Emagazine - Edição 3

E MAGAZINE n.º 3 | 2019 | www.emagazine.pt

COMUNICAR É FUNDAMENTAL • ENTREVISTA A NORBERTO AMARAL DE MÉDICO CIRURGIÃO A CEO • A FIRST TOUCH ACADEMY 'SER EMPREENDEDOR É FAZER ACONTECER' • ANDRÉ LEONARDO O MUNDO DOS TRABALHADORES INDEPENDENTES • LUÍS BARBOSA BICYCLE MAYOR DE BRAGA • MÁRIO MEIRELES ENTREVISTA A CATARINA LINO • POSITIVE COACH CHATBOTS E ASSISTENTES VIRTUAIS • JOÃO FREITAS UMA EMPRESA DE REFERÊNCIA • A HISTÓRIA DA NCL A CAMINHO DO UNICÓRNIO • RITA TRABULO FLOR LOBO • O RESGATE DE ANIMAIS ABANDONADOS COMO APARECER NO GOOGLE • LUÍS DIOGO FERREIRA 'UM EMPRESÁRIO TEM DE SER EMPREENDEDOR' • MARITA FERRO ANDREIA SANTOS • O EMPREENDEDORISMO COMO CARREIRA PROJETO BUILD TO INSPIRE • CONFERÊNCIA COWORK BUZZ • WEB SUMMIT 2019

E MAGAZINE

DAR UM PASSO EM FRENTE

JULHO-SETEMBRO 2019 / N.º 3 / VoL. 1 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. TODAS AS INFORMAÇÕES PUBLICADAS SÃO PURAMENTE INFORMATIVAS E NÃO PODEM SER CONFUNDIDAS COM ACONSELHAMENTO. AS MARCAS REGISTADAS REFERIDAS PERTENCEM AOS SEUS RESPETIVOS PROPRIETÁRIOS. OS AUTORES DOS TEXTOS DESTA PUBLICAÇÃO PODEM ESCOLHER ESCREVER DE ACORDO COM O ACORDO ORTOGRÁFICO EM VIGOR. EMBORA RESPEITE OS PADRÕES PROFISSIONAIS, ESTE NÚMERO NÃO PRETENDE ATUAR COMO ORGÃO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL OU MEDIA NEM APRESENTAR-SE COMO UM SERVIÇO. A EMAGAZINE FAZ PARTE INTEGRANTE DO BLOG 'O EMPREENDEDOR BRACARENSE' COORDENAÇÃO: RUI PINHEIRO COLABORADORES: ANDREIA SANTOS, LUÍS BARBOSA, DIOGO FERREIRA, JOÃO FREITAS, RITA TRABULO FOTOS: CAPA - MARTIN WIDENKA (UNSPLASH); MARITA MORENO - BERND OTT E PEDRO AFONSO; FLOR LOBO, NORBERTO AMARAL, RAQUEL OLIVEIRA, MÁRIO RUI GONÇALVES CONTACTO: INFO@EMAGAZINE.PT

EDITORIAL Chegou outubro e com ele uma nova edição da E MAGAZINE e esta está fantástica!

Fomos ao encontro das melhores histórias e encontramos duas mãos cheias empreendedores com histórias incríveis!

Ele é o "senhor comunicação" e também autor do livro 'Impacto - Como Comunicar em Público' - fomos conversar com Norberto Amaral sobre as suas paixões.

A First Touch Academy é uma academia que ministra cursos de introdução à cirurgia para os novos internos. Fomos saber mais sobre este projeto e conversamos com o médico cirurgião Mário Rui Gonçalves.

Tinha 24 anos e vendeu o que tinha para partir sozinho da ilha Terceira nos Açores para uma expedição à Volta do Mundo que passou por 23 países. André Leonardo foi considerado ainda “um dos Sete Jovens que Estão a Transformar o Mundo” - falamos com o empreendedor açoriano e contamos tudo nesta edição.

Porque em equipa vencedora não se mexe, contamos também com os repetentes das edições anteriores: o Luís Barbosa, o Diogo Ferreira e a Andreia Santos. O Luís escreve sobre o mundo dos trabalhadores independentes. O Diogo centrou o artigo nas técnicas infalíveis que deve ter em conta para a sua marca aparecer em primeiro lugar nas pesquisas do Google. Já a Andreia refletiu sobre o empreendedorismo enquanto escolha de carreira.

“Uma cidade com muitas pessoas a andar de bicicleta é uma cidade com menos acidentes”, quem o diz é Mário Meireles, Bicycle Mayor de Braga - fomos conversar com ele sobre comportamentos, mobilidade e ambiente.

Catarina Lino é apaixonada por ioga, escritora e psicóloga, nós quisemos saber mais sobre a sua história e uma das suas paixões: o positive coach.

Esta edição traz também duas estreias fantásticas na pessoa de João Freitas e da advogada Rita Trabulo. Se o João lhe mostra a melhor forma de implementar um assistente virtual na sua estratégia de marketing, a Rita Trabulo fala sobre o que deve uma startup ter em mente para não se desviar do caminho do unicórnio.

E MAGAZINE

Cada edição da traz histórias inspiradoras e esta não é exceção. A NCL é uma das empresas de referência a nível internacional no transporte de mercadorias e pessoas. Quisemos saber como tudo começou e fomos falar com o Presidente da empresa, Luís Oliveira. A este leque de pessoas inspiradoras juntamos a Flor Lobo e o papel que a fazedora tem tido na defesa e recuperação de animais abandonados. Marita Moreno é uma marca que tem dado que falar, com produtos em Nova Iorque, Londres e Berlim, fomos falar com a Marita Ferro e percebemos porque é que um empresário tem de ser um empreendedor. Falamos com os promotores dos projetos Build to Inspire e da conferência Cowork Buzz 2019.

EDITOR IN CHIEF DA EMAGAZINE Boas leituras!

E MAGAZINE

01

SUMÁRIO 01 EDITORIAL

04 O SENHOR COMUNICAÇÃO Ele é especialista em comunicação e autor do livro 'Impacto - Como Comunicar em Público', fomos conversar com ele e sobre as suas paixões.

10 MÉDICO CIRURGIÃO E CEO: MÁRIO RUI GONÇALVES Ele gere uma academia que ministra cursos de introdução à cirurgia? Fomos saber mais sobre este projeto.

A 04 ENTREVISTA 10 NORBERTO AMARAL

37

14 SER EMPREENDEDOR É UMA FORMA DE ESTAR, É FAZER ACONTECER Entrevista exclusiva a André Leonardo.

18 VENCER NA "SELVA EMPRESARIAL"

Tudo sobre o mundo dos trabalhadores independentes.

14

FOI CONSIDERADO “UM DOS SETE JOVENS QUE ESTÃO A TRANSFORMAR O MUNDO”

18

30

22UMA CIDADE COM MUITAS PESSOAS A ANDAR DE BICICLETA É UMA CIDADE COM MENOS ACIDENTES

Fomos conversar sobre comportamentos, mobilidade e ambiente.

32AS NOSSAS ESCOLHAS E AÇÕES TÊM A CAPACIDADE DE NOS APROXIMAR

Apaixonada por ioga, escritora, psicóloga e positive coach.

22 ENTREVISTA A MÁRIO MEIRELES BICYCLE MAYOR DE BRAGA

32CATARINA LINO

INFO@EMAGAZINE.PT WWW.EMAGAZINE.PT

A TUA REVISTA DIGITAL DE EMPREENDEDORISMO

37 CHATBOTS E ASSISTENTES VIRTUAIS Fique a saber a melhor forma de implementar um assistente virtual na sua estratégia de marketing.

42 UMA EMPRESA DE REFERÊNCIA

CAMINHO DO 46 AUNICÓRNIO...

42

Falamos da NCL Transitários. Fomos falar com o Presidente da empresa, Luís Oliveira.

46 O QUE DEVE TER EM MENTE Os aspetos legais são importantes e a advogada Rita Trabulo aborda este tema da melhor forma.

51 O RESGATE DE ANIMAIS ABANDONADOS É UMA MISSÃO

Falamos sobre o seu papel na defesa de animais abandonados.

54 GOOGLE

51

ENTREVISTA EXCLUSIVA A FLOR LOBO

EMPRESÁRIO TEM DE 62 'UM SER EMPREENDEDOR'

Conheça técnicas infalíveis para a sua marca aparecer em primeiro lugar nas pesquisas.

60 MARITA MORENO

É uma marca já com produtos em Nova Iorque, Londres e Berlim, fomos falar com a diretora criativa, Marita Ferro.

54

66

68

71

68 EMPREENDEDORISMO ENQUANTO ESCOLHA DE CARREIRA Já não é possível viver o trabalho como no tempo dos nossos pais.

TXT RUI PINHEIRO PIC NORBERTO AMARAL

Consultor na área da comunicação, organiser do TEDx Porto, managing partner na Cultiv e autor do livro 'Impacto - Como Comunicar em Público'.

Fomos falar com Norberto Amaral e contamos tudo neste artigo!

04

E MAGAZINE

Da programação à comunicação

aspeto visual, sentimentos e emoções e até a presença em palco.

É um apaixonado pela comunicação e atualmente a maioria da sua atividade

Norberto assume que nem sempre foi assim, já

profissional é dedicada a esse tema. Norberto

que a sua formação universitária foi em

Amaral dá uma enorme importância à forma

Engenharia Física e nos seus primeiros anos

como comunicamos: "em apresentações,

imediatamente após foi programador.

discursos, talks ou, obviamente, ou até mesmo

Posteriormente, geriu projetos de sistemas de

da forma que parece ser mais simples, entre

informação e foi até gestor de inovação na área

duas pessoas, comunicar reveste-se de enorme

de retalho da Sonae. Norberto confessa que o

importância"

seu gosto e interesse pela comunicação surgiu em paralelo com esta última atividade devido ao seu envolvimento no TEDxPorto e Toastmasters: "infelizmente

"isso demonstra a transição que fiz de temas

a grande maioria das pessoas

científicos e muito práticos para o domínio do

sente dificuldades especialmente em comunicar em público, por

relacionamento interpessoal. Isto é, do analítico para o criativo e menos exato".

exemplo num palco. Sentem imenso receio em fazê-lo e nem sequer se preparam para tal por acharem que nem vale a pena tentar"

O clique que soou como um trovão Mas afinal, quais são as suas influências? O que o inspira?

O empreendedor considera que, infelizmente a

De acordo com Norberto, "são imensas! É difícil

grande maioria das pessoas sente dificuldades

listá-las todas mas algumas foram de tal forma

especialmente em comunicar em público, por

importantes que a minha vida mudou em função

exemplo num palco: "sentem imenso receio em

disso. A principal foi Manuel Forjaz, uma grande

fazê-lo e nem sequer se preparam para tal por

personalidade do panorama do

acharem que nem vale a pena tentar. Mas então

empreendedorismo em Portugal, altamente

como fazer com que todos possamos aprender

criativo e inspirador, e pensador de uma forma

a transmitir a nossa mensagem de uma

muito pouco convencional". Norberto

forma interessante para o público e eficaz para

acrescenta: "bastava ouvi-lo ou ler o que

nós?"

escrevia para perceber o que quero dizer com isto. O Manuel foi o criador do TEDxPorto em

Norberto escreveu recentemente um livro sobre

2010 e, desde o momento em que o vi pela

este assunto, partilhando imensas dicas para

primeira vez nesse palco senti que queria

melhorar os objetivos, conteúdo, estrutura,

dedicar-me ao tema da comunicação". Foi um

E MAGAZINE

05

clique dentro da minha cabeça que soou como

"Palm Springs.

um trovão e hoje, se estou nesta área, é a ele que o devo!

Nutro ainda imensa admiração e carinho especial pelo Pedro Lago, um chefe na Sonae, a cuja exigência e amizade devo muito do meu estilo de gestão e liderança pragmáticos, e pela família Toastmasters pelo apoio que recebi

Confesso que não sabia exatamente ao que ia, mas saí de lá uma pessoa diferente, com uma perspetiva diferente do mundo, integrando uma comunidade à escala planetária da qual ainda hoje faço orgulhosamente

desde que me tornei membro há já alguns

parte"

anos".

A paixão pelo TED Norberto Amaral é completamente fã do

ninguém faz isto sozinho - constituída tanto por

formato TED, paixão que começou em 2006,

pessoas experientes como o Pedro Geraldes

quando o TED começou a partilhar as suas talks

como por outras que vão entrando e trazendo

online: "fiquei imediatamente fã pelo conteúdo

novidades e outras formas de pensar e agir".

(científico e racional, pelas ideias, pela curiosidade que suscitava), pelo formato (talks

A equipa TEDx Porto tem conseguido atrair

de 18 minutos) e pela grande qualidade dos

oradores de qualidade mundial, como Dan Ariely

oradores e da sua forma de comunicação".

e Marcos Piangers, e dado palco a ideias que podem mudar o mundo tal como ao Miguel

Norberto juntou-se à equipa do TEDxPorto no

Neiva com o seu projeto ColorADD e ao Joe

outono de 2010: "nem sequer tinha uma função

Santos com a Vencer Autismo: "este é um

muito bem definida mas fui crescendo e um ano

trabalho que dura o ano todo, exigindo muito

depois via-me a dizer ao Manuel Forjaz para se

tempo de dedicação e grande foco no detalhe. E

focar na curadoria de oradores e em apresentar

o mais incrível é que toda a equipa é composta

o evento no palco e eu ajudaria a liderar a

por voluntários – todos nós, inclusive eu

equipa no Porto. E a verdade é que pegou!"

próprio!"

Em 2012 teve uma experiência que lhe transformou a vida: um evento organizado pelo TED chamado TEDActive, em Palm Springs.

Inspirar ou ser inspirado?

Norberto Amaral confessa que "não morre de amores" pelo tipo de mensagem de inspiração/

06

E MAGAZINE

Desde então o seu objetivo tem sido criar no

superação/motivação escolhida por tantos

Porto uma experiência com o nível de qualidade

oradores na área de desenvolvimento pessoal,

e excelência do TED e acredita que está a

com mensagens "com pouca autenticidade, e

conseguir fazê-lo de forma consistente. Para tal,

com ordens diretas sobre o que fazer e o que

salienta o papel da "equipa incrível - porque

não fazer para fazer algo pela minha vida, ser

E MAGAZINE

07

produtivo, ou até mesmo para deixar de

Norberto considera a história de Zak Ebrahim

procrastinar".

altamente inspiradora. O empreendedor acrescenta: "Quando ouvimos Bento Amaral, tetraplégico na sequência de um acidente de "Qualquer

mensagem que sequer utilize as palavras ‘inspiração’, ‘superação’ ou ‘motivação’ falha à partida e é, para mim, motivo para sair da sala ou mesmo não chegar a entrar. E ‘histórias de vida’? Não, se forem focadas no orador e na mensagem do 'eu eu eu' ”

surf, dizer que se soubesse o que sabe hoje voltaria a lançar-se àquela onda que transformou a sua vida, isso é o que verdadeiramente chamamos de superação.

Quando ouvimos Susan Cain falar sobre introversão e que os líderes podem ser introvertidos e que muitos dos melhores de facto o são, isso motivará certamente pessoas que são introvertidas a perseguir cargos de liderança".

O nascimento da Cultiv Norberto prefere inspirar e ser inspirado de uma forma mais subtil: "com uma boa ideia, um projeto que pode mudar o mundo que criem

Norberto Amaral é managing partner da Cultiv, uma consultora na área da comunicação e dos

epifanias que mudam a minha forma de pensar".

eventos. O projeto nasceu no seguimento do

"Uma pessoa que partilhe uma aventura com

desenvolveram no TEDxPorto: "colocámos todo

toda a generosidade e humildade, não se vangloriando mas sim demonstrando as suas dificuldades e a coragem face às adversidades, é algo que me inspira muito mais".

trabalho que o Pedro Geraldes e Norberto o nosso conhecimento e experiência nesta área ao serviço de indivíduos, empresas e outras instituições para os transformar, tornando-os mais criativos e melhores comunicadores e capazes de criar momentos que se eternizem nas memórias dos participantes"

"Quando Zak Ebrahim,

Norberto assume que existe uma grande

filho de um terrorista da Al

consciência e preocupação por parte das

Qaeda, contou a sua história de

empresas em garantir que os seus

como o seu pai destruiu a sua

colaboradores são capazes de fazer

família, nos perguntou se eu, que fui criado num ambiente de ódio, hoje

ainda que o mesmo acontece nas startups,

que dizer dos mais de um bilião de

quando procuram investidores, parceiros e

muçulmanos que nunca

clientes: "esta consciencialização tem sido

ambiente?’"

E MAGAZINE

pares, chefias, clientes e demais público. Assume

sou uma pessoa de paz e amor, o

viveram nesse tipo de

08

apresentações de qualidade perante os seus

crescente com o aumento da popularidade do

TED e a Cultiv está aqui para ajudar indivíduos e empresas com estes objetivos".

Saber comunicar é imprescindível?

Para Norberto, "sim, sem qualquer dúvida.

Livro 'Impacto - Como comunicar

Ninguém vive nem age sozinho, a nível pessoal e

em público'

muito menos a nível profissional, pelo que para

Norberto confessa que o livro é um manual detalhado sobre como fazer apresentações e ajuda qualquer leitor com toda a teoria necessária: "surgiu da constatação de que não existem livros de relevo no mercado português e escritos por portugueses sobre o tema de comunicação. Não se trata de uma questão de protecionismo, longe disso, mas tão só uma questão de saber o que o público português aprecia e o público português, aliás diria até europeu, e não aprecia, na maioria dos contextos"

podermos viver, conviver, trabalhar e nos desenvolvermos é fundamental compreendermos as outras pessoas". O empreendedor acrescenta ainda: "comunicar em público é um dos aspetos desta comunicação.

Infelizmente é uma barreira para muitas pessoas, mas é uma barreira que pode ser dominada e ultrapassada conhecendo os elementos de sucesso e de insucesso, e uma boa dose de prática, contínua, de forma consciente e propositada". À questão anterior Norberto acrescenta: "a comunicação interpessoal, em círculos mais

O empreendedor acrescenta: "um dos exemplos do que não aprecia é a forma excessivamente expressiva que vemos em oradores e formadores em oratória vindos de outros países.

Focam demasiado na forma e personalidade e não tanto em conteúdo e caráter e este excesso de expressividade distrai a nossa atenção da mensagem e faz perder credibilidade do orador".

restritos, é também extremamente importante.

Há muitos princípios em comum entre os dois tipos de comunicação nos vários eixos em que se desenvolvem: a mensagem, a estrutura, o aspeto visual (nos contextos em que tal fizer sentido), os sentimentos e emoções e o nosso sentido de presença. Há também diferenças importantes mas que serão mais fáceis de dominar tendo já dominados os princípios básicos".

"Pelo contrário, é

O futuro

fundamental inspirar

Norberto confessa que, para já a Cultiv é o

credibilidade e confiança

principal foco da sua atenção e, sendo um

para podermos transmitir

projeto recente, já está a construir esse futuro,

a nossa mensagem da forma mais eficaz"

que é levar esta mensagem mais longe, ajudando cada vez mais pessoas e empresas a comunicar com impacto: "estamos por isso a tentar alcançar mais empresas, mais clientes e mais geografias".#

E MAGAZINE

09

ENTREVISTA EXCLUSIVA | MÁRIO RUI GONÇALVES NA PRIMEIRA PESSOA

"O EMPREENDEDOR DENTRO DE CADA UM DE NÓS PODERÁ FAZER COISAS QUE NUNCA PENSOU SEREM POSSÍVEIS!" Ele é médico cirurgião e CEO da First Touch Academy, uma academia que ministra cursos de introdução à cirurgia para os novos internos.

Fomos saber mais sobre este projeto e contamos tudo neste artigo.

TXT RUI PINHEIRO PIC MÁRIO RUI GONÇALVES

10

E MAGAZINE

Emagazine (E): Quem é Mário Rui

no estrangeiro é o contacto constante com

Gonçalves?

outras realidades, outras culturas, outras formas

Mário Rui Gonçalves (MRG): Sou bracarense de

de trabalhar. A minha trajectória quer na

gema! Fiz o ensino básico e secundário em

faculdade, quer depois, abriu-me sempre muitas

Braga, sempre vivi cá, excepto no

portas para estabelecer estes contactos e criar

periodo de 2002-2008, durante o curso de

novas oportunidades.

Medicina, período em que vivi em Santiago de Compostela. Voltei para Portugal e em 2011 iniciei a especialidade de Cirurgia Geral. Desde 2017 sou assistente hospitalar de Cirurgia no Hospital de Braga.

E: Parece-me que és fã de Braga?

E: Tiveste alguma(s) pessoa(s) que influenciaram o teu caminho? Tens algum ídolo?

MRG: Na minha família e amigos há imensas pessoas que me influenciam e inspiram diariamente. Tudo o que eu faço é na tentativa

MRG: Sim, sem dúvida! É uma óptima cidade

de poder retribuir-lhes aquilo que me dão.

para se viver, trabalhar e ter um futuro com

No contexto laboral/formativo, há 2 pessoas que

qualidade para a família! Tenciono ficar por cá

me marcaram muitissimo e às quais devo muito

para o resto da vida!

do que sou actualmente.

E: Mas após o curso trabalhaste noutras

Durante a Faculdade, o Prof. José Ramón

cidades...

MRG: Sim em Vila Real e Viana do Castelo,

Juanatey, professor catedrático de Cardiologia,

durante a especialização. Sou bracarense, quero

entre muitos outros cargos mundiais. Das

viver em Braga mas sou um cidadão do Mundo!

pessoas com mais conhecimento e ambição que

Fiz o curso de Medicina em Espanha e, muita da

conheço. Após o curso, o Dr José Novo de Matos,

minha formação cirúrgica foi e continua a ser no

Chefe de Serviço de Cirurgia que é talvez a

estrangeiro.

pessoa mais dinâmica e mais dedicada que

expresidente da Soc. Espanhola de Cardiologia

existe! Agora, são 2 grandes amigos.

E: Que tipo de formações?

MRG: No âmbito da Cirurgia principalmente mas não só. Por exemplo, fui o primeiro Cirurgião português a ter o Diploma de competência em Cirurgia de obesidade pela Sociedade Espanhola de Cirurgia de obesidade. Muitos dos cursos que fiz de hérnia da parede abdominal foram feitos lá fora.

E: E porquê? Mais qualidade? Mais variedade?

MRG: Em Portugal dá-se e tem-se formação

Ídolo? Durante a infância e juventude fui piloto de Karting. Competi no Campeonato nacional. muito anos. Por isso, talvez o ídolo de infância seja Michael Schumacher E: Também dás formação, certo? Como nasceu esse bichinho de ensinar?

MRG: Sim, sempre gostei de transmitir aquilo que eu sei (independentemente da área) e de beber informação e cultura dos outros. Só com a partilha de conhecimentos se pode crescer, seja

científica de altíssima qualidade também. A

a ensinar ou a aprender!

razão que me leva a frequentar ações formativas

Não sei... Em 2003, na faculdade, fui selecionado

E MAGAZINE

11

para monitor das aulas práticas de anatomia e convidado por um Professor para uns trabalhos de dissecção anatómica cujas peças, mais tarde, serviam para ensinar essas aulas práticas. Acho que, na verdade, tudo começou aí!

Em 2013 (ainda a meio da especialidade) pelo meu interesse e pela diferenciação que fui adquirindo, fui convidado pelo Dr Novo de Matos e outros colegas, a integrar a Soc. Portuguesa de Cirurgia Minimamente Invasiva e a participar em algumas formações, principalmente para formação nessa área. A partir daí tenho dedicado grande parte da minha vida e do meu trabalho à formação em Cirurgia.

A criação de uma empresa foi a forma mais fácil e menos burocrática de colocar as minhas ideias em prática. Desde 2015 que tenho ideias e projetos que não conseguia lançar por vários entraves e que, desta forma, dependendo apenas de mim, foi possível lançar, de forma privada.

E: Sim, mas não lançaste esses projectos sozinho?

MRG: Certo. Apenas a parte burocrática ficou facilitada no processo de decisão e implementação! Tudo o resto, que gira à volta da FTA, resulta da consulta e das opiniões de dezenas de colegas que, não fazendo parte da empresa, fazem parte 100% dos cursos que criamos.

E: Esses cursos são a Braga Surgical

E: Criaste um conjunto de cursos de

Week?

Cirurgia e material de treino cirúrgico.

MRG: Em 2017 criamos o Curso “First touch”, um curso de introdução à Cirurgia para os novos internos da especialidade. No ano seguinte, os “First Touchers” pediram-nos o “Second Touch”!

Queres explicar um pouco melhor em que consiste a First Touch Academy?

12

E MAGAZINE

Nesse mesmo ano, acabou por aparecer naturalmente o “Third Touch” e, este ano, teremos um novo curso. A BSW é o congresso que reúne todos estes cursos num só evento.

E: Suponho que os próximos cursos também serão Touch...

MRG: Sim. É a nossa marca. O que nos distingue.

Todos nós temos o primeiro contacto com alguma coisa em algum momento! Quer seja o curso de cirurgia mais básico quer seja um curso de Cirurgia robótica avançada, para cada tipo de aluno, até os com grande diferenciação poderá ser sempre o seu “First Touch”! Por isso os nossos cursos terão essa designação porque é verdadeiramente isso que representam.

E: Fizeste recentemente um curso em Espanha. É o início da internacionalização do projecto?

Sim. A Soc. Espanhola de Laparoscopia e Cirurgia Robótica convidou-nos a fazer um curso no seu congresso. Foi completamente “pro bono”. A amizade com a Presidente do Congresso fez com que fosse completamente gratuito. Fomos para ensinar, voltamos com uma óptima experiência. O Dr. Novo de Matos partiu de Lisboa, eu de Braga.

E: Mas isso acaba por internacionalizar o projecto...

MRG: Sim, de certa forma sim. Tive muitos contactos de colegas depois do evento e alguns deles partilham da mesma visão que nós e perceberam o real interesse e objetivos do projecto. Vamos ver o que nos reserva o futuro!

E: O que é, para ti, empreendedorismo?

MRG: Todos nós, uns mais que outros, somos empreendedores. A questão está em haver pessoas que nos despertem para isso, nos motivem, nos coloquem desafios. Depois o empreendedor dentro de cada um de nós poderá fazer coisas que nunca pensou serem possíveis!#

E MAGAZINE

13

SER EMPREENDER NÃO É ABRIR UM NEGÓCIO. SER EMPREENDEDOR É UMA FORMA DE ESTAR, É FAZER ACONTECER. Aos 24 anos, vendeu o que tinha e partiu sozinho da ilha Terceira nos Açores para uma expedição à Volta do Mundo que passou por 23 países. Foi considerado “um dos Sete Jovens que Estão a Transformar o Mundo” e e “um dos Doze Jovens Líderes de Portugal”.

André Leonardo é apaixonado por inspirar os outros a fazerem acontecer e nós fomos conversar com ele.

TXT RUI PINHEIRO PIC ANDRÉ LEONARDO 14

E MAGAZINE

SUMMER ESCAPADES

Dos Açores para o Mundo

"Queria inspirar com aquilo que

"Falar de nós é sempre um pouco difícil". André

verdadeiramente traz animo e motivação

nasceu na ilha Terceira, local que adora. Com 30

fazendo-nos acreditar: histórias reais

anos acabados de fazer confessa que adora concretizar projetos e negócios desafiantes: "sou

de pessoas que apesar dos seus contextos – bons e menos bons – foram à ´luta´ e

apaixonado por inspirar e capacitar outros a

fizeram acontecer"

também eles fazerem acontecer". André dá aulas de empreendedorismo no ISCTE-IUL e tem

André teve a ideia de incluir uma viagem no

duas empresas de momento:

projeto e durante dois anos pediu patrocínios,

- a “FazAcontecer” que procura inspirar e a

juntou dinheiro e partiu com uma mochila às

capacitar a fazer acontecer e que desenvolve

costas e uma camara de filmar para 23 países,

várias atividades, desde programas de televisão,

sozinho, a recolher histórias de gente

a palestras corporativas ou eventos para

inspiradora que depois trouxe para Portugal e

centenas de pessoas. Uma das novidades é a

que tem passado de diversas formas. "Foi uma

Academia Faz Acontecer, uma "escola" de

experiência única: - quer pelas peripécias que

empreendedorismo e desenvolvimento pessoal

passei, fui assaltado, dormi na rua, comi

para jovens;

(demasiado) atum em lata e emagreci quase

- outra das empresas é o novíssimo “Mid Atlantic

10kg;

Hostel”, hostel que André está a construir nos

– quer pelas pessoas únicas que conheci."

Açores e que tem a sua abertura prevista para

As lições que André trouxe da viagem são

os próximos 6 meses.

imensas e tanto a nível pessoal como profissional. Mas em suma, ficou muito claro

23 países Aos 24 anos, André vendeu o que tinha e partiu sozinho da ilha Terceira nos Açores para uma

para o empreendedor que nós só não fazemos o que não queremos e que o difícil é diferente do impossível.

expedição à Volta do Mundo que passou por 23

Inspirar ou ser inspirado?

países. André adora viajar, no entanto, confessa

André prefere... Ambos.

que a volta ao mundo não aconteceu por gostar

"Todos nós precisamos de fontes de inspiração

de viajar:

que nos façam sonhar, acreditar e ir atrás.

Tenho conseguido encontrar essas fontes em

"Eu tinha o propósito de inspirar as pessoas a fazerem acontecer"

amigos e pessoas que vou conhecendo. Leio também muito sobre histórias reais e biografias, vejo imensos documentários e vou regularmente

"Em Portugal passávamos a crise económica e

a eventos de temáticas que gosto". André

eu queria ajudar as pessoas a darem a volta". Foi

salienta ainda o gosto que tem em de passar a

a partir dessa ideia que tudo nasceu. Já tinha

sua forma de ver o mundo a outros: "aliás

organizado eventos internacionais de

estamos agora comum projeto maior e que me

empreendedorismo, workshops de

tem entusiasmado imenso: A Academia Faz

empreendedorismo, mas queria mais.

Acontecer – a nossa escola de empreende-

E MAGAZINE

15

dorismo e desenvolvimento pessoal para

absolutamente brutais com mais de 2.500

jovens". André desenvolveu a escola como um

jovens envolvidos em diversos territórios e

programa educativo que procura "ser um

sobretudo com muitos casos de sucesso. "Estou

complemento à escola tradicional ensinando ao

muito contente porque este ano letivo (2019-

jovens características e temáticas que

2020) chegamos ao Porto. É um programa

normalmente a escola deixa de fora como saber

direcionado para jovens do ensino secundário.

traçar objetivos, saber planear, saber comunicar,

Aqueles interessados em saber mais podem

ser persistente, ter auto motivação, saber

encontrar toda a info em

trabalhar em equipa, tudo enquanto falamos de

AcademiaPorto.FazAcontecer.pt".

temas como empreendedorismo, estratégia,

16

E MAGAZINE

finanças pessoais, coaching e programação

Livro Faz Acontecer

neurolinguística". De acordo com o

Perguntamos a André se o livro "Faz acontecer"

empreendedor, os resultados têm sido

pretende ser uma fonte de inspiração para os

jovens.

diferentes, incluem ainda nomes mais do

- "Sim. Aliás, para jovens e mais experientes.

panorama internacional como Robert Kiyoosaki,

Para todos aqueles que acreditam que avida

Richard Branson ou Anthony Bourdain e nomes

ainda tem mais para conquistar e sonhos por

nacionais como Comendador Rui Nabeiro ou o

colocar em prática". André considera que é um

empresário Mário Ferreira: "todos eles fizeram

livro com uma linguagem muito simples e com

acontecer fazendo diferente. Continuo a ler

muitos casos reais de pessoas que conheceu

imensas coisas sobre todos eles".

pelo mundo: "não é, de todo, um livro técnico. É um livro onde rimos, choramos e aprendemos histórias para lidar com o mundo real. Acredito que o livro, na verdade, resume uma forma de ser e estar, um estilo de vida".

Como defines 'empreendedorismo'?

André considera que é uma palavra que tem sido utilizada "a torto e a direito" e tantas vezes de forma errada: "bem, o conceito de empreendedorismo implica pro-ação, risco,

Inspiração

inovação e a geração de valor para a sociedade".

- "Quem são as tuas referências?" Foi a pergunta

André acrescenta: "Ora isto pode acontecer

que fizemos a André e a resposta assentou, em

criando um negócio, trabalhando para outros

primeiro lugar, nos pais: "os meus pais sempre

(intra empreendedorismo), em projetos

me ofereceram livros e especificamente o meu

pessoais, etc. (...) Sendo este um conceito

pai ia-me passando alguns livros mais ligados à

envolto em imensa confusão, eu acredito que

gestão e aos números o que me foi

todos devíamos ser empreendedores no sentido

influenciando para estas áreas". André considera

de que todos, mesmo trabalhando para outros,

que sempre se interessou muito por histórias

devem ter brio pelo que fazem, por encontrarem

reais e por compreender o caminho, as

incessantemente soluções para os problemas e

indecisões e conquistas: "inspira-me porque faz-

por procurarem verdadeiramente adicionar

me pensar que são apenas humanos como

valor nas suas respetivas áreas de atuação. Ser

qualquer um de nós e que se eles conseguiram

empreender não é abrir um negócio. Ser

eu também consigo".

empreendedor é uma forma de estar, é fazer

Algumas das pessoas que admira, e por razões

acontecer".#

E MAGAZINE

17

"É IMPORTANTE 'SEPARAR CARTEIRAS': O DINHEIRO E GASTOS DA ATIVIDADE EMPRESARIAL NÃO PODEM SER MISTURADOS COM O DINHEIRO E GASTOS PARTICULARES" Muitas pessoas têm hoje em dia a iniciativa de se lançar por conta própria. Saiba tudo o que tem de ter em conta nesta autêntica "selva empresarial".

Luís Barbosa

CONTABILISTA CERTIFICADO CEO DA BUSINESS SKILLS

18

E MAGAZINE

Trabalhadores independentes Vivem-se tempos difíceis... estamos num

daqui adquirem vantagens financeiras ao nível de poupança de encargos com recursos humanos.

momento histórico em que jovens altamente qualificados, por muitas vezes,

Mas nem tudo é simples...

não arranjam uma oportunidade para

Entrando na temática dos trabalhadores

vingarem no mercado de trabalho. Para

independentes que realmente o são, deixem-me

muitos destes jovens surge a ideia e a

alertar-vos que nem tudo é assim tão simples

iniciativa de se lançar por si próprio na

como parece. Exige muito mais trabalho do que

selva empresarial.

às vezes imaginamos. Gerir um negócio é muito diferente do que trabalhar por conta d’outrem. A

Quando falamos destas tentativas de se afirmar

responsabilidade por todas as decisões que

no tecido empresarial, especialmente se

tomam passa a ser vossa e, dependendo da

falarmos de prestadores de serviços que pouco

atividade que pratiquem, pode fazer sentido

mais que o seu computador necessitam para

contratarem um bom seguro de

abrir portas, normalmente (dependendo de

responsabilidade civil que assegure qualquer

custos estimados com a atividade e de

eventual erro que venham a cometer no futuro...

rendimentos previstos) justifica-se o início de

O erro faz parte da natureza humana e como já

atividade sob a forma jurídica de trabalhador

dizia o provérbio, “o seguro morreu de

independente.

velho”...

Ser trabalhador independente significa desfrutar

Para além da responsabilidade sobre todos os

da sua independência, gerir os seus horários e

atos empresariais que pratiquem, têm ainda que

trabalhos da melhor forma e ter autonomia total

se preocupar com o planeamento estratégico,

para gerir a forma como executa o seu trabalho.

com parcerias, atingir metas, despesas…. E ainda

Estamos, no entanto, numa era em que estes

com recursos financeiros, obrigações fiscais e...

princípios são muitas vezes postos em causa por

no meio disto tudo resultados!

empresas que “contratam” trabalhadores independentes para executar trabalhos que são

É importante separar...

tipificados como trabalho dependente, uma vez

Tal como já referi no artigo da segunda edição

que o trabalhador independente tem

da Emagazine é importante “separar carteiras”; o

dependência económica (quase sempre total) da

dinheiro e gastos da atividade empresarial não

entidade contratante, o trabalhador

podem ser misturados com o dinheiro e gastos

independente não tem independência sob a

particulares. Sem esta regra base não

forma como executa o trabalho e ainda tem um

conseguiram ter controlo sobre os vossos

horário de trabalho fixo e subordinado. Estas

resultados. A partir do momento que se tornam

situações, vulgarmente conhecidas por falsos

trabalhadores independentes é importante que

recibos verdes, privilegiam as entidades

comecem a aplicar rotinas de controlo sobre o

contratantes (privadas e públicas) uma vez que

que estão a ganhar (ou a perder) com a vossa

E MAGAZINE

19

atividade.

para os trabalhadores independentes que optem por faturar através do portal das finanças As obrigações fiscais

No momento que se tornam trabalhadores independentes nascem as obrigações fiscais e contributivas.

Começando pelas obrigações contributivas, estas referem-se às contribuições obrigatórias para a segurança social. Ora 2019 é um ano que traz muitas novidades a este respeito, no entanto, a dispensa de contribuições para a segurança social por 1 ano permanece (para o primeiro ano de atividade, não se aplica a reinícios de atividade).

As grandes novidades são o cálculo trimestral de contribuições através dos rendimentos obtidos no trimestre anterior, ou seja, com esta alteração ajusta-se o valor de contribuição aos rendimentos da atividade. Para além disto, é criado um valor mínimo de contribuição de 20€ para os casos de trimestres sem rendimentos.

O cálculo dos valores de contribuição para a segurança social são feitos trimestralmente através da entrega de declaração trimestral de rendimentos no portal da segurança social direta. O pagamento mensal da contribuição para a Segurança Social pelos trabalhadores independentes tem que ser feito entre dia 10 e 20 do mês seguinte.

Ao nível das obrigações fiscais, destacam-se a obrigatoriedade de submissão do ficheiro SAFT (ficheiro que contém as informações de faturação processadas por programa de faturação certificado) no portal das finanças até dia 15 do mês seguinte ao período de referência de faturação – obrigatoriedade não existente

20

E MAGAZINE

(fatura-recibo verde); obrigatoriedade de entrega de declaração anual de rendimentos (declaração de IRS); obrigatoriedade de entrega de declaração de IVA trimestralmente para o caso daqueles trabalhadores que fiquem enquadrados em regime de IVA derivado do tipo e do volume de negócios da sua atividade.

De referir que mesmo em nano-negócios é importantíssimo que antes de iniciarem a vossa atividade consultem um profissional de contabilidade ou fiscalidade para que vos ajude a enquadrar e dimensionar a vossa atividade. O bom enquadramento fiscal inicial pode fazer-vos poupar muitos euros... A complexidade fiscal deve crescer conforme cresce a vossa atividade.

Em suma, cuidem da vossa empresa, de dentro para fora. Garantam a organização, a motivação, a execução. Mas também devem garantir uma boa gestão financeira e o cumprimento das obrigações fiscais, contribuindo para a boa saúde e para a sustentabilidade da vossa empresa.#

entrepreneurship

is about turning what excites you in life into capital, so that you can do more of it and move forward with it.

Richard Branson

g Blo

O EMRPREENDEDOR BRACARENSE

OEMPREENDEDORBRACARENSE. WORDPRESS.COM

E MAGAZINE

21

PRECISAMOS DE ÁRVORES, DE TERRA, DE OXIGÉNIO, DE AR PURO (...).

A TERRA É SÓ UMA E AS EVIDÊNCIAS DO QUE ESTÁ A ACONTECER SÃO ASSUSTADORAS

Licenciado em engenharia informática e a fazer um programa internacional de doutoramento em sustentabilidade do ambiente construído, fomos falar com Mário Meireles, Bicycle Mayor de Braga.

TXT RUI PINHEIRO PIC MÁRIO MEIRELES

22

E MAGAZINE

E MAGAZINE

23

Mário Meireles nasceu em Davos na Suiça em

Ainda assim Mário voltou a pegar na bicicleta:

1988, "no meio do World Economic Forum".

"não queria que o medo se apoderasse de mim

Mário confessa que muito cedo que aprendeu a

e não me deixasse mais andar".

ir autonomamente para a kindergarten (préescola), "passando passagens de nível sem vigia

"Ainda hoje tenho alguns arrepios na

e a usar a bicicleta na cidade, como modo de

espinha com alguns comportamentos de

transporte."

automobilistas."

Veio para Braga aos 7 anos, onde está até hoje.

Mário tentou utilizar "por cá" a bicicleta, mas apanhou um primeiro susto junto da Makro, na Rua António de Mariz, onde levou com o espelho de um carro e teve uma queda.

A partir daí confessa, utilizou a bicicleta como "todos em Braga utilizamos: brincar com os amigos, lazer, ou depois quando fui morar para Gualtar, ir explorar a natureza com os amigos e até para ir para os treinos ou jogos de futebol" (...). O meu modo de transporte era transporte público, depois a mota e mais tarde o carro.

Ainda durante uns anos trabalhei na Telepizza como distribuidor, o que me deu um maior conhecimento das ruas e do trânsito da nossa cidade".

Só mais tarde, na Universidade, quando estava a licenciar-se em engenharia informática é que recomeçou a utilizar a bicicleta como modo de transporte. Peço caminho conheceu Victor Domingos, do então blog Braga Ciclável, e começaram a trabalhar juntos em prol da utilização da bicicleta. No entanto, o destino resolveu pregar-lhe uma partida e no ano de 2013 Mário foi atropelado por um carro, quando se deslocava de bicicleta, com uma fratura exposta de grau 1 do perónio, foi considerado "ferido ligeiro nas estatísticas: ganhei 8 parafusos no tornozelo e só voltei a andar 77 dias depois".

24

E MAGAZINE

Entretanto ,Mário licenciou-se em engenharia informática, foi convidado para ser colaborador dos TUB em Março 2014 e arriscou num mestrado em engenharia urbana – ramo cidades sustentáveis.

Em 2016 confessa que "a conjuntura levou o grupo a formalizar a Braga Ciclável como uma associação" e desde então é o seu presidente.

Mário Já lidera a equipa, agora no 2º mandato, enquanto que simultaneamente escreveu a dissertação de mestrado “Como promover a mobilidade ciclável em Portugal. O caso da cidade de Braga.”, onde obteve a classificação de 18 valores. Está agora no programa internacional de doutoramento em sustentabilidade do ambiente construído.

Influências

Engenheiro, Urbanista e Investigador,

Mário confessou-nos que há sempre muitas

mas sobretudo um apaixonado pela

pessoas que lhe servem de referência e que ao

utilização da bicicleta

longo do percurso são importantes: "tenho

Quisemos perceber como surgiu a paixão pela

várias pessoas que até agora me serviram de

utilização da bicicleta e Mário Meireles

referência, logo à partida os meus pais, que

confessou que é difícil encontrar um ponto

sempre se esforçaram muito, nunca desistiram e

inicial: desde que me lembro que me ensinaram

sempre quiseram proporcionar o melhor aos

a olhar com respeito para a natureza e a

filhos. O pai, pelo esforço de estar num país

entender que precisamos dela. Precisamos de

diferente a trabalhar, muitas vezes sozinho. A

árvores, precisamos de terra, precisamos de

mãe, por ter que criar os filhos sozinha e aturar

oxigénio, precisamos de ar puro, enfim,

todas as fases de crescimento de uma pessoa e

precisamos do meio ambiente."

mesmo depois de ver um filho atropelado de bicicleta continuarem a apoiar, é de louvar".

Mário acrescenta: "depois há pessoas que passaram na minha vida e com quem já aprendi muito". Tem alguns professores como referência e alguns líderes: "alguns deles ainda estão na minha vida e sabem que são referências. Quer os meus orientadores de doutoramento, quer o Victor Domingos, por exemplo. O Victor teve muita influência no meu percurso para voltar a utilizar e para começar a defender publicamente a bicicleta como modo de transporte."

"A terra é só uma e as evidências do que está a acontecer são assustadoras. É preciso cada vez mais uma mudança radical, porque estamos a ficar sem tempo para não nos extinguirmos. E isto é baseado em evidências, já não são só teorias."

Mário destacou ainda: "a preservação do meio ambiente deve ser algo que todos devemos abraçar, não a devemos relacionar diretamente com quem anda de bicicleta".

"Uma pessoa que anda de bicicleta não significa que seja um ambientalista."

"A bicicleta tem esta vertente de ser amiga do ambiente, é um facto, mas tem muitas mais vertentes que são tanto ou mais importantes. (...)

Os ganhos para a saúde que a bicicleta proporciona, quer a quem utiliza, quer a quem rodeia são enormes. Ora pela não emissão de partículas finas e gases nocivos para o nosso sistema respiratório, quer porque estamos a fazer exercício físico de uma forma indirecta, reduzindo assim problemas cardiovasculares e até do foro psicológico.

E MAGAZINE

25

26

E MAGAZINE

À lista de vantagens, Mário acrescenta: “depois

nas deslocações dentro da cidade, estamos

temos os ganhos económicos. A pessoa que

também a contribuir para libertar

utiliza a bicicleta como modo de transporte vai

esse espaço que pode ser utilizado para outros

poupar imenso em combustível, manutenção,

fins: ciclovias, esplanadas,

seguros e todos os extras. Nós que temos carro

zonas verdes, parques infantis, etc”.

sabemos bem quanto ele custa”.

“A pessoa que utiliza a bicicleta

A Associação Braga Ciclável, o aumento

vai contribuir para a economia local. Uma

do número de ciclistas e as

pessoa que pedale gasta em média, no

infraestruturas da cidade

comércio, mais 100€ por mês do que uma pessoa que conduza.”

Mário considera que há cada vez mais pessoas a utilizar a bicicleta como modo de transporte na cidade, sobretudo porque se “começou a dar

E na verdade os factos comprova-se pelos números, se considerarmos que “o carro traz custos para a cidade na ordem dos 0,16€ por km circulado, já a bicicleta traz ganhos para uma cidade na ordem dos 0.23€ por km pedalado”. A redução da sinistralidade é outra das vantagens destacadas pelo Mário: “Uma cidade com muitas pessoas a andar de bicicleta é uma cidade com menos acidentes.”

uma maior visibilidade à bicicleta e a demonstrar que a bicicleta podia ser utilizada em Braga como modo de transporte”. A este fator, junta-se a influência do trabalho que a Braga Ciclável tem vindo a desenvolver: “isso é claro para mim, até porque são já muitas as pessoas que dizem que começaram a utilizar ou porque vieram a um evento da Braga Ciclável, ou porque leram coisas que escrevemos, ou porque nos viram a andar, ou porque falaram connosco”.

Mas há também toda a conjuntura mundial e nacional:

“É assim em todas as cidades que se prepararam e que viram o número de pessoas a utilizar a

“As pessoas começaram a perceber que

bicicleta a aumentar. É um efeito de redução de

têm que mudar comportamentos, que têm

velocidade e aumento de atenção que leva a que

que optar por escolhas mais eficientes,

isto aconteça. E com isso há uma poupança na saúde também, porque os nossos hospitais

mais eficazes, mais racionais, enfim, mais sustentáveis.”

passam a ter menos sinistrados”.

No entanto, Mário chama a atenção para um

À lista anterior, Mário Meireles sublinha ainda

problema: “as pessoas deparam-se com o medo

outra vertente que considera muito importante:

e por vezes o pânico. As pessoas têm medo de

“A ocupação do espaço público (…). Uma

sair à rua a pé e andar nos passeios ou

bicicleta ocupa pouquíssimo espaço público. Ao

atravessar as ruas em Braga. E falo na cidade

fazer uma troca de um carro por uma bicicleta

toda, a cidade de Braga é, hoje, muito mais que

E MAGAZINE

27

o centro histórico e muito mais que a zona da

ção simples e barata do desenho das ruas, das

ponte. E quando as pessoas têm medo de andar

pinturas de linhas”, assume. Noutras destaca a

a pé na cidade, andar de bicicleta então julgo

sobreelevação das passadeiras, gincanas e

que o medo está mais perto do pânico para

estreitamentos de faixa de rodagem nos

algumas pessoas”.

cruzamentos.

O presidente da Braga Ciclável atribui este medo

Mário acrescenta: “só depois de termos uma

ao ambiente construído da cidade de Braga, que

infraestrutura preparada é que podemos

considera não transmitir a mínima segurança

convidar as crianças a utilizar a bicicleta.

para utilizar os “modos ativos” (os modos de

Convidar as crianças hoje para utilizarem as ruas

transporte que nos levam a deslocar ativando o

da nossa cidade não é ser sério, é estar a

nosso corpo. Sublinhando que “é algo legítimo,

convidar alguém a desafiar uma possível morte”.

não é imaginável. Hoje, 24 anos depois, aquela

Mário Meireles avisa que “é preciso primeiro

rua onde apanhei um susto em frente à Makro, a

criar a infraestrutura. Também foi assim na

Rua António Maris, continua igual, com 10

reciclagem, primeiro infraestruturaram-se as

metros de largura para duas vias de carros”.

cidades com os contentores e com tudo o que

era necessário a jusante para o tratamento

“Sabe-se hoje que em cidades sem

desse lixo, e depois sim, convidaram-se as

infraestrutura adequada para a promoção do

pessoas para abraçarem essa causa, com muito

uso da bicicleta (que é o caso de Braga),

enfoque nas crianças. Mas primeiro veio a

conseguir-se-á no máximo dos máximos,

infraestrutura e depois veio o Gervásio que

e é um valor muito muito otimista, 3% de

“demorou exatamente uma hora e doze minutos

pessoas a utilizar a bicicleta. Mas sabe-se que

a aprender a separar as embalagens usadas. E

quando se constrói uma infraestrutura se

você, de quanto tempo mais é que precisa?”.

consegue rapidamente superar os 10% - Sevilha

e San Sebastian são exemplos disso mesmo. E

Perguntamos a Mário Meireles porque usa a

numa faz muito mais calor do que em Braga e

expressão “pessoa que utiliza a bicicleta como

na outra há muita mais chuva e muita mais

modo de transporte” em vez do termo “ciclista”.

montanha do que por cá.”

A resposta está precisamente no significado das palavras, “aprendi, sobretudo no meu percurso

“Portanto ainda há um longo caminho para fazer na infraestrutura. É preciso readaptar, com urgência, as nossas ruas e avenidas”.

Mário admite que muitas das intervenções passarão por pintura de novas linhas, colocação de balizadores e uma intervenção maior nas interseções e cruzamentos. “É uma reorganiza-

28

E MAGAZINE

académico, mas na vida também, que o significado das palavras é muitas vezes desvalorizado.

Mas as palavras têm muito significado e são muito poderosas. Tento utiliza-las com cuidado e corretamente. E depois há algumas conotações que o nosso cérebro faz automaticamente que também quero evitar”.

Mário usa o termo “ciclista” quando se quer

referir a alguém que utiliza a bicicleta como

um reconhecimento do trabalho que tem vindo

desporto: “é outro âmbito da utilização da

a ser feito na cidade quer por ele, quer pela

bicicleta, também ele muito importante para

associação que representa: “Pertencer à rede e

fomentar a utilização da bicicleta como um todo,

ao programa de bicycle mayors and leaders é,

mas que tem outras necessidades e

obviamente, um orgulho, e pode ter um papel

preocupações, quer a nível de manutenção, quer

importante na minha missão, quer por ser mais

a nível de tipo de bicicleta, de acessórios

um canal para chegar a mais pessoas, quer por

utilizados, de velocidades atingidas.

poder dar nota de mais coisas que eu vou

É todo um outro mundo dentro do mundo das

fazendo a nível pessoal, quer pela troca de ideias

bicicletas. É como na utilização do carro, os

e experiências com outras pessoas, de outras

automobilistas profissionais, os pilotos, são todo

cidades, que desempenham papeis

um outro mundo dentro da utilização do

semelhantes”.

automóvel”.

Daí que quando se refere a alguém que utiliza a bicicleta se refira a “pessoa que utiliza a bicicleta” (por analogia ao carro). “Porque a bicicleta é apenas uma ferramenta, uma extensão, que nos leva de um ponto para o outro. Não é isso que define a pessoa. Ao dizer que a pessoa é ciclista é estar a profissionalizar a coisa. Também não chamamos telefonista a um empresário, só porque é uma pessoa que faça muitas chamadas”.

Bicycle Mayor of Braga

Braga Cycle Chic: desmistificar a utilização da bicicleta “O Braga Cycle Chic tem como principal objetivo mostrar às pessoas que é possível pedalar em Braga utilizando a bicicleta e roupa normal, ou até mesmo mais chique”. Mário acrescenta ainda que é uma forma de desmistificar a utilização da bicicleta: “ao mesmo tempo que mostramos que há pessoas a utilizar a bicicleta como modo de transporte, proporcionamos também às pessoas que não têm bicicleta em casa, experimentar utilizar a mesma num contexto urbano”.#

Mário Meireles considera a nomeação como um

E MAGAZINE

29

TXT RUI PINHEIRO PIC COWORK BUZZ

O OBJETIVO É QUE HAJA ENTREAJUDA PARA ENTENDER ONDE ESTAMOS, QUAIS SÃO AS TENDÊNCIAS, AS DIFICULDADES COMUNS E OS PONTOS FORTES DE FORMA A QUE NOS POSSAMOS UNIR E CRESCER".

Vai decorrer nos próximos 25 e 26 de outubro e quer reunir a comunidade portuguesa da indústria do cowork. A Cowork Buzz vai dar que falar e nós fomos conhecer mais sobre a conferência!

30

E MAGAZINE

De acordo com a organização, a ideia principal

queremos fomentar ainda mais a colaboração

do Cowork Buzz é "reunir a comunidade:

entre espaços, sobretudo a nível internacional, e

gestores de espaços de coworking, fundadores,

aprofundar os estudos relativos aos coworking e

gestores de comunidade, pessoas interessadas

coliving, de forma a entender como a indústria

em desenvolver um projeto relacionado com

funciona, quais os seus mecanismos, e por onde

esta área, empresas de inovação de design de

podemos crescer e evoluir".

espaços, grupos imobiliários e estudantes interessados no tema".

"Acreditamos no poder da colaboração e por isso é importante reunir a comunidade portuguesa. O potencial de Portugal na indústria de espaços de colaboração tem crescido rapidamente e

A EQUIPA COWORK BUZZ Ruba Nemekh, Mentora e Coordenadora Cowork Buzz | Carolina Rodrigues, Marketing Lead Cowork Buzz | Andra Ani, Operations Lead Cowork Buzz | Nuno Veloso, Gestor de Parcerias Cowork Buzz

sabemos que unir esta indústria irá aumentar o impacto (coworking, coliving, hubs de incubação, escritórios, etc). O objetivo é que haja entre-ajuda para entender onde estamos, quais são as tendências, as dificuldades comuns e os pontos fortes de forma a que nos possamos unir e crescer".

O que podemos esperar desta edição?

A conferência é organizada e curada pelo Porto i/o, desde 2016. O Porto i/o é o espaço de referência na cidade do Porto e Matosinhos e conta atualmente com 4 espaços distintos de coworking. De acordo com a organização do evento, este ano, o Cowork Buzz pretende expandir quem em número de participantes, quer no alcance da própria conferência e, por esta razão, elevar a conferência para outro nível: "temos speakers confirmados de toda a Europa, e o nosso desejo da forte internacionalização na conferência, vai-se realizar".

No futuro, a organização tem o desejo de continuar e sobretudo fazer com que a conferência seja reconhecida na indústria do coworking.#

Todas as informações em www.coworkbuzz.com

E MAGAZINE

31

"AS NOSSAS ESCOLHAS E AÇÕES TÊM A CAPACIDADE DE NOS APROXIMAR DE NÓS MESMOS E DOS OUTROS, DOS NOSSOS OBJETIVOS E ASPIRAÇÕES (...)"

Apaixonada por ioga, escritora, psicóloga e coach.Fomos falar com Catarina Lino sobre a sua história e as suas paixões!

TXT RUI PINHEIRO PIC CATARINA LINO

32

E MAGAZINE

"Desde muito nova que tenho uma paixão

quando confrontada com essa perda senti-me

por livros, tanto que a minha

impelida a questionar, redesenhar e direcionar a

psicoterapeuta uma vez perguntou-me o

minha vida". Catarina assume que foi assim que

que fez de mim a pessoa que eu sou hoje,

descobriu o Coaching:

e uma das respostas que dei foi os livros que li. Tiveram um papel fundamental na

"Sabia que queria uma vida com

minha vida."

propósito, em que eu pudesse usar o meu

Catarina começou a interessar-me e a estudar informalmente psicologia, budismo, meditação e desenvolvimento pessoal com apenas 15 anos.

No seu percurso profissional teve algumas experiências profissionais muito diferentes, foi assistente de bordo e para tal mudou-se para o Qatar onde trabalhou. "Mais ou menos dois meses depois de me mudar para o Médio Oriente o meu pai morreu, e eu, que sempre encarei a oportunidade como uma experiência mas não como um projeto de vida a longo prazo,

potencial para facilitar processos de transformação na vida de outras pessoas mas não fazia a mínima ideia de como é que ia fazer isso" Catarina confessa que não foram precisas muitas sessões, pouco tempo depois tinha um plano e um rumo.

Inscreveu-me numa licenciatura em psicologia e antes das aulas começarem em Setembro, foi dois meses para a Índia, estudar yoga. Concluiu a licenciatura, fez uma pós graduação em Psi-

E MAGAZINE

33

cologia Positiva, estudou Programação

Tenha muito ou tenha pouco, gosta tanto de dar

Neurolinguística, Coaching, Hipnose e Alta

como de receber. Isso é não é assim tão comum

Performance. Nesta caminhada, tirou ainda

nos dias que correm". Catarina admite que se há

vários cursos de yoga que a levaram à Tailândia,

coisa que eu gostaria era de de chegar à idade

ao Hawaii, ao México, às Bahamas, etc. No

da mãe com a mesma vivacidade, esperança e fé

processo tornou-se Coach de Psicologia Positiva,

na humanidade que ela tem.

Professora de Yoga, escritora e facilitadora de workshops de bem-estar.

Ainda sobre a sua inspiração, Catarina Lino falou-nos da importância de pessoas como a Brene Brown, a Tara Brach e uma das suas

Influências Quais são as influências de Catarina? O que a inspira?

"A minha irmã foi e continua a ser uma das figuras mais influentes da minha vida. É das pessoas mais sensatas e íntegras que eu conheço, e deu-me um empurrão que eu precisava para me inscrever no curso de yoga".

Catarina confessa que a sua irmã, também formada e mestrada em psicologia, mostrou-lhe o que era viver em integridade com os seus próprios valores, mesmo que isso lhe dificultasse um bocadinho mais a vida.

"O meu pai deu-me exemplos de optimismo e humildade, mostrou-me que o que é possível fazer com determinação e trabalho. A minha mãe exemplifica como poucas pessoas a gratidão pelos “pormaiores” (como dizia um professor meu) da vida."

Catarina acrescenta: "Sempre que vai a minha casa leva-me um ramo de flores e vai até à varanda e deslumbra-se com a vista como se a contemplasse pela primeira vez. É das pessoas mais queridas e generosas que eu conheço.

34

E MAGAZINE

professoras de yoga a Tiffany Cruikshank: "o trabalho delas continua, até hoje, a orientar e a informar e inspirar o meu".

Optimismo... sempre

tenho a certeza que mudar é possível, mas acho

"Acredito que as nossas escolhas e ações têm a

que a transformação é mais um processo de

capacidade de nos aproximar de nós mesmos e

honrar a nossa essência, e o que acontece é que

dos outros, dos nossos objetivos e aspirações,

deixamos de fazer as coisas que nos afastam

de quem nós realmente somos, de quem nos

dela, e da forma como queremos genuinamente

queremos relacionar, do que queremos

viver. Ou seja, não nos tornamos tanto noutra

construir e implementar, do que queremos

pessoa, mas sim numa versão mais fiel ao que é

subtrair e acrescentar na vida". Catarina assume-

mais sincero em nós".

se como uma optimista e embora tenha a noção de que não temos controlo sobre

Catarina acredita no potencial das pessoas,

tudo, acredita que:

acredita que com "as experiência de vida vamos

"temos capacidade de transformar a relação que temos até com a incerteza e com isso aprendemos a viver com mais liberdade, mais consciência, mais verdade" "Há quem diga que as pessoas não mudam, eu

fazendo melhores escolhas. E acredito que, em geral, a vida se torna melhor à medida que colaboramos com ela em vez de lutarmos contra ela". Embora Catarina reconheça que nem sempre tem razão ("já fui demasiado optimista e sofri as consequências"), prefere "acreditar e sofrer do que sofrer por não viver".

E MAGAZINE

35

"Empreendedorismo significa arriscar. Ter coragem de construir alguma coisa sem nenhuma garantia de sucesso, é experimentar e escolher enfrentar os desafios e o desconforto de lutar por algo importante e significativo, significa perceber a importância de colaborar, de descobrir à medida que vamos fazendo, de assumir quando não se sabe, de procurar quem sabe de coisas diferentes,

com a vida e com os outros.

"Acho que enquanto sociedade, passamos mensagens pouco saudáveis acerca da coragem, da liderança, do sucesso, do amor, do trabalho, do que é ser forte, do que significa ser homem e ser mulher, do contributo e responsabilidade que cada um de nós tem neste ecossistema em que nos movemos..."

de solucionar questões com o bem comum

Catarina conclui: "começa pela forma como nos

em mente. É deixarmo-nos guiar pelo que

relacionamos com essas coisas, com a

queremos, mais do que pelo que não

linguagem que usamos, com aquilo em que nos

queremos".

focamos. Há muito trabalho para fazer nesse sentido".#

Sobre o futuro, Catarina falou-nos sobre o seu desejo de ajudar a transformas a forma como as pessoas se relacionam com elas próprias, com a

36

E MAGAZINE

COMO UTILIZAR CHATBOTS COMO PARTE DE UMA ESTRATÉGIA DE MARKETING Sabe quais as principais razões pelas quais deverá implementar um assistente virtual na sua estratégia de marketing? E qual será a melhor forma de o fazer? O joão Freitas conta tudo neste artigo!

João Freitas

HEAD OF STRATEGIC PARTNERSHIPS DA HIJIFFY

E MAGAZINE

37

A utilização de assistentes virtuais, mais

lizadores em aplicações como o WhatsApp ou o

conhecidos como chatbots, tem sido muito

Facebook Messenger, as marcas não podem

discutida nos últimos anos, sendo considerada

deixar passar a oportunidade de terem uma

por muitos marketers o futuro do marketing

presença forte nas mesmas.

digital. Mas o que é, afinal, um chatbot e porquê

Independentemente do setor onde a empresa

tanta discussão acerca deste tópico?

está envolvida, são vários os casos de sucessos

Um chatbot é um software que utiliza

da utilização de assistentes virtuais - desde o e-

inteligência artificial (AI) e processamento de

commerce à saúde, passando pela hotelaria ou a

linguagem natural (NPL) para facilitar as

banca.

interações entre as marcas e os clientes

funcionando em canais como o website, o

As principais razões pelas quais deverá

Facebook Messenger, o Whatsapp, ou até

implementar um assistente virtual na sua

mesmo o email.

estratégia de marketing são:

De acordo com Drift’s 2018 State of Chatbots Report (FIG.1), muitas são as causas apontadas

1 - Maior capacidade de relacionamento

pelos consumidores para a utilização de um

entre as marcas e os consumidores

chatbot - desde a obtenção de uma resposta

(Larger engagement)

rápida numa situação de emergência, até à

Tendo em conta a possibilidade de utilizar

subscrição de uma newsletter ou até mesmo a

chatbots em diferentes aplicações, as empresas

aquisição de um produto.

poderão tirar vantagens dos diferentes targets de cada uma das mesmas, possibilitando o

Para além disso, de acordo com um estudo

aumento da sua base de consumidores.

conduzido pela Ubisend, 46% dos utilizadores

Para além disso, através de um chatbot, é

preferem contactar uma empresa através de

possível manter uma relação mais longa com os

uma mensagem em detrimento de um email.

consumidores - por exemplo um vídeo poderá

Tendo em conta o aumento do número de uti-

levar a um enorme envolvimento instantâneo,

FIG.1 - Source: Drift’s 2018 State of Chatbots Report 38

E MAGAZINE

mas assim que o mesmo termina, é difícil

através de questões colocadas de forma natural

manter o engagement. Por sua vez, um chatbot

e que, aliando a informações relativas ao perfil

permite captar a atenção de uma maior

dos utilizadores - nomeadamente os seus

audiência, aprendendo através das interações

padrões de consumo e a forma como interagem

dos utilizadores quais as informações relevantes

com a marca. Desta forma, as futuras

que deve enviar sobre produtos ou serviços. É,

campanhas de marketing poderão ser mais

assim, um instrumento potencializador do up-

personalizadas, incidindo nas necessidades

sell e do cross-sell, de uma forma personalizada

específicas de cada consumidor e melhorando a

e envolvente.

experiência do utilizador (FIG.3).

FIG.2 Em cima (FIG. 2), poderá ver-se a implementação da solução da HiJiffy nos NAU Hotels & Resorts.

O chatbot permite verificar disponibilidades em tempo real, bem como ajudar os hóspedes com algumas dúvidas relativamente à sua estadia como hora de check-in/out ou as atrações mais próximas que devem ser visitadas. Também apresenta fotos, assim como uma breve descrição dos hotéis e quartos de forma a facilitar a tomada de decisão e o upselling.

2 - Obter insights analíticos valiosos Um chatbot é uma oportunidade perfeita para obter feedback por parte dos consumidores,

E MAGAZINE

39

FIG.3 - Source: Dasboard da HiJiffy

3 - Otimizar a experiência do utilizador

instantâneas e ajudando-os a verificar datas,

De acordo com o Microsoft Global Customer

tarifas e reservar um quarto.

Service Report, 66% of US consumers are willing to spend more with a company that provides excellent customer service e 60% não completarão uma compra caso o serviço ao cliente seja fraco.

Tendo em conta estes dados, percebemos que para satisfazer os consumidores temos de estar disponíveis para responder a cada instante, 24H/7, o que é extremamente

4 - Evitar erros humanos e uniformizar respostas Com humanos a gerir o serviço ao cliente os erros irão, naturalmente, acontecer. Desde os erros ortográficos, passando por falhas ao nível das informações prestadas e ao desconhecimento de determinadas ínguas responder a clientes em Mandarim, por exemplo, poderá ser complexo para a maioria das marcas.

dispendioso caso o suporte seja feito por uma equipa. No entanto, através de um assistente virtual, a marca poderá reduzir custos garantindo, simultaneamente, um suporte ao cliente disponível 24/7 e, por consequência, uma atenção especial e diferenciada para ajudar o consumidor na sua buying journey.

Tendo em conta o exemplo da HiJiffy, que tem

Tendo em conta que os assistentes virtuais respondem tendo em conta as FAQs disponibilizadas pelas marcas previamente definidas, evitando desta forma este tipo de erros humanos. Para além disso, um benefício disso, um benefício adicional da utilização de chatbots é o facto de não terem oscilações de humor - nunca estão de mau humor, e darem respostas uniformizadas. Desta forma, caso um

como uma das partes do seu produto um

utilizador interaja mais do que uma vez, não

chatbot implementado em websites de hotéis,

receberá respostas muito diferentes.

o mesmo compreende as perguntas colocadas pelos visitantes, fornecendo-lhes respostas

40

E MAGAZINE

Apesar das mais-valias inerentes à utilização de

um chatbot na estratégia de marketing, existem

verdade. Para além disso, tendo em conta que

ainda algumas limitações na sua utilização.

tipicamente as taxas de automação de um

Como principal limitação, poderá apontar-se a

assistente virtual vão aumentando ao longo do

dificuldade, sobretudo inicial, em cumprir as

tempo, numa fase inicial é expectável alguma

expectativas dos utilizadores relativamente à

dificuldade em definir as regras e as questões

fluidez da conversa - os chatbots não

que o mesmo responderá - o processo de setup

compreendem sentimentos, tendo por esta

pode ser um pouco demorado. De forma a

razão dificuldades em agir como humanos de

garantir uma integração eficiente dos chatbots na estratégia de marketing é fundamental garantir um bom planeamento da solução automatizada, garantindo que existe uma correta interligação entre a equipa de suporte e o chatbot, nunca esquecendo que o chatbot não pode nem deve substituir o cuidado personalizado da equipa. Desta forma, será possível desenvolver um sistema eficiente e garantir bons resultados.#

E MAGAZINE

41

"ESTOU GRATO A TODOS OS ACONTECIMENTOS QUE OCORRERAM NA MINHA VIDA POIS, SEM ELES, NÃO SERIA A PESSOA QUE HOJE SOU E, HOJE, SOU FELIZ COMO SOU." TXT RUI PINHEIRO PIC NCL

A NCL é atualmente uma das empresas de referência a nível nacional e internacional, no transporte de mercadorias a pessoas, por terra, mar e ar. Hoje, a equipa da NCL transitários e da NCL viagens conta já com 20 membros. Quisemos saber como tudo começou e fomos falar com Luís Oliveira, Presidente da empresa.

42

E MAGAZINE

Uma história repleta de vivências "É, na verdade, uma longa história de vida, de vivências e de experiências pessoais, profissionais e empresariais que me permitiram aprender, evoluir, crescer, criar, corrigir, renovar, desafiar-me e, hoje, posso dizer que sou verdadeiramente feliz! Amo a vida, desfruto-a cada vez mais, a cada instante.

Estou grato a todos os acontecimentos que ocorreram na minha vida pois, sem eles, não seria a pessoa que hoje sou e, hoje, sou feliz como sou". É desta forma que Luís Oliveira, presidente CA da NCL Transitários começa a sua entrevista.

Luís nasceu em Vila Real mas, quando tinha 13 anos, os seus pais mudaram-se para o grande Porto, tendo começado a trabalhar pouco depois: "trabalhei sempre muito e estudei sempre muito para poder frequentar o curso de História na Faculdade de Letras do Porto".

Aliado à sua vida profissional e empresarial, foi Formador Profissional tendo escrito os livros “Transporte Marítimo” e “Transporte Intermodal” para o Curso de Técnico Transitário, entre muitos outros artigos e publicações.

Sobre as influências...

Luís salienta que teve muitas pessoas que o influenciaram e que foram referências sua minha vida: "estão no meu coração e recordome delas frequentemente mas, na verdade, o meu Pai foi o maior exemplo de vida pelo seu

E MAGAZINE

43

carácter, frontalidade, honestidade, pessoa que

a-dia para, em tempo útil, agirmos e

acreditou sempre que, apesar das nossas

executarmos ágil e eficazmente para, assim,

dificuldades, venceríamos se, diariamente,

garantirmos o que os nossos clientes querem; a

fizéssemos mais e melhor nunca abdicando dos

nossa equipa está preparada para trabalhar sem

nossos valores; não conteve as lágrimas quando

limitações pois é-lhes transmitida que, com

lhe comuniquei a minha nomeação a director de

trabalho, dedicação, autenticidade e confiança,

uma empresa".

alcançaremos os objectivos traçados".

Luís confessa que hoje é a Raquel, a sua esposa,

o possamos percorrer, diariamente, em

A filosofia da gestão da NCL é conhecida por colocar sempre os colaboradores em primeiro lugar. Promovem, por exemplo, várias atividades de desenvolvimento pessoal)...

verdadeira realização, paixão e felicidade e, este

"Esse tipo de iniciativas são importantes porque

que, com o "seu trabalho extraordinário na NCL, ilumina o meu caminho, ilumina o nosso caminho com paz, talento e sabedoria para que

prazer de trabalhar, faz-me acordar todas as manhãs com vontade de trabalhar".

visam, na nossa perspectiva, desenvolver novas atitudes, conhecimentos e práticas que permitam aos colaboradores serem melhores

A NCL é atualmente uma das empresas de referência a nível nacional e internacional, no transporte de mercadorias a pessoas, por terra, mar e ar. Hoje, a equipa da NCL transitários e da NCL viagens conta já com 20 membros. Quisemos saber como tudo começou...

no dia-a-dia".

"Foi em 1996 quando, ignorando os meus

aprender, evoluir e crescer." Sobre hábitos

medos e as minhas limitações, sonhei uma

cuidar do corpo e da mente, o empresário

empresa diferente daquelas em que já tinha

destaca as suas práticas diárias de meditação,

trabalhado, sobretudo no relacionamento

pilates, yoga e caminhadas.

interpessoal, na distribuição de

responsabilidades e na partilha permanente e,

A NCL no futuro

também, o querer valorizar mais as minhas

O empreendedor confessa que "a equipa está

oportunidades de desenvolvimento e de

consciente e preparada para continuar a

responsabilidade de que as condições

desenvolver uma atitude de excelência e de

financeiras propriamente ditas".

melhoria contínua e, assim sendo, o futuro da

O dia-a-dia do gestor Luís Oliveira destaca que costuma impor desafios a ele próprio: "desafios, coisas novas, ideias novas pois acredito que isso me faz

NCL será de estabilidade e, também, uma

44

E MAGAZINE

Acerca dos desafios da empresa, o

empresa que continuará a distinguir-se das

empreendedor salienta que o maior desafio é "o

suas concorrentes (transitários e agência de

de conseguirmos identificar as questões do dia-

viagens)".#

EMPREENDEDORISMO "PARA MIM, EMPREENDEDOR É AQUELE QUE APRECIA AQUILO QUE CONSTRUIU E CONQUISTOU E QUE, POR MUITA PRESSÃO, DIFICULDADES E RESPONSABILIDADE QUE EVENTUALMENTE SINTA, NÃO ACEITA O CONFORMISMO DAS SITUAÇÕES OU DOS FACTOS E CONTINUA, COM A SUA EXPERIÊNCIA, CAPACIDADE E CONHECIMENTO, A CONQUISTAR, A ALCANÇAR OUTRAS METAS, OUTROS OBJETIVOS..."

E MAGAZINE

45

UMA IDEIA, UM PROJETO, FOUNDERS E DEPOIS?

46

E MAGAZINE

MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA - A CAMINHO DO UNICÓRNIO: Uma ideia, um projeto, founders e depois? Aileen Lee batizou os unicórnios como sendo as startups com avaliação de mercado superior a um milhão de milhões de dólares (“billions”) e desde então esse é o sonho de muitos empreendedores. E … até lá? O que deve ter uma startup em mente, legalmente falando, para não se desviar do caminho do unicórnio?

Rita Trabulo

ADVOGADA COORDENADORA DA STARTINNOVATION TEAM BY CCA

E MAGAZINE

47

Manual de sobrevivência - A caminho do unicórnio: A Estrutura societária. Amigos amigos, negócios à parte.

quais as que podem ser decididas por maioria e qual a maioria? Na prática, temas de permanência dos founders, entrada de investimento, contratação de key employees, planos de incentivo a colaboradores,

Sabemos que, na prática, os termos legais nem

alterações à atividade, aprovação de business plan e

sempre são os prioritários, contudo, não é

venda de ativos são matérias que pela sua relevância

novidade que a par de um bom plano de

demandam a aprovação de todos ou, pelo menos, de

negócio deverá existir uma estratégia legal que

uma maioria significativa. E isto deve ficar

acompanhe a startup. Tudo se inicia com a

expressamente previsto no contrato de sociedade.

definição de estrutura societária. Vejamos as cinco principais ideias a reter.

1 - A cap table e a tomada de decisões

2 - Os novos sócios. A sedução dos planos de stock option.

É fundamental que os sócios fundadores

Após a criação da startup é necessário desenvolver o

definam a cap table, desde o primeiro momento.

produto/serviço. Os founders deixam de ter mãos a

Qual a participação inicial de cada um no capital

medir e o objetivo é escalar. Iniciam-se as

social da startup? Falamos não só em

contratações estão identificados key employees.

percentagens de participação nos lucros e

Havendo já investimento ou não, os recursos

perdas, mas também em direitos de voto.

financeiros da startup são ainda reduzidos. Como contratar então pessoas qualificadas e com a

Para além da cap table inicial é necessário que

competência desejada sem poder competir com

sejam previstas as eventuais alterações à

outros players?

estrutura do capital social: que percentagem estão, os fundadores, disponíveis para abrir a

São várias as soluções, mas os planos de incentivos

novos sócios, nomeadamente investidores e

são os mais mediáticos. Temos como exemplos destes

colaboradores? Até que ponto aceitam ser

os planos de remuneração baseados em opções de

diluídos e diminuir a sua posição na startup?

ações/quotas (Stock Options Plans), os planos de remuneração baseados em direitos sobre ações/

Tudo isto deve ser acautelado quer no contrato

quotas, recebendo o beneficiário o valor das ações a

de sociedade, i.e. os estatutos, quer no acordo

que teria direito e não as próprias ações (Phantom

parassocial.

Options Plans) e os contratos de vesting, fazendo depender determinada remuneração de um período

Um dos riscos que deve ser acautelado desde o

de permanência/carência.

primeiro dia é, de facto, o da perda de controlo

48

da startup, pelo que é crucial definir o

Em todos estes modelos deverão ser criados

mecanismo da tomada de decisões,

objetivos, não só de permanência (para a retenção)

designadamente quais as matérias que exigem

mas também relacionados com as suas funções e com

a aprovação de todos os sócios fundadores,

os objetivos de empresa, devendo tais objetivos estar

E MAGAZINE

em linha com o Plano de Negócios. Para além

de Bad Leaver e as regras são diferentes para cada

destes planos terem impacto no próprio

um dos casos, nomeadamente quanto ao valor de

contrato de trabalho e nas obrigações daqui

aquisição da participação e fórmula de cálculo.

decorrentes, devem estar previstos no acordo

Poderão ser nomeadamente introduzidas cláusulas de

parassocial, bem como o mecanismo de saída

opção de venda (put option) pelo sócio Good Leaver

do key employee e o seu reflexo na estrutura

ou opção de compra (call option) por parte dos sócios

societária. É assim fundamental a adesão

ou da sociedade.

expressa destes key employees ao acordo parassocial em vigor.

3 - A saída - Quando chega o momento: não és tu… sou eu. É difícil prever o futuro e as bolas de cristal

Esclarecendo e regulando estes temas desde o início, poupar-se-á tempo, quando acionados, no momento da saída e como sabemos: tempo é dinheiro… nomeadamente se estiver em causa a entrada de um investidor.

ainda aguardam tecnologia de ponta. Dito isto, é necessário prever eventuais saída dos founders e dos demais sócios (como os key employees).

4 - O investimento. “Baralha e volta a dar” O que procuram os investidores para além de um

Casa de partida na prevenção da saída é a

bom projeto, um business plan estruturado e pessoas

determinação, em contrato de sociedade e em

capazes de desenvolver o tal projeto? Uma casa

acordo parassocial, das regras de transmissão

arrumada. É assim fundamental que as relações entre

de participações sociais: proibição de venda por

sócios estejam bem definidas, a propriedade industrial

x anos; consentimento e direitos de preferência

(marcas, patentes e outros direitos) esteja

da startup e dos restantes sócios.

devidamente protegida e registada em nome da startup e os planos de incentivo bem estruturados.

Deverão ser desde logo estabelecidas as regras

Tudo isto para não criar entraves à entrada de

de saída das pessoas-chave, quer a bem, quer a

investimento.

mal. Por questões estranhas à sociedade (pessoais), financeiras (falta de liquidez da

No jogo das startups o investimento implicará uma

sociedade para pagamento de remuneração),

participação no capital social e uma nova cap

temas de impasse nas decisões, poderá não

table será definida. Tal implica uma redefinição das

fazer mais sentido um sócio continuar este

regras. O investidor entra no jogo e assume a posição

caminho. Por outro lado, poderão existir

de sócio e quer garantias. Relembramos, é

situações de litígio entre o sócio e a sociedade

fundamental que os founders não percam o controlo.

(atividades concorrentes, comportamento

Se não o perderam até agora, assim devem combinar.

desleal, abandono do projeto, não cumprimento

São os founders que têm capacidade para

das obrigações previstas no contrato de

desenvolver o produto e procura de investimento é

sociedade ou no acordo parassocial) que exijam

contínua. Ora, dificilmente um investidor vai apostar

a saída desse sócio.

numa startup que não é controlada pelos founders.

Estamos perante os chamados Good Leaver e

É importante ter presente que o investidor

E MAGAZINE

49

encontra a garantia do seu investimento na

refletida no acordo parassocial, eliminando

possibilidade de ter um voto decisivo na

possíveis entropias à sua execução.

tomada de decisões (quer em assembleia geral, quer na administração da startup), bem como em cláusulas de anti diluição (em novas rondas de novos investimento), em cláusulas de preferência na liquidação (recebendo em primeiro lugar o reembolso do investimento, acrescido ou não de outros valores), e em call options.

Importante:

Ainda que com o foco nas relações entre sócios e na criação dos pilares da estrutura societária, essencial ao bom caminho da startup na viagem até ao selo de unicórnio, é desde já visível que os temas legais se fundem na estratégia comercial e de crescimento traçada para a startup. Uma boa definição de resolução de impasses e criação de mecanismos de controlo por parte dos founders ajudará no momento da entrada do investimento, como também no momento do exit.

5 - O exit… unicórnio or not.

O acordo parassocial serve igualmente para

“It always seems impossible until it's done”, nas

definir os termos em que poderá ser feito o exit

palavras de Nelson Mandela, comumente citadas

da startup. As opiniões dos sócios poderão

quando se fala em regras mágicas para se atingir o

divergir, pelo que deverão definir a partir de que

sucesso. De facto, muitos dos projetos inovadores

valor e meta tal poderá acontecer, para além

que crescem com as startups derivam de

dos demais termos.

desafios ao que é muitas vezes catalogado como impossível, até que… alguém o faz.

Uma das melhores estratégias de exit é a venda

Assim sendo, e sem falar em marcas, “just…

da startup. Assistimos com regularidade a

do it!”, mas sempre com o apoio legal necessário.#

startups que acabam por ser adquiridas por empresas multinacionais, concorrentes ou não.

Cláusulas de drag along deverão ser equacionadas e balizadas por valores que façam sentido à luz do plano de negócios traçado para a startup.

Outra estratégia de exit comum é a negociação em mercado, seja sob a forma de IPO (Initial Public Offering) ou ICO (Initial Coin Offering). Os termos e a decisão de negociação em mercado devem ficar desde logo estabelecidos entre os sócios, principalmente quando entram investidores de capital de risco. É assim importante que os sócios estejam alinhados na estratégia de exit, que deve ser

50

E MAGAZINE

"O RESGATE E RECUPERAÇÃO DE ANIMAIS ABANDONADOS SINTO-O COMO UM DEVER. SINTO COMO SE FOSSE UMA MISSÃO QUE ME FOI ATRIBUÍDA E QUE A RECEBI DE BRAÇOS ABERTOS" Flor Lobo tem tido um papel bastante importante na defesa e recuperação de animais abandonados. Fomos falar com ela e contamos tudo neste artigo!

TXT RUI PINHEIRO PIC FLOR LOBO

E MAGAZINE

51

Emagazine (E): Quem é a Flor Lobo?

lançada há relativamente pouco tempo, com os

Flor Lobo (FL): Hoje em dia, quem me conhece,

meus sócios Luiza e Tiago.

sabe que toda a minha vida é centrada nos animais, mas nem sempre foi assim! Em

E: És uma apaixonada por animais... Neste

pequena, e durante todo o meu crescimento,

momento trabalhas na Dogland (um projeto

não tive animais, nem grande contacto com eles.

que assenta num atl canino, mas que se

No entanto, este amor nasceu comigo. E se pensar numa pessoa que tivesse influenciado, ainda mais, esta paixão seria, sem dúvida, a minha prima Eduarda Lobo.

Sabem quando somos pequenos e queremos ser um super herói e salvar o mundo? Era ela a minha.. A linda jovem que ama, é amada por animais e luta por eles.

Já na universidade, a estudar Optometria e Ciências da Visão, não me sentia preenchida nem realizada. Foi aí que decidi conciliar os meus estudos com a minha vida de voluntariado na ABRA. E é aí que me cruzo com um cão, o Rúben. Tanto me ensinou sobre amor, aquele barbichas! Depois de o resgatar, lutar por ele e de lhe salvar a vida, decidi que queria continuar a ajudar e salvar estas vidas de alguma forma.

Licenciei-me em Enfermagem Veterinária, fiz algumas formações de especialização. Trabalhei em hotéis caninos, na área clínica, em investigação cientifica, trabalhei com cães, gatos e burros.

"Percebi, por fim, que precisava de entendê-los ainda melhor (os animais), conectar-me com eles de outra forma, de garantir o bem-estar animal geral"

Alarguei os meus conhecimentos através de várias formações, entre ela a Pós-Graduação de Medicina Comportamental Animal na Inspsic e o Curso de treinadores na DTC. No meio desta luta pelo bemestar animal, surgiu uma ideia da startup Petlaces,

52

E MAGAZINE

preocupa com a felicidade dos cães). Como é fazer parte deste projeto?

FL: A Dogland apareceu na minha vida para me ajudar a crescer, ainda mais, na área de comportamento canino e treino. Já tencionava mergulhar no mundo do treino canino mesmo a sério há algum tempo. Recebi a proposta da Dogland e fiquei inquieta e, até mesmo, com algum receio. Depois pensei “Porque não começar com os melhores?” e abracei a proposta.

A Dogland tem como base tudo aquilo em que acredito.

Melhorar a vida e bem-estar dos cães, torna-los mais felizes, para podermos viver todos mais felizes e equilibrados uns com os outros. Na Dogland, não só encontrei realização profissional e pessoal, como uma nova família, canina e humana.

O resgate e recuperação de animais abandonados sinto-o como um dever. Sinto como se fosse uma missão que me foi atribuída e que a recebi de braços abertos.

"Realiza-me o facto de conseguir salvar vidas e, não é de todo, uma tarefa fácil. É pesarosa, por vezes! No entanto, enche-me a alma saber que fui importante no trajeto daquelas vidas, que ajudei a garantir que fossem felizes" Em certa parte acredito que não somos merecedores.. Se formos a pensar nos maus tratos e infelicidades a que eles estão sujeitos nas mãos do ser humano. De todo! Mas também há seres humanos fantásticos e incríveis que não tenho dúvidas nenhumas que merecem que os cães façam parte da vida deles.

"Os cães podem fazer coisas incríveis com o ser humano. Ajudar a superar dor, ajudar a crescer, ajudar na parte psicológica e física de um ser humano, tornando-nos mais fortes, melhores pessoas!" É sim, uma “divindade” que poucos têm o prazer de sentir, de sentir em plenitude. Por isso, acredito que a junção destes dois seres pode fazer coisas tão impressionantes que acho que podemos ser um bocadinho merecedores, sim.

E: Como defines empreendedorismo? .FL: Empreendedorismo é um olhar novo, criativo e alterado sobre algo que já existe ou criação de algo totalmente novo. O empreendedor partilha essa visão inovadora, avaliando todos os riscos. Para isso, é preciso acreditar, acreditar nele mesmo e na sua ideia. Aí começa o empreendedorismo. No acreditar!

E se acredita, luta por isso!#

E MAGAZINE

53

SABES COMO APARECER NO GOOGLE?

O Google é, essencialmente, a porta de entrada da Internet.

Todos os dias, mais de 3,5 mil milhões de pesquisas são feitas no Google em todo o mundo. Quando alguém precisa de saber ou quer descobrir alguma coisa, já não tem de pegar num livro gigante e poeirento e perder tempo a procurar a resposta, como no tempo dos nossos avós; basta ligar o computador...

Diogo Ferreira

CO-FUNDADOR DA CHIBIOUS

54

E MAGAZINE

Hoje basta ligar o computador ou, mais

se espatifar todo, vai logo pesquisar diretamente

recentemente, um dispositivo relativamente

uma marca de telemóveis ou vai tentar encontrar

pequeno chamado “telemóvel” que antigamente

quem lho arranje, preferencialmente ao melhor

só servia para fazer chamadas, ligar à Internet e

preço?

escrever um termo de pesquisa num motor de "Os utilizadores, geralmente, usam os

busca.

motores de busca para dar resposta a Esta evolução, que para nós agora é

alguma questão ou necessidade que

simplesmente parte do nosso dia-a-dia, não é

tenham. Isto quer dizer que “aparecer no

insignificante; muito pelo contrário, mudou a

Google” significa aparecer para os termos

forma como o mundo funciona de modo mais

de pesquisa que realmente são usados para

subtil do que imagina. Uma dessas formas é o

encontrar negócios como o seu"

facto de que, exatamente porque a resposta a qualquer questão está no Google, uma empresa não estar no Google é como estar no Titanic depois deste bater no icebergue: quer se aperceba, quer não, está a afundar-se num oceano de obsolescência.

Se calhar, está a ler isto com um sorriso satisfeito na cara enquanto pensa “ah, mas eu pesquiso pelo nome da minha empresa e apareço logo no Google!”.

Talvez até apareça (acredite ou não, nem sempre é o caso) e ainda bem, mas pense no seguinte:

... como “oficinas auto” (média de 1.900 pesquisa mensais em Portugal) e “reparação telemoveis” (média de 1.600 pesquisas mensais em Portugal).

Se quer que potenciais clientes lhe venham bater à porta, é para esse tipo de pesquisas que tem de aparecer nos primeiros lugares dos resultados de pesquisa.

Há, essencialmente, dois métodos para aparecer nos primeiros lugares das pesquisas do seu público-alvo: a chamada otimização para motores de busca e a publicidade nos motores de busca.

Vamos falar um pouco dos dois e dizer-lhe qual será a melhor opção para as suas necessidades.

"Quantas pessoas é que pesquisam diretamente pela sua marca?"

Otimização para motores de busca (SEO)

Naturalmente, apenas aquelas que conhecem a

A otimização para motores de busca, tipicamente

marca – e que até podem não ser poucas,

designada como “SEO” (do inglês “Search Engine

atenção! Mas é assim que as pessoas usam o

Optimization” – pronuncia-se “ésse, e, ou”), é um

Google?

conjunto de metodologias usadas para aumentar o

Dito de outra forma: se tiver um furo num pneu

número de visitas a um site na Internet

do carro e não tiver um número de assistência à

melhorando o seu posicionamento nas páginas de

mão, vai pesquisar diretamente por uma marca

resultados dos motores de busca. Traduzido para

de pneus ou vai pesquisar pelo mecânico mais

português, isso significa aparecer nos resultados

perto de si? Se o seu smartphone topo de gama,

das pesquisas do Google que trazem mais e

que lhe custou os olhos da cara, cair ao chão e

melhores visitas ao site.

E MAGAZINE

55

SEO não é uma ciência exata, particularmente

quisar no Google “o que é SEO”; os primeiros

porque a Google nunca partilhou a ‘fórmula

resultados serão não só os que têm mais

mágica’ do seu motor de busca que é o segredo

autoridade para falar de SEO, como também os

do seu negócio, mas já deu pistas suficientes ao

mais relevantes para a pesquisa que fez – sendo

longo dos anos para os melhores profissionais

que, muito provavelmente, o primeiro resultado

de SEO conseguirem perceber quais são os

será uma página com o título “O que é SEO?”. Aqui,

principais fatores para conseguir um melhor

não só entra em jogo a autoridade como o

posicionamento nas pesquisas. Especificamente,

conteúdo da página em si; páginas com conteúdo

existem dois grandes pilares: autoridade e

de qualidade – o qual já definimos na segunda

relevância.

edição da Emagazine – serão mais relevantes para certas pesquisas do que páginas que contribuem

A autoridade é o fator mais prioritário e serve de

pouco ou nada de interesse.

base para os algoritmos de pesquisa da Google desde o seu início em 1998. Pode-se definir essa

Para além destes pilares, existem outros fatores

autoridade digital como sendo a combinação de

extremamente importantes que motores de busca

fatores que conferem credibilidade a

como o Google usam para escolher os rankings das

determinada página Web.

suas páginas de pesquisa:

Originalmente, o motor de busca da Google

− o tópico da confiança é cada vez mais falado em

privilegiava tanto o volume de ligações (“link”)

SEO; com o surgimento de temas como as

para a página como a qualidade das mesmas;

chamadas “fake news”, páginas que demonstram

ter um link num site que, por si só, já tem

elementos de credibilidade são valorizadas

autoridade, como um New York Times, transmitia

nos rankings;

também autoridade à página que era referida nesse site.

− a segurança online é outro fator vital, sendo que a Google já tomou medidas drásticas para esse

Hoje em dia, não é tanto a quantidade de links

efeito, avisando de páginas que não apresentam

como a qualidade dos mesmos que importa. O

um certificado de segurança SSL (distinguidas pelo

crescimento drástico das redes sociais tornou-

prefixo “https://” em vez de “http://”);

as, também, um fator importante de autoridade, na medida em que sites que são mais partilhados espontaneamente nas redes sociais são vistos como tendo mais autoridade sobre determinado assunto.

A relevância, neste caso, é a correspondência do conteúdo da página Web à pesquisa feita. Por exemplo, imaginemos que este artigo lhe suscitou o interesse pelo tema e decide pes-

56

E MAGAZINE

- diversas otimizações nas próprias páginas (on-

aparecem alguns resultados classificados como

page SEO), entre as quais se destacam a

“Anúncios”. Estes anúncios são publicados através

pesquisa e escolha de palavras-chave, a

do Google Ads, a plataforma de anúncios da

melhoria da velocidade da página e a criação de

Google, que permite não só publicar esses

uma estrutura HTML correta.

anúncios de texto que lhe aparecem nos resultados, como também anúncios com preço e

O trabalho de otimização para motores de

imagem dos produtos (Shopping Ads) e banners

busca é uma área complexa e cada vez mais

publicitários publicados por toda uma rede

importante, que combina tanto conhecimentos

espalhada por milhares de sites e aplicações

técnicos de programação como a boa criação de

móveis (a Rede de Display da Google).

conteúdos para a web. A longo prazo, é uma das ações de Marketing Digital que pode ter o maior

O Google Ads funciona como um sistema de

impacto no seu negócio, mas requer muito

licitação que, de uma forma semelhante ao SEO,

acompanhamento, cuidado e paciência,

é influenciado também pela qualidade não só do

sobretudo porque qualquer alteração demora o

anúncio em si, como também da página para onde

seu tempo a surtir efeito.

o anúncio manda o utilizador e diversos outros fatores. Essencialmente, as empresas que

Publicidade nos Motores de Busca

competem com os seus anúncios escolhem as palavras-chave para as quais querem competir e

Enquanto SEO é um trabalho bastante envolvido

definem um valor até ao qual querem licitar por

que demora a gerar frutos, a publicidade na

cada clique no seu anúncio, sendo a combinação

Google é muito mais imediata e consegue trazer

entre esse valor e os outros atributos de qualidade

resultados muito mais rapidamente, com a

avaliados pela Google o que define quais os

condicionante que exige um investimento muito

anúncios que aparecem primeiro.

maior.

Parece-lhe simples? No início é, mas, como deve Como decerto já terá reparado, logo no topo dos resultados da maioria das pesquisas

imaginar... "existe muita concorrência, para além de que um trabalho às três pancadas acaba por custar bastante e com menores ou, nos piores casos, nenhuns resultados."

Existe todo um processo estratégico de pesquisa de palavras-chave, seleção das mais apropriadas para cada estratégia, otimização da página usada para os anúncios (a chamada página de destino ou, em inglês, landing page) e muito mais que deve ser feito para ter sucesso no Google Ads.

E MAGAZINE

57

Dito isso, para quem quer ver resultados rapidamente, o Google Ads consegue dar resposta e trazer potenciais clientes ou vendas finais se for bem trabalhado, nem exigindo sequer um orçamento multimilionário. Afinal de contas, se hoje em dia as pessoas pesquisam tudo antes de comprarem, aparecer em primeiro lugar nessas pesquisas é um método excelente de as conquistar!

Teoricamente, SEO terá os menores custos, na medida em que consiste em conquistar as primeiras posições “organicamente” – isto é, por mérito próprio, sem pagar por anúncios. No entanto, dada a sua complexidade técnica e necessidade de criação de conteúdos de qualidade, terá provavelmente de optar sempre por investir numa agência ou num profissional que lhe consiga fazer essas otimizações – mas, a longo prazo, será um investimento recompensante.

SEO vs. Google Ads: qual é o mais indicado para o seu negócio?

Por fim, se está à espera de aparecer em primeiro lugar na semana seguinte a algumas otimizações técnicas, desengane-se: é um trabalho contínuo

A grande diferença entre estas duas

que tende a demorar até ser o número 1 nas

metodologias centra-se nos dois fatores que,

pesquisas mais importantes.

em geral, definem tudo nos negócios e na vida: o tempo e o dinheiro.

58

E MAGAZINE

Por sua vez, no Google Ads terá sempre de investir

investir à partida, mas consegue aparecer logo

estude e determine quais as palavras-chave que

em primeiro no próprio dia em que começa as

converterão resultados para o seu negócio; a partir

campanhas. No entanto, não basta estar em

daí, deverá centrar esforços em conquistar esses

primeiro – às vezes, nem precisa de estar

termos de pesquisa através da otimização do seu

sequer em primeiro para ter excelentes

site, a qual demorará a ter efeito, enquanto investe

resultados –, precisa de implementar uma

em campanhas para conquistar mais rapidamente

estratégia que funcione. O retorno de

visitas para esses termos. Eventualmente, com um

investimento, por sua vez, consegue ser forte

trabalho bem feito e algum tempo, conseguirá ter

tanto a curto como a médio e longo prazo,

essa posição orgânica e, ao mesmo tempo, ter um

desde que o trabalho seja feito de forma

anúncio a evitar que os seus concorrentes o

profissional e acompanhado continuamente.

ultrapassem – ou seja, aparecerá pelo menos duas vezes nos primeiros quatro resultados!

Na prática, para o seu negócio, deverá considerar optar pelas duas metodologias em

Afinal de contas, se o Google é a porta da entrada

conjunto de forma a conquistar a sua posição

da Internet, vai querer que os seus clientes a abram

nas pesquisas. Tanto para SEO como para

para o encontrar logo a si com aquilo que eles

campanhas, precisará de um especialista que

procuram.#

E MAGAZINE

59

TXT RUI PINHEIRO PICS BERND OTT E PEDRO AFONSO

60

E MAGAZINE

"PARA SER EMPREENDEDOR NÃO PRECISAMOS DE SER EMPRESÁRIOS, MAS PARA SERMOS EMPRESÁRIOS i n t o TEMOS QUE SER EMPREENDEDORES"

De professora a designer criativa Marita Ferro é a CEO, designer e diretora criativa da marca Marita Moreno, uma marca 'slow fashion' de malas e sapatos que produz verdadeiras obras de arte.

Fomos conversar com a empresária sobre a sua história e... os seus projetos.

Marita Ferro trabalhou vários anos como consultora e formadora com designers, artesãos e criativos. Quem a conhece sabe que a empreendedora tem, desde 1996, um papel muito ativo em associações sem fins lucrativos ligados à arte, cultura, artesanato e património, quer como voluntária, quer profissionalmente.

"A minha formação foi alargada e de acordo com o meu percurso e a minha curiosidade em saber mais sobre determinados assuntos".

Marita lecionou Design de moda, Comunicação visual e Geometria Descritiva durante 13 anos na Escola artística e profissional árvore, onde também foi coordenadora do cursos de Design de moda durante 11 anos. Após deixar o ensino profissional, dedicou-se à sua empresa onde fazia guarda-roupas, consultoria para projetos, organização de workshops e formação para adultos (artistas, artesãos, designers, criativos).

A empreendedora tirou um Curso profissional design de Moda do CITEX (3 Anos), uma Licenciatura em Escultura (FBAUP), Profissionalização em serviço (FPCSUP), Pós-graduação em Gestão cultural das Cidades (INDEG/ISCTE), pós-graduação em Design e marketing – Vestuário (Universidade do Minho), Mestrado em Escultura (FBAUP).

Marita faz ainda parte da direção da Associação

contribuindo para o seu desenvolvimento enquanto

Portugal à Mão - Centro Estudos e Promoção

fator imprescindível ao conhecimento e salvaguarda

das Artes e Ofícios Portugueses, uma

da identidade portuguesa. Foi ainda membro

Associação sem fins lucrativos, com sede no

fundador e Presidente do Conselho Fiscal da

centro histórico de Vila Nova de Gaia, cujo

Associação trinta moios de sal (30MS) – Artesanato

objetivo geral visa a promoção da reflexão e o

e Design, uma associação sem fins lucrativos, cujo

debate sobre as artes e ofícios e a cultura

objetivo é trabalhar a cultura material portuguesa,

tradicional portuguesa, apoiando o setor através

explorando as técnicas e materiais tradicionais,

do seu estudo, promoção, divulgação e defesa,

reinterpretando a tradição, numa perspetiva de

E MAGAZINE

61

investigação e desenvolvimento.

A criação da Marita Moreno A criação da empresa deu-me a oportunidade de reunir os meus conhecimentos em design, artesanato e arte, bem como na moda, ao criar a marca Marita Moreno.

"A marca tem uma perspetiva única e ética, em que a história dos produtos é

Desde 2004, a empresária tem realizado inúmeras ações de formação com artesãos, designers e publico em geral, das mais diversas áreas com o objetivo de preservar as artes e saberes tradicionais, introduzindo inovações no que diz respeito a design, desenvolvimento de projeto, tendências de consumo e qualidade de produção.

(linho artesanal feito em Arco de Baúlhe por artesã certificada); Linha Tye Dye (estopa

fundamental para a sua

artesanal feito em Arco de Baúlhe por artesã

definição como marca slow fashion – o

certificada); Linha foz Côa (burel da Ecolã de

produto utiliza recursos endógenos locais e

Manteigas, produto certificado ecologicamente);

nacionais, utiliza mão-de-obra portuguesa

Linha Miramar Shell (renda Filé feita em

quer artesanal quer industrial, assim como

Felgueiras por artesã certificada); Linha Azores

cria e produz objetos de design com

(tecelagem feita na Ilha Terceira por artesã

história que se usam no dia-a-dia".

certificada).

E a verdade é que são várias as linhas da marca

Onde vai Marita buscar as influências

que apresentam inclusão de produtos artesanais e/ou endógenos - Linha Sculpture

62

E MAGAZINE

Os meus pais foram muito importantes: "a minha

mãe, que me introduziu nas artes (comecei com

marcou a todos – obrigava-nos a dominar a

11 anos a fazer cerâmica com ela na

matéria física (pedra, madeira, metal) e a

Cooperativa Artística Árvore) sempre se dedicou

compreendermos o espaço tridimensional para

às artes, tendo acabado a sua vida profissional

podermos construir os nossos objetos artísticos,

ao fim de 20 anos como ceramista". O pai de

questionava-nos sobre o que realmente

Marita também merece destaque:

queríamos como artistas plásticos.

"o meu pai (médico), que sempre apoiou a

Ao leque de pessoas importantes junta-se ainda

minha mãe e era o meu 'norte intelectual',

aquele que Marita destaca como "o

com quem discutia filosofia, estética,

companheiro de vida e pai dos meus filhos – o

história, antropologia, ciência, e que me

meu marido Francisco Nadais que há 20 anos

ensinou a estar sempre com a cabeça aberta a toda a informação que me

me apoia em todos os projetos e ideias que tenho tido".

chegasse pois poderia de alguma forma contribuir para o meu trabalho como

Empreender na vida...

criativa, como professora ou simplesmente como ser humano" Mas também na área das Belas Artes Marita encontrou referências importantes: "o meu Professor Carlos Barreira (mais tarde meu orientador da tese de mestrado) que nos

Marita considera que o percurso de professora de artes e design para escultora e depois diretora criativa foi bastante natural: "sempre fui muito empreendedora em todos os projetos em que estive ligada – desde o ensino às associações – e desde sempre tive diversas atividades e projetos

E MAGAZINE

63

projetos ao mesmo tempo, e quando deixei o

E sim, alguns são “escultóricos” pois, como

ensino percebi que seria altura para

objeto de uso, a forma se sobrepõe à função na

desenvolver as minhas ideias e colocá-las em

sua apresentação estética.

prática". No entanto, Marita assume que: "é um processo doloroso, pois quem tem

Sustentabilidade... e a linha de sapatos vegan

formação artística e é criativo tem que colocar de lado muitas ideias para que uma empresa possa ir para a frente. Este papel de ser criativa e gerente da empresa é muito complicado, pois há sempre um lado que perde e normalmente é o criativo, devido às exigências e necessidades de sobrevivência duma empresa"

"A sustentabilidade é fundamental para a marca, a sustentabilidade é fundamental para nós humanos conseguirmos viver neste planeta. A forma insustentável como temos devastado os recursos do planeta e como somos completamente alheios às consequências dos nossos atos, tem provocado situações extremas que

Produzir peças que são uma obra de arte...

Quem conhece a marca facilmente percebe que cada peça parece... uma obra de arte. Quisemos saber como é que era possível e a empreendedora confessou que quando faz objetos de uso diário (sapatos, bolsas, vestuário, cadeiras, mesas,…) faz produtos e isso remetenos para o design de produto: "claro que algumas das peças de design mais icónicas são autênticos objetos artísticos na medida que só foram produzidos pois o autor queria desenvolver um objeto diferente, com utilidade mas que muitas vezes não se pode fazer em série devido ao seu custo de produção".

"Desenho e desenvolvo alguns sapatos que

64

ainda se vão agravar mais e que temos todos de as impedir" Marita reforça que "a indústria da moda é a segunda mais poluente do planeta, daí ser uma indústria que neste momento esta a fazer marcha- atrás em muitas práticas industriais insustentáveis. Por isso tenho (na empresa sou a responsável pelo design, materiais e fornecedores) uma preocupação enorme em conhecer todos os materiais, as suas origens, as suas características e como funcionam". A empresária luta para que o resultado desta pesquisa seja sempre para um melhor resultado do produto final – quer em qualidade, quer em conforto, "pois a questão de ser sustentável já esta intrínseca ao processo de criação, design e desenvolvimento".

são completamente diferentes, que se

"Os produtos que usamos são sustentáveis,

conseguem produzir em serie, mas não são

mas também têm que ser resistentes e

usuais, a sua forma é diferente e o que

duráveis, pois a durabilidade de uma peça é

serve como suporte para o objeto, não

um dos principais fatores de

deixando ele de ser confortável e usável.

sustentabilidade – menos e melhor é mais".

E MAGAZINE

Neste sentido, a marca utiliza produtos como o

vontade que estes mercados têm relativamente

têxtil de cortiça, o biocouro, microfibra

ao consumo de produtos sustentáveis".

recicladas, borracha, madeira, pinatex, banatex.

Empreendedorismo Produtos em Nova Iorque, Londres e

"Para mim é sempre ser mais e querer

Berlim..

mais, nunca parar, encontrar sempre novas

Os produtos Marita Moreno estão hoje à venda em Nova Iorque, Londres e Berlim.. Então, quais os planos para o futuro?

A empreendedora confessa que o futuro passa por Portugal, Espanha, França, Los Angeles, Áustria e Austrália, "pois são mercados atentos à sustentabilidade e que dão valor à qualidade e ao “Made in Portugal” e embora sejam mercados muito diversos, a ligação é a vontade

abordagens e soluções, novos projetos desafiantes – para ser empreendedor não precisamos de ser empresários, mas para sermos empresários temos que ser empreendedores. Principalmente no mundo atual, com a velocidade e mudança constante de mercados e novos perfis deconsumidores, temos que estar muito atentos e sermos verdadeiramente empreendedores para acompanharmos este novo mundo"#

E MAGAZINE

65

UM PODCAST QUE NÃO ENSINA A FAZER UMA STARTUP, MAS SIM, A APRENDER COM AQUELES QUE JÁ CONSEGUIRAM...

TXT RUI PINHEIRO PIC BUILD TO INSPIRE

66

E MAGAZINE

Rafael Fernandes e Rúben Rita são os responsáveis pelo podcast Build do Inspire. A paixão pela temática do empreendedorismo levou esta dupla a criar um podcast onde contam a história de algumas das mais mediáticas startups nacionais.

Com um background em Engenharia e Gestão Industrial, Rafael confessa que mas sempre gostou de áreas como a economia e

Para Rafael: "há variadíssimas formas de ser

o empreendedorismo: "precisamente por

empreendedor hoje em dia, nas mais diversas

gostar destas áreas, eu e o co-fundador do

áreas e organizações, sejam elas empresas

projecto, procurámos sempre informar-nos e

(públicas/privadas), ONG’s, ou até mesmo em

aprender com os melhores".

pequenas comunidades e centros de voluntariado".

A ideia de realizar um Business Podcast surgiu no início de 2019: "onde conversamos de forma

"Empreendedorismo é quando alguém

informal com algumas das maiores startups

que tem uma visão de algo que pode ser

em Portugal, sobre tecnologia, inovação,

feito de uma forma melhor, e vai reunir

investimento e desafios futuros".

todos os meios necessários de forma a implementar com sucesso a sua visão".

De acordo com a dupla de criadores, o Build to Inspire é direcionado para quem pretende aprender mais sobre temas de áreas como o empreendedorismo, tecnologia, gestão. É um podcast que não ensina a fazer uma startup, mas sim, a aprender com aqueles que já conseguiram – através das suas experiências durante esse trajeto".

Rafael destaca as suas duas regras de ouro: - "a primeira, fornecer quality content – através da abordagem de tópicos relevantes com os convidados, de forma a que este conteúdo seja educativo; - a segunda, é inspirar quem ouve o podcast, de forma a perceber que é possível alcançar aquilo que estabeleceram como seus objetivos".

E MAGAZINE

67

SERVIR O MUNDO: O EMPREENDEDORISMO ENQUANTO ESCOLHA DE CARREIRA

Quando abordamos o tema das Carreiras Profissionais é inequívoco constatar que estas seguiram o mesmo formato durante algumas gerações: existia uma correspondência laboral para uma opção de percurso académico e tentava-se depois progredir na hierarquia corporativa, seguindo-se a idade da reforma. Hoje, até esta é diferente, muito diferente...

Andreia Santos

PSICÓLOGA, TRAINER, COACH

68

E MAGAZINE

As transformações económicas contribuíram

(ter filhos e dedicar-lhes tempo, ter ou não,

para muitas mudanças, incluindo o modo como

sucesso nos estudos ou profissão, ambiente

pensamos sobre a vida e o que queremos fazer

económico existente, sofrer um acidente ou

enquanto profissionais. Já não é possível viver o

lesão, ter alguém a precisar de nós, separações,

trabalho como no tempo dos nossos pais

casamentos...), vamos fazendo escolhas.

porque o nosso desenvolvimento é outro

Escolhas estas que se pretendem conscientes da

também. Caracteriza-nos uma vontade de existir

nossa responsabilidade por elas e antecipatórias

e no fim, para sermos o que somos, diria que

do futuro, que resultam da exploração e da

tudo depende da forma como contamos a

compreensão de tudo o que a nossa experiência

nossa história. Alguns autores concordam

já nos diz e deu, ativando recursos e alimentando

comigo. Savickas, (2009), por exemplo não

outros em falta para uma opção válida de

poderia ser mais explícito: o seu modelo de

carreira.

construção de carreira chama-se “Life Designing.”

Em Coaching de Carreira o foco é na construção da trajetória de vida e não no ajustamento do

“O mundo está cheio de inúmeras

indivíduo ao trabalho como o faríamos

possibilidades e oportunidades, no

tradicionalmente. “A carreira é vista como um

entanto a tua vida e carreira são finitas,

processo construtivo, subjetivo, formado por

o que significa que tu tens um tempo limitado para encontrar o que procuras e deixar a tua marca por cá.”

significações de memórias passadas, experiências atuais e aspirações futuras.” “No contexto do Life Designing, promove-se a adaptabilidade através da narração da história

Isto foi o que, entre outras coisas, nos deixou

pessoal, a sua desconstrução e reconstrução

Steve Jobs e outros empreendedores citados: a

conforme a identidade dos indivíduos...” (Elsa

autodeterminação na busca pelo lugar ao sol,

Fernandes, 2017).

caracterizando bem a motivação de alguns dos que conheço.

No âmbito desta intervenção surge também o

Tenho acompanhado sobretudo pessoas em

Empreendedorismo como escolha, sendo “um

Transição de Carreira, podendo dar-te

processo vocacional adaptativo derivado da

denominadores comuns de todos e daqueles

capacidade auto-regulatória da pessoa para

que se arriscam a empreender. Acima de tudo,

arriscar.” De acordo com Tolentino, (2019), “os

podemos dizer que, em geral, todos

indivíduos baseiam-se nos seus recursos e auto-

vivemos transições mais frequentes (mudamos

eficácia para formar as suas intenções

mais vezes de emprego, de país, convivemos

empreendedoras”. Ou seja, é preciso que, como

com mais aceleração e inovação, há extinções

o Sr. da Apple, confies que tens o que é preciso

de emprego e reconversões maiores, existem

para fazer a diferença, mas também a força de

problemas sociais que não existiam, novas

vontade para agir.

profissões, ...), e que, dependendo dos nossos objetivos de vida e do que vai acontecendo,

We’re all faillures, at least the best of us are...” (J. M. Barrie)

E MAGAZINE

69

havendo necessidade de persistir e

e sucesso e pelo incentivo que é feito para

constantemente transitar. As carreiras

construir uma oportunidade de vida melhor, a

empreendedoras têm sido descritas, na

perspetiva de uma possibilidade de controlo e

literatura de investigação sobre esta área, como

emprego (cada vez mais apoiada

“um novo tipo de carreira” “apesar da

governamentalmente) e, sem que seja menos

imprevisibilidade e instabilidade das mesmas”.

importante, aliás determinante, a vontade de ter

Hoje proliferam programas formativos sobre

um caminho de legado e inovação, de

empreendedorismo, com vários países a

acrescentar algo... uma missão... Assim, se

apostar em currículos de Ensino Superior

queres ser líder empreendedor não podes

virados para o desenvolvimento de

perder a aspiração de colocar nos outros a

competências neste domínio, incluindo o nosso.

vontade de fazer...

Esta é uma forma de combate ao desemprego, mas também uma maneira de garantir a

Esta é a melhor época de todas para se ser um

evolução económica, social e dar respostas aos

empreendedor porque é preciso. Se apesar das

desafios.

adversidades tu tens isto contigo, se a tua vida te diz que és capaz de mudar o mundo, não

70

Para além da Resiliência, é comum aos

desistas... eu quero testemunhar! Obrigada! Até

Criadores: a inspiração dos tempos, por casos d

já!"#

E MAGAZINE

A CAMINHO DA WEB SUMMIT 2019 Ela está quase a chegar, uma das maiores conferências tecnológicas do mundo está de regresso a Lisboa dos dias 04 a 07 de novembro!

A Forbes chamou-lhe “The best technology

fazer todos os pagamentos no recinto da feira

conference on the planet” e a verdade é que ela

com recurso a aplicações móveis. Ou então,

tem dado que falar por todo o mundo. A Web

levar o cartão de multibanco (não sendo

Summit já começou a revelar os speakers que

necessário levar moedas ou notas).

irão fazer as delícias dos participantes.

Os bilhetes para os visitantes rondam os 1000€, No site da conferência (www.websummit.com) já

mas se não conseguir ir não desespere. A

é possível conhecer os primeiros 750

Emagazine marcará presença nesta feira e irá

speakers. Da lista fazem parte nomes como Elie

dar-lhe todas as novidades!

Seidman (CEO do Tinder), Devin Wenig (CEO do eBay) ou até Werner Vogels (CTO da Amazon).

Esta é a 4.ª edição da Web Summit na FIL (Lisboa), do evento que foi já descrito pelo The

Esta edição traz várias novidades, por exemplo,

New York Times como “a grand conclave of the

pela primeira vez, os visitantes da Web Summit

tech industry’s high priests.”#

podem apenas levar consigo o smartphone e

E MAGAZINE

71

MARCAMOS ENCONTRO NA TUA UNIVERSIDADE? Acreditamos que as oportunidades se constroem... por isso a nossa equipa elaborou vários workshops na área da empregabilidade e do empreendedorismo para associações de estudantes e universidades. Fala connosco!

OEMPREENDEDORBRACARENSE@GMAIL.COM 72

E MAGAZINE

JÁ ESTAMOS A CONTAR OS MINUTOS PARA LANÇAR A PRÓXIMA EDIÇÃO DA E MAGAZINE 31 DEZEMBRO ONLINE

com mais histórias inspiradoras...

INFO@EMAGAZINE.PT WWW.EMAGAZINE.PT