Revista ME 50 Anos - 2015/ 2

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movimento Revista do Movimento Encontrão - Jovens - Edição 07 - Ano 2015

me.org.br


A minha história de fé, vocação e ministério

Brasil. Em 2015, concluí minha rodada por todos esses

se misturam com essa longa caminhada do

Encontrões Regionais, desde o Encontrão Jovem no

ME que, teimosamente, insiste no discipulado,

Nordeste, passando pelo Espírito Santo, Santa Catarina

na evangelização e no reavivamento na Igreja

e Rio Grande do Sul. Para mim, é um privilégio fazer

Luterana. Foi assim desde minha infância, ainda

parte dessa história, de diferentes maneiras: como

nos Encontrões de Área, em Lageado/RS, depois

um adolescente, que esperava ansioso por cada um

passando para os Encontrões Jovens Regionais,

desses encontros, como coordenador geral e até

em Pelotas/RS, Igrejinha/RS e tantos outros.

palestrante em tantos deles. É bom lembrar-me de

Mal sabemos o impacto que esses encontros

tantos veteranos do ME, que foram fundamentais na

proporcionam na vida de milhares de jovens todos

minha caminhada, e hoje poder ajudar adolescentes

os anos. Assim foi quando assumi, como primeiro

e jovens na consolidação de sua fé. Melhor ainda

coordenador do Ministério Jovem, em 2000, uma

é saber que esse legado continua vivo, e outros

aventura em promover o primeiro EJN - Encontrão

estão vindo após mim, com paixão e compromisso.

Jovem Nacional. Já sabíamos como fazer, pois tínhamos Ituporanga/SC, com seus mais de 20

Samuel Schaefler Curitiba/PR

AGENDA

EXPEDIENTE

anos, e ainda outros Encontrões espalhados pelo

Revista Movimento Revista de circulação interna do ME Edição 8 Ano 2015/2 Tiragem: 4.000 exemplares Distribuição gratuita

08 a 17 de janeiro Projeto Missionário Missão Zero/ Três Lagoas/MS 20 de janeiro a 03 de fevereiro Projeto Missionário – Missão Zero / José de Freitas/PI 06 a 09 de fevereiro Encontrões Regionais 15 a 19 de fevereiro Semana Acadêmica - FATEV 19 e 20 de março Escola de Líderes Jovem CPM – Curitiba/PR

Diretor Executivo ME: Airton Härter Palm Editorial: Joana A. Bauer Wulff Projeto Gráfico: Paulo Eduardo Sell Revisão: Simony Ittner Westphal Diagramação: Paulo Eduardo Sell

28 de março a 01 de abril Primeira semana de aulas presenciais da Pós Graduação da FATEV Curitiba/PR e Novo Hamburgo/RS 02 e 03 de abril Assembleia Geral do ME CPM – Curitiba/PR 17 de abril Campanha nacional de ofertas para a Missão Zero 25 e 26 de junho Encontro de Lideranças Florianópolis/SC

27 a 30 de junho Encontro de Obreiros Florianópolis/SC 26 a 28 de agosto Encontro de Empresários Florianópolis/SC 17 e 18 de setembro Encontro de Líderes do Ministério Infantil Curitiba/PR 23 de outubro Campanha nacional de ofertas para a Missão Zero

Movimento Encontrão Rua Francisco Caron, 630 CEP 82120-200 - Pilarzinho Curitiba/PR |41| 3302-5100 - me@me.org.br www.me.org.br

Você pode ser parceiro do Movimento Encontrão, pagando o boleto que está avulso nesta revista ou depositando na seguinte conta: Movimento Encontrão CNPJ 40.388.647/0001-57 Bradesco Ag. 1808-2 CC. 3216-6


Nova História conversão.

A palavra sacerdote já existe há milênios, tanto entre os antigos hebreus como entre os politeístas e idólatras anteriores. Com toda a sua indumentária, cheia de simbolismos, o sacerdote liderava o povo, na sua adoração a Deus ou aos deuses. Com a chegada de Jesus Cristo, o sacerdote passa a existir a partir de um encontro pessoal com ele (leia Hb 7.4-28). O grupo principal de Jesus era constituído de um publicano, um zelote e vários pescadores, dentre os quais, um líder semianalfabeto. Portanto, um grupo heterogêneo e sem qualquer preconceito. Sem qualificação especial, apenas com uma fé, pura e simples, Jesus confiou-lhes a divina tarefa de pregar o evangelho, curar enfermos, purificar leprosos, expelir demônios, ressuscitar mortos (Mt 10.7,8), etc., dando-lhes, assim, autoridade para isso. A vocação também nos é dada por Jesus Cristo. E, certamente, é concedida com base no testemunho de fé de Pedro (“... tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Ao que Jesus responde: “... sobre esta pedra edificarei a minha igreja...” [Mt 16.16-18]). O apóstolo Pedro, muitos anos depois, escreveu aos cristãos dispersos por causa da perseguição: “Vocês, porém, são raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pe 2.9-10). Olhando para a minha vida, consigo me identificar como alguém chamado pela graça de Deus, de uma vida trivial para uma vida comprometida com ele, por meio de minha

A partir do conhecimento de Jesus, que 3 morreu também por mim, sofrendo morte atroz, a seara já me esperava para servi-lo. Pregar o evangelho, aconselhar e orar com pessoas que Deus ia colocando no meu caminho, isso sempre me trouxe grande alegria. Tendo como base a comunidade de irmãos na fé e o apoio que recebi de minha esposa e filhos, continuava desempenhando, voluntariamente, minha função, de acordo com os dons que Deus me concedia em sua graça. Buscando sempre a orientação do Trino Deus e o conselho de irmãos, por cerca de vinte anos, desempenhei também funções administrativas nas esferas da Comunidade, do Sínodo e da IECLB. Contudo, nada disso realizei para me engrandecer e subir na escala de valores eclesiásticos, mas, unicamente, em gratidão a Deus. Assim, entendo enquadrar-me no sacerdócio real de todos crentes. Carlos Lichtler Novo Hamburgo/RS

Desde que me envolvi com as reuniões de Área do ME, na região de Novo Hamburgos/RS, fui desafiada por essa palavra do Carlos. Não era apenas ele quem dizia isso, mas também muitos outros líderes. O Armindo Pufal me pegou pelo braço e levou a muitos encontros de lideranças e reuniões. Sou grata a Deus por ter esses irmãos experientes à minha volta, são exemplos de fé e serviço. Não tenho dúvidas de que minha vocação para a psicologia também veio de Deus e é baseada no sacerdócio real. Com minha vocação, quero servir à Igreja e, assim, vendo a história deles, animo-me a seguir adiante no serviço para os de dentro e, especialmente, para os que ainda estão fora da Igreja. Joana A. Bauer Wulff Ministérios Movimento Encontrão.

Rui Petry Pastor em Florianópolis/SC


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O Movimento Encontrão não surgiu do

vizinhos o eram. Em meio à diversidade religiosa

nada, mas tem uma história que lhe antecede.

urbana, em que, por exemplo, igrejas pentecostais

Formou-se nos anos 1960, pelo encontro

se multiplicavam, essa herança deixava a desejar.

de diversas influências. Mencionarei duas.

Mais do que vínculos familiares e culturais, era

Entre as duas Guerras Mundiais, o

preciso ter convicção pessoal da fé para sobreviver.

missionário Alfredo Pfeiffer iniciava o trabalho

Nessa situação, a proposta de evangelização dos

da Missão Evangélica União Cristã, que veio a

Navegadores nos ensinaria lições importantes.

criar raízes no litoral catarinense e no planalto

gaúcho. Em 1948, o pastor Alcides Jucksch

norte-americanos se dispôs a suprir a falta de

começou a evangelizar. Nos 60 anos seguintes,

pastores na IECLB, Deus criou a oportunidade

esse ministério o levaria a pregar em centenas

para fazer confluir essas diversas influências. Por

de comunidades luteranas. Por meio de ambos,

serem luteranos sem o vínculo cultural alemão,

o despertamento europeu do século 19 lançou

ajudaram-nos a ser luteranos no Brasil. Assim, uma

raízes na Igreja Evangélica de Confissão Luterana

evangelização em Novo Hamburgo (1965) marcou

no Brasil. Até então, essas influências eram bem

o início de uma caminhada. Nela continuamos

esparsas (p.ex. Missão de Basileia), uma vez

aprendendo a encarar os desafios do nosso tempo.

que os imigrantes que formaram nossa igreja

Em fidelidade à Sagrada Escritura, compartilhamos

vieram de regiões em que essa renovação

a boa nova de Jesus (evangelização), ajudamos a

pouco

evangélica.

firmar na vida de fé obediente (discipulado) e a

Depois de 1950, acelerou-se o processo

capacitar para a liderança fraternal (sacerdócio

de urbanização do Brasil. Também luteranos

geral). Que Deus continue a boa obra que iniciou.

influenciara

deixavam

atividades

a

igreja

agrícolas,

Assim, quando um grupo de pastores

migrando

para cidades. Lá não mais viviam em colônias homogêneas, mas em meio à pluralidade urbana efervescente. No entanto, a identidade eclesiástica deles se confundia com a sua origem germânica. Ela não os preparara para esse impacto. Na colônia se era luterano porque os pais e os

Martin Weingaertner Professor na FATEV


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“Nenhum plano ou programa pode trazer, induzir ou criar avivamento. O que precisamos não é nada menos do que ‘ressurreição dos mortos’, em termos tanto de poder necessário quanto da vida concedida.” (John Armstrong) A Bíblia não traz a palavra avivamento, mas reproduz o seu conceito em cada uma de suas páginas: “voltar a viver”, “restaurar”, “despertar”, “revigorar”. Experimentar nova vida em Cristo é ser reavivado ou vivificado por Deus. O Movimento Encontrão é reconhecido por sua história como um movimento de despertamento espiritual de pessoas e comunidades. Ele tem sido usado por Deus para despertar pessoas à vida em Cristo, revigorar a fé daqueles que estavam enfraquecidos, restaurar a visão do propósito da vida comunitária. Sou fruto desse avivamento. Natural de Canguçu/RS, fui alcançado por Deus, em minha comunidade, quando ali se anunciou que Jesus Cristo me amava, que me perdoava, aceitava e me chamava para andar com ele todos os dias da minha vida, como meu Senhor e Salvador. Fui evangelizado. Estava morto e ganhei vida em Cristo Jesus! Ainda ali pude ser acompanhado para que a vida de Cristo pudesse ser formada em mim. Fui discipulado. Fui restaurado! No início da minha caminhada de fé, fui ajudado a entender que a minha vida tinha um propósito: glorificar a Deus! Fui capacitado!

Isso ficou mais claro ainda quando pude trabalhar na Missão Zero, no Sertão Nordestino, e ver tantas vidas e famílias sendo restauradas, revigoradas e vivificadas. Fui despertado! Glorificado seja Deus pelo avivamento na minha vida, na vida de tantos outros, e que nunca nos esqueçamos de que ainda há muita gente precisando ser vivificada ao nosso lado, nas nossas famílias, em nossas comunidades e nos confins da terra. Juliano M. Peter São Gabriel da Palha/ES

A história da mulher que “sangrava há doze anos” (Mc 5.24-34) parecia se encontrar com minha história. E o olhar terno de Jesus, querendo saber quem o tocou, querendo oferecer intimidade àquela mulher, aquele olhar também era para mim. Era noite de culto na recém-formada Comunidade Luterana de Ouricuri/PE. Naquela noite, a história contada pelo Juliano tocou meu coração. No entanto, o processo somente ficou completo quando, semanas depois, encontrei um livro na pequena biblioteca deste pastor, e o devorei; ele explicava como Jesus poderia ser o sentido da minha vida. E, desde então, após haver me entregado completamente a Cristo, não o abandonei, nem ele me abandonou. Entre os altos e baixos naturais da vida humana, posso dizer: meu coração, que sangrava há muito tempo, parou também de sangrar. Weslley Rodrigues Sertão Nordestino


“Assim como o ferro com o ferro se afia, o homem afia ao seu companheiro” (Pv 27.17) Na minha infância, eu vi, muitas vezes, minha avó afiando suas facas de cozinha. Ela tinha duas, de ferro e friccionava uma na outra no lado do fio. Assim ela afiava ambas ao mesmo tempo. E elas eram muito perigosas, de modo que ficavam sempre longe do meu alcance! Na prática do discipulado, visamos preparar pessoas que sejam esteios nas comunidades. Estas preparam outras pessoas, dentro do mesmo padrão de qualidades morais e espirituais e que devem alcançar o mesmo nível em conhecimentos e experiências. Jesus ensinou que “o discípulo não está acima do seu mestre, mas todo aquele que for bem preparado será como seu mestre” (Lc 6.40). E, nesse preparo, ambos, mestre e discípulo ficam equipados para cumprir sua tarefa na igreja e no mundo. O discipulado cristão, mais que um método de trabalho, é um estilo de vida. Não é uma atividade que é desenvolvida na igreja, de vez em quando, ou ao sabor das paixões ou inspirações do momento. É uma ação contínua e objetiva, que precisa ser exercitada no dia a dia do ministério das comunidades. Quando se treina um atleta, seu preparo é constante, e não apenas quando ele vai a uma competição. As facas de vovó estavam sempre afiadas! Treinamento era uma das palavras-chave dos inícios do Movimento Encontrão. Ao lado da evangelização e da edificação, formavam o tripé da teologia e da prática ministerial do movimento, que celebra seus 50 anos de história. E, se este deixa suas marcas importantes na história da

igreja brasileira e ainda tem muita vitalidade é porque, em seu meio, homens e mulheres foram sendo discipulados e se tornaram alavancas do Reino de Deus. E esse estilo de vida (fazer discípulos, que fazem discípulos, que fazem discípulos...) há de continuar a ser exercitado enquanto os integrantes do ME tiverem visão e quiserem ser relevantes na história. Sergio Schaefer Discipulado e Pastoreio de Pastores do ME

Em minha caminhada no ministério, junto à Missão Zero, tem feito toda a diferença o fato de ser acompanhado por meu discipulador. Ter alguém com a autorização para me incentivar e, ao mesmo tempo, confrontar, impulsiona-me a crescer e superar barreiras que dificultam o trabalho no Reino de Deus. Nasce então a vontade de fazer o mesmo. Na comunidade em que sirvo, tenho experimentado ser este que incentiva e confronta. A caminhada é bonita como uma rosa: com cores, perfumes e espinhos. O discipulado tem se mostrado o ambiente ideal para o crescimento na fé. E o testemunho que surge dessa jornada é algo que anima o coração. Dia após dia, é possível ver a grande diferença na vida daqueles que tenho acompanhado tão de perto. Matias Francisco da Silva Teresina/PI


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Desde o começo, notou-se que, entre os membros da IECLB, reinava um “analfabetismo bíblico”. Mesmo sendo participantes das comunidades, não sabiam manejar as Escrituras e não conheciam as doutrinas centrais da igreja. Nossa convicção era que cada cristão batizado soubesse e vivesse o significado da justificação por graça, mediante a fé em Cristo. Assim, desde o início, o ME acreditava no compromisso com a qualificação de cada cristão. Esse processo aconteceu e ainda acontece, em várias etapas, a partir desse movimento. Por essa razão, foram iniciados os grupos de estudo bíblico, chamados grupos ECO, para estudar a Bíblia, compartilhar o seu testemunho de fé e manter-se unidos em oração. Na etapa seguinte, foi acentuada a importância do chamado TRIPÉ: Evangelização, Edificação e Discipulado (capacitação). Para concretizar este último item surgiram: o discipulado pessoal, os retiros de liderança, encontros de obreiros, etc. Aos poucos, a necessidade de formação evoluiu para o Curso Bíblico Teológico Básico (CBTB), que representou a etapa intermediária para um curso teológico mais elaborado. Assim surgiu, em 1987–92, o curso de Educação Teológica à Distância (ETD). Ele consistia em estudos orientados e acompanhados à base de um livro texto elaborado para esse fim. A etapa seguinte foi a criação de um Curso Teológico Formal, de três anos, sediado em Curitiba, que tinha por finalidade a formação de agentes de pastoral (1992-1998). O curso funcionava à noite, pois os estudantes trabalhavam durante o dia. Esse curso evoluiu para a criação da Faculdade de Teologia Evangélica em Curitiba, FATEV,

autorizada pelo Concílio da IECLB no ano de 2000, para formar missionários, que deveriam atuar naquelas cidades em que não havia a presença de comunidades da IECLB. Em 2007, o curso de teologia foi autorizado pelo Ministério de Educação e Cultura (MEC), e o reconhecimento foi homologado em 2011. De lá para cá, mais de cento e vinte estudantes obtiveram o bacharelado em teologia na FATEV e estão atuando nas mais diversas áreas profissionais e ministeriais. Destes, muitos exercem o seu ministério na IECLB, sendo que vários são ministros ordenados. Outros, porém, estão servindo em diversas igrejas no Brasil e no exterior. Além disso, muitas pessoas, em diferentes regiões do Brasil, têm sido capacitadas por iniciativas locais, como cursos de extensão, seminários e eventos pontuais com vistas à formação. E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda percepção para pr o v a r d e s a s c o i s a s e xc e l e n t e s. . . (Fp 1.9-10 - ARA). Arzemiro Hoffmann e Rodomar Ramlow FATEV


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No decorrer dos últimos anos, vimos o crescimento da comunidade e o desenvolvimento de bons frutos nela, sendo muito gratos a Deus por isso. Influenciados pelas propostas do pastor Ricardo Agreste, a respeito de revitalização de comunidade, reorganizamos a rotina da Comunidade Apóstolo Pedro, definindo prioridades e ajustando o foco de atuação. À semelhança do apóstolo Paulo, que se preocupou com as perguntas que vinham do aerópago (At 17), decidimos voltar nosso olhar para fora, não apenas para o templo e suas demandas.

Aproximamos nossos líderes do processo para sonhar, planejar, executar e respaldar nossas ações. Percebemos que a porta de entrada de pessoas na comunidade eram o culto da noite, o curso Alpha e o grupo de jovens. Assim, reestruturamos nossos pequenos grupos para funcionarem como agentes de integração dessas pessoas na Pedro*. Incentivamos a intencionalidade nos relacionamentos pessoais, o que aumentou a frequência nos cultos e pequenos grupos, pois os novos participantes atraem outros novos participantes com muita facilidade. Temos ainda muitas coisas para implementar, em curto e médio prazo. Sonhamos com uma comunidade relevante em nosso tempo e contexto, mas podemos dizer, com alegria, que a Pedro é uma comunidade em revitalização. *A Comunidade Apóstolo Pedro, centro de Jaraguá do Sul/SC, existe há mais de 100 anos e, hoje, conta com três obreiros de tempo integral.

Daniel Andréas Port Jaraguá do Sul/SC

Tínhamos fé e coragem*. Faltavam experiência em missão e visão para plantar igrejas. Não tivemos dificuldades em alcançar pessoas novas com o evangelho. Tivemos muitas dificuldades para conservá-las na comunhão da nova igreja. Nessa primeira experiência de plantar igreja, aprendemos algumas coisas pelo método de “erro e acerto”. Destaco duas. Primeiro: uma equipe missionária. Levou um bom tempo até que a nossa equipe estivesse entrosada e formasse uma visão conjunta de trabalho. A equipe, porém, foi decisiva em vários aspectos. Serviu de referência cristã para as pessoas que iam chegando à fé. Uma das razões por que a igreja em Três Lagoas tornou-se um projeto autossustentável se deve ao fato de ter sido plantada por uma equipe. Segundo: pequenos grupos. Tivemos que aprender

a fechar melhor a porta dos fundos. Depois de algumas crises, reformulamos nossa visão de edificar igreja. Adotamos um modelo de igreja em células. Passamos a ter uma proposta mais consistente de pastoreio dos novos membros, de discipulado, evangelismo e de formação de novas lideranças. Assim, nos últimos oito anos, a igreja de Três Lagoas cresce, anualmente, entre 10 a 15 % em seu número de membros e na frequência aos cultos dominicais. *O Movimento Encontrão iniciou como um movimento de avivamento e revitalização de comunidades. Em 1988, foi elaborado um projeto de plantação de igrejas. Começou a ser colocado em prática em 1989, quando uma equipe missionária, por mim liderada, instalou-se em Três Lagoas/MS. Nascia, assim, a Missão Zero, que tem por meta plantar igrejas. Irno Prediger Castilhos/SP


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Missão não é uma escolha pessoal ou um favor que fazemos para Deus, é uma escolha do próprio Deus. Ele é um Deus missionário, que vem ao nosso encontro, em nossa fragilidade humana. É ele também quem nos envia para sermos bênção e para abençoar. Este foi o mandato de Deus para Abraão: “Farei de você um grande povo, e o abençoarei. Tornarei famoso o seu nome, e você será uma bênção” (Gn 12.2). Quando fazemos missões, estamos abençoando a outros com o poder transformador da Palavra de Deus. Jesus, antes de ser elevado às alturas, deu uma

ordem para seus discípulos. Ele não perguntou se eles gostariam de participar na sua obra, ele os enviou. “Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos” (Mt 28.19-20). O evangelho precisa ser compartilhado, e só por meio da ação missionária, podemos fazer o evangelho de Cristo conhecido e evidente na vida das pessoas. Quando aceitamos a Cristo e passamos a conhecê-lo, nossa vida é preenchida por ele e, consequentemente, queremos compartilhá-lo com todos.

A missão está no coração de Deus, e ele nos desafia: “como ouvirão se não há quem pregue, e como crerão?” (Rm 10.14c). Portanto, o mundo precisa de pessoas que se comprometam com Deus, em pregar e anunciar as boas novas de salvação: ”Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas” (Rm 10.15c). A tarefa de anunciar o evangelho de Cristo passa por uma caminhada árdua, porém, gratificante. Jesus nos deixou uma palavra de ânimo e esperança: “Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt 28.20). Ter Jesus como companheiro nessa caminhada é algo singular. Portanto, cabe a nós responder positivamente ao chamado missionário e realizar, com zelo e alegria, a tarefa que Jesus nos ordenou. Em resposta a esse chamado de Deus, a Missão Zero nasceu dentro do Movimento

Encontrão, no auge da sua juventude, a partir do movimento de Deus e do agir do Espírito Santo entre nós. Além do avivamento, em muitas das comunidades da IECLB, o coração pulsava pelo encontro com pessoas além dos nossos muros. Discernindo a vontade de Deus e obedecendo à sua Palavra, o ME, por meio da Missão Zero, tem ido e tem encontrado diferentes pessoas, em diferentes lugares no Brasil e no mundo. Com isto, nossa família tem aumentado em número, riqueza de cultura, línguas e raças. Em obediência à Palavra de Deus, e assim como os missionários americanos, que chegaram ao Brasil há 50 anos, queremos continuar indo para diferentes lugares. Queremos anunciar a salvação em Jesus e proporcionar a mais pessoas um encontro com este Deus pessoal, que transforma vidas e nos chama para servi-lo. Liliane Mota Dhein Missão Zero


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Vili Schneider, missionário envolvido, desde o início do trabalho na área, contounos, que essa história começou em 1983, com a ideia de organizar retiros regionais, motivada por cinco casais líderes e dois pastores. O primeiro encontro teve a presença de cerca de 350 pessoas, realizado na comunidade do centro de Panambi/RS. “Fui fruto do trabalho de evangelismo e discipulado, propostos pelo ME, então, logo compreendi o chamado, que deveria servir como um dia fora servido” relata. E como gesto de gratidão a Deus, Vili fez a doação de alguns hectares de sua propriedade, em Cruz Alta/RS, para a construção de uma casa de retiros onde, anualmente, são realizados os Encontrões da Área Planalto Missões e que também é usado por outras igrejas. Vili diz que o trabalho na área é importante para facilitar o envolvimento das pessoas, inclusive no que diz respeito à participação em encontros, pois, pensando na redução de custos, com retiros regionais não é necessário viajar grandes distâncias para esse tipo de evento. Para nós, que chegamos depois, fazer parte de uma área do Movimento Encontrão significa acolhimento, expressão de fé comunitária, vivência real e prática da irmandade em Cristo, que não tem limites

geográficos. É não caminhar sozinho, pois, na área, podemos aprender e ensinar mutuamente, além de viver o sacerdócio geral de todos os crentes. Em nosso tempo nessa área, percebemos que Deus tem feito grandes mudanças nessa região. Pudemos ver mais pessoas se envolvendo com a causa e que isso vem contagiando ainda mais gente para o trabalho. Prova disso é a construção de um novo pavilhão para a realização dos encontros, o aumento significativo da presença de obreiros identificados com o ME, o despertar da vocação missionária entre os jovens, dentre outras iniciativas, como o Encontrão Jovem Regional. Sabemos que, como área e movimento, ainda temos muitos desafios a serem superados, mas somos imensamente gratos à Deus por todos esses frutos que já colhemos. Lideramos a consolidação de uma nova Igreja em Passo Fundo/RS, nesta área e agora estamos num iniciativa conjunta de intercambio do ME com a Sociedade Missionária Norueguesa (NMS). Depois dessa fase, a expectativa é assumirmos um projeto missionário de edificação de igreja por aqui. E glória a Deus por tudo isso! Mariana Erhardt e Mateus Pereira* Nantes/França *Lideraram a consolidação de uma nova Igreja em Passo Fundo/RS, nesta área e agora estão num intercambio, uma iniciativa do ME com a Sociedade Missionária Norueguesa (NMS). Essa é uma fase de sondagem para então assumirem um projeto missionário de edificação de igreja.


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“Portanto, vocês já não são estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo Jesus Cristo como pedra angular.” Ef 2.19-20 Por vezes, sentimo-nos perdidos no mundo, sem ter ao certo um lugar seguro, onde podemos nos sentar e descansar, conversar ou simplesmente olhar os outros e nos alegrar. Eu me sentia assim, perdido no mundo, sem saber o que seria de mim! No entanto, Deus, em sua glória, ajuda-nos, colocando pessoas e situações que nos dão novas perspectivas de vida. Comigo aconteceu assim: até os 17 anos, minha família era composta por quatro pessoas (pai, mãe, irmão e eu), porém, nessa época, eu fiz um novo amigo na escola. Ele veio de longe para morar em Birigui/SP com a família, para realizar algo que, em minha opinião, na época, era impossível de entender. Fazer missão! Era uma família missionária da Missão Zero*. Nessa época, em minha opinião, pastores eram todos ladrões, sem valores e, sim, eu gostava de dizer isso ao meu novo amigo, em alto e bom som. Entretanto, ao visitar sua casa e começar a conviver com a família dele,

pude ver que, ao contrário do que eu tinha certeza, nessa família existia algo que, até aquele momento, eu não havia experimentado ou não conhecia, como amor, união, confiança, carinho, perseverança, caráter e muitos outros. Contudo, o que mais chamou minha atenção foi uma fé genuína de que Jesus Cristo era o centro daquele lar, mesmo que dificuldades existissem. Junto a essa família, eu e minha casa pudemos experimentar desses valores e não sermos somente nós, mas sim parte de um movimento de encontro de pessoas, que cresce a cada dia, com os olhos naquele que se entregou por nós, Jesus Cristo. Também assim você e eu, de diferentes lugares e famílias, por meio de Jesus Cristo, podemos nos chamar de irmãos e irmãs.

*A família era a de Marco e Susana Robinson, que por muitos anos serviram a Comunidade de Birigui/SP. Depois de um tempo ele trabalhou na retaguarda da Missão Zero e ela na Encontro Publicações. Atualmente são obreiros em Canguçu/RS. O amigo era o filho deles, Rodrigo Robinson, que posteriormente trabalhou na comunicação do ME. Vagner casou-se com a filha deles, Priscila, com quem tem duas filhas.

Vagner Martins Intercâmbios ME


Em janeiro de 2009, depois de uma fratura no fêmur, sem ter tido nenhum trauma, tive um diagnóstico de câncer mieloma múltiplo. Na primeira conversa com o hematologista, depois de o oncologista ortopédico passar meu tratamento para ele, ele pediu que eu pesquisasse mais sobre o câncer que eu tinha, para entender os procedimentos seguintes. Então respondi: “Você estudou e é especialista no assunto. Então, você e sua equipe serão as ferramentas e as mãos de Deus em meu tratamento”. Se Deus quisesse me curar, seria por meio dele, e se a minha cura não fosse da vontade de Deus, a vontade divina seria soberana, apesar de todos os esforços dele. Em fevereiro de 2009, comecei com a quimioterapia, que foi até julho do mesmo ano. O meu quadro caminhou para a necessidade de um transplante autólogo de medula óssea. Enquanto isso, a comunidade de Cuiabá/MT tinha me adotado e orava. Em muitos lugares do Brasil e fora dele, formaram-se grupos de pessoas que oravam por mim. Eu recebia cada vez mais mensagens de apoio, ligações, pessoas que me escreviam dizendo que eu estava nos seus motivos de oração. Logo

também estava nos motivos de oração do ME. Muitos irmãos conhecidos e outros desconhecidos estavam orando e clamando pela minha cura. O médico nunca escondeu a gravidade desse câncer e que, depois do transplante, o tempo médio de sobrevida poderia ser de 50 a 60 meses. No entanto, nas estatísticas, havia também a possibilidade de 5% de chances de cura. Eu não me agarrei aos 5% de chance de cura, porém, sabia estar sendo cuidado por uma equipe médica eficiente, como também sabia e sentia estar sendo carregado pela oração de muitos, muitos, jovens, adultos e crianças, muitos irmãos e, principalmente, sabia estar sob a proteção de nosso Deus. Ser carregado em oração é uma experiência indescritível, e o boletim quinzenal dos motivos de oração do ME tem sido uma ferramenta importante para informar desses motivos. Agora, depois de 68 meses de transplantado, recebi a notícia da minha cura. DEUS SEJA LOUVADO! “Alegrem-se na esperança, sejam pacientes na tribulação, perseverem na oração.” Rm 12.12 Paul Gehard Hoffmann Cuiabá/MT


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Conheci o trabalho do ME em 1995, em São Gabriel da Palha/ES. Vendo o despertamento na comunidade, senti vontade de me envolver nos trabalhos. Surgiu uma oportunidade na tesouraria, onde me encontrei. Servi no trabalho administrativo, por vários anos, e tive um enorme crescimento profissional e espiritual nesse período. Sou grata ao Senhor por esse tempo. Elizete Jacobsen Administração ME

Trabalhei no ME por seis anos, na área administrativa e financeira. Encarei esse tempo como um ministério, percebendo que os números que passavam por mim eram vidas. Vidas que, com gratidão a Deus, ofertavam; que, com disposição, abriam mão de tanta coisa para servir a outras, e ainda aquelas que poderiam ser alcançadas, transformadas e ensinadas. Além disso, percebi que o ME proporciona algo maravilhoso e rico: conecta pessoas de diferentes lugares, permitindo o compartilhar do testemunho, que fortalece na caminhada, fazendo com que a família da fé seja entendida e vivenciada, e que amizades para toda a vida sejam construídas e cultivadas. Glória a Deus por suas diversas maneiras de agir e de nos ensinar! Tatiane Betat Kohlrausch Crato/CE

Há aproximadamente oito meses, faço parte da equipe da Missão Zero. Atuo como missionária, em uma comunidade luterana de Bogotá, Colômbia. No entanto, minha relação com a MZ iniciouse em 2006, mediante o projeto missionário realizado em José de Freitas/PI, minha cidade. Com isso, entendo a MZ como um instrumento pelo qual o Espírito Santo traz ao ser humano a consciência da condição de pecador, a necessidade do arrependimento e a atitude de amor de Deus para restaurar a identidade divina do homem. Atitude esta, concretizada em Cristo, o Salvador. Idaiane Oliveria Bogotá/Colômbia


Há momentos em que melodias de hinos, adormecidos em nossa memória, vêm à tona, trazendo saudosas lembranças de épocas importantes em nossa vida. Muitos irmãos ainda hão de recordar do refrão de uma canção que dizia: “Conta as bênçãos, conta quantas são/ recebidas da divina mão / uma a uma, dize-as de uma vez / e verás surpreso quanto Deus já fez”. É surpreendente constatar a veracidade do quanto Deus foi misericordioso no tocante aos objetivos que traçou para o povo do ME. O que nos alegrava, como participantes do movimento, era a convicção da presença do Espírito Santo, unindo-nos num só corpo, tendo como motivação a visão do Reino, e como orientação, a Palavra de Deus. Individualmente, motivados pela fé, assumíamos tarefas, incentivados pela equipe de lideranças. Assim, Dieter abraçou a função de mordomo das finanças, quando ainda residia em Canoas/RS. Registrava as doações e cobria as despesas, tudo escriturado num rude livro-caixa. Quando surgia um novo projeto, vislumbrado pelas lideranças, pipocavam doações espontâneas, como sementes da fé, dando cobertura ao passo dado. Além dessa função, organizava o setor de credenciamentos em Encontrões locais e nacionais. E como “cruzador”, visitou grupos em Vila Velha/ES, Indaiatuba/SP, Campo Grande e Dourados/MT, Guia Lopes da Laguna/MS, ouvindo e compartilhando as boas novas.

Alberto, por sua vez, foi o sucessor de Dieter. Iniciou sua participação em Ijuí/RS, fixando residência posteriormente em Novo Hamburgo/RS. Na memorável assembleia do ME, no Lar de Retiros, em Sapucaia do Sul/RS, no dia 06 de novembro de 1991, com 34 participantes, entre muitos itens da ordem do dia, foi eleita a primeira diretoria do ME. Alberto como tesoureiro. Ocupou esse cargo durante seis anos, e mais dois como conselheiro fiscal. Mensalmente, permanecia aquartelado em Curitiba/PR, durante uns 12 dias, na “casa cinza”, onde funcionavam o escritório e os dormitórios, cercado, carinhosamente, pelos irmãos e suas famílias. Revisava a documentação do mês, elaborava balancetes e alguns mapas estatísticos. Ao encerrar o relato dessas lembranças, sentimo-nos imensamente agradecidos, como servos do Senhor, por sua bondade e fidelidade durante essa trajetória de nossa vida.

Dieter Fertsch

Alberto Brandt

Cruz Alta/RS

Novo Hamburgo/RS


Somos luteranos, o que, no contexto brasileiro, já significa uma pequena parcela da população. Além disso, somos evangelicais, o que pode ser a identidade de seu grupo ou comunidade local e, também parece pouco se comparado com os milhares que enchem os megatemplos da prosperidade. Entretanto, não estamos sozinhos, porque temos irmãos com a mesma visão e chamado, dispostos a trabalharem juntos, para sermos luz em várias partes do mundo. Como aquele primeiro movimento, com os discípulos, não estamos sozinhos, porque Jesus está conosco. Por ele, pessoas são acolhidas, nutridas e enviadas; ajudamos e somos ajudados. Um privilégio ao servir no Reino de Deus. Abaixo, temos algumas expressões disso: Nosso sonho, pensando primeiro na missão, é continuar a fortalecer a reflexão e prática da missão em nossa igreja, e com a “parceria” de ministérios missionários como Fatev e Missão Zero. Aprender da nossa experiência com a primeira missionária latina para avaliar e melhorar nossa “parceria”; mentoriar mais jovens na missão; compartilhar juntos experiências de missão e plantação de igrejas; apoiar e capacitar às comunidades evangélicas, que pedem para ser luteranas ou para ter cobertura institucional e abrir novas frentes missionárias, com projeção para serem igrejas. Espero que esses sonhos nos ajudem porque, se Deus nos sustenta, continuaremos trabalhando para a sua glória. Sijifredo e Maritza Buitrago Iglesia El Redentor de Bogotá/Colombia

Queridos irmãos em Cristo, nós congratulamos vocês, pelo seu jubileu, com a palavra bíblica: “Prestem culto ao SENHOR com alegria; entrem na sua presença com cânticos alegres” (Sl 100.2). Servir as pessoas é o que nos une. Nós queremos continuar a anunciar o Evangelho do Senhor ressurreto e olhar para as pessoas que necessitam da nossa ajuda. As bênçãos que nós repartimos nos são confiadas por Deus, para continuar a fazer o bem e ser bênção pessoalmente. Na unidade, Wolfgang Hagemann Martin-Luther-Verein in Bayern- MRV/Alemanha

Começamos nossa parceria enviando missionários para o Brasil, mas agora é o Brasil que faz isso e, atualmente, nosso suporte está relacionado ao apoio nos projetos com missionários locais. O desafio hoje tem sido o de encontrar parceiros para os projetos missionários, mas temos tido alguns bons resultados em áreas novas e muito promissoras, mas ainda temos muito trabalho pela frente. Esse é um reflexo direto do declínio das igrejas na Europa, afinal de contas, elas nunca se preocuparam em ser missionárias no próprio continente; isso nos levou a eleger a Europa como uma das áreas de missão. Acreditamos que podemos contribuir com conhecimentos e experiências, além de nossa rede internacional de contatos. Isso tem se mostrado eficaz, especialmente, em nossa cooperação com a Missão Zero em projetos na Europa e no envio de jovens para Inglaterra, pelo programa de intercâmbios. Novas possibilidades estão surgindo na França, com o envio de gente para participar do mesmo programa, mas com chances de se tornar um novo projeto missionário. Olhando para o passado, presente e futuro, sentimo-nos alegres pela cooperação com o Movimento Encontrão, ainda mais que podemos ver a missão indo em todas as direções e somos abençoados por isso. Merete Hallen Det Norske Misjonsselskap - SMN/Noruega

Uma boa parceria missionária surge principalmente entre organizações que trazem, em seu DNA, a paixão por ver o evangelho sendo anunciado para toda humanidade, cumprindo assim o papel fundamental da igreja. Por essa razão, MIAF –Missão para o Interior da África se alegra muito pelo trabalho missionário que o Movimento Encontrão tem feito, ao longo desses anos, por meio da Missão Zero e, especialmente, pelos sonhos que temos partilhado, em expandir as fronteiras missionárias, de mãos dadas, buscando o avanço do Reino de Deus. Para nós, é um privilégio poder contar com irmãos tão preciosos, em nossa caminhada em direção aos povos não alcançados. Paulo Henrique Feniman Missão para o Interior da África - MIAF


Fazer uma revisão geral no carro, antes de viajar, é sempre bom. Minimiza a possibilidade de ficarmos parados na estrada e assim bagunçar todo o planejamento feito. Essa é uma boa ilustração para o que fizemos como ME, no ano em que completou 50 anos. Fizemos uma revisão geral para aquilo que representa a estrada por onde andamos. Iniciamos cancelando algumas atividades, abraçando novos ministérios, estabelecendo novos estatutos e, com um planejamento estratégico, mantemos a mesma Declaração de Fé, mas reposicionamonos, alinhando novamente nossa missão, visão e valores. Tudo isso nos ajuda a ter um norte mais claro e visualizar aonde e como queremos ir. A missão é nossa essência, aquilo que define o propósito pelo qual existimos. A visão é o norte, a meta que almejamos sempre alcançar. Já os valores são aquilo de que não abrimos mão. Lutamos por eles, e cada uma de nossas atividades como ME deve estar pautada por esses valores. Assim, convidamos você a ler e a entender cada um desses itens. Eles são ferramentas importantes para que, tanto em nossa sede, como em cada comunidade, reunião e parceria, sejamos coerentes e alinhados com a tarefa dada por Deus há 50 anos e que continuaremos a cumprir pelo tempo que ele conceder.

Nossa missão

Em comunhão com o Trino Deus, promover a evangelização, a capacitação e a edificação de igreja.

Nossa visão

Ser um movimento de renovação espiritual, por meio do compromisso evangelizador, da prática do discipulado e do serviço missional.

Nossos valores

1. A Palavra inspirada e encarnada - acatamos a Bíblia como a norma autêntica da boa nova de Jesus Cristo, o único mediador, que nos reconcilia com Deus. Quanto à fé e à disciplina, ela é verdadeira em tudo que afirma, julgando toda prática cristã. 2. A oração - nela vivenciamos a nossa dependência de Deus e a riqueza da relação com ele. 3. O evangelho redescoberto pela Reforma - a partir da autoridade das Escrituras, aprendemos de Lutero a ênfase na centralidade de Cristo, na suficiência da graça abraçada em fé, que resulta no sacerdócio de todos os crentes. Até o presente, essa Reforma tem desencadeado em movimentos de renovação, em cuja corrente nos inserimos. 4. A unidade evangélica – comprometemo-nos com esse mandato bíblico, conforme João 17. 5. A família como referência cristã - Deus nos criou como homens e mulheres – diversos e iguais em sua humanidade – para constituir o casamento e a família. A partir deles, a comunhão e a vida, como preciosos presentes de Deus, são afirmados em suas várias dimensões. 6. A evangelização e o discipulado - A prática da evangelização e o desenvolvimento de relações de discipulado que buscam a maturidade cristã. 7. A plantação e revitalização de igrejas - o mandato missional é atendido no testemunho e no serviço, numa visão integral. Assim, a missão como razão de ser da igreja desperta para a vivência comunitária da fé, contemplando a diversidade cultural, geracional e de dons e talentos. 8. Comunidades despertadas e lideranças vocacionadas - promovemos tanto o ministério na igreja local, como nas áreas e no trabalho missional, em suas amplas possibilidades e desafios. 9. O Centro de Pastoreio e Missão - zelamos pelo nosso espaço sede de retaguarda, capacitação e impulso à diferentes iniciativas do ME, mais reconhecidas pela Missão Zero, Ministérios, Encontro Publicações e Faculdade de Teologia Evangélica em Curitiba.


Em Unidade Como sabemos, Deus cuida de sua igreja, e isso se pode ver também entre nós. Apesar de sermos uma igreja com uma forte herança nominal, Deus sempre tem levantado homens, mulheres e movimentos, que têm expressado pública e ativamente a vocação para o anúncio e a vivência do Evangelho de Jesus Cristo. Assim, quando, nos anos 1960, os primeiros passos aconteceram rumo ao que hoje se intitula Movimento Encontrão, várias vozes e vocações se juntaram para uma caminhada comum. É sempre difícil identificar essas vertentes. No entanto, quando os pastores americanos, que haviam chegado ao Brasil a partir dos anos 1950, enfatizaram a evangelização, pessoas identificadas com o Pietismo e com os Navegadores, alimentadas pela Aliança Bíblica Universitária e a Fraternidade Teológica Latino Americana contribuíram para que, pouco a pouco, nascesse um movimento, que comemora os seus 50 anos e tem suas próprias instituições a serviço desta vocação inicial: evangelização e edificação de comunidade. No decorrer desses anos, o ME, além da evangelização e da renovação de comunidades, tem enfatizado também o exercício do serviço ao outro, especialmente ao pobre, bem como a busca da unidade da fé, vindo a contribuir com esforços que caminham nessa direção, como no caso da Aliança Cristã Evangélica Brasileira.

Em Missão Desde o nascedouro despertamento, ocorrido em Novo Hamburgo, além de alguns do clero, especialmente muitos “leigos” foram se agregando. Com isso, uma de nossas ênfases históricas, a capacitação, é para auxiliar o discípulo a ser evangelizador e discipulador. Isso resgata a ideia do sacerdócio geral de todos os crentes, da Reforma Luterana, uma bonita afirmação, mas que pouco é exercitada. O ME teve crises, e chama a atenção que elas ocorreram quando mais se priorizou as demandas do clero. Por isso, o ME assumiu a vocação para capacitar membros da igreja, para a tarefa missionária de cada um, levando em conta o contexto em que já se encontra. Com esse sentido é que se adota o termo missional. Na verdade, em anos recentes e por causa da lacuna existente, houve um incrível entendimento e compromisso dessa proposta. Trabalhamos por comunidades despertadas e lideranças vocacionadas em torno da missão. Capacitamos, enviamos e sustentamos obreiros no formato clássico. No entanto, entendemos que isso não pode rebaixar o ministério de “quem fica”, pelo contrário, aqueles nem sobrevivem se estes estiverem em crise, o que é fácil de acontecer. A edificação de igreja, na perspectiva da missão integral, está em nosso “DNA”, mas nossa prática era muito intuitiva e limitada por nosso jeito e cultura. Ter encontrado os irmãos do CTPI (Centro de Treinamento para Plantadores de Igreja), gente com teologia similar e experiência comprovada, além de disposta a nos assessorar em nosso meio, foi presente de Deus. E novamente aí, considerando um modelo evangelístico/missional, que Valdir Steuernagel trabalha em equipe interdisciplinar, ter como alvo pessoas Curitiba/PR que normalmente não frequentam templos, desafia a prática de Igreja Luterana. Por isso, nós vamos em frente! Airton Härter Palm Direção ME





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