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19.A literatura homilética

Padre António Vieira,sacerdote jesuíta, filósofo eescritor português (1608-1697), vultoextraordináriodacultura portuguesa, aqui retratadoa pregar no Brasil.

A pregação é umaparte fundamental da vida Cristã.Do próprio JesusCristoé ditoque, após a Suaressurreição,disseaosseus discípulos: «ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho o todo o criaturo» (Mc. 14,1 5). Emfidelidadeaeste mandato de Jesus,oscristãos primitivos entregaram-se adistintosdiscursos anunciadores daSuapessoaemensagem(ver, porexemplo, At. 2,14-36).Aolongo dos tempos, esta literaturaadquiriurostos muitodiversos-desdea homilética moralizante dospovospagãosà homiléticaexperiencialdaépoca coeva,passandopela homilética exegéticanoscenários onde oprotestantismo se iaalicerçando , maspode-se dizer quea mesmaé formada por textos comcaracterísticas assaz comuns, que formam todauma, propriamente cristã,literatura homilética (palavra que vemde um termo que significa "comunicaçãoverbal").

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Doelenco dosgrandes predicadores cristãos pode-se fazerreferência: aocisterciense francêsBernardodeClaraval (1090-1153) eaos seus oitenta e três Sermões acerco do Cântico dos Cânticos; aojesuíta portuguêsAntónio Vieira(1608-1697) eaosseus maisde duzentos sermões, emespecial o Sermõode SantoAntónio aos Peixes onde denunciaaimoralidade dos habitantes dacidadede São Luís do Maranhão-e ao Sermõo da Sexagésima - autêntica exposição acerca decomorealizar bonssermões -; e,porfim,ao sacerdote francês, da Eparquiagreco-católica de Beirute,Jean Corbon (1924-2001)eàssuas homilias dominicais reunidasnaobra Istochama-se o Aurora. Como testemunho deumtexto homilético,transcreve-se aqui algumas palavras deumdos sermões dopadre António Vieira.

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Fimdo 480 sermãoeinício do49 0 sermão de Bernardo de Claraval sobre o C6ntico dos C6nticos e pintura do seu autor.

"Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando comos pregadores, sois o saldaterra: e chama-lhes sal daterra, porque quer quefaçam na terra o quefaz o sal. O efeito dosal é impedir a corrupção; mas quando a terra sevê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nelaque têm ofício de sal, qual será, ou qualpodeser a causa desta corrupção? Ou é porque o salnão salga, ou porque a terra se nãodeixasalgar. Ou é porque o salnãosalga , eos pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se nãodeixa salgar eos ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhesdão, a não querem receber.Ou é porque o salnãosalga, eos pregadores dizemuma cousa e fazem outra; ou porque a terra se nãodeixasalgar, eos ouvintes querem antes imitar o queeles fazem,quefazer o quedizem. Ou é porque o salnãosalga, eos pregadores se pregam a si e não a Cristo; ou porque a terra se nãodeixa salgar, eos ouvintes, em vezde servir a Cristo , servem a seus apetites. Não é tudo istoverdade? Ainda ma!!".

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