de aquecimento re-

dente, com um grau de resistência e os

pelas instalações técnicas.

sultante de um incêndio.

meios de controlo de fumo, que esta-

parede EI [escalão de tempo]; ›

Câmara corta-fogo corta-fogo

indepen-

belece, em regra, a comunicação entre As classificações de desempenho mais

dois espaços com o objetivo de garantir

2. DEFINIÇÕES/CONCEITOS

utilizadas na atribuição de resistência

a proteção temporária de um deles ou

Para melhor entendimento das disposições

ao fogo aos produtos de construção

evitar a propagação do incêndio entre

contidas na legislação em vigor, apresen-

são as seguintes:

tam-se as definições subjacentes à presen-

te temática:

Plano de referência (PR)

R - capacidade de suporte de carga;

ambos; ›

Ascensor prioritário para bombeiros

E - estanquidade a chamas e gases

Elevador situado na fachada de um

quentes;

edifício ou no seu interior, dispondo

I - isolamento térmico.

neste caso de caixa própria protegi-

Plano de nível, à cota de pavimento do

acesso destinado às viaturas de socor-

A estes critérios está associado um es-

da, equipado com maquinaria, fonte

ro, medida na perpendicular a um vão de

calão de tempo (em minutos, variando

de energia permanente e comandos

saída direta para o exterior do edifício;

entre 15 e 240, passando por 20, 30, 45,

especialmente protegidos, com dispo-

Resistência ao fogo

60, 90 ...), durante o qual um determi-

sitivo de comando para utilização ex-

Propriedade de um elemento de cons-

nado elemento de construção mantém,

clusiva pelos bombeiros, em caso de

trução, ou de outros componentes de

em condições de fogo normalizado, as

emergência;

elevare

3


Legislação ›

Posto de segurança

3.3 Reação ao fogo

Local, permanentemente vigiado, de um edifício onde é possível controlar todos os sis-

Os materiais utilizados na construção

temas de vigilância e de segurança, os meios de alerta e de comunicação interna, bem

ou no revestimento de caixas de eleva-

como os comandos a acionar em situação de emergência.

dores devem ter uma reação ao fogo da Classe A1 (grosso modo, podem dizer-se que os materiais utilizados devem ser incombustíveis).

3. SEGURANÇA PASSIVA 3.1 Caixas dos elevadores A segurança passiva dos edifícios passa, entre outros requisitos, pelo estabelecimento de

4. EXIGÊNCIAS DE EXPLORAÇÃO

compartimentos corta-fogo (setores de fogo). Esta compartimentação é garantida por paredes guarda-fogo e pavimentos com resistência ao fogo adequada para fracionar a carga

4.1 Dispositivo de chamada em caso de

de incêndio do seu conteúdo ou impedir a propagação de um eventual incêndio entre espa-

incêndio

ços definidos por essa setorização.

Os ascensores devem ser equipados com dispositivos de chamada em caso de in-

A compartimentação anteriormente referida pode ser colocada em causa pela instalação

cêndio, acionáveis por operação de uma

de elevadores que atravessam todos os pisos pelo que há que adotar algumas medidas de

fechadura localizada junto das portas de

segurança que a seguir se caraterizam.

patamar do piso do plano de referência, mediante uso de chave especial, e auto-

O isolamento e proteção das caixas de elevadores ou de baterias de elevadores são assegu-

maticamente, a partir de sinal proveniente

rados pela atribuição de resistência ao fogo às paredes e às portas de patamar, de acordo

da central de deteção de incêndio, quando

com o apresentado na Tabela 1:

exista.

Tabela 1. Isolamentos e proteção das caixas de elevadores.

A chave referida no parágrafo anterior deve estar localizada junto à porta de patamar

Altura do edifício H ≤ 28 metros H > 28 metros

N.º pisos abaixo do PR

Paredes

Portas de patamar *

do piso do plano de referência, alojada em

Até um piso

EI 30 ou REI 30

E 15

caixa protegida contra o uso abusivo e sina-

Mais do que um piso

EI 60 ou REI 60

E 30

Qualquer

EI 60 ou REI 60

E 30

lizada com a frase «Chave de manobra de

* Estas portas são obrigatoriamente de funcionamento automático.

Nos pisos abaixo do plano de referência, os acessos aos elevadores que sirvam espaços afetos a estacionamentos, para além do discriminado, devem ainda ser protegidos por câmaras corta-fogo, que podem ser comuns às das caixas de escadas. Nos edifícios com altura superior a 28 metros, os elevadores podem comunicar diretamen-

emergência do elevador», devendo o posto de segurança, caso exista, dispor de uma cópia dessa chave. O acionamento do dispositivo de chamada deve desencadear as seguintes ações: ›

de referência, onde devem ficar esta-

te com as circulações horizontais comuns desde que satisfeitas as condições expressas na Tabela 1, com exceção dos prioritários de bombeiros que devem ser servidos, por um átrio com acesso direto à câmara corta-fogo que protege a escada. Salienta-se que nos edifícios com altura superior a 28 metros, a ligação entre circulações horizontais comuns interiores e as vias verticais protegidas interior é obrigatoriamente assegurada por câmaras corta-fogo, desde que sejam ambas interiores. 3.2 Isolamentos das casas das máquinas As casas de máquinas de elevadores com carga nominal superior a 100 kg, quando existam, devem ser instaladas em locais próprios isolados dos restantes espaços do edifício, com exceção da caixa do elevador ou da bateria de elevadores, por elementos de construção que garantam pelo menos as classe de resistência ao fogo discriminadas na Tabela 2:

Enviar as cabinas para o piso do plano cionadas com as portas abertas;

Anular todas as ordens de envio ou de chamada eventualmente registadas;

Neutralizar os botões de chamada dos patamares, os botões de envio e de paragem das cabinas e os dispositivos de comando de abertura das portas.

Se, no momento do acionamento do dispositivo, qualquer das cabinas se encontrar em marcha, afastando-se do piso do plano de referência, deve parar, sem abertura das portas e, em seguida, ser enviada para o piso referido.

Tabela 2. Isolamentos das casas das máquinas.

Elementos de construção

Resistência ao fogo

Paredes não resistentes

EI 60

Se, no momento do acionamento do dispositivo, um ascensor estiver eventual-

Paredes e pavimentos resistentes

REI 60

mente bloqueado pela atuação de um

Portas

E 30 C*

dispositivo de segurança, deve manter-se

* Portas dotadas de dispositivo de fecho automático (C).

4

elevare

imobilizado.


Legislação 4.2 Sinalética

Ter portas de patamar e de cabina, des-

Os edifícios de grande ou de muito grande

Em todos os pisos dos edifícios, junto dos

lizantes de funcionamento automático,

altura, bem como os que possuem três ou

acessos aos ascensores, devem ser afixa-

com largura não inferior a 0,8 m;

mais pisos abaixo do plano de referência,

dos sinais com a seguinte inscrição: «Não

Ter um alçapão de socorro instala-

devem ser dotados de elevadores com ca-

utilizar o ascensor em caso de incêndio» ou

do no teto da cabina, com pontos de

raterísticas especiais para serem utilizados

com pictograma equivalente.

abertura ou fecho claramente identi-

pelos bombeiros em caso de incêndio.

ficados e cujo acesso não esteja obstruído por qualquer elemento ou dis5. ASCENSOR PRIORITÁRIO PARA

positivo, com as dimensões mínimas

BIBLIOGRAFIA

BOMBEIROS

de 0,4 m × 0,5 m;

Ter na cabina meios de acesso que per-

Decreto.-Lei n.º 220/2008, de 12 de novembro - Regime Jurídico da Segurança contra

5.1 Critérios de exigência

mitam a abertura completa do alça-

É obrigatória a instalação de, pelo menos,

pão de socorro a partir do interior, por

um ascensor destinado a uso prioritário dos

exemplo com a ajuda de um ou vários

- Regulamento Técnico de Segurança contra

bombeiros em caso de incêndio os edifícios

degraus escamoteáveis com um passo

Incêndio em Edifícios;

que possuam as seguintes caraterísticas:

máximo de 0,4 m e capazes de suportar

Altura superior a 28 m;

uma carga de 1.200 N;

para o fabrico e a instalação de ascensores

Mais de dois pisos abaixo do plano de

Ter no interior ou no exterior da ca-

- Aplicações particulares para ascensores de

referência (isto é, um edifício possuindo

bina escada que permita ao bombei-

pessoas e ascensores de cargas – Parte 72:

três ou mais pisos abaixo do plano de

ro eventualmente encarcerado o seu

referência deve ser dotado de elevador

auto-socorro até ao patamar mais

prioritário).

próximo;

para o fabrico e a instalação de ascensores

Efetuar o percurso entre o piso do pla-

- Aplicações particulares para ascensores de

De realçar que deve ser estabelecido pelo

no de referência e o piso mais afastado

pessoas e ascensores de cargas – Parte 73:

menos, um elevador por cada comparti-

deste, num tempo não superior a ses-

Comportamento de ascensores em caso de

mento de fogo, servindo todos os pisos,

senta segundos após o fecho das por-

incêndio.

bem como devem ser servidas por estes

tas;

todas as zonas de refúgio quando exigidas

pelo pelo RT-SCIE. 5.2 Dispositivo de chamada em caso de incêndio – exigências complementares

Incêndio em Edifícios; ›

Portaria n.º 1532/2008, de 29 de dezembro

Norma NP EN 81-72 – Regras de segurança

Ascensores prioritários de bombeiros; ›

Norma NP EN 81-73 – Regras de segurança

Ser dotado de um sistema de intercomunicação entre a cabina e o piso do

RESENHA CURRICULAR

plano de referência e o posto de segu-

Licenciado em Engenharia Civil pela Acade-

rança;

mia Militar. É detentor de uma Pós-gradua-

Ser apoiado por fontes de energia de

ção em Proteção Contra Incêndios de Edifí-

Cada ascensor deve ser equipado com

emergência (por exemplo: grupo gera-

cios promovida pela Faculdade de Ciências e

um dispositivo complementar ao de cha-

dor).

Tecnologia da Universidade de Coimbra e La-

mada anteriormente descrito, constituído

boratório Nacional de Engenharia Civil;

por um interruptor acionado por chave

A caixa de cada ascensor para uso dos

própria, colocado no piso do nível de re-

bombeiros deve ser independente, pos-

empresa que desenvolve atividades de con-

ferência, que desencadeia uma segunda

suindo as condições de isolamento e pro-

sultoria e de projeto nas áreas da segurança

atuação e o coloca ao serviço exclusivo

teção definidas no ponto 3.1 do presente

contra incêndio, segurança no trabalho e or-

dos bombeiros, restabelecendo a opera-

artigo.

ganização da emergência (medidas de auto-

cionalidade dos botões de envio da cabina

Atualmente é Diretor-Geral da Exactusensu,

proteção);

e dos dispositivos de comando de abertu-

Caso o elevador se destine a apoiar a eva-

ra das portas.

cuação de pessoas em macas ou camas, as

funções de Adjunto Técnico e de 2º Coman-

exigências são maiores no que concerne à

dante, entre 2002 e 2006, no Batalhão de Sa-

Esta chave de manobra da fechadura e a

capacidade e às dimensões.

respetiva cópia devem estar posicionadas

padores Bombeiros (BSB) do Porto; ›

nos locais e nas condições elencados no ponto 4.1 do presente artigo.

Desempenhou, em comissão de serviço, as

Foi-lhe outorgado o título de Especialista em “Engenharia de Segurança”, em maio de 1999,

6. CONCLUSÕES

sendo presentemente vogal da Comissão de

As instalações técnicas dos edifícios, com

Especialização em Engenharia de Segurança

5.3 Principais caraterísticas

destaque neste caso para os elevadores,

O ascensor destinado a uso prioritário dos

devem ser concebidas, instaladas e explo-

bombeiros em caso de incêndio deve ainda

radas, de modo que não constituam causa

tintos - Grau Ouro, pela Liga dos Bombeiros

possuir as seguintes caraterísticas:

de incêndio, nem contribuam para a sua

Portugueses, em março de 1994 e com a Meda-

Ter capacidade de carga nominal não

propagação, devendo satisfazer as exigên-

lha de Bons Serviços - Grau Prata, pela Câmara

inferior a 630 kg;

cias técnicas exaradas no Regulamento

Municipal do Porto, em setembro de 2005.

Ter dimensões mínimas de 1,1 m × 1,4 m;

Técnico (RT-SCIE).

da Ordem dos Engenheiros; ›

Foi agraciado com a Medalha de Serviços Dis-

elevare

5


Artigo técnico

Aplicação em Elevadores de um Sistema de Poupança de Energia ‘LESS’ Miguel Tato, Modesto Ribeiro, Ricardo Araújo Consumo anual de eletricidade para cada tipo de edifício (%)

Efalift – Sistemas e Tecnologias para Elevadores, Lda.

72%

29%

18%

17%

37%

52%

Residencial

Escritório

Hospital

Hotel

Comercial

Outros

Potencial poupança de energia Sistema less

INTRODUÇÃO Energia consumida em funcionamento normal

À semelhança de todos os equipamentos elétricos, também os elevadores tem um elevado consumo de energia em standby (modo de espera), que quando comparada com a de um televisor (4 W) a do elevador

Fonte: E4 - Eficiência energética em elevadores e escadas rolantes | D2.2 - Relatório Nacional

Figura 1.

(80 W a 800 W) pode chegar a 200 vezes mais. Segundo os estudos levados a cabo

Dada a grande variedade de marcas de

dores conforme sejam ou não necessários

pelo "E4 – Eficiência Energética em Eleva-

quadros de comando instalados nos eleva-

(aplicável a elevadores residenciais de uso

dores e Escadas Rolantes", o consumo de

dores existentes, o desafio foi desenvolver

esporádico).

energia do elevador em standby, pode che-

um sistema económico, universal, de fácil

gar a mais de 70% do total da energia por

instalação em qualquer tipo de modelo de

Outra funcionalidade é fazer essa para-

ele consumida, caso se trate de um edifício

elevador e capaz de desligar total ou par-

metrização dependente de um calendário

residencial (Figura 1). Esta energia é com-

cialmente elevadores que não estejam a

semanal, de maneira a se poder “afinar”

pletamente desaproveitada, não produzindo

ser utilizados, de modo a economizar a

de forma mais precisa o sistema (por dia

qualquer trabalho útil e contribuindo desta

energia em standby. Este sistema tem em

da semana e por hora com resolução de

forma para uma redução drástica do rendi-

consideração os seguintes pontos:

30 minutos, por exemplo). A solução ideal

mento energético do elevador.

A atividade dos botões de chamada de

atinge-se permitindo ao sistema guardar o

piso;

histórico das chamadas realizadas nos ele-

Atividade/utilização típica dos elevado-

vadores do edifício e com base nesse his-

POTENCIAR A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DOS

res para cada edifício (perfil de necessi-

tórico, aplicar uma heurística capaz de esti-

ELEVADORES INSTALADOS

dade de utilização).

mar as necessidades imediatas do elevador

e, com isso, gerir a sua energia de modo a

Tendo em vista tornar o parque dos elevadores instalados em Portugal mais eficien-

Com base na informação anterior, é possí-

otimizar o seu desempenho. Este método

te, contribuindo assim para uma redução

vel inferir uma parametrização (período de

adaptativo é não só o mais indicado para

no consumo de energia elétrica, que de

adormecimento, por exemplo) que permite

encontrar o perfil de necessidades de utili-

acordo com o estudo “E4-D2.2-Country Re-

“afinar” o sistema para otimizar a utilização

zação de cada edifício, mas também para se

port-Portugal” o consumo em standby dos

energética dos elevadores do edifício em

ajustar às respetivas variações que são de

elevadores em Portugal corresponderá a

questão, ligando ou desligando os eleva-

esperar ao longo do tempo.

305.272 Gwh por ano e que ao ser eliminado proporcionaria uma redução de cerca de

Chamadas de piso

Chamadas de piso

112.950 toneladas de CO2eq por ano gastas Atividade dos elevadores

para a produção da mesma. Posto isto, urge serem adotadas medidas que permitam re-

SISTEMA LESS Energia para os elevadores do grupo

duzir o consumo de energia em standby.

Parametrização

Para tal pode ser seletivamente desligada a energia a alguns equipamentos (motor

Figura 2.

de portas, displays, sensor de carga, entre outros), quando o elevador está parado, ou seja, em modo standby, no entanto tal situ-

Elev. 2 Elev. 1 6h 7h 8h 9h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h 19h 20h 21h 22h 23h 0h 1h 2h 3h 4h 5h

ação nem sempre é possível e por vezes muito dispendiosa.

6

elevare

Figura 3.


Artigo técnico QUANTO SE PODE POUPAR

usar um elevador que esteja desligado baste para isso pres-

Com este sistema toda a energia poupada advém da energia

sionar um botão de patamar, atingindo-se um compromisso

de standby consumida pelos elevadores quando estão para-

entre poupança de energia e disponibilidade do elevador.

dos à espera de aceitar chamadas. Para saber quanto os elevadores vão poupar é necessário saber:

Ao utilizar o método adaptativo para a gestão dos grupos de

A potência consumida em standby;

elevadores face ao histórico de chamadas, o grau de poupan-

O perfil de necessidades de utilização.

ça/otimização energé tica pode ainda atingir patamares mais elevados e, portanto, mais apelativos ao investimento dos

Para se determinar a energia consumida em standby, o méto-

utilizadores.

do mais correto é o recurso a um wattímetro trifásico montado à entrada do quadro de comando.

Há ainda poupanças mais difíceis de contabilizar ao utilizar este método de otimização energética por poupança na ener-

A não existir o processo adaptativo já referido, o perfil de

gia de standby, como por exemplo a maior duração do equi-

necessidades de utilização para os elevadores de um edifí-

pamento pelo menor tempo de utilização, ou o aumento do

cio é mais complicado de definir, podendo ser conseguido,

tempo de vida dos componentes elétricos e eletrónicos por

por exemplo, aplicando um registador durante um período

atenuação da fadiga. Quaisquer destes pontos são vantagens

de tempo razoável (não inferior a 2 semanas), que armazene

adicionais do sistema, não se traduzindo diretamente na pou-

os períodos (data e hora) em que o elevador está em modo

pança energética mas na rentabilização do investimento.

standby (modo de espera). Recolhida esta informação determina-se o perfil de necessidades de utilização do elevador e calcula-se a potencial energia a poupar.

CONCLUSÃO Ao contribuirmos de forma a diminuir ao máximo o enorme desperdício de energia quando os elevadores se encontram

CASOS PRÁTICOS

parados, em modo standby, todos, utilizadores ou não, direta ou indiretamente, ganharíamos com tal facto.

Caso 1. a potência que consome em standby e obteve-se um valor de 183 W. Com base na informação recolhida junto do administrador do condomínio estimou-se que o elevador pode ser desligado durante 11.5 horas por dia, à noite das 23 horas às 6.30 horas, durante o dia das 9.30 às 11 e das 14.30 às 17 horas. Com base neste perfil de necessidades de utilização, com a aplicação do sistema LESS o potencial de poupança será de 768,14 kWh/ano. Caso 2. Edifício também residencial, com dois elevadores a trabalhar

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Num edifício residencial com apenas um elevador, mediu-se

Sentimos a modernização de elevadores como uma imagem de marca Elevis é uma empresa especialista no ramo dos elevadores, apresentamos soluções, com a instalação de todos os tipos de elevadores e plataformas elevatórias, assim como, soluções em mobilidade reduzida.

em grupo e com uma potência consumida em standby de 237 W por elevador, obteve-se o perfil de utilização da Figura 3, ou seja, o potencial de tempo para desligar os elevadores é de: ›

10 horas/dia para o elevador 1;

18 horas/dia para o elevador 2.

o que se traduz num potencial de poupança de consumo de energia em standby de 1.557 kWh/ano para o elevador 2 e 865 kWh/ano para o elevador 1, ou seja 2.422 kWh/ano no conjunto dos dois elevadores. Conforme se pode verificar em ambos os casos, há uma poupança significativa de energia, o que torna o sistema economicamente viável. De notar que estes valores de poupança de energia poderão ser inferiores, pois o sistema monitoriza em permanência a atividade dos botões de piso por forma a se for necessário

Elevis Elevadores Rua Professor Egas Moniz, Lote 5, R/C Drtº 8005-272 Montenegro Faro


Normalização

Caminhos da Normalização Europeia José Pirralha

Interpretations

Presidente da CT 63 – Elevadores, escadas mecânicas e

EN81-1

tapetes rolantes

EN81-1/A1

Standardization Guides ISO GESR's & GSP's Legal Requirements

EN81-1/A2 EN81-1/A3

Falar hoje de Normalização em Portugal, EN81-2

mais não é, salvo honrosas excepções, do

EN81-20

Revision Process EN81-50

EN81-2/A1

que falar em Normalização Europeia.

EN81-2/A2 EN81-2/A3

Num tempo de globalização e de interna-

New Technologies & State-of-the-art

cionalização das economias, as Normas

Users' Requirements, Comments & Input

assumem-se cada vez mais como instrumentos fundamentais para a competitividade, ao mesmo tempo que exercem uma grande influência na sociedade, em es-

A elaboração das Normas Europeias assen-

bremos o conceito de Norma Harmonizada,

pecial em matérias de segurança e bem-

ta num conjunto de princípios basilares, tais

desde logo por se tratar de uma Norma

estar dos cidadãos, eficácia das redes,

como:

Europeia aprovada com base num pedido

interoperabilidade, ambiente, segurança

coerência;

apresentado pela Comissão, tendo em vista

e condições de trabalho, acessibilidades,

transparência;

a aplicação de legislação da União em ma-

entre outros.

abertura;

téria de harmonização.

consenso;

A crescente difusão do comércio inter-

aplicação voluntária;

É este o mecanismo que vertido para a

nacional, deu às Normas Europeias uma

independência;

Directiva 95/16/CE, conduz aos mecanis-

relevância cada vez maior, alargando-se à

eficiência.

mos de colocação no mercado, no caso à

escala global.

chamada presunção de conformidade, isto Embora considerando a importância destes

é, para que um ascensor seja colocado no

Para tal, muito tem contribuído o chamado

princípios como um todo, permitimo-nos

mercado, é condição suficiente que se-

"Vienna Agreeement" acordo pelo qual o

destacar dois deles, justamente a transpa-

jam cumpridas as Normas Harmonizadas

CEN e o ISO se comprometem a estabelecer

rência (o processo de elaboração/aprova-

aplicáveis.

formas de cooperação técnica e institucio-

ção requer a participação dos organismos

nal de tal forma que as Normas produzidas

nacionais) e o facto das Normas serem de

adquiram cada vez mais o estatuto global.

aplicação voluntária.

É com base neste acordo, que deu os pri-

Nesta abordagem, e procurando agora uma

encontrar as Normas específicas de ele-

meiros passos há mais de 20 anos e que ao

maior aproximação às Normas que estão

vadores. Tal, como hoje se nos apresen-

longo do tempo tem vindo a ser melhorado,

mais próximas do setor de elevação, va-

tam as Normas EN 81-xx, estão estru-

que hoje uma parte significativa das Nor-

mos deter-nos sobre a família de Normas

turadas em 8 grupos, verificando-se ao

mas se apresentam como EN ISO.

EN 81-xx.

longo dos últimos anos uma atualização

Nesta linha e com o objectivo de melhorar

Antes de olharmos com algum detalhe

tes com vista a enquadrá-las de forma

a produção de Normas foi recentemente

para esta família de Normas, que como to-

coerente.

publicado e entrará em vigor em janeiro de

das as famílias tem uma estrutura e de cer-

2013 o novo regulamento europeu para a

ta forma uma hierarquia, é necessário que

De forma simplificada podemos apresentar

Normalização (n.o 1025/2 de 25.10.2012),

reavivemos alguns conceitos.

os 8 grupos do seguinte modo:

A FAMÍLIA DE NORMA EN 81-XX É nesta família de Normas que podemos

de designações das Normas existen-

o qual

estabelece regras para a coope-

EN 81-1x: bases da organização do sistema

ração entre Organizações Europeias de

Entendida a Norma como uma especifica-

e as interpretações;

Normalização (CEN, CENELEC e EPSI), os

ção técnica, aprovada por um Organismo de

EN 81-2x: ascensores para transporte de

Organismos Nacionais de Normalização, os

Normalização reconhecido, para aplicação

pessoas e pessoas e mercadorias;

Estados-Membros e a Comissão para a ela-

repetida ou continuada, cuja observância

EN 81-3x: elevadores destinados a trans-

boração de Normas Europeias.

não é obrigatória, é importante que relem-

porte de mercadorias (exclusivamente);

8

elevare


Normalização EN 81 Family of Standards

EN 81-4x

EN 81-1x

EN 81-2x

EN 81-3x

Basics & Interpretations

Lifts for Transport of Persons & Goods

Lifts for Transport of Goods only

Special Lifts for Transport of Persons & Goods

EN 81-5x

EN 81-6x

EN 81-7x

EN 81-8x

Evaluations

Documentation for Lifts

Particular Applications Persons & Goods

Existing Lifts

(TR) 10:2008

1:2009

3(0):2008

40:2008

50

60

70:2003

80:2003

System of EN81 Series of Standards

Passenger & Goods/Passenger Lifts-Electric

Service Lifts

Stairlifts & Inclined Lifting Platforms

Calculations & Tests of Lift Components

Technical File & Instruction for passenger lifts

Accessibility for Persons with Impaired Mobility

Improvement of Safety of Existing Lifts

(TS) 11:2011

2:2009

31:2010

41:2010

51

61

71:2005

81

Interpretations

Passenger & Goods/Passenger Lifts-Hydraulic

Accessible Goods-only Lifts

Vertical Lifting Platforms

Type Examination of Lifts

Technical File & Instruction for goods lifts

Vandal Resistant Lifts

Modernization of Lifts

12

7

43:2009

58:2000

68

72:2003

(TS) 82:2008

Procedures for risk Assessment

Rack and Pinion Lifts

Lifts for Access to Workplaces

Landing Door Fire Test

Remote Monitoring

Firefighters Lifts

Accessibility Improvement of Existing Lifts

20

73:2005

(TS) 83:2009

Passenger & Goods/Passenger Lifts

Behavior of Lifts in the event of Fire

Vandal resistance Improvement of Existing Lifts

21:2009

(TS) 76:2011

Passenger Lifts in Existing Buildings

Use of Lifts for the Evacuation of Disabled

Legend: Published (year of the latest)

22

Under revision

Passenger Lifts, Inclined

In development Possible future development

77 Lifts Subject to Seismic Conditions

28:2003 Remote Alarms for Lifts

EN 81-4x: elevadores especiais para o

ropa, tais como

transporte de pessoas e mercadorias;

Association, ELCA - European Lifts Com-

EN 81-5x: verificações, cálculos e testes;

ponents Association, EFESME - European

EN 81-6x: documentação;

Federation Elevator Smal and Medium

A comprovar o interesse dos diferentes

EN 81-7x: aplicações particulares:

Enterprise, NBL - Notified Bodies Lifts e

interessados está o gigantesco núme-

Comissão Europeia;

ro de comentários apresentados quer

os trabalhos da ISO/TC 178 e a harmo-

no que refere ao pr EN 81-20 – 3268 co-

No quadro de Normas da família EN 81-xx,

nização internacional de Normas (Viena

mentários, quer no que diz respeito ao

existem Normas publicadas ( 16 em 31),

agreement);

pr EN 81-50 – 620 comentários.

EN 81-8x: ascensores existentes. ›

Normas em revisão (4), Normas em desenvolvimento ( 5) e Normas em previsão (6).

ELA - European Lift

em abril de 2012 e estão neste momento em apreciação os comentários apresentados.

a resposta às novas tecnologias e a atualização do estado da arte.

Todo este material está a ser consolidado e analisado pelos diferentes grupos Ad Hoc

Uma nota de destaque para duas das

Este é, no essencial, o conjunto de razões

Normas em desenvolvimento, exatamente a

que determina a necessidade de tão profun-

EN 81-20 e a EN 81-50, sobre as quais falare-

da mudança.

mos mais adiante e a previsão de que está em

criados para o efeito. Esta avalanche de comentários irá atrasar certamente o calendário previsto, o qual

agenda a preparação de uma Norma para a

Para lá das alterações do conteúdo pro-

previa o lançamento do voto formal em

modernização de ascensores (N 81-81).

priamente dito, a primeira alteração digna

março de 2013 com publicação pelo CEN

de registo é de estrutura, à estrutura das

em setembro de 2013 e entrada em vigor

Normas EN 81-1/2:1998+A3:2009, separan-

em 2016.

A REVISÃO DA EN 81-1/2:1998+A3:2009

do o que é matéria normativa propriamente

A revisão da EN 81-1/2:1998+A3:2009 está

dita e o conjunto de verificações, exames e

Todavia, face à dimensão da tarefa está a

em curso e é, sem dúvida, a mais impor-

ensaios.

ser considerada a sua nova calendarização,

tante alteração normativa no setor nos úl-

estimando-se o lançamento do voto formal

timos 25 anos, quer pelo alcance quer pelo

Surgem assim, duas novas designações a

para janeiro de 2014 e a publicação em ju-

forte impacto para a indústria.

que nos vamos ter que habituar, EN 81-20-

nho do mesmo ano.

incluindo os ascensores elétricos e hidráuNa base da decisão do CEN de por ombros a

licos e a EN 81-50- referente aos exames

Como tal a entrada em vigor aponta agora

tal tarefa estão as seguintes razões:

e ensaios, também válida para ascensores

para junho 2017.

elétricos e hidráulicos.

a existência de um número significativo de interpretações (mais de 80);

› ›

Pese embora possa parecer um prazo lar-

o facto de desde 1998, se terem já reali-

Para quando podemos esperar a publicação

go, a verdade é que a natureza das altera-

zado três emendas à Norma, A1 ,A2 e A3;

e entrada em vigor da EN 81-20 e EN 81-50?

ções introduzidas recomenda que se come-

o Input de diversos organismos na Eu-

Os projetos foram submetidos a inquérito

ce a trabalhar o quanto antes.

elevare

9


Qualidade, segurança e ambiente

A Preocupação Ambiental na Produção, Instalação e Manutenção de Elevadores Eng.º Nuno Carneiro Responsável do Departamento de Qualidade, Ambiente e Segurança, Schmitt Elevadores, Lda.

Os impactes ambientais nos processos de produção, instalação e manutenção de elevadores são hoje uma preocupação de todas as empresas ligadas a este setor de atividade. É por isso, do maior interesse das organizações, que sejam definidas e implementadas estratégias ambientais que permitam um crescimento sustentado e a melhoria da qualidade de vida.

exemplo, cursos de água, solo, envolvente

tos) e a uma menor produção de poluentes.

natural e humana), as diversas matériasprimas utilizadas, os processos e os pro-

É por isso muito importante que as empre-

1. DESENVOLVIMENTO

dutos fabricados, os resíduos produzidos

sas industriais definam estratégias de elimi-

Os impactes ambientais resultantes das

e o próprio ciclo de vida do produto, assim

nação e redução de poluentes diretamente

atividades industriais são atualmente reco-

como a reutilização dos materiais após o

nas fontes emissoras. Esta atuação pode

nhecidos, por todos, como problemas gra-

seu final de vida, entre outros.

consistir no desenvolvimento de atividades

ves e com importantes implicações para a

que promovam a redução de desperdícios,

saúde pública e para a gestão dos recursos

a conservação dos recursos naturais, a

naturais e energéticos.

eliminação ou redução de substâncias químicas que prejudiquem o ambiente, a diminuição da quantidade de resíduos produzidos, e como consequência, a diminuição dos impactes com poluentes que são lançados para o ar, solo e águas.

A implementação de legislação e de normas ambientais, cada vez mais restritivas, Uma vez que não existem processos de

e a criação de mercados mais competitivos

fabrico isentos de impactes ambientais, as

exige que as empresas sejam mais eficien-

atividades industriais estão inteiramente li-

tes, quer do ponto de vista produtivo quer

gadas a uma maior ou menor degradação

do ponto de vista ambiental, assim como

do meio ambiente, assim como da qualida-

das condições de segurança e qualidade no

de de vida das pessoas.

trabalho.

O impacte ambiental varia mediante o tipo

Assim, e de forma sustentável, o aumento

A indústria de fabrico, instalação e de ma-

de indústria, pelo que devemos ter em con-

da produção industrial deve estar aliado a

nutenção de elevadores está assim en-

sideração a zona de implantação (como por

uma redução de gastos (otimização de cus-

globada nas atividades que apresentam

10

elevare


Qualidade, segurança e ambiente impacto no meio ambiente e na qualidade

de vida. Para evitar as consequências dos impactes

Boas práticas de gestão: ›

Controlo de inventários;

Formação dos trabalhadores;

ambientais gerados por este tipo de empre-

Gestão racional dos materiais e produtos, água e energia;

sas industriais, tornou-se prioritário definir

Prevenção de fugas e derrames.

e implementar medidas que permitam reduzir e, se possível, eliminar as fontes po-

luentes de forma preventiva.

Reciclagem externa: › ›

Reduções de emissão e resíduos; Redução do consumo de água e energia;

2. A PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL

NA INDÚSTRIA DE PRODUÇÃO, INSTALAÇÃO E MANUTENÇÃO DE ELEVADORES

Melhor utilização de matérias-pri-

A estratégia ambiental das empresas de

mas (eco-eficiência).

Produção, Instalação e Manutenção de Ele-

Reformulação dos produtos e a sua

vadores passa por:

A redução dos impactes ambientais nos

substituição:

processos de produção, instalação e de

Eco-design – alterações ao nível do de-

Substituição de produtos mais ade-

sign dos produtos promovem uma re-

manutenção dos elevadores deverá ser

quados, ambientalmente, ao ciclo

dução do impacte ambiental associado

desenvolvida através de uma estratégia

de vida do produto;

ambiental, que tem sido considerada como

Equipamentos de elevada poupança

um fator essencial para o desenvolvimen-

de energia e devidamente certifica-

to das empresas deste setor de atividade,

dos como equipamentos com efici-

na medida em que permite atingir melho-

ência energética – Classe A.

(reciclagem e a reutilização); ›

Boas práticas – Certificação Ambiental das empresas pela Norma ISO 14001 ou EMAS;

Melhoria de processos – adoção de me-

rias ambientais e ao mesmo tempo refor-

didas de eficiência energética (poupar

çar a sua competitividade no mercado dos

água, eliminar/minimizar a produção de

elevadores.

resíduos, otimizar os ciclos de consumo de energia, alterar a logística interna e externa, entre outros); ›

Restruturação de processos – a modificação parcial ou geral das tecnologias utilizadas para fabrico dos produtos, assim como dos processos de fabrico (substituindo tecnologias antiquadas por outras ambientalmente mais responsáveis, como por exemplo, a elimi-

A estratégia ambiental que as empresas

nação de linhas de pintura manual com

possam definir, não se prende apenas na

tintas de base solvente por linhas auto-

questão de mudança de tecnologias, mas

máticas de pintura electroestática que

A preocupação e a estratégia ambiental en-

sobretudo nas atitudes e comportamentos

permitem melhorias consideráveis em

contram-se normalmente definidas na Po-

que vão permitir às empresas deste setor

termos de impactes ambientais;

lítica de Ambiente e significam a aplicação

tornarem-se mais eco-eficientes, contri-

contínua de melhorias a produtos e proces-

buindo assim para um Desenvolvimento

as bases técnicas para a definição dos

sos industriais de forma preventiva e inte-

Industrial Sustentável.

limites de emissões permitidos para

Melhores técnicas disponíveis – são

cada tipo de atividade e que permi-

grada, para reduzir ou minimizar os impac-

tem diminuir os consumos de energia,

tes para a saúde humana e para o ambiente,

de matérias-primas e de produção de

bem como os custos de produção, através

3. CONCLUSÃO

da utilização mais eficiente das matérias-

A forma como as empresas convivem com

-primas, energia e água, permitindo pou-

a questão do Desenvolvimento Sustentável,

panças nos custos de gestão das emissões

passa a ter uma resposta na Eco-eficiência.

tratamento e valorização de resídu-

e nos resíduos gerados.

Entende-se como Eco-eficiência, as ativida-

os e emissões produzidas pelas em-

des e esforços que uma organização de-

presas permitem incrementar a sua

As opções da adoção de uma Política Am-

senvolve para otimizar (redução na fonte)

eco-eficiência;

biental, passam nomeadamente por:

a utilização dos recursos naturais (água,

resíduos; ›

Tratamento e valorização internas – o

Valorização externa de resíduos – o

energia, matéria-prima, entre outros), com

tratamento e a valorização dos resídu-

Alteração do processo para a pre-

a finalidade de reduzir o impacte ambiental

os devem ser efetuados por empresas

venção e minimização de resíduos e

e com o objetivo de ter resultados benéfi-

devidamente licenciadas para a gestão

emissões.

cos a nível ecológico e económico.

de resíduos.

elevare

11


Notas técnicas

Integração do Projeto de Elevadores em Edifícios João Paulo Rocha Eng.o Técnico de Eletrotecnia Técnico Responsável de Projetos de Instalações Especiais

1. INTRODUÇÃO

sores, uma vez ser o tipo de elevador de

O conceito geral do projeto de elevador em

uso mais corrente sendo responsável por

edifício é adequar uma instalação, neste

cerca 92% das instalações em exploração

caso um elevador, a um edifício com uma

em Portugal.

determinada utilização, tendo em conta as necessidades na data da sua conceção e futuramente, com o objetivo de na data de en-

2. ENQUADRAMENTO

trada em exploração este ainda esteja atual

É necessário deixar bem claro que não se

e capaz de se adaptar a necessidades futu-

deve confundir projeto do ascensor em edi-

ras. Para além da função do edifício, outra

fícios, com o projeto do ascensor enquan-

preocupação a levar em consideração, é

to equipamento. Teoricamente, o segundo

adequar as instalações à legislação e nor-

seria a consequência do primeiro. Porém

malização aplicável, mas também à legis-

na prática o projetista do ascensor em edi-

lação futura. Assim na conceção do projeto

fícios define as condições que se adequa à

Figura 1. Elevador do Peneco Albufeira.

do elevador este não deve ser dimensiona-

utilização e ao edifício. O segundo passo fica

Arq.o João Castro Ferreira.

do como um equipamento autónomo, mas

reservado aos fabricantes dos elevadores

como um equipamento a ser incorporado

que desenvolverão um projeto de porme-

numa construção e, por consequência, de-

nor do equipamento e finalmente o proje-

vidamente adaptado.

tista enquanto representante do proprietá-

2.1. Estudo de Tráfego

rio deverá validar a solução desenvolvida

Para o desenvolvimento do estudo de tráfe-

Na especialidade dos elevadores há que ca-

pelo fabricante. No desenvolvimento do

go é necessário obter as seguintes informa-

tegorizar os equipamentos na sua função

projeto do ascensor o primeiro passo será

ções sobre o edifício:

de transporte:

conhecer a utilização do edifício, efetuar o

Tipo de Utilização;

Pessoas;

estudo de tráfego e a qualidade de serviço

Curso do transporte vertical;

Mercadorias.

pretendida.

População a transportar.

Nestas categorias ainda podemos subcate-

O estudo de tráfego definirá os seguintes

Tendo como base as fórmulas de probabili-

gorizar o transporte de pessoas da seguin-

aspetos do projeto de ascensores:

dade de operação do transporte vertical de

te forma:

Quantidade de ascensores;

pessoas, determinamos o ciclo de rotação

Ascensores;

Lotação/carga nominal;

tendo em conta as caraterísticas principais

Monta-camas;

Velocidade de transporte.

do ascensor (sistema de tração, capacida-

Monta-carros.

de de transporte das cabinas tipo de porta, Como resultado do estudo de tráfego deve-

largura da porta, velocidade da cabina, nú-

A categoria de equipamentos de transporte

rão ser apresentadas várias soluções que

mero de paragens e curso).

de mercadorias também se pode subdividir

serão aplicadas na fase seguinte. A etapa

nas seguintes subcategorias:

seguinte será integrar os resultados do es-

A partir do ciclo de rotação é possível de-

Plataformas;

tudo de tráfego ao projeto do edifício.

terminar os parâmetros que avaliam o de-

Monta-Cargas;

Monta-pratos.

sempenho dos ascensores, a saber: Para concluir, o documento técnico do pro-

Neste artigo, dada a extensão do tema, abordaremos apenas o projeto de ascen-

12

elevare

Intervalo Máximo do Piso Principal – IMP;

jeto é necessário confirmar a adequação regulamentar da integração do elevador no

Capacidade de Transporte – T5;

edifício.

Qualidade de Tráfego – QT;


Notas técnicas 2.1.1. Intervalo Máximo do Piso Principal – IMP

cia (IMP). Em função do tipo de edifício, este

Mecânica;

Intervalo Máximo do Piso Principal (IMP) é o

curso médio é um valor ponderado do cur-

Segurança;

tempo médio entre as partidas sucessivas

so total percorrido pelos ascensores. Nor-

Acústica;

das cabinas do piso principal. Este parâme-

malmente os valores considerados para o

Gestão Técnica Centralizada.

tro é determinante para se definir o número

curso médio são os seguintes:

de ascensores a instalar.

Habitação: 50% do curso total;

Destas especialidades, a arquitetura é a de

Escritório: 75% do curso total;

maior exigência no processo de integração,

A avaliação do IMP será efetuada de acordo

Hotel: 55% do curso total;

porque é a arte de maior relevância que es-

com estes limites:

Hospital: 75% do curso total.

tuda o edifício, de forma a desempenhar a

› › › ›

25 segundos no máximo para uma qua-

sua função. As restantes especialidades,

lidade de serviço excelente;

As paragens prováveis é um fator determi-

na sua essência, devem tentar adaptar-se

32 segundos no máximo para uma qua-

nante para a definição do tempo de espera

às condicionantes definidas pela arquitetu-

lidade de serviço bom;

e na capacidade de transporte (T5). As pa-

ra. Recordo que o objetivo é construir um

40 segundos no máximo para uma qua-

ragens prováveis são calculadas em função

edifício.

lidade de serviço satisfatório;

do tipo de utilização do edifício e o número

50 segundos no máximo para uma qua-

de pisos existentes. Normalmente os valo-

2.2.1. Arquitetura

lidade de serviço sofrível;

res considerados para o curso médio são

A integração do ascensor na arquitetura re-

os seguintes:

leva-se importante nos seguintes aspetos:

Habitação: 2 x CME (Capacidade média

Dimensões;

de utilizadores por ascensor);

Acessibilidade;

2.1.2. Capacidade de Transporte – T5 A capacidade de transporte é o número de pessoas a transportar pela solução em es-

Escritório: 75% do curso total;

tudo, em 5 minutos.

Hotel: 55% do curso total;

2.2.1.1. Dimensões

Hospital: 100% do curso total;

Na conceção do ascensor as dimensões são normalmente o aspeto que origina uma

2.1.3. Qualidade de Trafego – QT A Qualidade de Trafego – QT é a percen-

2.2. Integração do ascensor no edifício

maior preocupação, pois é o que mais inter-

tagem de população do edifício acima do

O aspeto determinante para a melhor inte-

fere com o próprio programa do edifício. Na

piso principal, que pode ser transportada

gração do ascensor ao edifício, será em que

maioria das situações, os programas são

em 5 minutos pela bateria de ascensores.

fase do projeto se efetua esta integração,

tão exigentes que uma pequena área pode-

Recomenda-se:

isto é, quanto mais cedo, mais fácil será e

rá obrigar a refazer um projeto por com-

1 a 15% para um edifício sem tráfego

por consequência, melhor será a solução

pleto. As dimensões são determinadas pela

importante;

encontrada. Com os resultados do estudo

capacidade de transporte, sistema de tra-

15 a 25% para um edifício com tráfego

de tráfego, o mais certo é termos mais do

ção, sistema de abertura das portas (cen-

importante.

que uma solução de possível aplicação. Em

tral ou lateral). Neste aspeto, o que suscita

conjunto com a restante equipa de projeto,

sempre discussão é a dimensão da caixa do

serão avaliadas as várias soluções, pon-

elevador nos três eixos, incluindo também

cálculo deve ainda levar em conta as se-

deradas as vantagens versus as desvanta-

a dimensão do poço e do extra curso supe-

guintes considerações:

gens. Na maioria das situações os aspetos

rior. Com o aparecimento dos ascensores

Tipo de edifício;

mandatários serão o espaço disponível, o

sem casa das máquinas a problemática da

Fator de ocupação da cabina;

grau de qualidade de serviço pretendido e

integração destes espaços têm vindo a des-

Curso médio;

o custo.

parecer, porém, quando existem devem-se

Paragens prováveis.

A partir dos parâmetros de IMP, T5 e QT, o

ter em consideração nomeadamente o péComo resultado da integração, será a defi-

direito e o sentido de abertura da porta.

Para o tipo de edifícios há quatro categorias:

nição das caraterísticas do ascensor a ins-

Habitação – Utilização mediana;

talar nomeadamente as seguintes:

2.2.1.2. Acessibilidade

Serviços (escritórios e comércio) – Utili-

Sistema de tração;

Nos dias de hoje, revela-se de alguma im-

zação Elevada;

Estrutura;

portância a garantia das acessibilidades a

Hoteleiro – Utilização acima da média;

Caixa;

pessoas de mobilidade reduzida. Com o au-

Hospital – Utilização muito elevada.

Cabine.

mento da esperança de vida e a queda da natalidade origina o aumento da percenta-

O fator de carga é a percentagem da car-

A integração do ascensor leva com que

gem de população idosa, com dificuldade

ga nominal que, em média á transportada

o respetivo projeto interfira com as res-

de locomoção e sem apoio parental/fami-

numa viagem, que para efeito de calculo é

tantes especialidades, nomeadamente as

liar. Dai a necessidade, na fase de projeto, de

considerado 80% da carga nominal.

seguintes:

precaver estas situações e alertar os pro-

Arquitetura;

motores para esta realidade. Ressalve-se

O curso médio é um dado utilizado na defini-

Estruturas;

que, ultimamente, no segmento dos promo-

ção do tempo de espera no piso de referên-

Eletricidade;

tores de individuais, moradias unifamiliares,

elevare 13


Notas técnicas tem crescido a procura da instalação de as-

estruturais, como por exemplo lintéis. Nas

ção da cabine e em alguns casos a casa das

censores destinados para esse fim.

situações em que há utilização dos espaços

máquinas.

abaixo do último piso de paragem do ascensor, é necessário que a estrutura do poço

2.2.6. Segurança Contra incêndios

seja sobredimensionada para suportar os

A integração da segurança contra incên-

esforços em queda do contra peso.

dio incide essencialmente dos seguintes aspetos:

2.2.3. Eletricidade

Isolamento ao fogo;

Sendo o ascensor uma máquina eletrome-

Sinalética;

cânica teremos de garantir a disponibilidade

Equipamento de uso dos bombeiros.

de energia elétrica suficiente para alimentar estes equipamentos. No passado recen-

O isolamento ao fogo aplica-se na casa das

te, era habitual existir na data de arranque

máquinas e na caixa do elevador. À luz da

da instalação problemas com disponibili-

legislação de segurança contra incêndio, as

No entanto, temos verificado algumas fa-

dade de potência elétrica para alimentar o

casas das máquinas devem ser isoladas ao

lhas ao nível do projeto, mais uma vez na

ascensor, por um lado motivado por falta

fogo com uma classe resistência ao fogo de

restrição ao mínimo das dimensões da

de coordenação e por outro pelas potências

60 minutos e portas pára-chamas 30 minu-

cabine, levando que não permitam ser uti-

elevadas dos motores. Nos dias de hoje,

tos com sistema de fecho automático.

lizados por aqueles que mais necessitam.

já são pouco frequentes estes problemas,

O exemplo da falha mais frequente é a ca-

porque há uma maior coordenação na fase

A caixa do elevador deverá ser isolada ao

bine não ter as dimensões que permitam o

de projeto e pelo desenvolvimento tecnoló-

fogo com classe de resistência ao fogo

transporte de uma pessoa em cadeira de

gico as potências destes equipamentos têm

30 minutos e portas pára-chamas 15 minu-

rodas.

diminuindo.

tos, nos casos dos edifícios de altura até 28

Recentemente, deparei-me com um projeto

Também é necessário garantir níveis mí-

mento ao fogo deverá ser 60 minutos e as

de remodelação de uma moradia, em que

nimos de iluminação para os acessos aos

portas pára-chamas 30 minutos. As portas

uma das preocupações do promotor era

elevadores, à casa de máquinas e à caixa do

devem ser sempre dotadas de sistema de

a instalação de um ascensor. Quando foi

elevador.

fecho automático. O isolamento ao fogo,

minutos. Para os restantes casos, o isola-

pode ser dispensado sempre que os eleva-

apresentado o projeto arquitetura, a conceção do elevador foi dado como facto consu-

Nas situações onde seja necessário prever

dores apenas sirvam o mesmo comparti-

mado e estava de acordo com a legislação.

um ascensor de uso de bombeiros, deve-se

mento corta-fogo.

Dado que era uma remodelação, a cabine

ainda prever a alimentação de emergência

possuía portas a 90° e com as dimensões

e as respetivas canalizações resistentes ao

Junto ao acesso dos elevadores, deve ser

mínimas regulamentares de 1,1 x 1,4 m (Fi-

fogo.

afixado uma sinalética com a indicação de não utilização em caso de incêndio.

gura 2). Porém, continha uma falha grave, que iria comprometer a utilização do eleva-

2.2.4. Hidráulica

dor por pessoas em cadeira de rodas: numa

Na hidráulica, os aspetos a considerar na in-

Os edifícios com altura superior a 28 me-

situação de portas a 90°, a dimensão de 1,1

tegração estão relacionados com as redes

tros ou com mais de dois pisos abaixo do

metros de largura não permite a rotação da

de água, nas seguintes situações:

plano de referência, devem ser dotados de

cadeira de rodas no seu interior.

Drenagem de água no poço do ascen-

um ascensor para uso dos bombeiros. Nes-

sor, quando os níveis freáticos estão

tas situações, à que ter a preocupação para

muito próximos;

as seguintes condições:

Drenagem das águas pluviais nos pata-

Ao

nível

de

acessibilidades

deve-se

considerar: ›

Botões que tenham indicação luminosa e inscrições de alto-relevo em braille;

dos bombeiros em caso de incêndio;

mares, quando no exterior; ›

Garantir que não há passagem de con-

sistema de chamada para uso exclusivo

capacidade e dimensão adequada quan-

Registo do piso de destino;

dutas ao atravessar no interior da casa

do utilizado para apoio da evacuação de

Indicação numérica luminosa e sonora

das máquinas;

acamados;

Saídas desobstruídas.

do piso de paragem;

resgate dos ocupantes;

2.2.5. Mecânica

velocidade de transporte;

Nas instalações mecânicas, as interferên-

sistema de intercomunicação com o posto de segurança;

2.2.2. Estruturas

cias são inexistentes, exceto na necessidade

Nas estruturas, a preocupação que tere-

de ventilação da casa das máquinas e caixa

caixa do elevador independente;

mos de ter serão basicamente o seu dimen-

do elevador. Em casos mais particulares,

índice de proteção à penetração de líqui-

sionamento para suportar os esforços que

como por exemplo ascensores panorâmi-

os ascensores irão transmitir ao edifício

cos com exposição ao exterior, será neces-

e que o poço não coincida com elementos

sário verificar a necessidade de climatiza-

14

elevare

dos do equipamento elétrico; ›

sistema de drenagem de água no poço do elevador.


PUB

2.2.7. Acústica Na integração do ascensor é necessário conhecer o nível de ruído produzido pelo ascensor de forma que o estudo do comportamento acústico esteja considerado. Normalmente, esta preocupação é relevante nos casos em que a casa das máquinas está próxima de quartos. Nas situações dos edifícios de habitação esta problemática é reduzida quando a casa das máquinas está instalada no piso inferior. 2.2.8. Gestão Técnica Centralizada Atualmente, é comum os edifícios serem dotados de sistemas de Gestão Técnica Centralizada - GTC. Neste caso faz todo o sentido que os ascensores comuniquem com a GTC, transmitindo várias informações como: ›

Posição;

Carga;

Consumo de energia;

Estado;

Alarmes.

Consolas de diálogo

Para que esta interligação seja possível é necessário que o ascensor esteja concebido com um protocolo de comunicação, configurado para transmitir a informação respetiva. Mesmo num ascensor sem sistema de comunicação por protocolo é sempre possível transmitir alguma informação através de

Tecnologia Wireless em Automação

replicação de contactos dos vários estados do ascensor. Os objetivos da interligação dos ascensores à GTC passa por melhorar a eficiência energética e aumentar a disponibilidade de exploração, reduzindo as intervenções de manutenção.

3. CONCLUSÃO

E/S Remotas IS1

Barreiras de Segurança Intrínseca

O projeto do ascensor, como qualquer outro, deve ser uma antevisão das necessidades pelo que se deve estar preocupado por utilizar mais tecnologias, mas sempre devidamente fundamentadas. O documento técnico que compõe o projeto deve ser incorporado com uma maior informação e detalhe de forma a caraterizar devidamente o ascensor. De maneira geral o projeto é um elemento chave para suces-

Interruptores Fins de Curso em caixa de derivaçãoInterruptores de Pé

so da construção de um edifício e o do ascensor não foge a esta regra, porém requer que sejam tomadas medidas na elaboração do projeto na fase em que se faz a integração com as restantes especialidades. Esta integração deverá ser iniciada o mais cedo possível. É importante o acompanhamento da obra pelo autor do projeto e mesmo após o edifício entrar em exploração. Este será um processo de onde se podem retirar muitos ensinamentos.

Equipamento de Medida e Controlo

Os cuidados com a segurança são os mais importantes, mas atualmente, cada vez mais faz sentido ter em consideração outros aspetos como a eficiência energética e as intervenções para manutenção, pois são pilares para se obterem edifícios mais sustentáveis e assim contribuir para um desenvolvimento sustentável.

AVControlo - Material Eléctrico, Lda. Centro Empresarial AAA - Rua Ponte de Pedra - 240 D19 - 4470-108 Gueifães - Maia Telefone: 220 187 283 - Fax: 222 455 240 www.avcontrolo.pt - geral@avcontrolo.pt


Investigação e Desenvolvimento

Impacto dos Variadores Eletrónicos de Velocidade nos Motores e na Rede Elétrica Fernando J. T. E. Ferreira Departamento de Engenharia Eletrotécnica, Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC), Coimbra, Portugal Instituto de Sistemas e Robótica, Universidade de Coimbra (ISR-UC), Coimbra, Portugal , fernandoferreira@ieee.org

Resumo – Os Variadores Eletrónicos de Velocidade, devido às suas

Motors) são tecnologias mais eficientes, estando comercialmente

vantagens técnico-económicas, são cada vez mais utilizados para

disponíveis para a classe IE43, mas ainda assim com uma quota de

controlar a velocidade e o binário dos motores de indução trifá-

mercado muito inferior à dos MIs. Os motores AC síncronos não po-

sicos. Porém, têm também associados alguns aspetos negativos.

dem ser alimentados diretamente da rede, necessitando por isso de

Neste artigo, de uma forma breve, discute-se o seu impacto nos

um controlador eletrónico, exceto se incorporarem uma gaiola de

motores de indução trifásicos e na rede elétrica.

esquilo auxiliar, como é o caso do motor de ímanes permanentes de arranque direto 4 (Line-Start Permanent Magnet Synchronous Motor). Com uma quota de mercado cada vez mais reduzida, os motores de

I. INTRODUÇÃO

Corrente Contínua (Direct Current, DC) com escovas (commutated

Os motores de indução trifásicos com rotor em gaiola de esquilo1

DC motors) são ainda utilizados em algumas aplicações industriais.

(MIs, Figura 1) são o tipo de motor elétrico de Corrente Alternada

Na última década, a utilização de Variadores Eletrónicos de Velo-

(Alternate Current, AC) mais utilizado em acionamentos eletromecâ-

cidade5 (VEVs, Figura 2) tem vindo a aumentar significativamente

nicos industriais com potência nominal superior a 0,75 kW, integran-

para o controlo da velocidade e do binário em motores AC síncro-

do mais de 85% dos mesmos.

nos e assíncronos. Atualmente, na União Europeia, vendem-se mais de 2 milhões de VEVs por ano, dos quais cerca de 95% com potência inferior ou igual a 37 kW. Na sua grande maioria, estes VEVs são constituídos por um retificador de díodos e um inversor de fonte de tensão (Voltage-Source Inverter – VSI) com modulação por largura de impulso (Pulse-Width Modulation – PWM), e vendem-se separadamente dos motores. Todavia, o mercado das unidades integradas (VEV integrado na estrutura do motor) está a crescer na gama de potência de 0,75 a 22 kW.

Figura 1. Motores de indução trifásicos com rotor em gaiola de esquilo.

O controlo eletrónico dos MIs através de VEVs permitiu que estes substituíssem os motores DC com escovas em muitas aplicações

Até setembro de 2012, os MIs só estavam comercialmente dispo-

com necessidade de controlo de velocidade e binário, razão pela

níveis para as classes de rendimento IE1, IE2 e IE3, definidas na 1.ª

qual estes últimos estão a desaparecer do mercado, uma vez que

edição da Norma IEC 60034-30 (2008). Porém, foram recentemen-

os primeiros apresentam vantagens ao nível do rendimento e da

te lançados no mercado europeu MIs de classe IE42. Os motores AC

fiabilidade.

síncronos de ímanes permanentes (Permanent Magnet Synchronous Motors) e de relutância variável (Synchronous/Variable Reluctance

1

3

A classe IE4 está definida no documento de especificações técnicas IEC/

4

Atualmente, a WEG é o único grande fabricante a comercializar este tipo

TS 60034-31 e será incluída na 2.ª edição da Norma IEC 60034-30.

Em português, são também denominados de “motores assíncronos trifásicos com rotor em curto-circuito”. Em inglês, são denominados de “three-phase squirrel-cage induction motors”.

2

16

O lançamento foi feito pela empresa WEG que, até à data, é o único fa-

de motores (modelo WQuattro, disponível de 0,37 a 7,5 kW). 5

No meio industrial, são muitas vezes denominados de “inversores” ou

bricante a comercializar MIs de classe IE4 na gama de 3 a 355 kW (2, 4 e

“conversores de frequência”. Em inglês, são tipicamente denominados

6 pólos). Refira-se que a WEG é um dos maiores fabricantes de motores

de “Variable Speed Drives – VSDs”, “Adjustable Speed Drives – ASDs” ou “Va-

eléctricos a nível mundial.

riable Frequency Drives – VFDs”.

elevare


Investigação e Desenvolvimento Devido às suas vantagens técnico-económicas, os VEVs substituí-

A operação dos ACEs pode ser num ou mais quadrantes, conso-

ram praticamente todas as outras soluções para controlo de velo-

ante o motor opera em modo de motorização, frenagem/geração

cidade (por exemplo, mecânicas e hidráulicas) em processos indus-

e/ou num ou ambos os sentidos de rotação (Figura 4). A possibi-

triais acionados por MIs.

lidade de operação nos segundo e quarto quadrantes (modo de frenagem/geração) depende da bidirecionalidade da transmissão

Os VEVs foram identificados como uma das tecnologias com maior

mecânica (por exemplo, uma engrenagens com sem-fim não é, na

potencial de poupança energética, particularmente em aplicações

prática, bidirecional) e do tipo de controlador eletrónico. Os moto-

de movimentação de fluidos com necessidade de variação de cau-

res podem ainda estar sujeitos a uma carga fixa ou variável. Por

dal/fluxo, nomeadamente, bombas, ventiladores e compressores.

exemplo, em elevadores e guindastes de tração, os ACEs podem

Porém, mesmo nestas aplicações, os VEVs têm tido uma difusão

operar em modo de motorização e de frenagem, em ambos os

lenta.

sentidos de rotação, e o nível de carga pode ser muito variável. Já num sistema de bombagem, a operação é tipicamente num

Em aplicações com operação nos quatro quadrantes (por exemplo,

único sentido de rotação e em modo de motorização, podendo a

elevadores e guindastes), os VEVs com regeneração energética (ca-

velocidade e, consequentemente, o binário (ou carga) ser fixos ou

pacidade de injeção de energia na rede) têm um potencial de pou-

variáveis.

pança de energia ainda maior.

Figura 4. Os quatro quadrantes de operação dos motores.

Figura 2. Variadores eletrónicos de velocidade comerciais.

III. Variação de Velocidade e Binário em MIs De uma forma muito simplificada, nos MIs a variação do binário é

Neste artigo, de uma forma breve, discute-se o impacto dos VEVs

conseguido através da regulação da amplitude da tensão (da qual

na rede elétrica e nos MIs, excluindo-se as já bem conhecidas van-

dependerá o fluxo magnetizante) e a variação da velocidade angu-

tagens técnico-económicas associadas ao controlo de velocidade

lar através da regulação da frequência da tensão. Assim, podem-

e binário.

se ter controladores/reguladores de “tensão variável e frequência fixa” ou de “tensão e frequência variáveis”. Refira-se ainda que, em regime permanente, se pode ajustar o binário (ou o fluxo magneti-

II. ACIONAMENTOS ELETROMECÂNICOS

zante) dos MIs à carga com o objetivo de aumentar o seu rendimen-

De uma forma geral, os acionamentos eletromecânicos (ACEs, Fi-

to e fator de potência.

gura 3), também denominados de sistemas elétricos de força motriz, para além do motor elétrico, integram dispositivos de coman-

Existem várias técnicas para variar a velocidade em MIs, podendo

do e proteção, um sistema de transmissão mecânica (acoplamento

ser divididas em dois grupos: 1) técnicas baseadas na variação do

direto, engrenagens, correias, entre outros) e, opcionalmente, um

deslizamento6; 2) técnicas baseadas na variação da velocidade de

controlador/regulador elétrico/eletrónico do motor (VEV, arranca-

sincronismo.

dor suave, entre outros). Os VEVs podem ser utilizados em ACEs de velocidade constante ou variável, desde que haja necessidade de variar a frequência e amplitude da tensão aplicada ao motor. 6

O deslizamento num MI corresponde à diferença entre a velocidade de sincronismo e a velocidade do rotor. Tipicamente, é expresso em percentagem da velocidade de sincronismo. A velocidade de sincronismo é diretamente proporcional à frequência da tensão e inversamente pro-

Figura 3. Componentes de um acionamento eletromecânico industrial.

porcional ao número de pólos.

elevare 17


Investigação e Desenvolvimento Nas Figuras 5-7, apresentam-se três técnicas para regular a velocidade em MIs com base na variação do deslizamento, nomeadamente, variação da resistência rotórica (só aplicável aos motores de rotor bobinado), variação da amplitude da tensão aplicada aos terminais do motor e alteração do modo de ligação (estrela/ triângulo). Nas Figuras 8 e 9 apresentam-se duas técnicas para variar a velocidade em MIs com base na alteração da velocidade de sincronismo, nomeadamente, alteração do número de pólos (possível em motores de duas velocidades com enrolamentos do tipo Dahlander ou enrolamentos separados/independentes) e variação simultânea da

Figura 7. Regulação de velocidade em MIs através da alteração do modo de liga-

frequência e da amplitude da tensão aplicada aos terminais do mo-

ção dos enrolamentos estatóricos (estrela ou triângulo).

tor (denominado de controlo escalar ou V/f; possível em motores alimentados/controlados por VEVs7).

Figura 8. Regulação de velocidade em MIs através da alteração do número de pólos em enrolamentos do tipo Dahlander (4/8 pólos, binário variável).

Figura 5. Regulação de velocidade em MIs através da variação do valor da resistência rotórica (só aplicável aos motores de rotor bobinado).

Figura 9. Regulação de velocidade em MIs através da variação da amplitude e frequência da tensão aplicada ao motor (controlo V/f).

IV. TÉCNICAS DE ARRANQUE DE MIS Figura 6. Regulação de velocidade em MIs através da variação da amplitude da

Existem várias técnicas de arranque de MIs. Os benefícios associa-

tensão.

dos ao arranque/paragem suave dos MIs são vários, sendo os mais relevantes: a) redução da corrente máxima absorvida pelos motores no período de arranque das plataformas industriais, conduzindo a menores quedas de tensão e a uma menor potência tomada nes-

7

Relativamente às técnicas de controlo eletrónico de MIs implementadas

se período, o que, eventualmente, pode permitir reduzir a potência

nos VEVs com inversores de fonte de tensão (VSI) e modulação por lar-

contratada; b) redução do desgaste mecânico dos motores e dos

gura de impulso (PWM), para além do controlo escalar (Scalar Control),

equipamentos a ele acoplados8, prolongando o seu tempo de vida e

existe também o controlo vetorial (Flux Vector Control ou Field-Oriented Control) e o controlo direto de binário (Direct Torque Control), nos

18

8

Por exemplo, um arranque suave permite estender significativamente o

quais se utiliza a posição/velocidade angular (medida ou estimada) para

tempo de vida das correias, particularmente se a carga tiver uma inércia

o controlo do motor em malha fechada.

relativamente elevada.

elevare


Investigação e Desenvolvimento reduzindo as necessidades de manutenção e/ou reparação; c) possibilidade de se poupar energia durante o processo de arranque dos motores, particularmente se forem utilizados VEVs; d) possibilidade de se aumentar a frequência de paragens/arranques do motor nalgumas aplicações, permitindo poupar energia. A. Motores de uma velocidade Os MIs de uma velocidade (Single-Speed Motors) podem arrancar diretamente da rede (arranque direto; D.O.L. starting), sendo a corrente de arranque e os esforços eletrodinâmicos e mecânicos no motor muito elevados, razões pelas quais este tipo de arranque só

Figura 11. Topologia típica dos arrancadores suaves com dois tirístores em an-

se utiliza tipicamente para motores de potência nominal inferior a

tiparalelo (ou um TRIAC) por fase e respetivas formas de onda da tensão e da

4 kW. No instante inicial do processo de arranque direto, o desliza-

corrente à saída, para um determinado ângulo de disparo dos tirístores.

mento é de 100%, decrescendo até ao valor final em regime permanente, que depende do nível de carga e do modelo do motor (nor-

O arranque dos MIs com VEV é o mais suave e eficiente, permitindo

malmente inferior a 10%). Durante este tipo de arranque, apesar de

manter o deslizamento num valor muito próximo do nominal ao

ser relativamente rápido, as perdas por efeito de Joule no rotor e no

longo de todo o processo, garantindo simultaneamente um biná-

estator são muito significativas.

rio elevado e uma corrente relativamente baixa (Figura 9). Assim, as perdas no motor durante o processo de arranque com VEV são

O arranque estrela-triângulo (com um sistema de 3 contactores)

muito menores do que as que nele ocorrem com outros métodos.

permite reduzir a corrente e o binário em cerca de 3 vezes, sendo

No entanto, os VEVs são demasiado dispendiosos para serem uti-

esta técnica largamente utilizada. O deslizamento varia da mesma

lizados apenas para efetuar o arranque/paragem do motor, reco-

forma que no arranque direto, mas em duas etapas distintas. Na

mendando-se a sua utilização só em aplicações que, ao longo do

primeira e segunda etapas, o deslizamento estabiliza nos pontos de

seu ciclo de funcionamento, possam beneficiar técnica e/ou econo-

funcionamento em estrela e triângulo, respetivamente (Figura 7).

micamente com a variação de velocidade.

Os arrancadores suaves (Soft Starters, Figura 10) são reguladores

Refira-se ainda que o binário produzido pelos arrancadores sua-

eletrónicos (conversores AC/AC) que permitem variar a amplitude

ves é muito inferior ao do produzido pelos VEVs no início do ar-

da componente fundamental da tensão (mantendo a sua frequência

ranque, podendo os mesmos não ser adequados para alguns tipos

igual à da rede elétrica) e, dessa forma, controlar o binário do mo-

de cargas (compare-se as Figs. 6 e 9). Com efeito, nos VEVs, sem

tor durante o arranque (Figura 6). Na Figura 11 apresenta-se a topo-

aumentar demasiado a corrente de arranque é possível aumentar

logia típica de um arrancador suave. O arranque com este tipo de

significativamente o binário, uma vez que se consegue controlar o

dispositivo é bastante mais suave e prolongado, do que o feito atra-

deslizamento.

vés dos arranques direto e estrela-triângulo. Ao longo do arranque, o deslizamento varia da mesma forma que o do arranque direto.

B. Motores de duas velocidades O arranque também pode ser feito de forma relativamente suave se o MI tiver dois modos de funcionamento distintos com diferentes velocidades de sincronismo. As soluções comercialmente disponíveis (mais comuns) são os MIs de duas velocidades (two-speed motors) com dois enrolamentos independentes/separados ou com enrolamentos Dahlander. Os enrolamentos separados permitem

Figura 10. Arrancadores suaves comerciais.

qualquer combinação de pares de pólos (por exemplo, 2/4, 4/8, 2/6 e 4/6) enquanto os enrolamentos Dahlander só permitem relações

Todavia, devido à elevada distorção harmónica da tensão e da

de dobro (por exemplo, 2/4 e 4/8). Os motores de enrolamentos

corrente produzida pela grande maioria dos arrancadores suaves

separados ainda são muito utilizados em elevadores residenciais,

comerciais, tanto para o motor como para a rede, não devem ser

embora sejam mais volumosos e pesados do que os de uma veloci-

utilizados para variar a tensão aplicada ao motor em regime per-

dade ou mesmo que os com enrolamentos Dahlander. Nos motores

manente, exceto se os benefícios energéticos e/ou técnicos decor-

de duas velocidades, o binário pode ser aproximadamente cons-

rentes da redução da amplitude da componente fundamental da

tante ou variável para os dois modos de funcionamento, devendo

tensão excederem largamente os aspetos negativos associados às

escolher-se a relação de binário em função da característica mecâ-

perdas do próprio dispositivo e às perdas harmónicas adicionais no

nica da carga a acionar. Nos arranques com este tipo de solução, as

motor, bem como à elevada distorção harmónica da corrente ab-

perdas no motor até se atingir a velocidade final resultam menores

sorvida. Estes dois últimos aspetos constituem a razão pela qual o

que as associadas ao arranque direto, mas maiores que as associa-

arrancador suave é “shuntado” (bypass) após o arranque. No arran-

das ao arranque com VEV.

que dos MIs podem-se também utilizar reguladores de tensão de tecnologia sinusoidal (por exemplo, os dispositivos SinuMEC).

(Continua na próxima edição)

elevare 19


Dossier: qualidade

A Solução do Conceito de Qualidade e a sua Aplicação no Setor dos Elevadores Fernando Maurício Dias Departamento de Engenharia Eletrotécnica do Instituto Superior de Engenharia do Porto. Fundação Politécnico do Porto.

SUMÁRIO O conceito de Qualidade tem evoluído ao longo dos tempos. Atualmente a Qualidade desempenha um papel fundamental na sociedade em geral e nas organizações em particular. A nível da União Europeia a Qualidade temse tornado uma ferramenta de valorização das organizações que, as políticas comunitárias pretendem promover e reconhecer de forma a dotar as empresas, através de um processo de forte responsabilização, de novas competências que promovem a desburocratização e a autonomia em diversos processos.

Na prática uma das formas de "vermos" a

dade tenha sido a "ferramenta" adotada pela

qualidade é a satisfação de uma ou mais

União Europeia como fator determinante

necessidades implícitas ou explícitas por

para a aplicação das Diretivas que respei-

PALAVRAS CHAVE

parte do cliente. É importante ter atenção

tam os princípios da Nova Abordagem e

Qualidade, Sistema de Gestão da Qualidade,

ao facto que a Qualidade depende de fato-

Abordagem Global. A Diretiva Ascensores

Diretivas Comunitárias, Diretiva Ascenso-

res que, se forem alterados, podem modifi-

(95/16/CE) é um exemplo claro da inclusão

res, Nova Abordagem, Abordagem Global,

car a perceção de qualidade. Considerando

da Qualidade na aplicação da Diretiva.

Requisitos Essenciais de Segurança.

o exemplo da compra de um ascensor e, por exemplo, o preço é o fator limitativo, a exigência por parte do cliente relativamen-

2. BREVE ANÁLISE À EVOLUÇÃO HISTÓRICA

1. INTRODUÇÃO

te ao desempenho do produto não será a

DA QUALIDADE

Qualidade é uma palavra que todos estamos

mesma se não houver limites relativamen-

Tendo por base o conceito da Qualidade,

habituados a utilizar, no entanto, uma ques-

te ao preço.

podemos afirmar que o início da "Qualida-

tão se coloca: qual o seu significado, o que representa, como se mede, qual o seu custo.

de" remonta à existência do Homem dado No entanto, também existem definições

que este sempre procurou o que mais se

mais formais para o termo Qualidade. Nessa

adequasse às suas necessidades nas mais

Efetivamente, a palavra Qualidade tem um

perspetiva, nada melhor que a terminologia

variadas vertentes, fossem essas de ordem

significado muito amplo, logo, permite va-

dada pela Norma NP EN ISO 9000:2005 que

material, intelectual, social ou espiritual.

riadíssimas interpretações e adaptações

define qualidade como: Grau de satisfação

a diferentes contextos, por exemplo, fala-

de requisitos dados por um conjunto de ca-

No entanto, a qualidade mais próximo da

mos em qualidade de atendimento, qualida-

raterísticas intrínsecas.

que conhecemos hoje, pode-se dizer que

de do ar, qualidade de vida, qualidade de um

teve o seu início na revolução industrial em

produto, qualidade de um serviço prestado,

É esta particularidade de "grau de satisfa-

Inglaterra através do aparecimento das "fá-

entre outros.

ção de requisitos" que faz com que a Quali-

bricas" que comportavam ferramentas de

20

elevare


Dossier: qualidade trabalho e os primeiros equipamentos de

série com vista a obter grande produtivi-

cos, e outros). No fim da guerra, em 1945,

medição.

dade. No entanto, esta visão revelou-se

escasseavam os bens para a população

Podemos identificar 4 etapas distintas ao

contraproducente, os operários estavam

civil, então, entrou-se num período em que

nível da evolução da Qualidade:

focalizados na produção e a qualidade

a prioridade máxima das empresas passou

Etapa 1 – Inspeção – Qualidade com foco

era relegada para um plano secundário

a ser o cumprimento dos prazos de entre-

no produto;

e centrada exclusivamente no produto.

ga para assegurar uma maior presença no

Etapa 2 – Controlo Estatístico da

A atividade dos inspetores limitava-se à

mercado, mais uma vez a ansia desenfre-

Qualidade – Qualidade com foco no

identificação e quantificação dos produtos

ada em produzir e o aparecimento de no-

processo;

defeituosos que, muitas vezes, resultava

vas empresas sem experiência traduziu-se

Etapa 3 – Garantia da Qualidade – Quali-

em medidas punitivas. As peças defeituo-

numa quebra muito significativa da qualida-

dade com foco no sistema;

sas eram segregadas sem que fosse fei-

de dos produtos.

Etapa 4 – Gestão da Qualidade Total

to um estudo prévio sobre as causas dos

(“Total Quality Management – TQM”).

defeitos.

– –

Nos anos seguintes à 2.a Grande Guerra, o Mundo assistiu a um grande desenvolvimento tecnológico e industrial. Foram

2.1. Etapa 1 – Inspeção – Qualidade com foco

2.2. Etapa 2 – Controlo Estatístico

lançados no mercado, novos materiais e

no produto

da Qualidade – Qualidade com foco

novas fontes de energia principalmente

No final do século XVIII e início do século XIX

no processo

a fornecida pelas centrais nucleares, que

a Qualidade era obtida de uma forma mui-

A segunda etapa tem início devido a signi-

apresentavam requisitos tecnológicos mui-

to diferente da utilizada nos dias de hoje. A

ficativos desenvolvimentos na década de

to exigentes. Estes fatores tecnológicos,

produção era totalmente artesanal e em

1930, referentes à resolução de problemas

associados ao aumento da pressão provo-

pequena escala. Os artesãos e artífices

da Qualidade dos produtos que culminaram

cada pela concorrência, provocaram uma

eram os responsáveis pelo fabrico do pro-

com o surgimento do Controle Estatístico

nova consciencialização que culmina com

duto e pela sua Qualidade final.

de Processos.

a necessidade de uma nova abordagem da

Com o desenvolvimento da industrializa-

Com o crescimento da produção, o modelo

ção, e consequentemente a produção em

baseado na inspeção 100% torna-se caro e

massa, implementou-se um sistema que

ineficaz. É nesta altura que a estatística co-

Entre 1950 e 1960 vários trabalhos foram

tinha por base inspeções, onde um ou mais

meça a ter um papel importantíssimo nas

publicados ampliando o campo de abran-

atributos de um produto eram examinados,

questões relacionadas com a Qualidade no-

gência da Qualidade. Juran, em 1951, dá

medidos ou testados, de forma a assegurar

meadamente na solução de problemas de

relevo à necessidade de “evidências obje-

a sua Qualidade.

controlo da qualidade que, posteriormente,

tivas” e propõe uma abordagem que tor-

implica a identificação das causas reais de

na mensurável a qualidade de produtos e

não conformidade e agir sobre elas.

serviços. A prevenção passa a ser adotada

sociedade face a toda a envolvente social e

No início do século XX, Frederick W. Taylor

económica.

na gestão dos processos produtivos ten-

estabeleceu os Princípios da Administraa

ção Científica. Através desses princípios

O surgimento da 2. Grande Guerra Mundial

do implicações positivas no nível qualida-

criou-se a função de inspetor cuja atribui-

potenciou o aparecimento de outras técni-

de, podendo ser medida pela redução de

ção era zelar pela Qualidade dos produtos

cas para contrariar a ineficiência e impra-

desperdícios.

fabricados.

ticabilidade associada à metodologia da inspeção a 100% na produção em massa de

Assim sendo, as quatro principais abor-

Nas primeiras décadas do século XX não

armamentos e munições. Assim, aparecem

dagens que se destacam nesta etapa são:

era habitual as empresas possuírem um

novas técnicas de amostragem.

a quantificação dos custos da Qualidade, o controlo total da Qualidade, as técni-

departamento afeto à qualidade. Apenas

cas de confiabilidade e o programa Zero

algumas organizações de grande dimen-

Defeitos.

são possuíam departamento de inspeção

2.3. Etapa 3 – Garantia da Qualidade –

final dos produtos. Hierarquicamente, esse

Qualidade com foco no sistema

departamento, dependia do responsável

Mais uma vez uma Grande Guerra, a segun-

pela produção o que, logo à partida, levan-

da, é um marco decisivo para a evolução

2.4. Etapa 4 – Gestão da Qualidade Total

tava problemas quanto à independência do

da Qualidade. Durante esse período con-

(“Total Quality Management - TQM”)

inspetor em desempenhar corretamente e

turbado, a produção para fins militares era

Podemos identificar como o início desta

com eficácia as suas funções.

prioritária, logo, absorvia os melhores re-

nova etapa o final da década de 70 que não

cursos disponíveis, quer fossem humanos

é mais do que o resultado da evolução na-

ou materiais.

tural da Qualidade. É normal que Portugal,

A metodologia definida por Taylor foi excelente quanto ao aumento da produtividade

um país que esteve "parado" durante um

das organizações uma vez que era esse o

A produção de bens de consumo civil dimi-

longo período do século XX, tenha acom-

seu grande objetivo, ou seja: produção em

nuiu (indústria automóvel, eletrodomésti-

panhado esta evolução mas em períodos

elevare 21


Dossier: qualidade desfasados dos aqui referidos. Nesta nova

ou com uma bandeira. Se analisarmos

estas, destacam-se a nova abordagem,

etapa, que nos acompanha até aos nossos

nesta perspetiva, a Qualidade fica muito

para a regulamentação dos produtos, e

dias, para além de englobar as metodolo-

cara à empresa, mas, se pelo contrário,

a abordagem global para a avaliação da

gias anteriores está focalizada no cliente e

encararmos a Qualidade como algo que

conformidade. O que estas abordagens

na sua satisfação como fator de sucesso

pode potenciar toda a organização, en-

complementares têm em comum é o fac-

das organizações. Para obter este objeti-

tão, devemos procurar que todo o inves-

to de limitarem a intervenção pública ao

vo a Gestão da Qualidade Total envolve e

timento realizado na implementação do

essencial, deixando à indústria uma maior

abrange todas as áreas da organização em

Sistema de Gestão da Qualidade e da sua

amplitude de escolha possível quanto ao

que a Gestão de Topo é o primeiro motor

certificação seja, efetivamente, um inves-

modo como deve cumprir as suas obriga-

dinamizador da qualidade.

timento que traga retorno à empresa.

ções públicas

Considerando que as empresas estão inse-

Uma nova técnica e estratégia regula-

3. O SETOR DOS ELEVADORES

ridas num mercado altamente competitivo,

mentar foi estabelecida pela resolução do

E A QUALIDADE

o potencial de benefícios que a Qualidade

Conselho de 1985 relativa à "Nova Abor-

Hoje em dia, muitos dos participantes

pode trazer a uma organização é diverso,

dagem", à harmonização técnica e à nor-

deste setor de atividade, vêm a Qualidade

no entanto, pode-se destacar:

malização, que estabelecia os seguintes

como algo "virtual" que só existe no papel,

a) Benefícios qualitativos: utilização ade-

princípios [3]:

não tem interesse prático e é caro, logo

quada dos recursos (equipamentos,

a) A harmonização legislativa está limita-

destinado a empresas de maior dimen-

materiais, mão-de-obra), disciplina a

da à adoção dos requisitos essenciais a

são. Esta visão é compreensível mas não

produção e uniformiza o trabalho, auxi-

que devem corresponder os produtos

aceitável, compreensível porque todos

lia o treino e melhora o nível técnico da

colocados no mercado para que pos-

somos livres de termos e defendermos

mão-de-obra, regista o conhecimento

sam beneficiar da livre circulação na

as nossas opiniões, não é aceitável por-

tecnológico, facilita a contratação ou

Comunidade;

que quando estamos a falar em Qualidade

venda de serviços, aumenta a credibi-

b) As especificações técnicas dos produ-

estamos a falar de respeito pelos consu-

lidade perante os clientes e o respeito

tos conformes com os requisitos es-

midores/clientes (satisfação de requisi-

dos seus pares;

senciais fixados pelas diretivas serão

tos) quer ao nível técnico quer ao nível da

b) Benefícios

processuais:

participação

estabelecidas em Normas harmoniza-

forma como nos relacionamos, estamos

em programas de garantia da qualida-

a falar de cumprimento de Legislação e

de, controlo do produto e do serviço,

c) A aplicação de Normas harmonizadas,

Normas, estamos a falar de respeito pelo

uniformização do controlo e de ensaios,

ou de outras Normas, continua a ser

ambiente.

segurança dos técnicos e dos equipa-

voluntária, podendo o fabricante apli-

mentos, racionalização da utilização

car outras especificações técnicas para

Um dos principais fatores que determi-

de equipamentos e do tempo, facilita

nam uma postura de desconfiança é,

a rastreabilidade de componentes e da

certamente, o desconhecimento sobre o

documentação;

das;

cumprir os requisitos; d) Os produtos fabricados em conformidade com as Normas harmonizadas

tema. Quando falamos de Qualidade es-

c) Benefícios quantitativos: redução do

beneficiam de uma presunção de con-

tamos a falar de uma filosofia, de uma

consumo e do desperdício (gestão de

formidade com os requisitos essenciais

postura abrangente face à gestão global

materiais), especificação de componen-

correspondentes.

de uma organização, em muitos casos

tes, uniformização de componentes e

esta abordagem é minimizada em torno

equipamentos, redução de variedade de

No entanto, é necessário algo mais para

do produto ou do serviço o que cria uma

produtos, procedimentos para cálculos

a perfeita aplicação da nova metodologia.

barreira, difícil de ultrapassar, em muitos

e projetos, aumento da produtividade,

São necessárias condições para uma ava-

dos nossos empresários. É evidente, se

melhoria da qualidade de produtos e

liação de conformidade fiável. A Resolução

uma empresa não possuir um produto ou

serviços.

de 1989 do Conselho relativa a uma abor-

prestar um serviço com o mínimo de qua-

dagem global em matéria de avaliação de

lidade exigido pelos clientes não terá con-

conformidade estipula os seguintes princí-

dições para estar no mercado, mas não é

4. A QUALIDADE E A DIRETIVA

pios orientadores para a Política Comunitá-

deste aspeto que estamos a tratar, esta-

ASCENSORES

ria de avaliação da conformidade [3]:

mos a abordar toda a organização para

a) É assegurada uma abordagem coeren-

além do produto ou serviço prestado. É

4.1. Enquadramento

te na legislação comunitária mediante

nesta dimensão que a Qualidade pode tra-

Atendendo que a livre circulação de pes-

o estabelecimento dos módulos relati-

zer mais-valias às empresas e são essas

soas e bens é um dos desígnios da União

vos às diferentes fases dos processos

mais-valias que os gestores devem exigir

Europeia e atendendo à necessidade de eli-

de avaliação da conformidade, bem

quando implementam um Sistema de Ges-

minar as barreiras limitadoras da aplica-

como dos critérios relativos à sua uti-

tão da Qualidade, ou seja, não se devem

ção desse princípio, foram desenvolvidas

lização, à designação e à notificação de

conformar com um "papel" (certificado)

ferramentas originais e inovadores, entre

organismos que devam participar nes-

22

elevare


Dossier: qualidade ses processos e à utilização da marca-

membros, visando garantir a segurança da

certificado não fazem uso das premissas

ção CE.

utilização dos ascensores e dos seus equi-

definidas no Módulo H, optando por aplicar

pamentos e eliminar obstáculos à sua livre

o Módulo G - Verificação por Unidade ou

circulação.

o Controlo Final. O principal argumento é

b) É generalizada a utilização da Norma Europeia relativas à Gestão da Qualidade (NP EN ISO 9001) e às exigências

o recurso a uma entidade terceira (Orga-

que devem satisfazer os organismos de

A Diretiva 95/16/CE estabelece um conjun-

nismo Notificado) para avaliar a conformi-

avaliação da conformidade que gerem a

to de disposições aplicáveis aos ascenso-

dade de todas as unidades colocadas em

garantia de qualidade;

res em todas as suas fases: conceção, fa-

serviço. No nosso mercado esta é uma po-

c) A criação de sistemas de acreditação e

brico, instalação, ensaios e controlo final.

sição ainda muito bem vista pelos donos de

o recurso a técnicas de intercompara-

A obrigatoriedade do cumprimento dos re-

obra dado que ainda está muito enraizado

ção são promovidos nos Estados-Mem-

quisitos essenciais estabelecidos é o ponto

o hábito das fiscalizações serem efetuadas

bros e a nível comunitário;

fulcral da Diretiva associado à metodolo-

por uma entidade terceira.

d) São promovidos acordos de reconheci-

gia de avaliação da conformidade que, por

mento recíproco em matéria de certi-

último, leva à imprescindível "marcação

ficação e de ensaios entre organismos

CE" para que, componente de segurança

5. CONCLUSÕES

que operem no domínio não regula-

ou ascensor, estejam aptos a estarem no

Do que foi dito é importante reter o fac-

mentar;

mercado.

to de que a Qualidade é algo fundamental

e) Os programas minimizam as diferenças

nos nossos dias, quer para o exterior das

das infraestruturas de qualidade exis-

A Diretiva Ascensores faz referência às

empresas (clientes) quer para o interior

tentes (nomeadamente, sistemas de

diferentes formas de avaliação da con-

(organização). A adoção de um Sistema

calibragem e metrologia, laboratórios

formidade dos ascensores e/ou dos seus

de Gestão da Qualidade, mais do que uma

de ensaios, organismos de certificação

componentes (módulos). A escolha do mó-

"moda" é uma ferramenta poderosa que a

e de inspeção e organismos de acredi-

dulo é da responsabilidade do fabricante/

gestão, bem formada e informada, pode fa-

tação) entre Estados-Membros e entre

instalador que deve selecionar aquele que

zer uso, potenciando todas as valências da

setores industriais;

melhor satisfaça a organização. Assim, há

sua organização.

Promoção do comércio internacional

módulos para avaliação da conformidade

entre a Comunidade e países terceiros,

de componentes: Exame «CE» de Tipo dos

A nova metodologia regulamentar da União

através de acordos de reconhecimento

Componentes de Segurança - Exame CE de

Europeia, assente em Diretivas, que visa a

recíproco e de programas de coopera-

Tipo (Módulo B); Anexo XI – Conformidade

quebra de barreiras à livre circulação de

ção e assistência técnica.

com o Tipo com Controlo por Amostragem

bens assenta em poucos mas criteriosos

(Módulo C) e há módulos para avaliação da

requisitos essenciais de segurança. A ava-

Um princípio fundamental da nova aborda-

conformidade de ascensores: Exame «CE»

liação da conformidade dos produtos é

gem é a limitação da harmonização legis-

de tipo do ascensor; Anexo VI - Controlo Fi-

uma escolha do fabricante/instalador, es-

lativa aos requisitos essenciais que são de

nal; Anexo VIII - Garantia de Qualidade dos

tando sempre suportada pela presença de

interesse público. Estes requisitos visam,

Produtos (Módulo E); Anexo IX - Garantia de

Organismos Notificados. A implementação

em especial, a proteção da segurança e da

Qualidade Total (Módulo H); Anexo X - Ve-

de um Sistema de Gestão da Qualidade de

saúde dos utilizadores (normalmente, con-

rificação por Unidade (Módulo G); Anexo XII

acordo com a NP EN ISO 9001, permite à or-

sumidores e trabalhadores) e abrangem,

- Garantia de Qualidade dos Produtos - As-

ganização ser mais autónoma em determi-

por vezes, outros requisitos fundamentais

censores (Módulo E); Anexo XIII - Garantia

nados processos de tomada de decisão, no

(por exemplo, a proteção da propriedade ou

de Qualidade Total (Módulo H); Anexo XIV

entanto, neste caso, autonomia é também

do ambiente).

- Garantia de Qualidade de Produção (Mó-

um forte sinal de responsabilidade.

f)

dulo D). Os requisitos essenciais são de aplicação obrigatória, destinam-se a proporcionar

A utilização de Sistemas de Gestão da

6. BIBLIOGRAFIA

e garantir um nível de proteção elevado e

Qualidade nos processos de avaliação de

[1]

devem ser aplicados em função dos riscos

conformidade previstos na diretiva pode

Gestão da Qualidade, Fabiano Schefer, Uni-

inerentes a um produto. Só os produtos que

ser encarado como benéfico para as em-

versidade Federal de Santa Maria, Cidade

cumpram os requisitos essenciais podem

presas, por exemplo, se uma empresa

ser colocados no mercado e entrar em

requereu a um organismo notificado da

[2] Diretiva 1995/16/CE do Parlamento Europeu

serviço.

sua escolha a avaliação do seu Sistema de

e do Conselho de 29 de junho de 1995 – Di-

Gestão da Qualidade segundo o Módulo H,

retiva Ascensores. Jornal Oficial das Comuni-

pode efetuar a avaliação da conformidade

Vantagens da Implantação de Sistemas de

Universitária, Camobi, Santa Maria, RS;

dades Europeias;

4.2. Diretiva Ascensores

do ascensor no final da sua instalação. No

[3] Guia para a Aplicação das Diretivas Elabora-

Em 29 de junho de 1995, a União Euro-

nosso mercado existe um número signifi-

das com Base nas Disposições da Nova Abor-

peia adotou a Diretiva 95/16/CE, relativa à

cativo de empresas que, embora possu-

dagem e da Abordagem Global, Bruxelas,

aproximação das legislações dos Estados

am o seu Sistema de Gestão da Qualidade

setembro de 1999.

elevare 23


Dossier: qualidade

Acreditação de Entidades

Eng.º Leopoldo Cortez Diretor do Instituto Português de Acreditação, I.P. (IPAC)

Neste artigo faz-se uma breve introdução à atividade de acreditação de entidades, nomeadamente organismos de inspeção, sendo referido o seu enquadramento nacional e internacional, entidades e metodologias envolvidas, bem como o seu impacto e indicadores para Portugal.

Evolução da acreditação de entidades em Portugal nos últimos anos.

A acreditação consiste no reconhecimen-

tuo europeus e desde o passado mês de

inspeções, que são descritas pelo IPAC em

to da competência técnica dos agentes

outubro, também signatário do então cria-

Anexos Técnicos ao Certificado de Acre-

que efetuam a avaliação da conformida-

do acordo de reconhecimento mútuo mun-

ditação, e que podem mudar consoante o

de (quer sejam calibrações, ensaios, cer-

dial para inspeções. Quer isto dizer que a

desempenho da entidade e o resultado das

tificações ou inspeções), de acordo com

acreditação de um organismo de inspeção

avaliações pelo IPAC. A acreditação é assim

Normas Internacionais, sendo executada

pelo IPAC goza do imediato reconhecimen-

um estatuto dinâmico que pode ser alte-

pelo organismo nacional de acreditação.

to de equivalência dessa acreditação como

rado em qualquer momento, razão pela

A acreditação de entidades é hoje realiza-

se tivesse sido efetuada por um dos seus

qual o IPAC publica na sua página eletrónica

da em quase todos os países desenvolvi-

parceiros dos acordos de reconhecimento

(www.ipac.pt) um diretório regularmen-

dos (cerca de 120 países, incluindo todos

mútuo, devendo as autoridades nacionais

te atualizado das entidades acreditadas

os da União Europeia), existindo um cada

da União Europeia aceitar em igualdade

e dos respetivos âmbitos de acreditação.

vez maior recurso à acreditação para im-

de condições a prestação dos serviços

Adicionalmente, os Anexos Técnicos são

plementação de políticas comunitárias e

de inspeção que estejam cobertos pela

emitidos digitalmente com valor probató-

nacionais, racionalizando recursos do Es-

acreditação.

rio legal, contendo um código alfanumérico

tado e equalizando os procedimentos e as

de 12 caracteres, que quando digitados na

condições de concorrência.

secção de Comprovativos de Acreditação da página eletrónica do IPAC, ou quando

A importância da acreditação no desenvol-

clicada a ligação embutida no ficheiro di-

vimento do Mercado Único foi reconheci-

gital, permite obter uma confirmação do

da com a publicação de um regulamento

estado de vigência do respetivo Anexo

comunitário que enquadra o seu funcio-

Técnico. O diretório permite também uma pesquisa dos diferentes tipos de entidades

namento, e requer o seu reconhecimento automático pelas autoridades nacionais

Marca de signatário dos acordos de reconhecimento

acreditadas (laboratórios, organismos de

dos Estados-Membros, desde que o orga-

mundiais

certificação e organismos de inspeção), quer por nome ou número do Certificado,

nismo nacional de acreditação que confe-

quer por descritores do âmbito acreditado

riu a respetiva acreditação seja signatário dos acordos de reconhecimento mútuo

Para conferir este elevado nível de confian-

(www.ipac.pt/pesquisa/acredita.asp). As en-

europeu. Tal é o caso do Instituto Portu-

ça pelas autoridades e instâncias comuni-

tidades acreditadas e em particular os orga-

guês de Acreditação, I.P. (IPAC), designado

tárias, é necessário garantir que as ativida-

nismos de inspeção acreditados estão obriga-

pelo Governo Português como organismo

de de inspeção cobertas pela acreditação

dos a emitir os seus relatórios e certificados

nacional de acreditação da República Por-

estejam bem caraterizadas e avaliadas

de inspeção referentes a atividades acredita-

tuguesa, pois o mesmo é signatário desde

– deste modo, a acreditação é conferida

das com o símbolo de acreditação (ver Figura

2006 dos acordos de reconhecimento mú-

sempre para a execução de determinadas

a seguir).

24

elevare


Dossier: qualidade

Símbolo de organismo de inspeção acreditado

Como nem todas as inspeções ou serviços que um organismo de inspeção execute ou ofereça podem estar cobertos pela acreditação, o IPAC obriga a que o organismo de inspeção assinale e distinga as inspeções acreditadas das não-acreditadas, quer nos certificados e relatórios emitidos, quer nas propostas comerciais que efetue. ca a eventuais interessados ou entidades

federativas e associativas dos organismos

Faz-se notar que apenas as atividades

acreditadas, de forma a manter a sua inde-

de acreditação que visam promover a har-

de inspeção acreditadas são avaliadas

pendência e imparcialidade nas avaliações

monização da atuação e supervisionar os

pelo IPAC, pelo que não deve ser inferida

que efetua.

signatários dos acordos de reconhecimento mútuos.

nenhuma garantia ou confiança noutras atividades que o organismo de inspeção

O IPAC efetua assim uma avaliação inicial

possa oferecer, pois simplesmente o IPAC

(e posteriormente anual) do organismo

A acreditação tem vindo a crescer regular-

não as avaliou, ou se avaliou, teve uma

de inspeção candidato, através de equi-

mente desde o seu início, contando no final

apreciação negativa. O processo de acre-

pas especializadas que incluem peritos

de 2011 com mais de 700 entidades acre-

ditação está descrito no Regulamento Ge-

na execução das atividades a acreditar, de

ditadas, das quais mais de 200 são orga-

ral de Acreditação (Documento DRC001),

forma a poder confirmar a competência

nismos de inspeção. Embora a maioria dos

disponível na página eletrónica do IPAC

da entidade e fiabilidade do resultado das

organismos de inspeção acreditados sejam

(www.ipac.pt/docs/documentos.asp), sen-

suas inspeções. Durante a avaliação se-

centros de inspeção de veículos, existem

do nele citados os restantes procedimen-

rão apreciadas as disposições do organis-

cerca de 50 outros organismos de inspeção

tos e regulamentos a ter em conta – em

mo de inspeção com vista a cumprir com

acreditados, cobrindo áreas de intervenção

linhas gerais o processo de acreditação

os critérios e requisitos de acreditação,

muito distintas, estando nela incluída a ins-

inicia-se por uma fase de candidatura, de-

bem como testemunhada a execução de

peção de elevadores.

pois uma avaliação seguida de decisão. A

inspeções. Finalmente é conveniente terminar abor-

fim de garantir o cumprimento continuado dos requisitos de acreditação, o IPAC efe-

Os critérios que têm de ser cumpridos es-

dando a distinção entre acreditação e cer-

tua anualmente avaliações das entidades

tão descritos em Normas Internacionais,

tificação do Sistema de Gestão. A certifi-

acreditadas, podendo o âmbito de acredi-

nomeadamente a ISO/IEC 17020 para o

cação do Sistema de Gestão da Qualidade,

tação ser alterado (estendido ou restrin-

caso dos organismos de inspeção. Esta

conforme a Norma ISO 9001, é uma ativi-

gido) de forma voluntária ou imposta pelo

Norma contém disposições sobre diversos

dade que abrange apenas um dos critérios

IPAC, tendo ainda o IPAC à sua disposição a

aspetos, nomeadamente estruturais (como

de acreditação citados acima, a existência

aplicação de sanções (suspensões e anula-

sejam a independência e imparcialidade do

de um sistema de gestão. Não avalia com

ções) para os casos em que os organismos

organismo e a sua organização interna),

a mesma profundidade e rigor técnico a

falhem no cumprimento dos requisitos de

bem como sobre aspetos da qualidade

competência da entidade para executar

acreditação. O IPAC disponibiliza igualmen-

(sistema de gestão), de recursos humanos

atividades, nem garante o mesmo nível de

te de forma gratuita a documentação de

e materiais (incluindo equipamentos ade-

fiabilidade dos resultados dessa atividade.

candidatura necessária, devendo os even-

quados e sua calibração) e do processo de

Daí que a acreditação seja a qualificação

tuais interessados consultar a mesma, po-

inspeção (incluindo a adoção de métodos e

normalmente preferida face ao risco que

dendo se necessário contactar o IPAC para

procedimentos apropriados). Conforme já

resulte para a segurança de bens e pes-

obter esclarecimentos ou informações

foi referido, estes critérios são comuns a

soas, a proteção do ambiente e da saúde,

adicionais. O IPAC, porém, está normati-

todas as acreditações processadas no Mun-

a avaliação da conformidade face a dispo-

vamente obrigado a abster-se de prestar

do, existindo guias harmonizados que auxi-

sições legais, ou para a proteção de certos

qualquer consultoria ou assistência técni-

liam a interpretação, bem como estruturas

setores de atividade económica.

elevare 25


Dossier: qualidade

Certificação Rogério Marques EIC – Empresa Internacional de Certificação, S.A. www.eic.pt

RESUMO Com o presente texto, e tendo em vista as alterações previstas na legislação para as empresas da área dos elevadores, pretende-se caraterizar sumariamente o significado de um sistema de gestão da qualidade, bem como explicar como decorre o processo de certificação pela EIC – Empresa Internacional de Certificação, S.A.

PALAVRAS CHAVE Processo de certificação, sistema de gestão da qualidade, certificação, organismo de certificação, auditoria. Desde o final dos anos 80 do século passado que, em Portugal, se começou a ouvir falar, de uma forma mais frequente, de sistemas de gestão da qualidade e da sua certificação. Na altura, falava-se em “garantia da qualidade” e recorria-se a documentos de referência (normas) que entretanto evoluíram e definem hoje requisitos destinados à gestão da organização das empresas. Desde essa altura que nos habituámos a

é o sistema de gestão da qualidade e, na

sa, atualmente na sua versão do ano de

ouvir falar de certificação e, mais concreta-

maioria dos casos, os documentos onde es-

2008. Os requisitos estabelecidos nesta

mente, da certificação de empresas

tão estabelecidos os requisitos que servem

Norma são genéricos e aplicáveis a qual-

de base à certificação são Normas.

quer tipo de organização. Quando corretamente implementados numa organização,

MAS, DE QUE FALAMOS QUANDO FALAMOS

Embora haja referenciais em áreas diferen-

deverão trazer valor acrescentado a essa

DE CERTIFICAÇÃO DE EMPRESAS?

tes (ambiente, saúde e segurança no tra-

organização, facilitando o cumprimento das

A certificação por parte de um organismo

balho, responsabilidade social, investiga-

caraterísticas estabelecidas para os servi-

de certificação é um ato através do qual se

ção, desenvolvimento e inovação e muitos

ços ou produtos que fornece, permitindo-

pretende transmitir a terceiros que aquilo

outros), o que vamos abordar neste artigo

lhe monitorizar o desempenho e a eficácia

que é objeto da certificação cumpre deter-

tem sobretudo a ver com o referencial res-

dos seus processos, numa ótica de melho-

minados requisitos, os quais constam de

peitante à qualidade.

ria contínua.

um determinado documento. A Norma usada em Portugal (e nos resNo que se refere à certificação de empre-

tantes países) na maioria das certificações

QUAL É O PRIMEIRO PASSO

sas ou, de uma forma menos abreviada, à

nesta área é a NP EN ISO 9001; trata-se de

PARA A CERTIFICAÇÃO?

certificação de sistemas de gestão da quali-

uma Norma Internacional, adotada como

Este primeiro passo não tem a ver com os

dade de empresas, o objeto da certificação

Norma Europeia e como Norma Portugue-

organismos de certificação. A implementa-

26

elevare


Dossier: qualidade ção de um sistema de gestão da qualidade

e que, através da avaliação dos auditores,

rior à primeira auditoria), vai permitir à EIC

deverá ser feita pela própria organização, re-

possam mesmo identificar eventuais aspe-

decidir sobre a manutenção da certificação

correndo aos seus colaboradores (que terão

tos suscetíveis de serem objeto de ações de

concedida. No ano seguinte, é realizada

obviamente de ter formação neste domínio)

melhoria (na ótica da melhoria contínua que

uma nova auditoria (“2.º acompanhamen-

ou a elementos exteriores (consultores).

é inerente ao espírito da própria Norma).

to”), de forma a permitir uma nova decisão

A partir do momento em que a organização

A primeira auditoria (chamada “auditoria de

tuais desvios ao referencial normativo,

considera que o seu sistema de gestão da

concessão”) desenrola-se em duas fases: a

para os quais não sejam apresentadas e

qualidade está corretamente implementa-

primeira mais documental e tendo em vista

evidenciadas ações corretivas adequadas,

do e já a funcionar, poderá pedir a um orga-

conhecer a empresa, a segunda avaliando

poderão levar à suspensão ou anulação da

nismo de certificação que o certifique.

já a parte técnica da empresa e o desempe-

certificação (embora estes casos sejam

nho da sua atividade.

pouco frequentes).

COMO SE PROCESSA A CERTIFICAÇÃO

No final da auditoria, a equipa auditora re-

No final do ciclo de certificação, poder-se-

PELA EIC – EMPRESA INTERNACIONAL

gistará num relatório aquilo que considera

-á iniciar um novo ciclo, o qual se inicia com

DE CERTIFICAÇÃO?

ser mais relevante na avaliação feita, bem

uma auditoria chamada “renovação”. O ci-

Quando a EIC é contactada para efeitos de

como eventuais desvios do sistema audita-

clo irá prosseguir em moldes idênticos ao

certificação, é pedido à empresa o envio

do relativamente aos requisitos estabeleci-

anterior.

de determinadas informações (locais onde

dos na NP EN ISO 9001; estes desvios cons-

exerce a sua atividade, número de colabo-

tituem as chamadas não conformidades,

radores, âmbito pretendido para a certifi-

as quais podem ser mais ou menos graves,

PARA ALÉM DE OBTEREM UM CERTIFICADO,

cação, entre outros), de forma a permitir

consoante a extensão do incumprimento

QUE OUTROS BENEFÍCIOS SÃO GERALMENTE

elaborar a proposta de certificação que é

face ao referencial normativo ou o que res-

APONTADOS PELAS EMPRESAS

enviada à empresa e que, geralmente, es-

peita às suas repercussões na atividade da

COMO RESULTADOS DE UM PROCESSO

tabelece um programa de auditorias para

empresa.

DE CERTIFICAÇÃO?

sobre a manutenção da certificação. Even-

três anos (que correspondem a um ciclo de

Do diálogo que a EIC mantém com as em-

certificação), com os respetivos custos e

No caso de haver não conformidades, a

presas, podemos concluir que nem sempre

duração das auditorias.

empresa é chamada a apresentar e a imple-

o certificado é o resultado mais relevante

mentar um plano de ações corretivas para

de um processo de certificação e aquele

Após a adjudicação da proposta pela orga-

as situações registadas. Estas ações, depois

que as empresas mais procuram. De facto,

nização, é escolhida pela EIC (com o acordo

de avaliadas pela EIC, permitem tomar a de-

a principal mais-valia que é frequentemen-

da organização cliente) a equipa auditora

cisão de certificar o sistema de gestão da

te apontada como um importante benefício

que terá a responsabilidade de realizar a au-

qualidade que foi auditado. No caso de não

resultante do processo de implementação

ditoria. A equipa auditora pode ser constitu-

terem sido registadas não conformidades

do sistema e da sua certificação é o de con-

ída por um ou mais elementos; pelo menos

no relatório, haverá desde logo, em prin-

seguir, a nível interno, uma melhor raciona-

um dos elementos terá obrigatoriamente

cípio, condições para passar à certificação.

lização de processos e de sistematização

de estar qualificado (em termos técnicos)

de procedimentos, ou seja, um melhor fun-

para a área a ser auditada. Por exemplo, se

A partir do momento em que é tomada a

se tratar de uma empresa de manutenção

decisão de conceder a certificação, esta é

de elevadores, pelo menos um dos elemen-

representada fisicamente por um certifica-

Podemos aliás dizer que, ao implementar

tos terá necessariamente de ser capaz de

do, que permitirá às empresas certificadas

um sistema de gestão da qualidade, a or-

avaliar os aspetos técnicos da atividade da

evidenciar, a terceiros, clientes ou outros,

ganização deverá efetivamente mantê-lo

empresa e, simultaneamente, dialogar com

que aquela organização tem um sistema

a funcionar de forma adequada e correta,

os colaboradores da empresa. Com a rea-

de gestão da qualidade com condições para

de forma a colher os benefícios que o seu

lização da auditoria não se pretende fazer

controlar, eficazmente, a qualidade dos ser-

cumprimento é suposto trazer. Frequente-

um juízo de valor sobre a organização, mas

viços ou dos produtos fornecidos.

mente confundido com um aumento de bu-

sim avaliar se os requisitos estabelecidos

cionamento da empresa.

rocracia, a organização (nomeadamente os

na NP EN ISO 9001 estão a ser cumpridos e

Os ciclos de certificação são, de uma forma

gestores do sistema) deverá zelar para que

corretamente implementados.

geral e conforme atrás referido, de três

o sistema funcione de uma forma racional e

anos. Ao fim de um ano após a auditoria de

adequada à atividade da empresa. Um siste-

concessão, é realizada uma nova auditoria,

ma de gestão da qualidade que represente

Estas auditorias não devem ser confundidas

o

com ações de fiscalização; o seu objetivo é

que constitui o chamado “1. acompanha-

um peso burocrático é certamente um sis-

permitir à EIC fundamentar a sua decisão

mento”; esta auditoria, que pode ser menos

tema que necessita de uma revisão ou cujo

de certificar (ou não) a empresa auditada,

exaustiva do que a primeira em termos de

funcionamento em moldes corretos e de

mas também se pretende que as auditorias

requisitos da Norma a serem avaliados

acordo com as necessidades não foi cuida-

sejam uma mais-valia para as empresas

(tendo, com frequência, uma duração infe-

do pela organização.

elevare 27


Dossier: qualidade

O Sistema de Gestão da Qualidade e a Relevância da sua Implementação António de Vasconcelos Lourenço Doutorando em Ciências Empresariais ELTIX Elevadores

INTRODUÇÃO São as empresas, e não os políticos, que geram crescimento económico e emprego. No entanto, para que as empresas possam conceder à economia o forte impulso que tanto necessita, é indispensável um contexto empresarial que lhes permita prosperar. Neste sentido, urge agregar valores aos produtos

Figura 1. Stakeholders de uma organização. Fonte: Adaptado de Stephens et al. (2005, pp. 394-395).

e serviços, mas também, promover o investimento e o desenvolvimento das empresas,

societais que sobre elas são geradas. Inte-

biente organizacional, por mudanças nesse

na acepção que estas possam estar apetre-

ressa pois, identificar os stakeholders duma

ambiente e por riscos associados a esse

chadas, quer ao nível de conhecimento, quer

organização, que de acordo com Stephens et

ambiente; (b) por necessidades variáveis; (c)

ao nível de instrumentos de gestão, para

al. (2005), e conforme a Figura 1 evidencia,

por objectivos particulares; (d) pelos produ-

serem capazes de responder aos desafios

são os mais relevantes.

tos/serviços que proporciona; (e) pelos pro-

e expectativas dos seus stakeholders, que

cessos que utiliza e (f) pelas suas dimensão

sendo cada vez mais diversos, exigentes e

e estrutura organizacional.

informados, requerem que a eficácia das

2. SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE (SGQ)

empresas passe a estar dependente de um

O Modelo de SGQ consagrado na Norma

Esta Norma Internacional promove a elei-

trabalho mais profundo da gestão pela qua-

Internacional ISO 9001:2008 tem por ob-

ção de uma abordagem por processos

lidade. Neste contexto, a implementação de

jectivo principal garantir a satisfação dos

quando se desenvolve, implementa e me-

um Sistema de Gestão da Qualidade nas em-

stakeholders, através de procedimentos de

lhora a eficácia de um SGQ, no propósito

presas de manutenção de ascensores tem

melhoria contínua, consubstanciados no

de aumentar a satisfação dos stakeholders

como objectivo a garantia de capacidade

acompanhamento e monitorização de pro-

e, neste sentido, ir ao encontro dos seus

de cumprimento dos paradigmas exigíveis

cessos, para os quais são definidos indica-

requisitos.

duma sociedade hodierna.

dores de desempenho e a determinação de medidas de melhoria.

Na Figura 2, é ilustrado o modelo de processos e as suas interacções, os quais se-

1. IDENTIFICAÇÃO DOS STAKEHOLDERS

Segundo a Norma supracitada, a concepção

guem para a sua prossecução o Ciclo de

A teoria de stakeholder de Freeman (1984)

e a implementação do SGQ numa organi-

Deming (1994), também conhecido pelo Mé-

e Freeman e Gilbert, citados por Ulmer

zação é influenciada por: (a) pelo seu am-

todo PDCA (Plan, Do, Check, Act).

(2001), relaciona-se primariamente com a forma como os indivíduos e grupos afectam uma organização, e o comportamento tomado pelos responsáveis das mesmas, em resposta a esses grupos e indivíduos. A sua teoria sugere que se uma organização quer ter sucesso, deve prestar toda a atenção aos seus stakeholders e expandir a sua opinião de relacionamentos críticos. Em consonância com a responsabilidade que é atribuída a uma organização, pelos seus stakeholders, esta tem de responder no sentido de corresponder às expectativas

28

elevare

Figura 2. Modelo de Sistema de Gestão de Qualidade. Fonte: Adaptado da NP ISO 9001 (2008, p. 8).


Dossier: qualidade 3. AS EMPRESAS DE MANUTENÇÃO

tanto ao nível da envolvente interna quer da externa, indo ao encontro das necessidades

DE ASCENSORES (EMA)

e expectativas dos seus stakeholders, com a finalidade de obter vantagem competitiva,

O Decreto-Lei 320/2002, de 28 de Dezem-

eficaz e eficiente, de modo a atingir, manter e melhorar o desempenho e as capacidades

bro, define EMA, como sendo a entidade que

organizacionais da empresa.

efectua e é responsável pela manutenção de ascensores, monta-cargas, escadas me-

A adopção desta nova estratégia, veio alterar os procedimentos até então desenvolvidos,

cânicas e tapetes rolantes, entendendo-se

tendo estes provocado a alteração do organigrama da empresa, de modo a poder respon-

como manutenção o conjunto de operações

der às exigências do SGQ. Na Figura 3 podemos observar a configuração organizacional da

de verificação, conservação e reparação

empresa, antes da introdução da ISO 9001.

efectuadas com a finalidade de manter uma instalação em boas condições de segurança e funcionamento. Este Decreto veio também atribuir o estatuto de EMA e definir os recursos humanos mínimos para o exercício da actividade. Volvidos já dois lustros sobre a publicação deste Decreto-Lei, fez já a sua apresentação e discussão pública o, já no prelo, futuro Decreto-Lei, que entre outras, introduz as principais novidades, nomeadamente a

Figura 3. Organigrama da ELTIX Elevadores antes da implementação da ISO 9001. Fonte: ELTIX Elevadores.

nova designação EMIE – Empresas de Manutenção de Instalações de Elevação e, a obrigatoriedade de estas empresas se-

Com a implementação do SGQ, a concepção funcional da ELTIX veio a sofrer consideráveis

rem certificadas pelo Sistema de Gestão

alterações e ajustes, de modo a permitir que a integração do sistema não colidisse com

da Qualidade ISO 9001. Contrariamente ao

a realidade estrutural e cultural da empresa, e salvaguardasse o assomar da síndrome

Decreto-Lei 320/2002, este futuro diploma

de psicopatologia no trabalho, a qual, segundo Dejours (1992), deriva da dissociação dos

não contempla os requisitos necessários ao

colaboradores com a concepção das tarefas que executam, mas sim, na promoção e parti-

exercício da actividade das EMIE e dos seus

cipação no papel que todos os colaboradores individualmente desempenham no processo

profissionais, tendo deixado esta matéria

global e na qualidade da empresa, com o intuito de assegurar, de um modo manifesto e

para Lei da Assembleia da República.

diáfano, aos diversos stakeholders um SGQ adequado e que estimulasse a dinâmica de melhoria contínua. Neste sentido, procedeu-se numa primeira fase, ao levantamento e identi-

Neste contexto, as actuais empresas que

ficação dos stakeholders da ELTIX, para uma melhor integração e inter-relacionamento no

ainda não se encontram certificadas por

processo de qualidade, para que numa segunda fase se ajustasse o organigrama funcional

um SGQ ISO 9001, terão que o contemplar

da empresa. Na Figura 4 é realçado o resultado do trabalho de identificação das diversas

e implementar na sua estrutura organiza-

partes interessadas.

cional, nos termos previstos no diploma a publicar.

4. A IMPLEMENTAÇÃO DO SGQ NA ELTIX ELEVADORES A ELTIX Elevadores, uma PME do sector, foi fundada em 2002, tendo desde então exercido a sua actividade como EMA, até ao primórdio do ano de 2011, sem ter integrado no seu método de gestão, um Sistema de Gestão para a Qualidade certificado. A qualidade inicia-se na gestão de topo devendo esta criar valores para a qualidade que permeiem a organização no seu todo (Chatter-

Figura 4. Stakeholders da ELTIX Elevadores. Fonte: ELTIX Elevadores.

jee e Yilmaz, 1993). Neste sentido, a gestão de topo ao decidir optar pela estratégia de certificação da ISO 9001, encetou, a partir

Como se observa na figura anterior existe um leque bastante amplo de partes interes-

da data referida, um novo modo de estar,

sadas, com interesses legítimos nas acções e operações da empresa, as quais segundo

elevare 29


Dossier: qualidade Pearson e Mitrof (1993), face aos seus interesses envolvidos podem assumir determinados

financeiro da empresa. O funcionamento

estereótipos.

do SGQ da ELTIX é baseado num conjunto de processos interligados, que foram

Derivado à própria essência e especificidade da actividade, a qual tem que responder às

identificados e têm de ser geridos e me-

determinações da imensa regulamentação e legislação inerente, constatasse ainda, que

lhorados de forma que os requisitos exigí-

o conjunto dos stakeholders normativos e difusos é predominante sobre os funcionais,

veis sejam transformados através de um

vindo assim ampliar o grau de exigência do próprio sistema de gestão, bem como, ao es-

conjunto de actividades geradoras de va-

tabelecimento da implementação adequada ao porte da empresa, ao tipo de serviço pres-

lor acrescentado, na satisfação final das

tado, às características dos recursos humanos que compõem a empresa, às actividades

partes interessadas.

que são desenvolvidas e aos métodos utilizados para desenvolver tais actividades. Neste contexto, foi necessário reformular o organigrama funcional da ELTIX, para que este se

Os grupos identificados são operacionali-

pudesse enquadrar e responder às exigências do SGQ. Na Figura 5 podemos observar o

zados por um conjunto de processos com

organigrama resultante dos requisitos julgados necessários para a implementação do

afinidades comuns, sendo que os proces-

sistema.

sos são constituídos por conjuntos de actividades inter-relacionadas e interactuantes que transformam entradas em saídas, en-

4.1. Modelo de gestão por processos

contrando-se formalmente documentados.

Os objectivos do SGQ são estabelecidos periodicamente, a partir da política de qualidade da empresa, através do resultado do desempenho dos processos. Para tal, o cumpri-

Numa abordagem macro e atendendo à

mento dos objectivos da política da qualidade deve fornecer as directrizes para um

actividade e dimensão da empresa, é apre-

impacto positivo na qualidade final do serviço, na eficácia operacional e no desempenho

sentado na Figura 6 o modelo de gestão por processos.

PROCESSOS Tipo I – Processos de Gestão: definem as estratégias e linhas de orientação dos diferentes tipos de processos, garantindo ao nível do planear, executar, controlar e avaliar a melhoria contínua da empresa, e o envolvimento dos recursos associados; Tipo II – Processos de Realização do Produto: estão envolvidos na criação física do produto ou serviço, desde a relação com fornecedores até à sua venda e transferência para o cliente, bem como na assistência após venda; Figura 5. Organigrama da ELTIX Elevadores após a implementação da ISO 9001. Fonte: Manual de Gestão da

Tipo III – Processos de Apoio: sustentam as

Qualidade da ELTIX Elevadores (p. 11).

actividades de negócio e de gestão, fornecendo entradas adquiridas, tecnologia, recursos humanos e outras funções no âmbito da empresa.

5. CONCLUSÃO O Sistema de Gestão da Qualidade, evidenciado na Norma NP ISO 9001:2008, especifica requisitos que, quando implementados, fornecem evidências suficientes para a obtenção da eficácia dos seus processos. Esta Norma estabelece preceitos que favorecem a implementação de um sistema de gestão Figura 6. Modelo de Gestão por Processos da ELTIX Elevadores. Fonte: Manual de Gestão da Qualidade da

da qualidade estruturado, o qual, especifica

ELTIX Elevadores (p. 14).

desde as responsabilidades que competem

30

elevare


Dossier: qualidade à gestão, passando pela regulamentação

6. BIBLIOGRAFIA

de processos de aquisição e execução de

serviços, até à garantia dos produtos/serviços aos clientes.

Industry, Government, Education. Oxford (2. a

ed.): Cambridge: MIT Press.

Decreto-Lei n.º 320/2002, de 28 de Dezem›

bro.

stakeholder approach. London: Pitman.

Manual de Gestão da Qualidade: ELTIX Eleva›

a

dores (4. ed). Gaia: Autor.

Freeman, E. (1984). Strategic Management: a

Pearson, C., & Motrof, I. (1993). From crisis

NP ISO 9001:2008. Sistemas de Gestão da

prone to crisis prepared: A framework for crisis

sua respectiva certificação, as empresas

Qualidade: Requisitos. (3. a ed). Caparica:

management. Academy for Management Exe-

devem pretender granjear um maior rigor

IPQ.

cutive, 7, 48-59.

Com a implementação da Qualidade e a

nas suas tarefas quotidianas, um maior

NP ISO 9004:2000. Sistemas de Gestão da

Stephens, K., Malone, P. & Bailey, C.

controlo ao nível produtivo, técnico, admi-

Qualidade: Linhas de Orientação para a Me-

(2005). Communication with stakeholders

nistrativo, financeiro, de gestão, e uma su-

lhoria de Desempenho. Caparica: IPQ.

during a crisis: Evaluation message strate-

perior interligação de todos os intervenien-

gies. Journal of Business Communication,

o

Revisão do Decreto-Lei n. 320/2002, de 28

tes na empresa, ou seja, com todos os seus

de Dezembro.Recuperado em 2012, Outubro

stakeholders.

24, de http://www.anieer.com/UserFiles/File/ Geral/Proj_revisao_DL320.pdf.

42, 390- 419. ›

Ulmer, R. (2001). Effective crisis management through established stakeholder relationships: Malden Mills as a case study.

Como recomendação final, é importante

Management Communication Quarterly, 14,

que não se considere a certificação como a mera obtenção definitiva de um troféu

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

que permanecerá ad aeternun na empresa.

A certificação da Qualidade é um processo

590-615.

Chatterjee, S. & Yilmaz, M. (1993), Quality confusion: Too many gurus, not enough disciples.

contínuo de melhoria que implica a inova-

Business Horizons, 36(3): 15-18. Dejours, C. (1992). A Loucura do Trabalho: Es-

Nota:

da empresa certificada, sujeita a auditorias

tudo da Psicopatologia do Trabalho (5.a ed.).

Texto não escrito de acordo com o novo acordo

regulares, internas e externas, de avaliação

São Paulo: Ed. Cortez-Oboré.

ortográfico por questão de objecção de consciência

Deming, W. (1994). The New Economics: For

do autor.

ção constante dos padrões de qualidade

e controlo.

PUB


Dossier: qualidade

“a segurança é uma preocupação crescente da sociedade”

Ricardo Fernandes, atual Diretor

venções realizadas respeitem os requisitos

do Departamento de Informação,

essenciais de segurança estabelecidos na

Desenvolvimento e Assuntos

Diretiva 95/16/CE e assegurem as carate-

Europeus do Instituto Português da

rísticas da qualidade do serviço.

Qualidade, falou à revista “Elevare” sobre a nova legislação e requisitos

No entanto a certificação, em si mesma,

relacionadas com a qualidade, e o seu

pode não ser suficiente para atingir os ob-

contributo para a sustentabilidade

jetivos de reconhecimento propostos. É

económica e segurança dos

aconselhável que seja uma certificação

utilizadores dos elevadores e

acreditada, isto é, que a empresa seja cer-

ascensores.

tificada por um organismo de certificação acreditado pela entidade nacional de acreditação, o IPAC, para a atividade e domínio da certificação em que atua.

Revista Elevare (RE): Tendo em conta que

económico, da competição que referi ante-

a revisão do Decreto-Lei n.º 320/2002

riormente, garantindo que a otimização de

aponta para a certificação do sistema

RE: E relativamente à obrigatoriedade de

custos não diminui a competência técnica,

de gestão da qualidade das empresas de

acreditação das Entidades Inspetoras para

nem compromete a confiança na execução

manutenção e para a acreditação como

poderem exercer a sua atividade?

das atividades que estão acreditadas. Para

organismo de inspeção por parte das enti-

RF: Sou da opinião que poderá vir a colma-

concluir, gostaria de referir que a acredi-

dades inspetoras, como vê esta situação:

tar alguma falta de acompanhamento das

tação das EI traz vantagens, vindo servir

uma ameaça ou uma oportunidade para as

atividades destas entidades. Também nesta

essencialmente para ganhar e transmitir

empresas?

área de atividade existe uma forte concor-

confiança na execução das atividades téc-

Ricardo Fernandes (RF): É sem dúvida uma

rência no mercado. A pressão dos custos

nicas de inspeção, ao confirmar a existência

oportunidade. Será um contributo para a

pode levar à procura de profissionais mais

de um nível de competência técnica mínimo,

melhoria das operações das Empresas de

baratos, menos especializados e mais ge-

reconhecido.

Manutenção de Ascensores (EMA) e para a

neralistas, que focam a sua atuação em

credibilidade das inspeções efetuadas pelas

aspetos mais administrativos não essen-

Entidades Inspetoras (EI), a bem da seguran-

ciais, diminuição da duração e do rigor das

RE: Tudo isto tendo como objetivo funda-

ça de todos os utilizadores. Não só para os

inspeções, em suma, subtraindo valor às

mental garantir a máxima segurança dos

ascensores das nossas casas, como sobre-

inspeções e falta de credibilidade.

utilizadores dos elevadores? RF: Sim, claro. A segurança é uma preocu-

tudo para o caso dos ascensores, escadas e tapetes de serviço público, que têm um uso

A acreditação é o procedimento através

pação crescente da sociedade atual, reco-

intensivo em estações, metros, aeroportos,

do qual o IPAC avalia e reconhece a com-

nhecida e aceite como tal por todos nós,

espaços comerciais, e outros.

petência técnica de uma entidade para

designadamente pela própria Comissão

efetuar a atividade. O referencial para a

Europeia e pelas autoridades públicas dos

Na minha perspetiva o estabelecimento da

acreditação das EI é a NP EN ISO/IEC 17020

vários países.

obrigatoriedade da certificação das EMA

para organismos de inspeção. Pode-se di-

contribui para criar os controlos necessá-

zer que a acreditação vai funcionar como

Repare que a manutenção e as inspeções

rios a montante, garantindo que as inter-

uma espécie de regulador técnico, mas não

são, hoje em dia, exercidas por várias em-

32

elevare


Dossier: qualidade presas que concorrem entre si, o que pode

como as Normas para a certificação

qualidade de vida aos mais variados níveis

levar a que estas empresas possam enve-

dos sistemas de gestão da qualidade

da nossa sociedade.

redar pela redução crescente de custos em

NP

tempos de crise, pondo em causa a segu-

NP EN ISO 14001 e segurança e saú-

rança ou inclusivamente comprometendo a

de no trabalho NP 4397 (OHSAS 18001)

sua imparcialidade.

para a certificação da EMA. E ainda a

a qualidade, a segurança

NP EN ISO/IEC 17020 para a acreditação

ambiental e os recursos naturais

Também é importante referir que a cer-

EN

ISO

9001,

gestão

ambiental

“as atividades económicas,

precisam de estar em

das EI como organismos de inspeção.

permanente interação”

tificação segundo a NP EN ISO 9001 traz vantagens, nomeadamente para as PME

Relativamente à metrologia, convém que

que atuam neste mercado, das quais posso

os equipamentos de inspeção, medição

destacar a melhoria da organização interna,

e ensaio utilizados nas intervenções aos

RE: Hoje, embora em número muito redu-

o centrar a sua atividade no cliente, norma-

ascensores, quer pelas AMA quer pela EI,

zido, já existem algumas empresas do se-

lizar procedimentos, práticas e registos,

estejam devidamente calibrados por labo-

tor que possuem sistemas da qualidade,

evidenciar o cumprimento das especifica-

ratórios acreditados. Enquanto Instituição

segurança e ambiente certificados de uma

ções técnicas, melhorar continuamente as

Nacional de Metrologia, o IPQ garante o ri-

forma integrada. Quais as vantagens e as

práticas, conduzindo a menores custos in-

gor e a exatidão das medições realizadas,

desvantagens dessa opção?

ternos. Tudo isto reforça a imagem da EMA,

assegurando a comparabilidade e rastrea-

RF: A qualidade, a segurança e o am-

aumenta a satisfação e confiança dos seus

bilidade, a nível nacional e internacional, e a

biente são de facto áreas de importância

clientes e fideliza e aumenta o número de

realização, manutenção e desenvolvimento

crescente, mas acrescentaria também o

clientes.

dos padrões das unidades do SI - Sistema

da responsabilidade social. São estes os

Internacional.

pilares da sustentabilidade de que agora tanto se fala. As empresas que já implementaram sistemas integrados de gestão

IPQ, O PROMOTOR INSTITUCIONAL RE: E que papel desempenha o IPQ para a

da qualidade, ambiente e segurança estão

aplicação das Diretivas Comunitárias sobre

a tirar certamente vantagens da opção que

ascensores?

tomaram. São aquelas que estão conscien-

RE: Qual o papel do Instituto Português da

RF: O IPQ é a Autoridade Notificadora para

tes de que, hoje em dia, o crescimento eco-

Qualidade (IPQ) nas áreas que implicam

a aplicação da Diretiva 95/16/CE reformu-

nómico é visto como uma parte integrante

com o setor dos elevadores (ON, OI, Nor-

lada pela Diretiva 2006/42/CE e respetiva

de um desenvolvimento sustentado, em

malização, Metrologia, Certificação, entre

legislação de transposição (Decreto-Lei

que as atividades económicas, a qualidade,

DA QUALIDADE EM PORTUGAL

outros)?

295/98 e Decreto-Lei 176/2008) para a

a segurança ambiental e os recursos na-

RF: O IPQ desempenha um papel, penso

ordem jurídica nacional, que estabelecem

turais, precisam de estar em permanente

que muito importante, em todos domí-

um conjunto de disposições, abrangendo

interação.

nios que citou e que têm implicações vá-

os ascensores, desde a sua conceção, fa-

rias no setor dos ascensores. Por várias

brico, instalação, ensaios e controlo final.

Na minha perspetiva, a atual crise que

razões que passo a enumerar. O IPQ, por

Nos termos da legislação aplicável, é o

atravessamos pode ser uma oportunidade

via das suas atribuições e responsabi-

IPQ que procede à qualificação dos Orga-

para assegurar a implementação de pa-

lidades, é o promotor institucional da

nismos Notificados (ON) que atuam para

drões consistentes de qualidade, ambiente

qualidade em Portugal, enquanto orga-

os ascensores novos. São exemplo de ON,

e segurança. A retoma do mercado por que

nismo nacional coordenador do Sistema

o IEP, o ISQ e a Fundação do Instituto Po-

todos ansiamos, passa por um processo

Português da Qualidade (SPQ), Organis-

litécnico do Porto, que estão acreditados

de seleção das empresas, em que natural-

mo Nacional de Normalização (ONN) e

como organismos de inspeção e a APCER

mente as mais fracas saem do mercado. Só

Instituição Nacional de Metrologia. Como

e a SGS, que atuam ao nível do sistema

aquelas que demonstrarem consistência

gestor do SPQ integrando os três subsis-

de gestão da qualidade das empresas

na qualidade dos seus produtos e/ou ser-

temas, da Normalização, da Metrologia e

instaladoras.

viços, vão merecer credibilidade para a retoma de confiança por parte dos clientes e

da Qualificação, compete ao IPQ criar e

consumidores.

disponibilizar a infraestrutura indispen-

Assim e como se vê, penso que posso dizer

sável para potenciar a prática dos me-

que o IPQ assume um papel essencial como

lhores processos e métodos de gestão

motor da promoção e da modernização de

da qualidade.

múltiplos setores de atividade, onde se in-

RE: Mas os consumidores e clientes estão

clui o dos ascensores, através de práticas e

com menos recursos económicos, na gene-

No que se refere à normalização é o IPQ

metodologias da qualidade e dos conceitos

ralidade, e muitas vezes podem optar por

que edita as Normas a serem seguidas

que lhe estão associados, a nível relacional

menos qualidade mas melhores preços.

na segurança dos ascensores, como a

das organizações com os cidadãos e com o

RF: Sim, e é exatamente quando estes são

NP EN 81-1 e a NP EN 81-2 e outras, bem

Estado, contribuindo para uma melhoria da

confrontados com a necessidade de deci-

elevare 33


Dossier: qualidade são qualidade-preço, infelizmente ainda é

vamente ao tempo que pode demorar a

bilização dos documentos normativos en-

o preço que decide muitas vezes. Na ma-

edição da versão em português de uma

viados pelas CT, e que depois de uma verifi-

nutenção de elevadores isto pode tornar-

Norma Europeia EN, é preciso esclarecer

cação técnica normativa são preparados e

-se desastroso, pois os custos escondidos

que não se trata de uma mera tradução

editados pelo IPQ.

da não-qualidade do serviço prestado vão

linguística. Tem de ser analisada pelos pe-

manifestar-se mais cedo ou mais tarde.

ritos no âmbito das Comissões Técnicas

Reportando-me ao ano passado posso di-

Felizmente que se vai assistindo a uma exi-

de Normalização (CT) e deverá haver cui-

zer-lhe, por exemplo, que a meta proposta

gência crescente do consumidor, sendo que

dados, nomeadamente quanto à lingua-

para o tempo médio de edição era de 50

hoje a decisão consciente é tomada tendo

gem técnica e terminologia e às práticas

dias úteis e conseguiu-se superar o objeti-

em conta simultaneamente os dois fatores

desenvolvidas no país.

vo com uma realização de 48,26 dias úteis.

que referi.

E a perspetiva é de vir a melhorar ainda Como é sabido o IPQ, enquanto Organismo

mais, com a implementação do Projeto

Mas assiste-se cada vez mais a uma cons-

Nacional de Normalização (ONN), tem orien-

PROQUAL, que tem como objetivo a análise

ciencialização para a problemática da quali-

tado a sua atuação pelo princípio da descen-

e a reorganização de toda a atividade do

dade dos produtos e/ou serviços, a preser-

tralização em Organismos de Normalização

IPQ, com particular enfoque nos proces-

vação do ambiente, as condições do local

Setorial (ONS), do apoio ao funcionamento

sos diretamente centrados no cliente, com

de trabalho e o contributo para a sociedade.

das CT, aproximando as atividades norma-

incidência ao nível das competências fun-

Do lado das empresas estas têm de estar

tivas dos seus mais diretos interessados,

damentais do IPQ, que constituem as suas

atentas. Quem não estiver, arrisca-se a não

estimulando a definição de prioridades

principais áreas de atividade, a Metrologia

sobreviver, como já disse antes. O desafio

setoriais de normalização por parte dos

e a Normalização, sem descurar, também,

está em conseguir gerir corretamente os

agentes económicos e sociais nacionais. A

as restantes áreas relacionadas com a

custos, considerando a qualidade, o am-

rede compreende atualmente 55 ONS, 164

promoção da Qualidade e com os Assun-

biente e a segurança, sem afetar a rentabili-

Comissões Técnicas constituídas por cerca

tos Europeus.

dade da empresa.

de 3.400 peritos. Para o caso vertente das Normas que referiu, foram elaboradas pela

Concretamente no domínio da atividade nor-

Penso que o desenvolvimento e implemen-

CT 63 no âmbito do ONS, que é a DGEG. O

mativa, os efeitos esperados são significati-

tação de sistemas integrados de gestão da

acervo normativo nacional a 31 de dezem-

vos, sendo de sublinhar a inclusão de uma

qualidade, ambiente e segurança, será uma

bro de 2011 era de cerca de 22.000 Normas,

plataforma colaborativa que suporte todo o

aposta que as organizações terão que fazer

das quais 5.000 em português.

fluxo de informação trocada entre os milha-

num futuro próximo, para garantir a quali-

res de intervenientes nacionais no processo

dade dos seus produtos e serviços, a pre-

Quero acrescentar ainda que o IPQ tem vin-

normativo. Também é de salientar a criação

servação do meio ambiente e a segurança e

do a fazer um enorme esforço no sentido

de uma biblioteca digital associada a um sis-

o bem-estar dos seus trabalhadores, o que

de promover a criação de novas CT e dina-

tema de controlo de acessos remotos, des-

se enquadra na sua responsabilidade social,

mizar os trabalhos das já existentes, no que

tinado a disponibilizar um serviço automá-

dando assim um contributo relevante para

se refere à tradução de Normas e tornando

tico de informação normativa por perfil de

a sociedade com a criação de emprego e

cada vez mais eficiente e célere a disponi-

destinatário.

riqueza.

RE: Os regulamentos nacionais de segurança de ascensores Elétricos e Hidráu-

NOTA BIOGRÁFICA

licos são, respetivamente, as Normas NPEN 81-1 e NPEN 81-2. Constata-se que

57 anos de idade, tem desenvolvido a sua atividade profissional na área da Qualidade e dos conceitos

quando há alterações às normas e en-

que lhe estão associados. Desempenhou diversos cargos como técnico e como dirigente em vários

quanto não há a versão em português te-

organismos da administração pública. Atualmente é Diretor do Departamento de Informação, Desen-

mos um regulamento nacional em língua

volvimento e Assuntos Europeus do Instituto Português da Qualidade (IPQ). Licenciado em Engenhar-

estrangeira. Que comentário faz a esta

ia Mecânica (IST); Pós-Graduação em Engenharia da Qualidade (UNL-ISQ); Pós-Graduação em Gestão

situação.

Empresarial (ISCTE-INDEG); Mestrado em Gestão da Qualidade, parte curricular terminada (Univer-

RF: Começo por afirmar que ambas as

sidade Aberta). Vogal das Comissões Técnicas de Normalização, CT 80 - Gestão da Qualidade e da

Normas estão já traduzidas para portu-

CT 164 – Responsabilidade Social das Empresas. Avaliador do Prémio de Excelência PEX/SPQ, As-

guês. De facto a legislação aplicável faz

sessor Training Course da European Foundation for Quality Management ( EFQM – 2005). Docente

referência direta às Normas NP EN 81-1

universitário. Tem elaborado trabalhos e estudos, publicado artigos em revistas e boletins da espe-

e NP EN 81-2, que constituem os regula-

cialidade e apresentado comunicações em Congressos, Colóquios, Seminários e Conferências, sobre

mentos de segurança para os ascensores

temas da “Gestão da Qualidade”, da “Gestão Ambiental” e da “Segurança e Saúde no Trabalho”; “Audi-

elétricos e ascensores hidráulicos, res-

torias da Qualidade e Ambiente”; da “Responsabilidade Social” e do “Desenvolvimento Sustentável”.

petivamente. Em segundo lugar, e relati-

34

elevare


Figuras

Resumo Biográfico de Joaquim Pinto

Nascido no Porto em 1934, coincidente

Começou o seu trabalho no Departamento

com o início de atividade na Pinto & Cruz

de Instalações Eletromecânicas que inclu-

onde sempre trabalhou, empresa que

íam a comercialização, instalação e manu-

derivou mais tarde em várias sociedades

tenção de elevadores, demonstrando logo

em função das diversas áreas de

ali um espírito empreendedor e de grande

especialidades em que laborava.

visão, criando as condições de organização

Joaquim António da Silva Pinto passou

das diversas atividades com o objetivo de

a sua Infância entre a escola primária

transformar a empresa familiar numa fu-

de Paranhos e o jardim da Arca d’Água,

tura grande organização, dinamizando uma

local na época muito frequentado

das suas paixões a área dos elevadores,

para as brincadeiras de criança e

tornando-a numa imagem da empresa.

habitualmente um local, pelas suas condições, muito utilizado na prática

Na época vender um elevador era um dia

da patinagem, modalidade que muito

de festa, daí que as carteiras de elevado-

apreciava.

res eram exíguas e havia, como é natural,

Joaquim Pinto

poucos instaladores. No Norte pontificava a Pinto & Cruz com a Schindler, a Efacec No seu trajeto académico frequentou o Li-

e a G. Perez, representante da Schlieren

reforço da sua posição de quota de mer-

ceu D. Manuel ingressando em seguida no

que viria a ser adquirida pela Schindler. Só

cado, alargando-a numa primeira fase a

Instituto Superior de Engenharia no Porto

muito mais tarde começou a aparecer a

nível nacional com sucessivas aberturas

onde terminou em 1955 a sua formação em

Comportel e depois as multinacionais di-

de delegações (Porto, Lisboa, Coimbra,

Engenharia Técnica Eletromecânica, tendo

retamente.

Bragança, Açores, Algarve) e mais tarde

concluído o curso como o aluno mais jovem.

com a sua internacionalização, tornando Com o tempo e com o crescimento da orga-

a P&C numa empresa de referência e lí-

nização, afastou-se do dia-a-dia da área dos

der em serviços de Engenharia, que per-

Licenciado, estagiou em seguida em duas

elevadores para se dedicar mais à gestão

mitiu ao longo da sua historia de 76 anos,

grandes empresas à época, hoje inexisten-

de topo de empresa, criando condições nos

incluir no seu portfolio a realização das

tes: a Empresa Fabril do Norte na Senhora

mais diversos departamentos que se foram

mais prestigiadas obras a nível Nacional

da Hora e na Metalúrgica Duarte Ferreira,

criando (Elevadores, Instalações Eletrome-

e nos últimos anos também em África,

ambas com mais de 1.000 trabalhadores,

cânicas Especiais, Cozinhas e lavandarias

onde atualmente é já considerada como

onde adquiriu experiência, conhecimentos

Industriais, Tubos válvulas e Acessórios,

uma empresa líder no mercado Angolano

técnicos e de gestão, que mais tarde na em-

Máquinas Pesadas, Gruas, Motores e Ge-

na Comercialização, Instalação e Manu-

presa de seu Pai lhe serviram para se tor-

radores, Maquinas Ligeiras para Floresta e

tenção de Elevadores.

nar num empreendedor e gestor de grande

Jardim, Motores e equipamentos, Manuten-

sucesso, granjeando prestígio por parte das

ção e Assistência Técnica), que passaram a

Hoje ocupa o lugar de Presidente do Conse-

mais diversas organizações empresariais.

ser liderados por responsáveis competen-

lho de Administração da P&C-Pintos & Com-

tes.

panhia, SGPS, S.A. sociedade à qual perten-

Após terminar o Serviço Militar em 1958,

cem todas as sociedades P&C em Portugal

entrou para os quadros da Pinto & Cruz que

Atravessou, já na liderança da empresa,

e Angola, bem como 50% da Tuval (venda

conhecia largamente, pois durante as férias

todo o período conturbado do pós-25 de

de tubos e acessórios para fluídos) em An-

escolares, tinha por hábito ir com seu Pai, o

abril, projetando um rumo de moderni-

gola, e, num futuro breve, também com

fundador da P&C, para o escritório da em-

dade, com uma visão de futuro, com ob-

igual percentagem numa empresa de ele-

presa.

jetivos bem delineados, que incluíam o

vadores em Moçambique.

elevare 35


Ascensores com história

O Elevador do Bom Jesus do Monte, o Mais Antigo de Portugal Nota: Fotos do artigo da autoria do autor.

António Vasconcelos Engenheiro Especialista em Transportes e Vias de Comunicação (OE)

O Elevador do Bom Jesus do Monte tem uma enorme importância patrimonial, sendo o mais antigo funicular em todo o mundo com sistema de acionamento por contrapeso de água e mantém praticamente intactos os seus equipamentos, construídos no século XIX.

Portugal dispõe atualmente de oito funicu-

peso de água, tinha sido o de South Cliff, em

ca. Foi notável o espírito empreendedor de

lares em serviço, dos quais seis construí-

Scarborough, (Reino Unido) que entrou em

Manuel Joaquim Gomes, que tinha fundado,

dos entre o final do século XIX e o início do

serviço em 1876, ou seja apenas 6 anos an-

cinco anos antes da inauguração do eleva-

século XX: Bom Jesus de Monte, em Braga

tes do Bom Jesus. Tal como esse funicular

dor do Bom Jesus, a Companhia Carris de

(1882); Lavra (1884), Gloria (1885) e Bica

britânico, que foi mais tarde eletrificado em

Braga, com carros “americanos”, que circu-

(1892), ambos em Lisboa, Nazaré (1889) e

1930, existiram outros aparelhos, anterio-

lavam entre a estação do Caminho de Ferro

Monte de Santa Luzia, em Viana do Caste-

res ao do Bom Jesus, movidos a água e que

e o Pórtico de entrada Escadório do Bom

lo (1923). Entretanto, passado um período

foram mais tarde eletrificados ou mesmo

Jesus. Por seu lado coube a Raul Mesnier

de quase oitenta anos após a entrada em

desativados.

de Ponsard dirigir os trabalhos de constru-

serviço do funicular de Santa Luzia, foram

ção do Elevador, em estreita ligação com

inaugurados o funicular dos Guindais, no

Atualmente encontram-se apenas mais seis

Nikolaus Riggenbach, engenheiro suíço que

Porto (2004) e o de Viseu (2009). Refira-se

funiculares deste tipo em atividade: quatro

tinha conhecido uns anos antes, durante um

que tanto o funicular da Nazaré, como o de

no Reino Unido: Saltburn Cliff, em Saltburn

estágio feito na Suíça, e a quem se deve o

Santa Luzia, foram profundamente remo-

(1884); Leas Cliff – A em Folkstone (1885);

projeto e a construção dos equipamentos

delados, respetivamente em 1968 e 2007.

Lynton & Lynmouth, em Lynton (1890); Ma-

nas Oficinas de Olten (Schweizerisch Cen-

O Elevador do Bom Jesus do Monte, em

chynlleth, na cidade com o mesmo nome

tralbahn Hauptwerkstatte, 1881).

Braga, é propriedade da Confraria do Bom

(1992); um na Suíça: Neuveville, em Fribour-

Jesus do Monte, que também tem a ex-

go (1899) e outro na Alemanha: Neroberg-

Este célebre inventor suíço notabilizou-se

ploração a seu cargo. Inaugurado a 25 de

bahn, em Wiesbaden (1888). Refira-se que

pela construção do primeiro caminho-de-

março de 1882, é o mais antigo de Portugal

o funicular de Machynlleth é relativamente

-ferro de cremalheira na Europa, no Mon-

e da Península Ibérica e mantém ainda em

recente e foi instalado no Centro de Tec-

te Rigi na Suíça, em 1871, onde utilizou pela

serviço o original sistema de acionamento

nologias Alternativas na cidade do mesmo

primeira vez o tipo de cremalheira que tinha

com contrapeso de água. O primeiro funi-

nome, situada no País de Gales.

patenteado. Após este sucesso, Rigenbach

cular que utilizou este sistema de contra-

36

elevare

construiu na sua terra natal, em 1879, (soA iniciativa da construção do Elevador do

mente três anos antes do Elevador do Bom

Bom Jesus, cujo objetivo era proporcionar

Jesus), o funicular de Giessbach, junto ao

um fácil acesso à estância do Bom Jesus,

lago Brienz, também acionado por contra-

deve-se ao dinâmico empresário braca-

peso de água e que lhe serviu de modelo

rense, Manuel Joaquim Gomes e ao talen-

para o do Bom Jesus (foi eletrificado pos-

toso engenheiro portuense de ascendência

teriormente). Por seu lado, Raul Mesnier

francesa, Raul Mesnier de Ponsard. A cons-

de Ponsard, após a conclusão do elevador

trução do Elevador orçou em cerca de 30

do Bom Jesus, projetou e construiu vários

contos, uma soma considerável para a épo-

funiculares em Lisboa, entre os quais os


Ascensores com história da Lavra, Gloria e Bica, que ainda estão em

oito calços de liga metálica, encostados a

serviço, e o centenário Elevador de Santa

quatro tambores estriados fixados às duas

Justa, porventura a sua obra mais conhe-

rodas dentadas fixadas aos dois eixos dos

cida. Também a ele se deve o funicular da

rodados, acionados pelo condutor através

Nazaré.

de um fuso de atuação manual. A refrigeração destes freios é feita por água que cai

O Elevador do Bom Jesus tem 274 metros de

continuamente do depósito auxiliar, com ca-

extensão, vence um desnível de 116 metros,

pacidade de 72 litros.

(com uma inclinação média de 42 %), num tempo de três a quatro minutos. Dispõe de

mentação de água é bastante raro, dado

Existe também um sistema de frenagem de

duas vias paralelas, uma para cada cabina,

que na maioria dos elevadores que utilizam

emergência, constituído por um contrapeso

com a bitola de 1.435 mm, que são tracio-

o mesmo sistema de acionamento, a água

que atua diretamente no freio. O seu aciona-

nadas por um único cabo de aço de 38 mm

ou é abastecida pela rede pública ou reci-

mento é efetuado pelo condutor em caso de

de diâmetro, que liga entre si as duas cabi-

clada através de bombas elétricas, com

falha do freio principal ou automaticamente

nas, passando por uma roldana de inversão

o inevitável dispêndio de energia. Por seu

em caso de rebentamento do cabo ou enga-

com 3.620 mm de diâmetro.

lado, a água descarregada no piso inferior é

te do sistema de tração. Por sua vez, essas

utilizada na rega de terrenos de cultivo nas

rodas dentadas transmitem os esforços de

proximidades.

frenagem aos dentes da cremalheira tipo

O seu percurso desenvolve-se do lado es-

“Riggenbach”, fixadas rigidamente às tra-

querdo do monumental Escadório barroco

vessas da via.

do Santuário do Bom Jesus, erigido em 1721

Cada uma das duas cabinas pode transportar

pelo Arcebispo de Braga, D. Rodrigues de

38 passageiros e dispõe de um depósito de

Moura Teles, ao longo do qual estão dispos-

água para 5.850 litros. A indicação de nível

Em 2006 este funicular sofreu importantes

tas as Capelas da Via Sacra, descrevendo a

é realizada por um sistema de boia flutuante

obras de recuperação e reabilitação, man-

Paixão de Jesus Cristo. Terminando na parte

com ponteiro e régua graduada com 6 mar-

tendo todavia a traça original. Foram subs-

mais alta, junto á estátua equestre de São

cas. Cada marca corresponde a 1.000 litros

tituídos os carris e as cremalheiras e foram

Longuinho.

de água. A quantidade de água a colocar no

renovadas as cabinas (estrutura metálica e

depósito é função da diferença do número

carroçaria de madeira).

Umas das caraterísticas mais originais do

de pessoas a subir e a descer, calculado

Elevador do Bom Jesus é o sistema de ali-

através do seguinte sistema, muito simples

Este funicular é muito frequentado, trans-

mentação da água. Os reservatórios das

e eficaz: Antes de iniciar a marcha, o condu-

portando cerca de 130.000 pessoas por

duas cabinas são abastecidos através das

tor da cabina inferior informa ao seu colega,

ano. Durante a sua longa vida já transpor-

fontes e nascentes da Estância do Bom

da cabina superior, o número de passagei-

tou mais de 10 milhões de pessoas, sem ter

Jesus, canalizadas por uma tubagem que

ros que irá transportar, através de um to-

havido até esta data, um único acidente.

alimenta um depósito geral enterrado, lo-

que de campainhas: para cada grupo de 6

calizado junto ao piso superior do Eleva-

passageiros é dado um toque de campainha

Entretanto aguarda-se a sua classificação

dor. Mesmo nos anos mais secos, não tem

elétrica (ou toque de sineta na ausência de

como monumento de interesse público. O

sido necessário o abastecimento externo

energia elétrica). Em face dessas informa-

processo de classificação, que se arrastava

pela rede pública, o que demonstra bem a

ções, o condutor da cabina superior abre

desde o ano 2000, altura em que a ASPA

utilização de energias renováveis no acio-

o passador que descarrega a água para

(Associação para a Defesa, Estudo e Divul-

namento do Elevador. Este sistema de ali-

dentro do depósito até atingir a marca pre-

gação do Património Cultural e Natural) fez

tendida, segundo a fórmula: n.o de marcas:

a proposta, entrou agora na sua fase de fi-

n.o de toques – n.o de grupos de 6 passagei-

nalização, após o aval dado pelo Conselho

ros para descer.

Nacional de Cultura. Este reconhecimento pode ajudar à candidatura do Bom Jesus do

Desta maneira, a cabina superior torna-se

Monte a Património da Humanidade.

mais pesada do que a inferior e o movimento começa, assim que estejam libertados os

SUGESTÕES DE LEITURA

freios das duas cabinas, sendo a velocidade

O Elevador do Bom Jesus do Monte,

regulada manualmente pela ação no freio

José Manuel Lopes Cordeiro, Fernando

da cabina descendente. Com a chegada ao

Mendes, António Vasconcelos, edição

nível inferior, a água é descarregada auto-

da Ordem dos Engenheiros, Região Norte (2001);

maticamente, através de uma válvula automática e o ciclo repete-se.

Documentação do Simpósio sobre Funiculares “Historia e perspetivas de fu-

O sistema de frenagem deste elevador é

turo”, Ordem dos Engenheiros, Região

muito engenhoso, sendo constituído por

Norte (2001).

elevare 37


Notícias e Produtos F.Fonseca apresenta portfolio de scanners de segurança Sick

ELEVARE apresenta-se nas 2.as Jornadas Técnicas de Elevadores

Paralelamente é realizada uma exposição

F.Fonseca, S.A.

Fundação Politécnico do Porto

nacionais e internacionais, onde promovem

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assegurada por várias empresas do setor,

... Formação para o setor dos ascensores Fundação Instituto Politécnico do Porto Tel.: +351 228 302 555 · Fax: +351 228 302 556 paulamano@fipp.ipp.pt www.fundacao.ipp.pt/formacao

A 2.ª edição das Jornadas Técnicas de Elevadores, organizadas pelo FIPP – Fundação do A flexibilidade é a base para soluções de se-

Instituto Politécnico do Porto, o ISEP – Insti-

A Fundação Instituto Politécnico do Porto,

gurança que se desejam inteligentes, de fá-

tuto Superior de Engenharia do Porto e a OE

no âmbito das suas iniciativas de formação,

cil instalação e controlo. Os scanners laser

– Ordem dos Engenheiros, realizaram-se a

irá promover um conjunto de ações dire-

de segurança da Sick, com o seu portfolio

15 de junho de 2012 no ISEP e pautaram-se

cionadas para o setor dos ascensores. As

alargado não apresentam lacunas, quer em

pela troca de conhecimentos entre os dife-

iniciativas decorrerão no primeiro semes-

aplicações móveis quer estacionárias. Exis-

rentes participantes no setor da elevação. A

tre de 2013, nas instalações da Fundação

te um scanner correto para cada aplicação.

entrada em vigor da EN 81/A3, a revisão do

Instituto Politécnico do Porto, em horário

A interação entre pessoas e máquinas é

Decreto-Lei n.º 320/2008 de 28 de dezem-

laboral e/ou pós-laboral.

cada vez mais importante em muitos locais

bro, as perspetivas de evolução do merca-

Alguns dos cursos são Electricidade Apli-

de trabalho, incrementando também a ne-

do, a eficiência energética nos ascensores, o

cada e Eletrónica Aplicada, ambas com 45

cessidade de equipamentos de segurança à

papel dos consumidores foram alguns dos

horas, Mecânica Aplicada com 35 horas,

altura.

temas tratados neste encontro técnico que,

Hidráulica com 36 horas, Legislação e Nor-

Os scanners de segurança laser da Sick per-

em 2012, voltou a reunir os maiores espe-

malização com 20 horas, Qualidade e Se-

mitem uma reação rápida para alterações

cialistas nacionais na área desde as maiores

gurança com 15 horas e Eficiência Energé-

das condições de segurança das várias ins-

empresas do setor, os projetistas, a tutela,

tica para Ascensores com 20 horas. Estes

talações. Dado que apenas as áreas perigo-

os municípios, as entidades fiscalizadoras

cursos destinam-se a profissionais com

sas são monitorizadas/protegidas, as áreas

e os consumidores. A edição número um

habilitações mínimas do 12.º ano (eletrotéc-

adjacentes podem ser usadas como áreas

da separata técnica ELEVARE, a primeira

nica, mecânica ou similar) e técnicos com

de trabalho. Algumas funções adicionais

separata técnica portuguesa a abordar os

experiência comprovada e relevante no se-

como campos triplos ou monitorização si-

elevadores e a movimentação de cargas,

tor. Para mais informações pode contactar

multânea de campos podem ser utilizadas

aproveitou o evento para se apresentar ao

a Fundação Instituto Politécnico do Porto,

como forma de prevenir tempos de para-

mercado e aos seus leitores que regista-

mais exatamente com Paula Mano.

gem indesejados. As principais caraterísti-

ram com enorme agrado o nascimento de

cas passam pelo comissionamento facilita-

um meio de comunicação totalmente dedi-

do, maior flexibilidade, adaptação a várias

cado à área dos elevadores.

condições do ambiente, uma integração

A primeira edição das Jornadas Técnicas de

simples, proteção de veículos e suporte à

Elevadores em 2011 pautou-se pela ade-

navegação e ainda é 2 em 1 ao proteger a

são em massa de participantes e elevado

Pinto & Cruz instala ascensores e elevadores em Portugal e em Angola

máquina e as pessoas e ainda controlar o

interesse dos temas abordados na área

Pinto & Cruz – Elevadores e Instalações

arranque. As vantagens passam pela gama

dos elevadores. O principal objetivo deste

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alargada, proteção sem contacto, fácil inte-

encontro técnico passa pela troca e atua-

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gração, modelos compactos para espaços

lização de conhecimentos devidamente en-

apertados, soluções completas e seguran-

quadrados com as questões relacionadas

ça e navegação num equipamento. Os scan-

com a legislação e normalização segundo

ners de segurança Sick são indicados para

a sua evolução, a evolução tecnológica dos

garantir a segurança de pessoas e máqui-

equipamentos, a eficiência energética, o en-

nas em qualquer indústria, independente-

quadramento com a lei das acessibilidades,

mente do setor de atividade.

a segurança dos técnicos, o relacionamen-

A Pinto & Cruz instalou para a IZAT FASHION

to entre empresas e com os consumidores,

COMERCIO, elevadores e escadas rolantes

além do papel dos municípios e da DGEG.

ecoeficientes no novo espaço comercial re-

... 38

elevare

...


PUB

centemente inaugurado na cidade de Faro. A Pinto & Cruz foi também a empresa escolhida para colaborar na renovação dos elevadores do antigo Hotel Turismo de Braga, agora designado Hotel Mercure Braga Centro. A Pinto & Cruz também substituiu 40 ascensores e modernizou 24 no complexo habitacional do Bairro da Rosa e Bairro Amarelo, em Almada. A Pinto & Cruz cresceu em Angola, tendo instalado na República Popular de Angola, elevadores nos novos aeroportos provinciais do Dundo, Saurimo, Luema, Soho. Na cidade de Luanda o edifício da Provedoria da Justiça e as Torres do Carmo foram instalados 12 elevadores com 25 paragens e uma velocidade nominal de 3,00 m/s. A Pinto & Cruz também investiu em Moçambique, assente numa política de expansão no mercado africano, tendo previsto para janeiro de 2012 o início da sua atividade na República de Moçambique.

... F.Fonseca apresenta o scanner de medição laser TiM3xx da Sick F.Fonseca, S.A. Tel.: +351 234 303 900 · Fax: +351 234 303 910 ffonseca@ffonseca.com · www.ffonseca.com www.facebook.com/FFonseca.SA.Solucoes.de.Vanguarda

O TiM3xx é o passo lógico na evolução de scanners laser da Sick, com uma nova tecnologia de medição de distância de elevada resolução (HDDM), reduzindo os tempos mortos da máquina graças à sua elevada fiabilidade e imunidade à luz ambiente. O design do TiM3xx permite-lhe ser um dos mais pequenos do mercado, tornando-se facilmente invisível. Mesmo sendo pequeno consegue uma distância de deteção gigante, atingindo os 4 metros de alcance. O scanner TiM3xx é a essência da performance num corpo miniatura. Os argumentos que esgrime fazem com que não tenha necessidade de se esconder: tecnologia HDDM, 48 campos disponíveis e a função Touch and Teach para configuração sem um computador. O TiM3xx, com apenas 7.9 cm de altura, e um scanner laser muito flexível, com um custo irrepreensível e de fácil configuração, indicado para aplicações portáteis ou estacionárias, em automação de fábricas e logística. Graças ao seu consumo muito reduzido e ao seu design industrial e robusto, o TiM3xx da Sick está especialmente concebido para proteção de colisões em veículos autoguiados e para verificar a presença de produto em armazéns automáticos.

...


Consultório técnico

Consultório Técnico

Fernando Maurício Dias Responsável Técnico

UMA EMPRESA QUE POSSUA O SEU SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE CERTIFICADO PELA NORMA NP EN ISO 9001 PODE FAZER A AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE (VISTORIAS) DOS SEUS ELEVADORES? A certificação do sistema de gestão da qualidade segundo a Norma NP EN ISO 9001 é o primeiro passo para que seja possível ao instalador efetuar a avaliação da conformidade dos ascensores por si instalados, no entanto, não é condição suficiente. Para que tal seja possível, a empresa deve requerer a um organismo notificado da sua escolha a avaliação do seu Sistema de Gestão da

mentação. Estes equipamentos não estão

em que o equipamento atua são compatí-

Qualidade segundo o Módulo H, posterior-

sujeitos a vistoria para serem colocados

veis com o nível de segurança das pessoas.

mente, após o seu reconhecimento, pode

em serviço. No que diz respeito a inspeções

Assim é fundamental ter em atenção a:

efetuar a avaliação da conformidade do as-

periódicas, o Decreto-Lei n.o 320/2002 de

I.

Sensibilidade do equipamento (DI);

censor no final da sua instalação. É de notar

28 de dezembro não se aplica a estes equi-

II.

Tensão limite de contacto (V);

que, mesmo nesta situação, existe sempre

pamentos, logo, não é obrigatório o con-

III. Valor da resistência da terra de prote-

a "vigilância" de um Organismo Notificado.

trato de manutenção (embora aconselhá-

Neste âmbito, os Organismos Notificados

vel) e as inspeções periódicas. Na revisão

Portugueses são: APCER - Associação Por-

do Decreto-Lei n.o 320/2002 esta situação

Há várias sensibilidades do equipamento

tuguesa de Certificação e SGS-ICS Serviços

será alterada.

disponíveis no mercado, normalmente são

ção (Rt).

utilizadas sensibilidades de 30 mA e 300 mA.

Internacionais de Certificação Lda.

A tensão limite de contacto a que pode SE A INSTALAÇÃO ELÉTRICA

ser submetido o corpo humano, sem que

UM HOME LIFT ESTÁ OBRIGADO A ALGUMA

DO ASCENSOR POSSUIR PROTEÇÃO

haja dano para a sua saúde, e consideran-

VISTORIA OU INSPEÇÃO PERIÓDICA?

DIFERENCIAL PODE-SE AFIRMAR

do um ambiente seco é de 50 V, é este va-

Os Home Lift não se enquadram na defi-

QUE ESTÁ ASSEGURADA A PROTEÇÃO

lor que serve de referência (não pode ser

nição de ascensor, desse modo, não estão

CONTRA CONTACTOS INDIRETOS?

ultrapassado). Atendendo à Lei de Ohm,

abrangidos pela Diretiva Ascensores, logo,

A proteção contra contactos indiretos em

V = Rt x DI, se V tem de ser menor do que

não estão sujeitos aos meios de avaliação

esquemas de ligação à terra do tipo TT (sis-

50 a expressão fica V < Rt x DI, logo, temos

da conformidade (vistorias) definidos pela

tema habitualmente utilizado) é efetuada

que garantir que a conjugação do valor de

Diretiva Ascensores. No entanto, têm de

pela utilização de dispositivos diferenciais

Rt e DI garanta a condição. O grande pro-

respeitar os requisitos definidos pela Di-

residuais que poderão ser disjuntores ou

blema é que, em grande parte dos casos,

retiva Máquinas (Diretiva onde se enqua-

interruptores com a função diferencial, no

não é conhecido o valor de Rt por parte da

dram), assim, obrigatoriamente devem

entanto, para que efetivamente a proteção

EMA o que faz com que não seja possível

possuir marcação CE bem como Declara-

contra contactos indiretos esteja assegu-

garantir à priori a proteção contra contac-

ção CE de conformidade e demais docu-

rada é necessário verificar se as condições

tos indiretos.

40

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