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Ano XVIII • Nº 209 • Janeiro 2017 • R$ 15,00
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Entrevista
estratégia
Dione Vasconcellos, da Lola Cosmetics, fala da importância de embalagens diferenciadas para o sucesso do negócio
Como uma empresa do agronegócio se verticalizou e agregou valor a seus produtos com embalagens premium
Conveniência para conquistar Veja o que uma gigante da área de sorvetes e uma cervejaria artesanal fazem para atrair e agradar o consumidor
Editorial UMA CONVERSA COM O LEITOR
Questões de complementaridade No recente
final de ano, em reunião social com editores de publicações impressas setorizadas, na qual inevitavelmente se analisou o impacto das mídias sociais nos negócios editoriais, foi interessante observar radical mudança de postura em relação aos meios eletrônicos. Em comparação com a atitude de resistência e de confronto com a internet registrada por alguns em confraternizações de anos anteriores, desta vez foi consensual a ideia de que – como se sabe desde o início da História –os veículos não se opõem, mas se complementam. Como colocou um dos participantes, a tecnologia é como um caminhão que vem pela estrada. Para quem anda à sua dianteira, é sair da frente ou ser atropelado. Obviamente, a primeira opção é a única sensata. Mas, para ser proveitosa, o caminhante deve em seguida procurar assumir a direção e as vantagens potenciais que o veículo representa. Boa parte dos editores de veículos impressos presentes àquele encontro informou já ter adotado ou estar adotando a alternativa de adicionar a suas atividades as ferramentas tecnológicas que surgem continuamente. A palavra-chave dessa atitude é complementaridade. Incluímo-nos entre os que agem assim. Determinados a continuar aprimorando esta que, na opinião dos leitores, é considerada uma revista efetivamente útil para seu trabalho e suas carreiras, estamos cada vez mais presentes no campo da informação e do conhecimento virtuais. Acreditamos estar trilhando corretamente a rota. Não nos deixamos levar pela suposição de que as mídias sociais sejam a solução mágica, “substituta”, dos demais meios para
garantir a visibilidade buscada pelas empresas. É certo que um mero post no Twitter ou no Facebook, ou uma foto no Instagram, pode gerar incontáveis contatos com um clique. O alcance da mensagem é inimaginável. Mas que resultados pode trazer se as emissões forem isoladas, desconectadas de possíveis ações de relacionamento, de interação com os receptores e de ampliação de informações e de contatos efetivamente produtivos em termos de imagem de marca e de realização de negócios? Ante tais ponderações, que transpomos daquela reunião para os leitores, deduzimos ser necessário avançar. Nosso projeto de mídia integrada está hoje consolidado, com a edição impressa de EmbalagemMarca se ampliando e se complementando em diferentes plataformas (edição virtual, newsletter semanal e mídias sociais, sem abdicar de ações presenciais e interativas, com destaque para o Prêmio Grandes Cases de Embalagem). Não por menos registramos com satisfação que a credibilidade da revista se traduz em relevância também no terreno virtual, como demonstra a visibilidade que alcança, várias vezes superior à de nossos principais concorrentes. Nem por isso nos acomodamos, conscientes de que fortalecer um empreendimento em momentos difíceis como o atual significa mais do que resistir. Significa preparar-se para crescer quando a turbulência (ou seria indesejada calmaria?) estiver ultrapassada. Nesse âmbito, novas ações estão sendo implementadas, com lançamentos a ser feitos muito em breve. Até fevereiro.
Wilson Palhares
“Fortalecer um empreendimento em momentos difíceis como o atual significa mais do que resistir. Significa preparar-se para crescer quando a turbulência (ou seria indesejada calmaria?) estiver ultrapassada”
Sumário
Edição 209 • Janeiro 2017
3 Editorial Fortalecer um empreendimento em momentos difíceis como o atual significa preparar-se para crescer quando a turbulência estiver ultrapassada
Reportagem de capa Como a área de sorvetes da Nestlé (agora chamada Froneri) e uma cervejaria artesanal oferecem conveniência para agradar o consumidor
6 Painel Tetra Pak avança na oferta de caixinhas feitas só de
materiais renováveis • Frascos comprimíveis têm dispensador com fluxo múltiplo • JBS Embalagens Metálicas aumenta produção de latas para exportação • Abertas inscrições para conferência sobre PET • Basf e Avantium, unidas na Synvina, anunciam novo tipo de poliéster • Suzano renova plataformas digitais • Ibema tem site específico para área de produtos
10 Estratégia Empresa agrícola verticaliza produção e se transforma em indústria, sem abrir mão de vendas in natura
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12 Cosméticos Rótulos de produtos da Feito Brasil usam não-
tecido reciclável
13 Entrevista Diane Vasconcellos, da Lola Cosmetics, fala sobre o uso de embalagens engraçadas como ferramenta de vendas 16 Documento Edição Especial de Almanaque EmbalagemMarca
já está circulando
6 13
12
26 Display Argamassa em stand-up pouch • Destaque para
26
30 Equipamentos Fábrica de biscoitos aumenta capacidade de produção em 25% com nova linha integrada de acondicionamento
vaquinha Elegê • O Boticário lança My Lili, nova eau de parfum • Tapioca em sachês individuais • Molho para moqueca da Bazzar • Luminous Kids, linha de sucos 100% naturais • Tabletes da Kopenhagen têm novos formatos • Resgatada garrafa clássica de guaraná Antarctica • Garoto lança tabletes de chocolate branco com biscoito Negresco
33 Bebidas Smirnoff é o primeiro destilado em embalagem cartonada no País
34
30
34 Almanaque Ameaça à graxa de sapatos • Quando a
Groselha Milani não tinha carinhas • A quem se deve o começo do plástico
Empresas que anunciam nesta edição ARclad............................................................. 15
Designful...............................................3ª capa
Baumgarten..........................................18 e 19
Indexlabel.............................................4ª capa
Congraf........................................................... 21
Interpack........................................................ 29
da Matta 3D...................................................... 5
The Packaging Academy..................2ª capa
Redação: Wilson Palhares | palhares@embalagemmarca.com.br • Guilherme Kamio | guma@embalagemmarca.com.br Flávio Palhares | flavio@embalagemmarca.com.br • Comercial: comercial@embalagemmarca.com.br Diretor de comercial: Marcos Palhares | marcos@embalagemmarca.com.br • Gerente comercial: Roberto Inson | roberto@embalagemmarca.com.br Arte: Carlos Gustavo Curado | carlos@embalagemmarca.com.br • Administração: Eunice Fruet | eunice@embalagemmarca.com.br Eventos: Marcella Freitas | marcella@embalagemmarca.com.br • Circulação e assinaturas: assinaturas@embalagemmarca.com.br
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Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS EMBALAGENS E DAS MARCAS
Edição: Guilherme Kamio guma@embalagemmarca.com.br
CARTONADAS ASSÉPTICAS
Pioneira em quatro estrelas Com nova solução, Tetra Pak avança no objetivo de fornecer caixinhas feitas somente de materiais renováveis A Tetra Pak dá mais um passo rumo à oferta de embalagens sustentáveis com o lançamento de uma nova versão da Tetra Brik Aseptic 1000 Edge. Segundo a multinacional sueca, trata-se da primeira cartonada asséptica no mundo a receber da Vinçotte, agência acreditadora belga, classificação de quatro estrelas pelo teor de materiais renováveis. O plástico utilizado no laminado da caixinha e em sua tampa (modelo LightCap 30) é derivado do etanol da cana-de-açúcar – a Tetra Pak não informa a fornecedora do material, mas supõe-se que seja a brasileira Braskem. Aliado ao papel cartão, o uso do biopolímero faria o conteúdo de insumos de fontes renováveis da embalagem superar os 80%, marca que assegura a certificação de quatro estrelas estabelecida pela Vinçotte. A nova embalagem também implicaria pegada de carbono 17% menor que a de um modelo standard, de acordo com uma análise de ciclo de vida realizada pelo instituto de pes-
Bioplástico no laminado e na tampa, somado ao uso de papel cartão, fariam nova Tetra Brik Aseptic 1000 Edge conter mais de 80% de materiais renováveis
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quisas ambientais IVL, da Suécia. “Nosso maior objetivo é produzir todas as nossas embalagens utilizando apenas materiais renováveis e manejados de forma sustentável”, declarou Charles Brand, vice-presidente executivo e comercial da Tetra Pak. “O lançamento da nova Tetra Brik Aseptic 1000 Edge com a LightCap 30 de base biológica é um marco importante nessa jornada.” A versão mais “verde” da Tetra Brik Aseptic 1000 Edge já estaria disponível para clientes em todo o mundo. A adoção da novidade não exigiria investimento adicional em equipamentos.
BIOPLÁSTICOS
Em tampa de água A Serra da Cantareira é a primeira empresa do mercado brasileiro de águas minerais a adotar o polietileno “verde” em tampas de garrafas. A novidade acompanha o lançamento de uma nova marca da empresa, a Puraqua. O uso do biopolímero, feito pela Braskem a partir do etanol da cana-de-açúcar, é anunciado pela presença do selo I’m green no rótulo do novo produto.
Selo indica o uso do biopolímero da Braskem em fechamento da Puraqua
WEB
Tudo renovado A Suzano Papel e Celulose renovou suas plataformas digitais. O site da empresa agora oferece um novo banco de vídeos e acesso direto a canais nas mídias sociais. O Suzano Blog, por sua vez, passa a ser dividido por editorias e a ter uma linguagem mais leve. A página de Relações com Investidores também foi remodelada. Atualizações dessa área, aliás, poderão ser notificadas a usuários que instalarem um aplicativo em smartphones iOS ou Android. Mudanças nos sites do Grupo Suzano e do Instituto Ecofuturo completam a iniciativa.
RECICLAGEM
EVENTOS
Longe, muito longe
Em novas mãos
Embora demonstre tendência de crescimento, o número de municípios brasileiros que em 2016 atendiam as determinações da lei do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) para a implantação de coleta seletiva estavam muito distantes do total de cidades. Segundo a Pesquisa Ciclosoft 2016 – Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre), o número de municípios com aquela atividade existentes no País era de 443 quando a lei foi instituída. Em 2016 tinha chegado a 1 055, num crescimento de 138%. Mas, no total, esse número representa apenas 18%.
O Pentawards, concurso internacional de design de embalagens, está sob nova direção. O evento, que este ano chega à 11ª edição, foi adquirido por valor não revelado pelo grupo belga Artexis Easyfairs, especializado em feiras de negócios. Os designers belgas Jean Jacques Evrard e Brigitte Evrard, fundadores do prêmio, continuarão no comitê organizador.
Municípios brasileiros com coleta seletiva
766
927
1 055
443
2010
2012
2014
2016
CORREÇÃO
Kennsühn é com H Na página 33 da edição 209 (dezembro de 2016), a grafia do nome do escritório de desenvolvimento que assina o projeto do sorvete Poëse, ganhador de um troféu na 10ª edição do Prêmio Grandes Cases de Embalagem, saiu errada. O correto é Kennsühn, não Kennsünn.
WEB
Exemplos com clareza A Ibema lançou um hotsite específico para sua área de produtos. A ferramenta visa facilitar escolhas dos clientes, permitindo melhor visualização do papel cartão ideal para criação e impressão de embalagens. “A plataforma apresenta com clareza a aplicação recomendada para cada produto
nosso”, diz Fabiana Biriba, do departamento de marketing da Ibema. “O público conseguirá identificar a melhor opção para cada projeto de embalagem”. O hotsite traz exemplos de aplicação em dezesseis categorias de produtos. www.produtosibema.com.br
18% 82% Municípios sem coleta Municípios com coleta
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Painel MOVIMENTAÇÃO NO MUNDO DAS
EMBALAGENS E DAS MARCAS
FECHAMENTOS
Fluxo múltiplo
númeroS
Tropico é o nome do mais recente conceito de embalagem da Aptar Beauty + Home. Voltado a produtos de limpeza doméstica, o lançamento combina frascos comprimíveis (squeezable) com um dispensador de fluxo múltiplo, como um chuveirinho. A aplicação direta do produto no chão cobriria extensões maiores que os dispensadores de fluxo único, facilitando a limpeza. O fechamento, do tipo flip-top, pode ter válvula de diversas cores. A novidade já está disponível no mercado brasileiro.
Bio-ascensão
Tropico: liberação como chuveirinho facilitaria limpeza do chão
Apesar da cotação em baixa do petróleo, a produção global de bioplásticos continuará a crescer nos próximos cinco anos. É o que aponta um relatório recém-divulgado pela European Bioplastics, entidade que reúne os principais fabricantes mundiais de polímeros originados de fontes renováveis. Os números são de um estudo encomendado à empresa de pesquisas alemã nova-Institute.
6,1 milhões de toneladas
GENTE
Giro na presidência A Bosch Packaging Technology tem novo presidente desde janeiro de 2017. Stefan König (foto) sucede a Friedbert Klefenz, ocupante do posto nos últimos catorze anos e que se aposentará no ano que vem. König tem 51 anos e trabalha na Bosch desde 1997, tendo passagens por diversas unidades de negócio. É especialista em processamento de dados e integra o time de gestão executiva da multinacional alemã desde 2011.
INVESTIMENTOS
METÁLICAS
Aporte em garrafas
Grandes em alta
A Lactalis anunciou um pacote de investimentos para suas operações de laticínios no Rio Grande do Sul. Dona de marcas como Batavo, Elegê e Parmalat, a multinacional francesa fará um aporte de 104 milhões de reais para ampliar a produção de requeijão, queijos e manteiga da marca Président. Parte dos recursos será aplicada na montagem de uma fábrica de garrafas plásticas para leites na unidade situada no município de Teutônia. Equipamentos já teriam sido adquiridos, de fontes não reveladas. O complexo terá capacidade de produzir 80 milhões de garrafas por ano, devendo iniciar atividade em meados de 2017.
A JBS Embalagens Metálicas diz ter registrado, em 2016, aumento expressivo na produção de latas grandes (a empresa não especifica as capacidades volumétricas). O crescimento teria sido de 50% em comparação com o ano anterior, incluindo unidades escoadas para o negócio de carnes da própria JBS e para outros clientes. No consumo da companhia, as embalagens em questão atendem a área de exportação de carne industrializada para Europa e Estados Unidos. A JBS não informou números brutos da operação.
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Será o volume total da produção mundial de bioplásticos em 2021. Prevê-se um crescimento de quase 50% na atividade, que deve alcançar a marca de 4,2 milhões de toneladas em 2016
40%
É a atual participação das embalagens como campo de aplicação dos bioplásticos. O setor é o maior consumidor dos materiais, à frente do de bens de consumo (22%), do automobilístico e de transportes (14%) e o de construção (13%)
1,3 milhão de toneladas
Será a produção de bioplásticos biodegradáveis em 2021, contra 900 000 toneladas neste ano. Apesar do crescimento, o cenário continuará a ser dominado por bioplásticos duráveis, cujo quinhão no setor deverá saltar de 75% para 80% em cinco anos
LOGÍSTICA
Agora com cloud
EVENTO
A Esko anunciou o lançamento de uma nova versão do Cape Pack 16. O consagrado software de paletização foi redesenhado para oferecer funcionalidades baseadas em nuvem (cloud) e uma nova estrutura de banco de dados. Segundo a fornecedora, o programa agora tem uso mais fácil, capacidade aprimo-
rada de exibição gráfica e mais ferramentas para apoiar a colaboração em organizações de embalagens em paletes. Lançado em 1994, o Cape Pack já contaria com mais de 10 000 instalações no mundo, servindo a mais de 30 000 usuários. Versões de teste podem ser acessadas em store.esko.com.
PET em discussão A Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet) programa para os dias 21 e 22 de março próximo a edição de 2017 da PetTalk – Conferência Internacional da Indústria do PET. O evento será realizado no São Paulo Expo, na capital paulista, tendo como temas tendências, casos de sucesso e design. As atrações ainda serão confirmadas. Inscrições já estão abertas.
IMPRESSÃO
Sinal verde para alimentos
Cape Pack passa a contar com recursos de armazenagem remota para projetos de paletização
A Evonik e a HP estão intensificando a cooperação no desenvolvimento de novos pós plásticos para impressão 3D. O recém-lançado Vestosint 3D Z2773 é o primeiro insumo certificado no Open Platform Program da Hewlett Packard. Segundo a Evonik, o novo pó, à base de poliamida 12, está em conformidade com exigências da FDA, agência de vigilância sanitária americana. Com isso, pode ser utilizado para a impressão de componentes que travem contato com alimentos.
BIOPLÁSTICOS
O nome em PEF A Basf e a Avantium revelaram o nome da joint venture estabelecida para produção e comercialização de materiais de base biológica. A nova empresa se chamará Synvina, e terá como base Amsterdã, na Holanda. Suas especialidades serão a produção de ácido furanodicarboxílico (FDCA), obtido da frutose, e do biopolímero derivado do insumo, o polietileno furanoato (PEF). O PEF é um tipo de poliéster promissor para aplicações em embalagens de alimentos e bebidas. Comparado ao PET, ofereceria propriedades de barreira mais elevadas a gases como dióxido de carbono e oxigênio, garantindo maior vida
de prateleira a perecíveis. Também teria maior resistência mecânica, permitindo a obtenção de embalagens mais leves. No campo das garrafas, a Synvina já conta com parcerias de desenvolvimento com Coca-Cola, Danone e a transformadora Alpla. A companhia quer firmar novos acordos para o desenvolvimento de filmes de PEF, inclusive para aplicação em laminados para embalagens flexíveis. Há planos para o investimento de “centenas de milhões de euros” na construção de uma fábrica no site da Basf em Antuérpia, Bélgica, para a produção anual de 50 000 toneladas de FDCA.
Garrafas feitas de PEF. Synvina também quer desenvolver filmes para embalagem a partir do material
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ESTRATÉGIA
Passo a passo, para cima
© fotos: divulgação / Julio Soares
Empresa agrícola passa a processar sua produção e se transforma em indústria, sem deixar de comercializar frutas in natura
As embalagens da linha premium de geleias Forno Velho, produzidas pela Doces Forno Velho, de Caxias do Sul (RS), são um exemplo interessante de como uma empresas familiar, nascida da agricultura, pode manter suas origens e, gradativamente, adicionar valor a seus produtos, libertando-se assim da condição de fornecedora de bens naturais e de matéria-prima para transformação por terceiros. Em suma, subir da condição de agronegó-
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cio para a de indústria, mais dinâmica e, em tese, mais lucrativa. Tratou-se de um movimento meticuloso, em que a embalagem teve papel central, como descrito mais adiante. Durante quatro gerações, a família de imigrantes italianos Andreazza dedicou-se na região Sul do País ao cultivo e ao comércio de frutas, basicamente amora, framboesa e morango. Foi na virada deste século que os familiares-sócios decidiram partir para
a verticalização da produção, conta Evandro Andreazza, atual responsável pela direção do empreendimento, que se estabeleceu com a razão social de Doces Forno Velho Ltda. Nos dezesseis anos transcorridos desde então, com base em receitas ancestrais, a empresa passou a crescentemente transformar as frutas em doces e geleias. Para tanto, utilizava o que obtinha da terra e também se supria com fornecedores selecionados, para frutas que não cultivava.
Potes de vidro, tampas e rótulos premium transmitem imagem de valor
A empresa cultiva a maioria das frutas que industrializa, mas se supre também fora
Isso tudo foi feito sem abrir mão das vendas in natura, em atendimento às expectativas de uma clientela fiel e em expansão e também por representar expressiva fonte de receita. Na banda industrial, hoje a empresa produz dezessete tipos de doces e geleias com pedaços de frutas, nos quais, na descrição de Andreazza, “predominam a qualidade e a credibilidade da marca”. Os produtos da linha Colonial, direcionados ao consumidor final familiar, são acondicionados em potes de polipropileno de 250 e de 400 gramas, enquanto os da linha Institucional, destinados a restaurantes, padarias, hotéis, bistrôs e lojas de especialidades que vendem a granel, utilizam potes de 5 quilos, também de PP. Com esse portfólio, a Doces Forno Velho consolidou-se firmemente, e vem crescendo, no Sul, nas faixas de consumo consideradas intermediárias. No ano passado, a empresa decidiu alcançar também consumidores mais sofisticados, criando uma linha premium de geleias acondicionadas em embalagens requintadas. A seleção de seis diferentes sabores (Damasco, Frutas do Bosque, Laranja, Morango, Physalis e Pimenta) usa atraentes potes incolores de vidro de formato cúbico, com capacidade de conteúdo de 250 gramas e paredes espessas que lembram objetos de cristal. São importados pela Owens-Illinois do Brasil de sua irmã colombiana, e seu potencial de valorização à mesa, bem como a possibilidade de sua reutilização após o consumo, representariam um ganho adicional para o consumidor. Neste aspecto, os rótulos de papel, desenvolvidos pela Panda Prading e fornecidos pela Matiq Soluções Comerciais, ambas de Caxias do Sul, são aplicados com cola e facilmente removíveis. A tampa twist-off de aço é forne-
cida pela Silgan White Cap, que por sua origem americana oferece alguns bocais internacionais diferentes das terminações brasileiras, como é o caso da abertura de 63 milímetros dos recipientes da Forno Velho. Esse complemento é personalizado em uma cor sobre fundo dourado. Com esse recurso a marca permanece mesmo após a remoção do rótulo e do contra-rótulo
no caso de reutilização das embalagens. Com todos esses atributos da linha, Evandro Andreazza acredita que tem boas possibilidades de ganhar posições no mercado do Sudeste, para o que já vem desenvolvendo negociações com uma rede de varejo em São Paulo. Em outras palavras, depois de verticalizar-se em sentido ascendente, a empresa que expandir-se na horizontal.
As linhas de doces e geleias acondicionadas em potes de PP têm dezessete itens
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Cosméticos
Resistentes e ecológicos Não-tecido reciclável é escolhido para compor embalagens e rótulos de linha de cosméticos da Feito Brasil
A fabricante de cosméticos naturais Feito Brasil apresenta a Coleção Simpática Ver-o-Peso inspirada na riqueza de ervas, amuletos e extratos naturais da cultura paraense. A linha é composta por sal esfoliante, néctar de banho, vela hidratante e sabonete vegetal afrodisíaco, além de um Kit com as miniaturas. A novidade fica por conta do material escolhido para compor embalagens e rótulos dos produtos: Tyvek, não-tecido 100% reciclável produzido pela DuPont. O material foi selecionado para ser a principal matéria-prima dos rótulos dos produtos e embalagens dos sabonetes da linha de cosméticos Simpática de Ver-O-Peso. O material é leve, tem longa vida útil, não rasga, é resistente à água e pode ser aplicado em substituição a papel ou tecido. Por conta dessa combinação, é durável, resistente a condições climáticas extremas de fácil utilização. O Tyvek é um polietileno (PEAD) praticamente indestrutível, resistente a variações imensas de temperatura e com ação protetiva contra fungos, bactérias e oxidações. “Os rótulos dos produtos e envelopes dos sabonetes foram produzidos em Tyvek , abrindo um novo ciclo de sustentabilidade na empresa”, explica Paula Mariá, gerente de comunicação da Feito Brasil. Utilizado nas embalagens dos sabonetes, o material permite que o produto respire sem perder a umidade. Segundo a Feito Brasil, os cosméticos da linha Simpática de Ver-O-Peso precisavam de uma solução que protegesse o produto de fungos, bactérias e oxidações, além de ser sustentável para estar em acordo com as políticas de fabricação da empresa. Por ser um material bastante flexível e resistente a grandes variações de temperatura, DuPont Tyvek fez a diferença nessa
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produção. “O cliente da Feito Brasil terá um produto totalmente desenvolvido com ética e respeito ao meio ambiente”, afirma Bruno Bezerra, gerente de vendas do segmento da DuPont para América Latina. A coleção busca refletir a essência de um dos grandes patrimônios históricos do País, que é o Mercado de Ver-o-Peso, o maior mercado a céu aberto do mundo, a maior feira livre da América Latina e um dos principais cartões postais de Belém do Pará. Os detalhes da linha são fundamentais, pois a experiência de regeneração e cura individual e do meio ambiente deve acontecer da compra à experiência aromática que as pessoas terão com os produtos. “Nossas fragrâncias são totalmente naturais e artesanais, feitas de insumos vindos de fornecedores certificados daquela região. Para nós, é fundamental que o cliente sinta a diferença desde a compra, ao tocar pela primeira vez as embalagens. Neste momento, ele perceberá a riqueza de detalhes desta coleção”, afirma Paula Mariá.
Invólucros dos sabonetes e rótulos são produzidos com não tecido que resiste a variações de temperaturas e protege contra oxidações
entrevista
A irreverência é um traço marcante da Lola Cosmetics. Fundada em 2011 no Rio de Janeiro, a empresa tem avançado no mercado brasileiro de cuidados pessoais por meio da oferta de produtos de nomes engraçados, em embalagens com cores e rótulos vistosos. Os artigos da marca já são encontrados em cerca de 10 000 pontos de venda, metade deles com ingresso em 2016. Conforme explica Dione Vasconcellos, sócia-fundadora do negócio, o avanço no varejo sucede ao sucesso obtido junto ao canal profissional, dos salões de beleza. Em meio à gestão das operações e da construção de uma nova fábrica, em solo fluminense, a empresária encontrou tempo para responder por e-mail a perguntas da reportagem sobre apresentação de produtos e estratégias de comunicação. Os produtos da Lola Cosmetics têm nomes como Morte Súbita, Loira de Farmácia e Eu Sei o Que Você Fez na Química Passada. Como são criados? Queríamos que nossos produtos fossem diferentes do que encontramos no mercado, inclusive nos nomes. Que fossem divertidos e ao mesmo tempo que provocassem o questionamento, a curiosidade e o desejo. Queremos sempre que nossas clientes sejam apaixonadas pela nossa marca, tanto quanto nós somos.
Conversões a “loletes” Marca jovem avança no mercado de cuidados pessoais apostando em linguagem irreverente e embalagens chamativas. Dione Vasconcellos, sócia-fundadora da Lola Cosmetics, comenta a estratégia de negócio
Essa irreverência e informalidade se inspiram em algum exemplo internacional do mercado de cuidados pessoais? Não. A Lola é um exemplo de todas nós, mulheres reais. A marca busca inspirar-se diariamente em suas colaboradoras e consumidoras. Toda essa irreverência é parte de todas nós. Quando foi criada, em 2011, a Lola era inicialmente dirigida ao público profissional. Os produtos tiveram grande aceitação entre os consumidores finais e acabaram seguindo para o varejo. Hoje, a marca se destaca no mercado nacional com uma proposta inovadora e com qualidade de tratamento profissional. Outro traço marcante da identidade da Lola Cosmetics é a apresentação dos
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produtos. As embalagens apresentam linguagem gráfica moderna e descontraída, fugindo aos padrões da categoria. Como os visuais são desenvolvidos? Tudo é desenvolvido internamente. Não recorremos a agências para nada. Temos uma equipe de criação própria e todo visual é definido e aprovado por nós mesmos. A empresa adota embalagens típicas de outros produtos, como potes de sorvetes e frascos com gatilho spray, de uso habitual em materiais de limpeza. Foi uma escolha proposital ou decorrência de limitações para a obtenção de recipientes próprios, exclusivos? Foi uma escolha. A Lola é diferente, não é mais do mesmo. Por que viver em um mundo de embalagens iguais? Buscamos embalagens diferentes e entendemos que esse é o nosso diferencial. Nossas decisões têm sido bem-sucedidas. Preferimos não falar de faturamento, mas podemos dizer que a Lola teve um crescimento de 200% em 2016, com a chegada a 5 000 novos pontos de venda no Brasil. Embora sejam utilizadas em outros mercados, as embalagens da Lola Cosmetics se destacam pelas cores impactantes, provavelmente originadas do uso de pigmentos especiais. A empresa teve apoio de fabricantes de pigmentos ou de fornecedores de embalagens para obter os tons especiais? A cor é realmente um elemento importante na apresentação de nossos produtos. Nossos pigmentos são oriundos de um conjunto de ideias sempre por iniciativa do time de desenvolvimento da Lola. Potes similares aos utilizados pela empresa no acondicionamento de cremes são geralmente decorados, na categoria de sorvetes, com rótulos do tipo in-mold (afixados de forma permanente aos recipientes). Os da Lola Cosmetics recebem rótulos termoencolhíveis. Por quê? Na realidade também usamos muito
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Além de adotar nomes engraçados e cores vistosas, as embalagens da Lola Cosméticos se diferenciam por serem habitualmente usadas em outras categorias, como sorvetes e materiais de limpeza
in-mold. As outras variantes são efetivadas se o resultado da peça piloto nos agrada. Não é uma decisão de ordem técnica ou de custos. Pelo que observamos, a empresa costuma recorrer a terceiros (co-packers) para fabricação e acondicionamento de produtos. A nova fábrica de Paracambi (RJ), planejada pela empresa, pode mudar esse quadro? Não usamos empresas terceiristas para nenhuma etapa de fabricação de nossos produtos. A exceção somente existe para o envase de sachês. Temos uma fábrica localizada no Rio de Janeiro, mas a nova unidade é um passo importante na história da empresa. Ela terá inicialmente 30 000 metros quadrados, e nos permitirá atender à crescente demanda. Também abrirá novas oportunidades profissionais. Quais operações de embalagem são, hoje, geridas diretamente pela empresa? Existem planos para a ampliação do parque próprio de acondicionamento? Nosso parque de acondicionamento já supre todas as nossas necessidades. Temos, também, espaço suficiente para estoque de todas as embalagens e para as operações logísticas. Atualmente, já utilizamos mais de um milhão de embalagens por mês e a
perspectiva é de evolução rápida desse número. A Lola Cosmetics aposta alto na internet e nas redes sociais como canais de comunicação com as consumidoras – apelidadas pela empresa, aliás, como “loletes”. As embalagens de alguma forma estimulam essa interação? Sim, o consumidor enxerga a imagem do produto e em seguida busca entender da onde surge todo o conceito. E vai procurar site, mídias sociais e material informativo sobre a Lola. Estamos bem preparados para essa demanda e a recebemos com muita alegria, simpatia e irreverência. A meta é transformar toda consumidora iniciante numa lolete. A identidade e a comunicação da marca naturalmente miram as consumidoras mais jovens. Esse target não pode limitar o potencial de crescimento da empresa? Diferentemente do que se pensa, nosso público é formado em sua maioria por mulheres jovens, porém temos várias faixas etárias em nossa segmentação. Desde loletes minis que pedem a ajuda da Lola pra convencer os pais a comprar a loletes mais maduras, que querem dicas para cuidar dos fios brancos dos cabelos.
Números da Lola Cosmetics 6 anos de atividades 75 produtos no portfólio 1 milhão de embalagens consumidas, em média, por mês 10 000 pontos de venda 200 funcionários
DOCUMENTO
Tradição, memória e conhecimento Já circula a Edição Especial número 5 de Almanaque EmbalagemMarca
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Certas iniciativas
tornam-se, em pouco tempo após seu primeiro passo, tradição e motivo de expectativa por parte do público que as recebe. Para satisfação dos editores de EmbalagemMarca, é o que acontece com a edição anual, especial, do volume de Almanaque, ação originada da boa receptividade da seção de última página que sai regularmente na revista desde sua primeira edição, em junho de 1999. Além dos exemplares distribuídos por seus patrocinadores, que têm direito a uma cota de cortesia, apenas com anúncios seus, expressivo e crescente número de leitores procura adquirir o volume lançado mais recentemente (com anúncios de todos os patrocinadores). Outros se interessam por comprar a coleção completa, hoje composta por cinco tomos, o último deles impresso no final do ano passado. Essa boa acolhida de Almanaque coloca um desafio para a redação. Acontece que, quando da criação da seção com esse nome, a intenção dos responsáveis era oferecer aos leitores mais maduros da revista uma oportunidade de rememorar momentos, produtos e marcas que tenham feito parte de suas vidas. Para os mais novos, a ideia era que conheceriam, ainda que de maneira descompromissada de “contar a história da embalagem”, um pouco de conhecimento da contribuição que esse insumo representou na trajetória da sociedade como a conhecemos hoje do
ponto de vista econômico. Ou seja, uma sociedade de consumo, cujo formato básico – o do auto-suprimento pelos consumidores nos pontos de venda – não se teria desenvolvido se não existissem as embalagens como começaram a ser feitas já no início da Revolução Industrial. Com isso, quer-se dizer objetos de produção, de armazenamento, de informação, de distribuição de produtos consumíveis/utilizáveis de forma individualizada. Como foi dito nas páginas de apresentação da edição número 5 do Almanaque Especial, no Brasil a preservação da memória das embalagens e das marcas é feita de maneira isolada (e louvável) por algumas empresas, que mantêm a expensas próprias espaços e funcionários dedicados a esse fim. Não há informações facilmente encontráveis de que recebam alguma ajuda
concreta do poder público, seja em que nível for. Nesse sentido, vai repetida a seguir sugestão feita naquela mesma apresentação: Por que não criar-se um espaço (físico e itinerante) para a exposição dinâmica e didática das embalagens e das marcas, para estimular na população a reflexão sobre essa que é parte indissociável de sua vida? Seria mais uma forma de valorizar esses dois bens normalmente descartados, após o uso, como inúteis depois de terem sido tão uteis em suas funções. Dada a histórica indiferença do campo governamental brasileiro para coisas ligadas ao conhecimento, parece que caberia às empresas, individualmente ou associadas a outras, tomar iniciativas nesse sentido. Fica aqui como sugestão, e para isso desde já é oferecido o apoio de EmbalagemMarca.
Empresas que possibilitaram a realização de Almanaque EmbalagemMarca Especial nº 5
reportagem de capa: CONVENIÊNCIA
Um ser mimado a ser mimado Na guerra pelo bolso do consumidor, a regra básica é conceder agrados. E a inovação é o caminho
Uma criança mimada é fonte de problemas para os pais. Pede tudo, nunca está plenamente satisfeita e, quando contrariada, faz um barulho enorme. Atendê-la torna-se uma tarefa cada vez mais complexa. Aos pais caberia o papel de impor limites. Muitas vezes, contudo, eles estão mais ocupados com outras tarefas e, sem tempo, deixam de fazer o mais importante. Educar.
Um consumidor
mimado é fonte de problemas para as empresas. Pede tudo, nunca está plenamente satisfeito e, quando contrariado, faz um barulho enorme. Atendê-lo torna-se uma tarefa cada vez mais complexa. Às empresas caberia o papel de suprir seus desejos. Muitas vezes, contudo, elas estão mais ocupadas com outras tarefas e, sem tempo, deixam de fazer o mais importante. Inovar. O paralelo traçado acima não é despropositado. Crianças e consumidores mimados tornam-se difíceis de agradar. Não se contentam com pouco. Querem cada vez mais. A diferença é que, no caso das crianças, reza o bom senso que haja limites, ou se transformarão em verdadeiros monstros sociais. Já quando o jogo se passa no campo competitivo do consumo, a regra básica é seguir pelo caminho contrário: é preciso mimar os consumidores. Um incentivo básico é brigar por preço. . . Mas essa é uma guerra cujo fim previsível é a destruição de valor. Para fugir desse destino, o mantra, repetido à exaustão no discurso corporativo (mas nem sempre traduzido em prática), é inovar. EmbalagemMarca inicia, nesta edição, uma série especial sobre o tema. O mote, aqui, são projetos de embalagem que priorizam a conveniência e facilitam a experiência de consumo. Nas próximas páginas, serão apresentados dois desenvolvimentos recentes: um realizado pela gigante Froneri, no mercado de sorvetes; outro trazido por uma pequena cervejaria, a Maniacs Brewing. Ambos revelam que, para inovar, o consumidor deve ser colocado em primeiro lugar – ele precisa ser mimado, enfim.
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especial: conveniência
Acoplada, mas não grudada Sorvetes da Froneri trazem tampa com colher viabilizada por rótulo in-mold que não se funde por completo no processo de transformação
Sorvetes em porções individuais da Froneri passaram a ter tampas com colheres acopladas
Fabricantes
de sorvetes em potes individuais enfrentam um grande dilema. Não há como entregar o produto ao consumidor sem uma colher. Por outro lado, o fornecimento de colheres avulsas torna-se uma enorme dor de cabeça, e um item a mais para gerir na pulverizada malha de distribuição dessa iguaria. Se o controle falhar e a pazinha não estiver disponível, a venda estará arruinada. Por isso, nada mais natural que, após popularizarem-se no mercado de iogurtes, as tampas com colher acoplada invadissem outros mercados afeitos ao consumo on the go. Foi justamente essa a demanda inicial da Froneri, joint venture entre a Nestlé e a R&R Sorvetes (ver quadro), para a Plásticos Regina. O resultado final, entretanto, foi
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uma grande inovação, que chegou aos pontos de venda no final do ano passado, materializada nas embalagens de diversos sabores de sorvete da Froneri (Limoncello, Panna Cotta, Ciocolatto Nero, Caramello Salato, Pistachio, Fragola, Capuccino, Gianduia, Vaniglia, todos da linha Nestlé Gelato; e os itens de marcas compostas pelos sabores: Kit-Kat, Crunch, Alpino, Molico Zero Lactose e La Frutta nos sabores Coco, Limão e Morango). Os potes de polipapel com revestimento interno e externo, com capacidade para 140g, ganharam a solicitada tampa com colher acoplada, injetada em polipropileno. A novidade é a aplicação de um rótulo in-mold, conhecido por sua aderência permanente (uma vez que o substrato é fundido às pare-
des da embalagem no momento da injeção), que não gruda na área destinada à pazinha, permitindo sua fácil remoção no momento do consumo, sem rebarbas ou saliências. A solução foi resultado de uma forte sinergia entre a fabricante do sorvete e seus fornecedores de embalagem, o que permitiu que as premissas do projeto fossem se transformando em soluções técnicas, segundo informações enviadas pela equipe de inovação e desenvolvimento da Froneri Brasil. O escopo inicial do projeto passado aos fornecedores estabelecia algumas premissas e conceitos, tais como o uso de polipropileno na produção da tampa com a pazinha acoplada, que só poderia ser retirada no momento do consumo. A rotulagem deveria ser feita
com in-mold labels, e as embalagens precisariam ter ótimo desempenho no empilhamento e nas linhas de envase. Foi aí que criatividade e desenvolvimento técnico se uniram. “Entramos em contato com a Verstraete, fornecedora de rótulos especializada em in-mold labels, pois tínhamos referências e amostras produzidas com a tecnologia peelable, utilizada em potes e tampas tradicionais”, conta Bruno Dedomenici, diretor industrial da Plásticos Regina. A tecnologia a que o executivo se refere consiste de rótulos in-mold que não aderem de forma irreversível à superfície que irão decorar, e foi desenvolvida para situações em que o consumidor é estimulado a reutilizar a embalagem, podendo remover a decoração. “Com o apoio técnico do convertedor dos rótulos, recebemos amostras para a realização dos testes iniciais e fizemos uma proposta para o desenvolvimento que combinaria diferentes tecnologias e conceitos em um só projeto.”
O primeiro grande desafio foi aplicar o conceito idealizado utilizando o polipropileno, uma vez que as experiências com a tecnologia escolhida já conhecidas usavam, por conveniência, outro tipo de resina. “A participação e o envolvimento do cliente foram essenciais para viabilizarmos o projeto, uma vez que ele teve participação efetiva nas tomadas de decisão, alterações técnicas necessárias e orientações”, destaca Dedomenici. Detalhes como o dimensionamento ideal da pazinha para consumo, a redução da quantidade de plástico utilizado e a necessidade de que o utensílio só fosse destacado (e com facilidade) no momento do consumo, mantendo-se seguro durante o transporte realizado em ambiente frio, foram exaustivamente trabalhados. Na fase de testes, um molde protótipo, com uma cavidade, foi produzido. Definidos os parâmetros, foi criada uma especificação para a tampa com a colher acoplada, incluindo o
O rótulo in-mold adere à tampa, mas deixa a pazinha livre para ser facilmente destacada pelo consumidor, graças ao uso da tecnologia peelable
desenho técnico, sobre a qual a Froneri detém propriedade, responsabilidade e exclusividade (não há, contudo, exclusividade no uso da tecnologia pela fabricante de sorvetes). Para o transformador, a inovação implicou em poucas mudanças, pois o processo de fabricação das tampas utiliza, basicamente, os mesmos recursos já disponíveis para a produção de outras embalagens com aplicação de in-mold label. Para o fabricante do sorvete, o projeto trouxe não apenas intangíveis ganhos de imagem, mas resultados palpáveis, como a eliminação da etapa de rotulagem e do manuseio da pazinha, que já vem incorporada à tampa sem contato manual. Para o ponto-de-venda, a introdução da novidade acabou com o risco de haver vendas perdidas pela falta de pazinha.
E, para o consumidor, o acesso à colher inserida na tampa trouxe uma praticidade que possivelmente lhe passará despercebida. Pelo menos até o dia em que ele se deparar com um sorvete e não encontrar uma pazinha disponível.
A joint venture que gerou a Froneri Em abril do ano passado, a Nestlé e a R&R Sorvetes, empresa líder nesse tipo de alimento com sede no Reino Unido, decidiram criar a Froneri, uma joint venture com vendas em mais de vinte países. A sede da nova empresa fica no Reino Unido e suas operações abrangem a Europa, o Oriente Médio (exceto Israel), a Argentina, a Austrália, o Brasil, as Filipinas e a África do Sul. A união combina as atividades da Nestlé e da R&R no segmento de sorvetes nesses países e inclui o negócio de alimentos congelados da Nestlé na
Europa (exceto na Itália e no segmento de pizza), bem como seu negócio de produtos lácteos refrigerados nas Filipinas. Os detalhes financeiros não foram divulgados. Segundo Paul Bulcke, CEO da Nestlé, “Froneri capitalizará os pontos fortes complementares e a expertise em inovação, combinando as marcas fortes e bem-sucedidas da Nestlé, além de sua experiência na distribuição ‘out of home’, com o modelo industrial competitivo da R&R”.
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ESPECIAL: CONVENIÊNCIA
A ocasião faz a venda Cervejaria paranaense vê oportunidade de se diferenciar com embalagem pensada para agregar conveniência em situações corriqueiras de consumo
Uma simples
olhada no crescimento da área ocupada pelas cervejas especiais nas gôndolas do supermercado dá a dimensão da receptividade do consumidor para esse tipo de produto, que hoje representa cerca de 1% do mercado de cervejas em geral. Essa modesta participação, quando traduzida em litros, não é desprezível. Estima-se que o consumo anual de cervejas superpremium no Brasil supere os 130 milhões de litros, produzidos por mais de 300 microcervejarias. Em meio à miríade de marcas que povoam as prateleiras, contudo, pouca inovação é vista em termos de embalagens. Geralmente com volumes modestos, as cervejarias de menor porte encontram dificuldades para viabilizar economicamente soluções diferenciadas, restando a elas apostar em nomes criativos e
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rótulos atraentes. Já as grandes cervejarias, que atuam nesse segmento com marcas nacionais e importadas, não têm cacoete para introduzir grandes novidades, que implicariam custosas mudanças em seus processos. O resultado é uma gôndola bonita, mas homogênea. Nesse cenário em que o apelo visual é condição necessária (mas não suficiente) para ganhar o coração (e o bolso) do apreciador de cervejas, uma saída é apostar na experiência de consumo, ponto em que a embalagem continua sendo uma ferramenta poderosa. Com poucas alternativas para diferenciação na embalagem primária, uma opção é pensar no pack de agrupamento, fazendo-o extrapolar suas preciosas funções de estimular a venda de mais unidades do produto e de facilitar o transporte para o consumidor.
Foi justamente esse o raciocínio que levou a Maniacs Brewing, cervejaria paranaense, a adotar a Cooler Box, uma embalagem agrupadora (de papel cartão) inédita no Brasil, que faz as vezes de “balde” de gelo. De olho em situações corriqueiras de consumo de cerveja, em que há a necessidade de uso de geleiras para resfriar o produto, a Maniacs Brewing enxergou nessa solução uma oportunidade para estimular a venda de suas variantes Pilsen e IPA em latas de 350 mililitros. “Basta ao consumidor abrir a caixa por cima, romper o plástico e adicionar gelo, e em trinta minutos as latas estarão geladas, prontas para beber”, explica Iron Mendes, CEO da cervejaria. O grande diferencial está no design estrutural. “O sistema de dobras impede o pack de vazar, mantendo-o íntegro por períodos superiores a
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A Cooler Box (1) deve ser aberta pelo topo (2) até que, com as abas laterais levantadas, assuma o formato de um “balde” (3). Após romper o shrink que agrupa as latas (4), é só adicionar gelo (5)
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sete horas”, afirma o executivo. Na prática, o envoltório plástico a que Mendes se refere não exerce função de proteção ao cartão da embalagem, que é resistente ao rasgo e, por si só, capaz de resistir à água e à umidade. Ocorre que, para expandir sua produção e conseguir as latas impressas (ao invés de ter de decorá-las com rótulos), a Maniacs Brewing terceiriza a produção desses itens, que recebe em pacotes com doze unidades, já unitizados com filme shrink. Como a montagem dos packs cartonados é feita manualmente, na própria Maniacs Brewing, a manutenção do shrink acelera o processo. O conceito da Cooler Box foi desenvolvido pela GPI - Graphic Packaging International, gráfica multinacional com planta em Jundiaí (SP), que otimizou o projeto para aumentar a capacidade de gelo na embalagem. “Essa funcionalidade foi pensada para situações de
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consumo comuns no Brasil, como churrascos em que não há mais espaço nas geleiras para resfriar a cerveja, ou então para levar a bebida para a praia”, conta Jonas Copelli, gerente geral comercial da GPI Brasil. “Temos flexibilidade para atender os volumes de embalagens das cervejarias artesanais, e nossa equipe pode desenvolver soluções automatizadas, dependendo da necessidade
do cliente e da velocidade das envasadoras” explica Copelli. “Naturalmente, se a opção for para soluções com máquinas embaladoras, é preciso fazer um projeto completo para estudar a viabilidade econômica.” Além das latas de 350 mililitros, as cervejas da Maniacs Brewing também estão disponíveis em lonk necks de 300 mililitros, em garrafas de 600 mililitros, e em barris, na versão chope.
Graças ao sistema de dobras, a embalagem não vaza As latas vêm shrinkadas do terceirista, e são mantidas assim para facilitar o processo de inserção nos packs de cartão
Sol, gelo e festa No Reino Unido, o mote é o compartilhamento Em meados do ano passado, para aproveitar o aumento das vendas no verão do Reino Unido, a Heineken adotou, para sua marca Sol, a Cool Box Sharing Pack, embalagem de papel cartão que possibilita gelar, com a simples adição de gelo, as dezoito garrafas long neck de 330ml nela agrupadas. Pensada para reuniões sociais como festas e churrascos, a embalagem tem sistema de dobras que impede vazamentos, fazendo-a funcionar como um balde de gelo que se mantém resistente por períodos superiores a seis horas. O conceito da embalagem, da quantidade de garrafas à funcionalidade de servir como geleira, foi criado para estimular o compartilhamento da cerveja com os amigos, alcançando novos consumidores para a marca. A abertura, feita pela parte superior, cria espaço para que os cubos de gelo sejam adicionados sem que cubram completamente os gargalos das garrafas, facilitando a retirada para consumo. A solução foi desenvolvida pela WestRock.
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Display
Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA
O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA
Informações adicionais sobre fornecedores das embalagens estão nos links em vermelho no final dos textos.
construção civil
Argamassa em stand-up pouch O concentrado para argamassas e reboco Vedalit, da Vedacit, tem nova embalagem: stand-up pouch de 1 litro. Em formato moderno, o recipiente é fácil de manusear e vem com bico com tampa. O bocal tem agora um lacre para evitar vazamentos e violações. O consumidor pode guardar o produto após o uso sem precisar providenciar outra embalagem para armazenar o restante. Dessa forma, o produto ganhou maior rentabilidade, contando com melhor aproveitamento e conservação. Além do stand-up pouch com 1 litro, Vedalit também está disponível em sachê (100 mililitros), galão (3,6 litros), balde (18 litros) e tambor (200 mililitros). emb.bz/208vedalit
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Edição: flavio palhares flavio@embalagemmarca.com.br
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Alimentos
Molhos
Cervejas
Sucos
Tapioca individual
Pronto para a moqueca 2
Novo volume
Versão kids
A marca de alimentos Bazzar põe nas prateleiras do varejo nacional o primeiro molho natural de moqueca do mundo. Segundo a empresa, molho de moqueca Bazzar, disponível em embalagem de vidro de 250 gramas, é o único produzido até hoje sem aditivos e com leite de coco 100% natural. emb.bz/208bazzar
A cerveja Stella Artois ganha garrafa de vidro com novo volume: 550 mililitros. A embalagem, retornável, serve dois copos. emb.bz/208stella
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A Produtos Paulista, marca do Grupo GSA, lança a linha Life, dedicada a alimentos saudáveis. A primeira novidade são os sachês de tapioca de uso individual, o Porção Certa, com 85 gramas cada. emb.bz/208tapioca
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A marca Luminus, da WNutritional, apresenta Luminus Kids, linha de sucos 100% natural, sem açúcares e conservantes. O Luminus kids está disponível em quatro sabores: morango, maçã, uva e laranja, em embalagens cartonadas assépticas de 200 mililitros. emb.bz/208luminus
Chocolates
Refrescos
Tabletes redesenhados
Coco pronto para beber 6
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A Kopenhagen investiu em novo molde para a sua linha de tabletes. As novidades incluem novas embalagens e comunicação visual. O objetivo da marca é trabalhar com duas linhas diferentes de produtos: tabletes maciços e/ou com agregados e tabletes recheados. Foram criados novos nomes para essas linhas: “Sensation”, “Inspiration” e “Dessert” com identidades próprias, mas com harmonia para exposição conjunta. emb.bz/208kopenhagen
A Ducoco apresenta o leite de coco pronto para beber. O produto chega ao consumidor nos sabores original e chocolate. É acondicionado em embalagens cartonadas assépticas de 1 litro. emb.bz/208ducoco
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Display O QUE HÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA
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Lácteos
Alimentos
Cervejas
vaquinha em destaque 1
Super Grãos
Chope em garrafa 3
Rótulos renovados
A Elegê redesenhou suas embalagens. O xadrez e a vaquinha ganharam destaque na linha de leites UHT, reforçando a ligação com o campo. Outra novidade fica por conta do retorno de mais um elemento presente na lembrança dos consumidores, a menina leiteira. O logotipo da Elegê também passou por mudanças visuais e ganhou os dizeres “Qualidade desde 1959”. emb.bz/208elege
A Kobber Alimentos aumenta seu portfólio de produtos saudáveis com mais uma linha: Super Grãos. São cinco itens: Quinoa, Chia, Linhaça Marrom, Linhaça Dourada e Farinha de Linhaça. Os produtos são acondicionados em stand up pouches com sistema abre e fecha (zíper). emb.bz/208kobber
Lançada inicialmente como chope, a cerveja Gose, produzida pela cervejaria paranaense Way Beer, ganha uma edição em long neck. emb.bz/208gose
A Albert’s Premium Sauces, marca própria do Albert’s Steak and Burger Bar, de Joinville, renovou suas embalagens. Os novos rótulos dos molhos apresentam os produtos de forma clara e limpa. As ilustrações são inspiradas na abertura de um paletó que “veste o frasco” e compõe o layout com a marca (chapéu) Albert’s criando a silhueta de uma pessoa. emb.bz/208albert
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Molhos
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Fragrâncias 4
Narciso inspirador
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O Boticário lança My Lily, novo eau de parfum da marca. O lançamento é inspirado na flor de narciso, que cresce na França. A embalagem, assim como as demais da linha Lily, traz o vaporizador, que resgata o gestual de aplicação da perfumaria do início do século XX. O frasco de vidro de 74 mililitros ganhou tom esverdeado e o cartucho tem flores de narciso em alto relevo. A fragrância tem uma versão de bolsa em spray de 10 mililitros. emb.bz/208mylily
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Refrigerantes
Garrafa resgatada
Chocolates 6
Com 95 anos de história, em meio a uma campanha para valorizar sua origem amazônica, o Guaraná Antarctica lança uma edição limitada estampada com o seu nome na língua tupi: Wara’ná, que significa “grande cipó da floresta amazônica”. A garrafa de vidro de 290 mililitros remete à utilizada pela marca na década de 1970. emb.bz/208guarana
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Chocolate com biscoito
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A Garoto anuncia o lançamento de tabletes de chocolate branco com biscoito Negresco. A parceria entre a Garoto e a marca de biscoito de chocolate com recheio de baunilha da Nestlé tem edição limitada. O produto é vendido em embalagem de 125 gramas em displays com 14 unidades. emb.bz/208garoto
Equipamentos
Doce solução Companhia de biscoitos com sede na Costa Rica aumenta capacidade em 25% com nova linha integrada da Bosch Packaging Technology
Os primeiros
pensamentos que vêm à cabeça sobre a República da Costa Rica são tipicamente suas lindas praias ou sua reserva florestal e recursos de flora e fauna selvagens. Entretanto, este país da América Central oferece muito mais do que somente um destino perfeito para as férias.
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Ele é, por exemplo, a sede do produtor de biscoitos líder na região – Pozuelo Cookie Company, uma subsidiária da Nutresa Group S.A., que produz ampla gama de doces e confeitaria para os mercados regionais desde 1919. Um dos pontos fortes da Nutresa é sua longa experiência no mercado
Pozuelo, fabricante de doces da Costa Rica, investiu em linha de embalagem para fazer frente ao rápido crescimento
Linha de biscoitos Chiky: camada de chocolate representa desafio técnico no processo de embalagem
local, de quase cem anos. Entretanto, o rápido crescimento do mercado aliado às dificuldades das condições climáticas demandou da companhia a melhoria de sua linha de embalagem, bem como o aumento da produtividade para manter sua forte posição no mercado. Tudo isso foi possível com o apoio de uma solução “all-in-one” (“tudo em uma só”) da Bosch Packaging Technology. A questão para o aumento de produtividade iniciou em 2013, quando a Pozuelo começou uma busca por novas soluções que poderiam melhorar a produção de sua linha de produtos “Chiky”. Os biscoitos da companhia, “Chiky”, que têm a parte de baixo coberta por chocolate, são extremamente populares entre os consumidores da região. Entretanto, enquanto aquela camada de chocolate que em parte dá ao biscoito sua aparência e sabor distintos, é ela também que colocou um desafio único de embalagem para o fabricante do biscoito.
Apesar de o objetivo ser simples – alcançar um alto nível de produção para a linha do produto – havia obstáculos à frente. “O custo é a chave nessa região, e como produtores líderes em biscoitos, queríamos a melhor tecnologia pelo melhor preço, no menor prazo. Esses eram pontos que sabíamos que seriam difíceis de administrar sem comprometer potencialmente a qualidade – algo de que não podíamos abrir mão. Não somente fomos capazes de elevar a capacidade de produção, como também de alcançar o objetivo de melhorar o ambiente de trabalho de nossos funcionários em geral”, diz Santiago Builes Maya, diretor de Operações da Pozuelo.
Um segundo desafio que a companhia enfrentou foi a localização da fábrica. O clima quente e úmido da Costa Rica apresentou um risco à cobertura de chocolate do biscoito. Permitir aos biscoitos o tempo adequado para resfriar após assar e
antes de fazer a cobertura também foi uma questão – não somente por causa das altas temperaturas nas instalações da Pozuelo, mas também por causa do espaço apertado na fábrica. Todos esses fatores levaram a empresa a buscar um provedor de solução que pudesse trabalhar com a empresa para fornecer uma linha adequada às suas necessidades particulares. Por outro lado, a Pozuelo também tinha um tempo limitado para assegurar o melhor desempenho e o prazo de entrega, por conta das demandas crescentes do mercado. A companhia já tinha um histórico de negócios com a Bosch Packaging Technology porque uma outra empresa do grupo havia trabalhado anteriormente com o fornecedor na Colômbia. Essa parceria anterior foi importante para a aceleração do processo. O produtor de biscoito buscou os especialistas da fabeicante de equipamentos, confiando na reputação da empresa em fornecer produtos de alta qualidade e linhas de Janeiro 2017 |
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produção integradas. “Estávamos procurando um fornecedor que pudesse atender a todas as nossas necessidades técnicas. Conhecendo o trabalho da Bosch no passado, estávamos confiantes num resultado final de sucesso”, diz Builes. Logo de início, a integração do equipamento foi o objetivo primordial para a fabricante de biscoito. A solução apresentada mostrou-se adequada ao cliente em termos de qualidade, e atendeu ao orçamento disponível para esse investimento. Em sua configuração final, a nova linha para os biscoitos “Chiky” incluiu um sistema de esteira elétrica Rotzinger, um túnel de resfriamento CKG 1300 e duas empacotadoras horizontais Pack 201 HS.
O sistema de esteira transporta os biscoitos do forno da Pozuelo até a atual máquina onde os biscoitos recebem sua camada de chocolate. Após a cobertura, o túnel de resfriamento assegura a temperatura adequada do produto antes do empilhamento e do transporte manual para o sistema de alimentação. Esses alimentadores levam o produto à embaladora de forma a impedir que o lado com chocolate dos biscoitos toque no filme da embalagem, assegurando que o consumidor receberá o produto íntegro e com boa apresentação. Capaz de manusear tamanhos múltiplos de produto, a Pack 201 HS foi uma escolha prática para essa aplicação, uma vez que ela é uma máquina de embalagem já amplamente testada para biscoitos. Além de fornecer as tecnologias apropriadas, uma peça importante no processo de tomada de decisão foi o fator humano. A Bosch tem uma forte reputação por sua experiência em consultoria, e nesse caso, Nelson Morera, o representante de vendas na América Central, e Carlo Medina, geren-
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te regional de vendas para a América Central e Caribe, foram “mãos na massa” durante todo o processo de integração. “Ambos tornaram-se familiarizados com as nossas necessidades e nos conheciam verdadeiramente. Eles prestaram consultoria e guiaram nosso time durante o processo de decisão, permitindo-nos ter os detalhes da nova linha delineados e articulados de uma forma lógica e que foi benéfica”, nota Builes. A Bosch trabalhou em conjunto com o time da Pozuelo para assegurar que todo o sistema fosse instalado e integrado. Adicionalmente, a nova solução da Bosch permitiu à empresa alcançar os objetivos de produção com menores custos laborais, consequentemente, a realocar recursos para tarefas mais avançadas. Antes de comprar o equipamento, a empresa tratou primeiramente de envolver seu staff de linha no processo, para que os empregados entendessem e apoiassem as mudanças que viriam.
“Inicialmente, estávamos um pouco preocupados com o escopo do ajuste”, diz Builes. “Entretanto, ao trabalhar com a Bosch, fomos capazes de aumentar nossa produtividade simples e facilmente, sem comprometer a qualidade do produto. Com o design ergonômico dos equipamentos, fomos capazes de melhorar o ambiente de trabalho de nossos empregados. A acessibilidade dos equipamentos facilitou mudanças rápidas e as manutenções. Acrescentando a essas características a sua confiabilidade subjacente, estamos extremamente satisfeitos com os resultados finais”. Com a operação da nova linha, a Pozuelo aumentou em 25% sua capacidade produtiva, segundo informa o executivo. “Esperamos uma cooperação futura com a Bosch. Temos visto os resultados de qualidade em nossa linha existente”, ressalta Builes. “E esperamos expandir mais com tecnologias automatizadas.”
Bebidas
Vodca na caixinha Smirnoff é a primeira bebida destilada a adotar embalagem cartonada no Brasil
Leite, sucos, água de coco, bebidas à base de soja, vinhos... Essas bebidas são facilmente encontradas em embalagens cartonadas assépticas. Mas destilados e caixinhas não combinam. Ou não combinavam. A Smirnoff, da Diageo, inaugura o uso de embalagens cartonadas para bebidas destiladas no Brasil com a vodca misturada com suco X1. Nos sabores Triple Citrus, Strawberry Lime e Brazilian Berry, a X1 chega às gondolas em embalagens fornecidas pela Tetra Pak. “Smirnoff é uma marca jovem e inovadora e está trazendo essa novidade para o consumidor brasileiro”, diz Isabela Abbês, gerente de marketing de vodcas da Diageo. “Esse tipo de embalagem já é utilizada para bebidas alcoólicas em outros países e combina totalmente com a proposta de Smirnoff X1, que é oferecer praticidade a ocasiões de consumo entre grupos de amigos, sem abrir mão da qualidade e do sabor”, explica a executiva. Segundo a Diageo, o produto foi desenvolvido a partir de pesquisas com consumidor brasileiro pensando no “esquenta” (momento em que os jovens se encontram antes de sair para a balada), ocasião em que mais cresce o consumo em casa.
Versão de vodca saborizada voltada ao público jovem, pensada para o “esquenta”
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APOIO
Almanaque A graxa ameaçada Atualmente existem inúmeras marcas de graxa de sapato líquidas e em pasta no mercado brasileiro, no qual se destaca a Nugget. Mas, em meados do século passado, além dessa, davam brilho aos calçados de couro também a ODD e a Duas Âncoras, que já não existem. Vinham em latinhas de folha-de-flandres com uma borboleta giratória na lateral, que funcionava como alavanca para abrir o recipiente. Essas embalagens existem até hoje. Era um produto muito vendido, pois homens “apresentáveis” se esmeravam no polimento de seus sapatos. Tal hábito impulsionou a profissão informal de engraxate, dando trabalho a grande número de pessoas. Hoje a oferta de graxas é diversificada, mas as vendas caíram muito em relação aos bons tempos. O mercado calçadista é dominado pela indústria do tênis, calçado que dispensa o engraxamento.
De amplo uso no século XX, a graxa de sapato impulsionou a profissão de engraxate
No início, sem carinhas A Groselha Milani foi criada em 1955 pelo imigrante italiano Celeste Milani. O refresco foi inspirado em um produto alemão que fazia sucesso no Velho Mundo: o xarope de açúcar. Milani adaptou o produto ao paladar brasileiro e lançou o xarope com sabor de groselha. O sucesso foi rápido.
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No início, os rótulos das garrafas da Groselha Milani eram simples, apenas com o nome do produtor. As carinhas – que foram inspiradas em saquinhos plásticos cilíndricos distribuídos pela Milani em feiras para crianças – só foram incorporadas aos rótulos alguns anos depois. Elas foram reestilizadas e adornam as embalagens até hoje.
O começo do plástico Deve-se a dois químicos europeus o plástico como é conhecido hoje. Pesquisas realizadas na década de 1950 pelo alemão Karl Ziegler e pelo italiano Giulio Natta, ganhadores do Prêmio Nobel de Química de 1963, levaram ao desenvolvimento do polietileno de alta densidade (PEAD) e do polipropileno (PP). Até os anos 50, o polietileno de baixa densidade (PEBD) era o único polímero de etileno disponível no mercado (outro plástico existente era o poliestireno), utilizado para a produção de embalagens flexíveis. Karl Ziegler (1898-1973) chegou à fórmula do PEAD usando uma mistura de trietilalumínio e tetracloreto de titânio à temperatura ambiente e baixa pressão. Utilizando estes catalisadores, Ziegler criou um polímero com moléculas semelhantes ao PEBD, mas os catalisadores deram estrutura mais linear ao plástico. Em 1955, o italiano Giulio Natta (1903-1979) usou um catalisador seme-
lhante ao de Ziegler (que agora é conhecido como catalisador de Ziegler-Natta) para orientar monômeros de propileno quando adicionados à cadeia polimérica. O resultado foi um polímero de estrutura regular, que ficou conhecido como polipropileno. Graças a esses dois plásticos rígidos, a indústria de embalagens deu um salto no mundo todo.