Pasta e Papel 67

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Ponto de vista

Formação e Competitividade: A importância das Associações Técnicas

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o dia-a-dia das empresas, a competitividade continua a ser a palavra de ordem. Para alcançarem este objetivo, as empresas procuram incessantemente mais-valias para obterem sucesso, investindo em formação, pois necessitam de colaboradores capazes, bem preparados para enfrentar qualquer tipo de desafios que possam surgir no contexto da sua atividade profissional.

Formação em que as associações técnicas do setor da celulose e papel do Brasil e de Portugal têm tido uma participação notável, contribuindo decisivamente para mudar, e melhorar, comportamentos, conhecimentos, capacidades e atitudes entre os técnicos do setor. Com efeito, a ABTCP - Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel e a Tecnicelpa - Associação Portuguesa dos Técnicos das Indústrias de Celulose e Papel têm sido parceiros fundamentais das empresas na procura e transmissão do conhecimento, tendo sempre presente a necessidade de colaboração entre os técnicos, garantindo a ética e a integridade no seu comportamento e relacionamento. Vêm estas considerações a propósito da realização do ABTCP 2014, o 47º Congresso e Exposição Internacional de Celulose e Papel, realizado em São Paulo. O tema escolhido “Competitividade: sua empresa está preparada para vencer o futuro?”” traduz estas preocupações. Abordando o mercado, a recuperação e a energia, a floresta, tecnologias da fabricação de celulose e papel, a embalagem e a reciclagem, a água e o ambiente, entre outros assuntos, os participantes terão oportunidade de debater e trocar informações sobre as últimas tendências, produtos e serviços da cadeia produtiva do papel e celulose. Mais conhecimentos levados para dentro das empresas, mais um contributo para a melhoria da sua competitividade. Competitividade também assente na aplicação de novas tecnologias, que permitem aumentar qualidade, reduzir custos, poupar água e energia, promover a diferenciação: esta a finalidade dos vários textos divulgados em mais este número da revista Pasta e Papel.

João de Sá Nogueira Editor

pasta e papel - Outono 2014

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Indice ABTCP ........................................................................ 25 Albany Seminario ........................................................ 29 AFT ............................................................................ 23 Andritz ....................................................................... 11 BTG............................................................................ 31 CIADICYP ................................................................... 46 Dow Corning........................................................ Capa 4 ICEP ........................................................................... 38 Enessco ...................................................................... 49 Feltest Equipment ........................................................ 19

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Hannecard.................................................................. 15 MIAC .................................................................. Capa 2 ORBINOX ................................................................... 47 Paper Arabia............................................................... 41 PaperChem ................................................................. 50 Safem......................................................................... 45 Sertec-20 .................................................................... 17 Solenis.......................................................................... 9 Wenrui Machinery ................................................ Capa 3


Sumário N° 67 - Outono 2014 REVISTA PORTUGUESA PARA A INDÚSTRIA PAPELEIRA

REDAÇÃO em Portugal

JOÃO JOSÉ DE SÁ NOGUEIRA Rua Dr. Leonel Sotto Mayor, 50-3° A 2500-227 Caldas da Rainha - PORTUGAL Tél.: + (351) 918 432 627 Fax: + (351) 262 838 569 E-mail : joao.sa.nogueira@groupenp.com

REDAÇÃO & PUBLICIDADE no Brasil : ROBERTO T. SEBOK Av. Piassanguaba, 1046 04060-001 São Paulo, BRASIL Tel +5511 9964 2775 / +5511 5587 5750 Cel +55 11 9999 10 76 Email : roberto.sebok@groupenp.com

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PONTO DE VISTA A por João de Sá Nogueira

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E M D E S TA Q U E

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PAPÉIS ESPECIAIS

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TECNOLOGIAS

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TECNOLOGIAS

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TECNOLOGIAS

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TECNOLOGIAS

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TECNOLOGIAS

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F L O R E S T A

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E S TAT Í S T I C A S

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P PAPER R CLASSIFIED

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- AMS vencedor nacional dos European Enterprise Promotion Awards 2014 - Celbi atinge novo recorde mundial com a tecnologia Andritz - Inapa Packaging distinguida com o prémio “Estratégia de Crescimento do Ano” - 540 Milhões de euros atribuídos à floresta portuguesa - Navigator lança pack mais leve e com pega inovadora para um transporte mais confortável - Ligação da escola ao mercado de trabalho: Grupo Portucel Soporcel abre 77 estágios - Navigator aposta nas famílias e lança produto adaptado ao consumo doméstico - Apresentação dos resultados do 1º semestre de 2014 do Grupo Portucel Soporcel - Tecnicelpa organiza curso sobre Processo de Produção de Papel em colaboração com a UBI - Andritz Automation fornecerá tecnologias de simulação para o projeto da fábrica de pasta da Klabin - “O Kit do Pinus - 2014”: Uma coletânea de fontes de informações sobre o Pinus - Tereos quintuplica a sua produção de amido no Brasil - Morreu Antônio Ermírio de Moraes, do Grupo Votorantim - Pöyry escolhida pela Kemira para prestação dos serviços EPCM na indústria do setor químico - Papel Duenas (Europac): MP 2 retoma a operação antes do planeado - Kemira Oyj reforça a sua posição de liderança mundial em produtos químicos de papel e celulose com a aquisição do negócio de papel da AkzoNobel - Runtech inaugura em Kotka nova fábrica de Ecopump TurboTM - Firefly apresenta ”Spark Alert” - TrackLight: fácil ajuste do posicionamento dos limitadores de formato Revestimentos de silicone oferecem novas oportunidades para o desempenho de papéis para contato com os alimentos Portucel Soporcel: Discos de refinação de baixa intensidade Finebar® Sensores inovadores para aumentar a rentabilidade da linha de fibras Tecnologia enzimática para o processo de refinação da fibra de celulose

Editor de La Papeterie, l’Annuaire de la Papeterie, La Carte Papetière France, El Mapa Ibérica de la Industria Papelera, El Papel, Anuário Ibérico da Industria Papelera, Turkiye Kagit Sanayii, Paper Middleast, Guia Latinoamericano

I & D e aplicação do adensador de pasta de dupla teia

Uma manutenção inadequada dos tensiómetros pode causar graves danos A vespa “assassina”

Official Media Partner 2014

Números Chave da Indústria Papeleira Portuguesa 2013

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Em destaque Portugal AMS vencedor nacional dos European Enterprise Promotion Awards 2014

Celbi atinge novo recorde mundial com a tecnologia Andritz

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ano de 2014, tem sido um ano de fortes alterações e confirmações na AMS. Tal como a economia, também a AMS-BR Star Paper, SA, tem demonstrado um forte carácter, tendo ao longo deste ano vivido e vencendo não só os seus desafios mas sobretudo confirmando aquele que é o seu statement – “ser o fornecedor de papel tissue mais eficiente da Península Ibérica”. Deste modo, e continuando um desafio constante, decidiu candidatar-se aos Prémios Europeus de Promoção Empresarial 2014. Este prémio, promovido pela Comissão Europeia, tem por objetivo identificar e reconhecer atividades e iniciativas de sucesso que visem a promoção de empresas e do empreendedorismo, divulgar e partilhar exemplos de melhores políticas e práticas de iniciativa empresarial, sensibilizar para o papel desempenhado na sociedade pelos empresários e pelos empreendedores e por fim, incentivar e inspirar potenciais empreendedores. Com esse intuito a AMS apresentou em Março de 2014, o projeto AMS – Thinking Ahead, na categoria de apoio ao desenvolvimento de mercados ecológicos e à eficiência dos recursos, no qual expôs um projeto que se destaca pela forte aposta e diferenciação nos padrões ecológicos, pela elevada eficiência de recursos e pela aposta num Distrito do interior do País, com o qual entendeu que as boas práticas patentes contribuíram para dinamizar a economia regional e melhorar as condições de vida da comunidade, tendo um impacto virtuoso na sustentabilidade ambiental. A mais-valia do projeto, permitiu, no passado dia 25 de Junho, conquistar a distinção de Vencedor Nacional dos European Enterprise Promotion Awards 2014, na categoria de Apoio ao Desenvolvimento de Mercados Ecológicos e à Eficiência dos Recursos, cabendo-lhe ainda a representação de Portugal na fase europeia.

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Secagem de pasta fornecida pela Andritz

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a sequência de uma bem-sucedida modernização da linha de secagem de pasta realizada pela Andritz, a Celbi (Grupo Altri) aumentou a sua capacidade de produção de uma média de 2000 t/dia para um valor máximo de 2150 t/dia, obtido em 7 de julho passado, na sua fábrica de Leirosa. Em termos de capacidade específica de secagem, a Celbi bateu o seu recorde mundial anterior, produzindo 440 toneladas por dia por metro de largura da sua máquina de secagem de pasta. O recorde anterior, 421 t/dia por metro de largura de trabalho, tinha sido obtido em maio 2013, também com a tecnologia Andritz. A largura de trabalho da máquina é de 4,88 metros. Com base nestes valores máximos, que foram alcançados durante períodos de vários dias, a Celbi irá atingir a produção média diária de cerca de 2.100 toneladas e uma capacidade de secagem específico de cerca de 425 toneladas por dia por metro de largura de trabalho. Após um extenso trabalho de remodelação realizado pela Andritz (incluindo remodelações dos crivos de pressão e do formador Twin Wire e modificação na área de enfardamento), a fábrica da Celbi realizou o seu arranque em fevereiro 2014 na sequência de uma paragem anual. Numa fase seguinte de atualização (instalação de uma segunda prensa de sapata e uma remodelação da secaria) durante o primeiro semestre de 2015, a Andritz irá aumentar a capacidade da linha de secagem de pasta branca de eucalipto para valores de pico de mais de 2.300 toneladas por dia e, assim, a capacidade específica de secagem para mais de 470 toneladas por dia por metro de largura de trabalho.


Em destaque

Inapa Packaging distinguida com o prémio “Estratégia de Crescimento do Ano”

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Inapa Packaging, subholding da Inapa para o negócio de embalagem, foi reconhecida com o prémio de Estratégia de Crescimento do Ano (Growth Strategy of the Year) pela revista Acquisition International. O galardão, atribuído no âmbito dos Business Excellence Awards, reconhece a excelência da estratégia de crescimento da Inapa neste segmento. Para José Morgado, Presidente da Inapa, “receber esta distinção é um reconhecimento não só para o trabalho da equipa, mas também para clientes e fornecedores, uma vez que confirma a nossa decisão de crescer, não apenas com o objetivo da mera expansão, mas sim com um plano estratégico em mente”. Os prémios Business Excellence Awards atribuídos pela Acquisition International, e para os quais vota uma rede global de profissionais, consultores, clientes, operadores do mercado e conhecedores da área dos negócios, visam distinguir os indivíduos e as empresas cujo compromisso com a excelência os leva a superar as expectativas dos clientes diariamente, estabelecendo os mais altos padrões dentro das respetivas indústrias. Dentro dos negócios complementares, a embalagem é o que maior peso tem atualmente no volume de negócios do Grupo Inapa, proporcionando uma faturação de quase 65 milhões de euros.

540 Milhões de euros atribuídos à floresta portuguesa

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Governo vai afetar 540 milhões de euros provenientes de fundos nacionais e comunitários à Estratégia Nacional para as Florestas até 2020. Em anúncio feito no Parlamento, o secretário de Estado das Florestas Francisco Gomes da Silva aponta como objetivos: minimizar riscos de incêndios; melhorar a gestão florestal e produtividade; internacionalização e aumento do valor dos produtos e aumento da eficiência e competitividade dos sectores

da fileira florestal. Em entrevista ao jornal Água e Ambiente, o secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento detalhou mais este anúncio, apontando para o quarto trimestre de 2014 a abertura de candidaturas ao Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) com objetivos bem delineados: apoiar toda a floresta, mas sobretudo, aquela que é menos interessante para o mercado. “A previsão desejável seria que durante o segundo semestre, ou, com mais precisão, no quarto trimestre do ano, fosse ainda possível haver a abertura do PDR”, afirmou o responsável do Governo, que discriminou quais as verbas destinadas às medidas florestais: “No âmbito do PDR há duas medidas que são especificamente florestais: a medida 4, que diz respeito à valorização dos recursos florestais, e a medida 8, que tem a ver com a proteção e reabilitação dos povoamentos florestais. Estas medidas são especificamente florestais e a elas estão afetados 540 milhões de euros, o que é bastante mais do que aquilo que, no PRODER, no início, estava afetado ao mesmo tipo de medidas.” Questionado sobre se o valor de 540 milhões já seria, de alguma forma, definitivo, ou ainda estaria em negociação, o secretário de Estado salvaguardou: “Está sempre. O PDR só existirá quando for aprovado por Bruxelas. Este valor corresponde à nossa proposta, que foi feita a Bruxelas, de afetação de um envelope financeiro e da sua distribuição pelas diversas medidas. Até ao momento, nesta matéria florestal não temos nenhuma indicação de que existam problemas que nos levem a uma alteração profunda daquilo que está proposto.” Quanto aos objetivos do PDR, Francisco Gomes da Silva aponta, sobretudo, para a biodiversidade da floresta nacional, não descurando, todavia, o seu valor económico: “[Pretendemos] uma maior diversidade ao nível florestal, com impactos evidentes sobre a conservação dos recursos naturais, entre os quais a biodiversidade. Temos outras medidas muito ligadas à resiliência do valor ambiental das florestas, assim como temos depois uma medida de melhoria do valor económico das florestas”, sublinhando: “Quando falamos em floresta em que o mercado, hoje em dia, responde menos, o Estado entra com medidas de política que fomentem essa diversidade.”

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Em destaque

Quanto às áreas com maior majoração de investimento, o Secretário de Estado citou “as áreas sanitárias e de recuperação e prevenção de incêndios. Vamos financiar a 100 por cento tudo o que seja intervenções na floresta com o objetivo de a tornar mais resiliente aos incêndios e medidas de prevenção de praga e doenças.” De referir que as ações de valorização económica da floresta serão apoiadas até 40% para os projetos que contemplem espécies de rotação curta, inferior a 20 anos e até 50% para as restantes espécies, de rotação mais longa.

Navigator lança pack mais leve e com pega inovadora para um transporte mais confortável

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avigator, a marca de papel de escritório premium mais vendida em todo o mundo, volta a inovar lançando no mercado o novo pack Navigator On The Go, combinando um pack de 3 resmas (Navigator Universal 80g.m2), em vez das tradicionais 5 resmas, com uma pega especial que permite um transporte mais fácil e conveniente. Desenvolvido para os consumidores de papel modernos, esta nova solução alarga a oferta da Navigator com um produto user-friendly, uma imagem atrativa e uma comunicação diferenciada, tendo sido desenhado especificamente para se destacar da oferta tradicional de papel de escritório e aumentar a visibilidade do produto no ponto de venda. A pega inovadora do Navigator On the Go permite ao consumidor transportar o pack de forma mais conveniente. O pack integra 3 resmas de Navigator Universal 80g.m2, sendo assim 40% mais leve que as tradicionais caixas de 5 resmas, tendo como objetivo adaptar-se às necessidades do mercado SOHO (Small Office/Home Office), que se focam em aspetos como a conveniência, redução de desperdício e qualidade. O pack Navigator On the Go continua a oferecer

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a reconhecida performance incomparável da marca, combinada com a excelente qualidade de impressão exigida pelos consumidores, sendo ainda compatível com todas as aplicações em qualquer equipamento de impressão. Este novo conceito estará disponível nos principais pontos de venda da marca em toda a Europa.

Ligação da escola ao mercado de trabalho: Grupo Portucel Soporcel abre 77 estágios

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grupo Portucel Soporcel vai promover a realização de 77 estágios profissionalizantes a jovens no biénio 2014/2015, aumentando em mais 50% o número de vagas disponibilizado na edição anterior deste programa de ligação da escola ao mercado de trabalho, através do qual foram aceites 50 jovens na empresa no biénio 2013/2014. Os novos estágios que agora o Grupo vai proporcionar, num âmbito de um programa que teve início em 2012, visam aumentar a qualificação e empregabilidade futura de 77 jovens, que poderão assim ter a sua primeira experiência no mundo do trabalho numa empresa inovadora e líder internacional no sector onde opera, que compreende atividades em toda a cadeia de valor desde a floresta à produção de pasta de celulose, energia e papel. Atendendo à sua presença em áreas de negócio tão relevantes e ao importante contributo do Grupo para a economia nacional e para a geração de riqueza e emprego qualificado, a atribuição destes estágios permite, desta forma, enriquecer a formação de quadros em várias áreas do conhecimento promovendo a sua preparação para o mercado de trabalho. O processo de recrutamento abrange jovens com cursos técnico-profissionais, licenciaturas e mestrados de áreas tão variadas como Direito, Gestão, Economia, Comunicação, Marketing, Solicitadoria e Engenharia Florestal, Química, Mecânica, Informática e Eletrotécnica. O grupo Portucel Soporcel valoriza competências como a capacidade de análise e de síntese, a capacidade de planeamento e organização e a proactividade.


Em destaque

Navigator aposta nas famílias e lança produto adaptado ao consumo doméstico

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marca Navigator, líder no mercado mundial de papel de escritório premium, acaba de lançar no mercado o Navigator Home Pack, um produto concebido e adaptado ao ambiente familiar. Para se posicionar junto do target de consumidores domésticos, a Navigator apresenta uma embalagem mais leve e fácil de transportar, graças à diminuição do número de folhas por pacote, que passa das tradicionais 500 para 250, para além de uma imagem mais adaptada ao ambiente familiar. O Navigator Home Pack apela a uma utilização do papel mais criativa, diversificada e prática, destacando-se nos pontos de venda com uma comunicação mais descontraída. As imagens das embalagens também foram concebidas para ilustrar um ambiente familiar, com cores mais atractivas, apelando aos consumidores modernos de papel de escritório a

passarem a usar um papel premium em ambiente doméstico. Este novo produto da gama Navigator vem permitir à marca comunicar diretamente com um target de consumidores que valorizam a conveniência e a relação qualidade-preço, mantendo o elevado patamar de qualidade da marca, atributos que o Navigator Home Pack lhes irá garantir. “O Navigator Home Pack surge como uma resposta à evolução das tendências de consumo, nomeadamente o facto de ser cada vez mais acessível a compra de equipamentos de impressão a cores, incluindo para ambiente doméstico. Esse facto torna a qualidade do papel usado cada vez mais importante, pois os consumidores atuais pretendem a melhor qualidade, mesmo para os seus documentos pessoais”, refere Ricardo Ferreira, Brand Manager da Navigator.


Em destaque

Apresentação dos resultados do 1º semestre de 2014 do Grupo Portucel Soporcel

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nossa liderança no mercado europeu de papĂŠis uncoated woodfree voltou a FRQILUPDUŠVH QHVWH VHPHVWUH DXPHQWžPRV R QRVVR volume de vendas, melhorĂĄmos o nosso mix de produtos e conseguimos que o nosso preço mĂŠdio de venda evoluĂ­sse mais favoravelmente do que a mĂŠdia do mercado. Estamos numa posição sĂłlida para enfrentar com confiança um eventual endurecimento das condiçþes do nosso sectorâ€? disse Diogo da Silveira, Presidente da ComissĂŁo Executiva da Portucel, quando da apresentação dos resultados do 1Âş semestre de 2014.

Principais destaques do 1Âş Semestre de 2014 s Grupo aumenta o volume de papel vendido em 0,7% s Volume de negĂłcios totaliza â‚Ź 747,2 milhĂľes, uma redução de 1,2% em termos homĂłlogos, refletindo a descida dos preços de pasta e papel s Aumento do peso das vendas de papel na Europa e melhoria do mix de produtos s Grupo gera um montante de â‚Ź 119,2 milhĂľes de cash flow livre s (QGLYLGDPHQWR OĂŠTXLGR PDQWÆPŠVH HP QĂŠYHLV muito conservadores AnĂĄlise dos resultados do 1Âş Semestre 2014 vs 1Âş Semestre de 2013 No primeiro semestre de 2014, o volume de negĂłcios do Grupo Portucel totalizou â‚Ź 747,2 milhĂľes, uma redução de 1,2% face ao 1Âş semestre de 2013, refletindo essencialmente a descida dos preços de pasta e papel, assim como do preço mĂŠdio de venda de eletricidade. No negĂłcio de papel uncoated woodfree (UWF), apesar do Grupo ter aumentado em 0,7% o seu volume de vendas, a redução do preço nĂŁo permitiu registar uma evolução positiva no valor das vendas de papel, que diminuĂ­ram cerca de 1%. No entanto, apesar do preço mĂŠdio de mercado ter evoluĂ­do negativamente em relação DR — VHPHVWUH GH FRP R ĂŠQGLFH $ %ŠFRS\ a cair 2,8%, o Grupo registou um decrĂŠscimo de apenas 1,6% no seu preço mĂŠdio de venda, em resultado do aumento de preços realizado a partir de Abril, assim como da melhoria do seu mix de produtos.

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Tal como era esperado, o primeiro semestre UHYHORXŠVH GLIĂŠFLO SDUD R VHFWRU GD SDVWD FRP a nova capacidade de produção a entrar em funcionamento, num mercado jĂĄ de si excedentĂĄrio de oferta. Apesar do impacto nĂŁo ter sido tĂŁo grande quanto esperado, o preço de referĂŞncia, Pix BHKP, registou uma queda, em euros, de 9,1%. Nestas difĂ­ceis condiçþes de mercado, o Grupo conseguiu manter o volume de vendas equivalente ao do semestre homĂłlogo, registando, no entanto, uma redução em valor das suas vendas de pasta. 1D HQHUJLD D SURGXĂ„Ă€R VLWXRXŠVH DFLPD da produção do 1Âş semestre de 2013, atingindo 1.170 GWh nos primeiros seis meses de 2014. As vendas evoluĂ­ram tambĂŠm em linha com a produção, num total de 1.068 GWh. No entanto, a redução do preço de venda em cerca de 3%, que se deveu essencialmente Ă baixa na cotação do indexante ALBm (mĂŠdia do “Arabian Light Breakevenâ€?), nĂŁo permitiu uma evolução positiva nas vendas de eletricidade, que atingiram â‚Ź 114 milhĂľes. Ao longo do primeiro semestre, ocorreram algumas paragens planeadas de produção, nomeadamente na fĂĄbrica de pasta de Cacia, nas mĂĄquinas de papel e nas cogeraçþes dos trĂŞs complexos industriais, Cacia, Figueira da Foz e SetĂşbal. Ocorreram tambĂŠm algumas paragens de manutenção nas duas centrais termoelĂŠctricas a biomassa de Cacia e SetĂşbal. Contudo, estas paragens nĂŁo tiveram um impacto significativo na evolução da produção de pasta, de papel e de energia no perĂ­odo. Do lado dos custos, o Grupo registou uma melhoria nos gastos com pessoal (fundamentalmente associada Ă correção da estimativa de custos com fĂŠrias e subsĂ­dio de fĂŠrias), assim como uma redução nos custos dos produtos quĂ­micos e nas operaçþes logĂ­sticas associadas Ă exportação de pasta e de papel. A redução no preço da



Em destaque

eletricidade refletiu-se tambĂŠm no seu preço de compra, pelo que o balanço destas operaçþes acabou por ser positivo. Estes ganhos foram, no entanto, praticamente anulados pela evolução desfavorĂĄvel do custo da madeira ao longo do semestre, em resultado, designadamente, da elevada pluviosidade que se registou nesse perĂ­odo, prejudicando as operaçþes de exploração das ĂĄreas florestais. Assim, num enquadramento de baixa de preços, R (%,7'$ GR *UXSR VLWXRXŠVH HP b PLOKĂ’HV caindo cerca de 9,6%, ficando a margem EBITDA / Vendas em 21,2%. Os resultados operacionais totalizaram â‚Ź 112,3 milhĂľes, que comparam com cerca de â‚Ź 124,7 milhĂľes obtidos no perĂ­odo homĂłlogo anterior. O Grupo registou resultados financeiros negativos de â‚Ź 16,1 milhĂľes, o que representa um agravamento de â‚Ź 8,3 milhĂľes face ao semestre homĂłlogo e que resulta, fundamentalmente, do aumento de encargos com o endividamento, na sequĂŞncia da renegociação da sua dĂ­vida feita em 2013. De facto, em Maio de 2013, a Portucel procedeu Ă emissĂŁo de â‚Ź 350 milhĂľes de obrigaçþes nos mercados internacionais, alongando a maturidade da sua dĂ­vida e melhorando o seu nĂ­vel de liquidez, mas aumentando simultaneamente o seu custo. Para este agravamento tambĂŠm contribuiu a redução expressiva registada na remuneração da aplicação dos seus excedentes de tesouraria. 2 UHVXOWDGR OĂŠTXLGR VLWXRXŠVH HP b PLOKĂ’HV refletindo uma redução de 7,3% face ao primeiro semestre de 2013. Ă€ semelhança do que aconteceu no primeiro trimestre, a taxa efetiva de imposto no semestre ficou bastante abaixo da taxa GH LPSRVWR GR VHPHVWUH KRPĂ?ORJR VLWXDQGRŠVH HP 6,2%, como resultado da libertação de provisĂľes que se vieram a verificar nĂŁo necessĂĄrias.

O curso, a realizar de 22 a 24 de outubro prĂłximos, desenvolve-se ao longo de trĂŞs dias, com sessĂľes teĂłricas sobre todas as fases do processo, complementadas com intervençþes de tĂŠcnicos especialistas, provenientes das indĂşstrias. No final das exposiçþes teĂłricas terĂĄ lugar uma visita acompanhada Ă fĂĄbrica de papel AMS BR Star Paper, com seminĂĄrio. O curso pretende transmitir uma visĂŁo integrada do processo de fabrico do papel, desde as matĂŠrias-primas, atĂŠ ao produto acabado, bem como das suas propriedades, passando por todas as fases da produção, tendo a coordenação do Centro de Formação Integração UBI Tecido Empresarial. SerĂŁo formadores, por parte da UBI, Ana Paula Costa, Ana Ramos e EmĂ­lia Amaral e, por parte da indĂşstria, Carlos BrĂĄs, Carlos Silva e CidĂĄlia Torre Abreu, todos do Grupo Portucel Soporcel. O Curso terĂĄ como conteĂşdos programĂĄticos os seguintes mĂłdulos: 1. Materiais fibrosos – Morfologia das fibras 2. Preparação das pastas na fĂĄbrica de papel: desintegração, refinação e depuração 3. Aditivos quĂ­micos na fabricação do papel 4. A mĂĄquina de papel: formação, prensagem e secagem 5. Tecnologia dos tratamentos de superfĂ­cie na mĂĄquina de papel 6. Propriedades fĂ­sicas e imprimabilidade do papel: influĂŞncia das variĂĄveis de ação dos processos nas propriedades dos papĂŠis 7. SeminĂĄrio e visita Ă fĂĄbrica de papel “AMS BR Star Paperâ€?, com descrição tĂŠcnica das fases do processo O curso tem como destinatĂĄrios quadros mĂŠdios e superiores das empresas do Sector da Pasta e do Papel e empresas afins, entidades universitĂĄrias e de investigação.

Tecnicelpa organiza curso sobre Processo de Produção de Papel em colaboração com a UBI

Brasil

N

o seguimento do programa especĂ­fico de formação tĂŠcnica, na ĂĄrea da produção de papel e considerando o crescente interesse dos associados nesta formação, a Tenicelpa vai reeditar o curso “Processo de Produção de Papelâ€?, uma formação certificada realizada em parceria com a Universidade da Beira Interior, na CovilhĂŁ.

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pasta e papel - Outono 2014

Andritz Automation fornecerå tecnologias de simulação para o projeto da fåbrica de pasta da Klabin

A

Andritz Automation, parte do Grupo Andritz, recebeu uma encomenda para fornecer soluçþes


Em destaque

de simulação dinâmica para o projeto Puma da fábrica de pasta da Klabin em Ortigueira, Paraná. O fornecimento incluirá os modelos de simulação, inspeção do sistema DCS e simulador para treino dos operadores Operator Training Simulator (OTS). Estas soluções serão utilizadas para testar e verificar os conceitos do projeto do processo, identificar e corrigir erros na lógica de controlo e fornecer uma forma realista,” mãos na massa”, de formação dos operadores, com o objetivo de ajudar a Klabin a conseguir um rápida e suave arranque. O início da produção de pasta está previsto para o final do primeiro trimestre de 2016. A Andritz Automation irá utilizar a sua ferramenta de simulação, IDEAS, para modelar as áreaschave do processo da fábrica de pasta: dois digestores, duas linhas de fibra, duas unidades de branqueamento e a unidade de lixívia branca fornecidos pela Andritz Pulp & Paper, bem como a caldeira de recuperação, a linha de evaporação e a central de energia fornecidas por outras empresas. A encomenda para fornecer a maior parte do equipamento de produção para o projeto Puma da Klabin foi atribuída à Andritz Pulp & Paper em março de 2014. Fundada em 1899, a Klabin é a maior produtora e exportadora de papéis para embalagens do Brasil. Considerada como a maior empresa integrada de pasta e papel do país, exporta para mais de 60 países. O projeto Puma terá investimentos totais de cerca de dois mil milhões de euros, não incluindo os ativos florestais, a melhoria das infraestruturas e os impostos. A nova fábrica terá uma capacidade de produção anual de 1,5 milhão de toneladas de pasta, dos quais 1,1 milhões de toneladas serão de fibra curta e 400 mil toneladas serão de fibra longa.

“O Kit do Pinus - 2014”: Uma coletânea de fontes de informações sobre o Pinus

N

o seguimento da publicação do Kit do Eucalipto 2014 (ver número de Verão de Pasta e Papel), o nosso prezado amigo Celso Foelkel acaba de lançar o Kit do Pinus – 2014, especialmente preparado para técnicos, estudantes, gestores, industriários, proprietários rurais e demais interessados em conhecer mais

sobre o Pinus, em especial sobre as práticas de seu cultivo em plantações florestais sustentáveis. Existem quase duas centenas de referências colocadas nesse “Kit do Pinus – 2014”, distribuídas em temas variados sobre o cultivo e sobre as utilizações do Pinus. Inúmeros artigos da literatura virtual estão mesclados com artigos de publicação PinusLetter, igualmente publicada por Celso Foelkel, pretendendo ser uma ampla fonte de informações sobre o Pinus na web. Segundo o autor, o objetivo deste kit não é ser uma fonte exaustiva de inúmeras publicações ou dados, mas sim, constituir-se como uma organizada seleção de artigos, textos e websites relevantes e que possam oferecer aos usuários e leitores as primeiras e mais rápidas rotas para que possam atualizar os seus conhecimentos acerca do Pinus, ou então, para poder colaborar em situações onde a urgência para se obter alguma informação seja premente.

Tereos quintuplica a sua produção de amido no Brasil

O

grupo cooperativo francês Tereos acelera a produção de produtos amiláceos no Brasil, tendo inaugurado uma segunda unidade produtiva no estado de São Paulo, permitindo-lhe alcançar uma capacidade de 125 mil toneladas por ano. Presente no país desde 2000, a Tereos tornouse o terceiro produtor da indústria açucareira no Brasil, atrás da Raizen e de Louis Dreyfus, com seis refinarias no estado de São Paulo, 10.000 empregados, sendo a sua principal marca a Guarani. Paralelamente, desenvolveu desde 2011 a

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atividade na produção de amido e derivados de glicose a partir de cereais. Depois de uma primeira fábrica em Palmital, no estado de São Paulo, transformando 150.000 toneladas de mandioca por ano, acaba de abrir uma segunda unidade a algumas centenas de metros. Operacional desde maio, transforma 150.000 toneladas de milho por ano, um verdadeiro impulso para o grupo na produção do amido. A produção de produtos acabados quintuplicou para 125 mil toneladas, metade das quais destinadas à indústria agroalimentar (confeitaria, cervejas, panificação e pastelaria industrial) e outra metade à indústria de papel. “O milho tem um rendimento em amido três vezes superior à mandioca e especificações técnicas diferentes”, disse Philippe Roux, diretor da fábrica, justificando o uso desta matéria-prima, amplamente utilizada no Brasil. 50 milhões de euros foram investidos na construção desta nova fábrica que se estende por 1,2 hectares. Para a sua nova unidade, a Tereos optou por uma nova tecnologia de purificação de glicose a partir de amido, chamando-lhe “única”. “Usamos no processo uma resina absorvente que elimina impurezas e permite obter xaropes de glucose mais transparentes e muito puros. É uma estreia para nós”, detalhou Philippe Roux. O grupo oferece atualmente aos seus clientes cinquenta referências de xaropes e outros produtos amiláceos desenvolvidos no seu centro de pesquisa e desenvolvimento situado em Marckolsheim (Alsácia, França). Mas o objetivo é desenvolver ainda mais a gama de produtos para atender à especificidade das necessidades locais. “Queremos desenvolver localmente um centro de pesquisa e desenvolvimento de produtos amiláceos até 2015”, disse Alexis Duval na inauguração da nova unidade industrial de Palmital.

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Morreu Antônio Ermírio Moraes, do Grupo Votorantim

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orreu, no passado mês de agosto, aos 86 anos, o empresário e presidente de honra do Grupo Votorantim, Antônio Ermírio de Moraes. Ermírio de Moraes iniciou a sua carreira no Grupo Votorantim em 1949 e foi o responsável pela instalação da Companhia Brasileira de Alumínio, inaugurada em 1955. Durante quase 30 anos, esteve à frente da Votorantim e ajudou a consolidar a companhia nos setores de cimento, celulose, agronegócio, extração de alumínio, entre outros. Além de empresário, Ermírio de Moraes esteve envolvido na política, arte e filantropia. No final dos anos 90, a saúde Ermírio de Moraes começou a ficar frágil. Mais tarde, foi diagnosticado com mal de Alzheimer. Em 2008, deixou o comando da CBA e passou aos herdeiros a tarefa de dar continuidade ao seu legado.

Pöyry escolhida pela Kemira para prestação dos serviços EPCM na indústria do setor químico

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Kemira escolheu a Pöyry para prestar os serviços EPCM (Engineering, Procurement e Construction Management) numa fábrica de clorato de sódio no Brasil. A prestação de serviços EPCM relaciona-se com a nova fábrica de clorato de sódio que a Kemira está a construir para servir o mercado brasileiro, em particular para abastecer a nova fábrica de celulose de 1,5 milhão de toneladas da Klabin SA. O clorato de sódio é usado como um componente no processo de branqueamento no fabrico de pasta branqueada. A atribuição desta encomenda decorre da


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realização pela Pöyry dos pré-estudos durante os anos de 2012-2014. Os serviços EPCM iniciaram-se em maio de 2014, estando previsto durarem até ao arranque da fábrica de clorato de sódio no primeiro semestre de 2016. “Nós selecionámos a Pöyry com base no seu sólido conhecimento de engenharia do processo combinado com a sua experiência comprovada e a sua presença no Brasil”, diz Jarmo Savolainen, Diretor de Projetos, Kemira. “Este projeto é uma continuação da forte parceria existente entre a Kemira e a Pöyry, que tenho o prazer de poder fortalecer na América Latina. Contribui para o reforço da posição estratégica da Pöyry como fornecedor de serviços EPCM para a globalidade da indústria de produtos químicos”, diz Kay Radtke, Diretor de Química e Biorefinaria na Pöyry. O valor da encomenda não foi revelado, incluindo dois contratos, especificamente, um contrato de prestação de serviços de engenharia e procurement e um contrato de gestão de construção.

Espanha Papel Duenas (Europac): MP 2 retoma a operação antes do planeado

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pós uma reconstrução efetuada pela Voith, a MP 2 de Duenas do Grupo Europac (Papeles y Cartones de Europa, SA) reiniciou com êxito a sua atividade na fábrica localizada em Duen na província de Palencia depois de apenas 15 dias de inatividade e sete dias de comissionamento, o que significa que a máquina estava de volta à produção um dia mais cedo do que o planeado. “Com a Voith tivemos ao nosso lado um parceiro de confiança durante este projeto. A totalidade da reconstrução foi feito num período de tempo muito curto “, confirma Maria Berzosa, que é responsável pela área de projeto na Europac em Dueñas, que continua: “Muito rapidamente, a MP 2 voltou à produção de papel de embalagem de alta qualidade.” O Grupo Europac tinha optado por uma reconstrução, a fim de produzir no futuro também


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testliner branco revestido. Isto foi conseguido através da instalação de uma prensa SpeedSizer Voith, que aplica um filme, perfeito e uniforme, de colagem e revestimento, melhorando as características do papel. A Europac optou por trabalhar com a Voith porque esta tem décadas de experiência em máquinas de cartão e papel de embalagem. A unidade aplicadora do SpeedSizer é um dos muitos produtos da Voith com eficiência comprovada há muito tempo, pelo que a Europac poderia, portanto, estar confiante de fazer um investimento rentável. Para além da SpeedSizer, o fornecimento incluiu uma unidade de preparação de amido e de preparação da calda de revestimento e uma CBTurn para a passagem da folha de papel sem contato entre a unidade de revestimento e a póssecaria. A MP 2 tem uma capacidade de produção de 150 mil toneladas por ano de papel testliner castanho, branco e branco revestido, com uma velocidade de operação de 1.100 m/min.

Finlândia Kemira Oyj reforça a sua posição de liderança mundial em produtos químicos de papel e celulose com a aquisição do negócio de papel da AkzoNobel

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Kemira, em Julho passado, chegou a um acordo preliminar para adquirir o negócio global de produtos químicos para papel da AkzoNobel. As partes também entrarão num acordo de distribuição para o negócio de sílica coloidal da AkzoNobel para aplicações de retenção e drenagem para a indústria de papel. O fecho da operação está previsto para o primeiro trimestre de 2015 e está sujeito às condições habituais, incluindo a conclusão do processo de consulta aos trabalhadores e a

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aprovações das autoridades de concorrência em alguns países. O Enterprise Value da transação para os negócios de produtos químicos de papel da AkzoNobel é 153 milhões de euros. A área de negócio dos Produtos químicos para papel da AkzoNobel inclui produtos para retenção e colagem, assim como outros produtos químicos para papel, incluindo a resistência em húmido e produtos de revestimento. Em 2013, as receitas de compra de negócios de produtos químicos para papel foi de 243 milhões de euros (EMEA 40%, 30% e Américas APAC 30%). Mais de 50% das receitas estão relacionadas com as classes de embalagens cartonadas. O EBITDA operativo do negócio comercializado em 2013 foi de 23 milhões de euros. Com a aquisição, a Kemira espera sinergias anuais de mais de 15 milhões de euros até ao final de 2016. “A Kemira é a líder global no desenvolvimento, na experiência em aplicações e no fornecimento de produtos químicos para a indústria de papel e celulose. Esta aquisição é um passo importante na implementação de nossa estratégia de crescimento e aumenta significativamente a nossa posição, especialmente na indústria de embalagens e cartões, além de fortalecer a nossa presença na região da Ásia-Pacífico. Isso também demonstra o nosso compromisso com a indústria por meio da diversificação da nossa oferta para os nossos clientes em todo o mundo. Os produtos químicos para papel da AkzoNobel são uma ótima opção para Kemira, e esperamos obter sinergias comerciais, tecnológicas e financeiras significativas, “, diz Jari Rosendal, o Presidente e CEO da Kemira. “Estamos muito satisfeitos em anunciar este acordo preliminar. A Kemira é um fornecedor bem conhecido neste mercado e com a venda do nosso negócio químico de papel estamos seguindo em frente com a nossa estratégia de focar a liderança”, comentou o CEO da AkzoNobel Ton Büchner. “Esse desinvestimento permite que nosso negócio de Celulose e Químicos de Performance se foque nas nossas atividades principais”.


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Runtech inaugura em Kotka nova fábrica de Ecopump TurboTM

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Runtech Sistemas Oy inaugurou, no passado mês de Junho,a nova fábrica de Ecopump TurboTM em Kotka, na Finlândia, com a presença de cerca de 100 representantes da indústria de papel provenientes de todo o mundo. O Ecopump TurboTM, desenvolvido pela Runtech Sistemas Oy, é um sistema de vácuo amigo do ambiente, de grande eficiência energética, especialmente desenvolvido para a indústria de papel, cartão, tissue e pasta. O sistema não necessita de água para o seu funcionamento, reduzindo, por conseguinte, de forma importante, a carga ambiental em comparação com as tecnologias convencionais. Da mesma forma, o seu controle de velocidade variável permite grandes economias de energia, o que reduz, de forma significativa, os custos de operação do sistema. “O Ecopump TurboTM economiza 30 a 70% de energia elétrica e 100% da água em comparação com os métodos tradicionais,

Fig. 1: Cerimónia do corte da fita

tais como bombas de anel de água ou turbo compressores. Especialmente em países onde o preço da energia é alta, ou existe uma escassez de água potável, o nosso sistema tem atraído um grande interesse “, diz Jukka Lehto, CEO da Runtech Sistemas Oy. A primeira instalação foi realizada em 1999,


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Fig. 2: Ecopump TurboTM

depois de que o Ecopump TurboTM já foi entregue a mais de 100 fábricas de papel em todo o mundo. A economia de energia e água potável tornou-se uma tendência na indústria de papel nos últimos anos. O investimento na fábrica de Kotka pela Runtech Sistemas Oy provou ser oportuna, uma vez que mais de 20 Ecopump TurboTM foram encomendados por novos clientes no primeiro semestre de 2014. “Para atender à crescente procura, e para agarrar as oportunidades no mercado global, a Runtech Sistemas Oy investiu na sua nova fábrica de Ecopump TurboTM em Kotka. Isso reduzirá significativamente o nosso tempo de entrega, permitindo servir os nossos clientes mais rapidamente e ajudando os nossos clientes a gerir o negócio de forma mais rentável “, diz Kimmo Loippo, Presidente e Fundador da Runtech sistemas Oy.

Suécia Firefly apresenta ”Spark Alert”

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Firefly AB continua a sua longa tradição no desenvolvimento de soluções inovadoras para a indústria de tissue, apresentando agora a solução “Spark Alert”. Este novo sistema é o resultado de meses de desenvolvimento em

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conjunto com várias fábricas de tissue. A solução “Spark Alert” é composta por dois detectores GD “True-IR” que fazem a monitorização da lâmina da raspa e realizam a detecção de faíscas que podem provocar um incêndio. A principal razão para a origem dessas faíscas é o desalinhamento da lâmina, normalmente no lado do acionamento da máquina. Esta área normalmente não está sob controlo constante. Ao realizar a detecção, o sistema vai acionar um alarme, informando o operador da existência das faíscas e que uma ação corretiva deverá ser tomada. A segunda parte da solução Spark Alert é focada no lado do acionamento onde um ou mais detectores GD “True-IR” são posicionados em torno do cilindro Yankee. O problema nesta área é que a poeira acumulada pode ficar incandescente, originando que pequenas partículas possam voar para locais onde podem provocar incêndios. Neste caso alguns bicos de nebulização são instalados em torno do cilindro Yankee, de modo que a partícula incandescente possa ser imediatamente suprimida. Ao utilizar água nebulizada evitam-se danos no equipamento localizado nesta área.


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Alemanha TrackLight: fácil ajuste do posicionamento dos limitadores de formato

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Voith lançou no mercado o sistema TrackLight que indica, através de um feixe de luz, a localização rigorosa dos limitadores de formato da zona de aspiração em relação ao papel. O dispositivo é instalado nos limitadores e o feixe de luz atravessa o feltro e o papel, permitindo que o operador visualize o posicionamento com a máquina em operação. São vantagens deste dispositivo, a eliminação da instabilidade das bordas do papel, a minimização da perda de vácuo, a eliminação

do risco de travamento do sistema de ajuste mecânico e a redução do número de quebras da folha de papel.

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Papéis especiais

*Kris Verschueren *Christian Parein Dow Corning Europe S. A.

Sobre os Autores Kris Verschueren Gerente de Mercado para a Indústria de Papéis e Autoadesivos da Dow Corning

Kris Verschueren é responsável por desenvolver as estratégias de marketing e de produtos que oferecem aos clientes da Dow Corning na Europa, Médio Oriente e África ”soluções inovadoras de silicone para os diversos setores do mercado de Papéis e Autoadesivos. Lidera também a equipa global de follow up do revestimento para release (revestimentos antiaderentes) e embalagens para contato com alimentos. Ao longo de sua carreira, Kris conduziu com sucesso o desenvolvimento de vários produtos e a introdução de novas marcas e tecnologias em diferentes indústrias em todo o mundo. Kris começou na Dow Corning em 2011 como gerente de mercado para o follow up de revestimentos. Antes de entrar para a empresa, trabalhou durante 17 anos em grandes empresas internacionais do setor químico e papeleiro. Durante esse tempo, ocupou diversos cargos importantes nas áreas técnica e comercial. Mais recentemente, foi gerente de I&D numa empresa de produção de tintas, liderando a equipa de desenvolvimento técnico. No início de sua carreira, Kris foi um cientista investigador especializado em revestimentos e tintas com cura por radiação, vindo depois a assumir cargos de marketing na indústria de adesivos e de papel. Publicou também diversos artigos científicos e detém várias patentes. Kris recebeu um PhD em Ciências da Química Medicinal pela Universidade de Bruxelas, Bélgica, seguido de um curso de pós-doutoramento no Instituto Pasteur, em Paris, França.

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Christian Parein Especialista em Desenvolvimento para a Indústria de Papéis e Autoadesivos da Dow Corning

Christian Parein é especialista em desenvolvimento para a Indústria de Papéis e Autoadesivos na Dow Corning. Nessa função, é responsável por desenvolver tecnologias de revestimentos para release à base de água, que fornecem aos clientes da Dow Corning soluções inovadoras de silicone para o setor de embalagens e autoadesivos. Christian começou na Dow Corning em 1983, no departamento de fabricação de selantes. Ao longo de sua carreira de mais de 30 anos na Dow Corning, conduziu com sucesso projetos para a comercialização de produtos para revestimento de papéis e filmes, tornando-se um especialista técnico em revestimentos para release em emulsão. Em 1993, Christian transferiu-se para o grupo de Investigação e Desenvolvimento (I&D) da Dow Corning dedicado ao mercado de Revestimentos para release (revestimentos antiaderentes), onde se especializou em desenvolver sistemas à base de água. Tem desempenhado um papel fundamental em diversos projetos, publicou vários artigos científicos e detém várias patentes relacionadas com essa tecnologia. Durante seus primeiros 10 anos na Dow Corning, desempenhou diversas funções no departamento fabril, incluindo controlo de qualidade, planeamento e supervisão. Christian possui um certificado de engenharia eletrotécnica do Saint Luc College, em Mons, Bélgica.


Papéis especiais

A indústria alimentícia continua a evoluir como uma entidade diversa e sofisticada, proporcionando um portfolio de produtos em expansão nos países desenvolvidos, assim como nas economias emergentes. Os consumidores globais dependem das tecnologias de embalagem para acompanhar a inovação na variedade de produtos alimentícios disponíveis em uma gama de culturas. Enquanto isso, os produtores de alimentos criam alternativas diferentes para embalar o alimento para conservação, transporte e armazenagem.

Papéis Antiaderentes para Contato com os Alimentos Há duas aplicações básicas dos papéis quando há a necessidade de um contato com os alimentos. A primeira é a categoria geral de liners antiaderentes para alimentos, em que a principal função do papel é fornecer uma anti aderência fácil e limpa da superfície em contato com o alimento processado (Figura 1).

Outra família de papéis desenvolvidos para contato com os alimentos é a dos papéis anti gordura (greaseproof). Aplicações para esse tipo de papéis incluem a embalagem e a proteção de todos os tipos de alimentos gordurosos, incluindo produtos húmidos e secos. Os papéis anti gordura são comumente usados com alimentos frescos, fast foods e embalagens de salgadinhos, itens ensacados e em caixas, rações para animais, produtos para cozimento em micro-ondas, margarina e manteiga, e produtos panificados.

Excelente Oportunidade para o Silicone

Figura 1: O uso do papel revestido de silicone continua a crescer na indústria alimentícia. A foto é cortesia da Dow Corning

Os liners antiaderentes para alimentos podem ser desenvolvidos para uso único ou múltiplo, em aplicações profissionais ou para uso doméstico. Papéis vegetais reutilizáveis, folhas de proteção intercaladas ou papéis de uso único entram nessa categoria. A grande variedade de usos para liners antiaderentes tem conduzido a um mercado global significativo: em 2010, a produção global total de liners antiaderentes foi de aproximadamente 2,40 milhões de toneladas(a). Na indústria alimentícia, o uso de papel revestido de silicone para aplicações em alimentos duplicou em menos de cinco anos, representando agora 81% das aplicações de anti aderência usadas em alimentos e cerca de 178.000 toneladas por ano (b). (a) The future of Specilaty Papers to 2015, Pira Internatiomal Ltd. (2010) (b) Specilaty Papers and Paperboards Global Sourcebook, Alexander Watson Associates (2010) e dados da Dow Corning

Além do amplo uso de papéis antiaderentes para alimentos, os revestimentos de silicone mantêm um potencial de uso para os papéis anti-gordura. A maioria dos materiais usados para embalagens com papel anti-gordura é baseada em plástico, onde as aplicações básicas se situam nos mercados de alimentos frescos, fast food e rações para animais de estimação. Somente 26% são baseados em papel e, desse segmento, apenas 43% representam o papel quimicamente tratado, incluindo o uso de ceras e fluorquímicos (c). Embora as aplicações baseadas em plástico estejam a crescer o dobro daquelas que usam o papel, a reciclagem tem sido cada vez mais considerada como importante pelos consumidores. Essa preferência indica uma vantagem primária do papel e do cartão. Atualmente, diversas tendências de mercado têm influenciado o desenvolvimento de vários tipos de papéis que entram em contato com alimentos. Além dos fatores económicos, o setor de produtos para contato com alimentos tem sido modificado por considerações ambientais, tanto em relação aos fabricantes quanto aos consumidores. Devido às preocupações com a toxicidade relacionada com a incineração, o mercado tem (c) Dados da Dow Corning

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evitado os revestimentos de papel baseados em metais pesados como o cromo, que foi amplamente usado no setor de papéis para produtos panificados. Enquanto isso, o interesse também aumenta em relação à monitorização da exposição de longo prazo às substâncias perfluoroalquiladas devido aos riscos para a saúde. Muitas iniciativas encorajam a redução de maneira voluntária no uso de substâncias baseadas em fluorcarbono. Embora os sistemas baseados em fluorquímicos tenham sido dominantes no mercado de papéis resistente às gorduras durante muitos anos, outras opções estão disponíveis e provavelmente se tornarão mais comuns se a resistência ao uso de fluorquímicos aumentar ainda mais. Alguns utilizadores industriais já substituíram os fluorquímicos, enquanto outros anunciaram a sua intenção de o fazer no futuro. As questões de reciclagem do papel encerado deverão passar para o primeiro plano. Como as ceras usadas não são biodegradáveis, químicos adicionais como agentes humectantes e dispersantes são necessários para impedir a formação de depósitos residuais com o decorrer do tempo. Os fatores económicos incluem o crescimento dos setores de fast food e de alimentos processados, juntamente com a necessidade de mais rapidez. Essas alterações são impulsionadas pela urbanização, por mudanças nos hábitos alimentares e por uma população em constante mudança e crescimento. Em resposta a essas diferenças tomou-se, em parte, uma abordagem “fácil de usar”, na qual o uso mais amplo do papel para contato com os alimentos conduz a uma maior eficiência. Por exemplo, com o uso de papéis, talvez não seja necessário limpar as superfícies que estavam em contato com os alimentos depois de aquecê-los ou cozinhá-los. Tendências desse tipo continuam a guiar as mudanças no setor de papéis revestidos. Os revestimentos de silicone para papéis para panificação estão a tornar-se cada vez mais populares, particularmente na UE, onde mais de 90% do mercado foi substituído. Em contraste, somente uma minoria do mercado americano foi alterado, devido, em parte, às poucas exigências da função antiaderente e de uma grande popularidade dos papéis de uso único.

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A mudança para o papel revestido de silicone não conduz necessariamente a um aumento do custo na utilização devido a fatores como a redução da gramagem do revestimento e um melhor desempenho. O foco crescente na sustentabilidade, incluindo liners recicláveis, materiais renováveis e eficiências no consumo de energia, também direciona o mercado para o consumo acentuado de papéis revestidos de silicone. A expansão geográfica, basicamente orientada pelos mercados em desenvolvimento na Índia, China e América do Sul, conduz a um aumento do processamento de alimentos, resultando numa maior procura de desempenho e de eficiência de custos no que se refere ao papel para contato com os alimentos. Nos países desenvolvidos, uma redução no tamanho das famílias (devido a famílias com uma só pessoa ou famílias monoparentais) resulta em produtos mais individualizados e um maior consumo de embalagens. A temática da responsabilidade ambiental e de capacidade de reciclagem argumenta contra os revestimentos formados por ceras e filmes, ao mesmo tempo que abre as portas para muitos materiais de alto desempenho. O sentimento crescente de responsabilidade social corporativa em função da sustentabilidade, capacidade de reutilização, reciclagem e gestão de resíduos resumindo, um forte conceito de responsabilidade sobre o ciclo de vida dos produtos - pode alterar toda a continuidade da fabricação, deposição de resíduos e reciclagem.

Tecnologia de Emulsão de Silicone no Mercado As tecnologias de revestimento de silicone têm uma longa história e, com o tempo, têm-se tornado cada vez mais apropriadas às aplicações em alimentos. A primeira e mais antiga tecnologia é o revestimento à base de solvente, que depende do uso de um solvente como veículo para o depósito de silicone no substrato de papel. Essa abordagem deixou de ser o método preferido e está sendo gradualmente retirada de uso devido às preocupações com a segurança associadas a alguns solventes. Outro método, o revestimento sem solvente (solventless), é basicamente usado nas aplicações de rotulagem.


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A tecnologia de emulsão é o método de revestimento preferido para uma diversidade de aplicações, incluindo para o contato com os alimentos. Essa técnica é baseada num sistema reativo com um catalisador de platina. Esse método produz baixos níveis de subprodutos e é, na verdade, comumente usado para a cura de silicone em aplicações médicas, nas quais a segurança e a pureza são questões muito sensíveis. Em aplicações de revestimento antiaderente (ou para release) como em alimentos e rótulos, o sistema de revestimento de silicone à base de água consiste em duas partes reativas combinadas e misturadas antes da aplicação. A parte A do revestimento em emulsão contém o polímero e um reticulante. A parte B contém o catalisador de platina diluído num polímero de fácil manipulação.

Figura 2: Uma etapa de siliconização pode ser facilmente integrada no final do processo de fabricação do papel. A figura é cortesia da Dow Corning.

A aplicação da emulsão de silicone é fácil e pode ser feita on line como parte do processo de fabricação de papéis, eliminando a necessidade de um processo separado por um conversor. Como parte do processo on line, a emulsão de silicone reativa é aplicada sobre o papel antes da última etapa de secagem e o silicone é seco e curado na etapa final do processo (Figura 2). O papel revestido com uma pequena quantidade de silicone, como 0,30 g/m2, oferece propriedades de antiaderência excecionais e múltiplo uso. O material resultante é à prova de água e pode ser colocado no micro-ondas, desintegrado e pode ser compostado. A Figura 3 mostra uma seção transversal desse papel.

Figura 3. Seção transversal do papel revestido de silicone. A linha vermelha indica uma superfície do papel com revestimento. A foto é cortesia da Dow Corning.

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As diversas propriedades do papel siliconado tornam-no útil para o contato com os alimentos e também apresentam um potencial de uso nas aplicações de papéis anti-gordura. Para ser utilizado com antiaderente de alimentos, a característica chave dos silicones é sua propriedade release. O papel revestido com silicone possui um baixo valor de Cobb 60 com aproximadamente 8 a 15 g/m2, o que indica uma alta resistência à absorção de água. Um valor baixo desse tipo é basicamente importante para o processamento de alimentos congelados. O papel grease-proof exige uma boa resistência à gordura com o decorrer do tempo, o que também é importante para embalagens. Um revestimento de silicone modificado pode apresentar um valor de Kit de até 12.

Conclusões O setor da indústria de produtos para contato com alimentos é um segmento de mercado em ampla expansão, gerido por fatores económicos, mudanças nas populações, avanços tecnológicos e preocupações ambientais. Os papéis revestidos com silicone são basicamente usados em produtos panificados e em operações nas quais a propriedade de antiaderência dos alimentos

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é necessária, tendo crescido a participação do silicone neste mercado. A tecnologia de silicone apropriada para a produção de papéis antigordura já está definida e é favorável para a indústria alimentícia, com o benefício adicional de que os silicones estão em conformidade com as exigências de aplicações para contato com os alimentos. Devido ao sucesso da tecnologia dos papéis siliconados para antiaderencia (release), há uma importante oportunidade de transferência de tecnologia para aplicações em papel antigordura e uma maior penetração no mercado de embalagens. A Dow Corning convida-o a explorar as opções que possam responder às vossas necessidades. Para obter mais informações, entre em contato com seu representante local da Dow Corning. A Dow Corning, fundada em 1943 através de uma joint venture entre a The Dow Chemical Company e a Corning Incorporated, oferece soluções de alto desempenho que respondem às diversas necessidades dos mais de 25.000 clientes em todo o mundo. Líder global em silicones, com tecnologia e inovação baseadas no silício, a Dow Corning oferece mais de 7.000 produtos e serviços através de suas marcas Dow Corning® e XIAMETER®



Tecnologias

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om base no sucesso alcançado na sua outra fábrica da Figueira da Foz, o Grupo Portucel Soporcel instalou uma nova máquina de papel na sua fábrica de Setúbal. Passados 5 anos após o seu arranque, foi capaz de otimizar a sua refinação, reduzindo de 8 para 3 os refinadores utilizados, com a correspondente diminuição do consumo de energia.

Os discos Finebar® de baixa intensidade foram a grande contribuição para tornar isto possível. A nova MP4 da Fábrica de Setúbal tem características impressionantes: largura de 11 m e velocidade de operação de 1.800 m/min. As operações industriais da MP4, em si, e a vasta e automatizada conversão, são de tal maneira especiais que o Grupo Portucel Soporcel criou uma subsidiária para estas operações a que chamou About the Future (ATF). A máquina de papel produz o papel Navigator bem conhecido pelas suas excelentes caraterísticas de impressão e de marcha nas impressoras (a empresa indica uma operação de 99,99% sem atolamento na impressora!). No entanto, o Grupo Portucel Soporcel não se limita a este objetivo de qualidade; a sua Direção está seriamente comprometida com os três pilares da sustentabilidade: o economico, o ambiental e o social. As duas fábricas de papel do Grupo (Figueira da Foz e Setúbal) têm, no seu conjunto, uma produção anual de 1.600.000 t que são exportadas para mais de 110 países. A marca Navigator é considerada líder mundial de papel para escritório.

A fibra que faz a diferença Para atingir estes objetivos de sustentabilidade,

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José Luís Matos Engenheiro de Processo no Grupo Portucel Soporcel “O coração da fabricação de papel é a refinação. Otimizando as fibras na refinação, temos oportunidade de melhorar todos os passos posteriores do processo de fabricação.”

é essencial extrair todo o valor da fibra de Eucalyptus globulus, principal matéria-prima do Navigator. “O coração da nossa operação é a refinação e a potenciação da fibra”, afirma José Luís Matos, Engenheiro de Processo, que acrescenta: “Refinando suavemente o Eucalyptus globulus e eliminando a necessidade de utilização de fibra longa de maior custo, nós conseguimos entregar um produto de alto valor a um bom preço. A forma como refinamos a fibra é muito especial, pois permite também aumentar a eficiência da máquina de papel. Tudo isto contribui para conseguirmos custos de produção o mais reduzidos possíveis.”


Tecnologias

“Pensando energia” José Luís Matos reconhece que a redução do consumo de energia sem prejudicar a qualidade da fibra foi inspirada nas experiências realizadas em 2005 na Fábrica da Figueira da Foz sob a responsabilidade de Carlos Brás, atual Diretor da Fábrica de Setúbal. Os primeiros ensaios com os discos de refinação Finebar® demonstraram melhorias no comportamento da fibra, permitindo uma maior vazão de pasta nos refinadores, com o mesmo consumo de energia. “O resultado direto disto foi conseguirmos trabalhar com um menor número derefinadores, baixando significativamente a nossa conta energética”, afirma José Luís Matos. “Em Setúbal, seguimos uma estratégia semelhante”. Na Fábrica de Setúbal, a refinação, em 2 fases, estava inicialmente equipada com discos de refinação de 48” do fabricante OEM. Este modelo de discos, de grande diâmetro, tem um comprimento de lâmina de corte (em inglês CEL, cutting edge length) de 167 km/rev consumindo só 240 kW de energia.

Mesma produção, menos energia Depois da preparação de pasta ter alcançado as suas especificações de garantia, a fábrica pretendeu mudar para uma refinação de uma única fase, de modo a poupar energia. Como afirma José Luís Matos, “Pretendíamos reduzir o número de refinadores em operação para reduzir o consumo de energia, mas necessitávamos da mesma capacidade hidráulica, como se tivéssemos todos os refinadores a trabalhar”. José Luís Matos e a sua equipa trabalharam em conjunto com a Aikawa Fiber Technologies (AFT), fornecedor dos discos Finebar®, testando vários modelos. Rapidamente se focaram numa solução com discos de ultra-baixa intensidade Finebar® com 44” de diâmetro e um CEL de 328 km/rev. Com a experiência adquirida na Figueira da Foz a empresa, em Setúbal, racionalizou a sua refinação, passando de 8 para 3 refinadores. “Quando se param 5 motores de 1.200 kW, a poupança de energia é considerável”, salient José Luís Matos, que acrescenta” A refinação de baixa intensidade com os discos Finebar®tornou isso possível”. Os discos de 44” provaram que numa refinação

de uma só fase é possível refinar 100 l/seg de pasta com uma carga do motor de cerca de 1,4 mW. Isto corresponde a um consumo específico de energia de cerca de 74 kWh/t.

Tratando a fibra de forma adequada Claus Grunow, Especialista de Aplicações da AFT, explica: “Para além de uma excelente formação da folha e um curl mínimo, a rigidez é uma propriedade essencial para evitar o atolamento nas fotocopiadoras. Os discos Finebar® são cortados com laser e ligados por difusão, o que origina um trabalho de grande precisão. Este facto permite que os refinadores instalados em Setúbal trabalhem com intensidade ultra baixa. A suavidade da refinação potencializa uma fibrilação do exterior da fibra, aumentando a sua superfície e, por conseguinte, as suas qualidades de ligação e resistência. O comprimento da fibra é mantido e, desta maneira, é minimizado o colapso da fibra. Este facto reduz a perda de volume e dá ao papel a resistência que este necessita para um bom comportamento na fotocopiadora.”

Melhoria da segurança com MiniSegment™ Os discos utilizados na Fábrica de Setúbal são desenhados de acordo com o conceito

José Luis Matos (ao centro), Portucel Soporcel, com Carlos Bayarri (à esquerda) e Claus Grunow, ambos da AFT. O refinador aberto mostra os discos de refinação de ultra baixa intensidade Finebar®, que permitiram parar 5 refinadores, alcançando a mesma produção a custos de energia muito inferiores.

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Tecnologias

“Para ajudar a Fábrica de Setúbal a alcançar maiores produções, podemos passar para um desenho dos discos ainda mais fino”, afirma Carlos Bayarri. “A largura das barras será cerca de 1mm. A nossa equipa já estudou a situação na própria fábrica e fez ensaios na nossa estação piloto, de modo a alcançar uma boa solução.”

Na Sala de Controle (da esquerda para a direita): João Salvador, José Costa, Rui Bernardes, Fábio Costa, João Gomes. A Sala de Control, tipo nave espacial, tem um posicionamento e equipamento propícios a uma fabricação de papel moderna, baseada na mais alta tecnologia.

MiniSegment™. Este permite, segundo Claus Grunow, que o cliente só tem de fazer a substituição das superfícies desgastadas dos discos; a AFT fornece um disco adaptador que liga à superfície do disco de refinação através de parafusos. Cada MiniSegment™, cujo peso é uma fração mínima do peso do disco inteiro, é aparafusado ao disco adaptador, não sendo necessárias quaisquer modificações no refinador. De acordo com José Luís Matos, a mudança de disco é muito mais fácil e mais segura. “Uma só pessoa pode posicionar e aparafusar o MiniSegment™ à superfície de montagem, sem qualquer assistência”, afirma.

“O nosso processo patenteado de fabricação nos dá vantagens. Os nossos discos têm comprimentos de lâminas de corte muito grandes, o que contribui não só para uma excelente fibrilação, mas também para uma alta capacidade de vazão. Além disso, a seleção do material de fabricação e a baixa intensidade de operação conduzem a uma vida muito mais longa dos discos.” José Luís Matos conclui: “ Procurar melhorias em todos os aspetos da nossa operação é a razão do nosso êxito. A melhoria contínua tem de ser feita em todos os pormenores – algumas vezes muito, muito pequenos. Aprendemos, por exemplo no caso dos discos dos refinadores, que 1 mm pode fazer uma grande diferença”.

Uma atenção especial à produção Agora que a refinação está a trabalhar com êxito, a Fábrica de Setúbal está a trabalhar para otimizar os refinadores para 100 l/seg. José Luís Matos diz que pondo mais carga nos refinadores, será necessário uma otimização da geometria dos discos. Dado que o processo de fabrico dos Finebar® permite uma grande flexibilidade, aquela otimização não será problema, de acordo com Carlos Bayarri, representante da AFT na Península Ibérica.

28

pasta e papel - Outono 2014

Ana Néry, que trabalha na Comunicação Corporativa do Grupo, junto aos cubos de papel promocionais da política de compromisso do papel como material sustentável. “A nossa equipa de gestão é mundialmente reconhecida pelo seu empenho na sustentabilidade das suas atividades: Estamos fortemente comprometidos com uma melhoria contínua de todos os aspetos do nosso negócio.”



Tecnologias

*Akhlesh Mathur, ASPAC Fiber Segment Manager, BTG Division Spectris Pte Ltd, Singapore Christian Giovannoni, South America Sales Manager, BTG Division Spectris do Brasil, Instrumentos Eletrónicos Ltda, São Paulo

Novos sensores da BTG para aplicações de linha de fibras têm sido desenvolvidos, mediante a sua capacidade inovadora, para medir a lignina nas várias formas dos processos de fabricação de pasta e branqueamento. Analisadores de processos tradicionais medem apenas o número kappa da fibra, mas a BTG agora fornece um panorama mais completo.

Parâmetro mensurável

No passado

Atualmente (BTG)

Sim: laboratório; analisadores de kappa multi ponto

Sim: SPK

Kappa total

Não

Sim: BLT

Kappa do filtrado

Não

Sim: DLT

Kappa da fibra

Estes novos sensores da BTG fazem as medições necessárias para agilizar as várias operações de cozimento e de branqueamento, assim como para otimizar o consumo dos produtos químicos do branqueamento, facilitar a estabilidade da linha de branqueamento e minimizar a variabilidade do produto final. Além das reduções de custos resultantes, os investimentos em instalações são drasticamente reduzidos.

processamento da pasta e mede o número kappa da suspensão de pasta. Não há necessidade de amostradores remotos da pasta, válvulas de água associadas e as linhas de transporte necessários para os analisadores kappa tradicionais. O SPK-5500 proporciona rápida (4-6 minutos) e confiável medição kappa, proporcionando um melhor controlo das operações de fabricação de pasta e branqueamento.

Transmissor de Carga Total do Branqueamento - BLT-5500 (Bleach Load Transmitter) Para superar o desafio de reduzir o erro do operador no controlo da carga de dióxido de cloro (ClO2) no estágio D0 ou D1 do branqueamento, o novo Transmissor de Carga Total do Branqueamento mede a carga total de lignina (lignina da fibra mais o excesso (carryover)) r enviada à linha de branqueamento. Isso permite otimizar os custos do consumo dos caros produtos químicos de branqueamento, operando a linha de branqueamento em modo automático, de modo a alcançar um resultado de branqueamento mais estável e preditivo. O sensor em linha BLT

Analizador Kappa de Ponto Único - SPK-5500 (Single Point Kappa)

Fig.1: Analizador Kappa de Ponto Único / SPK-5500

30

pasta e papel - Outono 2014

Deixando para trás os complicados e caros analisadores de kappa de multi pontos, a BTG apresenta o novo SPK5500 (Analizador Kappa de Ponto Único). O SPK-5500 é montado diretamente sobre a tubagem de

Fig.2: Transmissor de Carga Total do Branqueamento / BLT-5500


Tecnologias

tem duas saídas, proporcionando a determinação do kappa total e da brancura.

Transmissor de Lignina Dissolvida - DLT-5500 (Dissolved Lignin Transmitter) No passado, as fábricas de pasta não tinham uma medida direta da concentração de lignina dissolvida para avaliar o desempenho da lavagem de pasta crua. Como resultado, o delicado equilíbrio entre os custos ideias da evaporação e do branqueamento raramente são alcançados devido ao carry-over. O novo Transmissor de Lignina Dissolvida da BTG mede agora a concentração de lignina na fase de lixívia expressa como número kappa, estando a ser usado como uma poderosa ferramenta de otimização da lavagem da pasta crua. A saída do DLT tem uma forte correlação com a carência química de oxigénio (CQO), permitindo a sua utilização como um sensor em linha de COD nas fábricas de pasta. Com estas inovações a BTG complementa o seu

Fig.3: Transmissor de Lignina Dissolvida / DLT-5500

abrangente portfólio de produtos, possibilitando uma oferta completa para o maior controlo do processo das linhas de fibras dos seus clientes das fábricas de pasta. Para quaisquer dúvidas, entre em contato connosco para instruments@btg.com, referência “sensores em linha de fibras BTG” ou visite o nosso website www.btg.com


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*David Gracià - Gerente Comercial, Sertec20 Em colaboração com Josep Bartrolí - Diretor Comercial, Sertec20

Presente na Europa, e na América do Sul através de sua subsidiária brasileira, a empresa espanhola Sertec20 é, há vinte anos, especialista em produtos químicos específicos para a indústria de papel, incluindo enzimas para a refinação. A Sertec20 desenvolveu a Serzym 50, uma enzima que permite consumir menos energia, mantendo as principais propriedades da fibra original.

A

s propriedades físico-mecânicas do papel são o resultado, principalmente, entre outras variáveis, do tipo e qualidade da fibra que é utilizada para a fabricação e do tratamento que é dado a estas fibras. É reconhecido que existem duas grandes famílias na fabricação de papéis: a que utiliza fibra virgem e a que usa fibras recicladas. Cada uma delas tem as suas próprias características e por isso devem ser tratadas distintamente sob o ponto de vista em questão: a modificação físico-estrutural da fibra. As características fundamentais das fibras que são utilizadas na fabricação do papel são o comprimento, a capacidade absorvente, a hidratação, a quantidade de subprodutos residuais derivados do processo de obtenção e a capacidade para formar ligações por ponte de hidrogénio com outras fibras. Em função dessas características, decidem-se e dimensionam-se os equipamentos a utilizar durante o processo de preparação de massa para permitir a adequação perfeita entre as fibras escolhidas e os resultados pretendidos.

Aspetos gerais Um elemento básico e importante é a refinação, que tem como principal objetivo provocar um efeito de fibrilação na fibra para aumentar a sua superfície específica e também a sua capacidade em criar ligações. Infelizmente, embora tenham sido feitos muitos avanços na tecnologia da refinação mecânica, e ainda que esta continue a ser uns dos elementos indispensáveis em grande

32

pasta e papel - Outono 2014

parte dos processos de preparação da massa, devemos ter em consideração que não existe o que chamamos uma refinação ideal, quando falamos de refinação mecânica. Por mais que tenhamos um processo de refinação mecânica controlado por completo em todos os seus parâmetros e set points ideais, é impossível evitarem-se efeitos que podem ser considerados colaterais, como é o caso do excessivo corte da fibra, provocando um aumento de finos e um efeito negativo sobre as próprias propriedades das fibras. Devido a esta situação comum provocada pelo efeito colateral da refinação mecânica, a Sertec20 desenvolveu uma aplicação enzimática que acelera a quebra das ligações o-glicosídeo da fibra de celulose e que, portanto, permite conseguir um efeito de fibrilação praticamente perfeito da fibra. A enzima não se destina a substituir a etapa de refinação mecânica no processo de preparação de massa, mas sim aperfeiçoar e aumentar o rendimento da refinação mecânica, realizando um pré-tratamento da fibra mais orientado para os objetivos de melhores rendimentos de fibrilações sem cortes, em conjunto com menores energias específicas de refinação. Como consequência do exposto, o papel a ser fabricado com tratamento enzimático apresenta uma melhor estabilidade dimensional da folha, facilitando a impressão e a regularidade da mesma, duas características muito valorizadas.


Tecnologias

Introdução ao mundo enzimático É conhecido como a enzima é capaz de provocar e acelerar reações determinadas e específicas sobre um substrato, de forma natural com a passagem do tempo. As enzimas são substâncias naturais formadas por cadeias de aminoácidos e a sua estrutura e posição no espaço tridimensional são as principais características diferenciadoras. Isto faz com que cada tipo de enzima somente possa atuar acelerando um tipo de reação (Figura 1). Uma enzima é formada pela união de várias cadeias de aminoácidos que formam a estrutura tridimensional, que é a responsável por determinar o tipo de atividade daquela enzima. A estrutura tridimensional de uma enzima é formada por várias cadeias bidimensionais de aminoácidos, que, por sua vez, estão formadas por cadeias elementares de aminoácidos. É importante observar que alguns aminoácidos em cadeias por ligações peptídicas se tornam proteínas. Os aminoácidos são os que formam

Figura 1

as enzimas, que não são consumidas durante a reação de aceleração, mas devem podem ser desativadas perante diversos fatores que analisaremos mais adiante. Este é o principal fator diferenciador em relação aos produtos químicos tradicionais e o motivo de sua alta eficiência a baixo custo operacional. O tipo de enzima mais comum utilizado na indústria do papel é a celulase, que tem como principal característica a capacidade de acelerar a decomposição da molécula de celulose através da rutura das ligações o-glicosídicos (figura 2).

Figura 2: Estrutura da celulose através das ligações o-glicosídicos de n glucoses.

Serzym 50 A Serzym 50 é um formulado concentrado monoenzimático, que acelera a reação de rutura das ligações o-glicosídicos, facilitando o efeito de fibrilação da parte externa da fibra. A sinergia de reação compõe-se de três fases distintas: s 2 PÐGXOR FDUEÐQLFR GD UHDÄÀR LGHQWLILFD R ponto potencial das ligações da superfície da fibra. s $ OLJDÄÀR SHSWÊGLFD UHDJH FRP R SRQWR previamente identificado. s 2 GRPÊQLR FDWDOÊWLFR SHUPLWH DXPHQWDU D velocidade da reação.

Figura 3

pasta e papel - Outono 2014

33


Tecnologias

A endo-1,4-ȕ-D-glucanase (EG) tem pontos adequados para se ligarem à superfície dos módulos reativos de celulose, sendo necessários uma forte presença de água e agitação para permitir a circulação de maneira a continuarem a reagir com mais pontos. No caso em que estes elementos não existam, a enzima não é capaz de continuar a circular através do meio e, portanto, não continua a identificação de novos substratos. Devido a seu peso molecular superior a 40.000 g/mol, a agitação e a presença de muita água no meio são essenciais para um bom desempenho; de outra forma, tendo em conta a difusão limitada na suspensão de fibras, o efeito sinérgico de reação ao seu meio ambiente é limitado. Geralmente, a inativação do Serzym 50 é provocada durante o processo de secagem do papel. Ao trabalhar a temperaturas superiores a 60ºC, não é possível conseguir os benefícios da enzima. A elevada temperatura modifica a estrutura 3D da proteína, convertendo-a em 2D, de modo que o aminoácido perde toda a sua efetividade. As mudanças elevadas de pH alteram o aminoácido que reage com o substrato. Esse efeito provoca a impossibilidade do substrato ser identificado pela enzima. Temos que levar em conta que o aminoácido constitui o centro ativo das enzimas. Os grupos catiónicos provenientes de produtos químicos inativam a enzima, mas para se conseguir esse efeito, é necessária uma elevada concentração de produto catiónico, assim como de metais pesados. Os produtos catiónicos e metais pesados trabalham a elevadas concentrações e não a concentrações típicas de um processo da fábrica de papel. É aconselhável evitar a adição conjunta de enzima e de um formulado altamente oxidante. Uma percentagem remanescente de Serzym 50 no circuito de águas brancas é interessante de modo a manter o sistema enzimático ativo o maior tempo possível e desta maneira otimizar o desempenho e custo da aplicação. A enzima, em águas brancas, trabalha aumentando a drenagem e reduzindo os hidrocoloidais,

34

pasta e papel - Outono 2014

uma vez que pode reagir ainda mais com a superfície dos finos. Devemos levar em conta a possibilidade de reutilização de águas brancas na preparação da massa. É de mencionar que a utilização de tratamentos microbiológicos geradores de iões cloreto, como monocloromina (MCA), pode prejudicar o desempenho da enzima, principalmente quando os pontos de adição estejam próximos à entrada da mesma. A CMC (carbo-metil-celulose) é um substrato típico para a enzima, portanto apresentando um efeito negativo. A CMC é muito fácil de ser identificada pela enzima devido ao seu tamanho e com isso atrai a enzima, evitando que esta reaja com as fibras. As endo-glucanases reagem com todos os radicais 1,4-ß glicosídicos, celobiose, ß-glucanos, CMC, MC e micro cristais da celulose, porém é clara a preferência pelos substratos de peso molecular baixo e absolutamente hidratados, isto é, substratos solúveis. A enzima reage primeiro com a CMC solúvel ou hidro coloidal, do que com a fibra sólida e hidrofóbica. Isto explica o efeito positivo na drenagem, já que os substratos hidratados são os grandes retentores de água, sendo a própria estrutura viscosa e gelatinosa; portanto, se a enzima se degrada primeiro, facilita a extração de água na fabricação do papel.

Efeito na refinação Na continuação do exposto na introdução, este capítulo tem a intenção de ampliar e complementar as informações sobre o trabalho da enzima, em particular na refinação. O grau de refinação de uma fibra é avaliado através da medida do grau Schopper-Riegler (ºSR), ou através de outros ensaios como o Canadian Standard Freeness (ml, CSF), já que foi demostrado haver uma relação entre a condição superficial das fibras e o entumecimento das mesmas. Além destes fatores, o resultado também depende das condições sob as quais o ensaio é realizado, tais como a preparação da massa, a temperatura e a qualidade da água.


Tecnologias

É preciso observar que o objetivo principal da etapa de refinação não é o de atingir um determinado valor de Schopper, mas sim conseguir aumentos das características físicas do papel através de uma fibrilação ideal. A medida do grau Schopper é um indicador útil, mas não exato no que respeita ao aumento da fibrilação e hidratação das fibras. Pelo contrário, pode ser um indicador perigoso e com consequências prejudiciais nos parâmetros de características físico-químicas do papel e drenagem. Cada tipo de refinador, com as guarnições correspondentes, tem uma curva de refinação própria para cada característica físicomecânica a ser alcançada. Normalmente, uma maior potência aplicada, pode levar a maior

resistência até se chegar a um ponto ótimo. Porém, um excesso de refinação pode diminuir drasticamente as características físico-químicas do papel, principalmente por debilitar e reduzir a fibra (excesso de corte). O uso da Serzym 50 modifica a referida curva de refinação, no sentido explicado a seguir (Figura 4): s 5HILQDÄÀR QR SRQWR ÐWLPR ¦ SRVVÊYHO UHGX]LU D potência específica de refinação mantendo a mesma resistência. s 5HILQDÄÀR HP SRQWR QÀR ÐWLPR ¦ SRVVÊYHO aumentar a resistência ou reduzir a potência específica.

Figura 4

Caso fibra virgem Introdução Foi realizado um estudo no circuito de refinação de um cliente onde se detalhou o diagrama de fluxo, tipo de refinador, tipo de guarnição (desenho dos discos), observação microscópica da fibra antes e depois da refinação, pH e temperatura, sequência no desintegrador e produtos químicos em uso, etc...

Objetivos O objetivo do tratamento enzimático foi o de economizar energia nos refinadores, isto é, redução da potência específica (Kwh/tm), mantendo-se as propriedades físicas do papel.

Uma vez analisados os resultados, indicaramse as condições ideais para a aplicação do tratamento enzimático Serzym 50.

Aplicação Identificou-se como ponto de dosagem ideal o desintegrador. A bomba doseadora do produto foi interligada ao DCS para facilitar os ajustes das dosagens. Diferentes doses foram avaliadas a partir de 25 g/t a 100 g/t.

O teste industrial foi realizado numa fábrica de papel que produz papel de impressão e escrita, de 44g/m2 (baixa gramagem).

Resultados A tabela seguinte mostra os resultados obtidos durante a prova industrial:

pasta e papel - Outono 2014

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Tecnologias

SCHOPPER

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Data

W [g/m2]

REFINAÇÃO

CARACTERÍSTICAS

Dose Serzym 50 [g/t]

ºSR ent. Refinação 1+2

ºSR saída Refinação 1+2

PE 1+2

Porosidade [mL/min]

Tração L

Tração T

Cinzas [%]

20

330

3,91

2

7,83

11.06.13 9:00

44

0

45

234

11.06.13 11:00

44

100

50

236

11.06.13 11:40

44

100

40

201

250

5,04

2,52

7,47

11.06.13 14:30

44

100

41

185

300

4,9

2,75

6,36

11.06.13 16:00

44

100

40

181

290

4,45

2,26

9,08

11.06.13 18:00

44

100

46

168

260

4,51

2,22

9,75

12.06.13 8:45

44

100

40

168

400

4,57

2,33

10,95

12.06.13 9:30

44

50

12.06.13 11:40

44

50

12.06.13 14:30

44

75

12.06.13 18:30

44

75

13.06.13 8:30

44

75

13.06.13 10:20

44

13.06.13 11:15

44

167 20

45

197

310

184

250

4,55

2,66

9,93

161

330

4,95

2,69

9,48

38

162

320

4,84

2,54

9,75

75

35

162

340

75

36

162

19

A seguir apresentamos as microfotografias realizadas ao longo da prova industrial

(Figuras 5 a 8):

Figura 5: Saída refinadores sem enzima

Figura 6: Saída refinadores – 100g/t Serzym 50

Figura 7: Saída refinadores – 50g/t Serzym 50

Figura 8: Saída refinadores – 75g/t Serzym 50

pasta e papel - Outono 2014


Tecnologias

Conclusões Dos resultados obtidos, podemos concluir que a prova industrial com o Serzym 50 satisfez, conseguindo uma redução da potência específica nos refinadores de 30%. As propriedades físicas do papel mantiveramse constantes ou mesmo aumentaram ligeiramente.

O teste industrial foi realizado numa fábrica de papel que produz papel de embalagem, especificamente durante a fabricação de papel miolo. Objetivo O objetivo do tratamento enzimático foi o de economizar energia nos refinadores, isto é, redução da potência específica (Kwh/tm), mantendo as propriedades físicas do papel.

É identificado como ponto de dosagem o desintegrador, consolidando-se a dosagem ótima em 75g/t.

Caso fibra reciclada

Aplicação O desintegrador trabalha em contínuo, portanto a dosagem de Serzym 50 foi feita de forma contínua tomando como referência a produção bruta de papel.

Introdução Foi realizado um estudo do circuito de refinação do cliente no qual de detalhou o diagrama de fluxo, tipo de refinador, tipo de guarnição (discos), observação microscópica da fibra antes e despois da refinação, pH e temperatura, sequência no desintegrador e produtos químicos em uso, etc... Uma vez analisados os dados, determinaram-se as condições ideais para o teste com o produto Serzym 50.

Resultados A tabela a seguir mostra os resultados obtidos durante a prova industrial, realizada com doses de 100 g/t de Serzym 50 sobre a mesma qualidade de papel.

Carga de rutura

Data

Longitude de rutura

Dose Serzym 50

Gramagem

DL

DT

DL

DT

RCT

I. SCT

I. CMT30

g/t

g/m2

N

N

m

m

KN m

KN m/kg

N m2/g

I. CCT

I. Mullen

Porosidade

Qualidade KN m/kg Kpa m2/g

Gurley

21.05.13

Bicor

g/t

g/m2

N

N

m

m

KN m

KN m/ kg

N m2/g

KN m/ kg

Kpa m2/g

Gurley

21.05.13

Bicor

100

108

85,8

34

5.296

2.099

0,67

14,3

1,94

21,8

2,04

38,8

21.05.13

Bicor

100

108

86,2

32,2

5.321

1.988

0,58

14,7

1,88

20,3

1,98

39,7

21.05.13

Bicor

100

110

88,3

34,7

5.352

2.103

0,63

15,4

1,92

21,2

1,98

37,6

21.05.13

Bicor

100

109

88,1

33,5

5.388

2.049

0,5

17,9

1,86

19,5

2,17

42,2

21.05.13

Bicor

100

113

89,5

33,7

5.280

1.988

0,55

18,1

1,92

18,9

1,12

45,1

A potência específica aplicada no refinador era de 20 KWh/t para a linha de fibra curta e de 20 KWh/t para a linha de fibra longa. Ao longo da prova industrial foi possível reduzir a potência específica em 10%.

a prova industrial com o Serzym 50 satisfez, conseguindo um importante aumento em quase todas as características (exceto no RCT que diminui) e também uma redução da potência específica na refinação de 10%.

Conclusões Dos resultados obtidos, podemos concluir que

É identificado com o ponto de dosagem o desintegrador, consolidando-se a dosagem ótima em 80 g/t.

pasta e papel - Outono 2014

37



Tecnologias

Chen Quan-bing, Yan Jun, Chen An-jiang Wenrui Machinery Co., Ltd (China)

Num momento em que se verifica um rápido desenvolvimento da indústria de produção de pasta e de papel, uma fabricação de pasta em grande escala centralizada e uma fabricação de papel diversificada é a tendência de desenvolvimento da indústria de papel, que é assim afetada pelos custos de distribuição e logística das matérias-primas. O problema do transporte da pasta húmida para a fabricação de papel tornou-se um componente importante a considerar na empresa de produção de pasta, havendo uma maior exigência com o grau de secura, pelo que o equipamento de adensamento da pasta, permitindo uma alta secura e eficiência, se tornou numa nova necessidade do mercado. O novo tipo de adensador hidráulico de dupla

teia com 6 zonas de pressão desenvolvido pela Wenrui Machinery (Shandong) Co., Ltd (a seguir designada Wenrui Machinery) tem grandes vantagens, tais como pouco atravancamento, alto teor de secura na saída, substituição fácil das teias, poucas peças de substituição, alto grau de automação e operação estável e confiável, etc. A Wenrui Machinery entregou um adensador hidráulico de dupla teia SW635 (ver figura 1) em outubro de 2013, a uma grande empresa produtora de papel na província de Jiangsu (China), tendo o seu desempenho correspondido ao pretendido.

Principais características estruturais do novo tipo do adensador hidráulico de dupla teia SW635

estrutura de suporte e equipamento de drenagem (incluindo dois conjuntos de rolos de prensagem de tipo S e os rolos de prensagem da terceira, quarta, quinta e sexta zonas de prensagem), guia de correção da posição de marcha e dispositivo de lavagem das teias; o equipamento está também equipado com um sistema hidráulico (figura 1).

A estrutura principal de um novo tipo de adensador hidráulico de dupla teia SW635 inclui: caixa de alimentação da pasta, dispositivo de tensão,

Pretende-se neste texto apresentar, de forma sucinta, a sua estrutura e o seu desempenho.

pasta e papel - Outono 2014

39


Tecnologias

Figura 1: Adensador hidráulico de dupla teia SW635

Parâmetros técnicos do adensador hidráulico de dupla teia Consistência na entrada (%)

4~6

Secura de saída (%)

*45

Capacidade (ADt/d)

350 (Choupo CMP)

Temperatura (°C)

50 ~ 70

Refinação (CSF ml)

330 ~ 360

pH

6~8

Número de prensas

6

Largura da superfície dos rolos (mm)

3800

Largura efetiva da teia (mm)

3500

Tipo de teia

Sem-fim

Velocidade de operação da teia (m / min)

25 ~ 40

Potência alocada aos motores (kW)

2 × 55 (seis prensas) 2 × 45 (quatro prensas)

Dimensões (Compr., Larg., Alt., mm)

13100 × 8500 × 3750

Princípio e processo de trabalho do adensador hidráulico de dupla teia A pasta com a consistência de 4% a 6% é bombada, a partir do tinão de armazenamento de pasta, para a caixa de alimentação do adensador hidráulico; a pasta é uniformemente distribuída entre as teias superior e inferior a partir da caixa de alimentação e entra na zona de formação e drenagem. A pasta é lançada entre as teias, iniciando-se o processo de drenagem, ficando, gradualmente, a espessura da pasta cada vez mais fina, permitindo a interligação final e total das suas camadas superior e inferior. A drenagem por gravidade e a motivada pelo aperto entre as teias são realizadas nesta zona, aumentando a consistência da pasta para 10% a 12%. A pasta entra depois na zona das duas prensas tipo S e a drenagem passa a ser realizada

40

pasta e papel - Outono 2014

pelas ranhuras dos rolos das prensas e através da estrutura das teias com uma pressão de 50-70 N/ mm linear nas prensas do tipo S, aumentando a consistência da pasta para 18% a 20%. A pressão não deve ser muito grande nesta fase, a fim de evitar que a pasta transborde pelas beiras das teias. A pressão linear é aumentada desde 100 N/mm até 300 N/mm nas prensas seguintes. A secura da pasta aumenta de forma contínua após ser prensada e desidratada sucessivamente nas 3ª, 4ª, 5ª e 6ª prensas, alcançando na última uma secura final superior a 45%. Os rolos superior e inferior da 6ª prensa estão equipados com raspas, com a função de separar a folha de pasta das teias. A folha, após sair do adensador através de um parafuso sem fim, pode ser ou embalada ou transportada diretamente.

Conclusão Cada adensador hidráulico de dupla teia SW635 desenvolvido pela Wenrui Machinery cumpre os requisitos do projeto e responde às necessidades dos clientes. A prática provou que o novo tipo de adensador é um importante equipamento de espessamento da pasta húmida destinada a transporte. Tem importantes características, incluindo a facilidade de operação, o baixo custo de manutenção, alto teor de secura na saída e operação estável. A secura de pasta espessada é *45%, o que reduz significativamente o custo de transporte de pasta húmida. Por exemplo, no projeto referenciado, a secura aumentou de 35% para 45% com uma capacidade 350 ADt/dia, o que equivale à poupança diária do custo de transporte de 200 toneladas: portanto, o seu valor económico é significativo para a empresa.



Tecnologias

* Marcel Lensvelt Diretor Geral da Feltest Equipment BV

Quase todas as fábricas que utilizam teias de formação dispõem de um ou vários tensiómetros para medir a tensão da vestimenta, principalmente das teias de formação. Não há dúvidas, se estes instrumentos não estão em perfeitas condições, podem ocorrer problemas graves na máquina de papel, como torções na teia, teias demasiado compridas ou estreitas ou quebras de rolamentos.

Funcionamento Para conhecer os riscos de uma medição incorreta da tensão das teias, é importante entender como funcionam os tensiómetros. Na figura 1 mostram-se os princípios básicos de trabalho.

mais comuns com os tensiómetros usados são o desgaste mecânico da barra sensora e a perda de estanquicidade das juntas. São precisamente estes os fenómenos que representam os maiores riscos para o equipamento.

Barra sensora desgastada Em muitos tensiómetros usados, a barra sensora sofre uma erosão de milímetros, o que cria uma superfície de contato plana (como mostra a figura 2), em lugar da forma arredondada original.

Figura 1: Funcionamento de um tensiómetro

A barra sensora, localizada na parte inferior do tensiómetro, é pressionada contra a teia mediante uma carga predefinida da mola. A distância axial percorrida pela barra traduz um valor determinado indicado pelo ponteiro do mostrador analógico. Quanto mais elevada é a tensão da teia, mais se desloca a barra para cima, produzindo uma rotação no ponteiro no sentido dos ponteiros do relógio e indicando um valor maior no tensiómetro.

Que se passa quando os instrumentos estão velhos? Depois de um certo tempo de uso, o instrumento começa a mostrar sinais de desgaste. Os problemas

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Figura 2: Exemplo de barra sensora desgastada

Recordemos agora o princípio de funcionamento de um tensiómetro: o deslocamento da barra sensora é convertido no valor da tensão. Na figura 3, compara-se um sensor usado com um novo. A carga da mola é similar em ambos os casos e também a deformação da teia será praticamente a mesma com um sensor usado ou com um novo. Mas a figura 3 mostra que a barra sensora desgastada se coloca mais abaixo que a nova.


Tecnologias

Que se passa na prĂĄtica diĂĄria?

Figura 3: Sensor desgastado comparado com um novo

Perda de estanquicidade da junta Os tensiómetros são utilizados num ambiente muito húmido e a ågua projetada pode ser bastante corrosiva. Os efeitos do envelhecimento sobre os elementos de borracha e os movimentos do eixo desgastam o aparelho, fazendo que perca a estanquicidade. Quando a ågua do processo entra no interior dos equipamentos, rapidamente os rolamentos do eixo começam a ser corroídos. Esta corrosão interna provocarå que o eixo tenha uma resistência mecânica superior quando Ê realizada a medição, provocando que, para uma certa tensão na måquina, a barra sensora não se desloque tão facilmente para cima como deveria.

Conclusão: tensiómetros desgastados dão valores inferiores nas mediçþes Em resumo, os dois defeitos mais frequentes nos tensiómetros mecânicos são o desgaste da barra sensora e o fenómeno da falta de estanquicidade, o que provoca um maior atrito interno.

Em muitas fåbricas de papel os tensiómetros são utilizados enquanto o ponteiro se movimenta, sem se questionar a precisão do aparelho. Para cada posição das vestimentas, os operadores conhecem qual Ê a tensão necessåria; por exemplo, 6 kNewton/m (ver figura 5). Se se mede a tensão da teia de formação e o tensiómetro indica 5 kN/m, aumenta-se a tensão atÊ que o aparelho indique os 6 kN/m desejados. A tensão real da teia de formação serå então muito superior aos 6 kN/m marcados.

Figura 5: Trabalhando com uma tensĂŁo demasiado alta devido a um tensiĂłmetro desgastado

ConsequĂŞncias de vestimentas na mĂĄquina trabalhando com uma tensĂŁo demasiado alta Quando as vestimentas de uma mĂĄquina de papel estĂŁo a trabalhar com uma tensĂŁo mais alta que especificado, podem produzir-se uma sĂŠrie de problemas:

Figura 4: TensiĂłmetros desgastados dĂŁo valores inferiores

Uma barra desgastada terĂĄ como consequĂŞncia que o eixo se desloque menos e consequentemente o ponteiro mover-se-ĂĄ menos para a direita (no sentido do relĂłgio), indicando, no mostrador, valores inferiores aos reais. Mais atrito nos rolamentos bloquearĂĄ o eixo quando este se deveria mover para cima, igualmente mostrando valores inferiores aos que deveria ser a leitura real.

s DV WHLDV GH IRUPDĂ„Ă€R SRGHP HQFROKHU SHUGHQGR consequentemente as suas propriedades de tensĂŁo; s DV WHLDV SRGHP WRUQDU VH PDLV HVWUHLWDV s R FRPSRUWDPHQWR GD GUHQDJHP QDV WHLDV GH formação pode modificar-se; s D HPHQGD GD WHLD SRGH VRIUHU XPD VREUHFDUJD R que provoca uma torsĂŁo da teia; s TXDQGR RV URORV JXLD GD WHLD Mž QĂ€R DJXHQWDP a sobretensĂŁo, podem encurvar ou partir os rolamentos. Os efeitos negativos de uma manutenção defeituosa nos tensiĂłmetros nĂŁo podem ser subestimados. A conclusĂŁo deste texto ĂŠ clara: uma manutenção regular ou a substituição periĂłdica deste instrumento de medição de precisĂŁo pode evitar muitos problemas e danos elevados.

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Floresta

ou A “perigosa vespa” cuja importação foi autorizada por uns malandros do Ministério da Agricultura para combater o gorgulho do eucalipto.* *João M. A. Soares Eng.º Agrónomo e Profissional Florestal Ex-Secretário de Estado das Florestas

É sabido que o eucalipto é uma espécie exótica (não indígena) introduzida em Portugal em 1829. Como todas as espécies introduzidas, o eucalipto viveu e cresceu em Portugal durante muitos anos beneficiando de uma ausência quase total de pragas e doenças (durante século e meio!) tendo como únicos problemas a secura e a geada (C. Valente, H. Machado e M. Silva, ISA press 2008). As primeiras pragas e doenças surgiram, inevitavelmente, já na década de 1970 do século passado (Manuela Branco, Carlos Valente e Maria Rosa Paiva, 2008). Uma dessas pragas, a primeira com efeitos económicos e ambientais indesejáveis, a ser detectada entre nós (a Phorantha semipunctata) foi identificada no início dos anos 80 (Paiva e Araújo, 1986), porquanto s suas larvas escavam galerias no tronco das árvores debilitadas, podendo provocar a sua morte. Tal circunstância levou mesmo então a Quercus a “laureá-la”, com pompa e circunstância, com a infeliz designação do “animal mais benéfico do ano” ou “melhor amigo da floresta”… O combate que os produtores florestais lhe fizeram de imediato (com armadilha de toros e cortes fitossanitários) e o facto de ter surgido um

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pasta e papel - Outono 2014

parasitóide oófago (a Avetianella longoi) que coloca os seus ovos nos ovos da Phorachanta, reduziram o problema à sua dimensão natural. Acontece que esse oófago, só detectado em Portugal em 1992 (Farral e al., 1992), acabou por contribuir muito para a minimização dos impactos da praga, não obstante a sua produção em biofábricas não ter demonstrado a viabilidade económica que se esperava. Num mundo cada vez mais globalizado e sem fronteiras, um novo (e preocupante) inimigo natural do eucalipto, o gorgulho do eucalipto (Gonipterus scutellatus) foi mais tarde identificado em Espanha, em 1992, na Galiza (Mansilla Vasquez), sendo posteriormente detectado em Portugal em 1995 (Valente et al.) e estudado e conhecido em África e na Nova Zelândia desde essa mesma data (Tooke, 1995). Trata-se de um insecto fitófago originário (como a dita Phoracantha) da Austrália (talvez o que tem maior importância económica a nível mundial), hoje presente em quase todas as longitudes onde existem eucaliptos, que se alimenta das folhas adultas jovens dos eucaliptos e que, em certas circunstâncias e acima dos 400 metros (Valente et al.), pode causar a perda de uma elevada percentagem das folhas da copa e, no limite, a própria morte da árvore. Também neste caso, a natureza – como a Ecologia ensina – foi encontrando e expandindo um inimigo natural do gorgulho (provavelmente introduzido nos mesmos exemplares lenhosos que trouxeram a praga, porquanto os parasitóides são normalmente específicos dos seus hospedeiros). Tratou-se, neste caso, do Anaphes nitens, detectado na Península Ibérica pela primeira vez em 1993, tendo as autoridades espanholas introduzido, logo em 1994, mais indivíduos com vista a diminuir a consanguinidade dessas populações “benéficas” que pretenderam ver rapidamente acrescidas. O Anaphes nitens, em quotas abaixo dos 450


Floresta

metros,é tão eficaz a parasitar (matando-os) os ovos do gorgulho e colocando neles os seus próprios ovos (que vão assim aumentar o número dos inimigos naturais da praga) que em muitas regiões da Argentina, Brasil, Nova Zelândia, Itália e África do Sul acabou por substituir a anterior aplicação de insecticidas (e.g. Hanks et al.) nos povoamentos de espécies de eucalipto oriundas da região continental da Austrália. Acontece que a variedade de gorgulho que prevalece entre nós, acima dos 450 metros, serve de hospedeiro não ao A. nitens mas sim ao um quase seu “irmão gémeo”, o Anaphes inexpectatus, porquanto o “nosso” eucalipto (o E. globulus) é oriundo da Tasmânia e não do continente australiano. Sendo pois óbvio, como não podia deixar de ser, que o Anaphes nitens está seguramente em Portugal desde 1996 (Valente et al.,2004), tudo indica igualmente que o Anaphes inexpectatus estará já, igualmente, entre nós, mas numa escala ainda irrelevante para se constituir como inimigo natural do gorgulho. Não é pois, pura e simplesmente, verdade, que

se trate de importar um “novo” insecto exótico de comportamento desconhecido e sem qualquer relação com os ecossistemas florestais existentes entre nós. Ainda assim e antes das largadas experimentais em campo, o A. inexpectatuss (também oriundo da Tasmânia) foi devidamente estudado em laboratório para verificar a sua especificidade e eficácia contra o gorgulho do eucalipto, nas condições que interessam à realidade da produção florestal portuguesa, a qual está na base da respectiva, importantíssima e mais importante fileira silvo-industrial exportadora do país. Não se trata pois, repete-se, de introduzir,



Floresta “irresponsavelmente”, uma “vespa exótica” de efeitos desconhecidos e que alguns jornais e “ecologistas” já apontaram como “assassina das abelhas”… A este propósito convém dizer que os estudiosos da matéria chamam “pequena vespa” aos parasitóides porque, também eles, à semelhança das vespas e das abelhas, pertencem, à gigante família Hymenoptera. (Em termos morfológicos e biológicos, porém, o género Anaphes nada tem a ver com as vespas assassinas. Na verdade, os parasitóides do género Anaphes têm cerca de 1mm de comprimento passando visualmente despercebidos na natureza e são inócuos para o ambiente, dado a sua especificidade e dependência do hospedeiro). Independentemente da prudência que todo estes processos biológicos justificam, é lamentável que a ignorância e a má fé (porque será que tem sempre a ver com o eucalipto?) tenham direito a “letras gordas” na imprensa e que a mensagens erróneas dos (habituais) paladinos da desgraça, junto dos políticos (alguns já querem explicações dos técnicos na Assembleia da República…em nome do País!!!), sejam levadas a sério.

O que disseram estes fundamentalistas “anti-seres vivos exóticos” da necessidade de introduzir vacinas novas (com materiais exóticos vivos) contra os vírus asiáticos que atacaram os outros Continentes (Portugal incluído)? O que pensam eles sobre o facto de a sua alimentação se basear em espécies exóticas (batata, milho, laranja, tomate, etc.)? Qual foi o pedido que fizeram à Assembleia da República depois da população das cegonhas ter disparado no Ribatejo (e um pouco por todo o país) quando o lagostim americano “apareceu” nas valas de rega e constituiu alimento abundantíssimo para a expansão incontrolada daquela espécie? Que se saiba, limitaram-se a exigir da REN e da EDP a instalação de plataformas para as cegonhas fazerem os cada vez mais numerosos ninhos…e quando um deles (chegam a pesar mais de duas dezenas de quilos) cair sobre um automóvel numa auto-estrada (já que estão instalados nos próprios pórticos sinalizadores) cá estarão, seguramente, para pedir responsabilidades às concessionárias desse pesadelo ambiental (mais um) que são as auto-estradas… Haja juízo e vergonha!


Estatísticas

Publicamos, de seguida, os Números Chave da Indústria Papeleira retirados do Boletim Estatístico da Indústria Papeleira Portuguesa. Iniciativa da CELPA – Associação da Indústria Papeleira em colaboração com a RECIPAC – Associação Nacional de Recuperação e Reciclagem de papel e cartão, os números apresentam a evolução do

comportamento do setor de Pasta e Papel ao longo de 2013. Felicitamos a Direção da CELPA pelo magnífico trabalho que é este Boletim Estatístico, aconselhando os nossos leitores à sua leitura completa no site desta Associação.

Indicadores Florestais

2012

2013

Variação

Área sob gestão (hectares)

207.883

207.709

-0,1%

14.372

15.065

4,8%

897

2.247

150,4%

Investimento em ações de silvicultura preventiva (mil euros)

2.342

2.166

-7,5%

Investimento em investigação e desenvolvimento florestal (mil euros)

3.456

4.458

29,0%

Plantas produzidas (mil plantas) Área ardida sob gestão (hectares)

Indicadores de produção - Indústria de Pasta Aquisição de madeira (mil m3 eq. s/casca)

7.387

7.997

8,3%

Consumo de madeira (mil m3 eq. s/casca)

7.710

8.211

6,5%

282

371

31,7%

1.284

1.333

3,8%

258

309

20,0%

Consumo de pastas para papel (mil ton)

1.706

1.763

3,4%

Produção total de papel (mil ton)

2.120

2.177

2,7%

Produção de papel para usos gráficos (mil ton)

1.553

1.560

0,4%

395

394

-0,4%

Produção de papel e cartão de embalagem e empacotamento (mil ton)

40

80

98,7%

Produção de papéis de uso doméstico e sanitário (mil ton)

92

101

9,3%

Exportações de pasta (mil ton)

1.082

1.169

8,0%

Importações de pasta (mil ton)

101

125

24,1%

Consumo de papel para reciclar (mil t) Produção de pastas virgens (mil t) Produção de pasta de fibra recuperada Indicadores de produção - Indústria de Papel e Cartão

Produção de coberturas para cartão canelado (mil ton)

Indicadores de Comércio Externo

Exportação de papel para recuperar (mil ton)

48

433

401

-7,4%

Exportação de papel (mil ton)

1.864

1.927

3,4%

Importação de papel (mil ton)

952

884

-7,1%

pasta e papel - Outono 2014


Estatísticas Indicadores Ambientais

2012

2013

Variação

96

98

1,7&

2,7

2,6

-1,6%

28,4

26,8

-5,6%

3,6

3,4

-6,5%

1.237

1.259

1,8%

Consumo de Combustíveis Fósseis (TJ)

21.282

22.022

3,5%

Consumo de Biomassa (TJ)

47.254

48.330

2,3%

Produção de Energia Elétrica (TWh)

3,5

3,6

2,8%

Consumo de Energia Elétrica (TWh)

2,5

2,6

1,7%

Emprego Direto (nº trabalhadores)

3.115

3.087

-1,1%

Horas de Formação (mil de horas)

109

118

8,3%

Despesa com a medicina no trabalho (mil euros)

1.142

1.139

-

Investimentos em segurança e saúde ocupacional (mil euros)

2.233

2.118

-5,2%

27

26

-3,7%

2.375

2.245

-5,4%

291

267

8,2%

Captação de Água Total (milhões de m ) 3

Sólidos Suspensos Totais (mil ton) Carência Química de Oxigénio (mil ton) Gases Acidificantes (mil ton CO2 eq.) Gases com Efeito de Estufa (mil ton CO2 eq.) Indicadores Energéticos

Indicadores Sociais

Horas de trabalho perdidas com acidentes de trabalho (mil horas) Indicadores Financeiros Vendas (milhões de euros) Resultado líquido (milhões de euros) Fonte: CELPA - Associação da Indústria Papeleira


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