Na Responsa

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Nº dez/2012

malucos firmEzas Fazer tudo igual não é com eles. Daniel e Natália organizam rodas de leitura na escola por conta própria. Conheça outros jovens que, assim como eles, acham que ser diferente é normal

programaços PIQUENIQUE NA MOCHILA E BALADA BLACK

TEsTE

VOCÊ É NORMAL? SE TIVER CORAGEM, DESCUBRA

saraUs dE Bar PRA VOCÊ ENCHER A CARA DE CULTURA


No comaNdo

miNas da foto

EdiToriaL A Ambev acredita que o jovem é um cara de responsa. Prova disso é a revista ter sido feita inteiramente por... jovens. Afinal, ninguém melhor do que eles para escrever de forma criativa sobre

amanda rahra

nina Weingrill

Patrícia StaviS JaWanne rodrigueS

galera do texto

uma questão com a qual tem de lidar diariamente – o consumo de bebidas alcoólicas na adolescência e juventude. Na Responsa é o mais novo filhote do Jovens de Responsa, programa desenvolvido pela Ambev em parceria com ONGs de todo o país para prevenir o uso indevido do álcool por menores de 18 anos. O que fazemos? Realizamos atividade com jovens,

nana tucci

capacitação de educadores, eventos e trabalhos de conscientização de bares, entre muitas outras iniciativas.

karol maia

harriSon kobalSki Jenyffer StePhany

dupla de arte

Nesta edição de estreia você vai saborear um cardápio com dicas badaladas de programas culturais e de lazer; conhecer um pessoal que respira atitude responsável; se divertir com um teste e uma tirinha cheios de humor; fazer um passeio pelo corpo humano; e conhecer tudo sobre essa Rede de Responsa da qual você, que está segurando essa revista nas mãos, já faz parte.

você também faz parte dessa rede! colabore com a próxima edição, e ajude a fazer a Na respoNsa. eNtre em coNtato pelo face:

facebook.com/eNoiscoNteudo

lariSSa ribeiro

andrÉ rodrigueS

INICIATIVA: Ambev | CONTEÚDO TÉCNICO: Ambev > Equipe: Ricardo Rolim, Rodrigo Moccia, Guilherme Mello LYNX CONSULTORIA > Equipe: Álvaro Real, Bettina Grajcer, Bruna de Paula e Stella Pereira de Almeida | PRODUÇÃO DE CONTEÚDO E PROJETO GRÁFICO: Énois Escola Móvel de Conteúdo Criativo > COORDENAÇÃO: Amanda Rahra e Nina Weingrill; EDITORA DE TEXTO: Nana Tucci; EDITORES DE ARTE: André Rodrigues e Larissa Ribeiro; EDITORA DE FOTO: Patricia Stavis; REPÓRTERES: Harrison Kobalski, Jenyffer Stephany e Karoline Maia; FOTÓGRAFA: Jawanne Rodrigues; COLABORADORES: Bernardo França, Catarina Bessel e Fernanda Moreira

papo KBEça_ É massa_ Balada Black, piquenique, games,

Bar também é lugar de poesia, música e arte. Conheça a história do Sarau da Cooperifa

etc. Como se divertir (sem ressaca)

por dENTro_ Ilustração mostra o que acontece no seu corpo quando você bebe

ÉNois_ Jovens cheios de atitude que estão transformando suas vidas, suas escolas e seus bairros

jovENs dE rEspoNsa_

TEsTE_ Você é normal?

firmEza?_ Todo mundo tem um

As 18 ONGs que participam do projeto

Faça nosso teste e descubra que

amigo vacilão que bebe como se não

Jovem de Responsa e tudo sobre

hábitos considerados esquisitos

houvesse amanhã. Em vez de brigar,

o II Seminário de Prevenção

são, na real, até banais

aprenda a argumentar


ENTrEvisTa ao qUadrado De um lado, um executivo de uma multinacional. De outro, um garoto da periferia de São Paulo. Falando sério e jogando limpo, eles derrubaram a barreira entre esses dois mundos e quebraram um tabu: o debate sobre álcool entre jovens e adultos pode, sim, ser da hora

ricardo rolim Executivo, 45 anos, diretor de relações socioambientais da Ambev Harrison: Qual o objetivo da Ambev com o projeto Jovens de Responsa? Ricardo: É uma forma que encontramos de fazer com que o jovem ensine o jovem que

Estudante, 18 anos, morador do bairro Itaim Paulista Ricardo: Você já bebeu? Harrison: Sim, a primeira vez que eu bebi foi na virada do ano, e foi horrível, porque você bebe antes e depois do ano novo você não consegue pensar em nada a não ser na dor.

não é legal beber. Se o professor fala, se o

R: Por que uma pessoa passa dos limites

pai fala, com aquele ar superior, não cola.

e não apenas experimenta uma bebida?

H: E se o amigo fala, rola? R: O jovem gosta de fazer parte de grupos. Se ele perceber que, na verdade, a maioria

Se o Jovem Perceber que não É a maioria que bebe, É a minoria, ele vai querer fazer Parte da maioria.”

HarrisoN kobalski

H: É cientifico. Se você beber um pouquinho, vai achar gostoso, se você achar gostoso, vai querer continuar bebendo.

dos jovens não bebe, e sim a minoria, ele vai

R: Como dizer “não” a um amigo que in-

querer fazer parte desse grande grupo, e vai

siste que você beba?

pensar: “pô, eu não sou um ‘zé mané’” .

H: Se está preparado, se foi educado pelos

H: Tem aquela teoria de que é bom beber porque você fica mais descontraído... R: Você pode até, inicialmente, se sentir mais descontraído, mas isso é uma sensa-

pais, pela escola e tem um diálogo com seus amigos, vai recusar. Mas se não for o caso, ou se estiver passando por uma fase ruim na vida, vai aceitar e até pedir.

ção ilusória. Depois da quinta dose, então, o

R: O que você acha que falta ao projeto

cérebro vai ficando devagar, meio tonto, até

Jovens de Responsa?

você sair do ar.

H: Faltava exatamente uma revista feita

H: Como você conversa com seus filhos, que são menores de idade, sobre álcool? R: Eu tento inserir o tema de uma forma suave, com um gibi, um jogo ou até um filme – explico, por exemplo, porque aquele perso-

com uma linguagem mais informal. Antes, era um adulto tentando falar para um jovem “você não pode fazer isso”. Agora é uma conversa mais certeira, um jovem conversando com outro, com seu próprio jeito de falar.

nagem está passando mal.

NA RESPONSA_3


Como sE divErTir

sEm rEssaCa

estêNcil?!

Ficou na mesma? Assista a uma vídeoaula: migre. me/bQEEX

DICA #FICA

KAROLINE MAIA JAWANNE RODRIGUES

Como ressuscitar aquela velha blusa abandonada no armário? A parede sem graça ou qualquer outra coisa que te incomode por ser tão... comum? Uma solução divertida é aplicar nesses objetos um grafite estêncil. Es... o quê? Apesar do nome complicadinho, é só mais uma maneira de fazer arte de rua (em casa). Você pode usar a técnica em vários objetos – nós escolhemos personalizar uma camiseta. Veja ao lado.

Digite “desenho para stencil ” no Google e escolha um entre os desenhos que aparecerem no resultado da pesquisa (não serve qualquer desenho, pois a imagem não pode ter pedacinhos soltos). Imprima-o.

feiras de rolo KAROLINE MAIA

PASSO 1

PASSO 2

Na feira de rolo, dinheiro não vale

DICA #FICA

Cole, com cola comum ou fita adesiva, a imagem

nada. A moeda mais preciosa,

Que tal montar uma

cartolina. Recorte-a com um estilete e acomode essa

aqui, é a sua lábia. É que a feira de

feira de rolo em seu

matriz vazada em cima da camiseta.

rolo é uma feira de trocas. Você só

próprio bairro? É simples.

precisa convencer a “outra parte”

Primeiro, separe objetos

que a permuta vale a pena. Minha

e roupas que sua família

camiseta pelo seu boné?

já não usa. Depois, ache

Meu skate pela sua jaqueta? Não há

em um local grande,

juiz. Quem vai determinar se a troca

arejado e com boa

é justa são vocês. Há várias feiras

luminosidade (dicas:

desse tipo em todo o Brasil. Quem

ruas sem saída, a sede

mora em São Paulo não pode deixar

de uma ONG, o quintal

de conhecer a da rua São Gonçalo

da sua casa). Aí é só

do Rio das Pedras, na Zona Leste.

pagar de dono da festa

Hora de pintar. Passe, por cima do estêncil, espalhando

Gosta de futebol? Não perca a feira

e avisar as pessoas que

com uma esponja, tinta de tecido da cor que preferir.

de rolo só de camisetas de times, no

vai ter rolo na área. Sem

Use o lado amarelo da esponja. Deixe secar por 30

bairro do Pacaembu.

bolo, hein, gente!

minutos e está pronta sua camiseta exclusiva!

4_NA RESPONSA

sobre uma chapa de raio X, um papel cartão, ou uma

PASSO 3


HARRISON KOBALSKI LARISSA RIBEIRO

Você sempre quis fazer um piquenique,

conhece a Balada Black, festa educativa que agita o bairro de

esqueça tudo aquilo que viu nos filmes

Heliópolis, na zona sul de São Paulo, desde 2005. E o que raios

norte-americanos (cesta de palha, toalha

é uma festa educativa? Bom, é uma festa como qualquer outra,

quadriculada...). A moda hoje em dia é levar

com música alta, rodinhas de amigos conversando, casais

tudo na mochila. Frutas? Claro! Só que, cara,

namorando... e nada de álcool. O que pega é que a festa é tão

não leva banana, ela faz aquela meleca na

boa que ninguém fica com birita na cabeça – não é à toa que

bolsa. Suco, leve ao congelador uma hora antes de sair de casa. “Prato principal” : pães, queijo mussarela, mortadela e requeijão que cada integrante do piquenique leve uma coisa, assim não pesa (no bolso e na mochila) pra ninguém. Ah: leve a boa e velha canga, que será sua mesa, e não se esqueça de fazer

dos games HARRISON KOBALSKI

a Balada Black atrai, em média, mil pessoas por noite. Para se ter uma ideia de sua dimensão, já passou por lá gente de peso como o rapper Criolo. Toca black, funk, rap, eletrônica e samba.

(mais “estável” do que manteiga). O ideal é

terapia

balada sem álcool (e irada) Se você acha que balada sem bebida é chata e careta, não

mas não sabe por onde começar? Primeiro,

fotos e postar no Face. Sim, eu “piquenico”!

©Ambev Brasil

piqueNique Na mocHila

DICA #FICA

JENYFFER STEPHANY

Onde: Sede da UNAS. Rua da Mina, 38 - Heliópolis - São Paulo/SP Quando: Último sábado do mês Horário: Das 20h às 0h30 Quanto: Na faixa Se liga: Só entram maiores de14 anos

Há quem diga que o videogame transforma os garotos em adultos alienados. Bobagem. Se você souber escolher bem seus games e não ficar dependente deles, a atividade pode até ser terapêutica. “O jogo te faz esquecer todos os problemas e relaxar”, garante o estudante Denilson Sousa, 17 anos, 3º colocado no Campeonato Paulista de Futebol Digital. Além disso, games aproximam pessoas que tem os mesmos gostos – quantas amizades entre fãs de música já não foram seladas durante uma rodada de Guitar Hero! Terapias e socializações à parte, o combo videogame-amigos-sofá-refri é uma receita infalível para... se divertir.

NA RESPONSA_5


É s a m , p a r parECE

a r U T LiTEra Bar não é mais sinônimo só de bebida. É também lugar de ler e ouvir poesia. Em São Paulo, inspirados no Sarau da Cooperifa, no bar do Zé Batidão, mais de 50 botecos oferecem atividades culturais que embriagam os jovens (de cultura). Modinha? Não, já é tradição JENYFFER STEPHANY JAWANNE RODRIGUES

“NA PERIFERIA, BAR NÃO É UM BOM ESPAÇO para realizar eventos culturais: é um dos únicos” – arrebenta o poeta Sérgio Vaz, criador do Sarau

da Cooperifa, no bar do Zé Batidão, em São Paulo. Quem mora longe do Centro das grandes cidades sabe do que ele está falando. Ali na esquina? Bar. Na rua de trás? Bar. Mas é como naquela música dos Titãs, “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”. Cansada de se deslocar até o Centro em busca de cultura e lazer, a periferia trouxe cultura e lazer para dentro de seus bares. Traduzindo: as pessoas pararam de ir ao bar só para tomar aquela cervejinha e passaram a frequentá-lo porque tem música boa, roda de poesia, teatro... Entre todas as manifestações culturais, a que melhor colou no bar foi o sarau. Sarau, aquela reunião informal que geralmente rola na casa dos amigos, com leitura de poesia, apresentações musicais, exposições fotográficas...? Exatamente. Talvez seja porque é o evento cultural mais demo-

6_NA RESPONSA


“oS SarauS lotam de JovenS. Por quê? É SimPleS. Porque É da hora, É a cara deleS”

tidão virou hype, o escritor moçambicano

crático, abraçando todas as formas de arte

como é bem disputado, é preciso colocar

ao mesmo tempo.

o nome numa lista e esperar chegar a sua

Vamos esclarecer de uma vez por todas: sarau em bar de perifa não é uma onda,

Para se ter uma ideia de como o Zé Ba-

No disputado Sarau da Cooperifa é preciso colocar o nome na lista de espera para ler sua poesia. O evento é tão badalado que recebe com frequência escritores internacionais.

Mia Couto participou de um sarau quando veio ao Brasil em novembro deste ano. É só chegar e recitar sua poesia? Não,

vez de ler. Geralmente, um músico da comunidade abre o evento.

uma modinha. Já é tradição. São Paulo viveu

Há cerca de 50 saraus na linha do

esse boom no começo dos anos 2000, com

Batidão espalhados pela periferia de São

o estouro do Zé Batidão, no Jardim Guarujá,

Paulo, como o Sarau do Burro, na Liberda-

zona sul de São Paulo. Desde então, muitos

de, onde a regra é improvisar; e o Sarau

outros vem surgindo.

do Binho, na Zona Sul, hoje itinerante.

“No começo, os moradores estranharam,

Fora de São Paulo, os saraus de bote-

mas não houve resistência. Depois, muita

co também têm vez. Em Salvador, é tra-

gente começou a ler e voltar a estudar”, conta

dicional o Sarau Bem Black, que rola às

Sérgio. Ele acredita que o evento atraia tantos

quartas-feiras no Sankofa Africa Bar, em

jovens porque “é da hora, é a cara deles”. O

pleno Pelourinho. Em Porto Alegre, desde

foco da Cooperifa é a poesia, mas eles tam-

1999 os gaúchos se encontram às terças

bém realizam atividades como a Semana de

no bar Ocidente para curtir a música e

Arte Moderna da Periferia, o Poesia no Ar (ba-

poesia do Sarau Elétrico. Animou? Siga

lões soltos com versos) e o Cinema na Laje.

abaixo nossas dicas e monte seu sarau.

Sarau da Cooperifa: toda 4ªf. às 20h30 na R. Antônio Aranha, 659, Jd. São Luís, São Paulo

como fazer um sarau, em 4 passos (em casa ou em um bar de seu bairro)

1

Defina com os amigos uma lista de poetas. É

2

Escreva um manifesto explicando de que forma

3

Escolha um lugar arejado e com luz ambiente, de

4

#FICA DICA

Se um de seus amigos tiver um violão, peça para ele

interessante pensar em um

o sarau poderia mudar a vida

preferência um terraço. Para

abrir o sarau. Organize uma

“recorte”. Exemplos: poetas

de sua comunidade. Digite os

convencer o dono do bar do

lista ordenando os poemas que

beatniks, poetas de Minas

poemas e imprima uma cópia

seu bairro, fale sobre os saraus

serão lidos e determine a hora

Gerais, contemporâneos...

para cada participante

de sucesso em São Paulo

em que o sarau vai terminar

NA RESPONSA_7


maratona

O corpo do jovem com menos de 18 anos está em fase de desenvolvimento. Ou seja, não está preparado para receber bebidas alcoólicas. Rins, bexiga, sangue, cérebro...todo mundo sofre com a presença do álcool, que passa pelo corpo feito um furacão. Seja um jovem de responsa e fique fora dessa. EQUIPE NA RESPONSA

LARISSA RIBEIRO

1

EsTÔmago, o dELaTor O cara vai ao bar e pede uma bebida alcoólica. Glupt. ‘Dá mais uma, aê?’. Bebe mais um

copo, e mais um, até que... perde a conta. O estômago saca que tem alguma coisa errada e manda uma mensagem para o cérebro: “Caracas, véi, o cara tá bebendo muito líquido, tô cheião!”.

sTarT

2

CÉrEBro, o CapiTÃo O cérebro, que não é bobo nem nada, responde: “Eu tô ligado, o

cara tá doidão!”. Como naquela brincadeira do telefone sem fio, o cérebro manda uma mensagem para os rins: “Meu, filtra o máximo de sangue que puder. Ele tá bebendo muito líquido, vamos eliminar isso”.

3

rim, o soLdado oBEdiENTE O rim, que é um cara do tipo obediente e eficiente, começa a trabalhar em ritmo alucina-

do, filtrando muito sangue e enchendo rapidamente a bexiga. Daí vem a primeira corrida ao banheiro.

8_NA RESPONSA


DO álcOOl 4

aTENçÃo! BEXiga, a EsToUrada A bexiga fica, de repente, apertadíssima. Esse primeiro xixi é de cor nor-

mal, meio amarelado, porque além de água contém as impurezas do sangue. Certo, o rim aliviou a vida do estômago, mas o cara continua bebendo.

Enquanto o cara tá lá, capotado, o cérebro ordena que o sangue passe em todos os órgãos retirando a água deles. O sangue, como um bom office boy do corpo humano, obedece rapidamente. O curioso é que justo o cérebro, por ter 75% de água, é quem mais acaba perdendo líquido – eis a origem das dores de cabeça da ressaca.

5

a graNdE pErsEgUiçÃo Depois da quinta dose, o pobre do rim filtra feito um louco, só que agora o que ele manda

para a bexiga é apenas… água. Por isso é que os xixis

6

gamE ovEr A pane. Chega uma hora em que o teor de álcool

no sangue está tão alto que o cérebro

seguintes são transparentes. Quanto mais o cara bebe,

faz “logoff”. Sabe o ditado ‘beber até

mais o organismo elimina água e o teor de álcool no cor-

cair’? Esse é o momento em que o

po aumenta. O cérebro vai ficando devagar, meio tonto...

cara cai, isto é, o cérebro resolve desligar, sob a justificativa: “Esse sujeito tá a fim de se matar. Vou apagá-lo para a gente conseguir expulsar esse álcool todo do corpo”. Zoado, né?

NA RESPONSA_9


INFORME PUBLICITÁRIO


A venda de bebida alc贸olica para menores de 18 anos 茅 proibida, pois prejudica o desenvolvimento desses jovens


LUz, Camêra,

açÃo!

Uma garota da periferia de São Paulo que foi estudar na França. Estudantes que tocam um círculo de leitura sozinhos após a saída do patrocinador. Uma turma que faz um velho galpão virar espaço público de lazer. Leia abaixo a histório desses jovens, que rejeitaram um roteiro adaptado e estão transformando suas vidas (e as de suas comunidades) em um filme original KAROLINE MAIA E HARRISON KOBALSKI

CATARINA BESSEL

JAWANNE RODRIGUES E FERNANDA MOREIRA

aU rEvoir, CapÃo rEdoNdo EM JULHO DESTE ANO, a vida da Bia deu uma guinada daque-

parece impossível e remoto, depois que você já começou a cami-

las de novela das oito. Beatriz Mendes, 20 anos, morava com os

nhada é mais fácil dar o próximo.

pais no Capão Redondo, zona sul de SP, e tinha uma rotina igual a

O próximo passo, neste caso, era virar universitária. A garota

de outras meninas do bairro. Estudava, trabalhava (em um Projeto

descobriu um curso preparatório para Vestibular gratuito em Pa-

de Responsa) e saía para se divertir com os amigos. Agora, além

raisópolis, já que pagar por um não rolava. Fez Enem, se inscreveu

de estudar, cozinha, faxina, lava roupa e paga sozinha um monte

no ProUni e conseguiu uma bolsa integral. Escolheu fazer Publici-

de contas no fim do mês. Detalhe: em euro. Bia está estudando

dade na PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).

Comunicação na Université Charles de Gaulle, em Lille, na França.

Lá dentro, ficou sabendo que podia pedir transferência para uma

Se você está pensando que a Bia é uma sortuda e tudo aconteceu como nos filmes hollywoodianos, mude de canal. “Não é facil

universidade em outro país. Escolheu a França, é claro. Passou no processo seletivo e foi convocada para ir a Lille.

querer mudar. Não passar todas as suas horas livres em frente à

O legal é que, mesmo vivendo uma vida que muitos conside-

TV, deixar de sair com seus amigos, deixar de ficar no ócio pra se

ram um sonho, Bia continua bem acordada. Ela se alegra por ter

dedicar a alguma coisa. Você até se pergunta: será que não sou eu

conhecido vários países da Europa, visitado museus e monumen-

o errado, já que estou fazendo diferente?”, reflete Bia.

tos fantásticos. Mas estuda das 8h às 19h e, no tempo livre, cuida

O desejo de conhecer a França começou há seis anos, quando

da casa. E vê injustiças em Lille parecidas com as que via no Capão

ela tinha 14 anos e queria aprender a falar francês para entender

Redondo. “A vida na França é gostosa, diferente e... difícil. O mundo

o que diziam as músicas que gostava de ouvir. Com 17 anos, con-

não é perfeito”. Quando voltar, Bia pretende usufruir ainda mais de

seguiu uma bolsa de estudos no Senac. “Esse foi o meu primeiro

sua cidade e tudo que ela tem, e oferecer em troca tudo o que tem

passo!”, frisa Bia. O primeiro é sempre o mais difícil, antes dele tudo

aprendido de bom. Será que cabe em São Paulo?

12_NA RESPONSA


#FICA DICA

como realizar um soNHo

1

Se quiser conquistar algo, seja o que for, estude. Mas não estude só matemática, português, essas coisas.

Estude como você pode conseguir o que pretende. Pergunte-se: preciso fazer o quê? Como? Quando? E faça.

2 3

Jamais ouça alguém (ou você mesmo) dizendo que é difícil. Tente até quebrar a cabeça. Para se automotivar, pense: eu perco tempo enquanto estou tentando? Quando a gente desiste,

nada muda – isso sim, para mim, é que é perder tempo. Desde julho, Bia está estudando Comunicação na Université Charles de Gaulle, em Lille, na França


14_NA RESPONSA


Daniel Silva e Natália Francielly organizam um Café Literário na escola onde estudam, no Itaim Paulista

faLTa paTroCíNio? a gENTE BaNCa! EM 2009, COM O PROJETO Círculo de Leitura, os alunos da Escola Estadual Mario Kozel Filho, no Itaim Paulista, Zona Leste

alunoS bagunceiroS na Sala de aula SurPreendem e levam o círculo de leitura a SÉrio”

de São Paulo, descobriram o prazer genuíno de ler. Foi uma surpresa perceber que um livro, quando lido em voz alta na companhia dos amigos, deixa de ser uma obrigação e vira diversão – uma diversão responsável, pois de quebra faz a galera se dar melhor no vestibular. Dois anos depois, em outubro de 2011, com o hábito da boa leitura devidamente instaurado na escola, a má notícia: o patrocinador deixou de financiar o projeto. “E agora, José?”, como diria Carlos Drummond de Andrade. Não haveria mais remuneração e nem dinheiro para comprar o material necessário. O fim? Não, o começo. Natália Francielly, de 17 anos, e Daniel Silva, de 18 anos, não só se recusaram a aceitar o fim do

#FICA DICA

círculo como acreditaram que podiam ampliá-lo e estendê-lo a toda a comunidade. Para provar que todos iam curtir a atividade, a dupla organizou um Café Literário em um sábado, com a presença dos pais e familiares. Dito e feito. A vice-diretora da escola, Romilde Maia, aprovou a iniciativa e cedeu o espaço físico da escola e os livros para que eles continuassem a tocar o grupo de estudos. “O Café Literário é contagiante, uma pessoa vai puxando a

para orgaNizar um café literário...

1 2

Escolha um lugar tranquilo e silencioso, de preferência com muitas mesas. Por isso o ambiente escolar é ideal. O melhor é focar em um tema por círculo literário (um ou dois livros sobre o mesmo assunto), porque, a cada

outra”, conta Daniel. Natália gosta de lembrar o caso de Célio.

encontro, os jovens se revezam para ler os capítulos –

“Ele era um aluno muito bagunceiro dentro da sala de aula, mas

sempre em voz alta.

surpreendeu e levou o círculo a sério”, conta ela. Casos assim

3

não são raros. E, felizmente, na Escola Estadual Mario Kozel Filho, graças a Natália e Daniel, mais Célios podem continuar a ser revelados – aos sábados, a cada quinze dias.

Tente fazer encontros semanais com duração de uma hora e meia cada. Assim você vai conseguir

concluir as discussões de um livro em um mês.

NA RESPONSA_15


arqUiTETos dE primEira UM GALPÃO CHEIO DE ENTULHO estava dando sopa. E os alunos da escola Honório Monteiro estavam com fome. Resultado: em uma “operação ninja” que durou apenas três dias, transformaram o velho depósito em um espaço cultural para toda a comunidade do M’Boi Mirim, o Fundão do Jardim Ângela, Zona Sul de São Paulo. Com palco e arquibancada de madeira e painéis de lambe-lambe nas paredes, o lugar tem ares de circo e habilidade de mágico – é um mistério, todo mundo que entra ali abre um sorriso. “Todos nós trabalhamos duro. A gente olha os bancos e enxerga as marteladas que deu neles”, orgulha-se Gabriel Gomes, de 14 anos, aluno da 8ª série e um dos líderes da comissão de 15 alunos que está à frente da empreitada. Gabriel tem consciência de que o espaço já mudou e vai mudar a relação que os alunos têm com a instituição (os pais

#FICA DICA

até reclamam que eles estão passando muito tempo na escola!); com os professores (que se sentem empolgados por ter onde passar filmes, organizar rodas de leitura); e com o bairro (não havia um local para fazer shows e saraus). “Antes eu era o cara que vinha para a escola e rasgava os cartazes, agora eu colo. Esse espaço mudou as nossas vidas”, resume. Houve uma pré-abertura entre os dias 5 e 9 de novembro, com uma semana cultural recheada de apresentações de teatro, dança e música. Mas o espaço foi oficialmente inaugurado com a presença de toda a comunidade no dia 10 de novembro. A Associação Cidade Escola Aprendiz ajudou os alunos a

como reformar um velHo depósito

1

Procure em seu bairro um ferro velho ou um carroceiro que aceite ficar com os materiais usados

do depósito (os chamados entulhos) .

2

Limpeza? É perda de tempo fazer faxina antes de começar a reforma. Escolha as cores das paredes. Uma

sugestão infalível é combinar cores complementares.

ceu ainda os materiais e contratou um profissional para dar um

3

curso básico de marcenaria. Todo o resto ficou por conta deles.

sites. Tudo pronto? Agora sim, bora limpar...

desenvolver o projeto, foram meses quebrando a cuca. Forne-

16_NA RESPONSA

Junte um bocado de referências antes de partir para a decoração. Visite museus e lojas, espie revistas e


A galera da escola Honório Monteiro, no M’Boi Mirim, não vai embora pra casa depois que a aula termina – eles se reúnem no recéminaugurado espaço cultural até a mãe ligar e dizer “chega!”

todoS nóS trabalhamoS duro. a gente olha oS bancoS e enXerga aS marteladaS que deu neleS”

NA RESPONSA_17


a d e t r a p m e z a f e u q s g N o

a s s No

E d rE

1&2

Sucesso desde sua criação, em 2010, o Programa Jovens de Responsa cria estratégias descoladas para desestimular o jovem menor de idade a consumir bebidas alcoólicas. Mas o programa só funciona porque tem uma rede engajada, formada por 18 entidades espalhadas pelo Brasil. Conheça onde estão e o que nossas parceiras oferecem pra você. É só chegar! JENYFFER STEPHANY LARISSA RIBEIRO

SALVADOR – BA

1 projeto axé Inspirada na frase do pintor Claude

3

Monet - “toda pessoa é um artista” – investe em oficinas de dança e capoeira. projetoaxe.org.br

4 a 14

15 & 16

2 cipó Os jovens participam de oficinas de comunicação (design, rádio, vídeo e fotografia) para atuar em suas comunidades. cipo.org.br BELO HORIZONTE – MG

3 oficiNa de imageNs Formação em diversas linguagens da comunicação, incluindo rádio

17 & 18

e vídeo, foco no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e em ações de mobilização. oficinadeimagens.org.br

18_NA RESPONSA


SãO pAuLO – Sp

4 ação comuNitária

9 cufa

14 uNas

Atividades culturais e esportivas, além

Programa Jovens Alconscientes

de capacitar o jovem para o mercado

às quintas-feiras, das 16h às 17h,

Aulas de produção de jornal e rádio

de trabalho e para exercer liderança

na Rádio Comunitária de Heliopólis.

comunitária. Cursos para formação

dentro de sua própria comunidade.

E organização da Balada Black, balada

de garçons e garçonetes e também

www.cufa.org.br

sem álcool que já fez fama fora do bairro. unas.org.br

para vendedores de loja no varejo. acomunitaria.org.br

5 aldeia do futuro

10 casa do zeziNHo Aulas de cursinho pré-vestibular,

RIO DE jANEIRO – Rj

oficinas de aplicativos, de costura

15 viva rio

Promoção da saúde de adolescentes

e de mosaico, para citar algumas.

Oficinas de artes marciais, capoeira

por meio de oficinas temáticas,

Os jovens que atuam aqui são

e dança. Promove o Carnaval

palestras, atividades socioeducativas

chamados de “zezinhos”.

de Responsa, que conta com a

com objetivo de fortalecê-los

casadozezinho.org.br

participação da turma da percussão. vivario.org.br

para construção de seus projetos de vida. aldeiadofuturo.org.br

6 alfasol

11 gol de letra Tem um núcleo especializado

16 bola pra freNte

em esportes, que inclui atletismo,

Jovens e adolescentes podem se

Entre outras atividades, alfabetização

basquete, capoeira, futebol,

inscrever nas aulas de esporte (vôlei,

inicial para jovens e adultos com

handebol, tchoukball e voleibol.

futebol e handebol) ou em oficinas

pouca ou nenhuma escolarização.

Aos sábados, toda a comunidade

culturais (dança, teatro, artesanato

alfabetizacao.org.br

pode usufruir de sua área de lazer.

e música). bolaprafrente.org.br

goldeletra.org.br

7 apreNdiz

pORTO ALEGRE E REGIãO METROpOLITANA - RS

A associação desenvolveu uma

12 NovolHar

metodologia que integra as

Produção de reportagem para o

17 associação juNior acHievemeNt

escolas, famílias e comunidades,

programa da rede nacional TV

Voltada para estudantes que já

chamada Bairro-Escola e estimula

Universitária. O objetivo principal é

estejam se preparando para entrar

que esses agentes usem o espaço

ensinar o jovem a produzir conteúdos

no mercado de trabalho. Usa uma

público para ensinar e aprender.

audiovisuais. novolhar.org.br

metodologia ligada à educação empreendedora. jars.org.br/rs

cidadeescolaaprendiz.org.br

8 fuNdação cafu

13 crescer para cidadaNia Destaque para o projeto Oca,

18 fuNdação mauricio sobriNHo

Promove atividades lúdicas como

que promove debates regulares

Capta recursos para instituições da

oficinas de teatro, canto, instrumentos

nas comunidades, com a participação

cidade de Viamão. Uma delas, a ASSI,

musicais e grafite. Tem cursos

dos jovens e suas famílias. Produção

tem curso de capacitação para adultos

profissionalizantes em diversas

de conteúdo em diversas mídias,

focado na questão do consumo de

áreas, incluindo saúde.

com foco no audiovisual.

álcool na adolescência.

fundacaocafu.org.br

institutocrescer.org.br

clicrbs.com.br/especial/rs/fmss

NA RESPONSA_19


a s N o p dE rEs

EQUIPE NA RESPONSA

ROSELY SAYÃO LEVANTOU A BOLA: “A

O seminário, promovido pela Ambev

grande novidade do século 21 é que você

no dia 31 de outubro, teve o objetivo de

não precisa seguir modelo nenhum, cada

replicar e fortalecer iniciativas de sucesso

Nesse dia, também foi lançado a pu-

comunidade determina o que funciona

e buscar novas alternativas para a cons-

blicação Jovens de Responsa: Experiências

melhor em seu contexto”. Gilberto Dimens-

trução de uma juventude “alconsciente”.

e práticas em rede para prevenir o uso de

tein cabeceou: “Não existe mais uma mídia

Além do trio de peso, estiveram pre-

bebidas alcoólicas por jovens menores de

ideal para o jovem se expressar, acabaram

sentes representantes das 18 ONGs par-

18 anos. O seminário foi realizado no hotel

as separações”. E Emicida fez o gol: “Todo

ceiras no programa Jovens de Responsa,

Caesar Business Faria Lima, em São Paulo.

do governo do Estado, além de pesquisadores e especialistas em educação.

mundo hoje quer que o asfalto e o morro encontrem um lugar de convivência”. O tema do II Seminário de Prevenção ao Uso Indevido do Álcool era a relação

oNg cipó veNce coNcurso da ambev

do jovem com o álcool, mas ficou claro

Com o projeto de uma agência de comunicação do subúrbio, a ONG Cipó,

que não se pode discutir o assunto sem

de Salvador, venceu o concurso “Minha Comunidade é de Responsa” e levou

falar de trabalho em rede, consciência,

para casa R$ 20 mil – que vai usar para fazer melhorias no bairro. As 18 ONGs

atitude e, principalmente, protagonismo

parceiras da Ambev no programa Jovens de Responsa criaram uma campanha

jovem. A ordem é incluir, misturar, somar,

em prol do consumo consciente de álcool, em suas respectivas comunidades.

como mostraram a psicóloga e educa-

Os integrantes da Cipó distribuíram panfletos e fizeram apresentações teatrais

dora Rosely Sayão, o jornalista Gilberto

em locais públicos. As atividades de todas as ONGs foram registradas em

Dimenstein e o rapper Emicida.

vídeos e postadas no site do Catraca Livre. A Cipó foi eleita por votacão popular.

20_NA RESPONSA

©Ambev Brasil

esse dia foi


A Rede de Responsa já impactou a vida de pelo menos 4.300 jovens e reuniu cerca de 16 mil pessoas em eventos

“a revolução começa Na escola”

diário de bordo

Emicida, rapper

JENYFFER STEPHANY Nossa repórter foi infiltrada na turma de jovens que participou das atividades do evento exclusivas para menores de 18 anos. Aqui, ela relata como entrou e saiu

“o jovem tem que ser o protagoNista da sua própria vida.” Gilberto Dimenstein, jornalista

desta maratona que durou um dia todo.

10:00

Ao chegar, assistimos a uma

palestra sobre jovem e álcool. Fomos desafiados a fazer um filme sobre o tema “beber consciente”. Eu tive a ideia de um curta em que a garrafa toma consciência de que não pode ser vendida para um menor. Você pode conferir o nosso curta

No camiNHo certo

no site www.ambev.com.br.

Para medir o impacto das ações do Jovens de Responsa em Heliópolis (SP), a Ambev contou com a ajuda de um instituto de pesquisa, o Plano CDE. Em dois anos, os resultados mostram que há muito a ser feito, mas que estamos caminhando:

14:00

Depois do almoço, ouvimos

o Emicida falar sobre o que é ser um jovem de responsa e foi muito inspirador. Em seguida, o pessoal do Catraca Livre nos fez refletir sobre programas divertidos para o jovem (sem álcool), como a balada educativa – já falamos sobre isso na página 5. Volta lá!

16:00

Hora do coquetel sem álcool

Antes da ação, 67% dos

A idade em que o jovem

A frequência de consumo

com diversos shakers, que desenvolvem

jovens da comunidade

consome bebida pela

diminuiu. Um total de

as receitas da bebida H2O. Eles nos en-

afirmaram comprar bebidas

primeira vez aumentou

30% ingeria álcool uma

sinaram a fazer “drinques” com H2O,

alcoólicas. Depois, o número

em 2%. De 14,06 pulou

vez por mês. Agora, 21%

frutas e gelo. Tudo junto e misturado!

caiu para 46%.

para 14,36 anos.

dos jovens bebem.

17:00 casa dos amigos balada geral

Jovens e educadores se reuni-

O número médio de doses consumidas

ram para “amarrar” o Dia de Respon-

em diferentes locais da comunidade

sa. Como tudo sempre começa e aca-

também caiu. Em geral, os jovens

ba na mesa, foi feito um happy hour

passaram a tomar sete doses em vez

com drinques sem álcool. Eu me des-

de nove. Na balada, em vez de sete,

pedi das pessoas que conheci naquele

cinco doses. Na casa dos amigos, o

dia com uma certa tristeza – ficou um

número caiu de seis para quatro.

gostinho de quero mais.

NA RESPONSA_21


VO

é ê c

As pessoas tem vergonha ou medo de assumir que fazem certas coisas porque acham que são caretas, quando, na real, são bem normais. Só que, como ninguém fala sobre isso, a verdade fica encoberta. Essa é a teoria do “Social Norms” desenvolvida pelo médico norte-americano James Turner – que a gente usou como inspiração para testar você

? l a m r o N 1

Você costuma tomar banho todos os dias. Mas tem aqueles dias em

que dá uma preguiiiiça...sabe? a Total. Tem dias em que eu desencano mesmo. Já fiquei até 2 dias sem tomar.

3

NANA TUCCI

Um amigo meio mala te mandou uma mensagem no Facebook, você

5

Caminhando sobre um piso ladrilhado você tem o hábito de ir

não respondeu e, ao ser cobrado, fingiu

contando por quantos quadradinhos

que a mensagem não chegou.

já passou? Ou então de não pisar de

a Sim, eu já agi assim muitas vezes, e che-

jeito nenhum nas linhas?

b Não sei, nunca deixo de tomar banho.

guei até a não responder mesmo depois

a Sim, eu sempre conto os quadradinhos.

c Sei, já desisti do banho várias vezes. As-

de uma segunda mensagem.

b Oi?! Não, né.

sumo que tenho ainda outra cisma: nunca tomo banho depois de comer.

2

b Não, eu sempre respondo às mensagens que mandam pra mim. c Já fiz isso, claro, e já fingi que não vi

Logo antes de dormir, te dá um sono

cutucadas, recados, já menti que não ti-

absurdo. Mas na hora em que deita

nha bloqueado uma pessoa quando ela

na cama, a cabeça começa a ferver. a Sim, é horrível, eu perco o sono completamente, do nada. b Não, se eu estava com sono, eu deito e durmo mesmo.

veio me cobrar satisfações...

4

Quando estou sozinho no elevador... a Faço caretas e posições sexies para

o espelho, estudo meus melhores ângulos.

c Sim, e era pior ainda quando eu era

criança. Já cheguei até a bater a cabeça num poste por ter me distraído tentando desviar das linhas.

6

Você não consegue, por nada neste mundo, dormir com portas abertas.

Se for a do banheiro, então... a Não consigo. Às vezes levanto da cama se percebo que o banheiro ficou aberto.

b Não faço nada, espero.

b Nada a ver, não ligo pra isso, não.

minha cabeça com todos os acontecimen-

c Faço caretas e posições sexies e apro-

c Sim, porta do armário e do banheiro.

tos do dia. Nessas horas eu ainda falo sozi-

veito para fazer coisas que não dá pra fazer

Não é que eu não consiga dormir, mas

nho, converso mesmo comigo, dou conse-

em público, tipo soltar pum, cutucar o na-

assumo que me incomoda e, se eu vejo

lhos e tudo o mais.

riz, fazer um “resgate” na calcinha/cueca.

que estão abertas, eu fecho.

c Sim! Começa a passar um filminho na

se você respondeu mais a

se você respondeu mais b

se você respondeu mais c

Você é Normal e Não sabia. Tem muita – mas

Você é educado, não é ansioso e é Normal,

Você é

muita gente mesmo – que faz e sente

mas pode relaxar mais. Afinal, que mal há em

entende que todos esses hábitos fazem

essas mesmas coisas. O seu problema é

deixar de tomar banho vez ou outra se dá

parte da experiência humana. Boa! Apro-

sentir culpa e não falar sobre elas. Siga a

na telha? Esquisitices normais, quem nun-

veite e cutuque seu amigo que tem vergo-

dica do Facebook: compartilhe-as!

ca? Curta essa ideia!

nha de assumir isso.

22_NA RESPONSA

NormalÍssimo e bem-resolvido,

pois


Amigos sem Noção “Se toca, pô!” – se você tenta loucamente convencer seu amigo a parar de beber usando essa frase, tá indo pelo caminho errado. Argumentação é o que cola. Quantas vezes você já não comprou algo só porque caiu nas mãos de um habilidoso vendedor? Ensinamos você a pegar a estrada certa para vender a sua ideia e tirar seu amigo dessa rua sem saída. KAROLINE MAIA

BERNARDO FRANÇA

Procure atingir um ponto fraco, sensibilizá-lo. Um exemplo? Elogie. A vaidade pira num elogio.

Para início de conversa, olhe nos olhos do seu amigo. Não tenha vergonha de dizer que não concorda com sua atitude.

Se ele argumentar dizendo que bebe pra se divertir, questione esse sentimento e mostre que a verdadeira felicidade não está no álcool, ele só traz uma alegria passageira.

Fale de um dos piores efeitos do álcool, o mico. Uma pessoa bêbada é capaz de fazer coisas surreais. Relembre alguma gafe que ele já cometeu.

E, para finalizar, se apresente como exemplo. Não tenha receio de ser zoado. Se você falar com jeito e ele for seu amigo, vai respeitar sua opinão.

Fontes: Bystander Effect, de Allan Schwartz, e Virgílio Ramos, o mais convincente vendedor de castanhas de São Paulo

NA RESPONSA_23



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