Em cartaz - Julho/2017

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Revista da

Julho 2017

Secretar ia

| Edição 10

Municipal

de Cultura

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emcartaz | julho 2017

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CALENDÁRIO FEIRA DE TROCA DE LIVROS E GIBIS 2017

PARQUE DA ACLIMAÇÃO R. Muniz de Souza, nº 1.119 | Aclimação | tel.: 3208-4042

30 de julho

PARQUE DO CARMO Ao lado do Bosque de Leitura Av. Afonso de Sampaio e Souza, 951 | Itaquera | tel.: 2748-0010

27 de agosto

PARQUE da INDEPENDÊNCIA Entrada pelo portão da R. Xavier de Almeida, altura do nº 6 – Ipiranga | tel.: 2273-7250

24 de setembro

MASP - VÃO LIVRE

(sujeito a alteração) Av. Paulista, 1.578 | Bela Vista | tel.: 3149-5959

29 de outubro

PARQUE IBIRAPUERA Ao lado do Bosque de Leitura Av. República do Líbano, altura do n.º 1151 – Portão 7 Vila Mariana | tel.: 5574-5045

26 de novembro

DOMINGOS das 10h às 16h GRÁTIS Informações: 2291-5763

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julho 2017 | emcartaz


editorial

E

m 13 de julho se comemora o Dia Mundial do Rock. Os centros culturais e a Praça das Artes recebem uma programação especial com shows, debates, cinema e atrações infantis. Neste mês também acontecem as férias escolares. A revista Em Cartaz traz uma série de atividades lúdicas e culturais para as crianças se divertirem, aprendendo, dentro do programa Biblioteca Viva. O público em geral pode ainda aproveitar os shows de música instrumental e de artistas imigrantes que integram esse projeto. É também destaque desta edição a estreia da Cia. Ocamorana, no Teatro Arthur Azevedo, de um dos textos menos encenados do bardo inglês Shakespeare: o precursor do teatro épico, “Coriolano”. Trilhas sonoras de filmes de Stanley Kubrick são reunidas em três programas no Theatro Municipal. O rapper Le Maestro, da ONG Gerando Falcões, leva funk com mensagens educativas para as casas de cultura. O Centro Cultural São Paulo apresenta dois espetáculos inéditos que integram a 3ª Mostra de Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos. Para saber a programação completa da Secretaria Municipal de Cultura, bem como todos nossos endereços, acesse o site www. emcartaz.prefeitura.sp.gov.br. Boa Leitura! Luiz Quesada

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18 em foco sua agenda

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Pequeno Cidadão | Gonzalo Cuellar Mansilla

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Lenise Pinheiro

Laranja Mecânica

índice

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capa: DIA DO ROCK

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TRILHAS DE FILMES DE STANLEY KUBRICK NO MUNICIPAL

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ESTREIA “CORIOLANO” NO TEATRO ARTHUR AZEVEDO

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FÉRIAS NAS BIBLIOTECAS

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ANTIdeus Carlos Canhameiro

Andressa Silva

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MÚSICA INSTRUMENTAL NAS BIBLIOTECAS

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MÚSICA DE IMIGRANTES NAS BIBLIOTECAS

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RAPPER LE MAESTRO NAS CASAS DE CULTURA

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3ª MOSTRA DE DRAMATURGIA EM PEQUENOS FORMATOS CÊNICOS

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vem aí nossos endereços emcartaz | julho 2017

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em foco

Sylvia Masini

CINECLUBE spcine A Spcine está com inscrições abertas para o envio de propostas destinadas ao Cineclube Spcine - Programa de Ação Cineclubista, novidade que pretende estimular fãs de cineclubes, cineastas, curadores, produtores e programadores a promover sessões seguidas de debates em qualquer uma das 20 salas da rede. Para participar, basta preencher o formulário no site oficial da empresa: www.spcine.com.br. As inscrições ficarão abertas permanentemente, mas para quem quiser ver suas propostas de sessões em cartaz ainda em 2017, o prazo final de envio é dia 24 de outubro. Os proponentes podem ser tanto pessoas físicas como jurídicas. Oficinas de curta duração e palestras com pesquisadores ou profissionais do audiovisual são alguns exemplos de ações que podem participar do Programa. O candidato também tem liberdade para sugerir gênero e formato da obra audiovisual, entre curtas e longas-metragens, documentários, animações, videoclipes e outros tipos de produções. 6

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Julio Kohl

A partir do dia 1º, às 18h, o hall do Teatro Arthur Azevedo receberá, sempre no primeiro sábado do mês, autênticas rodas de choro. Abre a programação o Duodelá, com Vitor Lopes (gaita) e Emiliano Castro (violão de 7 cordas). Os músicos se conheceram nos anos 1990 em rodas de choros de São Paulo. No programa, eles tocam composições próprias e clássicos do gênero. Grátis

MARTE, VOCÊ está aí?

Leekyung Kim

Selecionado pela 5ª edição do Prêmio Zé Renato de teatro, da Secretaria Municipal de Cultura, o espetáculo “Marte, Você Está Aí?” pode ser visto no auditório do Masp. Dirigido por Gabriel Fontes Paiva, o elenco reúne Selma Egrei, Michelle Ferreira e Jorge Emil. O texto é de Silvia Gomez, também autora do premiado “Mantenha Fora do Alcance do Bebê”. +14 anos. Até dia 30. 6ª e sáb., 21h. Dom., 19h. Avenida Paulista, 1.578. Ingressos: R$20

Sylvia Masini

RODA DE CHORO no Arthur Azevedo

CIRCO em livro O Centro de Memória do Circo (CMC) lançou no dia 19 de junho, no Centro Cultural Olido, um livro que mostra parte de seu acervo e atividades. Com 207 páginas fartamente ilustradas com fotografias, a obra é de autoria de Verônica Tamaoki, diretora do CMC (primeira instituição do gênero na América Latina) e ganhou versão em português e em inglês para ser distribuída, gratuitamente, tanto nacional como internacionalmente.

FESTIVAL CINEMA super 8 O Centro Cultural São Paulo recebe, entre os dias 6 e 9, o 4º Super Off - Festival Internacional de Cinema Super 8. Organizada pelo Coletivo Mundo em Foco, a mostra procura dar visibilidade e premiar filmes na bitola Super 8, além de preservar a memória da produção cinematográfica produzida nesse formato, no Brasil. Grátis.

ANIMA mundi

O Anima Mundi é considerado um dos maiores festivais de animação do mundo. Para esta 25ª edição, foram inscritos 1.200 filmes e selecionados 345, entre curtas e longas-metragens de 45 países. Entre os dias 26 e 30, uma extensa programação chega a diversos locais, como o Centro Cultural São Paulo. Mais informações no site animamundi.com.br/pt/festival emcartaz | julho 2017

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Sua Agenda O que você não pode perder neste mês! Arthut Costa

1 Sábado 17h Na Praça das Artes, a Orquestra Experimental de Repertório, sob a regência de Thiago Tavares, realiza o Concurso Jovem Solista. O programa reúne os instrumentistas Guilherme Macabelli (clanirete), Alessandro Hiro (flauta) e Renato Ferreira (violoncelo). Grátis

A. Cervantes

1 Sábado 19h O Centro Cultural Jabaquara recebe o espetáculo “Negrinha”, que trata de direitos humanos e de preconceito racial. Baseada no conto homônimo de Monteiro Lobato, a montagem é encenada ao ar livre, iluminada por velas e tem música ao vivo. +14 anos. Até dia 2, 19h. Grátis

Renan Livi

1 Sábado 21h No Teatro Paulo Eiró, a Studio3 Cia. de Dança apresenta “Um Certo Canto Brasileiro”, coreografia de Anselmo Zolla que faz uma viagem por nossa canção popular. A trilha reúne músicas interpretadas por cantores como Elza Soares, Tim Maia e Elizeth Cardoso. Até dia 2, 19h. Grátis

Henrique Resende

7 Sexta 21h

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No Teatro Cacilda Becker, estreia “On Love”, primeiro texto do irlandês Mick Gordon montado no Brasil. Encenada pelo Barracão Cultural e dirigida por Francisco Medeiros, a história fala das diferentes possibilidades do amor nas relações. +16 anos. Até dia 30. 6ª e sáb., 21h. Dom., 19h. R$ 20

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Edson Kumasaka

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Sexta 21h

No Teatro Paulo Eiró, entra em cartaz “Leite Derramado”, espetáculo inspirado na obra homônima de Chico Buarque, que mostra as lembranças de um homem de 100 anos. Na maca de um hospital público, ele relembra a história de sua família e do Brasil. +14 anos. Até dia 16. 6ª e sáb., 21h. Dom., 19h. R$ 20 Seguindo em frente

18 Terça 17h

Jonatas Marques

Vivian Zerbatto

Na Sala Lima Barreto, do Centro Cultural São Paulo, tem início a mostra “O Extraordinário Comum - Os Filmes de Hirokazu Kore-eda”. O longa que abre a programação é “Seguindo em Frente” (Aruitemo aruitemo), drama sobre o ciclo da vida. Programação: centrocultural.sp.gov.br. Até dia 23. R$ 2

+

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Sábado 16h

No Teatro Alfredo Mesquita, tem início com “O Grande Rabbit”(foto) a Mostra Conforto de Repertório. A programação traz outros três espetáculos infantis: “Desconforto”, “Biscoitos” e “Autopeça”. Até agosto. Sáb. e dom., 16h. R$ 14

28 Sexta 20h No Teatro Flávio Império, a Cia. Estável de Teatro apresenta “Patética”, espetáculo que faz uma reflexão sobre o assassinato do jornalista e dramaturgo Vladimir Herzog, morto nos porões do DOI-Codi em 1975. Escrito no ano seguinte, o texto é de João Ribeiro Chaves, cunhado de Herzog. +10 anos. Até dia 30. 6ª e sáb., 20h. Dom., 19h. Grátis Veja a programação completa no site www.emcartaz.prefeitura.sp.gov.br emcartaz | julho 2017

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Luísa Bittencourt

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om berço nos Estados Unidos da década de 1950, o rock chegou ao Brasil na mesma época, mas se popularizou somente mais tarde. Os anos 1980 geraram por aqui muitas bandas representativas do gênero, diversas delas ativas até hoje. Para comemorar o Dia Mundial do Rock, celebrado em 13 de julho, a Secretaria Municipal de Cultura preparou uma programação especial, que acontece ao longo do mês. Além de shows de bandas importantes e atividades lúdicas temáticas para o público infantil, na Praça das Artes, uma parceria entre o Centro Cultural São Paulo e a Spcine realiza

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uma mostra de filmes que influenciaram e ainda influenciam gerações de roqueiros, além de mesas de debates e shows com bandas independentes.

Na Praça das Artes Três bandas seminais do rock brasileiro, Golpe de Estado, Made In Brazil e Inocentes, se apresentam na Praça da Artes. Com mais de 30 anos de história e após um período afastada dos palcos devido à morte do guitarrista Helcio Aguirra, Golpe de Estado retorna para um show no sábado, dia 15. A banda traz nova formação, com João Luiz no vocal, Nelson Brito no baixo, Roby Pontes na bateria e Marcello Schevano na


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guitarra, para apresentar os maiores clássicos da carreira, como “Nem Polícia, Nem Bandido” e “Caso Sério”. Uma das bandas de rock mais antigas e ainda em atividade no país, o Made In Brazil, com mais de 50 anos de estrada, também se apresenta no sábado com repertório variado, que traz desde seus primeiros hits até os lançamentos mais recentes. O grupo foi incluído no Guinness World Records (livro dos recordes) como aquele que teve mais formações diferentes, chegando a 203. Formado no início da década de 1980 por ex-integrantes das bandas punks Restos de Nada e

Condutores de Cadáver, o Inocentes faz o show de encerramento no domingo, dia 16. O grupo, que participou, junto com o Cólera e o Olho Seco, do primeiro disco de vinil punk nacional, o “Grito Suburbano”, tornou-se uma das bandas mais respeitadas da cena, mantendo-se na ativa ainda nos dias de hoje.

cinema e rock Ainda no dia 15, na Praça das Artes, o grupo Mr. Kurk faz a trilha sonora ao vivo da animação “Fantasia”, de Walt Disney, substituindo as músicas originais de Bach, Tchaikovsky e Stravinsky por clássicos de Elvis Presley, Queen e The Beatles. emcartaz | julho 2017 11


Clem Bate-p apo ente com (Ino cent es)

O que vocês prometem para o show? Esse ano é um ano comemorativo, em que celebramos 35 anos de banda e 40 anos de punk e da nossa turma, a Carolina Punk. Vamos fazer uma festa grande, com um apanhado de tudo da nossa carreira e algumas surpresas.

O som de vocês mudou ao longo dos anos? Em termos de som, a gente mama no punk 77, que é diferente do punk dos anos 80. The Clash e Sex Pistols são bandas que abriram sua sonoridade para coisas muito diferentes, que não têm a ver com o punk, e nossa influência vem daí

No Centro Cultural São Paulo

Paula (Rakta); “Patti Smith, Bob Dylan, Leonard Cohen: Poetas no Rock”, com Karina Buhr, Fabrício Corsaletti e Daniel Benevides; e “O Rock Morreu mas Eu Juro que Não Fui Eu”, com Alex Antunes, Lucio Ribeiro e Fábio Massari.

Entre os dias 11 e 30, o Centro Cultural São Paulo (CCSP) recebe na Sala Adoniran Barbosa algumas das bandas independentes mais em voga atualmente e que seguem revolucionando a música. Estão na programação shows como o do Rakta, formado somente por garotas; Thiago Petit cantando Patti Smith, além dos santistas do grupo de hardcore Garage Fuzz e da banda Labirinto. Mesas-redondas foram marcadas entre os dias 12 e 14. Nesses encontros, serão debatidos os temas: “As Mulheres no Rock”, que contará com as presenças de Sandra Coutinho (Mercenárias), Taciana Barros (Pequeno Cidadão), Carla e

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Para crianças As crianças também podem se divertir com uma programação especial. No domingo, dia 16, das 10h às 15h, na Praça das Artes, acontece o Festival de Rock Infantil, evento com atrações ininterruptas que trará pistinha de dança, camarim de fantasias, além de oficinas e shows. A banda Beatles para Crianças apresenta músicas do grupo britânico com


atual e os problemas ainda são atuais, refletem nossa realidade.

a participação do público, que sobe ao palco para tocar junto com os músicos. A Trupe Pé de Histórias faz show com repertório de Elvis Presley, enquanto a banda Rauzitos toca os clássicos mais divertidos do rei do rock brasileiro, Raul Seixas.

os dias 11 e 15, a mostra “Geração Rock’n’roll”, que traz filmes sobre os gêneros mais marcantes do rock, desde o rockabilly dos anos 1950 até o indie rock dos anos 2000. Na programação, estão longas como “A Festa Nunca Termina”, de Michael Winterbottom, que retrata o ambiente da década de 1970 no Reino Unido; “Johnny & June”, de James Mangold, sobre o lendário Johnny Cash; e “Juventude Transviada”, de Nicholas Ray, clássico do cinema que influenciou gerações roqueiras, cultural e esteticamente, ao longo dos anos, trazendo no elenco o ator emblemático que imortalizou a figura do rebelde: James Dean.

Paralelamente, haverá oficinas de estamparia de camiseta, fantasia e toy art (brinquedo de arte), além de atividades de pintura facial e performances de palhaços e malabaristas.

Nas telas O rock será comemorado também nas telas do cinema. O Centro Cultural São Paulo e o Circuito Spcine apresentam, entre

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capa

A postura política de vocês mudou? Às vezes, perguntam se a gente está mais político. A gente sempre foi político! Em outro momento falam: “Agora vocês estão mais críticos?”. A gente sempre foi crítico. As músicas ainda cabem, sempre fizemos música para a situação

O rock morreu? O rock não morreu. O que aconteceu é que ele saiu da grande mídia. Dizem que o rock não tem espaço, mas a verdade é que ele voltou pro gueto.

Veja a programação completa no site www.emcartaz.prefeitura.sp.gov.br

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Kubrick

em C oncerto

Concertos temáticos no Municipal trazem composições que fazem parte das trilhas sonoras dos filmes “Laranja Mecânica”, “Barry Lyndon” e “2001- Uma Odisseia no Espaço”

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ostrando que muitas das composições mais importan-

tes do cinema pertencem ao repertório de música erudita, o Theatro Municipal apresenta uma programação especial que traz as trilhas sonoras de três filmes icônicos de Stanley Kubrick, “2001 - Uma Odisseia no Espaço”, “Barry Lyndon” e “Laranja Mecânica”. Quem assiste a “2001...”, por exemplo, fica impressionado com o casamento na tela entre as imagens e obras como a valsa “Danúbio Azul”, de Johann Strauss Jr. Optar por música erudita, porém, não foi a primeira ideia do diretor norte-americano, que havia encomendado uma trilha original para o compositor Alex North (o mesmo do épico “Spartacus”, de 1960, também do cineasta). Mas a combinação entre o erudito e o contemporâneo que, a princípio, seria provisória para o processo de edição do longa-metragem, deu tão certo que os dois filmes seguintes de Kubrick, justamente

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“Laranja Mecânica” e “Barry Lyndon”, também tiveram um uso marcante de obras assinadas por mestres como Beethoven, Schubert, Mozart e Händel. Kubrick não via motivo em competir com compositores eruditos quando sentia que o filme deveria ter uma música sinfônica como trilha sonora. Foi o que o cineasta contou ao crítico francês Michel Ciment em 1972. “A não ser que você queira uma música pop, não vejo por que empregar alguém que não se compara com Mozart, Beethoven ou Strauss para escrever uma música orquestrada”, afirmou em entrevista publicada no livro “Conversas com Kubrick” (CosacNaify). Em outra ocasião, no ano de 1976, o diretor comentou a Ciment o risco de usar uma trilha original, pois normalmente ela é feita em cima da hora. “Mas quando a música convém a um filme, esta acrescenta uma dimensão que nada mais podia lhe dar. Isso é de importância capital.”


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Concertos no municipal Aproximando a música erudita dos amantes de cinema, e vice-versa, o Theatro Municipal traz, neste mês, “Kubrick em Concerto”. São três programas que apresentam, em cada um deles, as principais composições daqueles filmes, interpretadas pela Orquestra Sinfônica Municipal (OSM): nos dias 7 e 8, as músicas de “2001 - Uma Odisseia no Espaço”, sob a regência de Roberto Minczuk, diretor da OSM; nos dias 14 e 15, o tema é “Barry Lyndon”, regido por Gabriel Rheim Schirato. Encerrando a programação, nos dias 21 e 22, as obras presentes em “Laranja Mecânica” ganham regência de Abel Rocha. Durante os concertos, serão projetadas algumas cenas das produções. Essa é uma oportunidade única para ouvir composições que ajudaram os filmes a se tornarem memoráveis, como “Assim Falou Zarathustra”, de Richard Strauss, utilizada em “2001”, ou uma variação de “Music of the Funeral of Queen Mary” (Música do Funeral da Rainha Mary), de Henry Purcell, presente em “Laranja Mecânica”.

Trilhas ecléticas “Kubrick foi um dos cineastas mais criativos e fez filmes muito distintos”, comenta o maestro Roberto Minczuk. “Um é ficção [‘2001’], outro é de época [‘Barry Lyndon’] e o outro é moderno, quase surreal [‘Laranja Mecânica’]. Esse contraste maravilhoso também está presente no repertório musical dos filmes”. Segundo o diretor da OSM, a filmografia de Kubrick contempla um repertório que vai do compositor barroco Henry Purcell (em “Laranja Mecânica”) até o vanguardista húngaro György Ligeti (em “2001” e em “De Olhos Bem Fechados”, último trabalho do cineasta). “São escolhas muito ricas, de um 16

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música

período que transcorre mais de 300 anos”, pontua o maestro. Minczuk afirma ser apaixonado por música de cinema, pois a vê como um primeiro contato do público com a obra orquestrada. Essa também é uma forma de amplificar o alcance da música erudita, como no caso de “Assim Falou Zarathustra”, de Richard Strauss, uma composição que se tornou icônica devido ao sucesso de “2001 - Uma Odisseia no Espaço”. “Foi o Kubrick quem, de fato, tornou essa música conhecida nos quatro cantos do planeta”, explica. Outras obras de destaque no filme que serão apresentadas no Municipal, além do “Danúbio Azul”, são “Lux Aeterna” e “Atmosferas”, de Ligeti. “É um repertório fantástico para qualquer concerto sinfônico”, afirma o maestro, que ressalta o fato de as peças de Ligeti serem raramente executadas. Em “Laranja Mecânica”, a música faz parte não só da trilha, com a execução das “Sétima e Nona Sinfonias”, de Beethoven, mas da narrativa. O violento protagonista, Alex (Malcolm McDowell), é um admirador confesso do compositor alemão. Para Kubrick, isso demonstrava um fracasso da cultura na questão moral, uma vez que pessoas cultas também cometem atos moralmente inaceitáveis. Segundo Minczuk, a escolha por Beethoven não é aleatória, pois esse talvez seja o compositor com o qual o público é mais obcecado. “Beethoven é rock’n’roll puro e acho que isso causa um fascínio em qualquer pessoa”, afirma. “A energia rítmica de suas sinfonias, a partir da ‘Quinta’, era o mais próximo na época do que poderia ser o heavy metal hoje.” Para o diretor da OSM, as trilhas de Kubrick funcionam quase como se fossem protagonistas. “Ele faz algo parecido com o que Richard Wagner apresentou: cria leitmotivs, temas musicais que se repetem e representam personagens e situações”, explica. “Kubrick não poderia ser Kubrick sem a música que ele escolheu para os seus filmes”, conclui Minczuk.

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As obras literárias que inspiraram Kubrick também podem ser encontradas nas bibliotecas municipais!

Para você ler o que Kubrick leu

2001 - Uma Odisseia no Espaço

Inspirado em outros dois contos do britânico Arthur C. Clarke, “A Sentinela” e “Encontro ao Alvorecer”, o livro “2001 - Uma Odisseia no Espaço” foi desenvolvido pelo próprio Clarke ao mesmo tempo em que ele criava, junto com Kubrick, o roteiro do filme.

Barry Lyndon

Publicado em 1844, o romance com inspirações autobiográficas do escritor britânico William Makepeace Thackeray é escrito em primeira pessoa. Ao adaptar o livro para o cinema, Kubrick optou por um comentário em terceira pessoa, para evitar que o filme se tornasse cômico na sobreposição entre a realidade vista nas telas e as distorções do personagem principal.

Laranja Mecânica

Para o romance de Anthony Burgess, publicado em 1962, o autor criou um conjunto de gírias chamado “Nadsat”, com termos inspirados no russo e no inglês. Expressões dessa linguagem também aparecem nos diálogos do filme de Kubrick.

Consulte em quais bibliotecas essas obras estão disponíveis: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/ 18

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Breve Romance de Um Sonho O último filme de Kubrick, “De Olhos Bem Fechados”, é uma adaptação do livro do autor austríaco Arthur Schnitzler. Publicado em 1926, “Breve Romance de Um Sonho” era, para Kubrick, uma das histórias mais belas e com mais imaginação desse escritor, do qual o cineasta era um grande admirador.

Apresentaç õ es

2001 - Uma Odisseia no Espaço Dias 7, 20h, e 8, 16h30 Barry Lyndon Dias 14, 20h, e 15, 16h30 Laranja Mecânica Dias 21, 20h, e 22, 16h30 Theatro Municipal de São Paulo. R$ 10 a R$ 100

música

+

O polêmico romance do russo Vladimir Nabokov, publicado em 1955, fala do relacionamento entre um homem de meia-idade e sua enteada de apenas 12 anos. Kubrick foi o primeiro cineasta a adaptar a história para o cinema, em 1962, com roteiro escrito pelo próprio Nabokov, e optou por filmá-la em preto e branco. O livro popularizou o termo ninfeta.

Veja a programação completa no site www.emcartaz.prefeitura.sp.gov.br

Lolita


teatro

O JOGO

DO PODER Letícia Chiantia

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daptar uma obra de William Shakespeare é sempre um desafio. Disposta a encarar a missão de frente, a Cia. Ocamorana de Teatro escolheu um dos textos mais emblemáticos e menos encenados do dramaturgo inglês, “Coriolano”. Contemplada pelo Programa de Fomento ao Teatro, da Secretaria Municipal de Cultura, a peça celebra os 20 anos de fundação do grupo e pode ser vista até dia 30, no Teatro Arthur Azevedo. “Considero esse texto o mais difícil do autor e penso em adaptá-lo já faz mais de duas décadas”, conta o diretor Márcio Boaro. “Trabalhamos em cima dessa montagem por um ano e meio. Fiz muitas pesquisas até chegar ao resultado final, que teve como referência

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principal releituras do também dramaturgo e encenador alemão Bertolt Brecht.”

A história A trama acompanha Caio Márcio, o Coriolano do título. Embora seja um general temido e reverenciado, está em desacordo com a cidade de Roma e seus cidadãos. Impulsionado a ocupar a poderosa e cobiçada posição de cônsul por sua mãe ambiciosa, Volumnia, ele não está disposto a agradar às massas, cujos votos precisa para assegurar o cargo. “Esse texto fala sobre a primeira crise republicana. Ele tem muito sentido no momento atual, graças aos diversos problemas políticos existentes na maioria dos países”, observa o diretor.


Cia. Ocamorana de Teatro comemora 20 anos com montagem inédita de “Coriolano” no Teatro Arthur Azevedo

A montagem Para aproximar o espetáculo do público, a montagem deu aos personagens uma aparência mais familiar. Com um cenário que adquire várias formas e adotando um figurino atemporal, Boaro atribui a algumas mulheres a interpretação de personagens masculinos. “Na época, as mulheres não assumiriam aqueles cargos, mas hoje, sim”, justifica. Projeções visuais são os principais instrumentos cênicos utilizados. Com duas horas de duração e um elenco formado por 16 atores, o espetáculo tenta ser o mais fiel possível ao original, que tem mais de 40 personagens e uma média de quatro horas de encenação. “Fizemos cortes muito parecidos com os de

Bertolt Brecht. Ele basicamente só fez cortes, sem alterar nada”, afirma o diretor. A opção pelos ajustes de Brecht é importante devido à autoridade que este demonstrou ter em relação à dramaturgia durante toda sua trajetória. “Ele retomou o texto em diversos momentos de sua vida”. O encenador alemão também foi importante para a atualização dos diálogos e sequência narrativa. “Uma das principais dificuldades”, segundo o diretor. Somos fiéis ao texto de Shakespeare, sem grandes invenções. Existe um fácil entendimento, mas sem trair a obra”, completa Boaro. Apresentação Teatro Arthur Azevedo Coriolano. +12 anos. Até dia 30. 6ª e sáb., 20h30. Dom., 19h. R$ 20

Veja a programação completa no site www.emcartaz.prefeitura.sp.gov.br

Lenise Pinheiro

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Bibliotecas públicas oferecem atrações para as crianças curtirem as férias escolares de forma lúdica e em contato com livros

Iara Ungarelli

Férias nas Giovanna Longo

Uma das atividades que acontece em oito bibliotecas, entre os dias 1º e 29, sempre aos sábados, é o projeto “Pequeno Cidadão: Vídeo + Música + Poesia”, das irmãs Taciana e Natália Barros. Com foco em crianças e jovens, principalmente entre 6 e 12 anos, essas oficinas procuram despertar a criação poética dos participantes, desenvolver o canto e promover a composição de letras musicais. “Aproximamos a criança do mundo da poesia, da rima e da música com brincadeiras. É um programa para a família toda”, resume Taciana. Na atividade, o Pequeno Cidadão convida o público a conhecer as temáticas de suas canções e dos quatro livros publicados pelo grupo. 22

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programa para toda a família

Duo Fryvan | Gal Oppido

Pequeno Cidadão

Enrique Menezes

F

inalmente, chegou aquela época tão aguardada do ano: as férias escolares! A pausa nos estudos, entretanto, não precisa significar distância total dos livros. Quem ficar em São Paulo durante este mês, terá diversas oportunidades de se divertir e também aprender coisas novas nas bibliotecas públicas da cidade, que receberão uma programação intensa por meio do programa Biblioteca Viva.


Clubinho do Livro A formação de leitores é um foco permanente do programa Biblioteca Viva. E despertar o hábito de ler desde a infância pode ser também uma tarefa muito divertida. Nesta linha, além das atividades lúdicas das irmãs Barros, outro projeto que cresce mês a mês é o Clubinho do Livro. A ideia é muito simples: o jornalista Camilo Rocha seleciona uma obra, geralmente com uma mensagem universal para que todas as crianças possam aproveitar, e, enquanto lê, conversa com o público, discute os temas abordados e as ilustrações da publicação. Até setembro, o projeto abordará a leitura de “O Pote Vazio”, livro da autora e ilustradora Demi –que já publicou mais de 300 obras infantis–, e percorrerá, em julho, dez bibliotecas. A seleção do título já passou por um teste de qualidade na casa do próprio Rocha: “Li esse livro para a minha filha”, revela.

Ricardo Valverde | André Mortatti

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Mel Duarte | Jessyca Alves

formação de pequenos leitores

Com a participação das crianças, que assumem também os microfones, acontecem narrações de pequenas prosas poéticas e poemas de autores importantes da literatura brasileira, como Mário de Andrade e Carlos Drummond de Andrade. Em outra abordagem, poemas de Manuel Bandeira, como “A Onda” e “Trem de Ferro”, servem de tema para que duplas criem jograis e movimentos corporais. “Nestas brincadeiras, introduzimos o conceito de métrica, de música e também de cidadania”, explica Taciana.

Veja a programação completa no site www.emcartaz.prefeitura.sp.gov.br

Giovanni Matarazzo | Kátia Gardin

oficinas de literatura e de música

encontros

bibliotecas

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Musica Instrumental

no Biblioteca Viva

Giovanni Matarazzo | Kátia Gardin

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inda dentro do programa Biblioteca Viva, uma atração que tem agradado ao público de todas as idades é a série de apresentações de música instrumental que faz parte do projeto “Trilha para Ler”. Em julho, com repertório que passeia do erudito ao popular, Iara Ungarelli aborda composições surgidas a partir do século 15. Ao som de viola de gamba, instrumento de corda desenvolvido nesse período, a artista interpreta temas renascentistas e barrocos. Apesar de lembrar um violão, a viola de gamba se diferencia deste principalmente porque é tocada com um arco, como um violoncelo. Se você ficou curioso ao som de para ver de violão, viola perto, pode de gamba e conferir a percussão série de apresentações que começa no dia 2, às 11h, na Biblioteca Pública julho 2017 | emcartaz

Belmonte, e termina no dia 30, às 13h, na Chácara do Castelo.

Beatles, jazz e MPB Mais uma abordagem diferente para a música tocada apenas por instrumentos acontece em outras bibliotecas neste mês com Giovanni Matarazzo. Em seu projeto “Beatles Instrumental”, o músico apresenta o vasto repertório do quarteto britânico com arranjos especialmente elaborados para violão solo. Não faltam canções como “Get Back”, “Ticket to Ride” e “Yellow Submarine”. A série se inicia na Biblioteca Pública Álvaro Guerra, no dia 2, às 11h, e percorre outras seis unidades. Para quem gosta de jazz e MPB, o percussionista Ricardo Valverde apresenta um repertório com músicas brasileiras e internacionais, além de gêneros correlatos como a bossa nova e o samba. Os shows começam no dia 2, às 11h, na Biblioteca Pública Nuto Sant’Anna, e se encerram no dia 15, às 13h, na Mário Schenberg.


encontros palestras

Música Imigrante

nas Bibliotecas

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música árabe, hip-hop boliviano e muito mais artistas imigrantes na programação

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Canja Música árabe | Edson Henrique

Quem abre a programação na Biblioteca Pública Padre José Anchieta, dia 1º, às 14h, é o quarteto de canto, cordas e percussão Canja: Música Árabe, que reúne músicos da Palestina, da Síria e do Brasil. Outra atração é o trio feminino de hip-hop latino Santa Mala. As irmãs bolivianas Abigail, Pâmela e Jhenny, todas na faixa dos 20 anos, estão em contato com o gênero desde criança e se inspiram na própria trajetória de vida para criar. Elas se apresentam nos dias 22, às 14h, na Biblioteca Pública Anne Frank; dia 23, às 11h, na Clarice Lispector; dia 29, às 14h, na Camila Cerqueira César, e dia 30, às 11h, na Ricardo Ramos.

Santa Mala

ocê sabia que a cidade de São Paulo tem uma cena musical imigrante ativa, com talentosos artistas representantes de diversas nacionalidades, de países da América Latina e até da África? Se você ficou curioso, então é só se programar para ir até a biblioteca mais próxima. Em julho, a mostra Música Imigrante, que faz parte do programa Biblioteca Viva, acontecerá em nove bibliotecas públicas, em todas as regiões da cidade. A ideia de organizá-la partiu de uma iniciativa em andamento, o projeto Sarau dos Imigrantes, que começou em abril deste ano para divulgar o trabalho de músicos de diversos lugares do mundo e que hoje vivem e trabalham em São Paulo. Concebido pelo músico e publicitário Luiz Celso Piratininga, pelo produtor cultural Luiz Delfino Cardia e pelo músico e professor Irajá Menezes, o projeto tinha como objetivo, primeiramente, fazer uma web TV, mas a iniciativa se expandiu e chega agora, ao vivo, à rede de bibliotecas municipais.


música

Funk da cultura Rapper Le Maestro apresenta na zona leste o projeto “Ostentação na Cultura” Letícia Chiantia

Andressa Silva

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ascido em um município vizinho ao extremo leste da cidade, em um local violento e cercado pelo tráfico, o rapper Alex dos Santos, conhecido como Le Maestro, cresceu presenciando seus amigos e parentes mais próximos se afundarem nas drogas. Ele próprio foi usuário na adolescência. Essa história poderia ser só mais uma de tantas outras e ainda ter ganhado um triste desfecho. No entanto, Le Maestro, hoje com 27 anos, prova o contrário: terminou seu tratamento e entrou para o time de MCs da ONG Gerando Falcões, em 2013, para conscientizar outros jovens por meio do “MCs pela Educação”. Como o nome já diz, o projeto promove o funk e o rap que ostentam educação. Em julho, ao lado de dois músicos e uma b-girl, ele adapta o conceito na programação “Ostenção da Cultura” e se apresenta nas Casas de Cultura Guaianases e de São Miguel Paulista, na zona leste. As batidas de Le Maestro já foram ouvidas por mais de 300 mil jovens em escolas públicas e em espaços da Fundação Casa. A iniciativa chegou também a municípios do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. Em 2014, o rapper foi escolhido pelo Fórum Econômico Mundial como um dos jovens paulistas de até 30 anos com potencial para mudar o mundo. Veja ao lado a conversa com o músico.


Andressa Silva

Em 2014, Le Maestro (à esq.) foi escolhido pelo Fórum Econômico Mundial como um dos jovens paulistas de até 30 anos com potencial para mudar o mundo

Como foi a sua entrada no projeto? Eu cresci no município de Poá onde tem a sede da Gerando Falcões. Depois que fiz o meu tratamento, me encontrei com o Edu [Eduardo Lyra), que na época estava fundando a ONG. Juntos, começamos a andar pelas escolas da região. Ele fazia as palestras e eu cantava o rap. Vimos a necessidade de criar um projeto específico para aqueles jovens. Queríamos incentivá-los por meio de nossas experiências pessoais, além disso, mostrar que a educação é o melhor caminho para se chegar a algum lugar na vida. Qual a abordagem de vocês para motivar esses jovens? A gente chega para fazer o show apresentando as

histórias de transformação que temos dentro do grupo e depois as músicas. Somos em quatro MCs e um dançarino no projeto. Todos somos da comunidade e cada um tem uma história para contar. Por exemplo, falamos sobre drogas porque eu sou um ex-dependente; sobre bullying porque tem a Tuxa que sofria com isso; ou sobre representatividade por causa da Cacau, que é negra e sempre sofreu muito com isso na escola. Como são as letras das músicas? O nosso repertório é todo autoral. Tratamos muito sobre educação e questões ligadas ao assunto, como o convívio em sala de aula. Nas letras, também entram as questões de emcartaz | julho 2017 27


palestras música

empoderamento feminino. Encerramos sempre com a música “Como Nossos Pais”, de Belchior, na versão cantada pela Elis Regina. É uma forma de falarmos sobre existência e homenagearmos os professores que se dedicam para oferecer um futuro melhor a esses jovens Qual a receptividade dos jovens? Temos um retorno muito positivo por meio dos grupos nas redes sociais, nos quais recebemos o feedback dos jovens e de muitos professores. Esses dias, eu retornei a uma escola onde estive há dois anos e fiquei super emocionado porque a professora falou que lá tinha um grupo de alunos que não sabia mais o que fazer, mas depois da visita dos MCs mudaram completamente e, hoje, estão todos encaminhados. Tem uma pesquisa também que aponta que 95% dos jovens avaliam de forma positiva a ação. Eles se conscientizam da importância de estudar e não usar drogas.

Trecho de “Ostentando educação”, música DE Le maestro “Armado com lápis, borracha e caderno na mão / Progresso é inevitável lendo livro bom / Atencioso ao professor não vacila, não / Vai ter futuro promissor, estudando de montão / Quem não soma com a ideia vacila grandão, mete marra quando tá com vários beberrão / Eu quero ver se é zica mesmo resolvendo a fração, na matemática tomar bomba nunca, não / No português a sua escrita ser de um campeão, em todas matérias dedicar devida atenção”

Apresentaç õ es

Quais são os planos futuros? Nossa meta é estar no ano que vem em outros locais do Brasil. Em breve, vou iniciar um projeto que se chama “Escola de MCs” para descobrir novos talentos, não só em São Paulo, mas em outros estados.

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Casa de Cultura Guaianases. Dia 3, 14h Casa de Cultura de São Miguel Paulista - Antonio Marcos. Dia 7, 15h Grátis

Veja a programação completa no site www.emcartaz.prefeitura.sp.gov.br

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teatro Carlos Canhemeiro

PEQUENOS FORMATOS, GRANDES RESULTADOS 3ª Mostra de Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos apresenta “Boi Ronceiro - Uma Fábula de Horror” e “ANTIdeus”, espetáculos inéditos selecionados pelo edital do Centro Cultural São Paulo Gilberto De Nichile

Cacá Bernardes

I

magine você se, do dia para a noite, todos os feriados religiosos do país fossem extintos por decreto presidencial. Qual seria a reação da Igreja, dos trabalhadores, dos estudantes, das empresas de turismo e do comércio em geral? Partindo dessa hipótese, o dramaturgo Carlos Canhameiro escreveu a peça “ANTIdeus”, que estreia dia 7 na sala Jardel Filho, emcartaz | julho 2017 29


Carlos Canhemeiro

do Centro Cultural São Paulo (CCSP). O espetáculo substitui “Boi Ronceiro - Uma Fábula de Horror”, de Ricardo Inhan, que sai de cartaz no dia 2. Ambas as produções fazem parte da 3ª Mostra de Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos do CCSP e foram selecionadas entre mais de 200 textos que se inscreveram no projeto. Em agosto, é a vez de “A Mulher que Digita”, de Carla Kinzo, com direção de Isabel Teixeira.

ANTIdeus “Minha peça não é anticlerical”, enfatiza o autor de “ANTIdeus”. “Na verdade, também não me incomodam os aspectos econômicos que poderiam advir de tal medida governamental. O que me interessa é questionar até que ponto a influência da religião na sociedade pode ser benéfica ou não, e se um estado totalmente laico não facilitaria uma relação mais solidária entre as pessoas, longe dos preconceitos e dos radicalismos.” Canhameiro lembra que, além de servir de motivo para alguns aspectos históricos sombrios da humanidade, como as Cruzadas, a Inquisição e as Guerras Santas, ainda hoje a religião afeta diretamente as mulheres, crianças e toda a comunidade LGBT. “Assim, nas nove cenas que integram a peça, são abordados aspectos práticos dessa interferência, como as questões do aborto, da homossexualidade e da liberdade sexual.” O dramaturgo vem do curso de Artes Cênicas da Unicamp, onde se formou e se doutorou. De lá, convidou quatro dos seis atores do espetáculo que, além de interpretarem, cantam e tocam instrumentos: Lineker e Paula Mirhan (canto), Rui Barossi (contrabaixo), Ernani Sanches (guitarra), Marilene Grama e Daniel Gonzáles. Os cenários e figurinos são de Renan Marcondes e a direção do próprio Canhameiro.

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Trecho de ANTIdeus:

“Decreto que Natal, Corpus Christi, Padroeira da Cidade ou do País, Páscoa, entre outros feriados religiosos, não poderão mais liberar os trabalhadores de suas obrigações.” Ass.: o Presidente


teatro

Dramaturgia em Pequenos Formatos Boi Ronceiro

Cacá Bernardes

“Boi Ronceiro - Uma Fábula de Horror”, texto de Ricardo Inhan, aborda questões fundiárias e os conflitos de uma tradicional família mineira. O reencontro entre dois velhos amigos em um pedaço de terra no sul de Minas Gerais revela que a cerca que os separava na infância ainda predomina na sisudez de um estado parado no tempo. Quando a esposa grávida de um deles questiona o rompimento da amizade, as bases do coronelismo, família, latifúndio e poder vêm por terra. A direção é de Mariana Vaz e no elenco estão Eduardo Gomes, Luciana Lyra e Pedro Stempniewski.

Apresentaç õ es

Boi Ronceiro - Uma Fábula de Horror. Sala Jardel Filho. +14 anos. Até dia 2. 6ª e sáb., 21h. Dom., 20h. R$ 10 ANTIdeus - Sala Jardel Filho. +14 anos. De 7 a 30. 6ª e sáb., 21h. Dom., 20h. R$ 10 (dia 14, preço popular: R$ 3)

O Edital de Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos, do Centro Cultural São Paulo (CCSP), tem como objetivo fomentar a criação teatral e promover, dentro da programação do CCSP, peças inéditas que vieram dessas dramaturgias. A qualidade dos espetáculos já foi reconhecida pelo público e crítica especializada. Autora de “Mantenha Fora do Alcance do Bebê”, Silvia Gomez ganhou o Prêmio APCA e foi indicada ao Prêmio Shell. Vinicius Calderoni, por sua vez, dramaturgo de “Os Arqueólogos”, também foi escolhido o Melhor Autor pela APCA e indicado ao Shell. Já, pelo projeto em si, o Centro Cultural São Paulo esteve entre os finalistas do Prêmio Shell de Teatro 2016 na categoria Inovação, pelo estímulo à experimentação de novas formas cênicas, dramatúrgicas e de produção.

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vem aí Solar da Marquesa de Santos | Sylvia Masini

vem Aí

em agosto A JORNADA DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO Patrimônio Histórico é sinônimo de memória, mas também pode ser de diversão. Quer saber por quê? Nos dias 19 e 20 de agosto, acontece a Jornada do Patrimônio, evento promovido pela Secretaria Municipal de Cultura por meio do Departamento do Patrimônio Histórico. A ideia é que o participante adquira um novo olhar para as casas, prédios, parques e monumentos da cidade de São Paulo. Com o tema “Construindo Histórias”, esta edição procura refletir sobre as mudanças de uso e significado do patrimônio e o que elas projetam para o futuro. A programação será organizada em eixos que tratam do modo de 32

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viver na cidade: estudar, trabalhar, morar, comprar e vender, circular, lembrar e divertir-se. Dessa forma, no eixo “divertir-se”, por exemplo, serão propostas atividades a partir do conceito do que já foi diversão para a cidade e o que é hoje. Teatros independentes registrados como patrimônio imaterial, bailes, exposições com a história dos espaços que recebem programação e até canto gregoriano em igrejas e outros templos religiosos tombados como patrimônio histórico integram a programação, que poderá ser consultada em breve no site www.jornadadopatrimonio.prefeitura. sp.gov.br


gostou da programação? Veja onde vai acontecer

Biblioteca Pública Camila Cerqueira César | Sylvia Masini

BIBLIOTECAS PÚBLICAS Biblioteca Adelpha Figueiredo Pça. Ilo Ottani, 146, Pari. Zona Leste | tel. 2292-3439

Biblioteca Clarice Lispector R. Jaricunas, 458, Bairro Siciliano. Zona Oeste | tel. 3672-1423

Biblioteca Álvaro Guerra R. Pedroso de Moraes, 1.919, Pinheiros. Zona Oeste | tel. 3031-7784

Biblioteca Mário Schenberg R. Catão, 611, Lapa. Zona Oeste | tel. 3675-1681 e 3672-0456

Biblioteca Anne Frank R. Cojuba, 45, Itaim Bibi. Zona Oeste | tel. 3078-6352 Biblioteca Belmonte R. Paulo Eiró, 525, Santo Amaro. Zona Sul | tel. 5687-0408 Biblioteca Camila Cerqueira César R. Waldemar Sanches, 41, Butantã. Zona Oeste | tel. 3731-5210 Biblioteca Chácara do Castelo R. Brás Lourenço, 333, Jd. da Glória. Zona Sul | tel. 5573-4929

Biblioteca Nuto Sant’Anna Pça. Tenório Aguiar, 32, Santana. Zona Norte | tel. 2973-0072 Biblioteca Padre José de Anchieta R. Antônio Maia, 651, Perus. Zona Norte | tel. 3917-0751 Biblioteca Raul Bopp R. Muniz de Sousa, 1.155, Aclimação. Zona Sul | tel. 3208-1895 Biblioteca Ricardo Ramos Pça. do Centenário de Vila Prudente, 25, Vila Prudente. Zona Leste | tel. 2273-4860

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CASAS DE CULTURA

TEATROS MUNICIPAIS

Casa de Cultura de Guaianases R. Castelo de Leça, s/nº, Jd. Soares. Zona Leste | tel. 2016-1961

Teatro Alfredo Mesquita Av. Santos Dumont, 1.770, Santana. Zona Norte | tel. 2221-3657

Casa de Cultura de São Miguel Paulista - Antonio Marcos R. Irineu Bonardi, 169, Vila Pedroso. Zona Leste | tel.: 2297-9177

Teatro Arthur Azevedo Av. Paes de Barros, 955, Mooca. Zona Leste | tel. 2604-5558

CENTROS CULTURAIS

Teatro Cacilda Becker R. Tito, 295, Lapa. Zona Oeste | tel. 3864-4513

Centro Cultural do Jabaquara R. Arsênio Tavolieri, 1, Jd. Oriental. Zona Sul | tel. 5011-2421

Teatro Flávio Império R. Prof. Alves Pedroso, 600, Cangaíba. Zona Leste | tel. 2621-2719

Centro Cultural São Paulo R. Vergueiro, 1.000, Paraíso. Centro | tel. 3397-4002

Teatro Paulo Eiró Av. Adolfo Pinheiro, 765, Santo Amaro. Zona Sul | tel. 5646-0449 e 5686-8440

Praça das Artes Av. São João, 281. Centro | tel.: 4571-0401

Theatro Municipal de São Paulo Pça. Ramos de Azevedo, s/nº, Centro | tel.: 3053-2090

Teatro Alfredo Mesquita | Sylvia Masini

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expediente Secretário de Cultura André Sturm Secretária adjunta Josephine Bourgois Chefe de Gabinete Giovanna M.R. Lima

Redação

Editor-chefe Luiz Quesada Editora-assistente Giovanna Longo Redação Carolina Bressane Gabriel Fabri Gilberto De Nichile Leticia Chiantia Luísa Bittencourt Projeto gráfico Viviane Lopes Isoda Fotografia Sylvia Masini Redes Sociais Cidy Dionísio Secretária de redação Ivani Yara dos Santos Estagiários Paulo Vinícius (design) Raquel Nogueira (audiovisual)

Impressão Gráfica Print Tiragem 50.000 exemplares EmCartaz é uma publicação da Assessoria de Comunicação da Secretaria Municipal de Cultura Endereço Av. São João, 473 10º andar São Paulo | SP CEP. 01035-000 Tel: 3397-0000 | Fax: 3224-0628 e-mail leitoremcartaz@prefeitura. sp.gov.br Sites da Secretaria Municipal de Cultura www.prefeitura.sp.gov.br/ cultura (geral) www.emcartaz.prefeitura. sp.gov.br (programação)

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