Plano
Novembro de 2009 · 1ª Quinzena Ano
7
·
Edição
60
·
R$
5,00
BRASÍLIA
w w w. p l a n o b r a s i l i a . c o m . b r
O SILÊNCIO DA VIOLÊNCIA ENTREVISTA Chico Vigilante
POLÍTICA BRASÍLIA Cristovam Buarque
PONTO DE VISTA Cleber Monteiro
Sumário 28 Cidadania
36 Agronegócios
64 Gastronomia
12 Cartas 13 Entrevista 16 Panorama Político 18 Brasília e Coisa & Tal 20 Política Brasília I 21 Política Brasília II 22 Economia 24 Capa 28 Cidadania 30 Gente 32 Educação 36 Agronegócios
38 Cotidiano 39 Religião 40 Planos & Negócios 42 Automóvel 44 Cultura 46 Vida Moderna 48 Esporte 52 Personagem da Cidade 54 Saúde 56 Cidade 58 Moda 60 Comportamento
62 Artes Plásticas 64 Gastronomia 66 Mundo Animal 68 Jornalista Aprendiz 70 Cinema 72 Propaganda & Marketing 74 Tá lendo o que 76 Frases 77 Justiça 78 Diz aí mané 80 Ponto de Vista 82 Charge
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Expediente DIRETORA DE PROJETOS ESPECIAIS Nubia Paula nubiapaula@planobrasilia.com.br DIRETOR ADMINISTRATIVO Alex Dias CHEFIA DE REDAÇÃO Letícia Oliveira, Luciana Vasconcelos Reis DIRETOR DE FOTOGRAFIA Moreno Foto: Estúdio Dephot DESIGN GRÁFICO Flávio Filho, Rodrigo Dias, Romannessa Sanches e Daniel Sihler COLABORADORES Mauro Castro, Romário Schettino, Tarcísio Holanda, Rafaella Ailgup, Paula Marques, Roberto Policarpo, Paulo Guiné, Livia Faria, Sabrina Brito, Gabriela Rocha, Clarissa Ribeiro, Cleber Sousa, Thiago Calixto Melo, Cleber Monteiro, Erika Melo, Milena Santos, Flavia Umpierre, Ana Helena Melo, Jonny Alves, Lecino Filho, Guilherme Joran REVISÃO Juliana de Oliveira Castro DISTRIBUIÇÃO EM BANCAS Distribuidora Jardim DIRETOR POR MAILING Vip Logística IMPRESSÃO Prol Editora Gráfica TIRAGEM 60.000 exemplares CAPA Arte: Rodrigo Dias e Flávio Filho REDAÇÃO Comentários sobre o conteúdo editorial, sugestões e críticas às matérias redacao@planobrasilia.com.br AVISO AO LEITOR Acesse o site da editora Plano Brasília para conferir na íntegra o conteúdo de todas as revistas da editora www.planobrasilia.com.br PLANO BRASÍLIA EDITORA LTDA. SCLN 116 Bl H sala 218 CEP: 70773 - 580, Brasília-DF Comercial: 61 3041.3313 | 3034.0011 Redação: 61 3202.1257 revista@planobrasilia.com.br Não é permitida a reprodução parcial ou total das matérias sem a prévia autorização dos editores. A Plano Brasília Editora não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados.
A Plano Brasília ganhou uma nova roupagem e nosso objetivo com o novo projeto gráfico é tornar sua leitura ainda mais agradável. Nesta edição Chico Vigilante avisa: “Brasília está ameaçada e todos nós precisamos salvála”. A corrida rumo às eleições nacionais e palanques locais, bem como o idealismo do senador Cristovam Buarque, que resiste a alianças partidárias. Como assunto principal, ressaltamos o sofrimento das mulheres que são agredidas por seus companheiros e namorados. Só em Brasília os números chegam a 300 mil/mês. Com a aprovação da lei Maria da Penha muitos avanços foram constatados, mas ainda é motivo de estudo a razão pela qual boa parte dessas mulheres se silenciarem, principalmente com relação às violências moral e psicológica. A briga partidária atrapalha, e muito, o trâmite de projetos de lei importantes para Brasília, como é o caso do “Cão Guia”, prestes a fechar. O Programa atende a deficientes visuais, proporcionando mais independência e integração. E quais as razões porque tantos pais reclamam na hora de matricular seus filhos pelo número 156? A produção agrícola sustentável desponta no Distrito Federal como um expressivo mercado gerador de renda e emprego. Conversamos com o produtor e engenheiro florestal Joe Valle, que saiu em defesa da produção orgânica. Em saúde falamos sobre a cirurgia para pacientes epiléticos, que o SUS não realiza por falta de estrutura, também discutimos o valor pago para fazer o exame na rede particular, com um pouco mais daria para investir na compra do equipamento. É o mês da 42ª edição do Festival de Cinema de Brasília, que atrai produtores de todo o país. Só do DF foram selecionados 52 filmes, mostrando que a cidade tem bons produtores e que evoluiu muito no segmento, além de ser cenário natural para os cineastas. E para os esportistas apresentamos o Mountainboard, mais conhecido como Skate na Terra e para a surpresa de muitos uma pesquisa realizada pela UnB que comprova a gentileza dos brasilienses. Um abraço e até a próxima.
CARTA AO LEITOR
DIRETOR EXECUTIVO Edson Crisóstomo crisostomo@planobrasilia.com.br
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Cartas Tive acesso a revista Plano Brasília e fiquei surpresa com a qualidade
da revista. A parte do jornalismo “gastronômico” não existe em outras revistas com tanta propriedade, comentários de altíssimo nível da jornalista Letícia Oliveira com delicadeza e uma bela fluência de escrita descreve os alimentos sugere opções de restaurantes, chego a colecionar a revista para ter um catálogo a mão de endereços tão necessários por indicação é claro. Parabéns. Margareth Medina Bianchi - Lago Norte
Acabo de ler na sua revista – Ano 7 / Edição 59 - um artigo bem escrito
intitulado “XÔ, VIRA-LATAS” que conseguiu despertar-me da habitual letargia que me causa a leitura de literatura política. Na verdade é insuportável, toda essa desqualificação ridícula onde toda hora se vê, de forma constante, em certo tipo de vitrine, essas reverências subservientes do tipo: moda “up”, x% off, “two nine nine” e outras. Fico na dúvida se isso é só falta de personalidade ou tem também uma forte dose de... de... desculpe, quase falo. João Praciano – Plano Piloto
Gostaria de parabenizá-los pela matéria a respeito do Joaquim Domingos Roriz que permite à população da capital compreender o cenário político e as responsabilidades do povo em escolher um candidato que esteja à altura das exigências do povo. As ideias apresentadas pelo candidato parecem boas demais para serem executadas na cidade, a dúvida é se na prática serão realizadas em tão pouco tempo. Maria Menezes de Albuquerque – Lago Sul
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Fale conosco Cartas e e-mails para a redação da Plano Brasília devem ser endereçadas para: SCLN 116 Bl H Sala 218, CEP 70773-580 Brasília-DF Fones: (61) 3202-1357 / 3202-1257 revista@planobrasilia.com.br As cartas devem ser encaminhadas com assiantura, identificação, endereço e telefone do remetente. A Plano Brasília reserva o direito de seleciona-las e resumi-las para publicação. Mensagens pela internet sem identificação completa serão desconsideradas.
Erramos A Plano Brasília se desculpa por alguns dos erros visualizados na edição 59. Entre eles ressaltamos: 1) Página 52 – As fotos do rodapé são de autoria do Arquivo CB/D.A Press; 2) Página 53 - A primeira foto da parte superior é de autoria de Carlos Moura - CB/D.A Press; 3) Página 74 – Celina Leão é Assessora Política do précandidato Roriz; 4) Página 69 – O endereço do Campus do UniCEUB é SEPN 707/907 - Asa Norte.
Entrevista
Por: Letícia Oliveira | Fotos: Estúdio Dephot
CHICO VIGILANTE AVISA: BRASÍLIA ESTÁ AMEAÇADA E TODOS NÓS, JUNTOS, PRECISAMOS SALVÁ-LA Em Brasília desde 1977, Chico Vigilante, conhecido por sua incansável luta no Partido dos Trabalhadores, acompanhou com orgulho o crescimento da cidade, mas preocupa-se com os rumos desse crescimento, cada vez mais desordenado. Isso porque Vigilante ainda pensa nos caminhos de uma cidade planejada por Juscelino Kubitschek e construída pelos pioneiros, os quais são, na maioria, conterrâneos dele. Pela ordem, Chico, presidente do PT no Distrito Federal, afirma que o partido precisa de candidatura própria, pois é o único que tem um projeto político sólido para enfrentar as outras duas principais forças: Joaquim Roriz e Arruda. “Alianças com essas duas forças, ou com o PMDB, não são admissíveis, o eleitor não entenderia, não admitiria”, reitera Chico. E não há melhor nome para o PT que o de Agnelo Queiroz. E para ajudar nesse projeto político, ele se coloca à disposição para disputar uma vaga na Câmara Legislativa. Vigilante se orgulha do ama-
Fotos: Assessoria de Comunicação e Kátia Ferreira
durecimento do PT, e tem certeza de que o partido não será prisioneiro de caprichos ou intransigências de quem quer que seja, pois na hora H, sabe os nomes de quem é fiel ao projeto partidário.
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“ Para aqueles que não sabem fazer uma política corpo a corpo e que só esperam fórmulas mágicas de “marketeiros” e os minutos de fama na TV, no rádio, é uma pena, pois eles jamais corresponderão às expectativas dos eleitores...
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PLANO BRASÍLIA: Agora que Geraldo Magela anunciou a intenção de candidatar-se Senador pelo PT, cessaram as disputas entre os dois précandidatos, anunciada até então? CHICO VIGILANTE: O nome de Agnelo para pré-candidato é uma campanha mais consolidada e a maioria do partido vê nessa questão uma campanha competitiva, na decisão de uma candidatura própria. Sem contar que Magela já ocupa um cargo que seria incompatível com uma possível disputa ao Buriti, que é o de relator do Orçamento Federal, e que ainda cogita disputar a presidência nacional do PT. Mas a campanha só deve começar para valer, mesmo, a partir de junho de 2010... Hoje temos uma legislação eleitoral séria, que reduziu o tempo de campanha. Para aqueles que não sabem fazer uma política corpo a corpo e que só esperam fórmulas mágicas de “marketeiros” e os minutos de fama na TV, no rádio, é uma coisa muito ruim, pois eles jamais corresponderão às expectativas dos eleitores, das cidades e jamais poderão expor com clareza as suas ideias. Publicidade demais nem sempre é benéfica nesse sentido, principalmente porque não é o “marketeiro” quem vai governar.
E sobre a respeitabilidade do governador Arruda junto ao governo Federal, e uma possível intervenção do PT nacional para uma aliança com o DEM em Brasília. Já foi reafirmada ser uma aliança impossível, mas como em política tudo pode acontecer... Atualmente, temos três grandes nomes para esse cenário de 2010. O de um partido... Do partido dos Trabalhadores e duas outras grandes personagens, o Governador Arruda e Joaquim Roriz, que é uma força inegável, esteja onde estiver. Poucas pessoas se lembram que o Roriz, na primeira eleição, não se elegeu pelo PMDB, mas sim pelo PTR. E o Arruda, hoje é do DEM, mas que já foi do PSDB por muitos anos, que tem patrimônio eleitoral dele e não de algum partido. O PT possui respeitabilidade e apoio da população do Distrito Federal. As eleições vão se dar com essas personalidades. Isso é importante porque os eleitores vão poder fazer um balanço do que foram os quinze anos da gestão Roriz, que levou essa cidade ao caos, pois a situação do Distrito Federal é algo muito impressionante. Um exemplo é o condomínio Pinheiros, que é praticamente uma nova Ceilândia, dentro da Ceilândia, completamente desestruturada com 60 mil lotes. A deso-
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cupação desordenada do solo é algo muito sério, uma vez que as políticas de habitação devem estar integradas, pois gerarão reflexos em toda a infraestrutura da cidade: saúde, educação, trânsito... Como gerou. Se hoje a saúde está sucateada, é porque o número de atendimentos a habitantes do Entorno chega a ser, por vezes, maior do que o atendimento a habitantes da Capital. E a situação da educação, que já foi uma das melhores de todo o Brasil, referência. E o trânsito? Essa é a herança da gestão Roriz. Já Arruda tem uma visão de construtor, de engenheiro... E faz uma gestão de obras, uma gestão liberal, que deixa de lado alguns outros fatores que compõem a governabilidade. O PT vê no nome do médico Agnelo Queiroz, a visão humanista que Brasília precisa para voltar a trilhar os caminhos da prosperidade e de um crescimento ordenado. Mas... E sobre a intervenção federal... A respeitabilidade de Arruda junto ao governo Lula, eu vejo como um sinal de maturidade do Partido dos Trabalhadores, que entende que deve governar para todos e não discriminar, ser imaturo para com os estados governados por outros partidos. Lula gosta de Brasília e entende a importância
E em quais alianças estão pensando? Ou melhor, quais já estão sendo feitas? Bom, temos uma aliança histórica com o PSB e com o PCdoB, então já contamos com esses nomes. Mas queremos sim aliança com partidos como o PDT de Cristovam, até porque o atual ministro do Trabalho, Carlos Lupi é do PDT. Porém, mais do que alianças com partidos, queremos uma aliança com a sociedade... Queremos o crescimento da militância partidária e de toda uma atenção da cidade para superar os problemas que enfrentamos. Queremos os jovens para fazê-los voltar a ter esperança na política, querendo fazer política e acreditando nela como mecanismo para resolver as questões sociais. E o PT, no Distrito Federal, tem vocação
para organizar... Em 1994, o governo Cristovam mostrou um salto importante para o crescimento do partido e sentimos muito quando ele fez uma avaliação ruim sobre a recuperação do partido e optou pela mudança. À época conquistamos algo que pensam ter acabado: a união. Somos muito mais unidos do que muita gente pensa, temos uma relação de família, em que há hierarquias, há desentendimentos, mas que na hora de que um precisa, todos estão lá para ajudar. Qual é o projeto de Chico Vigilante para 2010? Alguma pretensão ou candidatura? O meu projeto para 2010 é eleger Agnelo Queiroz governador do Distrito Federal. Aliado à isso, coloco meu nome à disposição para auxiliar o trabalho do GDF, concorrendo a uma vaga na Câmara Legislativa. Todo governo precisa de uma base forte e consolidada no poder Legislativo. De pessoas com firmeza e experiência, que conhecem os anseios da população brasiliense. Acredito que tenho essa firmeza, essa experiência e que posso auxiliar Agnelo nesse projeto político. Além do aspecto construtor de Arruda, quais são as suas outras considerações sobre o atual governo? Possuo várias críticas, principalmente com relação ao abandono à saúde, uma das maiores reclamações da população do Distrito Federal, e também
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do Entorno, que tenta ser atendida pela mínima infraestrutura que temos atualmente, e que precisa de socorro urgente. Vejo que a educação, e principalmente os educadores, estão abandonados, também precisam ser melhores cuidados para voltarem a ser as referências nacionais que já foram um dia. Espero que as obras melhorem de fato o trânsito, mas já aviso que essa melhora depende de outros fatores correlatos acontecendo de maneira ideal. Mas também ressalto um aspecto positivo, que é o da capacidade de diálogo que o atual governo possui com as categorias organizadas. Esse governo tem aberto espaço na Agenda para discutir anseios diversos, de categorias diversas. Nesse crucial momento pré-eleitoral, do que os brasilienses não podem esquecer? Eu cheguei aqui em 1977, por isso, tenho a dizer que os brasilienses jamais podem se esquecer que essa cidade foi concebida como uma cidade planejada. Os mais vividos que vieram por opção e os mais jovens que permaneceram e aqui construíram seus laços, suas famílias não podem se esquecer do sonho de Dom Bosco quando pensarem no futuro do Distrito Federal. Conclamo a população em não mais permitir que a cidade em que vivem seja governada por políticos com velhas concepções, vícios. Senão o pesadelo poderá ser irremediável. Precisamos salvar Brasília!
Queremos os jovens para fazêlos voltar a ter esperança na política, querendo fazer política e acreditando nela como mecanismo para resolver as questões sociais
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da Capital para o cenário do país, e faz parcerias com o GDF buscando o ideal desenvolvimento. Por exemplo, o fomento dado pelo governo Federal às obras de urbanização. Mas isso não significa que tenhamos que fazer alianças, seja com Arruda, seja com Roriz, pois temos projetos políticos distintos. O respeito e apoio do governo Lula ao governador Arruda, bem como a todos os governadores do país é uma coisa. Fazer política e lutar pelos anseios da população, acreditando num projeto específico, é outra! A população não entenderia, não aceitaria alianças dessa natureza, temos uma visão humanista e não dá para negar isso, desmoralizar-se, descaracterizarse politicamente.
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Panorama Político Tarcísio Holanda | Foto: Divulgação
Ganhar a guerra
O governo federal anunciou, na última terça-feira, que já liberou R$ 120 milhões para o governo do Rio de Janeiro combater a violência e o crime organizado e que, até dezembro, estará repassando mais 130 milhões de reais com o mesmo objetivo. A revelação foi feita pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, depois de uma reunião com o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Após a derrubada de um helicóptero da Polícia por arma antiaérea em poder dos traficantes - o que já virou música popular debochando da Polícia - o secretário de Segurança do Rio de Janeiro reclamou maior ajuda do governo federal ao governo do Rio de Janeiro para que seja possível intensificar o combate aos criminosos. Certamente instruído por Lula, o ministro Tarso Genro procurou Sérgio Cabral para garantir a ajuda. Essa é uma guerra de vida e de morte, em que os governos federal e estadual não poderão perder. O Brasil ganhou o direito de sediar as Olimpíadas de 2016, mas a imprensa internacional critica o alto nível de violência no Rio de Janeiro, a cidade onde os jogos olímpicos serão realizados. A derrubada do helicóptero acendeu uma luz vermelha, alertando para o risco de a segurança ainda estar comprometida naquela data. Se os traficantes de drogas continuarem controlando a maioria dos morros do Rio de Janeiro, como se verifica atualmente, as Olimpíadas poderão não se realizar no Rio de Janeiro, como está programado e isso seria muito ruim para o Brasil.
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Absurdo Os níveis de violência e a criminalidade aumentam em todas as capitais brasileiras, mas são maiores e mais intensas no Rio de Janeiro, até por razões geográficas – os morros se infiltram por diferentes áreas da cidade, inclusive nas mais nobres. Os traficantes de drogas consolidaram seu poderio nos morros, desafiando a polícia e mantendo as comunidades como reféns do Estado paralelo que montaram, aproveitando-se das gritantes omissões das autoridades estaduais e municipais. Descobre-se que perigosos traficantes comandam as
ações criminosas das cadeias onde se encontram. Isso é explicado pela corrupção que domina, infelizmente, todo o aparato policial. Agora mesmo, descobriu-se que um dos traficantes mais perigosos, ligados às FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), estava comandando uma das maiores quadrilhas de drogas de dentro da cadeia em Goiânia. Isso acontece também com detentos de presídios de segurança em Bangu. Os celulares entram nos presídios com grande facilidade, graças à conivência das autoridades policiais.
Panorama preliminar da sucessão A sessão legislativa de 2009 está chegando ao seu final sem que se tenha nada a comemorar nada de extraordinário. Deputados e senadores já vivem o clima pré-eleitoral, tendo a maioria que envidar todos os esforços para assegurar a reeleição, cada vez mais cara e difícil. Já estamos entrando praticamente em 2010, ano de eleições quase gerais - para renovação da Câmara, das Assembléias Legislativas e de dois terços do Senado, além da escolha do presidente da República e vice, dos governadores e vice-governadores de 26 Estados e do Distrito Federal.
Com percentuais recordes de aprovação popular, o presidente Lula se apressou em consolidar a candidatura da ministra Dilma Rousseff, que já foi denominada pelo ex-deputado José Dirceu “garantia do terceiro mandato” do atual presidente. Enquanto Lula e Dilma rasgam o país em todas as direções, a pretexto de inaugurar obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a oposição continua dominada pela perplexidade, intimidada com a popularidade de Lula e a desenvoltura com que antecipou a campanha eleitoral, e ainda não definiu quem será o seu candidato.
Incertezas É notório que o candidato natural da Oposição é o governador de São Paulo, José Serra, líder de todas as pesquisas de opinião publicadas este ano. O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, esboçou um movimento pela consulta prévia no PSDB para escolha do candidato, mas hoje, pelas informações que chegam a Brasília, parece inclinado mesmo a disputar uma cadeira de senador. Aécio já exige que o PSDB defina seu candidato até dezembro, enquanto José Serra marcou para março a oportunidade em que deverá decidir se será mesmo candidato a presidente da República.
O que se diz nos bastidores é que José Serra tanto poderá ser candidato a presidente da República quanto à reeleição como governador de São Paulo, dependendo do panorama existente lá para março de 2010. Acredita-se que acabará se lançando candidato a presidente, mas essa é uma suposição. A sua reeleição no governo de São Paulo é uma “barbada”. Se sentir que terá dificuldades para derrotar a candidata de Lula, pode desistir, como pessoa racional e fria que é. Mas no PSDB e no DEM, a convicção geral é de que o governador de São Paulo será o candidato.
Quadro preliminar Além de Dilma e do esboço de Serra, há as candidaturas de Ciro Gomes, pelo PSB, e de Marina Silva, a exministra do Meio Ambiente de Lula, pelo Partido Verde. A ex-senadora Heloísa Helena, que pretende voltar ao Senado por Alagoas, defendeu o apoio de seu partido, o PSOL, à candidatura de Marina Silva, mas a Executiva Nacional da legenda ainda não tomou uma decisão, acreditando que o lançamento de candidato próprio pode ajudar a aumentar a representação do partido nas casas legislativas. Marina pode chegar aos 10% e até 15%, tirando votos de Dilma.
Ciro Gomes tem sua própria marca e não constitui nenhuma garantia de continuidade do atual governo, do qual é um aliado que demonstra alto grau de independência. É um candidato no estilo herói, salvador da Pátria, que agrada a uma parcela expressiva da população. Isso não significa dizer que Ciro seja um despreparado. Ex-ministro da Fazenda, ele conhece os segredos da economia brasileira e tem condições de pleitear a Presidência da República. Não se sabe é se terá condições de manter a sua candidatura a presidente por um partido que integra a aliança de Lula.
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Brasília e Coisa & Tal Romário Schettino
CRISTOVAM VACILA
RIO E SEUS “AMIGOS”
Depois de criticar Lula e Dilma Rousseff, e ciscar para o governador Roberto Arruda (DEM-DF), o senador Cristovam Buarque se anuncia candidato à presidência da República para, segundo ele, manter acesa a bandeira da educação. Só que o PDT já se aliou à Dilma e o PT-DF fechou com Geraldo Magela para o Senado. Cristovam Buarque faz manobras políticas incompreensíveis, vai ficar chupando o dedo porque Arruda não terá como se livrar de Tadeu Fillipeli para a segunda vaga do Senado.
Depois dos elogios, as preocupações. Todo o mundo viu, leu e ouviu as más notícias do Rio de Janeiro, especialmente sobre a derrubada do helicóptero da polícia pelos traficantes e a estúpida morte de um militante do AfroReggae com a conivência de policiais cariocas. Nada disso pode abalar os eventos Rio 2014 e Rio 2016, basta que as autoridades tomarem medidas necessárias e eficazes. É o que todos esperam.
“PRISÃO DO REITOR” - I
A Associação dos Docentes da UnB (ADUnB) divulgou nota afirmando que havia tomado providências para mandar prender o reitor José Geraldo de Sousa Junior em razão de ele ter, supostamente, se recusado a cumprir uma ordem do Supremo Tribunal Federal, que determinou o pagamento da URP (Unidade de Referência de Preços - criada em 1989). O próprio reitor divulgou esclarecimentos a respeito do assunto, afirmando que lamentava o conteúdo falso e irresponsável da nota “Prisão do Reitor”, porque imputa ao reitor o cometimento de crime e confunde tanto a comunidade como a sociedade em geral.
O PMDB CORTEJADO
Muita água vai rolar até o fechamento total da aliança PT-PMDB em nível nacional, mas uma coisa é certa, o PMDB do DF não deixará o governador Arruda para se unir aos petistas. Os compromissos são profundos demais para permitir um desvio desses.
LULA E SEUS ISCARIOTES
A frase de Lula estampada na Folha de S. Paulo (“No Brasil, Jesus teria que se aliar a Judas”) provocou “fortes” reações da CNBB e de muitos políticos da oposição. Mas os protestos de dois deles mereceram destaque porque, parece que vestiram a carapuça Marina Silva e Cristovam Buarque.
“PRISÃO DO REITOR” - II
Zé Geraldo esclarece que foram feitos todos os esforços para preparar a folha de salários, garantindo a URP integral: Ele comunicou à ministra Carmen Lúcia, do STF, a impossibilidade de cumprir a decisão imediatamente porque havia um bloqueio no sistema de pagamento de pessoal do serviço público Federal, que é controlado pelo ministério do Planejamento. E, o ministro Paulo Bernardo acertou a reabertura da folha de pagamento em 23 de outubro. Tais providências tiveram como objetivo, justamente, garantir o pagamento da URP. Portanto, não houve, nem poderia haver descumprimento de decisão judicial. Zé Geraldo diz ainda que respeita a autonomia sindical, mas lamenta a postura injustificada e imprópria da direção da ADUnb.
SUCESSO DA TV BRASIL
Com menos de dois anos no ar, a TV Brasil já é conhecida por um terço da população (34%), é assistida por 10% dos brasileiros e tem programação aprovada por 80% dos telespectadores. Esse é o resultado de uma consulta feita pelo Instituto de Pesquisas Datafolha a pedido da Empresa Brasil de Comunicação – EBC. Foram realizadas 5.192 entrevistas em todo o Brasil, com abordagem pessoal em pontos de fluxo populacional, distribuídas em 146 municípios de todas as regiões, entre brasileiros de todas as classes econômicas, com 16 anos ou mais. A presidente da empresa pública, Tereza Cruvinel, também foi aprovada no Senado, onde apareceu para fazer o balanço de sua gestão. Duas aprovações que ajudam na manutenção de um bom orçamento da EBC para 2010 e na conquista de parcela do FUST (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações), contestada na Justiça por empresários da radiodifusão.
AS PODAS DAS ÁRVORES
Um segredo que a imprensa não revela: para onde vão as milhares de toras retiradas das árvores todos os anos no Distrito Federal? Alguém está ganhando dinheiro com isso. As podas podem ser necessárias, mas são contestadas por alguns especialistas. Os recursos gerados com elas estão indo para quais cofres? Vale uma investigação dos chamados jornalistas investigativos. São milhares de toneladas de madeira. Comunicando...
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Comunicando A CONFECOM DF MUDOU
Com a mudança da data da Conferência Nacional de Comunicação para os dias 14, 16 e 17 de dezembro, a Confecom DF será realizada nos dias 21 e 22 de novembro. Até lá, as conferências livres estarão acontecendo em muitos lugares com alto nível nos debates e propostas bem abrangentes.
CONFECOM DF – I
A Conferência Livre dos Trabalhadores em Comunicação no DF ocorreu no dia 17 de outubro e reuniu filiados dos sindicatos dos radialistas, jornalistas, processamento de dados, telefônicos e empregados nos Correios e Telégrafos, na Escola de Formação dos Trabalhadores em Informática (EFTI). O professor Venício A. de Lima, o engenheiro em telecomunicações Fernando Luiz Diniz e o representante do Coletivo Intervozes, Braulio Ribeiro, falaram sobre internet, convergência tecnológica, radiodifusão e mídia impressa.
CONFECOM DF - II
Os trabalhadores em comunicação defenderam, entre outras propostas, a criação de um Conselho Distrital de Comunicação, a manutenção do monopólio estatal dos Correios e Telégrafos, a regulamentação da profissão de jornalista, a criação de um Fundo Nacional para o Desenvolvimento das Rádios e TVs Comunitárias e Universitárias e anistia para os radiocomunicadores comunitários processados, com indenização dos equipamentos apreendidos arbitrariamente pela Polícia Federal.
CONFECOM III
A Central Única dos Trabalhadores (CUT-DF) também fez a sua Conferência Livre no dia 21 de outubro. Os sindicalistas cutistas aprovaram a ideia de criar uma central de produção de conteúdos e apoiar as rádios e TVs comunitárias do DF.
A programação da TV aberta no Brasil é muito pobre. Prova disso é que o programa CQC, da TV Bandeirantes (cópia de um péssimo programa espanhol), foi escolhido (63%) como o melhor da televisão brasileira pela campanha “Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania”, da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados. Também foram votados os programas Altas Horas (11%) , Castelo Rá Tim Bum (9,7%), Roda Viva (8,7%) e Observatório da Imprensa (7,7%). Para o jornalista e secretário-Geral da CDH, Márcio Araújo, “os responsáveis por programas que figuraram nos rankings da baixaria costumam alegar que fazem isso porque é popular, traz alegria e audiência”. Não é verdade. A qualidade costuma vir acompanhada do respeito aos direitos humanos e à responsabilidade social. É, vale à pena insistir.
BRECHÓ DOS JORNALISTAS
Todo mês, no Clube da Imprensa, haverá um bazar/brechó dos jornalistas. O primeiro ocorreu dia 24 de outubro, de 12h às 18h. Anotem em suas agendas e compareçam!
CNJ EM CONTRADIÇÃO
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) demonstrou que a Conciliação exaustivamente incentivada pelo órgão aos tribunais de todo o país, não se aplica dentro do próprio Conselho. Durante audiência na Procuradoria Regional do Trabalho da 10ª Região, não foi possível celebrar um acordo entre os nove profissionais de comunicação e o CNJ, porque o representante do Conselho, Luciano Oliva, recusou-se a pagar o aviso prévio dos trabalhadores, direito garantido pela CLT, orientado pelo secretário Geral do CNJ, Rubens Curado, que é juiz do trabalho. Os nove profissionais que atendem à Assessoria de Comunicação do CNJ são terceirizados da Empresa Capital que, em junho deste ano, decretou falência. Mesmo o dinheiro pertencendo à empresa Capital, o CNJ se recusou a fazer um acordo e, agora os terceirizados terão que buscar seus direitos trabalhistas na Justiça, abarrotando ainda mais o Judiciário e contrariando determinação do ministro Gilmar Mendes, que tem pedido para se evitar a judicialização.
VISITANTE ILUSTRE DE MONTEVIDÉU
O jornalista Mário Augusto Jakobskind, correspondente no Brasil do jornal uruguaio “Brecha” e integrante do Conselho Editorial do jornal “Brasil de Fato”, recebeu o título de Visitante Ilustre de Montevidéu, em desagravo à sua expulsão em setembro de 1981. Naquela época, Jakobskind cobria para a revista “Cadernos do Terceiro Mundo” a posse do então presidente militar, general Gregório Alvarez.
CQC É O MELHOR?
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Política Brasília I Por: Paulo Guiné
Eleições nacionais e palanques locais O dia 3 de outubro encerrou um ciclo de filiações e trocas partidárias e, ao mesmo tempo, deflagrou de fato o processo eleitoral de 2010. Já está formado o plantel partidário dos times que vão disputar as eleições no Distrito Federal em outubro do próximo ano. Não há mais possibilidade legal de um jogador mudar de time, no caso, de partido. Daqui a abril de 2010 assistiremos a uma nova fase, a uma verdadeira pré-temporada de aquecimento em que os jogadores e os times vão se estudar, estabelecer estratégias para saírem em campo em busca de votos. Nesse contexto, os times locais acompanharão de perto o movimento dos times nacionais, as composições e alianças que as direções nacionais partidárias adotarão no primeiro semestre de 2010, até julho, data final das convenções. Os candidatos ao Governo do Distrito Federal – Joaquim Roriz (PSC), José Arruda (DEM), Agnelo Queiroz (PT), Gim Argello (PTB), Toninho (PSOL) e Reguffe (PDT) – vão esperar ainda muito tempo até o quadro nacional se definir claramente e saber quais os palanques a serem ocupados por eles. Quem está em uma posição confortável é o ex-governador Joaquim Roriz, dono de um patrimônio eleitoral invejável e que já chega à casa dos 40% nas pesquisas. Filiado a um partido pequeno e sem compromissos nacionais desta ou daquela candidatura presidencial, Roriz pode compor uma coligação com o PT, por exemplo, e participar do palanque de Dilma Rousseff. Para o Senado, o PT decidiria entre Agnelo Queiroz e Geraldo Magela.
Roriz poderia, ainda, dar sustentação ao palanque de Ciro Gomes (PSB) em Brasília, compondo com o deputado federal Rodrigo Rollemberg, inclusive abrindo um espaço para uma das vagas ao Senado Federal, o que é o desejo do atual deputado federal socialista. O governador Arruda não dispõe de tantas possibilidades porque seu partido está fechado com a candidatura presidencial do PSDB, seja Serra ou Aécio Neves. O DEM e o PSDB nacionais acompanharão de perto a movimentação de Arruda, impedindo-o de ficar à vontade para elogiar Lula e, principalmente, Dilma. Arruda pode tentar atrair os pedetistas e o senador Cristovam Buarque, caso não tenham candidatura própria, mas esbarra em antigas resistências partidárias. Com Reguffe candidato, a aliança se inviabiliza para Arru-
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da. É difícil imaginar o PDT fazendo a campanha dele e cristianizando Reguffe e seu discurso de “novo”. Agnelo Queiroz, naturalmente, é a referência principal para o palanque petista de Dilma Rousseff e Lula. Só que, para surpresa de muitos, até mesmo o governador Arruda quer uma lasquinha do palanque, com a possibilidade de incluir o deputado Tadeu Filippelli (PMDB) na sua chapa majoritária. Agnelo esperava contar, sozinho, com o apoio da dupla nacional petista e, com essa exclusividade, amealhar votos de todas as matizes, de simpatizantes e seguidores de Lula e de sua popularidade. Em outras palavras, a composição dos palanques locais depende, e muito, das alianças nacionais que ainda estão sendo costuradas pelos “técnicos” nacionais. O jogo ainda não começou.
Política Brasília II Por: Rafaella Ailgup | Foto: Lecino Filho
PORQUE O POLÍTICO É, ACIMA DE TUDO, UM IDEALISTA Em bate papo com a Plano Brasília, o senador Cristovam Buarque (PDT), conta o porquê de resistir a alianças e de ainda manter como ideal a Presidência da República Pequenos momentos à parte, o nome de Cristovam Buarque é deveras respeitado no cenário político. Não é à toa que é possível ver, a cada semana, um dos políticos do Distrito Federal afirmar que esteve em reunião com o ex-governador de Brasília e ex-ministro da Educação, e que considera como certa aliança de Cristovam com o partido a que pertencem. Mas o fato de Cristovam estar ou não aliado a fulanos ou beltranos não tem nada a ver com preferências ou desamores, mas sim com o fato de que ele ainda possui um ideal político maior, que ele não reconhece nos demais segmentos políticos, seja em âmbito nacional, seja em âmbito local. “Não posso concordar com o presidente Lula sobre o fato de que em política, ‘até Jesus se aliaria a Judas’, até mesmo porque, o papel de Judas, do ponto de vista religioso, abre muitas vertentes... Antes de tudo seria necessário definir quem é o Judas ao qual Lula está se referindo!”, declarou Cristovam.
união não for resgatada, partidos menores, isoladamente, “não terão força nem para vencer Arruda, muito menos para enfrentar Roriz”, desabafa. E enquanto espera, o senador pelo PDT segue o seu trabalho no Congresso, atuando principalmente no projeto de aprimorar as condições e qualidade de vida dos professores em todo o território nacional. Espera por uma decisão firme pelo estabelecimento das diretrizes para implantação do piso nacional de R$ 950,00 para a categoria dos professores, já aprovado pelo Presidente e oriundo de projeto do senador; apoia o projeto de Lei do deputado Dimas Ramalho (PPS-SP), que incentiva doações para universidades, com as devidas deduções do Imposto de Renda para pessoas físicas e jurídicas; aguar-
Esse é o real motivo para o senador estar esperando calmamente. Mesmo porque, qualquer decisão só poderá ser tomada em março, abril do próximo ano, tempo suficiente para Cristovam analisar com quem e se realmente o PDT deve se aliar a algum outro partido. Contudo, já descartou a hipótese de se aliar a Joaquim Roriz, pois, “o problema não é o partido pelo qual Roriz disputará, é uma questão de idealismo mesmo. Roriz e eu fazemos política de formas totalmente opostas, como está registrado na história de nossas disputas em pleitos passados. Uma aliança entre nós não será digerida pelos brasilienses”, enfatizou. Cristovam sente também a falta de união dos partidos de oposição ao atual governo e lembra que se essa
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da pela chegada, no Senado, do exitoso projeto que trata da carreira dos policiais militares e bombeiros do Distrito Federal, aprovado na Câmara no último 22 de outubro; e segue enaltecendo a importância da educação para o desenvolvimento do País, principalmente no mês dedicado aos professores. Em apoio ao idealismo de Cristovam Buarque, na reunião plenária de 21 de setembro de 2009, o Movimento de Resistência Leonel Brizola (MRLB), conclamou “a todos os pedetistas fieis, dirigentes nacionais, regionais ou locais e a todos os militantes, a apoiarem o lançamento de candidatura própria para a presidência da República. E, na atual conjuntura, sem dúvida, o melhor nome é o do senador...”, adotou o MRLB.
Economia Por: Mauro Castro
Feliz 13º Há muito tempo atrás as pessoas viviam sem décimo-terceiro. Pode parecer impossível imaginar trabalhadores sem previdência, sem fundo de garantia e sem o tão desejado décimo-terceiro salário. Esses benefícios fazem parte do imaginário perfeito dos trabalhadores, como se fosse a solução para tanta opressão e obrigações. Acontece que o décimo-terceiro é muito mal utilizado, tanto pelos trabalhadores, quanto pelos empresários. Tudo começa pela falta de planejamento e termina no uso apressado do dinheiro. A história do 13º começou com a tentativa dos empresários reduzirem o mal estar de ver os funcionários chegarem ao final de ano, véspera de natal, sem dinheiro e com poucas condições de comprar presentes e fazer uma ceia com a família. Isso lembra Um Conto de Natal, de Charles Dickens, que mostra muito bem como os patrões da revolução industrial tratavam seus empregados, e como faziam para amenizar a miséria e desesperança na vida. Olhando atentamente podemos perceber que a gratificação de Natal é uma espécie de alento
após um longo ano de dedicação e esforço àqueles que pouco podem esperar da vida. Instituído legalmente em 1962 o 13º representa a soma das parcelas de 1/12 avos de cada mês trabalhado pelo empregado. Qualquer tipo de relação de emprego faz com que haja a obrigação do pagamento. Pago em duas parcelas, a primeira junto com o salário de novembro, portanto, até o quinto dia útil do mês de dezembro e a segunda até o dia 20 de dezembro, o 13º acaba sumindo no meio de tantos gastos que o trabalhador faz ao final do ano. Uma possibilidade que pouca gente sabe é que pode solicitar, com a empresa que está contratado, o pagamento da primeira parcela junto com as férias – pelo menos fará uso no merecido descanso. Tudo isso acontece em meio a um esforço enorme do empresário para fazer caixa e pagar tudo conforme a lei. As empresas, principalmente as de pequeno porte não se preparam financeiramente para arcar com essa saída de caixa. Acabam contratando empréstimos com juros elevados para cumprir a obrigação
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legal. O que deveria ser programado mês a mês acabe se tornando uma surpresa rotineira – todos os anos os empresários desavisados se assustam quando percebem que chegou a hora de pagar o 13º. Pelo lado do trabalhador fica a inconsequente situação de gasto da gratificação em compras natalinas. O que pode ser considerado humano e bem divertido acaba se tornando um pesadelo quando descobre que ficaram para trás diversas contas a pagar. Não são poucas as pessoas que fazem promessas de novembro dizendo que com o 13º irão ajustar as contas domésticas e pagar dívidas. Promessas que não se cumprem quando aparecem as primeiras ofertas e anúncios de natal – poucos resistem. Assim a gratificação some em processo quântico não observável. O fato é que há uma felicidade em se saber que sempre poderá contar com o décimo-terceiro. Um ganho a mais, que poderia fazer diferença. No entanto, a diferença que faz é passar o resto do ano seguinte a espera do próximo, na esperança de fazer o uso certo do dinheiro. Feliz 13º para você.
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Capa
Por: Letícia Oliveira e Milena Santos | Fotos: Estúdio Dephot
O Silêncio da Violência Desde 2006, com a aprovação da Lei Maria da Penha, muitos avanços foram constatados. Ainda assim, estuda-se o fenômeno do porquê de tantas mulheres não se disporem a denunciar, do porquê de tantas se silenciarem...
Os números são claros... São altos! Na Capital Federal, mensalmente, 300 mulheres são agredidas por seus maridos, companheiros, namorados. E isso são apenas os dados fornecidos pela DEAM (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), em que não constam as denúncias realizadas nas demais 31 delegacias das Regiões Administrativas do Distrito Federal. A PCDF (Polícia Civil do DF) também revela que, entre as denúncias diárias realizadas, seis delas têm como destino o poder Judiciário. Desde a vigência da Lei Maria da Penha, no TJDFT (Tribunal de Justiça do DF e Territórios) tramitam seis mil processos com a ementa da Lei Federal nº 11.340. Vê-se que a Lei está caminhando em prol das mulheres, mudando o perfil da violência em Brasília, pois mesmo com números de agressão tão altos, a Polícia Civil registra que os casos de lesões corporais caíram 47%. Sobre os demais números, são registros da PCDF: 20 mil ocorrências anuais em que a mulher é alvo, entre elas, 90% são feitas na DEAM; e 35% das agredidas estão com idade entre 19 e 35 anos.
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Conheça a Lei Maria da Penha! A Lei Maria da Penha é a Lei Federal nº 11.340, sancionada pelo presidente da República, Luiz Ignácio Lula da Silva, em 7 de agosto de 2006, tem como objetivo maior criar mecanismos capazes de coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal. Entre os mecanismos estão: •
Configuração da violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou
Sueli Vitorino de Carvalho Diretora do Abrigo da secretaria de Justiça do Distrito Federal
omissão que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial no âmbito da unidade doméstica, da família ou em qualquer relação íntima de afeto. •
Na hipótese da iminência ou da prática de violência doméstica e familiar, a autoridade policial que
tomar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as providências legais cabíveis, como encaminhar a vítima a abrigos especializados ou proibir o agressor de se aproximar da mulher •
No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a autoridade policial deverá
garantir proteção — quando necessário — encaminhar a ofendida ao hospital, fornecer transporte para a vítima e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida.
Mas por que elas não denunciam? Mesmo com informação da PCDF, sobre as brasilienses estarem denunciando cada vez mais, e de que os agressores, por essa e outras razões, demonstrarem ter mais medo do instrumento legal, vêse que por trás disso ainda é necessário caracterizar melhor o que significa violência contra a mulher. É que não é apenas a violência física e sexual que a Lei Maria da Penha se refere, mas também à violência moral e psicológica. Essa, elas não denunciam! Segundo Akemi Kamimura, da Agende, é porque muitas delas nem têm noção do que é essa violência, uma vez que foram educadas num sistema em que viram suas mães, suas irmãs, suas amigas, serem xingadas, coagidas, terem o comportamento ditado por regras absolutamente machistas. “Aprenderam que, se o marido ou namorado demonstra ciúmes e as proíbe de utilizar certa roupa, ou de se pronunciar sobre determinado
assunto, que eles estão fazendo isso por amor, por cuidado, e que isso não tem nada a ver com violência”, lamentou Akemi. “Com isso, as agressões físicas diminuem, mas as intimidações verbais aumentam, os homens batem menos, porque têm medo da punição, já sabem que esse crime é muito grave, mas acham que para as demais violências não há punição”, reitera o diretor geral da PCDF, Cleber Monteiro. Sueli Vitorino de Carvalho, diretora do Abrigo da secretaria de Justiça do Distrito Federal, em entrevista à Plano Brasília, também corroborou a opinião de Akemi. Ela se preocupa, inclusive, com as consequências sociais dessa não compreensão acerca da violência moral e psicológica. E também relatou que é essa não compreensão que dificulta a aplicação da Lei Maria da Penha. “Ainda vejo muitos agentes da lei não agirem com a discricionariedade necessária.
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Isso porque eles não entendem certas atitudes do homem para com a mulher, daí não conseguem se abster e utilizar a lei com os seus mais estreitos recursos. Não vêem que não podem ser subjetivos e que essa subjetividade agrava outros problemas sociais, tais como a improdutividade dessa mulher vítima de todas as modalidades de violência; que essa mulher abandona os filhos e não participa efetivamente da criação; que essa mulher, por falta de vontade, de vaidade, deixa inclusive de cuidar da sua saúde e da saúde dos filhos e que isso gera custos pesados para o Estado”, desabafou. Sueli exemplificou que, coisas mínimas, tais como a inclusão da certeza de que a escritura de uma habitação cedida a populares, seja feita em nome da mulher, fortalece a família e garante uma política efetiva de atendimento à sociedade como um todo.
Por que denunciar é importante? Porque essa é a única solução para que histórias como as que seguem, realmente tenham um final feliz! Um final de dignidade, de respeito, de humanidade! Um final que representa o real Estado de direito, o Brasil. Essas histórias foram depoimentos colhidos pela Plano Brasília na Casa Abrigo, da Secretaria de Justiça do Distrito Federal. Por esse motivo, os nomes estão sendo obliterados e as imagens buscam a preservação das identidades. Não tema denunciar, agressões, físicas ou verbais, não são gesto de amor, cuidado ou atenção. São atos de violência! A maioria do perfil dos agressores são homens que, por mais que as mulheres achem o contrário, não provêem o sustento, ao invés disso, destroem toda uma unidade familiar, do ponto de vista social, econômico e de todos os outros mais! Ame-se, cuide-se! Denuncie!
“O mais triste é, ainda hoje, não saber onde está o meu filho...” O jovem rosto, de apenas 20 anos, é carregado pelas marcas e remi-
niscências das surras, dos xingamentos, das privações pelas quais passou a nossa primeira Maria. Há alguns meses na Casa Abrigo, três filhos, um de cinco anos, outro de três (que foi roubado) e o mais novo, com um ano e quatro meses que está com ela na Casa, Maria conta que desde a primeira surra, denunciou o companheiro. Mas ele a perseguiu e a manteve presa num barraco na Ceilândia por um mês e meio. Ao longo do cativeiro, foi esfaqueada, teve o abdômen perfurado por um guarda chuva, a cabeça rachada por um porrete (que lhe rende terríveis e diárias dores de cabeça). E não para por aí: uma fratura na coluna deixou a parte do corpo enrijecida e lesões pelos braços, pés, mãos... O perfil do agressor, o mais habitual, alcoólatra. Pais dos dois filhos mais novos, quando o primeiro nasceu, Raimundo raptou o menino e, segundo Maria, por falha da polícia, ela nunca mais conseguiu reaver o filho, que cresce sem saber da existência da mãe, apesar de ela desconfiar onde ele está, mas não ter certeza. Mais do que as dores pelo corpo, essa é a maior dor, “se eu não tivesse tomado atitude, eu teria morrido”, declarou emocionada. Para as mulheres que vivem na mesma
situação, Maria deixa um recado “não tenham medo, denunciem! Hoje, me sinto de cabeça erguida, tenho na Casa Abrigo uma família”. “O homem de quem eu gostava tinha morrido! Esse eu não quero mais...” Foi esse o principal argumento da nossa segunda Maria para falar do porquê ela denunciou o segundo Raimundo. Maria é passadeira, chegou a Casa Abrigo no último dia 25 de setembro, acompanhada de três dos seus cinco filhos. Na Casa, realiza oficinas de crochê, faz ginástica de manhã e à tarde, ela e os filhos possuem atendimento psicológico. Também usuário de álcool e drogas, Raimundo invadiu o trabalho de Maria, que na ocasião conseguiu expulsá-lo, com a ajuda dos patrões. Mas ele aguardou por ela no ponto de ônibus. E não a deixou subir. Queria que ela confessasse que o havia traído... Depois de uma grande surra, Maria foi acolhida por uma assistente social, que a encaminhou para a 23ª Delegacia de Polícia e deu todas as orientações para que ela tivesse assistência do Estado. Inclusive a de como chegar a Casa Abrigo. Maria contou, também bastante emocionada, que todos os filhos não a acompanharam, porque ainda são muito apegadas ao pai. Evangélica, ela acredita, “com a benção de Deus estou me conscientizando de que sou um ser humano e que meus filhos também são, não mereço ser agredida, nem verbalmente, nem fisicamente, nem moralmente”, finalizou Maria na tentativa de incentivar mulheres vítimas de violência a darem esse passo.
Busque ajuda! Além da unidade especializada, todas as delegacias de polícia do Distrito Federal possuem departamento especializado em atendimento ao público feminino. Nos próximos meses a Secretaria de Segurança Pública pretende apresentar um relatório completo sobre o impacto da Lei nº 11.340/06 em Brasília e Entorno. Mulheres vítimas de violência doméstica e familiar devem denunciar o agressor na DEAM, ou em qualquer outra unidade policial da região. Há ainda o Disque Denúncia: 180. O Estado também fornece assistência psicológica, além da Casa Abrigo, em que as mulheres encontram apoio para elas e para os filhos (ape
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nas os meninos tem uma idade limite para assistência, de 12 anos), pelo tempo que for necessário. A Casa atende a mulheres entre 17 e 65 anos, provendo auxílio socioeconômico e emocional. Para chegar a Casa Abrigo, o caminho é, abertura de Boletim de Ocorrência nas delegacias, que encaminharão a mulher para o local de auxílio, ou por determinação judicial, ou por indicação do Ministério Público.
“Uma vida sem violência é um direito das mulheres. Comprometase. Tome uma atitude” Esse é o Slogan para 2009 da Campanha 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres, organizada pela AGENDE Ações em Gênero e Cidadania e Desenvolvimento que marca a comemoração de datas importantes, como o dia 25 de novembro - Dia Internacional da Não-Violência contra as Mulheres e 10 de dezembro - Dia Internacional dos Direitos Humanos. Essas datas também marcam o início e o fim da Campanha, que tem por finalidade promover a consciência, tanto local quanto internacional, sobre a violência contra as mulheres como uma violação aos direitos humanos e criar instrumentos para o governo implantar políticas públicas para erradicação dessa violência. No Brasil, o trabalho da campanha se concentra no fortalecimento da autoestima da mulher e promove condições para sair das situações de violência.
Cresce preocupação com a violência contra a mulher Percepções e reações da sociedade sobre a violência contra a mulher, veja a seguir, os principais resultados:
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55% dos entrevistados conhecem casos de agressões a mulheres
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Com medo de morrer, mulheres não abandonam agressor
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39% dos que conhecem uma vítima de violência tomou alguma atitude de colaboração com a mulher agredida
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56% apontam a violência doméstica contra as mulheres dentro de casa como o problema que mais preocupa a brasileira
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Houve expressivo aumento do conhecimento da Lei Maria da Penha de 2008 para 2009, de 68% para 78%
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Maioria defende prisão do agressor (51%); mas 11% pregam a participação em grupos de reeducação como medida jurídica
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Na prática, a maioria não confia na proteção jurídica e policial à mulher vítima de agressão
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44% acreditam que a Lei Maria da Penha já está tendo efeito
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Para a população, questão cultural e álcool estão por trás da violência contra a mulher
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48% acreditam que exemplo dos pais aos filhos pode prevenir violência na relação entre homens e mulheres
Fonte: Pesquisa Ibope / Instituto Avon (2009) (Parcerias: Instituto Patrícia Galvão, Ibope inteligência e Perfil Urbano Pesquisa & Expressão).
AGENDE Ações em Gênero Cidadania e Desenvolvimento SCLN 315 Bloco “B” Sala 101 Tel.: (61) 3263.3551 E-mail: agende@agende.org.br Site: http://www.agende.org.br DEAM – Delegacia de Atendimento à Mulher EQS 204/205 Asa Sul Tel.: (61) 3244.3400 / 3244.4583
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Cidadania
Por: Luciana Vasconcelos Reis | Fotos: Associação Integra
Cão guia, ameaçado por interesse político Lei distrital de 2002 que permite a livre circulação de cães guias em qualquer ambiente pode ficar obsoleta por mesquinhas brigas políticas e partidárias O Projeto Cão Guia do Distrito Federal, criado em 2001 é o único no Brasil e pode fechar as portas por falta de iniciativa política. Na verdade, por partidarismo. Criado pela ONG Integra (Instituto de Integração Social e Promoção da Cidadania), para beneficiar os deficientes visuais, o programa vem enfrentando sérios problemas para manter os serviços básicos: há oito meses não são pagas as contas de água, luz e o salário dos funcionários. Os recursos que vêm de emendas parlamentares foram suspensos pela procuradoria do DF por entender que, como são muitos os parceiros, o projeto não necessita dos recursos do governo. A ONG Integra em parceria com o Corpo de Bombeiros, treina cães da raça labrador capazes de conduzir cegos. São 91 cães em processo de trei-
namento para atender à população do DF e de todo o país. O custo total de cada animal gira em torno de R$25 a 30 mil durante os 18 meses de treinamento. Só o DF tem 185 mil pessoas com problemas de visão e com as verbas das emendas cortadas, os trabalhos realizados são de voluntários, com exceção do prestado pelos técnicos militares. Dos cinco militares envolvidos no treinamento, três deles foram enviados ao Canadá para aprimorar os conhecimentos de como formar cães guias. Segundo a coordenadora do Integra, Michelle Pottker, no governo anterior havia muito mais parceiros: “O que nós percebemos é que quando muda o governo ou o partido, dependendo, se for de direita ou esquerda, eles não têm muito interesse em dar continuidade a programas que já estejam em funciona-
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mento, ainda que sejam bons. É como se estivessem preocupados em desfazer o que o governo anterior fez. Desta forma, muitos parceiros nos abandonam. Não entendo isso”. Afirmou. Com a verba parlamentar seria possível treinar 25 cães/ ano, mas como a ONG está praticamente vivendo de doações, cerca de R$10 mil/ mensais, o projeto não consegue preparar mais do que oito cães anualmente, além de estar em risco iminente. Desde que o projeto foi lançado, mais de 90 deficientes foram beneficiados. “Faço um apelo aos políticos: olhem para a dificuldade dos deficientes visuais e se mobilizem para que a verba seja liberada. Tem muita gente esperando por um animal treinado para levar uma vida mais digna, para sentirse inserido na sociedade”, ressaltou Michele dizendo ainda: “Este é um projeto pioneiro e coloca a Capital à frente do resto do país na inclusão de deficientes. Só precisamos de um apoio financeiro, esperamos que picuinhas não impeçam que isso aconteça”, destacou. “Como os recursos das emendas são limitados e válidos por três a seis meses e os gastos previstos nem sempre atendem às necessidades cotidianas, a melhor saída seria um convênio, uma mudança no repasse de recurso”, opinou Michele. “Um programa como este demanda muita gente e as parcerias são muito bem vindas, como é o caso da UnB, que nos ajuda com as consultas e saúde dos cães. As rações são doadas pela Premium, mas há despesas como transporte, manutenção da maternidade para os animais e alojamento, que também pesam para que o projeto continue”, disse.
Podemos confiar nos cães”, relatou. “Eu lamento que o programa esteja passando por entraves políticos, porque só reconhece a importância do Cão Guia, quem tem problemas como o meu. Atualmente estou sem meu cão, Zircon, que está com idade avançada e esteve internado, possivelmente se aposentará... É uma pena que nossos companheiros não estejam recebendo a atenção devida por parte dos políticos. Sinto muitas dificuldades sem ele, em nossa casa há um vazio, espero que ele melhore logo, pois já é um membro da família e que o governo distrital atente para a necessidade dos deficientes visuais e invistam mais”, afirmou.
“ Eu lamento que o programa esteja passando por entraves políticos, porque só reconhece a importância do Cão Guia, quem tem problemas como o meu
Treinador Dias e Def.Silvo Cão Jerry
“
Silvo Góis de Alcântara, de 36 anos, casado, pai de três filhos foi um dos primeiros brasilienses a receber um cão treinado pelo Integra, há sete anos: “Com a chegada do Zircon minha vida mudou totalmente, aposentei a bengala e ganhei muito mais liberdade, segurança e independência, sem contar que a companhia do cão eliminou completamente os riscos de acidentes”, revelou. Silvo nasceu com uma doença congênita e em pouco tempo perdeu totalmente a visão. Ele é morador de Sobradinho e conta que para chegar a ADASA, onde trabalha, utiliza dois ônibus: “Quando eu andava de bengala, vivia batendo nas pessoas, minha mobilidade era limitada e tinha a questão do preconceito, sempre era visto como ‘ceguinho’, ‘coitado’ e com o cão guia ficou muito mais fácil saber que direção tomar e ter liberdade de caminhar sem medo de cair em buracos ou escadas, por exemplo. Com ele basta dar o comando. Sem dúvida a qualidade de vida dos deficientes visuais melhorou demais. Eles nos dão mais autonomia.
Como é feito o treinamento A seleção dos cães ocorre quando ainda são pequenos: dois meses depois de nascidos, os filhotes passam por um teste para descobrir qual o seu perfil psicológico. Depois de observado o comportamento, o cachorro é encaminhado a uma família voluntária para que o ajude a se socializar e a equilibrar seu comportamento. Animais agitados, por exemplo, geralmente são enviados à famílias calmas. Este primeiro período da vida do cão, dura em média dez meses. Ele fica com a família selecionada por uma equipe composta por assistente social, psicólogo e treinador. A família hospedeira voluntária leva o animal para conhecer locais onde os futuros donos possivelmente passarão. Passado o prazo, o animal retorna às instalações da ONG para novamente ser avaliado e começar o treinamento de cão guia, que dura de 8 a 10 meses.
Para só depois ser encaminhado aos deficientes visuais. Em um centro de sete mil metros quadrados, no Setor Policial Sul é desenvolvido o processo de educação do animal. Lá foi preparada uma cidade em miniatura, com cenários e ambientes semelhantes ao que o deficiente e seu guia encontrarão ao longo da vida: escadas, semáforos, ruas, passagens de pedestres, sinais de trânsito, ambientes fechados e muitos obstáculos com os quais o cão se habitua a desviar, para que o deficiente não corra nenhum risco. Todo o treinamento é baseado no modelo de uma ONG canadense, a Fundação Mira, que há 20 anos treina animais para esta finalidade. Carlos Dias, um dos bombeiros que esteve no Canadá para aprender com treinar os cães, revela que eles são ensinados inclusive a desobedecer: “durante o curso o treinador
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retira a tampa de um bueiro, afunila o corredor e repete várias vezes a ordem de travessia. Mas o cão não atende e recua. É a desobediência inteligente, tudo para que o deficiente visual não caia no buraco”, afirmou. Carlos disse ainda que nos últimos 40 dias do curso o futuro dono fica com o animal, ocupando uma residência ao lado do canil. Sem dúvida o perfil psicológico do cão é determinante. É o perfil que estabelece qual o deficiente mais compatível. Mas os cuidados não param por aí, o futuro dono do cão, passa por um período de adaptação às instalações do alojamento e aprende a se locomover no local, antes de conviver com o labrador. Na segunda semana, a dupla, cão e cego, serão acompanhados e receberão treinamento, para que o futuro dono aprenda a comandar o animal em um curso que dura de 12 a 15 dias.
Gente
Por: Edson Crisóstomo Foto: Carlos Gandra/CLDF
URGENTE
Fotos: Cristiano Sérgio
Os deputados Chico Leite (PT), Érika Kokay (PT) e Leonardo Prudente (DEM) recebem de Romário Schettino (presidente SJP-DF) um pedido em defesa do diploma de jornalismo.
Juana Ferreira, Carlos Tufvesson e Cleuza Ferreira
Foto: José Filho Fabrício Ferreira entre Renata e Lilly Sarti
ARRASOU GERAL Cleuza Ferreira e a filha Juana e o filho Fabrício e mais Carlos Tufvesson, fizeram do lançamento da coleção de Alto Verão 2010 da Magrella um show.
Política
DE BAR EM BAR A restaurantrice Maria Cristina Costa e o publicitário Pedro Abelha, prestigiando o Festival de Bar em Bar.
Caixa Rápido
Dando satisfação
Simuladão
O deputado Rodrigo Rollemberg (PSB) vai prestar contas de seu mandato em um super evento
Muito Importante – “O simulado de abandono do shopping” realizado pela Administração do Pátio Brasil no dia 10, com apoio do Corpo de Bombeiro, Polícia Civil, Militar, Defesa Civil, Secretaria de Segurança e Detran ensinou funcionários a conduzir clientes e sair com segurança e tranquilidade até as áreas de emergência do shopping.
a ser realizado no Templo da Boa Vontade. É assim que se faz!
Perguntas e respostas A bancada do governo exige respostas sobre queda das vigas no rodoanel, enquanto a oposição exige também respostas do apagão. Quem conseguirá vencer os surdos ou os mudos.
Sem resposta Dúvida cruel entre o DEM e o PSDB de Brasília. Se o governador Arruda encarar o desafio de ser vice na chapa do PSDB, não existe consenso sobre com que nome encarar Joaquim Roriz (PSC) e Agnelo Queiroz (PT).
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Última esperança Somente a ação de tornar inconstitucional a lei que impede a abertura de
Aniversário da Fabiani O aniversário de Fabiani Barbosa causou a maior concentração de mulheres bonitas e charmosas por metro quadrado da cidade, trezentas ao todo. Fotos: Marri Nogueira
A joalheira Carla Amorim e o stylist Marcus Barozzi
Fernanda Adriano, Tatiana dos Mares Guia e Liliane Roriz
Flávia Arruda e Fabiani Barbosa
Valéria Leão Bittar
Geléia Geral postos de combustível em hipermercados, por parte da Procuradoria Geral da República, salvará a população de mais um desserviço patrocinado pela CLDF.
A imortal Bibi Ferreira
Conversa de louco
Impossível não ver
É preciso que alguns repórteres prestem atenção no que falam ou escrevem. Ficar sugerindo pesquisar preço de combustível antes de abastecer é tratar o telespectador/leitor como idiota. Todo mundo em Brasília sabe que não há e nunca haverá concorrência entre os postos. É cartel mesmo!
Aos 87 anos, mas com uma disposição de dar inveja a muitos, Bibi Ferreira demonstra carinho especial por Brasília, estando pela segunda vez na cidade com a homenagem à cantora francesa Edith Piaf. Revê-la é mais que uma obrigação de ofício, mas sim um grande encantamento.
Os shoppings estão começando cada vez mais cedo com a decoração de Natal, com Papai Noel juntinho ao público, para atrair clientes. Se o Papai Noel do Conjunto Nacional é o mais eficiente, não se sabe, mas a decoração ficou magnífica!
Lula: O Filho do Brasil Brasília agradece ao Pier 21, por reprisar o lançamento nacional do filme que conta a história do presidente Lula, no início dos anos de 1980. Isso porque, no estado em que se encontra o Cine Brasília, quem quiser assistir por lá vai precisar ter muita sorte e paciência.
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Educação
Por: Paula Marques | Fotos: Lecino Filho e Estúdio Dephot
Telematrícula
Secretaria de Educação aposta na internet para desafogar matrículas por telefone Hoje, já não se escuta falar em filas nos portões das escolas públicas do Distrito Federal como há alguns anos, quando as matrículas eram feitas nas próprias secretarias das escolas. Isso se deve ao sistema implantado há 16 anos, o Telematrícula. O objetivo do programa é melhorar a qualidade do atendimento à comunidade, com intuito de proporcionar maior eficácia no acompanhamento da oferta e demanda por vagas e matrículas destinadas aos alunos que se encontram fora da rede pública de ensino do DF. Após ter passado por melhorias durante esse período, a aposta para este ano é a internet.
Uma das grandes reclamações feita pelos usuários do sistema é o congestionamento nas linhas telefônicas do número 156. O acúmulo de ligações sobrecarrega o sistema fazendo com que pais e responsáveis liguem mais de uma vez para efetivar a inscrição, enquanto que a meta é realizar o procedimento em apenas uma ligação. Um levantamento da Secretaria de Educação mostrou que em 2008 o total de inscrições foi de 22.505 na primeira semana do Telematrícula. Com a nova ferramenta, a internet, os números em 2009 sobem para 30.670 inscrições realizadas tanto pela web como por telefone.
Antônia de Oliveira
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Segundo a Diretora de Organização do Sistema de Ensino da Secretaria de Educação, Claudimary Pires da Silva, um dos objetivos do sistema pela internet é o desafogamento do 156. “A tendência é que a internet seja usada como ferramenta a serviço da comunidade, facilitando o acesso a Rede Pública”, disse. Claudimary defende que essa ampliação do sistema de inscrições pela internet mais cedo ou mais tarde deveria acontecer a exemplo das inscrições de cursos e avaliações que já existem em nível nacional. O Telematrícula funciona por meio do número 156 onde o interessado digita a opção dois, fornece os dados exigidos e efetua a inscrição. Porém, esse cadastro não é sinônimo de conquista da vaga ou efetivação da matrícula. Alguns critérios são avaliados para sua garantia. Segundo a Secretaria de Educação o que será avaliado é a proximidade entre a escola e o endereço fornecido. Caso aconteça empate, o aluno de menor idade tem a preferência pela escolha de uma escola específica. A confirmação da vaga será no final do ano e a efetivação da matrícula em janeiro de 2010. A Secretaria explica que os responsáveis pelas crianças que se beneficiarão com o Telematrícula não precisam se preocupar caso não consigam ser atendidos na primeira tentativa, pois, a ordem de ligação não faz parte do critério de avaliação. Apesar do empenho, dificuldades são encontradas por pais que buscam matricular seus filhos na rede
13 escolas de Educação Infantil, oito de Ensino Fundamental e uma de Ensino Médio foram inauguradas em todo Distrito Federal. Somando 22 escolas. São 542 turmas no período matutino e vespertino. Só para Educação Infantil foram mais de oito mil vagas. A diretora lembra que os interessados em fazer inscrição tanto por telefone como pela internet devem ficar atentos com os prazos, pois, são diferentes para cada modalidade de ensino. O período de inscrição para Educação Especial encerou em outubro. Já para Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA) vai até a última semana de novembro de 2009. No entanto, ela esclarece que, caso o responsável perca essa data, ele ainda tem a chance de tentar vagas remanescentes. “No final de janeiro de 2010, após acomodarmos os inscritos vai sobrar vagas. Sempre sobra, porque nem todos os inscritos efetivam a matrícula. Então, esses vão arriscar as carências”, explica Claudimary.
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Estúdio Dephot
pública do DF. A diarista Antônia de Oliveira Ribeiro, 44 anos, já está no segundo ano de tentativas para Wender Ribeiro Cardoso de cinco anos. No final de 2008, Antônia fez inscrição do filho para que ele pudesse estudar em 2009, porém, a tentativa foi frustrada. “Mandaram uma carta dizendo que a escola lá perto de casa não recebia criança de quatro anos e o colocaram numa escola em Planaltina. Ficava muito longe da minha casa e não tenho como pagar passagem para ir e vir todos os dias” declarou. Antônia relata que muitas crianças da comunidade onde mora ficaram sem estudar em 2009 pelo mesmo motivo. “Tentei agora de novo pelo Telematrícula. Fiquei muito tempo esperando ouvindo uma gravação várias vezes. Mas consegui e vou ficar esperando”, relatou. Antônia é moradora do Mestre D’armas, em Planaltina e diz que há apenas uma escola para suprir a demanda de crianças da comunidade. Para sanar casos como o de Antônia, Claudimary diz que para o próximo ano a situação será diferente. Em 2009,
Diretora da Organização do Sistema de Ensino da Secretaria da Educação: Claudimary Pires da Silva
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Agronegócios
Por: Romannessa Sanches | Fotos: Divulgação
Agroecologia, um bom negócio no DF A produção agrícola sustentável tem sido uma grande oportunidade para o agronegócio no DF O agronegócio desponta no Distrito Federal como um importante mercado gerador de renda e emprego. A atividade engloba a produção agropecuária, os setores industrial, de comércio e serviços envolvidos. Há cerca de 13 mil propriedades rurais no DF, com a área rural do Entorno são mais de 800 mil hectares onde se desenvolve a apicultura, a criação de bois, porcos, búfalos, aves, cavalos e ovelhas. As hortaliças e a avicultura são responsáveis por cerca de 70% do PIB agrícola do DF. As exportações de frango são as responsáveis pelos bons resultados da balança comercial brasiliense. Nossas hortaliças também já são produtos de exportação. Além disso, a região é uma das maiores produtoras de grãos do País, com 3,8 toneladas por cada hectare. A cooperativa Cootaquara, no Núcleo Rural Taquara, reúne 42 produtores do núcleo, vende 18 mil caixas de produtos por mês, ou três toneladas de hortaliças por ano. As cinco variedades de pimentão cultivadas no local são vendidas para Manaus e Goiânia, devem gerar cerca de R$ 700 mil este ano, e em breve serão exportadas também para os EUA. Para fortalecer a política agropecuária em Brasília e impulsionar o agronegócio, o GDF criou em 1999 o Programa de Desenvolvimento Rural do DF/Ride (Pró-Rural), cujo foco é o pequeno produtor rural, já que 87% das 13 mil propriedades da região têm menos de 50 hectares. Junto com essa boa fase do agronegócio, tem crescido a agricultura
orgânica, que consiste na produção de gêneros alimentícios usando métodos naturais de cultivo. No DF, o principal representante dessa prática, considerado o “pai da agricultura orgânica”, é o engenheiro florestal e secretário de Inclusão Social do Ministério da Ciência e Tecnologia, Joe Valle. Sua história com os métodos de produção sustentáveis teve início em 1982, quando, sem sucesso, tentou plantar couve-flor em sua propriedade, a Fazenda Malunga. Após uma segunda tentativa, em 1985, que resultou numa leve intoxicação com agrotóxico, Valle foi a São Paulo procurar um dos pioneiros da agricultura orgânica no país, Yoshio Suzuki. Hoje, a Fazenda Malunga é referência no setor e seus produtos são encontrados em 36 supermercados da Capital Federal, a maior parte já embalada e pronta para o consumo. As 20 toneladas mensais dos 120 itens, entre hortaliças, laticínios, aves e ovos só
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não são vendidos a outros Estados porque a demanda de Brasília não pára de crescer, em torno de 30% ao ano. A Maluga tem faturamento anual de R$ 400 milhões, conta com 157 funcionários com carteira assinada, sendo que, os com mais de dez anos de casa integram os conselhos deliberativo e técnico e dividem entre si 30% do lucro líquido da empresa. Dessa forma a fazenda aplica um conceito defendido pelos agricultores orgânicos, o do “produtor feliz”, bem remunerado por seu trabalho e pelo uso de recursos. A agricultura orgânica também é mais lucrativa, se bem gerida, pode obter lucro de 10% a 50% maior do que o obtido na agricultura convencional. Segundo Joe Valle existe uma grande demanda: “Falta produto no mercado. A oferta está concentrada nos grandes centros” afirmou. O que não falta é consumidor, o orgânico tornou-se um excelente negócio, já que os compradores aceitam o preço maior. Joe já teve que distribuir senha para venda de produtos orgânicos “Dava briga até por um maço de cenouras”, conta. Para fortalecer o setor, o governo fechou um acordo de cooperação com a Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) para
tornar ágil o desenvolvimento de programas e soluções para o agronegócio brasileiro o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes. A Plataforma de Governança Aplicada à Agricultura e Pecuária vai promover a melhoria de sistemas de controle e monitoramento vinculados ao setor, por meio de tecnologia específica. Um dos objetivos é dar garantias aos mercados importadores dos produtos agrícolas brasileiros sobre o controle da situação sanitária no País. Outra proposta favorável ao agronegócio é a criação de cursos de
Agroecologia nas principais regiões produtoras e cursos de mestrado em Agricultura Orgânica. “O Brasil precisa de mais estudos para a agricultura orgânica profissional”, diz o secretário Joe Valle. Ele também vê um grande potencial para a agricultura familiar, mas acha que falta mais pesquisa, para desenvolver insumos biológicos que aumentem a produtividade. “A agricultura convencional já tem um volume de pesquisa grande, precisamos disso também na produção orgânica.”, diz.
Os números do agronegócio no DF • • •
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O DF é o 22° no ranking de maiores exportadores do agronegócio do país; Na região há 30 milhões de aves, 120 mil porcos, cerca de 112 mil cabeças de gado; As exportações do agronegócio cresceram 108,76% de janeiro a agosto de 2009 comparativamente com igual período de 2008, totalizando US$ 71,7 milhões contra os US$ 34,3 milhões do ano passado; A produção cresceu mais de 40% nos últimos sete anos, no ano passado as 13 mil propriedades rurais geraram R$ 1,5 bilhão; Atividades antes isoladas como a floricultura, fruticultura e a criação de avestruzes têm crescido; O DF foi o responsável por 0,16% do montante de mais de US$ 43,6 bilhões de todo o volume de produtos agrícolas vendidos pelo Brasil ao exterior.
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Cotidiano
Por: Ana Helena Melo | Fotos: Divulgação
La dolce ópera aqui em Brasília As produções de ópera na Capital são cada vez mais escassas, apesar de terem público igual ou maior ao período das grandes produções na década de 80. Falta incentivo de entidades públicas e sobra dedicação por parte dos amantes da arte Há duas décadas deu-se o boom das produções musicais em Brasília e entre elas, as óperas, muito bem produzidas, ocupavam lugar de destaque. Elas surgiram de esforços de cidadãos como Asta-Rose Alcaide e foram incentivadas por grandes maestros, que hoje fazem parte da história da música na Capital. “Brasília fervilhava cultura na década de 80. Mudei-me para cá atraído por isso. A Capital Federal era, naquela época, um ótimo lugar para os cantores líricos serem lançados”, é o que conta Francisco Frias, uns dos grandes nomes do canto lírico na cidade. Sucesso de público e crítica há três décadas, as grandes performances musicais e teatrais perderam a vez ao longo dos anos. Hoje, a cultura da música erudita subsiste graças aos esforços de incentivadores como os membros da Associação Ópera Brasília (AOB) e dos artistas que volta e meia
promovem apresentações por iniciativa própria. “Fora algumas produções que eu promovo junto à Escola de Música e também por iniciativa própria, não temos tido muitas produções ultimamente”, conta Francisco, que também é professor da Escola de Música de Brasília. A preocupação com a escassez de produções candangas não é isolada. A cantora Janette Dornellas, uma notável entre os cantores líricos da cidade, também demonstra sua preocupação. “A ópera envolve muitos custos, só muita vontade política para fazer uma ópera. Este gênero de espetáculos sempre foi subsidiado pelo governo”, explica e argumenta: “Tivemos no ano passado espetáculos realizados pela iniciativa privada, como Carmem, A Flauta Mágica e alguns concertos ao ar livre. O governo tem sido fraco para com a cultura em geral. E não é por falta de público, todas as óperas tive-
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ram grandes platéias. Apresentamos Carmem na torre de tevê para 42 mil pessoas, todos ficaram em silêncio e extremamente atentos”. A simpática cantora, hoje professora da UnB e da Escola de Música de Brasília, tem no sangue a paixão pela música. Filha de uma multi-instrumentista, quando menina Janette sonhava cantar. “Realizei o sonho de ser cantora me apresentando ao lado de amigos como Cássia Eller e Zélia Duncan. As conheci no coro de uma ópera e depois Cássia e eu formamos um grupo para cantar músicas populares pela cidade, chamado Dose Dupla”, revelou Janette. Enquanto as amigas caminharam para a música popular, Janette se aperfeiçoou no canto lírico e se envolveu com o teatro, chegando à ópera: “Me aproximei do teatro por influência de meu amigo Marcelo Saback. Logo após, me formei em música pela UnB”. Há três anos a cantora retomou sua carreira de cantora popular, agora com uma bagagem técnica e teórica superior a de muitos cantores. De modo geral, a manutenção do gênero em Brasília se dá por incentivo de entidades como a Associação Ópera Brasília (AOB), fundada há 32 anos. A entidade se dedica à divulgação da ópera na cidade. As atividades vão desde a elaboração de saraus à promoção de cursos, seminários, espetáculos no gênero cortina lírica e apoio a candidatos as bolsas para estudo de canto no exterior. Entre as muitas realizações da entidade, estão as montagens das óperas Carmen, A Flauta Mágica, La Triviata, La Bohême, A Vingança da Cigana, O Barbeiro de Sevelha , Porgy and Bess.
Religião
Por: Luciana Vasconcelos Reis | Fotos: Lecino Filho
Esquadrão de Cristo Ministério Motociclístico aberto a aos cristãos anuncia a mensagem da cruz sobre duas rodas
Se o ronco dos motores, as jaquetas de couro e a cor preta o assustam, livre-se do preconceito, deixe seus cabelos e mente sentirem a brisa, quem sabe na garupa de um dos componentes do grupo Esquadrão de Cristo, que nasceu em 15 de Agosto de 2004 e é formado tanto por homens quanto mulheres. Em um primeiro momento a imagem pode chocar: são homens de cabelos longos, tatuagens, roupas cheias de correntes e botas, além de muitos adesivos em seus coletes, mas eles são da paz! O que fazem é levar a mensagem da cruz. Segundo o presidente, pastor André Luiz Fernandes, mais conhecido como “Geléia”, o Esquadrão não é só um clube ou grupo é uma forma de servir a Deus sobre as duas rodas: “Ele nos manda estar com o povo, abençoar, pregar, exortar e insistir. Tudo com sabedoria e estratégia”, destacou. André afirma ainda que o nome e a denominação de M.M. (Ministério Motociclístico) ‘Esquadrão’ dá o sentido de união e organização que eles querem ter e o “Cristo” mostra qual é modelo a ser seguido: “A nossa meta de vida e de caráter é Jesus Cristo”, concluiu. Na segunda quinta-feira de cada mês, o grupo tem um ‘moto culto’, na ocasião, são feitas orações e a bíblia é lida: “Quando alguém quer entrar no esquadrão, nós acolhemos não só a pessoa, mas a família, que é nossa prioridade. O motociclismo de Brasília é o motociclismo mais familiar do Brasil”, ressaltou André, que está em Brasília desde 1976 e é pastor há seis anos. Atualmente dirige a igreja Nova Vida do Guará II. O Geléia, além de pastor e motociclista, durante 15 anos esteve à frente da Banda de Rock Gospel, “Livre Arbítrio”, e, quando não está sobre duas rodas é analista de sistemas em uma empresa de informática junto a Advocacia Geral da União. Assim como ele, no esquadrão há pessoas de todas as profissões, como policiais, funcionários públicos, professores e advogados o que importa é estar em sintonia com a filosofia dos cristãos. Zaraia, como é chamada pelo grupo, durante a semana é uma funcionária
pública, mas nos fins de semana, devidamente paramentada, é uma motociclista com tudo que tem direito. Ela explica que para entrar no Esquadrão, primeiro é necessário crer que Cristo é o único e suficiente salvador, mas o grupo não se restringe a nenhuma denominação: “A pessoa que gosta de motos e adora a Deus é bem vinda, mas para se tornar um membro efetivo do grupo é necessário passar por um processo que pode durar de um ano a um ano e meio. Aqui, observamos o comportamento, vivemos em família e abençoamos. Boa parte de nossos membros são casados e pilotam com seus cônjuges”, conclui. Izaque é casado e muitas vezes tem a companhia do filho de 15 anos nos passeios. Ele está no grupo há quase dois anos e declara que o esquadrão tem duas frentes: a Social e a Motociclística. Segundo ele a motociclística engloba os valores de liberdade, de amizade e de família (conceitos puramente Cristãos): “Não nos propomos a ser uma denominação e nem uma igreja, somos irmãos e amigos, no sentido puro da palavra. Onde o Esquadrão chega é reconhecido. Fazemos ações sociais, como no dia das crianças que nos associamos a outro moto clube e fizemos o dia feliz para mais de 300 crianças excepcionas. Sempre que o MM é convidado ou promove um evento, a abertura é com uma oração”, afirmou Izaque.
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“Quando as pessoas veem o colete, inclusive policiais e bombeiros, nos dão liberdade para orar por alguém e muitas vezes até nos escoltam em algum trecho da viagem. Desta forma, rodamos com liberdade no meio motociclístico. Nós trabalhamos muito para conquistar este respeito, por exemplo, pessoas de outros moto clubes não nos oferecem bebida alcoólica”, ressaltou Zaraia dizendo ainda: “Nós temos contato com diversos outros grupos de motociclistas e nossos telefones estão sempre ligados. Às vezes nos chamam até de madrugada para ungir os capacetes e orar pelas motos, principalmente quando vão viajar. Abençoar é uma das nossas funções”, relatou com satisfação. “Certa vez chegou até nós um jovem de um grupo meio radical de motociclistas e cheio de gírias pediu que ungíssemos a moto dele para uma viagem. Então nós intercedemos pelo capacete, pela moto e pelas chaves, quando o pastor orou dizendo: ‘Senhor proteja o teu filho, que ele não ande somente sobre o asfalto e sim na planta das tuas mãos...’ no momento que pastor disse isso, o cara falou assim: ‘Pô veio, me arrepiei’. Hoje, esta pessoa vai a todos os moto cultos que a gente faz. É muito bom saber que esse trabalho faz diferença”, comemorou Zaraia.
Planos e Negócios Por: Alex Dias
Conquest residence é o novo empreendimento da Emplavi em Águas Claras A construtora Emplavi lançou no começo de novembro mais um empreendimento, o Conquest Residence, próximo ao Parque Águas Claras, na Alameda dos Eucaliptos, em Águas Claras. O Conquest Residence é formado por apartamentos single, double e coberturas. Como alternativas para o lazer, o condomínio oferece o espaço fitness, sauna, piscina, espaço gourmet e playground são alguns exemplos. Na estrutura, o residencial oferece ainda garagem privativa, sensor de presença nas áreas comuns, elevadores de última geração, interfone com monitoramento de portarias, hidrômetros individualizados e central de gás. Os apartamentos variam de 32 a 48 m² (single e double), e metros de 54 a 58 m² nas coberturas.
Serviço:
Emplavi Tel: (61) 3345.9400 Site: www.emplavi.com.br
Curso Brasas – turmas especiais para servidores públicos Agora, quem tem a rotina corrida e não tem muito tempo para dedicar-se às aulas de inglês poderá se matricular nas novas turmas oferecidas pelo BRASAS English Course. Pensando na disponibilidade de horários de grande parte dos servidores públicos que trabalham no Distrito Federal, o BRASAS English Course criou turmas e horários especiais para atender a esse público. São oferecidas aulas às sextas-feiras, de 9h às 12h10. Uma opção diferenciada para quem deseja um curso intensivo e com preços especiais. Outra novidade são os cursos especiais para Licença Capacitação. O BRASAS trabalha com aulas intensivas para cobrir os horários exigidos pelos órgãos públicos para que o servidor possa usufruir da licença para estudar inglês. O curso já teve bastante sucesso com alunos do Tribunal de Contas da União (TCU), Banco Central, Policia Federal e a Câmara dos Deputados.
Serviço:
CLN 111, Bl A, 2º andar – Tel. (61) 3349.4749 EQS 110/111, galeria Cine Carim - Tel. (61) 3442.1011 CLSW 304, Bl C, Subsolo - Tel. (61) 3344.2220
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Traje Sport Wear une experiência com qualidade e bom gosto A Traje Sport Wear é uma empresa preparada, que há 17 anos atende com qualidade e compromisso, desde o design ao produto final. Para a empresa, pensar em camisetas é pensar em conforto e praticidade. Uniformizar é criar bons hábitos e organizar o ambiente. E praticar esporte é criar bons hábitos e mudar de vida. Tudo isso aliado à beleza, qualidade, bom preço e excelência. Na área de camisetas personalizadas da empresa, o cliente encontra produtos como camisetas promocionais, escolares, pólo e esportivas. Já no campo dos uniformes, a empresa oferece camisetas em geral, uniformes escolares, uniformes esportivos das diversas modalidades, futebol, vôlei, basquete, natação (maiôs, sungas, toucas), dança (collants, saias, sapatilhas, meias, redinhas, tiaras) e agasalhos. As roupas esportivas femininas (corsários, bermudas, tops, shorts, regatas, camisetas, macacões) e masculinas (camisetas, regatas, bermudas e shorts) também fazem parte da coleção da Traje Sport Wear, que utiliza impressão especializada em serigrafia e bordado computadorizado em seus produtos.
Serviço:
Traje Sport Wear Av. Comercial Norte QNA 54 Lote 01 Loja 04 Taguatinga Norte - DF Tel: (61) 3351.9405
Só Para Meninas A loja Só Para Meninas surgiu com a necessidade de propiciar ao consumidor de Brasília roupas infantis de qualidade. Porém, na medida em que o público crescia e encantava-se com os modelos diferentes e de excelente qualidade, a marca foi sendo expandida. Na mesma proporção de crescimento da demanda, expandiu-se a visão do negócio, substituindo o nome da marca para Kontus, e iniciando a abertura de novas unidades através de franquias. A loja Kontus, de roupas infantis, foi inaugurada no último dia 11 de outubro com uma festa chamada Kontus de Fadas. O evento foi marcado por um desfile infantil e contou com o apoio de renomadas empresas do ramo. A festa, criada para o lançamento da marca e da nova coleção, deu maior visibilidade ao negócio, além de proporcionar momentos que permanecerão na memória do público presente, confirmando a viabilidade de franquias em pontos estratégicos.
Serviço:
Moda Teens e Kids – 2 a 16 anos Shopping Fashion Mall - 302/303 sul Tel. (61) 3202.8372 / E-mail: spmeninas@yahoo.com.br
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Automóvel
Por: Da Redação | Fotos: Divulgação
Fiat traz o 500
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ao Brasil
Chegou ao Brasil no último mês um italianinho que está dando o que falar, 500 ou Cinquecento. O novo compacto da montadora vem com um visual que lembra os anos 50. Mas não se engane o modelo vem com muita tecnologia. O design retrô reveste um motor 1.4 16V, que desenvolve 100 cavalos de potência. No volante, botões para ativar os comandos do Blue&MeTM. Essa função permite ao motorista atender e fazer ligações do celular, além de consultar a agenda de contatos. E tem mais, o artifício tem um sinal sonoro que avisa, por meio de sinal sonoro, os recados SMS que chegam ao celular. O sistema de som toca CDs comuns ou de MP3, possui ainda entrada USB para conectar pen drives com arquivos de músicas. Ainda no painel, pode-se encontrar uma tela para controlar o ar-condicionado, que faz parte de um avançado sistema de climatização, com sensores de temperatura espalhados por dentro e por fora do carro. O compacto vem com cambio borboleta, que permite ao motorista executar trocas de marchas mais precisas. Possui também o recurso Dualogic, mas tem uma versão com câmbio manual. Assessórios como sensor de estacionamento e sensores para acionamento do freio ABS, são responsáveis para dar segurança ao motorista e passageiros. Para tanto, o modelo tem também um software de controle do carro capaz de medir a velocidade, um aviso de que o veículo está perdendo estabilidade, inclusive em situações de chuva. Ele ainda aciona o processo que ajuda o motorista a reduzir a velocidade e o giro do motor. O 500 nasceu na Itália em 1957 e tornou-se ícone da indústria automotiva mundial na época. 50 anos após sua estreia, a Fiat lançou na Europa e dois anos depois aqui no Brasil. A nova edição do simpático carrinho chega para competir com compactos premium Volkswagen New Beetle, Smart Fotwo e Mini Cooper.
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Cultura
Por: Romannessa Sanches | Fotos: Divulgação
A condição feminina discutida em um bordel Mulheres são mulheres, não importa o que façam. Esse é o ponto de vista apresentado na peça Cabaré das Donzelas Inocentes Cabeluda, Minininha e Saiana, as prostitutas e China, a cafetina, são as quatro personagens que habitam a produção Cabaré das Donzelas Inocentes, com estreia marcada para o dia 13 de novembro, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília. A peça mostra o universo feminino a partir da visão de quatro mulheres que trabalham em um bordel decadente. As personagens fictícias são uma mistura das dezenas de cafetinas entrevistadas pelo jornalista Sérgio Maggio em Salvador e em Brasília, durante os 11 anos de pesquisa para o livro, Conversas de Cafetinas, do qual a peça faz parte.
Em cena, as consagradas atrizes brasilienses Adriana Lodi, Bidô Galvão, Carmem Moretzsohn e Catarina Accioly. Na direção, o ator Murilo Grossi e o premiado diretor teatral William Ferreira. O espetáculo conta ainda com a supervisão do dramaturgo argentino Santiago Serrano, o músico Alex Souza, que compôs a trilha sonora com o auxílio de Maggio, e Welder Rodrigues, da Cia. de Comédia Melhores do Mundo, que assina a arte gráfica do espetáculo. Para a trilha sonora Maggio ouviu 300 discos dos quais escolheu
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36 músicas, que vão de Odair José e Diana a artistas menos conhecidos com Nara Costa e Álvaro e seus Romeus, ele explica que a música tem uma função dramatúrgica porque as prostitutas se relacionam ludicamente com as canções. A montagem, que foi contemplada com o edital do Centro Cultural Banco do Brasil 2009, um dos mais disputados e conceituados do país, é marcada por estreias, a de Murilo Grossi como diretor, a de Sérgio Maggio como autor de textos de teatro, e a de Welder Rodrigues nas artes gráficas.
Cabaré das Donzelas Inocentes 13 de novembro a 6 de dezembro de 2009 Quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 20h Centro Cultural Banco do Brasil Brasília – SCES, Trecho 2, Lote 22 (61) 3310-7087
Murilo Grossi diz que o texto não explora o fato de serem prostitutas, apenas usa a prostituição como pano de fundo, a discussão gira em torno dos dramas pessoais de cada uma das mulheres. Além de trazer à tona a face mais oculta e complexa da prostituição, muitas vezes estereotipada nas telenovelas ou vilanizada no noticiário policial, o texto de Maggio busca captar a humanidade dessas mulheres, a profissão, o cotidiano, seus amores, vazios, suas frustrações e suas esperanças. A possibilidade de turnê pelo Brasil ainda está sendo estudada, por enquanto a peça fica em cartaz de 13 de novembro até 06 de dezembro, no CCBB, sempre de quinta a domingo.
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Vida Moderna Por: Lívia Faria | Foto: Divulgação
Uma mulher de visão Um novo conceito de atendimento ao público está se formando no mundo inteiro e Rejane Lima trouxe isso para o mercado imobiliário brasiliense Em um mercado competitivo, o cliente está cada vez mais exigente, principalmente quando se trata da procura pelo seu lar. Um imóvel que tenha a sua cara é o sonho da maioria das pessoas. Brasília passa por um momento peculiar na especulação imobiliária, a crise mundial não afetou o aquecimento do mercado que é considerado atípico e atrai investidores do mundo inteiro. Por mais subjetivo que seja escolher um lugar para viver, sai na frente quem oferece os melhores serviços, em São Paulo e no Rio de Janeiro é muito comum o Private Brokers para o mercado de luxo. O termo em inglês denomina o profissional que oferece um atendimento personalizado, de acordo com as suas necessidades, mapeando os riscos para oferecer um investimento seguro e rentável a longo prazo, dentro de uma dinâmica de trabalho eficaz, gerando conforto para quem compra e vende um imóvel. A personal corretora (private brokers), Rejane Lima, 34 anos, foi pioneira na iniciativa em Brasília: “O atendimento personalizado é um conceito dos EUA. Brasília ainda está caminhando para este tipo de mercado, e eu resolvi trazer esse diferencial para o meu cliente” afirmou. Há dois anos Rejane é corretora de imóveis e há um trabalha como private brokers, vale ressaltar que ela é a única na Capital, a pro-
fissional oferece muito mais do que uma simples necessidade em se realizar uma venda segura de um determinado imóvel: ela traça o perfil do cliente, oferece uma assessoria totalmente personalizada a identificação de riscos. “O primeiro passo é marcar para conversar com o cliente, fazer um levantamento de dados e saber exatamente o que ele quer, depois do levantamento de informações, apresento as opções dentro do que ele espera”, afirmou. A personal corretora tem mais chances de acertar na escolha dos empreendimentos, com escritório próprio, ela também oferece assessoria jurídica para toda a transação imobiliária, análise da documentação para certificar-se da ausência de irregularidades e elaboração do contrato particular de compra e venda sem ônus para as partes. Esse tipo de serviço está sendo bem aceito na capital, existe um nicho para o mercado que procura atendimento personalizado, existem grandes imobiliárias em Brasília com vários corretores, e o cliente acaba se sentindo mais seguro quando só um corretor vai até a casa dele e faz a filtragem dos imóveis. O trabalho de Rejane diferentemente do que acontece em São Paulo não é segmentado por região, “tenho clientes do Lago Sul e Norte, Park Way, Águas Claras e etc. Eu trabalho para o cliente que quer um atendi-
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mento personalizado independente do setor”, esclarece a profissional. Trabalhar em parceria viabiliza a concretização do negócio: “Tenho clientes e investidores que gostam de participar dos lançamentos das construtoras, então, vou buscar um imóvel que está com exclusividade com outro corretor, quando isso acontece, costumo trabalhar em parceria com outros profissionais do mercado”, destacou. Há clientes que a procuram também para a venda de imóveis: “Como eles sabem que eu faço atendimento diferenciado para o comprador, várias pessoas querem negociar a venda do imóvel”, conta a corretora dizendo ainda: “Brasília é o melhor lugar para se investir em imóvel, é uma situação equiparada à renda per capita da cidade, o mercado está extremamente aquecido”, ratificou. “A crise do ano passado não atingiu tanto a gente aqui em Brasília, como nos outros estados, as expectativas são as melhores, terão muitos lançamentos com a 4ª edição do Salão W Imóvel, agora em novembro. E isso é a prova de que o mercado está crescendo cada vez mais”, acredita. Quando questionada sobre a concorrência, a personal corretora responde: “Acredito que no próximo ano venham mais pessoas para esse segmento, mas fui pioneira, trouxe algo que ainda não existia no mercado brasiliense”.
“ A crise do ano passado não atingiu tanto a gente aqui em Brasília, como nos outros estados, as expectativas são as melhores, terão muitos lançamentos com a 4ª edição do Salão W Imóvel, agora em novembro. E isso é a prova de que o mercado está crescendo cada vez mais
“
Serviço: REJANE LIMA Personal Corretora de Imóveis SCN Qd.2 salas 503/504 Ed. Corporate Financial Center www.rejanelima.com.br
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Esporte
Por: Sabrina Brito | Fotos: Lecino Filho
No Teatro de Arena do Cave, na cidade do Guará, a euforia tomou conta das pessoas que se aglomeraram para assistir as apresentações do Mountainboard e de “big air”
Cerca de 70 mil pessoas prestigiaram a 2ª edição do Brasília Games - Jogos de Esportes Radicais, realizados no Guará. O evento foi organizado pela Secretaria de Justiça, o SEJUS em parceria com a Administração Regional e reuniu em um só local atividades esportivas e recreativas como muro de escalada, rappel, bungee jump, skate, para-quedismo, motocross, roller, taekwondo, bicicross, capoeira, karatê e Mountainboard, além de atrações culturais como as bandas Detonautas e Plebe Rude. De acordo com um dos organizadores do evento, Lennon Custódio, da SEJUS, uma das vantagens do “Brasília Games” é difundir a prática de esportes pouco conhecidos pelo público. Lennon cita como exemplo a pista de big air montada para os atletas do Mountainboard. “Uma espécie de skate off-board”, diz. O líder do campeonato nacional desta modalidade é o brasiliense Luciano Pangella, que esteve no Cave, onde se apresentou com outros competidores locais, conhecidos como “Callangosboard”, equipe composta por atletas e diretores da Associação Callangosboard de Mountainboard do DF. Entre eles: André Pangella, Fábio Neves, Marco Antônio, Breno Gallina e Cristiano Costa. O próximo “Brasília Games” já tem data marcada – previsão para o mês de maio do próximo ano, junto com as comemorações do aniversário de 41 anos do Guará e os 50 anos de Brasília.
E por falar em Mountainboard...
O Mountainboard ou skate de terra foi desenvolvido por snowboarders e surfistas. Trata-se de uma invenção norte americana que foi difundida simultaneamente no Hawai e EUA, e, logo depois, começou a migrar para vários países do mundo como Inglaterra, Japão, Nova Zelândia e outros. Ainda pouco difundido no Brasil, o Mountainboard é uma combinação do carve (um skate maior no qual simula-se no asfalto as curvas e batidas do surfe), com o freestyle do snowboard (espécie de esquí praticado com prancha), do skate e do surfe. Agora acrescente tudo e tente praticar saltos e manobras em uma pista de terra. Conseguiu? Parabéns! Você está praticando o Mountainboard! O grande diferencial do skate de terra são as rodas. Elas têm “cravos” para dar maior aderência ao chão, os pneus são especiais, possuem câmeras de ar facilitando a performance em
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Foto: Adriana Lima (Brasília Games)
Para amantes de esportes radicais
terrenos acidentados, (terra, cascalho, asfalto ou paralelepípedo) além de uma board aliada a trucks mais resistentes, o que gera maior absorção de impactos. O Mountainboard possui presilhas para fixar os pés e as pranchas são feitas de compensado de madeira ou fibra de carbono, que as tornam muito mais resistentes. Elas também possuem uma proteção antiderrapante e são ideais para as manobras mais ousadas. No Brasil, o Mountainboard chegou em 1995 através de Paulo Solón, um morador de Visconde de Mauá, no Rio de Janeiro. Desde então a prática se espalhou e hoje conquista milhares de pessoas. Vale lembrar que para se praticar o Mountainboard é preciso um board, capacete, joelheira, cotoveleira, luvas e proteção para os punhos. Com esses itens na mão e a vontade de aprender só fica faltando você escolher o tipo de superfície em que vai praticar.
Foto: Lecino Filho
O skate de terra em Brasília Embora a prática da modalidade exista no Brasil há pouco mais de dez anos, o Mountainboard chegou oficialmente à Brasília em 2006. Depois que André Pangella, atleta brasiliense, categoria Máster, fez uma viagem ao interior do Rio de Janeiro, na cidade de Mauá. Lá, André conheceu Paulo Solón - primeiro brasileiro que trouxe o esporte para o Brasil, bem como os equipamentos para a prática do esporte e a iniciativa de promover campeonatos nacionais para esta modalidade. “O Paulão me explicou tudo”, diz André. Ao voltar para Brasília, André passou a desenvolver projetos que viabilizassem a prática do esporte na capital. “Conversei com o proprietário do Território Off Road, o TOR, local destinado aos praticantes de esportes não convencionais (como o motocross e bicicross), sobre a possibilidade de criar um espaço para o esporte”. “Em agosto do mesmo ano, eu e Luciano (irmão de André e atleta brasiliense de Mountainboard, categoria PRO) já tínhamos providenciado toda a estrutura para a pista de skate de terra no TOR”, explica. Para Luciano, a maior dificuldade encontrada em Brasília foi montar um terreno apropriado para a prática, já que a cidade é composta basicamente por um relevo de planaltos. O melhor terreno são os locais compostos por montanhas, morros, que facilitam os saltos. “Quando conseguimos definir um local, passamos a compor a equipe e divulgar o esporte”, ressalta Luciano. A novidade foi se espalhando e as pessoas pouco a pouco passaram a demonstrar interesse sobre o esporte. “Alguns olhavam desconfiados, inclusive atletas de outros esportes radicais, e logo pergunta-
vam: Que esporte é esse? Como funciona”? “Quando fazíamos as apresentações com saltos e manobras eles gostavam, se encantavam”, afirma André. A partir de então o esporte passou a ser disseminado também em Brasília e, André e Luciano Pangella tornaram-se, além de competidores profissionais, presidentes da Associação Callangosboard de Mountainboard do DF. Hoje os irmãos Pangella colecionam títulos de nível Nacional e já pensam em competir o Mundial no próximo ano nos EUA e Europa. “Em 2007 eu competi na categoria amador, acabei ganhando na modalidade de manobra, o que me deu direito a passar para a categoria profissional. Participei das competições em 2008 na categoria PRO, ganhei nas duas modalidades, board cross e big air, e esse ano acredito que estou bem posicionado no campeonato do circuito”, diz Luciano muito orgulhoso.
Onde praticar Em Brasília o Território Off-Road ou TOR é um lugar destinado aos praticantes de esportes não convencionais como motocross, bicicross e Mountainboard. O local também possui estrutura para sediar campeonatos, inclusive, sediou no mês de julho, a segunda etapa do Circuito Brasileiro de Mountainboard. “No TOR é possível encontrar duchas, banheiros e lanchonete, o território também disponibiliza uma piscina de espuma e cama elástica para o treino das manobras”, diz Guilherme Tom Back, proprietário do TOR. Para Fábio Neves, um dos integrantes do Callangosboard, a pista de espuma é muito interessante, pois, ajuda no aperfeiçoamento das manobras, uma vez
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que o atleta sabe que ao cair na piscina, não vai se machucar. “A piscina de espuma é uma forma de transmitir ao atleta um pouco mais confiança para que ele treine na terra”, diz Fábio. “O atleta até pode cair, mas já está bem treinado, então você não machuca tanto”, enfatiza. Para o treinamento estão disponíveis diversas pistas que variam de acordo com a modalidade. “Para o Mountainboard, o TOR dispões um circuito de big air e four cross para quatro pilotos com gate de largada, várias costelas (ondulações ou obstáculos) e quatro rampas”, explica Guilherme. O Território Off-Board está localizado à 30 km da Rodoviária do Plano Piloto e funciona nos fins de semana, das 9h às 18h. Quem quiser praticar durante a semana pode ligar e reservar. “O TOR não possui fins lucrativos, entretanto, são cobradas taxas de entrada para a manutenção do local”, salienta Guilherme. Para a entrada no TOR é cobrado um valor que varia de acordo com a modalidade: Pilotos de bike e Mountainboard o preço da diária é de R$15,00, para os pilotos de moto o valor corresponde a R$ 35,00 e para o público R$ 5,00. Serviço: Callangosboard: www.mountainboardbrasilia.com.br/ Contato: (61) 8567.3214 Território Off-Board (TOR): www.tordf.com.br/sistema/index.php Contato: (61) 9296.4948
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Personagem da Cidade Por: Sabrina Brito | Foto: Lecino Filho
“Made in” Bahia
Ela é baiana, e claro, apaixonada por acarajé. Aos 59 anos, Lúcia Maria Cerqueira, ou simplesmente Yayá, reafirma o que diz a boa e velha música popular: “O que é que a baiana tem... Tem graça como ninguém”!
Ao final do dia, quando o sol está se pondo, chega D. Yayá, com a sua saia rodada, bata de renda, turbante, pano da costa, colares e balangandãs. Com muita disposição e uma energia positiva contagiante, cumprimenta, com sua voz grave e rouca e com sotaque carregado, todos por onde passa. D. Yayá do Acarajé, assim conhecida pelas redondezas, transmite uma personalidade forte e uma presença marcante. Natural da Bahia: “Sou Soteropolitana e taguatinguense de coração”, como ela mesma diz, D. Yayá veio para Brasília em 1997, passando a trabalhar em um restaurante de comidas típicas da Bahia. Tempos mais tarde, montou o seu próprio negócio e há 13 anos vive do acarajé, vendido em uma pequena, porém aconchegante barraquinha localizada na cidade de Taguatinga. Filha de Iansã, no candomblé, traduzido como senhora das tardes, dona dos espíritos, senhora dos raios, ventos e tempestades, D. Yayá define-se com uma mulher batalhadora e guerreira, declara-se apaixonada pelo seu trabalho, o acarajé, e pelos seus clientes. “Sem eles eu não sou ninguém”, ressaltou. O acarajé de D. Yayá, tradicional e muito elogiado na cidade, é preparado de acordo com os costumes e rituais que só a baiana tem. Para quem não sabe, o acarajé é um quitute da culinária afrobrasileira feito de massa de feijão fradinho, cebola e sal, frito em azeite de dendê, podendo ser servido com pimenta, camarão seco, vatapá, caruru ou salada. O acarajé é considerado, pelas baianas, como uma comida sagrada, já que sua origem é explicada por um mito sobre a relação do Orixá Xangô com suas esposas, Oxum e Iansã. Por isso, a sua receita, embora não seja secreta, não pode ser modificada e deve ser preparada apenas pelos filhos-de-santo. Por este motivo, D. Yayá do Acarajé preza pela qualidade, segue os costumes e denuncia àquelas “falsas baianas” que fazem uso do quitute apenas visando ao dinheiro. Segundo ela, em Salvador existe a Associação das Baianas do Acarajé, chamada “Oficina da ABA”, nela, as baianas possuem amparo e estrutura para realizar o seu trabalho, e, ainda, as baianas que descumprem os rituais ou não preparam estes alimentos de forma correta são desvinculadas da Associação e proibidas de trabalhar com o acarajé. “Lá em Salvador a baiana que trabalha mal é cortada, a prefeitura tira”, explica. Aqui em Brasília não existe uma Associação, e, portanto, não há controle de qualidade nos acarajés vendidos. “O acarajé não é para ser vendido de boné, de jaleco, não deve ser colocado em saquinhos de cachorro-quente, não deve ser colocada à massa
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farinha de trigo. Não deve ser misturado ao óleo de dendê o óleo de soja. A massa também não deve ser congelada, o camarão deve ser de qualidade, o tamanho do acarajé deve ser padronizado, inclusive, o papel que envolve o acarajé deve ser específico, o correto é utilizar o papel manilha”, alerta D. Yayá. “Já tem gente até inventando outros nomes para o acarajé! Eu prezo pela tradição e qualidade do meu acarajé”, enfatiza.
Clientes fiéis
Para a cliente Andréia de Araújo, o acarajé de D. Yayá é o mais gostoso de Brasília. “Eu e meu marido somos clientes assíduos, há dois anos somos fregueses de Yayá. Toda segunda e sextas-feiras estamos aqui”, ratificou. “Moramos no Riacho Fundo I e saímos de lá só para vir comer o acarajé da Yayá”, completa. Andréia diz ainda que durante toda sua gravidez comeu do acarajé, e, agora, traz o filho para comer também. D. Yayá complementa dizendo que tem clientes que moram no Lago Norte, Lago Sul e até em Luziânia.
Convém lembrar que no dia 25 de novembro é comemorado o dia da baiana do acarajé, festejado em Salvador. Como manda a tradição, logo pela manhã, é realizada uma missa na igreja “Nossa Senhora do Rosário dos Pretos”, no Pelourinho, além da exibição de outras manifestações culturais no Memorial das Baianas, na Praça da Sé, em frente à Cruz Caída. A confraternização costuma reunir integrantes da ABA e da Federação Baiana de Culto Afro. Após a missa, as baianas de acarajé, com suas roupas típicas, esbanjando simpatia e carisma, participam de um farto café da manhã. Depois, seguem em cortejo até o Memorial, ao som de sambas de roda. D. Yayá conta que apesar de não participar do dia da baiana do acarajé, já que em Brasília a data não é comemorada, diz que costuma “matar a saudade” de sua terra natal durante as viagens de carnaval. “O acarajé é minha fonte de renda, aqui em minha barraca, eu tiro o suficiente pra me vestir, comer, calçar, para pagar a faculdade de minha filha, e claro, para eu viajar para Salvador nos carnavais”, diz, muito alegre e mostrando, toda orgulhosa, o abadá da Daniela Mercury.
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Mas a baiana de pele negra e olhos verdes não se limita ao acarajé, D. Yayá também é muito conhecida na cidade devido as festas de “lavagem” que promove junto à comunidade. Idealizada por ela e por uma grande amiga, já falecida, a festa enche quarteirões há sete anos. “A “lavagem” acontece uma vez ao ano, durante todo o segundo domingo de setembro” explica. Assim como na festa do Bonfim, tradicional celebração religiosa que tem lugar em Salvador, na “lavagem” de D. Yayá são colocadas 30 baianas vestidas a caráter, com direito à água de cheiro, palmas, toque de atabaque, danças e cânticos de origem africana. Também são colocados bandas e trio elétricos. “A gente fica brincando o Domingo todo, não tem briga, não tem confusão, é tudo bem legal e organizado, temos a contribuição do GDF, da Educação Cultural Palmares, do Ministério da Cultura, entre alguns deputados e senadores. Este ano, vieram aproximadamente 2.000 pessoas”, concluiu.
Saúde
Por: Ana Helena Melo | Fotos: Estúdio Dephot e Lecino Filho
Epilepsia, uma doença cheia de tabus e falta de informação Séculos passaram, conceitos, conhecimentos e tratamentos evoluíram, mas os preconceitos e as dificuldades sofridos pelos epiléticos ainda existem, como existiam no passado A doença, que na Idade Média foi considerada uma deficiência mental e contagiosa, atinge cinco a cada mil brasileiros. Os números são da Liga Brasileira de Epilepsia (LBE), criada com o intuito de informar a sociedade e principalmente os familiares de pessoas epiléticas para um melhor convívio com a doença. “Os pais geralmente, reagem ao diagnóstico de epilepsia com uma mistura de apreensão, vergonha, ansiedade, frustração e desesperança, tentamos reverter isso”, afirma o neurologista presidente da liga, Wagner Afonso Teixeira, em publicação da instituição. Segundo o neurologista, a epilepsia é uma doença neurológica crônica, podendo ser progressiva em muitos casos, principalmente em relação a alterações cognitivas, frequência e gravidade dos eventos críticos. É caracterizada ainda por crises convulsivas recorrentes, afetando cerca de 1% da população mundial. Para o doutor Wagner, o impacto da epilepsia em uma família depende parcialmente do tipo e da frequência das crises. “Se a epilepsia é pouco controlada, ela pode desestabilizar a família e reduzir suas reservas financeiras e emocionais”. Nesses casos, a família como um todo necessita de apoio de profissional da área. Ainda segundo o presidente da LBE, outro problema dentro da família, é a superproteção dos pais em relação à criança, o que leva a alterações de comportamento e personalidade tornando a criança socialmente isolada. As habilidades sociais
de relacionamento não são aprendidas e ela permanece insegura, dependente e emocionalmente imatura. “Essa criança não se adapta socialmente, não pela epilepsia em si, mas pela superproteção dos pais”, afirma Teixeira. Erika Kokay
Numa tentativa de auxiliar não só crianças, como todos que sofrem com a doença, há dez anos foi criada a Associação dos Epiléticos do Distrito Federal. A associação foi criada por iniciativa de familiares, portadores da epilepsia e médicos neurologistas e hoje conta com 500 membros cadastrados, de um total de 40 mil epiléticos em Brasília. “O grupo foi formado com o objetivo de informar a sociedade sobre os tratamentos existentes para essa doença. Visamos melhorar a qualidade de vida dessas pessoas portadoras da epilepsia”, afirma a presidente da associação, Rosa Maria Lucena.
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Há sete anos a frente da Associação, Rosa Maria diz o que a motiva a permanecer na luta pelos direitos dos epiléticos: “Ingressei no grupo por causa do meu filho, que na época sofria com a epilepsia. Hoje, após uma cirurgia, ele leva uma vida saudável e livre de crises. Apesar da saúde do meu filho já ter se restabelecido, permaneço na luta pela saúde dessas pessoas que precisam de alguém para reivindicar seus direitos”. Foi com Rosa Maria à frente da Associação, que os Epiléticos de Brasília conquistaram o direito de realizar uma cara cirurgia de reversão da doença na rede pública. “Após nossa fundação, conseguimos implantar a cirurgia reparativa no Hospital de Base de Brasília, conseguimos o pagamento do exame pela Secretaria de Saúde, e assim conseguimos reverter os casos de muita gente”, conta a presidente. A cirurgia não se aplica a todos os casos de epilepsia, mas nos casos em que ela se aplica, é necessária a realização de um caro exame chamado monitorização, que custa de 18 a 20 mil reais na rede particular. É o que afirma a deputada Érika Kokay, que desde o início de seu mandato, defende a agilização das cirurgias para os epiléticos. A deputada, em parceria com a Associação de Epiléticos do Distrito Federal, têm lutado para que este exame volte a ser pago pelo Sistema Único de Saúde, o SUS. “Até o início do ano, esse exame era pago pelo SUS na rede particular, mas com os pagamentos em atraso, a
rede particular suspendeu a realização deles”, conta a deputada. “Se faz necessário agora que a Secretaria de Saúde do Distrito Federal regularize essa situação o mais rápido possível e que posteriormente, e o quanto antes, ela providencie os aparelhos para a realização deste exame na rede pública”, argumenta a deputada – que conclui: “O que se paga para que este exame seja feito na rede particular é o suficiente para investir no equipamento”. De Rosa Maria, que vivenciou o sofrimento do filho antes da realização da cirurgia, fica o apelo: “Precisamos cada vez mais que as pessoas tomem conhecimento acerca dessa doença tão abrangente no país e que percam seus preconceitos”.
“ Ingressei no grupo por causa do meu filho, que na época sofria com a epilepsia “ Rosa Maria
O que fazer durante uma crise (com informações da Liga Brasileira de Epilepsia) Durante uma crise epiléptica, é recomendado: •
procurar manter a calma;
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colocar algo macio embaixo da cabeça do paciente;
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colocar a cabeça de lado para que a saliva flua, evitando prejuízos à respiração;
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não colocar nada em sua boca;
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não tentar conter o paciente. A área ao redor deve ficar livre para evitar que se machuque.
•
não atirar água ou forçar que a pessoa beba algo durante a crise;
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aguardar ao lado do paciente até que a respiração se normalize e ele queira levantar-se.
Observação: É normal ocorrer sonolência após a crise
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Cidade
Por: Paula Marques | Foto: Divulgação
Por um trânsito melhor Obras viárias prometem desafogar as avenidas do Distrito Federal, entre elas está o alargamento da ponte do Bragueto, que espera garantir trânsito livre na saída Norte de Brasília, mas, será que vai resolver?
Na cerimônia que ocorreu no Memorial JK em comemoração ao 107° aniversário do ex-presidente da República, Juscelino Kubitschek, foi anunciada uma série de obras na Capital. O governo do Distrito Federal pretende entregá-las antes das celebrações do aniversário de 50 anos da construção de Brasília. A duplicação da ponte do Bragueto é uma delas e está orçada em R$ 20 milhões. Este ano, a média de aumento na frota do DF é de um novo carro a cada cinco minutos. De acordo com estatística do Departamento de Trânsito, DETRAN, são 259 veículos por dia, um aumento de 15,6% em relação ao do ano anterior. A Ponte da Bragueto, localizada no final da Asa Norte, é assim chamada por ter sido construída, em 1960, pela empresa Bragueto. De acordo com o Departamento de Estradas e Rodagem, DER, hoje, ela possui fluxo diário de 150 mil veículos e sofre engarrafamentos causados pelo aumento desenfreado da população e de carros nas regiões do Lago Norte, Sobradinho, Planaltina e Formosa. Com a chegada do Shopping Iguatemi, localizado no Lago Norte, estima-se grande aumento no número de carros trafegando na região, deixando o trânsito ainda mais intenso. Para tentar minimizar estes transtornos na malha viária do DF, o governo está construindo viadutos e alargando pistas, como a duplicação também nos acessos das pontes do Eixão Norte e Sul, a construção das Linhas Amarela e
Verde, a construção das marginais na BR 020 e a ampliação na DF 150, que liga o Colorado à Fercal e aos condomínios do Grande Colorado e a Sobradinho II. Porém, o que assusta os especialistas são os dados. O número de carros em Brasília no ano 2000 era de 585.424, hoje, até o mês de abril a frota na cidade subiu para 1.077.781. Eles afirmam que o trânsito de Brasília caminha para o caos e que a melhoria só vai acontecer quando o governo tiver a iniciativa de conter este crescimento e melhorar o transporte público.
Memória Em julho, o DER já havia anunciado o projeto que pretende resolver a situação do trânsito na saída norte de Brasília pela ponte da Bragueto. Nele, consta a criação de oito faixas, quatro de cada lado e duas novas pontes que serão paralelas a do Bragueto. No projeto original para construção da nova Capital, feito pelo arquiteto Lúcio Costa, já constava a ideia de uma segunda ponte no Lago Norte. Em 1976, o arquiteto Oscar Niemeyer preparou o primeiro esboço da ponte a pedido do governador da época, José Aparecido. A Secretaria de Transportes foi procurada por várias
vezes, no entanto, não se manifestou sobre o assunto.
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Moda
Por: Gabriela Rocha | Fotos: João P. Teles
Verão das pernas de fora O calor do verão pede conforto e praticidade. Época ideal do ano para usar e abusar de vestidos curtos e leves. Para sair do óbvio, o segredo é investir em estampas e modelagens diferenciadas, os florais e babados são os hits da estação. Para investir em uma peça com informação de moda, um vestido nude de alcinha com modelagem mais soltinha é uma ótima opção para usar durante todo o ano. Para incrementar ainda mais o visual, os cintos marcam a cintura e ajustam as peças ao corpo. Coletes e casaquetos, inspirados na alfaiataria masculina, ajudam a montar looks mais compostos para ocasiões que exigem roupas sociais.
Vestido Avanzzo nude, Colete Carol Salles e bolsa Planet Bag para Chantylly
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Vestidos floral e cintos Avanzzo Vestido floral Avanzzo
Vestido Carol Salles, cinto Avanzzo Vestido e bolsa Planet Bag para Chantylly
Vestido jeans Avanzzo Vestido Nagushi para Chantylly
Vestido Nagushi para Chantylly Vestido e Colete Carol Salles
Serviço
Fotografia: João P. Teles http://www.joaopteles.com.br/ Produção: Gabriela Rocha www.atesoura.wordpress.com Beauty: Alexandra Martins (cabelo), Aharon Goulart (maquiagem), You Hair and Make Up Modelo: Ingrid Wensing (Glam Model)
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Avanzzo –CLS 305 Bloco C, loja 13 (61) 34434000 Carol Salles – CLSW 101 bloco A loja 34 Edifício Multicenter (61) 37970715 Chantylly - Segunda Avenida bloco 796/802 loja - Núcleo Bandeirante (61) 33863220 Glam Model – SRTVS 701 Centro Empresarial Brasília Bloco C Sala 205 (61) 39659933 You Hair & Make Up – CLS 409 bloco B loja 4/6 (61) 3244400
Comportamento
Por: Luciana Vasconcelos Reis | Foto: Camila Martins/ UnB Agência
A gentileza mora em Brasília Enquanto em grandes capitais os pertences são tirados de forma violenta, no DF, pesquisa comprova que os brasilienses são os mais gentis e desenvolvem objetos caídos Alunas de psicologia social da UnB simularam 100 situações de derrubada de um objeto em dois locais de grande circulação de pessoas: na rodoviária e no aeroporto. O resultado é surpreendente! Para uma cidade considerada fria de calor humano e cheia de pessoas que se interessam apenas com seu umbigo, Brasília ocupou o primeiro lugar no pódio, 83,6% das pessoas devolveram ou alertaram sobre objeto caído no chão. Na maioria, homens. Andréia Silva Ferreira, uma das autoras do estudo, afirma que os lugares foram escolhidos pela diferença nos ambientes: “O público circulante tem nível socioeconômico bem distinto. Logo, tínhamos a ideia de que no aeroporto as pessoas ajudariam menos devido ao mais alto e possível tendência ao individualismo. Começamos o trabalho com essa expectativa, mas isso não aconteceu”.
É, a jovem, que vai completar 50 anos em 2010, tem dado mostra de orgulho e maturidade. Até o momento Brasília é imbatível no quesito gentileza. Segundo o doutor em Psicologia Social Ronaldo Pilati, da UnB, não é a primeira vez que alunos de graduação e pós simulam situações de ajuda e nos mais diversos contextos, os resultados foram semelhantes. Revistas, livros, canetas e até carteiras foram usadas em diferentes situações e devolvidas em 60% dos casos. Somente em um caso o objeto, um livro, foi furtado. Outro detalhe ressaltado em pesquisas como esta é que o fator socioeconômico também é indiferente. Estudos semelhantes, realizados inclusive pela própria universidade, comprovaram que em shoppings frequentados por classes sociais distintas, como Pier 21 e Conjunto Nacional, as atitudes são
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basicamente as mesmas: gentileza e solidariedade. “Assim, não se confirmou a ideia de que os mais favorecidos economicamente ajudariam menos porque tenderiam a ser mais individualistas. Não podemos falar que o nível socioeconômico interfira”, destaca Ronaldo Pilati. O estudo comprovou ainda vários comportamentos: há a pessoa que observa o objeto caído e segue em frente, outro vem atrás alerta sobre o incidente e em muitos casos uma terceira pessoa tinha a iniciativa de pegar o objeto e carregar até quem o deixou cair. Então não perca a esperança, ainda há ‘almas de bom coração’, se, por acaso, você deixar cair alguma coisa ou quem sabe perder a carteira, é bem provável que receba de volta ou seja alertado quanto ao descuido, provavelmente por um ‘homem gentil’.
“ A taxa de ajuda no Brasil é uma das mais altas do mundo. Em outros países, dificilmente encontramos números que se aproximam de 50%
“
Ainda que a correria seja grande e a sobrevivência árdua para todos, os índices de ajuda foram bem positivos: 82,4% das pessoas na rodoviária, pegaram e devolveram o objeto. Os pesquisadores estiveram no local em horários de grande movimento, entre 16h30 e 20h. Já no aeroporto o percentual foi levemente maior: 84,8%. A diferença foi a forma de agir dos transeuntes, a maioria alertava sobre a queda do objeto, mas menos da metade teve a iniciativa de pegá-lo para entregar ao dono. Os horários de estudo no aeroporto foram entre 18h e 22h, nas sextas-feiras, dias de maior movimentação. “A taxa de ajuda no Brasil é uma das mais altas do mundo. Em outros países, dificilmente encontramos números que se aproximam de 50%”, concluiu Pilati. O professor disse ainda que o resultado confirma as estatísticas de estudos semelhantes feitos em todo o país.
Cordialidade elevada Os homens, temos que tirar o chapéu para eles. Não é que se mostraram além de prestativos e gentis, cordiais! Enquanto na Rodoviária, de cada 10 pessoas que tiveram iniciativa, seis eram homens, e apenas quatro mulhe-
res. No Aeroporto, os percentuais foram de 67,2% para ele e de 32,8% para elas. É mulheres, vamos à luta! A explicação segundo Pilati é simples: os homens apesar de chamados de insensíveis e de muitas vezes não entenderem a alma feminina, procuram refletir os papéis sociais atribuídos a eles. Logo, agem de modo cavalheiro e atendem à expectativa de serem solícitos. Inclusive, quando o incidente acontece com outro homem. O mais intrigante é que pelo mesmo motivo as mulheres “deixam” de ser gentis. Na verdade, o comportamento natural da mulher é aguardar para ser ajudada. Rosana Mendes Silveira é moradora da Ceilândia e passa pela rodoviária todos os dias, ela diz que muitas vezes vê coisas de outras pessoas caírem, mas normalmente apenas avisa: “Eu to sempre com pressa para pegar o ônibus, aí não me abaixo para pegar, a não ser que eu esteja parada”, destacou. Comportamentos como este, podem caracterizar que a pessoa imagine que, se não ajudar, outra pessoa o fará. Segundo Pilati, o fato de o indivíduo ter percebido a queda como acidental ou não, também interfere. Outro dado comprovado nos estudos é que as pessoas evitam auxiliar se considerarem que o outro teve culpa pelo que lhe ocorreu.
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Ronaldo Pilati
Artes Plásticas
Por: Ana Cláudia Matias | Fotos: Ana Cláudia Matias
Perfil de Frederich John Fick Nome Completo: Frederich John Fick
há um assunto específico, às vezes
Como é conhecido: Fred Fick.
que me inspirem. Que me chame a
Formação: cabelereiro graduado pela National Technical College of Hairdressing of South Africa e artista plástico.
plantas, outras objetos coloridos atenção. Gosto de fazer os objetos serem vistos de forma diferente, de ângulo diferente.Tentar mostrar o jeito que eu os vejo, meu ângulo
País de origem: África do Sul.
sobre a vida.
País onde reside: Brasil.
Há quanto tempo realiza traba-
Há quanto tempo reside no Brasil: 15 anos.
lhos de artista plástico: sempre o realizei como hobby.
Trabalhos artísticos: desenho, escultura e pintura. Com que frequência os realiza: diariamente. Estilo: não fixo em nenhum estilo “certinho” nem clássico, nem contemporâneo. Gosto de misturar todos. De onde vem a inspiração: Devido ao fato de ser sul-africano se inspira em mulheres africanas em suma, além de mulheres em geral, por ser cabelereiro eu tenho contato diário com as mulheres – a maior parte da minha clientela então, a minha inspiração são as mulheres mesmo. Ídolo: Salvador Dalí, admiro-o muito. Para mim, ele é um grande mestre das artes plásticas. Temas dos trabalhos: varia, não
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Foco ao realizar alguma atividade como artista plástico: a minha ideia com a reciclagem não veio porque é moda agora não, mas sim de dar um fim descente em alguns “lixos” que nós produzimos em casa,eu me recuso a jogar objetos que têm outra utilidade fora. O papel, por exemplo, é muito bem vindo, sempre há formas de aproveitá-lo, e transformá-lo também. Acredito que o mundo está vivendo uma fase de mudança. E, nós seres humanos também temos que mudar junto com ele. Lugar de divulgação dos seus trabalhos: na maioria das vezes, os vende no mezanino do Impact Studio ( recinto onde trabalha). Como a produção não é tão grande, os vendo para as próprias clientes do salão. As clientes vêm fazer o cabelo e como sempre há alguma exposição elas veem os objetos da exposição e os compram. “Além da minha exposição aqui também empresto o espaço para amigos artistas exporem seus trabalhos. Eu empresto o espaço porque normalmente os artistas não são conhecidos.” Quem são as clientes: Bom, as clientes do salão são diplomatas estrangeiros (as), acho que por causa do inglês e das outras línguas que eu falo acho que facilita a comunicação. A maioria delas são do corpo diplomático e minhas clientes antigas. Projeto de vida: gostaria de investir mais no campo das artes plástica, principalmente na cerâmica, que é o meu grande amor. Os vasos azuis, por exemplo, são bonecas de cerâmica que eu faço, seguindo o ritual tribal da África do Sul, quando o adolescente saí da puberdade para a fase adulta normalmente se dá um boneco coberto com grama, mas eu o esculto mais estilizado. Obstáculos: a língua portuguesa, risos. Quando cheguei ao Brasil, não
Quadro de papel reciclado
sabia uma palavra de português, tive que aprendê-la rápido. Durante o dia no estúdio falo muito em inglês, minha maior dificuldade está quando tenho que comprar, ou mesmo manter um diálogo. Também tive dificuldades de ter o visto permanente para ficar no Brasil. Como conseguiu o visto: eu não queria me casar, então após apresentar vistos de trabalho, consegui o visto permanente. Por que escolheu o Brasil para viver: sempre tive uma grande paixão pelo Brasil, pela fauna e flora bra-
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sileira, o fato de ter muito verde... Além da mistura de raças, o casamento entre brancos e negros, o que não se presencia na África do Sul. Lá quando se vê um casal “misturado” é um acontecimento , uma novidade. Aos poucos a cultura sul-africana está se começando a aceitar este fato. O Brasil está bem mais avançado nesse aspecto. Próximas exposições no studio: Em breve haverá uma exposição de um amigo holandês que exporá mais de cem quadros de pintura, bem legal.
Gastronomia
Por: Letícia Oliveira | Fotos: Guilherme Joran e Estúdio Dephot
Amar a gastronomia é se entregar, de corpo e alma, aos sentidos que ela pode
proporcionar. Engana-se quem acredita que apenas o paladar é quem se beneficia dessa história de bem cozinhar... Os demais sentidos também são contemplados, inclusive a intuição, pois, quando se entra em lugares como o Mitzu e como o Barcelona, não há como não ter a certeza de que se ficará maravilhado. E nada como um lugar onde a história reúna velhos e novos amigos de Brasília, para se reencontrar, se regozijar... Como o Cavalcante. E esse foi o meu passeio gastronômico dessa edição... Uma ode aos sentidos! Por isso, deixo beijos temperados (aproveitando a ideia de uma grande nova amiga)... Enjoy it!
Mitzu Restaurante Japonês Bom, há aqueles que amam comida japonesa... Há os que não fazem questão, há os que detestam a excentricidade oriental. Tudo bem! O Mitzu, maior restaurante japonês em Brasília, na atualidade, compreende isso e pretende atender a todos os gostos e paladares. E não pense que essa descoberta foi aleatória, Eduardo Franco e Jefferson Ricardo, os proprietários, antes de abrirem a Casa, realizaram pesquisas diversas e descobriram, entre outras coisas, que são as mulheres as que mais gostam dos sabores do pacífico e que os homens, muitas vezes, as acompanham para agradar. E foi nesse belo ambiente, com espaços para atender a toda a diversidade brasiliense (parabéns pela dedicação à questão da acessibilidade, um carinho à parte de Eduardo e Jefferson), que entre todas as delícias que experimentei, resolvi aqui me prostrar ao fabuloso Ebi Camarão Iká Lula, com
os deliciosos frutos do mar pré-cozidos e refogados com temperos orientais diversos, alhos e molho de ostra do chèf e sushiman Dickson... Sem palavras... A iguaria está no cardápio da casa, além dos tradicionais pratos japoneses, da variedade de peixes brancos e da possibilidade de encontrar refeições completas, à base de carnes, por preço semelhante ao buffet oriental. E engana-se quem acha que pagará uma fortuna por tudo isso... Os preços são super democráticos! O buffet, no almoço, está R$ 39,70 e no jantar R$ 46,00. E mais, pude me aprofundar na cultura oriental por meio de alguns dos DVDs que passavam no telão ao longo do almoço. Conheci a Madonna japonesa, ou melhor, Ayumi Hamasaki e sua Ásia Tour Live in Taipei 2008, em comemoração aos dez anos da carreira e o Exile Perfect Best (ideia japonesa parecidíssima com a do ‘N Sync, Backstreet Boys).
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Acho que você não deveria resistir em conhecer o Mitzu... Me conta o que achou depois, viu? E se quiser ver mais fotos, http://todooamorquehouvernessavida.blogspot.com
Serviço: Mitzu Restaurante Japonês SCLS 116 Bloco C Loja 29 Tel: (61) 3797.9440 Funcionamento: De 3ª a sab., das 12h às 24h; dom., das 12h às 17h. Aceita todos os cartões de crédito.
foto: Guilherme Joran
Barcelona
Mais que um bar... Um festival!!!! De tapas... Sim, as deliciosas alquimias elaboradas por Rodrigo Sanches, por Gil Guimarães são o carro chefe do Barcelona. E para quem desconhece, tapas são pequenas porções de petiscos que acompanham muito bem um chopp, ou a cerveja exclusiva da Casa, importada Estrella, bem como o drink que você preferir! Por R$ 35,00 você é envolvido pelos sabores mediterrâneos do Restaurante, cuidadosamente temperados. Simplesmente maravilloso! Estar no Barcelona é como estar na capital da comunidade autônoma de Catalunha. Reinaugurado por Rodrigo Cabral e Rodrigo Freire, o bar restaurante tem tudo para agradar a todos os públicos e idades... Meia luz, música
ambiente agradável, tudo remontando ao velho mundo, inclusive o grande painel de Márcio Oliveira, que remete às ruas paralelas e perpendiculares da cidade e uma jukebox da década de 1940. Também indico os maravilhosos pratos com que fui prestigiada... Um presente para o paladar e para a alma: O arroz de pato do Sanchez (R$ 21,60 a porção reduzida e R$ 36 a normal), o Ravioli a La Fiesta com figos, jamón serrano e raspas de limão siciliano (R$ 19,20 a porção reduzida e R$ 32 a normal) e o Rosbife el Niño (R$ 22), fotos em: http://todooamorquehouvernessavida. blogspot.com. Apaixonei-me por todos, mas o arroz de pato realmente me seduziu e encantou... Ainda me pergunto qual foi o ingrediente que me envol-
veu totalmente, ou se o segredo está na combinação de todos eles... E dos temperos! Serviço: Bar Barcelona SCLS 206 Bloco A Loja 06 Tel: (61) 3242.1141 Funcionamento: De 2ª a sab., das 17h à 1h. Aceita todos os cartões de crédito.
foto: Guilherme Joran
Ki-Filé
Um lugar de amigos Como não se seduzir pelo mimo em que é servida a feijoada no Ki-Filé? A panelinha de barro vai à mesa, pegando fogo... Com torresminho frito na hora como acompanhamento, e arroz, couve e laranja como guarnições, gentilmente alinhadas? E mais, com batida de cachaça como cortesia? É pouco? Então, tudo bem! Dar-lhe ei outro motivo para não deixar de conhecer o Ki-Filé: O bar restaurante é uma Casa de amigos! Sim, de amigos... Todos se integram numa harmonia tão bonita, que os clientes não são apenas clientes, são amigos! É o Roberto, um dos donos, que serve você e que comanda o serviço de garçons... Sempre na correria entre a cozinha e as mesas, mas com um sorriso tão gentil, que não há como não se encantar. E amabilidade com que seu Raimundo me recebeu, com a qual conversou comigo, me contou as histórias
do restaurante... As alegrias, tristezas. A forma como ele gentilmente cumprimenta todas as pessoas do restaurante e como é cumprimentado por todos... Isso basta para você?! E olha que já se vão 25 anos... Tudo começou em 1984, do outro lado da comercial, no lugar onde hoje está estabelecida uma loja de materiais de construção. Há doze anos já atravessaram a rua e fazem da 405 sul um daqueles lugares que fazem você se lembrar da velha Brasília... Eu pelo menos tive essa sensação... Talvez é, porque tenha morado na 405 norte, Bloco I, até os oito anos... E o restaurante dá acesso ao bloco. Ou talvez porque, na correria do dia a dia, rever amigos queridos e ser bem recebida, nos lembre a infância e as boas recordações. Seja talvez, porque um carinho para o seu estômago, de uma comidinha de mãe, e uma cer-
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veja bem gelada, sejam prá lá de bom, não é verdade? Serviço: Restaurante Ki-Filé SCLN 405 Bloco A Loja 55/65 e 69 Tel: (61) 3274.6363 Funcionamento: De 2ª a 6ª, das 12h às 23h / Sab. a Dom., 12h às 17h. Aceita todos os cartões de crédito.
foto: Estúdio Dephot
Mundo Animal Lívia Faria | Foto: Lívia Faria
Uma questão de educação Os frequentadores dos parques reclamam, os donos dos cachorros também, a educação é a melhor maneira de harmonizar a convivência entre os dois lados
“ Sinceramente eu até gosto de cachorro, mas morro de raiva quando vou correr no parque e me deparo com as fezes do bicho ou então vou levar a minha filha, que só tem três anos para passear e têm cachorros enormes sem coleira, é muito perigoso! Os donos tinham que ter mais educação
“
Há poucos meses foi levantada uma discussão: a proibição da circulação de cachorros no Parque Ecológico de Águas Claras. O comitê de Implantação do Parque promoveu uma consulta popular e entre os dias 4 e 13 de setembro deste ano, foram entrevistadas 1.401 pessoas e a decisão foi a de que os cachorros devem continuar a ter acesso ao parque. É sabido que tanto os cães como os gatos podem transmitir doenças aos seres humanos e que não é nada agradável o cidadão estar caminhando e pisar nas fezes do animal. Mas em uma cidade tão carente de áreas de lazer e convívio social, seria arbitraria a decisão dos administradores proibirem a circulação de cães no parque. A decisão foi tomada, mas a polêmica continua, qual seria a melhor solução para a convivência dos cachorros e dos frequentadores dos parques?
A resposta está na educação. Em alguns países da Europa é comum que os cães frequentem bares, cafés, restaurantes junto com seus donos. Entretanto lá, também é comum recolher as fezes dos cachorros e colocar a coleira no animal pode evitar transtornos. Vale ressaltar que além do mau cheiro e da falta de higiene, a preguiça do dono do animal pode causar problemas de saúde para várias pessoas, pois as fezes atraem moscas, causadoras de várias doenças. “Sinceramente eu até gosto de cachorro, mas morro de raiva quando vou correr no parque e me deparo com as fezes do bicho ou então vou levar a minha filha, que só tem três anos para passear e têm cachorros enormes sem coleira, é muito perigoso! Os donos tinham que ter mais educação”, desabafa Christiane Rezende, auxiliar administrativa da Petrobras, que usa o parque diariamente.
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A preocupação de quem pedia a proibição da entrada de animais é com relação à saúde, já que 66% dos frequentadores da área decidiram pela permanência dos cachorros, o apelo é pela educação, como declara Débora Sousa, de 17 anos, proprietária de uma cadela Yorkshire, de 10 anos: “Eu acho que deve haver mais responsabilidade por parte dos donos de animais. Venho aqui com a minha cadelinha todos os dias e não concordo com a proibição, porque não temos outras opções, mas realmente acho que a maioria dos donos de cachorros não tem educação e não estão nem um pouco preocupados com as outras pessoas”, opinou a criadora dizendo ainda: “Eu sempre levo o coletor e quando não tenho tempo de comprar no pet shop uso saquinho plástico de supermercado mesmo”, afirmou a jovem.
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Jornalista Aprendiz E=mc²: energia é igual a muita confusão ao quadrado Questão crucial no desenvolvimento de nossa civilização, a energia é a moeda do século 21. E o Brasil precisa entrar como “comerciante” neste contexto Nicola Tesla ficaria espantado como o seu trabalho e o de tantos outros cientistas transformaram por completo nossa civilização, principalmente na produção e uso da energia elétrica. Fica claro ao olharmos para um país que cresce em todos os sentidos que ele precisa buscar desesperadamente fontes e recursos energéticos para sobreviver. É justamente neste ponto que nasce uma das maiores problemáticas da civilização contemporânea: como crescer sem prejudicar em excesso a sociedade, o meio ambiente e o bolso dos contribuintes? É claro que não é apenas a energia elétrica que exerce uma força descomunal sobre nossas vidas: os combustíveis fósseis também mandam no pedaço. Eles estruturam a vida do homem de tal forma que, além de responsáveis por milhões de empregos em todo mundo, são a base da economia de vários países e já geraram até guerras (Golfo, por exemplo). Estruturando o próprio desenvolvimento do mundo, a energia como um todo se relaciona diretamente com problemas ambientais, financeiros e sociais. Escolher se iremos construir uma usina nuclear, eólica, por movimentação das marés ou uma hidroelétrica como a de Três Gargantas (China), por exemplo, é pensar nos efeitos sobre a sociedade e a biodiversidade da região: foram destruídas mais de 20 cidades para alojar o lago da usina, que ocupa nada menos do que 1.084 quilômetros quadrados de área alagada. É a maior da Terra em extensão e a segunda em
produção de energia, atrás apenas da usina de Itaipu. Escolher fontes e recursos alternativos requer estudo e posicionamentos muitas vezes contrários à lógica do desenvolvimento desenfreado. O que pode levar, por tabela, ao confronto com grupos empresariais e políticos. Exemplo disso é o da ex-ministra do Meio Ambiente da gestão Lula, senadora Marina Silva, que protagonizou uma das maiores questões energéticas da história brasileira: a construção das hidrelétricas no rio Madeira. Conhecida e respeitada mundialmente por ser uma defensora do meio ambiente, a senadora (ex-PT e atual Partido Verde) entende que progresso e preservação ambiental podem sim andar juntos. Fez o projeto das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio (no Madeira, em Rondônia) serem alterados, porque não consideraram estudos minuciosos de impacto ambiental, destino das populações ribeirinhas, a contaminação por malária e as concessões das linhas de distribuição para o restante do país (área das licitações de construção e exploração que só foi resolvida recentemente). Segundo dados da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE), até 2012 o Brasil poderá estar correndo o risco da escassez de eletricidade. Fato que exige definições claras das metas e apostas nas áreas de geração de energia, petroquímica e biocombustíveis. Decidir se vamos construir mais quatro “Angras”, exportar biocombustível para o Tibet ou como vamos explorar o pré-sal são
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questões cruciais. A nação e o governo precisam refletir e debater a questão, tomando decisões maduras e o mais transparentes possível. Nosso país possui conhecimento, capacidade e recursos suficientes para destacar-se mundialmente como produtor eficiente e sábio consumidor de energia. Portanto, não há espaço para erros. Do contrário, as gerações futuras nos cobrarão resultados que não poderemos fornecer.
Pesquisar para poder avançar Assim que a humanidade descobriu que poderia desenvolver-se mais rapidamente e facilitar a sua sobrevivência através do uso de energia, busca incessantemente novas formas de produzi-la, usá-la e distribuí-la. A relevância desta questão é evidente, haja vista toda a nossa civilização atual estruturar-se e desenvolver-se através do uso da eletricidade e dos combustíveis. Governos de todas as partes do planeta investem grandes somas de dinheiro para estes fins, movimentando setores da economia e da sociedade que vão da indústria e ciência de base ao comércio varejista. Em relação à ciência de base e à ciência aplicada, os países em questão confiam o seu desenvolvimento nas mãos de pesquisadores e institutos das áreas de engenharia, física, computação e química, por exemplo, responsáveis pelos primeiros passos da desco
berta de novas fontes energéticas, ou o aprimoramento das já existentes. Há mais de três décadas, pesquisadores do CERN (Centro Europeu de Pesquisas Nucleares), do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e de dezenas de universidades e institutos espalhados pelo mundo, buscam soluções para problemas da área de energia. Os físicos debruçam-se em pesquisas como fusão nuclear (processo que sustenta o funcionamento do Sol) e na busca pela Supercondutividade (resistência elétrica quase inexistente nos materiais), com benefícios diretos para a sociedade e para o meio ambiente. A fusão nuclear é a promessa da energia sem limites com baixíssimos níveis de radiação e a supercondutividade - sonho dourado da transmissão de energia com o mínimo de perdas: atualmente, perde-se mais de 15% de toda a energia produzida no mundo por conta de efeitos colaterais durante a transmissão, como o aquecimento das linhas de energia, por exemplo. Outra área em vertiginosa expansão é a de biocombustíveis e de biomassa, com o Brasil na liderança em pesquisas. Propostas da área incluem derivados da cana, da mamona, do milho e a até de capim. Entretanto, como os países são governados por pessoas e por interesses, investir em pesquisas como estas esbarra em questões pessoais, ideologias e em prioridades governamentais que, muitas vezes, não consideram este problema como relevante. Pior ainda são as legislações obscuras, contratos duvidosos e licitações fraudulentas, coagindo os estados a gastarem mais dinheiro público e investimentos em projetos que não valem o valor cobrado. Segundo a Eletronorte e fontes do Governo Federal, grupos empresariais das áreas de construção e exploração, com apoio de grupos políticos, tornam a questão da energia e do desenvolvimento no Brasil algo muito delicado.
derivadas da queima do carvão. Na “expansão de possibilidades” encontramos mudanças significativas como a adequação e a potencialidade de certas fontes de energia (eólica, solar, de marés e biológica) relacionadas com as características ambientais, geográficas, econômicas e sociais de cada região. Desenvolver e aplicar tais tecnologias de produção energética leva em conta fatores de investimentos locais, integração das redes de energia, análise de eficiência e relações de custo/benefício a médio e a longo prazos, mas configuram-se melhores que modelos tradicionais em vários aspectos. Pesquisar novas fontes de energia não é apenas uma questão ambiental, onde questionamos o papel das tradicionais fontes usadas, como a hidrelétrica, a fóssil e a nuclear. É uma questão de bom senso e perspectiva. Ao diversificar a produção, é possível atender ao crescimento da demanda e ao estímulo ao desenvolvimento da economia. Lembrando que essa expansão deve estar respaldada pela ética e em legislações claras e justas. A história está repleta de momentos em que os esforços de homens e mulheres convergiram com a economia e a política para criarem uma nova estrutura de produção e consumo. Seguir o exemplo deles e investir em novas ideias e fontes alternativas de energia, bem como no seu melhor uso e aproveitamento, é caminhar em direção a novos horizontes, respeitando uma longa jornada que começou a milhares de anos com o lascar de duas pedras e a descoberta do fogo.
“Olhos de enxergar” Muitos são os casos de países que não conseguem enxergar as grandes oportunidades de ganho econômico e social ao investirem na pesquisa e desenvolvimento de fontes alternativas. A China, por exemplo, é campeã em poluição e acidentes de trabalho por operar ainda sobre bases energéticas
Por: Thiago Calixto Melo Unieuro Av. das Nações, Trecho 0, Conjunto 5 Professor responsável: Nelson Penteado (61) 3445-5888 / 3445-5700 / 3445-5701
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Cinema
Por: Érika Mello
Da poeira às telonas: 50 anos de história do cinema Inspiradora por suas particularidades, Brasília é cenário natural para cineastas da cidade Depois disso, alcançou voos maiores. Em 2000, participou pela primeira vez do Festival de Cinema de Brasília, com o filme “Suco de Beterraba”. Em 15 minutos, o curta metragem contou a história de um aposentado, “bon vivant”, que precisa enfrentar a marcação cerrada do filho. Um médico que tenta regrar a vida do pai. Em 2004, Marcelo teve a segunda apresentação no festival. Desta vez, com o filme “Extrusos”. Dois anos depois, lança no mesmo evento a produção mais premiada da carreira, “Oficina Perdiz”. O filme, que pode ser visto pelo site www.portacurtas.com.br, conta a história de Perdiz e sua oficina. O local divide espaço entre peças mecânicas e teatrais, resistindo às tentativas de derrubada por ocupar uma área irregular de Brasília. O curta foi apresentado em mais de 25 festivais nacionais e internacionais e recebeu cinco premiações, incluindo o Candango de Melhor Curta 35mm do DF, no 39° Festival de Brasília.
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O Governo do Distrito Federal (GDF), por meio da Secretaria de Cultura, tem contribuído cada vez mais para o crescimento do cinema. Desde 1991, quando foi criado o Pólo de Cinema de Brasília, esta arte visual cresceu e hoje, a organização já apoiou a produção de mais de 400 filmes. Segundo Wanderley José da Silva, diretor do Pólo, Brasília está retomando lugar de destaque no cenário do cinema brasileiro. “Estamos voltando àquela terceira ponta, em nível nacional, perdendo apenas para o Rio de Janeiro e São Paulo. Para o ano que vem, o espaço do cinema no DF pode melhorar ainda mais. Além do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), que já está em ação, em 2010, será lançado o BRB Funcine. Esta alternativa financeira poderá ser aplicada às produções de novos filmes, além da manutenção e construção de salas de cinemas em todo o DF. O público da Capital Federal também merece destaque no quadro cinematográfico. Crítica e exigente, a pla-
Foto: Galeno Curumim Arteiro
Drama, comédia, ficção, suspense e documentário. Tudo isso, junto com pipoca e refrigerante, traz à memória um bom filme, em uma sessão de cinema. Este divertido ritual está se tornando cada vez mais familiar no Distrito Federal. A cada dia que passa, o cinema ganha mais adeptos, tanto para a produção, quanto para quem vai apenas assistir o produto final. E para fortalecer esta crescente, o Festival de Cinema de Brasília chega na 42º Edição, com 366 filmes inscritos, sendo 52 de Brasília. Desde o nascimento de Brasília, em 1960, a arte cinematográfica se funde com a história local. Inspiradora pelas belas formas, pelo clima diferenciado das demais regiões brasileiras e, principalmente, pelo poder instaurado na cidade. Profissionais da área, “filhos” de Brasília, se sentem à vontade para gravar cenas do cotidiano. Exemplo disto é o cineasta Marcelo Diaz, formado pela Universidade de Brasília (UnB). Aos 34 anos, já está em sua quinta produção cinematográfica, três documentários e duas ficções, a maioria delas retratando parte da história da cidade onde nasceu. “A geração que cresceu em Brasília e começou a fazer cultura aqui, com certeza, tem um olhar diferenciado sobre a cidade, não é a mesma coisa de quem vem de fora”, afirma Marcelo, ao contar sua trajetória no cinema. No início da carreira, com apenas 18 anos, Marcelo já fazia alguns trabalhos no Centro de Produção Cultural e Educativa da UnB. Foi ali que se encantou pela arte cinematográfica.
Diretor Marcelo Dias
téia candanga dá ao Festival de Cinema de Brasília um sabor mais apimentado para quem participa do evento. “As pessoas que ganham um prêmio aqui ficam muito felizes, pois sabem que passaram por um crivo muito exigente”, comenta Wanderley, ao falar sobre a expectativa e ansiedade dos cineastas participantes. A cada edição do Festival o público espectador se renova, mas segundo o diretor do Pólo, nunca há uma baixa na qualidade, pelo contrário. Resposta a isto, é que hoje, no DF, já existem seis cursos superiores direcionados para a área de audiovisual. Incluindo a UnB, pioneira no assunto. Neste ano, o 42º Festival de Cinema de Brasília acontecerá entre os dias 17 e 24 de novembro. Durante os seis dias, são esperadas mais de 30 mil pessoas nas salas de cinema do CineBrasília para assistir a estréia de filmes criados especialmente para o Festival. “O brasiliense tem o privilégio de assistir filmes inéditos, isto é uma marca do
nosso evento”, afirma Fernando Adolfo Cardoso, coordenador geral do Festival de Cinema. Algumas novidades serão lançadas nesta edição. Durante os dias do Festival, os filmes concorrentes serão passados nas estações de metrô da 108 Sul, Rodoviária, Taguatinga e Ceilândia. Além da programação paralela que acontece nas cidades do entorno. O Cinema Voador, que já acontece há vários anos, circula pelo Distrito Federal levando à toda população um pouco do áurea que domina Brasília neste período.
Saiba Mais - O cineasta Paulo Emílio Salles Gomes, que visitou a cidade em seus primórdios, em 1963, se tornou professor na UnB. Ministrou cursos de apreciação cinematográfica na cidade, e foi um dos criadores da I Semana do Cinema Brasileiro, que aconteceu em 1965. - Em 26 de maio de 1993, o Pólo de Cinema e Vídeo do Distrito Federal foi inaugurado, na chamada cidade-cenográfica, em Sobradinho.
Foto: Cláudio Moraes
- Na década de 90, o cinema brasiliense tem o seu primeiro boom de produção e criatividade, exatamente a partir do estímulo dado pelo Pólo e pelas novidades criadas no próprio quadro político do país cujo panorama mudou muito na última década.
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Propaganda e Marketing Pirataria aténana Propaganda? Pirataria até propaganda? Tonny Alves
Observando que sede passa na teleDiretor do GrupooNacional Propaganda
ava esse pensamento “Na TV nada se
como cópia. Em vez de um resultado
visão, ou lendo revistas, fica clara,
cria, tudo se copia”. Talvez seja nessa
positivo, esse tipo de prática pode
nos últimos tempos, de Observando o quea quantidade se passa na televisão, ou lendocopiadas revistas,por ficaalguclaobras publicitárias ra, últimosetempos, a quantidamasnos agências profissionais locais, de de obras publicitárias copiadas na maior cara de pau. Na profissão de por algumas agências e profissiopublicitário, ideias que se assemelham nais locais, na maior cara de pau. a outras são conhecidas como “chuNa profissão de publicitário, idéias padas”. o que vemaocorrendo na que se Mas assemelham outras são nossa opiniãocomo é mais que “chupada”, conhecidas “chupadas”. Mas plágio mesmo e na verdade podemos oé que vem ocorrendo na nossa opinião maisé que “chupada”, é plágio dizeré que furto, é agir desonestamesmo na verdade podemos dizer mente eetomar como seu o trabalho de que é furto, é agir desonestamente criação de outrem. e tomar como seu o trabalho de criaÉ crime contra a propriedade intelecção de outrem. É crime contra a protual e que deve ser punido com o ripriedade intelectual e que deve ser gor da com Lei. Diversas peças punido o rigor da Lei. veiculadas naDiversas Capital dopeças País sãoveiculadas cópias de mana Capital do País sãofora cópias de mateteriais produzidos do Brasil. Inriais produzidos do Brasil. Infefelizmente quem fora deveria proteger as lizmente quem deveria proteger obras publicitárias praticam o crime as de obras publicitárias praticam o crime pirataria sem dor na consciência. Para de pirataria sem dor na consciência. que caminhos estão seguindo, em que Para que caminhos estão seguindo, ética essas agências e profissionais se em que ética essas agências e profibaseiam? ssionais se baseiam? Antoine-Laurente Lavoisier um um famoso Antoine-Laurente Lavoisier famoso químico “Na naquímico francêsfrancês dizia dizia “Na natureza tureza cria,senada se tudo perde, nada senada cria,senada perde, se tudo se transforma” e mais tarde o transforma” e mais tarde o grande Vegrande Velho Guerreiro, Chacrinha, lho Guerreiro, Chacrinha, já parafrase-
de pensamento quepensamento a publicidade jálinha parafraseava esse “Na TV nada se cria, tudo copia”. do Distrito Federal esteja sese fundamenTalvez nessa linha de pensatando. seja Não podemos nem devemos ser mento que a publicidade do Distrito omissos. Por isso fica aqui nosso alerta: Federal esteja se fundamentando. é preciso parar de copiar obras sem os Não podemos nem devemos ser devidos créditos. Em um país onde se omissos. Por isso fica aqui nosso tenta cada vez maisparar combater a piraalerta: é preciso de copiar taria, sem não podemos conviver com Em tais obras os devidos créditos. hábitos comunicação marcas um país na onde se tenta decada veze mais combater pirataria, não poprodutos, isso é ainaceitável. demos conviverestigmatizar com tais hábitos na Não queremos ninguém, comunicação de marcas e produtos, porque acreditamos na liberdade de isso é inaceitável. expressão e a defendemos como um
manchar a imagemfiquem de sua empresa. Empresários, atentos.E, Têm na nossa com muitos o passarpublicitários do tempo, trará resultacidade usando Um essas práticas iledos negativos. prejuízo que pode gais. São idéias criativas, envolvenlevar anos para ser recuperado. tes e encantadoras, porém não são Vamos gritar para que algumas agênoriginais, são na verdade plágio de cias de propaganda se sintam enoutras campanhas. Associar sua vergonhadas, que, ao menos, pela empresa a umae campanha “requenvergonha a praticar tais tada” pode não não voltem ser a melhor alterabsurdos obras alheias. Ficanativa paracom suaas empresa, porque seu nãoe pode ser lembrado mosproduto na torcida na expectativa de não como cópia. aEm vez de publicitárias um resulmais assistir campanhas tado positivo, esse tipo de prática pirateadas de outros países e outras repode manchar a imagem de sua giões do Brasil e veiculadas em nossa empresa. E, com o passar do temcidade. po, trará resultados negativos. Um prejuízo que pode levar anos para ser recuperado. Vamos gritar para que algumas agências de propaganda se sintam envergonhadas, e que, ao menos, pela vergonha não voltem a praticar tais absurdos com as obras alheias. Ficamos na torcida e na expectativa de não mais assistir a campanhas publicitárias pirateadas de outros países e outras regiões do Brasil e veiculadas em nossa cidade.
Direito, materializado na Constituição
seu produto não Federal. Mas apoderar-se de algo que pode ser lembrado não lhe pertence é crime e devemos como uma cópia. coibir com veemência.
Empresários, fiquem atentos. Têm muitos publicitários na nossa cidade usanNão queremos estigmatizar nindo essas práticas ilegais. São idéias guém, porque acreditamos na libercriativas, envolventes e encantadoras, dade de expressão e a defendemos porém um não dos são originais, são Estado na vercomo pilares do dade plágio dedeoutras campanhas. AsDemocrático Direito, materializado Constituição Federal. Mas sociarnasua empresa a uma campanha apoderar-se algo lhe “requentada” de pode nãoque ser não a melhor pertence é crime e devemos coibir alternativa para sua empresa, porque com veemência. seu produto não pode ser lembrado
Tonny Alves
Diretor do Grupo Nacional de Propaganda
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“
Seu produto não pode ser lembrado como uma cópia
“
dos pilares do Estado Democrático de
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Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Foto: Nilson Carvalho
Foto: Divulgação
Tá lendo o que?
Hélio Doyle
Elizabet Garcia Campos
Eurides Brito
Deputado Cabo Patrício
Sócio, Diretor da WHD Comunicação
Fundadora do Instituto Brasileiro de Qualidade de Vida – IBQV
Deputada Distrital (PMDB)
Vice-presidente da Câmara Legislativa
Livro: Operação Condor: o sequestro dos uruguaios – uma reportagem dos tempos da ditadura
Livro: Reforma Psiquiátrica, Uma Realidade Possível
Livro: O Cigano Visionário: Franz Liszt
Livro: O Sapo e o Príncipe
Autor: Juliana Garcia Pacheco
Autor: Lauro Machado Coelho
“ Luiz Cláudio é um dos melho-
“ Lançado no último 21/10, em
“ Nas horas de lazer me debruço
“ Estou lendo o livro ‘O Sapo e o
res jornalistas do País. Apuração
Brasília, o livro traz reflexões so-
em leituras que fogem à minha
Príncipe’, do escritor e jornalista
e texto excelentes. Isso já garan-
bre as relações entre a implemen-
rotina de trabalho. Agora estou
Paulo Markun. Ele trata da vida
tiria a qualidade do livro em que
tação da Reforma Psiquiátrica no
lendo o livro “O Cigano Visioná-
e da trajetória do ex-presidente
conta o sequestro de Universindo
Brasil e as Representações Sociais
rio: Franz Liszt”, da Algol Edito-
Fernando Henrique Cardoso e do
e de Lilian e seus filhos Camilo e
da loucura. É o relato da realidade
ra. Lançado há alguns dias em
presidente Luis Inácio Lula da Sil-
Francesca. O autor situa o episó-
da rede de saúde mental da cida-
São Paulo, o livro foi escrito pelo
va. Ele escreve em estilo de fábula
dio no contexto das ditaduras do
de. A autora é psicóloga e douto-
crítico musical do jornal o Estado
jornalística e mostra as profundas
Cone Sul e da Operação Condor. O
randa da UnB, e minha sobrinha.
de São Paulo, Lauro Machado Coe-
transformações pelas quais pas-
sequestro não terminou nos ha-
Ela transformou sua pesquisa de
lho. A história de Liszt, o grande
sou o Brasil nos últimos anos por
bituais assassinatos porque dois
mestrado em mais um capítulo da
compositor húngaro, é uma óti-
conta destes dois persona. “
jornalistas o testemunharam e
luta pela melhora no tratamen-
ma leitura para os apreciadores da
tiveram coragem de contar tudo.
to dos portadores de sofrimento
música clássica.”
Um deles, Luiz Cláudio. ”
mental. Recomendo pela lingua-
Autor: Luiz Cláudio Cunha
gem sintética e de fácil leitura, não sendo teórico. ”
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Autor: Paulo Markun
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Frases “
“ O importante não são as flores, mas o cartão. Inclusive o de crédito.
“
Washington Olivetto
“
História, s.f. Um relato, quase todo falso, de eventos, quase todos sem importância, provocados por governantes, quase todos uns velhacos, e soldados, quase todos uns patetas.
Aqueles que não conseguem se lembrar do passado estão condenados a repeti-lo.
“
“
Ambrose Bierce
As mulheres honestas não se conformam com os pecados que não cometeram.
“
Sacha Guitry
Sempre fui feminista. Sustentei todos os homens que tive e fui traída por todos eles. Feminismo não é isso? Dercy Gonçalves
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“
“
George Santayana
“
“
Jorginho Guinle
“
O melhor momento das pessoas é quando elas estão subindo ou descendo. No topo do mundo, todos ficamos chatos.
Justiça
Roberto Policarpo
QUE SEJA PROCLAMADA A REPÚBLICA DA IGUALDADE RACIAL Comemoramos no dia 20 de novembro o Dia Nacional da Consciência Negra. A data do assassinato de Zumbi dos Palmares (1695), líder da resistência negra contra o escravismo, tornou-se feriado em mais de 300 municípios brasileiros e é motivo de diversas homenagens. No entanto, apesar do reconhecimento da dívida social e dos avanços em relação aos direitos da população afro-descendente, os negros continuam sendo vítimas de um modelo social excludente. Depois de 358 anos de escravidão, o Brasil aboliu a escravatura sem implantar políticas de apoio aos negros. Desde então já se passaram mais de 120 anos, porém as marcas do preconceito e do abalo social ainda refletem na nossa realidade. Hoje metade da população brasileira é formada por pessoas negras e pardas, mas você já parou para se perguntar quantos negros temos no Senado? E no Banco Central? E no STJ? O único desembargador negro que havia no TRF da 2a Região agora é o único Ministro negro do STJ. Em um levantamento feito em 2007, dos 620 procuradores da República apenas sete eram negros. Do total de juízes, somente 13% tinham cor negra. O ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Carlos Alberto Reis de Paula chegou a declarar que mesmo estando em um cargo respeitável, continuava sentindo as marcas do preconceito. Velado ou não, o racismo continua prejudicando a fomentação do Estado Democrático de Direito. O Brasil tem uma dívida social com os negros e para que as desigualdades sócio-raciais sejam eliminadas é necessário que as institui-
ções públicas adotem políticas de inclusão sócio-racial. Na verdade, o serviço público deve reconhecer o racismo institucional e trabalhar para uma democracia racial. Os negros no serviço público são minoria e necessitam de uma maior atenção na construção do Poder Social. O número de juízes ou procuradores negros é vergonhoso. Indicações de servidores negros para cargos e funções comissionadas são raras. Sedimentando essa conjuntura, em setembro último, a Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público rejeitou a implantação do “princípio de isonomia social do afro-descendente” em todos os órgãos da administração pública direta e indireta da União, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal. Segundo a proposta rejeitada, em 20 anos os quadros de servidores desses órgãos deveriam ter, no mínimo, 40% de funcionários afrodescendentes, entre homens e mulheres. A justificativa para o veto foi de que os concursos públicos já proporcionam relativa proteção à discriminação racial no âmbito estatal. No entanto, as oportunidades de educação de qualidade são limitadas aos negros, o que vicia, até mesmo, os concursos vestibulares e os de acesso aos cargos e empregos públicos. Diversos estudos comprovaram que a renda média dos negros é bastante inferior àquela da população como um todo. Poucas são as crianças negras que podem frequentar uma escola particular ou, até mesmo, escola pública, em razão de precisarem trabalhar para ajudar no sustento da
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casa ou por viverem em regiões de difícil acesso. Por tudo isso, a competição pelas oportunidades é extremamente desfavorável aos negros, fato que justificaria essas cotas. Mesmo as cotas raciais nas universidades que já foram amplamente discutidas ainda sofrem críticas severas. Recentemente, o STF recebeu do Democratas (DEM), o mesmo partido do governador Arruda, um pedido de suspensão liminar da adoção pela Universidade de Brasília (UnB) de cotas para admissão de vestibulandos negros e pardos. O pedido de liminar foi negado pelo presidente Gilmar Mendes. No entanto, essa atitude esboça a resistência contra as ações afirmativas que têm o objetivo de eliminar desigualdade historicamente acumuladas, garantindo igualdade de oportunidade e de tratamento, devem ser maximizadas. Ações estas que contam com experiências positivas de cotas em vários países como Holanda, Austrália, Peru, Alemanha e Estados Unidos. Uma pesquisa recente realizada pelo pesquisador Ivair dos Santos (da UNB) revelou que apenas uma em cada 17 denúncias de racismo no País vira ação penal. Ou seja, a situação racial brasileira ainda está longe de ser tratada como deveria. Que neste mês em que se comemora não só o Dia da Consciência Negra, mas o dia da Proclamação da República, nós possamos lutar para que uma nova República seja proclamada no que diz respeito à igualdade racial. E que o serviço público, sobretudo o Poder Judiciário, seja indutor desse processo com amplo vieis social e democrático. POLICARPO é coordenador-geral do Sindjus e autor do blog www.blogdopolicarpo.com.br
DizPérolas aí mané do Vestibular “Lavoisier foi guilhotinado por ter inventado o oxigênio”.
“Os egipícios dezenvolveram a arte das múmias para os mortos poderem viver mais”.
“Quando um animal irracional não tem água para beber, só sobrevive se for empalhado”.
“Republica do Minicana e Aiti são países da ilha América Central”.
“O Brasil não teve mulheres presidentes mas várias primeiras-damas foram do sexo feminino.” “O número de famigerados do MST almenta a cada ano seletivo.” “Os anaufabetos nunca tiveram chance de voltar outra vez para a escola.” “Vasilhas de luz refratória podem ser levadas ao forno de microondas sem queimar.” “O bem star dos abtantes da nossa cidade muito endepende do governo federal capixaba”. “Animais vegetarianos comem animais nãovegetarianos”.
“As autoridades estão preocupadas com a ploleferação da pornofonografia na Internet”. “A ciência progrediu tanto que inventou ciclones como a ovelha Dolly”. “O Papa veio instalar o Vaticano em Vitória, mas a Marinha não deixou para construir a Capitania dos Portos no mesmo lugar”. “Os primeiros emegrantes no ES construiram suas casas de talba”. “Onde nasce o sol é o nacente, onde desce é o decente”. “Ateísmo é uma religião anônima praticada escondido. Na época de Nero, os romanos ateus reuniam-se para rezar nas catatumbas cristãs.”
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“Os pagãos não gostavam quando Deus pregava suas dotrinas e tiveram a idéia de eliminá-lo da face do céu.” “O nervo ótico transmite idéias luminosas para o cérebro.” “A Geografia Humana estuda o homem em que vivemos.” “O nordeste é pouco aguado pela chuva das inundações frequentes.” “As estrelas servem para esclarecer a noite e não existem estrelas de dia porque o calor do sol queimaria elas.” “A devassa da Inconfidência Mineira foi Marília de Dirceu, a amante de Tiradentes.” “Hormônios são células sexuais dos homens masculinos.”
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Ponto de Vista Cleber Monteiro (*)
CRESCIMENTO URBANO DESORDENADO DO DF – REFLEXOS NA SEGURANÇA PÚBLICA Questão tormentosa e discutida em diversos foros da Capital Federal está relacionada ao reordenamento territorial e urbano do Distrito Federal, como medida de anteparo ao processo de corrosão da qualidade de vida do cidadão brasiliense, iniciado no final dos anos oitenta e que só no atual governo passou a ser enfrentado com a necessária austeridade, do ponto de vista da legalidade, sem desprezo da realidade social, que reclama providências ousadas e criativas, consentâneas com as características planificadas que deram origem a Brasília e suas cidades satélites. Ouso abordar o assunto pela ótica da segurança pública, como profissional e operador desse segmento há quase trinta anos e em face da costumeira responsabilização que setores da sociedade atribuem às forças de segurança pela onda de violência que tem vitimado cidadãos de todas as classes sociais. A bem da verdade, até o início dos anos noventa, Brasília, por suas características de cidade idealizada sob conceitos modernos de planejamento urbano, apresentava indicadores sociais invejáveis, baseados num sistema educacional eficiente, numa rede hospitalar que atendia com presteza à demanda e numa segurança pública que se sustentava em estatísticas próprias de uma sociedade provinciana. Daquela época para cá o Distrito Federal passou por mudanças radicais no que diz respeito à ocupação do solo. A implementação de programas habitacionais de desfavelização de áreas urbanas ocupadas irregularmente, mediante promoção de assentamentos em novas cidades satélites criadas para esse fim, sem adoção de critérios objetivos na distribuição de lotes, desencadeou um processo migratório sem precedentes para a Capital Federal. Para se ter uma idéia, a população do Distrito Federal em 1990 saltou de pouco mais de um milhão de habitantes para os cerca de dois milhões e meio dos dias de hoje. Esses adensamentos populacionais, no entanto, até por não terem sido objeto de planejamento, não receberam atendimento de políticas públicas consentâneas nas áreas de infraestrutura e saneamento, educação, transporte, segurança pública e
outros, o que deu ensejo a que os assentamentos formais e as chamadas “invasões” se tornassem grandes bolsões de pobreza e de miséria, em cujas entranhas iniciou-se o processo de degradação da qualidade de vida do povo, notadamente pela onda de violência e criminalidade que passou a se irradiar do seio dessas comunidades, nas quais a delinquência, via de regra, busca se omiziar para se furtar à ação repressora do Estado. Não que a miséria como condição social gere violência, mas, com certeza, num tecido social de maioria excluída, desassistida de direitos elementares inerentes à cidadania, como saúde, educação, transporte e segurança, é natural a multiplicação de conflitos, a desestruturação familiar e a instalação de um processo corrosivo de valores morais como decorrência da primazia da própria necessidade de sobrevivência. A isso se soma o desemprego, a falta de oportunidades e de entretenimento para jovens, além de outros fatores que convergem para a proliferação das chagas sociais, como as drogas ilícitas, cujo combate constitui a demanda mais urgente das forças de segurança no Distrito Federal, não apenas pelos danos que provoca na saúde pública, mas também por servir hoje de elemento fomentador de outras modalidades criminosas, como roubos, latrocínios e homicídios. Assim, o crescimento populacional desordenado, o processo de favelização de diversas áreas e a fixação de assentamentos sem qualquer infraestrutura gerou uma série de problemas sociais que hoje afetam todo o Distrito Federal, sendo previsível, nesse cenário, que as estatísticas criminais também se elevassem no decorrer dos anos. Por tais razões, soa como mera obra de retórica a pretensão oportunista, de caráter político-eleitoral, de alguns que imputam à atual política de segurança do GDF a responsabilidade pelos infortúneos que a violência impõe aos cidadãos do Distrito Federal nos dias de hoje, omitindo, convenientemente, as mazelas do passado, essas as verdadeiras causas que deram origem ao fenômeno, cujo enfrentamento, neste ciclo de governo, tem se baseado em
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políticas públicas sólidas e de longo alcance, em benefício das futuras gerações. Primeiramente, colocou-se freio definitivo na especulação imobiliária, mediante responsabilização administrativa e criminal dos malfeitores, inclusive por agressões à ordem urbanística, com a disseminação junto à comunidade da necessidade de restabelecimento da ordem legal à nossa cidade. Passou-se a enquadrar, como regra, as eventuais invasões de área pública como casos de polícia. Por outro lado, o processo de regularização de condomínios e conglomerados habitacionais criados à margem da lei, antes presente apenas nas plataformas e discursos de campanha de determinados candidatos em época de eleição, tornouse política pública em fase adiantada de implementação, sendo concretos os passos dados rumo à efetiva regularização fundiária das terras públicas, inclusive aquelas sob domínio originário da União, que também foram objeto de especulação imobiliária em governos passados. Vultosos investimentos tem sido feitos em segurança pública, como instalação de postos policiais, construção e reforma de delegacias e provimento de recursos tecnológicos que agregam novos conceitos à investigação policial, estando sob análise nas esferas próprias do Governo Federal a ampliação do quadro de pessoal da Polícia Civil do Distrito Federal, que permitirá à instituição estabelecer novas diretrizes de ação, consentâneas com os desafios do futuro, de que é exemplo o plano de segurança pública para a Copa do Mundo de 2014, vez que Brasília é uma das cidades escolhidas para sediar o evento. Nessa perspectiva, é possível afirmar que o pleno restabelecimento da qualidade de vida da população do Distrito Federal, inclusive no que diz respeito à segurança pública, só se dará a médio prazo, mediante gradual desconstituição dos erros do passado e a retomada da política de planejamento urbano que permitiu à cidade ser distinguida como Patrimônio Cultural da Humanidadade. (*)CLEBER MONTEIRO FERNANDES – Diretor Geral da Polícia Civil do Distrito Federal
Charge
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