Pasta e Papel n°70 16

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Ponto de vista

Passado, presente e futuro: algumas reflexões

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ssinalamos neste número da revista Pasta e Papel o 50º aniversário da CELBI, instalada em Portugal em 1965, na Figueira da Foz, numa iniciativa da empresa sueca Billerud AB, associada a um dos maiores grupos industriais portugueses daquela época, a Companhia União Fabril (CUF). Um modelo que aliou o rigor da organização estrutural dos suecos à capacidade criativa e de resposta rápida dos portugueses e que foi sempre determinante no desenvolvimento da empresa. Um desenvolvimento baseado na qualidade técnica dos seus recursos humanos, com uma filosofia muito virada para os mercados, interagindo com a comunidade local e com uma especial atenção à vertente ambiental: foi a primeira unidade do país a obter a certificação europeia EMAS. Uma história de sucesso alicerçada numa forte cultura organizacional e na contínua procura do aumento de competitividade da empresa. Razões para darmos destaque às questões que, adicionalmente, contribuem para a consolidação da cultura do setor como é o caso do lançamento recente de dois livros de grande interesse para os seus técnicos e gestores: “Marcas d’Água: séculos XIV – XIX. Coleção Tecnicelpa” e “Petróleo Verde | Floresta de Equívocos”. Registos e reflexões muito interessantes sobre a identidade do nosso setor industrial e a atual situação da nossa floresta. Reflexões que nos levam, também, à discussão sobre os rumos a definir sobre as principais matériasprimas utilizadas na fabricação de tissue, incluindo o uso de aparas no processo. O recente interesse pela pasta fluff e a crescente oferta global de pasta de fibra curta branqueada de eucalipto, tendem a provocar uma diminuição da reciclagem. Os textos que a revista Pasta e Papel apresentou no seu último número e os que acrescenta no presente pretendem trazer ao conhecimento dos leitores as novidades neste setor de produção de papéis. Para aprofundar, de outra forma, os conhecimentos dos técnicos do setor, nomeadamente do Brasil e dos restantes países da América do Sul, realiza-se agora, em São Paulo, o 48º Congresso e Exposição Internacional de Celulose e Papel – ABTCP 2015, que analisa como tornar o setor mais competitivo, com alta produtividade, de forma sustentável. Ponto de encontro de mais de 800 especialistas e técnicos de renome internacional, será, certamente, um local apropriado para discutir os desafios do setor e, ao mesmo tempo, tratar de negócios e parcerias. João de Sá Nogueira Editor

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Indice Brunnschweiler ............................................................ 49 CNCIC China.............................................................. 33 Firefly ......................................................................... 9 Hergen ....................................................................... Capa 3 MIAC 2015 ................................................................ Capa 2

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Nopco ........................................................................ Capa 4 Safem ......................................................................... 13 Solenis........................................................................ 7 Techpap ...................................................................... 15 Wenrui Machinery (Shandong) ...................................... 11


Sumário N° 70 - Outono 2015 REVISTA PORTUGUESA PARA A INDÚSTRIA PAPELEIRA

REDAÇÃO em Portugal

JOÃO JOSÉ DE SÁ NOGUEIRA Rua Dr. Leonel Sotto Mayor, 50-3° A 2500-227 Caldas da Rainha - PORTUGAL Tél.: + (351) 918 432 627 Fax: + (351) 262 838 569 E-mail : joao.sa.nogueira@groupenp.com

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PONTO DE VISTA por João de Sá Nogueira

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EM DESTAQUE

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Portugal - Seminário Certifica + - Europac Kraft Viana recebe prémio relativo a trabalho desenvolvido com a FEUP - Novo CEO da Inapa - Grupo Portucel Soporcel mostra novidades na FACIM - Portucel Soporcel reúne em Portugal fornecedores mundiais - Luís Simões promoveu solução Gigaliner na Celbi - Inapa Packaging distinguida com prémio de Inovação e Excelência em embalagens personalizadas - Seminário Paper from Portugal - Marca de papel Pioneer lança promoção com “inspiração especial” - Grupo Portucel Soporcel distinguido com “Prémio Mecenato” pelo apoio ao Museu do Papel - Jovem designer português venceu concurso mundial do papel Navigator - Novos investimentos na Renova Brasil - 48º Congresso e Exposição Internacional de Celulose e Papel – ABTCP 2015 - ANDRITZ fornece equipamentos para a fábrica de pasta Horizonte 2 da Fibria - Monitorização ambiental evidencia boa gestão florestal praticada pela CENIBRA - Fibria anuncia a construção de nova linha de produção de pasta na unidade de Três Lagoas (MS) - Arranque com sucesso da linha de produção de pasta entregue pela Valmet à CMPC Guaíba - São Paulo incentiva produção de pasta e papel no Estado: Lwarcel planeia ampliação de fábrica em Lençóis Paulista - Fibria e Klabin fecham contrato de fornecimento de pasta de eucalipto para o mercado internacional - Para dar resposta ao mercado do tissue e higiene pessoal, os fabricantes precisam de escolher os tipos de pasta Espanha - Novo papel metalizado Metalvac E LWS - SCA Hygiene Espanha faz remodelação de uma bobinadora pela A.Celli Paper - Mestrado em Engenharia na Escuela de Ingeniería, Terrassa México - Um projecto de importância estratégica CEPI - Resultados ambientais impressionantes nos sacos de papel

EFEMÉRIDE - 50 ANOS DA CELBI

Editor de La Papeterie, l’Annuaire de la Papeterie, La Carte Papetière France, El Mapa Ibérica de la Industria Papelera, El Papel, Anuário Ibérico da Industria Papelera, Turkiye Kagit Sanayii, Paper Middleast, Guia Latinoamericano

Official Media Partner 2015

- Introdução - Ouvindo o Presidente do Conselho de Administração, Eng.º Paulo Fernandes - A CELBI – 50 anos na história da Figueira da Foz - Projecto C15

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TECNOLOGIAS

- Como a química da lavagem da pasta pode melhorar a eficiência da fábrica (Nopco) - Pasta NBSK de alta qualidade para aplicações exigentes (Canfor Pulp) - “Eles fizeram as coisas certas” (Andritz) - Amido, o principal contaminante (Sertec-20)

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VIDA EMPRESARIAL

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NOVOS LIVROS

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Altri: Resultados 1º semestre 2015

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Em destaque Portugal Seminário Certifica +

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AIFF - Associação para a Competitividade da Indústria da Fileira Florestal, em conjunto com a APCOR – Associação Portuguesa de Cortiça, CELPA – Associação da Indústria Papeleira e o Centro PINUS – Associação para a Valorização da Floresta de Pinho, desenvolveram no âmbito da sua estratégia de eficiência coletiva, um Projeto denominado “Promoção da Certificação da Gestão Florestal e da Cadeia de Custódia ou Responsabilidade da indústria da fileira florestal”. Para a divulgação deste projeto, realizou-se o Seminário “Certifica+ É garantir o Futuro”com o objetivo de garantir a comunicação dos outputs do projeto Certifica+ e assegurar a transferência de know-how aos agentes do sector, quer detenham certificados ou não. Este Seminário decorreu no passado dia 9 de Junho, integrado no programa da Feira Nacional de Agricultura, no Centro Nacional de Exposições de Santarém, que este ano dedicou o seu foco à Floresta, contando com os representantes das várias associações parceiras do projeto, no sentido de dar o seu testemunho para a importância deste tipo de programas para a floresta nacional, bem como de associações florestais e dos sistemas de certificação. Realizaram-se, ainda, duas mesas redondas sobre a «A Gestão Florestal Sustentável e a Cadeia de Custódia ou Responsabilidade», moderada pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, e outra com o tema «Plataforma de Informação e Ferramenta Gestão Documental e Cartográfica», moderada pela AIFF. Foram, também, apresentados os manuais operacionais de Certificação da CdC/CdR por fileira e a estrutura de um sistema de suporte à CdC/CdR e do manual operacional de certificação da Gestão Florestal e a estrutura de um sistema de suporte à certificação da Gestão Florestal FSC® e PEFC©. Por último, foi, ainda, apresentada a plataforma e ferramenta informática de apoio à certificação da gestão florestal, que está disponível em www. certificamais.pt. O projeto O que é a Cadeia de Custódia/Responsabilidade? A quem se aplica? Quais as vantagens e custos? E como se aplica? Estas são as questões que o

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Manual da Certificação de Custódia FSC®/Cadeia de Responsabilidade PEFC©, lançado pelo projeto Certifica +, pretende dar resposta. O manual que foi desenvolvido para as três principais fileiras da floresta portuguesa - cortiça, madeira e pasta e papel - tem como objetivo reunir num único suporte toda a informação necessária sobre os dois sistemas existentes em Portugal e facultar à empresa que deseja obter a certificação um guia para seguir este caminho. A certificação de Cadeia de Custódia permite às empresas rotular os seus produtos FSC® ou PEFC©, o que, por sua vez, possibilita ao consumidor identificar e escolher os produtos que apoiam uma gestão florestal responsável e sustentável. Este sistema traduz-se num conjunto de registos de informação sobre o percurso dos produtos desde a floresta, ou, no caso dos materiais reciclados, desde o local de recolha, até ao consumidor. Ao adquirir um produto com os logótipos dos respetivos sistemas, um consumidor sabe que está a adquirir um bem que tem por objetivo assegurar uma gestão responsável da floresta nas suas diversas vertentes: económica, ambiental e social.

Europac Kraft Viana recebe prémio relativo a trabalho desenvolvido com a FEUP

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o âmbito do processo de implementação do Sistema de Gestão de Energia (norma ISO 50001), que foi atribuído no final de 2014 à Unidade Industrial de Viana do Castelo da Europac (Europac Kraft Viana), foi desenvolvido um trabalho curricular, em parceria com a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e com a Galp Energia, no âmbito do Programa Galp 20 20 20. O projeto decorreu entre Fevereiro e Julho de 2014 e teve como objetivo a elaboração de uma aplicação informática de suporte ao SGE. O programa Galp 20 20 20, na sua edição de 2014, premiou os três melhores trabalhos desenvolvidos pelos diversos estabelecimentos de ensino aderentes a este programa. Neste âmbito, o trabalho desenvolvido com a Europac Kraft Viana obteve o 2º lugar dos trabalhos premiados da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, prémio este atribuído numa cerimónia realizada no passado dia 1 de julho, no auditório da Galp Energia, com a presença de Engº Carlos


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Gomes da Silva, Presidente Executivo da Galp Energia, Engº Carlos Martins Andrade, Diretor de Investigação e Tecnologia da Galp Energia, Prof. Doutor Arlindo Oliveira, Presidente do IST, Prof. Doutor João Falcão e Cunha, Diretor da FEUP e Prof. Doutor José Fernando Mendes, Vice-Reitor da UA. O trabalho consistiu no desenvolvimento de uma aplicação informática que permite a análise do desempenho energético das diversas áreas definidas no Sistema de Gestão de Energia da EKPV. Em termos operacionais, a plataforma informática permite analisar a evolução de cada IDE (Indicador de Desempenho Energético), em períodos temporais selecionáveis pelo utilizador, ou seja, permite a análise dos consumos de energia e a sua comparação com um referencial previamente estabelecido, para unidades operacionais definidas pela sua relevância para os consumos energéticos fabris. Os resultados são apresentados de forma gráfica ou em tabela, sendo ainda indicados os valores médios e o desvio para o objetivo definido para o IDE em análise.

O facto de não existir no mercado nenhuma aplicação que desse resposta às necessidades elencadas inicialmente foi o principal motivo que fez a Europac Kraft Viana decidir por criar de raiz uma ferramenta à medida.

Novo CEO da Inapa

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iogo Rezende foi nomeado CEO do Grupo Inapa. Com formação na área de gestão, Diogo Rezende foi, entre 2004 e 2014, CEO da Ford Lusitana, tendo liderado a transformação da empresa num contexto de rápida mudança. Atualmente, é ainda professor assistente adjunto de empreendedorismo aplicado no programa de Masters da Nova School of Business Economics. «O Conselho de Administração da Inapa cooptou Diogo Bastos Mendes Rezende para desempenhar o cargo de administrador no mandato do triénio em curso, sendo também designado como presidente da comissão executiva da Inapa», escreveu a empresa em comunicado ao mercado. Diogo Rezende substituiu José Félix Morgado,

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presidente da Inapa desde 2007 até ao final de Junho, saindo para ocupar o lugar de Presidente do Conselho de Administração da Caixa Económica Montepio Geral.

grupo Portucel Soporcel aumentou, consideravelmente, a sua presença na 51ª edição da FACIM - Feira Agro – Pecuária, Comercial e Industrial de Moçambique, inaugurada no passado dia 31 de Agosto, apresentando os novos produtos e áreas de atividade do grupo ao mercado moçambicano e demonstrando a importância da sua presença local. Moçambique tem atualmente um papel de muito relevo no futuro do grupo Portucel Soporcel, estando este presente no país através da Portucel Moçambique, que irá desenvolver um dos maiores projetos florestais e industriais da África Subsaariana, num investimento total de cerca de 2.600 milhões de dólares americanos. Para além da forte ligação já existente, o grupo Portucel Soporcel irá aumentar a sua presença em Moçambique ao disponibilizar o papel tissue no mercado local, o qual será distribuído através de parceiros locais, onde também já distribui o papel Navigator, o papel de escritório premium mais vendido a nível Mundial. A presença na FACIM permitiu informar os visitantes sobre a evolução do projeto da Portucel Moçambique a decorrer nas províncias de Manica e Zambézia.

pretende reforçar as relações comerciais entre o Grupo e os seus fornecedores estratégicos, tendo em vista o estabelecimento de uma melhor articulação entre as partes no processo. Este encontro de fornecedores teve como principal objetivo estreitar a relação do Grupo com os fornecedores que diariamente contribuem para a cadeia de fornecimento nas várias áreas, como por exemplo embalagem, petroquímicos, químicos pasta, químicos papel, consumíveis máquinas e indústria, entre outras e promover a melhoria dos processos analisando a capacidade de redução dos custos através de tecnologias e sistemas de inovação. O “Supplier’s Day” representa para o Grupo uma oportunidade de aproximação com os mais de cinco mil fornecedores e perspetivar uma colaboração mais próxima, trazendo vantagens para ambas as partes. Com a participação de cerca de 160 fornecedores, o dia foi organizado em várias sessões de apresentação de produto e sistemas de fornecimento, nas quais foram abordados temas como a sustentabilidade da empresa, estratégia de procurement e as oportunidades de negócio atuais e futuras. A sessão de abertura foi realizada pelo Presidente da Comissão Executiva do grupo Portucel Soporcel, Eng.º Diogo da Silveira. De destacar ainda a criação dos prémios “Best Supplier of the Year 2015” e “Innovation Award 2015” que visam premiar o desempenho dos fornecedores do grupo Portucel Soporcel durante o ano de 2015. Os principais critérios de avaliação para atribuição dos prémios são a perspetiva e oportunidades de negócio, a capacidade de inovação e novas oportunidades de negócio.

Portucel Soporcel reúne em Portugal fornecedores mundiais

Luís Simões promoveu solução Gigaliner na Celbi

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Grupo Portucel Soporcel mostra novidades na FACIM

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grupo Portucel Soporcel, o terceiro maior exportador em Portugal e o maior em Valor Acrescentado Nacional, promoveu, pela primeira vez, o “Supplier’s Day”, cujo mote foi “Together we grow stronger”. Trata-se de uma iniciativa que

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gigaliner é uma combinação de veículos composta por um camião de três eixos acoplado a um ‘dolly’, um pequeno chassi composto por dois eixos, conduzido por uma lança móvel em tudo semelhante a um reboque, com um prato de engate que permite o acoplamento de um semirreboque de 13,62m. Esta combinação permite circular com um peso bruto até 60 toneladas (sendo o convencional até 40 t), e cumpre os requisitos legais relativos ao raio de viragem (consegue descrever um círculo


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que não ultrapassa os 12,5m de raio de viragem e um raio interior de 5,3m) e, por ter oito eixos, apresenta pesos por eixo inferiores aos máximos permitidos por lei atualmente, permitindo uma redução estimada em cerca de 30% no desgaste nas vias rodoviárias, comparativamente ao desgaste provocado pelos veículos convencionais (de 5 eixos).

Foi, neste contexto, que a Altri e a Luís Simões desenvolveram uma parceria inédita em Portugal, centrada no desenvolvimento de veículos de transporte de 25,25 metros, designados por Gigaliners, para o transporte de pasta de papel

entre a unidade da Altri na Leirosa (Celbi) e o Porto Marítimo da Figueira da Foz. Esta solução permitiu reduzir o número de camiões a circular entre a unidade da Altri (Celbi) e o Porto da Figueira da Foz em cerca de 33%, bem como o consumo de combustível, em aproximadamente 15% por tonelada/percurso percorrido. A Luís Simões colocou ao serviço da Altri oito veículos que reúnem um conjunto de características que faz com que “sejam a solução mais eficiente para efetuar esse transporte”. Esta aposta multimodal rodo-marítima surgiu da necessidade de as empresas encontrarem fórmulas alternativas de agregar valor à cadeia de abastecimento, através do desenvolvimento e implementação de soluções eficientes, aumentando a competitividade de ambas. A solução encontrada e desenvolvida pelas duas empresas é “completamente customizada às necessidades da Altri e às características do transporte de pasta de papel, com fluxos tensos e janelas horárias reduzidas”. Os processos de estiva, amarração, descarga, movimentação e acessos no interior da unidade

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industrial da Altri e no porto da Figueira da Foz foram alvo de um redesenho e objeto de avultados investimentos, com o propósito de aumentar a eficiência global da operação. Para Paulo Fernandes, presidente do Conselho de Administração da Altri, “a solução desenhada pela Altri e pela Luís Simões é mais uma prova da importância da inovação colaborativa, que permite aumentos de eficiência, com ganhos significativos em termos de custos materiais e ambientais”. José Luís Simões, presidente do Conselho de Administração da Luís Simões, salienta que “o uso de veículos extralongos facilita e torna mais eficiente o transporte de cargas em curtas distâncias, ao diminuir o número de viagens. Logo, toda a cadeia de produção também beneficia. Este é um exemplo de que o transporte multimodal traz benefícios, quer económicos, quer ambientais e, consequentemente, aumenta a competitividade dos operadores de logística e transporte”.

Inapa Packaging distinguida com prémio de Inovação e Excelência em embalagens personalizadas

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Inapa Packaging, empresa de embalagens do Grupo Inapa, foi a vencedora nacional do Prémio de Inovação & Excelência em soluções personalizadas de Embalagem, atribuído pela Corporate LiveWire. Para o CEO do Grupo Inapa, “este é o reconhecimento da estratégia da Inapa Packaging, que tem vindo a abordar o mercado com uma estratégia diferenciada. Estamos focados em apreender as necessidades do negócio do cliente e os seus desafios para que possamos desenvolver soluções de embalagem únicas, que acrescentem valor e contribuam para a resolução dos desafios operacionais”. As soluções dedicadas de embalagem permitem aos clientes conferir maior visibilidade aos seus produtos e melhorar a eficiência a operacional, reduzindo os custos de distribuição ou armazenagem e contribuindo para um ambiente mais saudável. A operação da Inapa Packaging tem capacidade própria quer na conceção da embalagem, quer na sua disponibilização. Com uma operação nacional assegurada pelos centros de produção do Norte (Maia) e de Sul (Oeiras), a Inapa

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Packaging oferece ao mercado uma gama completa de soluções de embalamento, proteção interior e exterior, fecho, paletização, expedição ou equipamentos, conjugadas com um serviço logístico de excelência e assistência técnica.

Seminário Paper from Portugal

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CELPA organizou, com a parceria da AICEP e o apoio do COMPETE/QREN, o seminário «Paper From Portugal», no passado dia 25 de Maio, na Alfândega do Porto. Este evento pretendeu encerrar a campanha internacional de divulgação e promoção do papel português «Paper From Portugal» e chamar a atenção para alguns mitos que ensombram a atividade da indústria papeleira. Uma iniciativa que contou com a presença da Ministra da Agricultura, Assunção Cristas, do presidente da AICEP, Miguel Frasquilho, do presidente do COMPETE 2020, Rui Manuel Vinhas da Silva e do presidente da AIFF, João Ferreira do Amaral, entre outras individualidades. No programa do seminário «Paper From Portugal» destacaram-se dois painéis, subordinados aos temas «O Papel na Cultura» e «O Papel na Economia», com personalidades como Júlio Magalhães, Guta Moura Guedes, Francisco José Viegas, Jorge Bustos, André Macedo, Diogo da Silveira, Teresa Presas, Rui Leão Martinho e Helena Garrido.

Marca de papel Pioneer lança promoção com “inspiração especial”

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grupo Portucel Soporcel, líder europeu no sector de papéis finos de impressão e escrita não revestidos, lançou, através da sua marca de papel de escritório premium Pioneer, uma campanha diferenciadora reforçando o posicionamento da marca, e visando uma aproximação ao consumidor final, através de uma promoção intitulada “inspiração especial” Com um posicionamento feminino associado a um estilo de vida ativo, a marca Pioneer pretende criar momentos especiais no dia-a-dia dos seus


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consumidores. Pioneer é o papel indicado para quem faz questão de dar um toque especial a todos os trabalhos. Mónica Passanha, gestora da marca Pioneer, afirmou que “a inspiração e o sucesso são o mote para o lançamento desta campanha, que se destina a quem vive inspirado e se preocupa consigo próprio”. Assim, ao longo de seis meses, período de duração da campanha, entre 15 de Junho e 15 de Dezembro, os consumidores que acedam ao website da marca (www.pioneer-paper.com) e coloquem o código existente no verso de cada resma, habilitam-se a ganhar uma das 500 fitness bands Garmin Vívosmart que permite medir a atividade física diária. “Este prémio foi escolhido tendo em conta a definição e superação de objetivos de cada um para alcançar excelentes resultados. Esta é uma campanha que tem uma mecânica muito simples para que todas as pessoas possam participar, permitindo também assim à marca ganhar maior notoriedade junto deste grupo de consumidores que imputam a inovação e dinamismo em tudo o que fazem” referiu Mónica Passanha.

Grupo Portucel Soporcel distinguido com “Prémio Mecenato” pelo apoio ao Museu do Papel

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grupo Portucel Soporcel foi distinguido com o “Prémio Mecenato” pelo seu apoio ao Museu do Papel Terras de Santa Maria, vendo assim publicamente reconhecida a sua colaboração com uma instituição museológica que fica situada em Santa Maria da Feira. O galardão foi atribuído pela Associação Portuguesa de Museologia (APOM) e entregue numa cerimónia que decorreu na Sala do Senado da Assembleia da República, entidade que se associa também à promoção destes prémios. Recorde-se que, em 2014, o grupo Portucel Soporcel patrocinou uma nova exposição permanente no Museu do Papel de Santa Maria da Feira subordinada ao tema “Da Floresta ao Papel”, uma mostra que enriqueceu significativamente o acervo do Museu e veio dar a conhecer, nomeadamente ao público estudantil, de uma forma criativa e apelativa, o valor do papel enquanto produto sustentável, renovável e reciclável, suporte milenar de cultura e educação.

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Esta parceria com o Museu do Papel, uma entidade já distinguida com o Prémio de Melhor Museu Português em 2011, insere-se na vertente educacional da política de responsabilidade social do grupo Portucel Soporcel que procura sensibilizar, em particular a comunidade escolar, para a importância de proteger as nossas florestas, conservar a biodiversidade e promover a gestão sustentável deste recurso tão valioso para o nosso País.

Esta exposição revela-se ainda um contributo importante para a correta perceção dos benefícios económicos, ambientais e sociais dos produtos papeleiros de base florestal na nossa sociedade, com um especial enfoque na fileira do eucalipto. A cerimónia de entrega do Prémio foi assegurada por Miranda Calha, Vice-presidente da Assembleia da República, João Neto, Presidente da Associação Portuguesa de Museologia (APOM), Pedro Inácio, Vice-Presidente da APOM e Nuno Vassallo e Silva, Diretor Geral do Património Cultural (DGPC). O grupo Portucel Soporcel fez-se representar por Ana Nery da Direção de Comunicação. Em representação do Museu do Papel estiveram presentes: Gil Ferreira, Vereador do Pelouro da Cultura, Turismo, Biblioteca e Museus da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira (CMSMF), Ana José Oliveira, Chefe da Divisão do Património Cultural da CMSMF e António Luís Marques da Silva, Diretor do Museu do Papel Terras de Santa Maria.

Jovem designer português venceu concurso mundial do papel Navigator

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designer português Renato Amaral, de 27 anos, foi o grande vencedor do Navigator Dreams - Global Talent Design Contest – um desafio lançado pela marca de papel Navigator, do grupo Portucel Soporcel, para o desenvolvimento do novo layout da resma Navigator Students 2015. Sob o tema “Com papel… tudo é possível”,


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a proposta de Renato Amaral conquistou a preferência do júri de entre as mais de duas centenas de candidaturas oriundas de mais de 20 países. A criação vencedora vai ilustrar a resma do produto Navigator Students do corrente ano de 2015, tendo o seu autor sido premiado com um Apple Macbook Pro que recebeu no passado dia 12 de Junho, na Fábrica de Papel do Complexo Industrial do Grupo em Setúbal, durante uma cerimónia que juntou os 3 finalistas, que assim receberam os seus prémios e incluiu, entre outras atividades, uma visita às modernas instalações fabris do Grupo. “Resultou num claro sucesso esta ideia de lançar o desafio a nível mundial aos jovens profissionais ou estudantes de design no sentido de criarem propostas de layouts para a resma do produto Navigator Students, a lançar este Verão, no período habitualmente conhecido como Regresso às Aulas”, refere Ricardo Ferreira, gestor da marca Navigator, para quem o aspeto mais aliciante deste concurso era precisamente o vencedor ver lançado no mercado internacional o seu trabalho,

associado a uma marca tão prestigiada como é a Navigator, líder mundial no seu segmento. “Acresce – refere o gestor da marca – que se revelou muito desafiante acolher a criatividade dos jovens designers no lançamento de um produto Navigator que é especialmente destinado a um público estudantil, permitindo assim à marca ganhar também maior notoriedade junto deste grupo de utilizadores, ao mesmo tempo que lhes dá a oportunidade de ganhar prémios aliciantes.” Outro aspeto que Ricardo Ferreira salientou foi o excelente desempenho dos concorrentes nacionais, já que, entre os autores dos 30 trabalhos finalistas, 20 eram portugueses, tendo ocupado também os dois restantes lugares do pódio: Jorge Lourenço, de 20 anos, com o claim “Explosion of minds”; e Joana Reis, de 19 anos, que assinou a peça “Students’ World”. Recorde-se que este concurso mundial de design lançado pelo grupo Portucel Soporcel, líder europeu no sector de papéis finos de impressão

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e escrita não revestidos, teve a particularidade de incluir uma fase inicial de seleção dos trabalhos concorrentes a cargo dos mais de 40.000 fãs do Navigator no Facebook, aos quais coube a responsabilidade de votar na sua preferência, elegendo assim as 20 propostas mais votadas para uma fase final a que se juntaram outros 10 trabalhos selecionados pelo júri, devido à sua extraordinária qualidade. Foram estas 30 propostas finalistas que mereceram depois a análise de um júri de renomados especialistas, aos quais coube a difícil tarefa de ordenar a classificação final. Lançada simultaneamente nos 110 países onde a marca Navigator está presente, esta iniciativa constituiu não só uma oportunidade de destaque para os novos talentos na área do design, como também representou mais uma das inúmeras iniciativas desenvolvidas pela Navigator com o objetivo de aumentar a notoriedade da marca junto do seu público-alvo, no caso concreto o mercado estudantil.

Novos investimentos na Renova

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Presidente da Renova, Paulo Pereira da Silva, em entrevista ao semanário Expresso, anunciou novos investimentos na sua empresa, a realizar em Portugal e em França. A nova máquina que a Renova vai instalar na fábrica em Torres Novas, integrando um investimento de €40 milhões, vai permitir aumentar em 50% a produção de papel tissue (guardanapos, lenços, papel higiénico e de cozinha). Em paralelo, a empresa liderada por Paulo Pereira da Silva está a investir numa fábrica em França, para fornecer os principais mercados internacionais da Renova, que são Espanha (26%), França e Bélgica (17%). Sobre a nova máquina de tissue disse que “será uma máquina pioneira em termos de inovação, não existe mais nenhuma na Europa, e vai permitir-nos fazer produtos com uma qualidade muito elevada.” Relativamente ao investimento em França acrescentou que “arrancará no final deste ano; é uma unidade fabril em Vichy que começará pela transformação de papel, para fabricar os produtos que vendemos em França, no norte da Europa e na Península Ibérica; tínhamos dificuldade em competir na Alemanha e na Holanda, por causa da logística do transporte que é muito cara.”

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Brasil 48º Congresso e Exposição Internacional de Celulose e Papel – ABTCP 2015

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ABTCP realiza o 48º Congresso e Exposição Internacional de Celulose e Papel, de 6 a 8 de outubro, no Transamerica Expo Center, em São Paulo. Inovação e Competitividade são os temas de todo o evento, com a apresentação de cerca de 100 trabalhos técnicos nos três dias do ABTCP 2015. Durante o 48º Congresso Internacional de Celulose e Papel, também ocorre a 1ª Conferência IberoAmericana sobre BioEconomia, evento realizado simultaneamente e em conjunto ao Congresso da ABTCP, sob o tema central Inovação, com foco em Economia, Energia e Materiais Bio-inspirados – BEM 2015, organizado pela Riadicyp. Portanto trata-se de dois Congresso/ Conferência num único evento. A Riadicyp – Asociación Red Iberoamericana de Docencia e Investigación em Celulosa y Papel é uma associação de académicos, entidade que estimula o relacionamento entre investigadores, técnicos industriais e gestores de todos os países ibero-americanos, entre outros, que trabalham com estudos relacionados com o material lignocelulósico, celulose, papel e fibras recicladas. O Congresso Internacional de Celulose e Papel, promovido pela ABTCP, é reconhecidamente um dos principais acontecimentos do setor, reunindo profissionais que desejam trocar conhecimento e experiências sobre essa cadeia produtiva, nas mais diversas áreas. Tal é sua representatividade para o setor que, todo ano, comparecem no evento mais de 800 especialistas e técnicos de renome internacional. A Exposição Internacional de Celulose e Papel – que acontece paralelamente ao Congresso - conta com mais de 100 expositores que recebem nos três dias do evento mais de 8 mil visitas. Entre os expositores, destacam-se os fornecedores de equipamentos e serviços especializados da indústria de celulose e papel e alguns dos principais fabricantes do setor. O tema do congresso deste ano é abrangente. Contempla pesquisas relativas à interação dos negócios da base florestal com a nova


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bioeconomia, a utilização eficiente de recursos com gestão e consumo sustentável de materiais, a integração do setor de biomateriais florestais com o setor de energia renovável, a transformação dos biomateriais em produtos químicos e farmacêuticos de valor acrescentado, a incorporação dos conhecimentos impulsionados pela nano/biotecnologia na produção de pasta e papel e o desenvolvimento de produtos avançados de papel para além dos usos tradicionais. Enfim, o presente congresso discute como tornar o setor mais competitivo, com alta produtividade, de forma sustentável.

ANDRITZ fornece equipamentos para a fábrica de pasta Horizonte 2 da Fibria

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Grupo Andritz e a Fibria assinaram uma carta de intenções para o fornecimento de todo o equipamento de produção para a fábrica de pasta Horizonte 2 da Fibria, localizada na sua unidade de Três Lagoas, no estado do Mato

Grosso do Sul. A nova linha de produção terá uma capacidade de produção anual de pasta de 1,75 milhões de toneladas. Combinada com a capacidade existente, já em funcionamento, a unidade de Três Lagoas vai chegar a uma capacidade de produção anual total de 3 milhões de toneladas, tornando-se uma das maiores instalações de produção de pasta de eucalipto do mundo. Foi acordado a não divulgação do valor do pedido; no entanto os valores típicos para projetos de referência comparáveis são da ordem de aproximadamente 600 milhões de Euros. O contrato está previsto para entrar em vigor durante o terceiro trimestre de 2015. O fornecimento da ANDRITZ PULP & PAPER abrange a entrega EPC da linha de produção completa de pasta de eucalipto e de recuperação, incluindo todas as fases relevantes do processo. O início da produção está previsto para quarto trimestre de 2017. O projeto Horizonte 2 é um dos maiores investimentos privados do Brasil e vai criar 40 mil empregos diretos e indiretos ao longo dos dois anos de construção. Durante o pico da

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construção, o estaleiro ocupará cerca de 10.000 trabalhadores. Quando em produção, a nova linha de pasta da Fibria terá 3.000 empregos diretos e indiretos.

Monitorização ambiental evidencia boa gestão florestal praticada pela CENIBRA

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á mais de 40 anos, a CENIBRA está presente no leste de Minas Gerais, contribuindo de forma significativa para o desenvolvimento da região. As práticas de gestão empregadas pela empresa buscam o equilíbrio entre a execução das atividades produtivas e o meio ambiente; como reconhecimento dos padrões de excelência de seus processos, a CENIBRA, além das certificações pelas normas ISO 9001, ISO 14001, e ISO IEC 17.025, possui também as certificações do Forest Stewardship Council FSC® e do Programa Nacional de Certificação Florestal (CERFLOR). Estas são organizações independentes, compostas por representantes dos setores ambiental, económico e social, e que estabelecem os princípios e critérios de gestão florestal sustentável. A Empresa gere uma área total de 254 mil hectares, sendo 51% de plantio de eucalipto; 41% de áreas destinadas à conservação da biodiversidade e dos recursos naturais (preservação permanente, reserva legal, e floresta nativa, correspondendo a mais de 100 mil ha); e o restante em áreas destinadas para infraestrutura e outros usos. A Empresa utiliza uma ferramenta de planeamento denominada PTEAS (Planeamento Técnico, Económico, Ambiental, Social e de Saúde e Segurança) que tem como premissa básica a visão da inserção do projeto florestal no contexto da paisagem, ao nível da bacia hidrográfica. Assim, os aspetos mais importantes relacionados às atividades da empresa são identificados e analisados de modo que passivos legais, conflitos sociais, impactos sobre a fauna, flora e recursos hídricos e riscos para a saúde e segurança do trabalhador e das comunidades sejam prevenidos

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ou minimizados, utilizando-se sempre as melhores opções técnicas e económicas disponíveis. Importante também destacar que os plantios em forma de mosaicos, onde as áreas de eucalipto se misturam às áreas de reserva e de preservação permanente criando uma condição adequada para a manutenção da qualidade ambiental da região. Especificamente na região de Lagoas de Caratinga, no município de Caratinga, a empresa possui uma área total de 13.452,83 hectares (ha), sendo 6.473,42 ha de plantio de eucalipto (o que corresponde a 48% da área total) e 5.125,76 ha (38% da área total), de áreas de matas nativas, que fornecem suporte a uma rica fauna silvestre e proteção a nascentes e cursos de água. O restante da área, 1.853,65 ha (14%), engloba área destinada a infraestruturas (estradas, aceiros) e cursos de água (lagoas naturais que compõem o sistema lacustre do médio rio Doce). A empresa realiza há mais de 10 anos a monitorização sistemática das espécies de aves e mamíferos de médio e grande porte nas suas propriedades. Este trabalho tem como finalidade identificar a ocorrência de espécies endémicas, raras e/ou ameaçadas de extinção, recolher informações sobre biologia e relações ecológicas das espécies, identificar a ocorrência de espécies de aves migratórias ou que realizam deslocamentos sazonais e gerar informações para divulgação, como estímulo à proteção e conservação da fauna e dos ambientes naturais. Na região das Lagoas de Caratinga foram registadas até ao presente momento 186 espécies de aves e 36 espécies de mamíferos de médio e grande porte, das quais 1 espécie de ave e 10 de mamíferos se encontram ameaçados de extinção. Os resultados demonstram que a diversidade de biótopos preservados pela CENIBRA, seja florestal, campestre ou ambientes aquáticos (lacustres e brejosos), associados às práticas de gestão praticadas pela empresa, oferecem importantes recursos para conservação da fauna, fornecendo locais para abrigo, nidificação, reprodução e dessedentação, contribuindo para a riqueza avifaunística e masto faunística evidenciada pelas monitorizações no campo. Destaque é dado ao Sagui-da-Serra (Callithrix flaviceps), monitorizado desde o ano de 2003 pela equipa de biólogos que conduz a monitorização ambiental na área da empresa. A identificação e observação continuada da


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espécie evidenciam que as práticas de gestão adotadas pela CENIBRA, refletidas na qualidade ambiental de suas áreas, permitem que espécies da fauna silvestre brasileira, sobretudo daquelas consideradas dependentes florestais, possam cumprir seu ciclo ecológico, garantindo a manutenção de populações autóctones viáveis. É de realçar, ainda, que o Callithrix flaviceps é uma espécie endémica restrita a uma área pequena de Mata Atlântica do sudeste do Brasil e por isso, é uma espécie naturalmente rara. Dessa forma, pode-se afirmar que a presença do Sagui-da-Serra, e de diversas outras espécies ameaçadas, reflete a boa gestão e a qualidade ambiental das áreas da empresa, uma contribuição à conservação ambiental devidamente reconhecida pela sociedade.

Horizonte 2 serão criados 40 mil empregos diretos e indiretos. Durante o pico da obra, serão cerca de 10 mil trabalhadores. Quando entrar em operação, a nova linha de pasta da Fibria terá 3 mil postos de trabalho, entre diretos e indiretos. “A ampliação da unidade de Três Lagoas segue a estratégia de crescimento com disciplina da Fibria, que considera haver uma janela de oportunidade para a entrada da nova capacidade de produção de pasta no mercado em 2018. É com muito orgulho que estamos a fazer esse grande investimento no Brasil, com foco no mercado exportador, contribuindo para a balança comercial brasileira, gerando empregos, melhoria na qualidade de vida e desenvolvimento local, regional e para o país”, afirma o presidente da Fibria, Marcelo Castelli.

Fibria anuncia a construção de nova linha de produção de pasta na unidade de Três Lagoas (MS)

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Fibria, empresa brasileira de base florestal e líder na produção de pasta de eucalipto, anunciou em 14 de maio de 2015, que o Conselho de Administração da companhia aprovou o Projeto Horizonte 2, que contempla a ampliação de sua unidade de Três Lagoas, no estado do Mato Grosso do Sul. A nova linha de produção terá capacidade de 1,75 milhão de toneladas de pasta por ano. Somada à atual, já em operação, a unidade de Três Lagoas chegará a uma capacidade total de 3 milhões de toneladas/ano, transformando-se numa das maiores unidades de produção de pasta de eucalipto do mundo. Com isso, a capacidade total de produção da Fibria, considerando todas as suas unidades, passará dos atuais 5,3 milhões de toneladas/ano de pasta para mais de 7 milhões de toneladas/ano de pasta. Um dos maiores investimentos privados no Brasil com foco na exportação, o valor do projeto Horizonte 2 soma R$ 7,7 bilhões (equivalente a cerca de 2,3 bilhões de euros) e será realizado com recursos próprios provenientes da forte geração de caixa da companhia e com financiamentos de diversas fontes como BNDES, agências de créditos de exportação (ECAs), Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste, bancos comerciais e mercado de capitais. Ao longo dos dois anos de execução do projeto

A execução do Projeto Horizonte 2 contará com cerca de 60 fornecedores locais. Ao longo das obras, a Fibria irá promover 500 mil horas de treino na área florestal e outras 390 mil horas de treino na área industrial, incluindo a preparação da equipa própria e de terceiros. As obras também terão impacto positivo nas finanças públicas, com estimativa de arrecadação de impostos de cerca de 130 milhões de euros durante a construção. As licenças ambientais para a ampliação da unidade de Três Lagoas, incluindo a licença de instalação, já foram obtidas pela Fibria. Além disso, a empresa vem investindo no desenvolvimento da base florestal na região com o objetivo de abastecer a nova linha de produção. O fornecimento de madeira necessário para a operação da nova fábrica virá de florestas cultivadas no Mato Grosso do Sul e o aumento da necessidade de eucalipto já está devidamente planeado. Serão necessários 174 mil hectares de florestas plantadas em áreas próprias, arrendamento e parcerias, além da compra de madeira futura a terceiros. Atualmente a empresa já conta com excedente de 107 mil hectares plantados ou sob contratos de plantio.

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A Fibria foi pioneira no desenvolvimento da indústria de celulose em Três Lagoas. A unidade da empresa foi inaugurada em março de 2009, com capacidade para produzir 1,3 milhão de toneladas de pasta por ano. O movimento inicial da Fibria gerou outros investimentos do setor em Três Lagoas, levando a cidade a ser conhecida hoje como a “capital mundial da celulose”. A unidade da Fibria em Três Lagoas segue conceitos de eco design, com processos produtivos mais limpos e um ambiente de trabalho agradável e seguro. Além disso, toda a energia consumida é gerada na própria fábrica, por meio de biomassa proveniente de cascas do eucalipto e biomassa líquida resultante do processo industrial. Com o projeto Horizonte 2, a unidade industrial, além de gerar e consumir a própria energia, passará a ter um excedente de 160 MWH, que contribuirá para o balanço energético brasileiro. A pasta produzida pela Fibria em Três Lagoas é levada por transporte ferroviário até o Porto de Santos (SP), de onde é exportada para mais de 40 países.

demonstra a nossa capacidade e competência para oferecer uma fábrica de pasta completa no tempo e qualidade certa «, diz Celso Tacla, Presidente da Valmet para a América do Sul. O fornecimento da Valmet em detalhe - melhores tecnologias para baixos custos operacionais e elevado rendimento O fornecimento da Valmet cobriu os pontos principais do processo da linha de pasta, desde o cozimento até aos fardos que são enviados para os clientes finais, incluindo a linha de fibras completa, secagem de pasta e enfardamento, evaporação, caldeira de recuperação, caustificação, forno de cal e uma solução integrada de automação e simulador de treino dos operadores para todas as áreas de processo. Além disso, a Valmet também entregou um moderno sistema de tratamento de gases não condensáveis.

Arranque com sucesso da linha de produção de pasta entregue pela Valmet à CMPC Guaíba

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pós dois anos de trabalho, a nova linha de produção de pasta da CMPC Celulose Riograndense Ltda entrou em funcionamento em maio último, de acordo com a programação. O contrato de fornecimento da nova linha de celulose tinha sido assinado pela CMPC e pela Valmet em junho de 2013. A nova linha de pasta é uma expansão da fábrica de celulose de Guaíba, existente no Rio Grande do Sul. A nova linha tem uma capacidade de 1,3 milhões de toneladas por ano e pode ser atualizado para chegar a 1,5 milhões de toneladas por ano, com investimentos menores. Esta é uma adição à capacidade existente da fábrica de 500 mil toneladas por ano. «O compromisso da Valmet era entregar à CMPC tecnologias sustentáveis para criar uma referência mundial em eficiência e baixas emissões ambientais. A fábrica está localizada muito perto da cidade de Guaíba e um dos pré-requisitos mais importantes foi o de minimizar todos os possíveis impactos para a comunidade. A execução do projeto foi um grande sucesso. Este caso

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Fábrica da CMPC Guaíba

As soluções da Valmet para o projeto Guaíba foram baseadas nas melhores tecnologias disponíveis. A capacidade da unidade de evaporação é a maior em operação no mundo. O refrigerador do forno de cal permite economias significativas de óleo combustível. A caldeira de recuperação foi projetada para uma elevada produção de energia. A linha de fibras apresenta custos operacionais líderes de mercado, combinando alto rendimento com baixo consumo de produtos químicos e redução do consumo de água com baixos níveis de efluentes. O secador de pasta utiliza a tecnologia mais fiável para proporcionar um baixo consumo de vapor, e é equipada com linhas de enfardamento de alta velocidade. Muito bons resultados de segurança na fase de construção «Estamos satisfeitos com os excelentes resultados de segurança atingidos durante o projeto. Isso


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estabelece um novo marco para a indústria. No pico da construção, a Valmet tinha mais de 4.000 funcionários e trabalhadores contratados no local. Uma vez que tínhamos uma tão grande quantidade de pessoas no local e um calendário apertado, a segurança foi uma prioridade durante toda a fase de construção», diz Francisco Gervasoni, gestor da Valmet para o projeto de expansão de Guaíba. Informação sobre a CMPC A CMPC Celulose Riograndense Ltda é parte do grupo chileno, a CMPC Celulose, uma das maiores empresas de base florestal da América Latina. As suas fábricas no Chile e no Brasil produzem cerca de 2,8 milhões de toneladas de pasta por ano. A nova linha irá adicionar 1,3 milhões de toneladas à capacidade da empresa.

São Paulo incentiva produção de pasta e papel no Estado: Lwarcel planeia ampliação de fábrica em Lençóis Paulista

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Governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, assinou no passado dia 17 de junho, um decreto que inclui a produção de pasta na lista dos setores beneficiados pelo artigo 29 das Disposições Transitórias do Regulamento do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e de Comunicação (RICMS), atendendo a pleito da empresa Lwarcel Celulose. A assinatura foi realizada durante uma cerimónia no Palácio dos Bandeirantes. Na ocasião, a Lwarcel, empresa do Grupo Lwart, confirmou os planos de ampliação de sua capacidade produtiva que atualmente é de 250 mil toneladas por ano de pasta de eucalipto. O produto abastece fábricas de papéis de escrita e impressão, embalagens, papéis especiais e sanitários nos mercados brasileiro e internacional. Com a ampliação, a produção deverá atingir um milhão de toneladas/ano de pasta, que será destinada, em grande parte, à exportação, incrementando a sua participação mundial. A empresa estima que será necessário um

investimento de 1.000 milhões de euros na ampliação de sua fábrica de pasta localizada em Lençóis Paulista, no interior de São Paulo, onde opera há quase 30 anos. A condução do processo que levou à concretização do decreto de desoneração tributária contou com o apoio da Investe São Paulo, agência de promoção de investimentos ligada à Secretaria de Desenvolvimento Económico, Ciência, Tecnologia e Inovação. “A cadeia de produção de papel e pasta é extremamente importante porque exerce um grande impacto em diversas outras cadeias produtivas. A fábrica da Lwarcel é moderna e sustentável, e o aumento da produção vai contribuir para a balança comercial de São Paulo no comércio exterior”, disse Juan Quirós, presidente da Investe SP. Além disso, a geração de energia elétrica pela Lwarcel também terá um aumento significativo. Além de abastecer as unidades de negócio do Grupo Lwart, a geração excedente comercializada no mercado irá de 6,0MW para 42,3MW. “Temos muito a agradecer por todo empenho e dedicação da equipe da Investe São Paulo que confiou no projeto, nos acompanhou e orientou para que conseguíssemos a desoneração tributária do investimento. Com este importante decreto do governo do Estado de São Paulo, damos um passo importante rumo à viabilização económica do projeto de ampliação da Lwarcel”, afirma Carlos Renato Trecenti, diretor presidente do Grupo Lwart. O decreto assinado beneficia o setor de papel e pasta com a suspensão do lançamento do imposto na importação de bens de capital destinados a projetos industriais destinados à produção de pastas para fabricação de papel. A medida autoriza também o crédito integral e imediato do imposto das aquisições internas de bens para o ativo imobilizado. Com base na regra anterior, estabelecida pela Lei Kandir, essa restituição do ICMS só poderia ser efetuada de forma parcelada, no período de 48 meses. O decreto permite ainda alterar o momento de exigência do tributo durante a fase préoperacional ou nos casos em que não houver valor suficiente de crédito de ICMS a ser absorvido pelo investidor.

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Fibria e Klabin fecham contrato de fornecimento de pasta de eucalipto para o mercado internacional

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Fibria e a Klabin aprovaram a celebração de um contrato para fornecimento de pasta de eucalipto (fibra curta), que será produzida na nova fábrica da Klabin em construção na cidade de Ortigueira, no Paraná (Projeto Puma). Com capacidade de produção de 1,5 milhão de toneladas, sendo 1,1 milhão de celulose de fibra curta, a fábrica tem seu início de operação previsto para 2016. O contrato entre as duas empresas estabelece o compromisso firme de aquisição pela Fibria, ou por suas subsidiárias, do volume mínimo de 900 mil toneladas anuais de pasta de fibra curta, que será vendido com exclusividade pela Fibria em países fora da América do Sul. O volume adicional produzido pela nova fábrica será comercializado diretamente pela Klabin, sendo a pasta de fibra curta nos mercados do Brasil e da América do Sul, e a pasta de fibra longa e fluff no mercado global. “O contrato entre Fibria e Klabin reflete a visão inovadora das duas companhias e cria uma nova referência no mercado. Tal iniciativa é positiva para ambas as partes, agregando eficiência logística, complementaridade estratégica, sinergias e criação de valor compartilhado”, afirma o presidente da Fibria, Marcelo Castelli. “O Projeto Puma é o maior investimento da Klabin nos seus 116 anos de história e marca o retorno da companhia ao mercado de comercialização de pasta. Aliar a reconhecida competência florestal e industrial da Klabin à experiência comercial da Fibria nesse mercado, num contrato inédito no setor global da pasta, resultará numa operação que beneficia ambas as empresas”, destaca o CEO da Klabin, Fabio Schvartsman. O período do contrato será de 6 anos, sendo 4 anos com volume mínimo de 900 mil toneladas e 2 anos de redução gradual do volume do contrato (o chamado phase out). Os volumes do quinto ano e do sexto ano serão equivalentes a, respetivamente, 75% e 50% do volume entregue no quarto ano do contrato. O volume de vendas previsto no contrato poderá ser reduzido a qualquer tempo, mediante prévio aviso, até 250 mil toneladas para eventual futura integração em papéis para embalagem da Klabin. O contrato poderá ser renovado mediante acordo das partes. O preço de venda terá por base o preço médio

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líquido praticado pela Fibria, base FOB (free on board) no Porto de Paranaguá (PR). Projeto Puma O Projeto Puma, a nova fábrica de pasta da Klabin em construção na cidade de Ortigueira (PR), é o maior investimento da história da companhia. Com um investimento da ordem dos 17.000 milhões de euros, excluindo os ativos florestais, melhorias em infraestrutura e impostos, a Unidade terá capacidade para produzir, inicialmente, 1,5 milhão de toneladas de pasta, das quais 1,1 milhão de toneladas de pasta de fibra curta e 400 mil toneladas de celulose de fibra longa, parte dela convertida em fluff (utilizada em fraldas descartáveis e absorventes). A fábrica será autossuficiente em geração de energia elétrica, com uma produção de 270 MW, dos quais 150 MW serão disponibilizados ao sistema elétrico brasileiro – capacidade suficiente para abastecer uma cidade de meio milhão de habitantes. A inauguração da nova planta está prevista para o início de 2016.

Para dar resposta ao mercado do tissue e higiene pessoal, os fabricantes precisam de escolher os tipos de pasta

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crescente oferta de pasta de fibra curta branqueada de eucalipto, algo que desponta como fenómeno global, vem provocando a diminuição da reciclagem destinada à produção de papéis tissue. Apesar do crescimento significativo, a fibra curta não exclui por completo a necessidade de outros tipos de fibra no processo fabril considerando toda a gama de produtos tissue. Tendo em atenção essa fase transitória e a procura em ascensão de todo o segmento tissue, a nova fábrica da Klabin, em Ortigueira (PR), com inauguração prevista para o primeiro trimestre de 2016, vai produzir 1,5 milhão de toneladas de pasta, das quais 400 mil t de fibra longa, sendo parte convertida em pasta fluff, utilizada principalmente na fabricação de fraldas descartáveis e absorventes higiénicos. “No ano passado, o Brasil importou e consumiu cerca de 300 mil toneladas de fluff. Esse volume deve crescer mais de 4% ao ano nos próximos cinco anos, de acordo com projeções de mercado.


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Com a nova fábrica, a Klabin contribuirá significativamente para o desenvolvimento desse mercado, oferecendo uma opção local ao produto importado”, afirma o diretor de Planeamento, Projetos e Tecnologia Industrial, Francisco Razzolini. Além da alta qualidade e estabilidade dos produtos, um dos diferenciais da Klabin para atender a esse mercado está numa máquina de secagem desenvolvida especialmente para a fabricação de pasta fluff. Razzolini lembra que, para atender ao mercado tissue e de higiene pessoal, há três tipos de pasta com características próprias. No caso da pasta de fibra longa, que tem origem no pinheiro, por exemplo, o comprimento da fibra fica entre dois e quatro mm e a sua utilização confere características de resistência aos produtos. Parte dessa pasta pode ser convertida em fluff, destinada especificamente à utilização em produtos absorventes, como fraldas infantis e geriátricas, além de produtos para higiene feminina. Já a pasta de fibra curta, com tamanho entre 0,5 e 1 mm de comprimento, provém do eucalipto e tem menor resistência. Em contrapartida, confere alta macieza e boa absorção aos produtos. Em geral, os fabricantes de papéis higiénicos, lenços descartáveis e toalhas de papel misturam fibras curtas e longas nas composições de seus produtos, atingindo boa resistência, combinada com macieza e volume. A discussão sobre os rumos que as principais matérias-primas usadas na fabricação de tissue tendem a tomar, incluindo o uso de aparas no processo, marca a indústria de papéis já há certo tempo. “Há uma tendência mundial de redução no uso de papel de jornal e revista. Então, ao falarmos de aparas como matéria-prima para a produção de tissue, surge a preocupação futura de não haver aparas suficientes para fazer trabalhar as fábricas de tissue”, contextualiza o diretor de Vendas da Kadant, Marcelo Machado.

Espanha Novo papel metalizado Metalvac E LWS

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Lecta amplia a sua gama de papéis metalizados Metalvac incorporando uma nova qualidade resistente à humidade para vasilhame de utilização única. O Metalvac E LWS é um papel metalizado com ligeira resistência à humidade para etiquetas coladas de vasilhames não recuperáveis e vasilhames de plástico, tais como as garrafas PET para água e refrigerantes e as garrafas de vidro sem retorno para águas e cervejas. Este novo produto cumpre com as características técnicas necessárias para suportar as condições de frio e humidade a que o vasilhame é submetido durante o processo de etiquetagem e a sua posterior conservação no gelo e nos frigoríficos. O Metalvac E LWS oferece uma ótima resistência ao contacto, à rotura e à raspagem tendo uma textura que proporciona bons resultados nas linhas de engarrafamento, inclusive a alta velocidade. Está disponível em 63 e 70 g/ m² e com os seguintes acabamentos: liso, gofrado linen, gofrado pin-head e gofrado brushed. O Metalvac E LWS pode ser usado em impressão offset, flexográfica e tipográfica, tanto convencional como UV e rotogravura. Pode ser solicitado com as certificações PEFCTM e FSC®.

Metalvac é a gama de papel metalizado por alto vácuo da Lecta, 100% reciclável, para etiquetas de alta qualidade e vasilhame flexível. Toda a produção de papel metalizado é fabricada segundo os padrões de qualidade ISO 9001, de gestão ambiental ISO 14001 e EMAS, de eficiência energética ISO 50001 e de saúde e segurança laboral OHSAS 18001.

SCA Hygiene Espanha faz remodelação de uma bobinadora pela A.Celli Paper

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projeto de remodelação realizado pela A.Celli Paper nas instalações da SCA em Allo (Espanha), onde a higiene e produtos florestais esta empresa líder global em produtos de higiene e produtos florestais pretendeu uma remodelação de

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uma bobinadora, incluiu uma grande atualização do accionamento e da unidade de corte. Assim, a A.Celli Paper desmontou no local a máquina e instalou os equipamentos recondicionados com novo accionamento e sistemas de automação e segurança e um novo sistema de corte, da última geração. Após o arranque efetuado no final de 2014, o sistema cumpriu todos os testes, ficando o cliente totalmente satisfeito não só com a nova tecnologia fornecida pela A.Celli, mas também com o apoio técnico e operacional que as equipes sempre demonstraram durante todo o processo de reconstrução. «A A.Celli Paper confirmaou que é um parceiro de alto nível», disse a SCA. «As equipas imediatamente identificaram as necessidades e forneceram o que nós necessitávamos.Em conjunto, programámos os testes e começámos o trabalho com a bobinadora remodelada. Este novo sistema de corte é realmente inovador e garante altíssima qualidade do papel - algo a que a SCA liga especialmente «. Com esta nova bobinadora, a instalação de SCA Espanha ganhou em desempenho, com uma melhoria na qualidade do papel e, consequentemente, um melhor produto acabado.

Mestrado em Engenharia na Escuela de Ingeniería, Terrassa.

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s estudos papeleiros constituem uma boa oportunidade profissional, já que o papel, e tudo o que está relacionado com ele, continuarão a ser muito importantes no futuro. Não podemos esquecer que o papel continua a ser a matériaprima mais importante em toda a indústria de impressão e transformação. O âmbito deste mestrado tem como fio condutor o material papel e seus afins, tendo em conta a sua procedência, a fabricação de pastas e muito especialmente as suas utilizações, transformação, embalagem e impressão de papel e cartão. As diversas cadeiras do curso darão ao aluno uma visão completa de toda a cadeia do papel, desde a árvore até ao produto impresso. Os professores deste mestrado têm uma larga experiência tanto docente como investigadora e estão integrados no Grupo de Investigação da

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Universidade Politécnica da Catalunha (UPC), o CELBIOTECH que engloba especificamente as temáticas relacionadas com a engenharia e biotecnologia dos materiais lignocelulósicos e tudo o referente à fabricação de pastas, papel, assim como a sua manipulação e impressão. Para a formação prática dos alunos o curso conta com a colaboração de um grupo de empresas que oferecem estágios nas suas instalações, oficinas e fábricas. Uma das saídas deste mestrado pode ser a investigação no caso de pessoas que se sintam atraídas por esta atividade. Este curso conta com o apoio da ASPAPEL, a associação empresarial dos fabricantes de papel espanhóis.

México Um projecto estratégica

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de

importância

A.Celli Paper, através das Fábricas de Papel Potosí, chega ao México, acabando de entregar uma nova máquina de produção de tissue, completa com cilindro Yankee em aço de 3,66 m e hotes de última geração. A nova máquina de papel tissue A.Celli 2800 mm foi recentemente enviado para San Luis Potosí (México), onde será instalada num novo edifício. A nova máquina representa um projecto de importância estratégica, graças ao qual o cliente, Fábricas de Papel Potosí, visa dar um salto de qualidade, atingindo grandes e ambiciosas metas de produção, na busca de conquistar o seu mercado. Esta máquina tem uma velocidade de trabalho de 1.500 m / min e uma capacidade de produção de 80 t/dia, sendo concebida para responder às exigências do cliente, com o fim de garantir um aumento nos níveis de produção, assegurada por um ótimo desempenho e qualidade do papel, com a consequente melhoria da produto final. Além disso, este equipamento vem equipado com hotes de última geração especialmente concebidas pela equipe técnica da A.Celli, para melhorar o desempenho técnico, bem como as características estéticas deste importante componente das máquinas de tissue. Estas novas hotes inovadoras, caracterizados por um design


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moderno e pela sua forma aerodinâmica, são projetadas para melhorar o desempenho de todo o ciclo de produção. Um outro exemplo da paixão com que A.Celli aborda cada projeto: um olho para o detalhe e foco na excelência.

Fábricas de Papel Potosí Empresa mexicana, com experiência de mais de 30 anos na fabricação e transformação de tissue e papel, principalmente rolos de papel higiénico, guardanapos de mesa brancos, guardanapos impressos (usado para publicidade e promoção) eartigos de papelaria. As Fábricas de Papel Potosí dedicam-se à produção de produtos de grande consumo para o segmento médio do mercado mexicano. Além disso, a empresa produz guardanapos impressos de mesa especificamente projetados para fins promocionais e lançamentos de anúncio da clientela na indústria HORECA, para as companhias aéreas e os clubes desportivos, entre outros campos.

CEPI Resultados ambientais impressionantes nos sacos de papel

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ntre 2007 e 2012, a indústria de papel Kraft e de sacos de papel europeia melhorou significativamente a sua pegada de carbono. Esta é a conclusão a que chegou um estudo recente conduzido pelo instituto de pesquisa sueco Innventia, que analisa regularmente a pegada de carbono de toda a cadeia de fornecimento da indústria europeia de sacos de papel em nome da EUROSAC e CEPI Eurokraft. A intensidade de carbono média europeia na produção de uma tonelada de papel kraft foi otimizada em 17% entre 2007 e 2012: de 570 kg de CO2 equivalente (CO2e, ou seja, gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono ou metano) para 471 kg CO2e. As emissões durante a produção de papel kraft contribuem para 60% da

pegada de carbono total em cada saco de papel. Durante as fases subsequentes de produção desde o início até ao portão da fábrica, as emissões de CO2 por saco de papel foram reduzidas de 118 g para 99 g de CO2e. Isto corresponde a uma melhoria de 16%, o que, entre outros fatores, se deve ao facto do peso de cada saco individual ter sido reduzido, graças à melhoria da qualidade do papel. 17.300 voltas ao mundo Comparando-se os resultados de 2007 com os de 2012, aproximadamente 95 mil toneladas de CO2e foram poupadas em cada ano. Com base na média de emissões de CO2 por cada novo registo de automóveis de passageiros de 137 g / km, esta poupança é o equivalente a 693 milhões de km de veículos de passageiros, o que corresponde a cerca de 17,3 mil viagens de carro à volta do mundo. Balanço ambiental mais correto mediante uma análise mais profunda Estendendo a análise a outros aspetos teremos uma imagem ainda mais completa da pegada de carbono da indústria europeia de sacos de papel. Levando-se em conta as emissões de fim de vida e os benefícios decorrentes de emissões evitadas devido às atividades de recuperação e de gestão de resíduos existe uma redução da pegada de carbono média, por cada saco europeu, de 70 g de CO2e (em vez de 99 g CO2e). É um fato bem conhecido que as florestas sequestram e armazenam carbono. A gestão sustentável e o crescimento das áreas florestais na Europa é um elemento central da cadeia de valor para os sacos de papel. Se o aumento da biomassa em florestas europeias forem consideradas no cálculo, a pegada de carbono será realmente negativo, em -282 g CO2e por saco. O foco principal encontra-se na otimização Este equilíbrio ambiental convincente é o resultado de esforços contínuos por parte da indústria europeia de papel Kraft e de sacos de papel para reduzir constantemente as suas emissões de gases com efeito de estufa, melhorar a eficiência energética e aumentar a percentagem de utilização das energias renováveis, na realidade, muito além da melhoria anual velocidade necessária para alcançar os objetivos do plano de ação climática da União Europeia para 2020.

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Efeméride - 50 anos da CELBI

50 anos 2750 pessoas 12,5 milhões de toneladas de pasta Uma importante efeméride

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ssinala-se este ano o 50º aniversário da constituição da Celbi. Marco muito importante para a Empresa, para o Grupo Altri a que pertence e para o setor da pasta e papel de Portugal. Uma história de sucesso, baseado na capacidade e sentido de responsabilidade dos seus colaboradores, com grande envolvimento com a comunidade local e com uma atenção permanente aos impactos ambientais causados pela sua atividade, tornando a empresa num dos maiores exportadores nacionais e dos que maior valor acrescentado retém. A revista Pasta e Papel associa-se à comemoração desta efeméride, prestando a sua homenagem a todos que contribuíram e contribuem para o crescimento e consolidação da empresa. Homenagem corporizada na publicação de três textos que transmitirão, certamente, aos nossos leitores uma abrangente visão do que é a realidade da Celbi: uma entrevista com o seu Presidente, Eng.º Paulo Fernandes, uma evocação da sua história e o seu impacto na comunidade local escrita pelo Eng.º Manuel Saraiva Santos e um relato do último projeto de desenvolvimento apresentado pelo Eng.º João Mota. Por esta colaboração, os nossos agradecimentos. João Sá Nogueira Editor

Um breve historial 1965 - A Celulose Billerud, SARL, surgiu como uma iniciativa da empresa sueca, Billerud AB, (71%) associada a um dos

detido pelo grupo sueco STORA.

maiores grupos industriais portugueses naquela época, a

1989 - Capacidade produtiva instalada de 240.000 t/ano.

Companhia União Fabril (23%) e um grupo de produtores

1998 - Nova alteração na designação social da empresa de

florestais (6%). 1967 - A Celbi arrancou com a produção de pasta solúvel, destinada ao fabrico de fibras têxteis, sendo, então, de 80.000 t a sua capacidade máxima. 1970 - Produção exclusiva de pasta para papel, com capacidade anual de 120.000 t/ano. 1975 - Nacionalização do capital português, passando o Estado a deter, através do IPE, 29 % do capital da empresa. 1984 - Diversas operações de concentração da indústria florestal na

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Suécia, fizeram com que o capital da Celbi passasse a ser

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Stora Celbi para Celulose Beira Industrial (Celbi). S. A., em consequência da fusão entre a Stora (Sueca) e a Enso (Finlandesa), que originou o grupo StoraEnso. 2006 - A Altri é a empresa vencedora do concurso de alienação das ações da Celbi. 2009 - A Celbi aumenta a sua capacidade de produção de pasta de 300 mil para 600 mil toneladas por ano. 2014 – A produção atinge as 687.000 t de pasta.


Efeméride - 50 anos da CELBI

Ouvindo o Presidente do Conselho de Administração, Eng.º Paulo Fernandes Ao assinalarmos os 50 anos da Celbi achámos do maior interesse ouvir o Presidente do Conselho de Administração da Altri e co-CEO, Paulo Jorge dos Santos Fernandes. Foi um dos fundadores da Cofina (sociedade que deu origem à Altri, por cisão), tendo estado diretamente envolvido na gestão do Grupo Altri desde a sua criação. É licenciado em Engenharia Eletrónica pela Universidade do Porto, tendo posteriormente concluído um MBA na Universidade de Lisboa.

João de Sá Nogueira: Em nome da revista Pasta e Papel e no meu próprio, é com muito prazer que o felicito pelo 50º aniversário da Celbi, felicitações que estendo a todos os que ao longo deste tempo contribuíram e contribuem para o seu crescimento e consolidação. Esses mesmos que a Celbi associou às comemorações com a inclusão do seu nome numa faixa, intitulada “Pessoas”, a todo o comprimento da sala do Centro de Artes e Espetáculos da Figueira da Foz, onde decorreu a exposição “Memórias Futuras”. Por isso a primeira pergunta que lhe faço é como a Celbi, em particular, e todo o Grupo Altri, em geral, contribuem para a criação de equipas altamente motivadas e com as competências necessárias a um bom desempenho profissional?

Paulo Fernandes: As pessoas são o factor chave no sucesso em todas as organizações e também na Celbi e na Altri. Naturalmente que a tecnologia, os meios financeiros e os parceiros são igualmente importantes, mas no centro estão as pessoas. Na Altri não temos nenhum segredo, esforçamo-nos para atrair e manter o talento, para sermos justos e rigorosos, e para partilhar o valor criado.

João de Sá Nogueira: Após a entrada As pessoas são o fator chave no sucesso em todas as organizações.

da Altri no capital da Celbi em 2006, no período 20072010 foi concretizado o projeto C09 em que se visou duplicar a capacidade de produção da Celbi. O sucesso deste

projeto alavancou certamente a decisão do vosso Conselho de Administração em voltar a investir na Celbi, na concretização do projeto C15, desta vez para aumentar a eficiência e a competitividade desta unidade industrial, visando otimização dos processos, o consequente aumento de produtividade e a redução de custos. Paralelamente na Caima assistiu-se à sua reconversão no sentido de a dotar de tecnologia, que lhe permite a produção de pasta solúvel. Em ambos os projetos foi melhorado o desempenho ambiental das unidades fabris. E agora? Quais são as perspetivas futuras que antevê para o Grupo Altri, nomeadamente no campo de novos investimentos?

Paulo Fernandes: Após a conclusão dos investimentos em curso, manteremos a nossa visão e procuraremos continuar a obter ganhos

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Efeméride - 50 anos da CELBI

de eficiência nas nossas unidades, bem como na nossa área florestal. A Altri investe de forma recorrente várias dezenas de milhões de euros por ano. Nos últimos anos temos Temos de recordar que procurado reduzir de forma a Altri investiu mais de sustentável a dívida da mil milhões de euros nos últimos anos. empresa, que neste momento já está a níveis confortáveis, procurando realizar alguns investimentos como os que refere. Temos de recordar que a Altri investiu mais de mil milhões de euros nos últimos anos. Naturalmente que estamos atentos e procuraremos a cada momento avaliar as oportunidades que surgirem.

João de Sá Nogueira: O desenvolvimento da indústria de pasta e papel em Portugal passa pela resolução do problema do abastecimento da sua matéria-prima fundamental, a madeira de eucalipto. Como pensa o Grupo Altri ultrapassar esse problema e quais as medidas que preconiza sejam tomadas a nível governamental de modo a tornar possível o fortalecimento da economia baseada em florestas plantadas, obedecendo a sólidos critérios socio ambientais? Paulo Fernandes: A fileira florestal deverá, pela sua importância estratégica e económica, ser um pilar fundamental para Portugal. Ninguém mais do que a Altri olha para a floresta, valorizando a sua biodiversidade. Não queremos, ! lLEIRA mORESTAL nem nunca pedimos um país deverá, pela sua de monocultura ou que não importância estratégica valorize o seu património. É e económica, ser um muito importante deixarmopilar fundamental para nos de populismos ou de Portugal. preconceitos, pois não há árvores melhores ou piores, nem o facto de o pinheiro e o eucalipto não serem espécies autóctones pode ser motivo de preconceito. A Altri não tem defendido o aumento da área de cultivo do eucalipto, mas sim a sua optimização. Houve tempos em que era mais difícil plantar árvores do que construir betão. Achamos é que não faz sentido que a maioria ou pelo menos vastíssimas áreas do Pais continuem entregues a

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mato, sem qualquer valor seja A Altri não tem económico ou ambiental e que defendido o se destina a ser pasto para os aumento da área incêndios. A Altri tem milhares de cultivo do de hectares onde nunca plantou eucalipto, mas sim um eucalipto, porque gere estas a sua otimização. áreas como reservas ecológicas e de biodiversidade. Mesmo no caso das nossas plantações, e a Altri gere mais de 84 mil hectares de floresta, fazemos todos os esforços para salvaguarda e estímulo das diferentes espécies. É fundamental incrementar a produtividade do eucalipto de forma a reduzir a dependência dos mercados externos. Nesse sentido, o que pedimos é que com rigor não coloquem entraves artificiais para impedir o plantio de eucaliptos nas áreas que já eram de eucalipto, e que para esse efeito se concretiza o incentivo de 40% a fundo perdido que está previsto.

João de Sá Nogueira: Uma pergunta final, a título de resumo: Como continuará o Grupo Altri a gerir e a desenvolver a sua atividade sempre fiel aos princípios enunciados em 2006 – Ser o melhor produtor europeu de pastas e estar entre os mais competitivos à escala global?

Paulo Fernandes: A Altri tem tudo o que necessita para continuar a ser uma empresa de referência. Tem as melhores equipas, as melhores unidades industriais e um produto de reconhecida qualidade. Também são estes factores que fazem com que a Altri consiga competir com todos os players, em qualidade e também em preço. Queremos continuar e até reforçar esta posição que hoje já conquistámos.

João de Sá Nogueira: Agradeço-lhe a sua disponibilidade e a forma cordial como nos respondeu. O seu depoimento será, certamente, muito apreciado pelos nossos leitores, que ficarão com uma ideia mais clara das realidades atuais da Celbi e do Grupo Altri. Muito obrigado!


Efeméride - 50 anos da CELBI

A CELBI – 50 anos na história da Figueira da Foz* Manuel Saraiva Santos - Antigo colaborador, ex-chefe de Divisão de Controlo Técnico e ex-Gestor da Qualidade

F

oi há cinquenta anos. No dia 19 de Junho de 1965, a Leirosa e a Figueira da Foz estiveram em festa. Realizou-se nesse dia a cerimónia de colocação da primeira pedra da fábrica de pasta da Celulose Billerud SARL (designação que depois deu origem ao acrónimo CELBI), uma empresa portuguesa formalmente constituída três meses antes, e cujo capital social era, na sua grande maioria, detido pela Billerud AB, uma empresa sueca produtora de papel e de pasta de celulose. A Billerud AB ocupava então um relativamente modesto 5º lugar no ranking das empresas suecas do seu sector. No meio da década de sessenta, a sua produção anual de pastas de madeira rondava as 350 mil toneladas, de que integrava em papel cerca de metade. Ocupava porém uma posição muito saliente na produção de pasta solúvel, abastecendo grande parte da indústria europeia fabricante de viscose ou rayon. A pré-história da CELBI começara cinco anos atrás. Em Maio de 1960, Sven Rydholm, Director

do Instituto de I&D da Billerud AB, visitava Portugal pela primeira vez, participando, como observador, numa reunião de um sub-comité da FAO. Aí conheceu alguns técnicos dos serviços florestais portugueses, com quem estabeleceu laços de proximidade. Devido ao continuado aumento do preço da madeira, e ao baixo rendimento do processo de cozimento, eram cada vez mais baixas as margens obtidas na produção de pasta solúvel, nas fábricas suecas. Para poder manter a Billerud AB naquela área de negócio, Sven Rydholm admitia uma solução de importar madeira de eucalipto, o que chegou a suceder por duas vezes. Mas dos contactos e das várias visitas que realizou em Portugal, do que observou e ouviu, do que lhe foi alvitrado, da experiência entretanto recolhida, e das perspectivas que lhe iam sendo abertas (mormente pelos referidos técnicos florestais), acabou por chegar a uma conclusão, de cujos méritos conseguiu convencer os seus superiores hierárquicos: em vez de transportar a madeira

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para a Suécia, melhor seria a Billerud AB iniciar um processo de expansão e internacionalização, e investir numa nova fábrica de pasta em Portugal. E assim foi. A Billerud AB avançou para a concretização desse projecto, sob a sábia e entusiasmada liderança de Sven Rydholm. Superada a barreira do condicionamento industrial, então ainda vigente (embora um pouco mitigado, por força dos novos compromissos de Portugal no quadro da EFTA), foi conseguida a imprescindível autorização governamental, em despacho de 18 de Março de 1964. Este fixava o prazo de 3 anos para a construção da nova fábrica, estipulando que ela devia produzir “(…) nomeadamente, as pastas com as características necessárias ao fabrico de viscose, nas quantidades adequadas à produção do País”. A introdução do advérbio no texto parecia antecipar que este se poderia abrir a uma ampla interpretação. Como de facto se abriu, anos mais tarde.

havia sido largamente ensaiada, a uma escala piloto, num pequeno digestor KAMYR, do mesmo tipo, instalado numa das fábricas da Billerud AB. A transição da escala piloto para a industrial acabaria, contudo, por revelar-se bastante difícil. Os primeiros tempos da operação industrial, durante o segundo semestre de 1967, foram de quase permanente instabilidade, com numerosas e arreliadoras interrupções, paragens, avarias, esvaziamentos. Só no final do ano se produziu alguma pasta solúvel de qualidade razoável, susceptível de ser comercializada como tal. Para produção de pasta solúvel, a fábrica fora projectada com uma capacidade nominal de 80 000 t/ano. Mas desde logo se estimara que, se convertida para produção de pasta papeleira, a mesma fábrica poderia atingir uma capacidade de pelo menos 120 000 t/ano.

O turismo balnear constituíra até então o principal esteio da vida económica da Figueira da Foz. Não obstante, as suas gentes aceitaram, com grande abertura e surpreendente maturidade cultural, a instalação no Concelho de uma indústria a que estava associada uma fama de ser poluidora do ar e da água. A imprensa local acolheu com expressivo entusiasmo a hipótese dessa instalação, desde o primeiro momento em que foi conhecida. Como de resto voltaria a suceder, duas décadas mais tarde, quando uma nova unidade industrial de pasta, a SOPORCEL, se veio a fixar junto da CELBI. Em 11 de Maio de 1967, menos de dois anos depois da primeira pedra, era descarregada a primeira pasta crua do novo digestor contínuo KAMYR, com uma inovadora e pioneira tecnologia, em que o processo de cozimento kraft das estilhas de madeira era antecedido por uma fase de pré-hidrólise em fase de vapor, destinada a eliminar as hemiceluloses, totalmente indesejáveis no fabrico de viscose. A técnica

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Entre o primeiro semestre de 1967 e Julho de 1969, a fábrica foi laborando em regime de campanhas, alternando pasta solúvel com pasta papeleira. Durante todo esse período, produziu um total de 69 mil toneladas de pasta solúvel, não tendo atingido a capacidade nominal de projecto para este tipo de pasta. Pelo contrário, em fabrico de pasta papeleira, a capacidade nominal era até ultrapassada, ainda em 1968.


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Por outro lado, da experiência daqueles vários meses concluía-se que o consumo específico de madeira, em fabrico de pasta papeleira, era da ordem dos 3,0 m3 sólidos/t; enquanto se elevava para 4,1 m3 sólidos /t, em fabrico de pasta solúvel. Acrescia que o mercado da viscose/rayon estava a ser negativamente afectado pela crescente emergência de novas fibras artificiais com origem nas ramas petrolíferas, o que naturalmente se reflectia nos preços das pastas solúveis, e na cada vez mais estreita margem e reduzida rendibilidade obtidas com a sua produção. Por todo este conjunto de razões, a CELBI cedo procurou re-orientar a sua estratégia no sentido de concentrar a produção da fábrica em pasta papeleira. Pelos finais de Setembro de 1968, apresentou ao Ministério da Economia um fundamentado requerimento, a solicitar a indispensável autorização. Salazar caíra da cadeira, e terminara a sua vida política. Os tempos eram de “primavera marcelista”, de abertura económica à Europa, e de gradual desmantelamento do regime de condicionamento industrial, a que Rogério Martins, da ala tecnocrática do marcelismo, dá um decisivo impulso, depois de se tornar Secretário de Estado da Indústria, em 27 de Março de 1969. No mesmo dia, João Dias Rosas, um natural da Figueira, passava a ser Ministro da Economia. Pouco tempo depois, em 29 de Abril de 1969, era dada uma autorização ministerial para a Celulose Billerud “(…)produzir, na sua fábrica de pasta de celulose solúvel (…), pastas de celulose destinadas à produção de papel (…)”, impondo um curto conjunto de condições a que não foi difícil dar pleno cumprimento. No seguinte mês de Julho tinha lugar a última campanha de produção de pasta solúvel. A partir de então, a CELBI só viria a produzir pasta papeleira. Os níveis de produções alcançadas nos meses finais de 1969 equivaliam já a uma capacidade anual da ordem das 150 mil toneladas de pasta papeleira de eucalipto. Muito aquém das cerca de 680 mil toneladas que actualmente produz por ano.

A construção e o arranque da CELBI marcaram o início de uma nova era na história da Figueira da Foz. Detentora, durante várias décadas, do cognome de Rainha das Praias de Portugal, a partir dos idos dos finais dos anos sessenta, o prestigioso título foi-se desvanecendo. Em sua substituição, adquiriu progressivamente um novo glamour de terra de indústria e de comércio portuário, sem que por isso tivesse perdido o poder de também atrair turistas e banhistas. Em meados dos anos sessenta, o seu porto comercial movimentava umas insignificantes 2 a 6 mil toneladas de mercadorias por ano. Movimenta actualmente para cima de 2 milhões de toneladas. Meio século decorrido, a Figueira da Foz transformou-se num dos maiores centros de produção de pasta de celulose de toda a União Europeia. É na indústria instalada no seu Concelho que se registam os valores mais elevados de produção de riqueza, volume de negócios, valor acrescentado, e contributo para a derrama municipal, de toda a Região Centro. Há cinquenta anos, a CELBI protagonizou o início de um processo de reforço da industrialização da Figueira da Foz. Só por isso ganhou direito a ocupar um lugar indelével na sua história.

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Projecto C15* João Mota - Gestor de Departamento de Técnicas de Engenharia

A ALTRI investiu nos últimos cinco anos cerca de mil milhões de Euros Em 2013 a Altri assinou com a AICEP, a contratualização de um investimento no valor de 30 milhões de euros na CELBI, num projecto que se designou C15. No período 2007-2010 foi concretizado o projecto C09 em que se visou duplicar a capacidade de produção da CELBI, e diga-se com pleno sucesso já que para uma capacidade nominal de 540.000 t/a, temos actualmente uma capacidade sustentada de 700.000 t/a. O sucesso do projecto anterior alavancou a decisão do conselho de administração da ALTRI em voltar a investir na CELBI mais 30 Milhões de Euros, um valor apreciável tendo em conta a conjuntura internacional e sobretudo do nosso país. Desta vez o objectivo não foi (alegadamente) aumentar a capacidade de produção mas antes procurar aumentar a eficiência e a competitividade. Foi feita uma apresentação dos objectivos do projecto à AICEP, que desde logo atribuiu ao C15 a classificação de PIN – projecto de potencial interesse nacional, e em 08 de Novembro de 2013 foi assinado com o Estado um protocolo que definiu as metas a atingir.

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Mas o que é de facto o C15? Trata-se de um conjunto de intervenções em várias áreas fabris em que foram evidenciadas necessidades de desbloqueamento de capacidade mas essencialmente áreas onde a incidência de problemas operacionais e de manutenção apontavam para uma remodelação. O cronograma do projecto (2013-2015) apresenta duas datas chave, associadas a paragens gerais da fábrica. Referimo-nos a Fevereiro de 2014 e a também a Abril 2015. A primeira fase (2014) incluiu: Crivagem de Aparas Foi remodelada a instalação de destroçamento de grossos com alteração do lay-out, aproveitamento de um destroçador antigo de maior capacidade e melhoria do processo de remoção de objectos metálicos. Crivagem de Pasta Crua Foi instalado mais um crivo combinado, criando agora três linhas individualizadas de pasta desde os tanques de armazenagem do Digestor até à Lavagem. Complementarmente foram introduzidas alterações no sistema de bombagem de pasta e de filtrado – aumentando capacidade e potência instalada, remodelando situações identificadas como bloqueio da estabilidade e operacionalidade desta área fabril. Branqueamento Aqui foram feitas três intervenções de vulto ao nível de infra-estruturas, a saber: • Na rede de esgotos fabris foi feita a substituição de tubagens que estavam em mau estado de condição, utilizando desde logo um novo traçado que não inviabilize futuros desenvolvimentos da área fabril de Branqueamento. • Uma vez identificada uma limitação da potência disponível, foi instalado um novo posto de transformação e um novo quadro de distribuição em baixa tensão. Esta intervenção permitiu o aumento de potência dos accionamentos


Efeméride - 50 anos da CELBI

de quatro bombas MC com substituição dos respectivos motores e conversores de frequência. • Identificado um conjunto de linhas metálicas e de FRP que historicamente foram responsáveis por várias avarias e perdas de produção, procedeuse à sua completa substituição, utilizando novos traçados, quando possível, e melhorando a qualidade dos materiais utilizados. Tentámos desta forma erradicar avarias repetitivas, contribuindo para a estabilidade da operação.

Máquina de Secagem São conhecidos os muitos problemas e dificuldades vividas na nossa Máquina de Secagem. Não são aliás de estranhar já que ela é detentora do recorde mundial de produção de pasta por metro linear. É por isso que constitui uma referência para a ANDRITZ e é alvo de frequentes visitas de potenciais clientes. Esta particular situação leva a que a ANDRITZ AG seja mais do que um fornecedor de equipamento mas antes se constitua como um parceiro no desenvolvimento continuado e sustentado da nossa Máquina de Secagem. Nesta parceria identificámos as seguintes intervenções concretizadas em 2014: • Remodelação da crivagem de pasta branqueada com substituição dos rotores dos crivos primários, secundário e terciário por um novo modelo. • Instalação de um novo andar de depuração da pasta. • Instalação de um novo tanque da máquina de maior capacidade de armazenagem

• Remodelação do sistema de “approach” com aumento de potência de várias bombas e aumento de secções de tubagem. • Desempeno e alinhamento da caixa de chegada • Extensão da parte superior do formador (TWF) • Nivelamento da estrutura do formador e alinhamento dos respectivos rolos • Remodelação da estrutura de suporte dos feltros de pick-up e da 3ª prensa, para aumentando o seu comprimento, procurar aumentar a sua longevidade. • Instalação de dois novos transportadores de fardos na linha de acabamentos 4.

A segunda fase, concretizada durante 2015 com particular relevância durante a PA- Paragem Anual de Abril, incluiu: Crivagem de Aparas Nova intervenção na instalação de Crivagem de Aparas desta vez para permitir o funcionamento em simultâneo dos dois crivos existentes, aumentando dessa forma a capacidade potencial da instalação. Para o efeito foi montado um novo parafuso de distribuição, introdução de válvulas de doseamento e um conjunto de transportadores de tela. Digestor Remodelação do sistema de alimentação de aparas ao Digestor com substituição da velha tremonha e seus arrastadores (stockers), alimentadores de alta

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e baixa pressão, e bomba C4. Estes equipamentos explorados no limite da sua capacidade foram responsáveis por muitas paragens e decorrentes perdas de produção. Com o apoio e fornecimento da ANDRITZ Oy, foram instalados: • dois novos parafusos transportadores de aparas com “air lock” • uma tremonha Diamondback (com cerca de 40 metros de altura), • dois parafusos doseadores • novo sistema de bombagem de aparas – conjunto de três bombas em série • alterações substanciais nas tubagens (aparas, licor, água, condensados, vapor), e na instrumentação de controlo • e sobretudo uma alteração radical do conceito de cozimento, abandonando o anterior modelo de “compact cooking” da METSO e passando a utilizar o conceito “low solids” da ANDRITZ. Tratou-se de uma significativa alteração cuja optimização nos vai ocupar nos próximos tempos. A instalação de cozimento (Digestor) ficou preparada para um novo patamar de produção. Pré- Evaporação A antiga instalação de pré-evaporação, que entrou em serviço em 1981, foi finalmente substituída. Para isso foi reaproveitado o Efeito 2 da antiga Evaporação, que mudou de posição para junto do Digestor. Também foram relocalizados os dois filtros de licor. Obteve-se uma instalação de maior capacidade e sobretudo melhor localizada do ponto de vista de operação. Máquina de Secagem Para aumentar um pouco mais a capacidade de produção da Máquina de Secagem foram concretizadas algumas intervenções:

• Substituição da antiga 3ª prensa - “high impact” por uma nova prensa de sapata • Instalação de variação de velocidade (conversores de frequência) nos 200 motores de insuflação de ar na secaria • Aumento da potência instalada num conjunto significativo de accionamentos – desfibradores, bombas de pasta e de água Caustificação Como previsto procedeu-se à remodelação da Caustificação com instalação de um novo Clarificador de Licor Verde de grandes dimensões, e um sistema de arrefecimento de licor. Estas intervenções permitiram readaptar o anterior filtro de discos de licor verde num filtro de licor branco de grande capacidade. Rede Eléctrica de Média Tensão O velho posto de seccionamento em 10 KV, internamente designado por PS1, (obsoleto e já descontinuado pelo fornecedor) foi alvo de uma total remodelação sendo na prática substituído por dois novos postos de seccionamento PS20 e PS30. Para tal foi necessário realizar um conjunto de trabalhos de preparação, nomeadamente, desactivar o quadro do barramento “transfer”. Criado o espaço, foi feita a montagem dos novos quadros num total de 35 celas de MT e testado todo o sistema de comando, monitorização e protecção das referidas celas. Seguiu-se a transferência de cabos de MT do quadro antigo (PS1) para os novos quadros (PS20 e PS30), com execução de novas cabeças terminais na maioria dos cabos. Tratou.se de uma tarefa crítica pelo volume de trabalho executado num tempo muito limitado no seguimento criterioso do plano de cortes de energia da paragem. Como se pode concluir, foi feita uma grande intervenção, essencialmente em toda a linha de pasta, concretizada em dois períodos bastante curtos de paragem geral da fábrica para efeitos de manutenção. Ninguém é bom juiz em causa própria, mas considero que foi feito um trabalho notável. Isso só foi possível graças ao envolvimento de toda a organização da CELBI, mas permitam-me que faça uma referência especial à equipa de projecto, cuja entrega e empenhamento merecem ser realçados.

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Tecnologias

Este artigo é parte de uma apresentação realizada pelos autores no 7th ICEP ( International Colloquium on Eucalyptus Pulp)

Como a química da lavagem da pasta SRGH PHOKRUDU D HÀ FLrQFLD GD IiEULFD *Hannu Hämäläinen, José Antonio Pinilla, Ramon S. Dorronsoro. Nopco Paper Technology Carlos A. Santos. Grupo Mathiesen

Palavras-chave: Fabricação de polpa Kraft; eucalipto; antiespumante de silicone; drenagem; eficiência de lavagem; economia de produtos químicos.

A

s economias associadas com as operações de alta eficência de fábricas de pasta kraft são de extrema importância para a economia global de uma fábrica de celulose de capital intensivo. Assim, numa fábrica de celulose que recupera a sua lixívia negra, a lavagem da polpa marrom (BSW) é uma etapa importante no processo de obtenção destes dois produtos valiosos: a fibra da polpa e a lixívia negra recuperável para a produção de energia e recuperação de químicos. A BSW é um processo heterogeneo envolvendo a fibra no estado sólido e um meio líquido. Além disto, estes sistemas incorporam sabões, componentes com propriedades tensoativas e uma grande abundância de substâncias hidrófobas e hidrófilas, o que faz com que a gestão do sistema seja ainda mais complexa. Tradicionalmente, a área de lavagem é projetada para eliminar a lignina com equipamento o mais compacto possível, enquanto, ainda hoje, a gestão da química do processo continua frequentemente negligenciada. Atualmente o projeto padrão de gestão do processo químico consiste no uso de dispersantes para controlar o pitch e anti espumantes para eliminar a espuma do processo. O desenvolvimento de agentes antiespumantes para a lavagem da polpa marrom remonta à fase inicial do processo Kraft e evoluiu, desde então, através de melhorias na gestão da química, alterações no design do processo, nos equipamentos e nas técnicas aplicáveis. A Nopco é pioneira, desde a década de 1980, no desenvolvimento de antiespumantes baseados

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em emulsões de silicone, estabelecendo os padrões atuais de lavagem das operações de polpa marrom. Nos últimos tempos, a prioridade deslocou-se da eliminação da espuma e melhoria da drenagem, para a eficiência do processo, de modo a maximizar a produção e garantir a limpeza da polpa de celulose. A eficiência da química do processo de lavagem requer não apenas uma compreensão completa do controlo do processo, medido geralmente como perda de lavagem (COD ou perda de soda), condutividade dos filtrados, sólidos da lixívia negra enviados para a evaporação, etc., mas também uma profunda compreensão do design e das limitações dos processos, formas de operação, controle e automação, assim como o conhecimento dos fenômenos da química de superfície e da lavagem. A falta de visão do conjunto é muitas vezes considerada como um sub-otimização da área da BSW, não sendo considerado o potencial para melhorar a produtividade. Normalmente esta sub-otimização consiste na utilização de um antiespumante o mais económico possível, com o menor custo unitário possível por tonelada de celulose fabricada. O resultado final pode ser uma polpa mais suja com maior custo de branqueamento, ou com menor geração de energia. Para avaliar completamente o sistema, deve considerar-se: • Tipo de madeira (fibra) • Parâmetros operacionais • Química • «Know-how» da aplicação • Design do equipamento (características dos tipos de lavagem)


Tecnologias

Estes parâmetros estão intimamente relacionados com a química: o comprimento da fibra afeta o design dos equipamentos e o comportamento das fibras na lavagem. As madeiras hardwood (fibra curta) e softwood (fibra longa) têm não só um conteúdo de lignina diferente, mas também o seu comportamento relativamente às propriedades tensioativas é diferente. As madeiras de fibra longa são mais propensas à formação de espuma. Os parâmetros de funcionamento estão relacionados com o design do equipamento: taxas de produção, consistências, fator de diluição, níveis dos tanques, níveis do caudal de filtragem, níveis de diluição, pressões, níveis de tinas, temperatura, estabilidade do processo, etc., todos estes parâmetros afetando o resultado final, direta ou indiretamente. O design do equipamento é muitas vezes inerente ao projeto original de construção da fábrica. Atualizações posteriores são possíveis, mas há mudanças na história dos tipos dos equipamentos de limpeza usados, e todos eles têm as suas condições ótimas específicas quanto aos parâmetros operacionais. A literatura e a experiência dizem-nos que cada um dos diferentes equipamentos de lavagem tem as suas próprias condições de funcionamento, algumas das quais são universais para os diferentes equipamentos. Por exemplo, enquanto para um filtro atmosférico de tambor é recomendado trabalhar a baixas rpm’s, mantendo o nível de tina relativamente elevado e a entrada da polpa em baixa consistência, um lavador rotativo DD registra resultados de lavagem mais eficientes quando funciona com maiores consistências na entrada, sendo os parâmetros mais importantes para a sua correta gestão a pressão da caixa de entrada e o caudal do filtrado. A química de aditivos deve ser concebida tendo em conta as considerações anteriores. No entanto, certos fenomenos químicos são universais e teoricamente podem aplicar-se a qualquer processo de lavagem, podendo pesquisar-se analogias na indústria de detergentes, por exemplo. Hoje em dia, o termo antiespumante é usado para descrever um aditivo químico destinado a melhorar a lavagem da polpa marrom, apesar da tecnologia atual dos antiespumantes ser mais complexa do que o tradicional produto antiespumante desenvolvido simplesmente para eliminar a espuma visível da superfície. Historicamente na indústria de celulose, os produtos utilizados eram

substâncias que facilmente se encontravam nas próprias fábricas, tais como querosene ou outros hidrocarbonetos leves derivados do petróleo. Na década de 70, apareceram os antiespumantes à base de ceras de EBS (etileno bis estereamida) dispersas em óleo mineral. Os primeiros testes com antiespumantes baseados em silicone começaram por volta de 1950, sendo produtos à base de polidimetilsiloxano (óleo de silicone) dispersos em água ou óleos leves. Os primeiros antiespumantes com partículas hidrofóbicas (sílica hidrofóbica) em óleo leve são patenteados em 1960. No início da década de 70, desenvolveram-se agentes antiespumantes eficientes baseados em ceras hidrofóbicas, como a EBS dispersa em óleos, mas eram caros, começando então a tendência para reduzir o teor de óleo. Para além disso a EBS, devido à sua afinidade com o pitch, criava problemas de depósitos especialmente nas linhas de fibra curta. A mais recente melhoria na lavagem de pasta foi a introdução de agentes antiespumantes com base em dispersões aquosas de silicones. No princípio dos anos 90, a Nopco Paper Technology foi pioneira na introdução, com grande sucesso, de dispersões de silicone na produção de celulose, obtendo uma melhor lavagem, redução da carência biológica de oxigénio (DBO) nos efluentes e obtenção de uma pasta mais limpa. Os antiespumantes de silicone Nopcomaster™ têm maior capacidade de redução da tensão superficial através da formação de uma camada muito fina no interface ar-água, permitindo que pequenas partículas do antiespumante possam rapidamente penetrar entre as lamelas e furem a bolha. O mesmo fenômeno aplica-se ao ar obstruído na interface fibra-liquido, onde as pequenas bolhas de ar obstruem a drenagem, tornando os agentes antiespumantes Nopcomaster™ mais eficazes do que os baseados em óleo, isentos de silicone, ou do que os polímeros eficientes na remoção da espuma de base, mas com falta de capacidade para melhorar a drenagem e com um maior potencial de arraste de partículas hidrofóbicas. Os anti espumantes Nopcomaster™ não só são excelentes para remover a espuma, como também auxiliam a lavagem a temperaturas de 0 a 100 ° C. Estes produtos são emulsões contendo a estrutura flexível do polidimetilsiloxano (PDMS), que é quimicamente inerte, com muito baixa tensão superficial, permitindo a rápida difusão na

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Tecnologias

espuma. Além disso, contém sílica hidrofóbica e agentes tensoativos em várias proporções. As emulsões de silicone permitem uma dosagem menor do que outros agentes antiespumantes e uma melhor lavagem. Quando se formulam corretamente, têm pouca afinidade com as fibras e com substâncias hidrofóbicas, como as resinas e os sabões. As dispersões de silicone Nopcomaster™ são emulsionadas para facilitar a sua dosagem e foram formuladas para seguir o filtrado e não a fibra, minimizando assim os problemas de transferência e permitindo a operação segura do processo de produção de celulose. A chave é a adequada formulação da emulsão do silicone para cada sistema de lavagem BSW. Por exemplo, o PDMS, como tal, é altamente hidrofóbico e muito pouco solúvel em água, mas pode ser formulado usando aditivos apropriados para obter as propriedades desejadas. Na verdade, é relativamente fácil projetar um antiespumante barato e potente, como o querosene, por exemplo. No entanto, é necessário o know-how adequado para projetar um agente antiespumante, ou auxiliar da lavagem, resistente e eficiente, que seja também seguro sob o ponto de vista normativo (sem óleo mineral, ceras ou precursores de dioxinas) e que não interfira com os sabões e outras substâncias pegajosas ou hidrofóbicas, permitindo um processo sem problemas e uma polpa de celulose limpa.

A química das emulsões de silicone Nopcomaster ™ é capaz de aumentar a eficiência da fábrica de pasta com base na experiência acumulada e num processo sistemático de auditoria ao processo, operação da fábrica, características técnicas e nas limitações do processo, permitindo o estudo no

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laboratório dos produtos mais adequados, para finalmente selecionar e adaptar os parâmetros mais consensuais para os testes na fábrica de acordo com os objetivos de melhoria acordados com a fábrica. Cada passo da abordagem é parte integrante do programa de melhoria CleanPulp ™. O conceito centra-se na maximização da produtividade através das seguintes medidas: • Maximizar a produção (através da estabilidade do processo e eficiência do produto) • Aumentar a eficiência da lavagem (através de drenagem de alta capacidade e produtos com a mais recente tecnologia). • Reduzir o custo geral do branqueamento e o custo total da operação, ao invés do custo unitário ou da dosagem de anti espuma. • Formular o antiespumante de modo a garantir uma operação segura, impedindo a formação ou transferência de depósitos. Para melhorar a lavagem, é necessário maximizála quimicamente, transformando completamente o pensamento convencional de minimizar o consumo de antiespumante. Uma formulação de antiespumante sofisticado pode repercutir-se significativamente na melhoria do desempenho global de lavagem da polpa de celulose, da mesma forma que um detergente de alta qualidade pode melhorar significativamente a roupa comparativamente com uma lavagem sem detergente. É conhecido na literatura, e a Nopco tem demonstrado em muitas ocasiões com experiência prática, que um aumento de 1% de sólidos da lixívia negra que vai para a evaporação, pode gerar 1 M € de geração extra em energia para uma fábrica de tamanho médio. Também está documentado na literatura que a redução de 1 kg de DQO se traduz numa redução de 0,5 a 1 kg no consumo de cloro ativo no branqueamento, o que significa uma redução significativa de custos no branqueamento e uma melhoria na lavagem da polpa marrom. Esta redução também irá diminuir a carga do tratamento de efluentes (DQO, DBO, AOX, etc.). A produção de soda e sulfeto, a má separação de sabões e a contaminação dos evaporadores são outros exemplos de má gestão da lavagem e são indicativas da necessidade de melhoria. Essa filosofia tem sido a chave para o sucesso no mercado dos antiespumantes de silicone Nopcomaster™.


Tecnologias

Canfor Pulp: Polpa NBSK de alta qualidade para aplicações exigentes

A

Canfor Pulp Ltd é o 5° maior fornecedor do mundo de polpa kraft de fibra longa branqueada e não branqueada e o maior da América do Norte, com operações de produção de polpa no de British Columbia, no Canadá. Está sediada em Vancouver, sendo que 50,5% são propriedades da Canfor Corporation. A Canfor Corporation possui 23 serrarias na região oeste do Canadá e no sul dos EUA, incluindo a maior serraria do mundo em Houston, British Columbia, com uma capacidade anual de 1,4 milhões de m3 de madeira serrada. A empresa tem uma produção total de 11,2 milhões de m3 de madeira serrada, 0,6 milhões de m3 de madeira compensada e 2,3 milhões de m3 de OSB (N.R.: “Oriented Strand Board”, aglomerado de partículas de madeira). A Canfor Pulp possui três fábricas de polpa kraft próximas da cidade de Prince George, BC, que estão entre os produtores de polpa de fibra longa com menor custo na indústria. Também é a proprietária de uma fábrica de celulose branqueada BCTMP em Taylor, BC. A Canfor Pulp produz 140 mil toneladas de papel kraft, 1,06 milhões de toneladas de NBSK e 220 mil toneladas de BCTMP, anualmente. As três fábricas de papel kraft são também grandes geradores de energia elétrica sustentável da América do Norte. A sede da Canfor Pulp e o Centro de Inovação de Polpa da Canfor (CPI) estão localizados a 800 quilômetros ao sul de Prince George, em Vancouver. O Centro de Inovação proporciona à Canfor Pulp uma vantagem tecnológica pela prestação de serviços técnicos diretamente aos clientes e fábricas de celulose. Utilizando uma inovação estratégica, o CPI realiza trabalhos de desenvolvimento, incluindo a avaliação e implementação de novas tecnologias, testes específicos de produtos tissue, preparação de polpa, análises químicas e muitos outros.

Nem toda a pasta NBSK é igual

A fibra utilizada pela Canfor Pulp tem origem de cavacos residuais de serrarias, um subproduto das operações com madeira maciça da Canfor Corporation e de outras serrarias da região.

Florestas da Canfor Pulp

As suas práticas florestais são sustentáveis e em todas as áreas em que são feitos os desmatamentos elas são reflorestadas. Uma mistura de espécies (combinação de abetos e pinheiro) é plantada

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para promover diversidade e resistência aos problemas de saúde florestais. Em 2014 a Canfor plantou 63 milhões de árvores, cerca de três árvores plantadas para cada árvore cortada.

crescimento, enquanto que as vendas para papéis de escrita e impressão caíram substancialmente, seguindo a procura global destes papéis. A alta resistência e qualidade da polpa da Canfor Pulp têm contribuído para a mudança nas vendas em direção a especialidade de papéis sanitários. Esta qualidade superior é devido a uma gama de produtos únicos, à utilização de processos apropriados e a uma ênfase no controle de qualidade.

Mapa geral

A geografia e o clima no centro de British Columbia originam verões curtos e inversos longos. As madeiras de fibra longa crescidas sob estas condições são compostas predominantemente de madeira da primavera caracterizada por ter fibras longas delgadas com paredes muito finas. Estas características conferem uma morfologia única à fibra que resulta numa polpa que origina uma folha forte, mesmo quando a fibra não é refinada. A espessura é baixa para o comprimento de fibra, e o grau de refinação SR é baixo em relação à resistência. Esta resistência superior da fibra é um de seus principais atributos.

Mapa detalhado

A Canfor faz a gestão das suas florestas de acordo com as certificações florestais, como a ISO 14001, PEFC – CSA Z809-08, SFI e FSC. Alguns anos atrás, os cavacos das madeiras eram considerados material residual, sendo queimados para gerar energia utilizada na secagem. Hoje, esses cavacos são a fonte principal de fibras da indústria de polpa do Canadá e são uma importante fonte de receita para as serrarias. As vendas da Canfor Pulp podem ser divididas em três áreas principais: papéis especiais, tissue e de impressão e escrita. As polpas para papéis especiais correspondem a 47% das vendas, para tissue a 28% e para escrita e impressão a 19%, sendo o saldo restante destinado a produtos de commodity. As duas primeiras áreas estão em

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Fábricas de pasta da Canfor em Prince George

O CPI da Canfor Pulp avalia as fibras utilizando um refinador piloto de discos de 20 cm, pois este dá resultados mais indicativos de como as fibras da polpa respondem à refinação industrial do que os obtidos à escala laboratorial com o moinho PFI. O CPI tem construído uma base de conhecimento substancial com parceiros da indústria e universidades. A Canfor Pulp sabe que o “know how” técnico e a sua aplicação são necessários para ser competitiva. Ela compartilha este conhecimento com os clientes, a fim de ajuda-los a extrair a maior vantagem da sua polpa. Historicamente, a Canfor Pulp tem sido ativa em apoiar seus clientes nas suas operações com informações técnicas e suporte ao produto.


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Além disso, o site do Temap (www.temap.com) fornece informações técnicas sobre a polpa NBSK que inclui publicações, cálculos comuns e ainda também abrangendo especificamente a fabricação de tissue. Na produção de tissue, as polpas da Canfor concedem resistência sem afetar a maciez e o bulk. As fibras flexíveis, como as da Canfor, são especialmente benéficas quando usadas em conjunto com as tecnologias mais recentes de fabricação de tissue (por exemplo: ATMOS, NTT e TAD) nas quais as folhas formadas são estruturadas, e também quando durante a conversão é feito o embossing. A refinação é muitas vezes negligenciada pelos produtores de tissue, por causa dos efeitos negativos sobre a maciez e o bulk, mas é uma área que pode ser otimizada para reduzir os custos e melhorar a qualidade do tissue. As polpas kraft de fibra curta têm sido usadas em combinação com a NBSK da Canfor para produzir tissue de elevada qualidade. Ensaios foram feitos em diferentes máquinas de tissue em todo o mundo, incluindo duas máquinas piloto, assim como numa série de fábricas de tissue com diferentes configurações. Estes ensaios mostraram que níveis mais baixos de polpa NBSK da Canfor, em comparação com outras polpas de fibra longa, podem ser combinados com outras polpas para dar uma economia de custos significativa, mantendo ou melhorando a qualidade do produto. No caso de tissue (como higiênico e facial) em que a resistência não é o requisito mais importante, ele pode ser fabricado sem ter qualquer fibra longa. No entanto, os produtos de tissue de qualidade mais elevada, que fornecem uma combinação de maciez, bulk, absorção e resistência têm benefícios por utilizarem fibra longa na sua composição. A Canfor Pulp está introduzindo sistemas online de monitorização da qualidade da polpa num projeto chamado Mihari – termo japonês para “sentinela”. As principais tecnologias que abrangem a produção de polpa consistem na PulpEye, desenvolvido pela PulpEye AB e no Pulp Quality Vision System, desenvolvido pela Metso. Estes sistemas permitem um melhor controle do processo de produção da polpa, de modo que a qualidade da polpa possa ser melhorada. Além disso, podem ser fornecidas aos clientes, em tempo útil, informações mais precisas sobre a qualidade da polpa.

Dimensões das fibras

A prática comum seguida pelos fabricantes de celulose é a informação de qualidade da polpa ser baseada na média ao longo do tempo. Isto muitas vezes não é representativo da polpa que é entregue ao cliente. Como um lote da polpa Módulo de teste on-line que é entregue a um da pasta cliente pode ser diferente da média de longo prazo, o cliente pode precisar ajustar as condições do processo devido a esse fato. Para monitorização online dos dados da qualidade da polpa por remessa um smartphone com um aplicativo pode agora ser utilizado para acessar o valor da qualidade média da polpa ao longo de um período de três meses. A Canfor Pulp continua a desenvolver e implementar novas tecnologias a fim de fornecer um apoio valioso aos seus clientes. Este apoio é baseado no seu conhecimento da qualidade da sua fibra e do modo de como melhor integrar isso com as mais recentes tecnologias de fabricação de tissue.

Propriedades da pasta branqueada

Calculadora

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Por mais que um fornecedor queira que todas as instalações sejam um grande sucesso desde o start-up – nem todas são. A planta de secagem da Eldorado Brasil é um bom exemplo. A Andritz contornou uma situação adversa e fez as coisas certas. Hoje a fábrica está alcançando uma produção surpreendente – e as expectativas são para ainda mais recordes de produção - com a Andritz como parceira.

trabalhando na equipe de Secagem quando a Eldorado entrou em operação, ele liderou ativamente as ações corretivas para garantir que os problemas fossem resolvidos e não voltassem a ocorrer. “Nossas plantas de secagem operam a níveis de classe mundial novamente”, diz Eickhoff, “graças à nossa experiência e ao pessoal da Eldorado que colaborou “Estamos superando conosco. Nós desenvolvemos a capacidade de projeto soluções efetivas – não e a meta é produzir apenas atenuamos um 1.620.000 ton esse ano.” problema.”

Fabio Nakano Gerente Geral da Fábrica

A

instalação de duas linhas de secagem e quatro linhas de enfardamento automatizadas na maior fábrica de celulose do mundo – Eldorado Celulose em Três Lagoas, Brasil – estava destinada a ser mais uma excelente referência da tecnologia Andritz de secagem e enfardamento de celulose. Mas, embora hoje o equipamento venha registrando um desempenho recorde mundial, houve momentos difíceis. Os momentos difíceis foram causados por uma «tempestade perfeita» de situações conflitantes: atrasos na construção civil que limitaram o tempo de comissionamento, alterações no projeto de determinados componentes, seleção de materiais que não foram suficientemente robustos, e alguma falta de sorte. “Às vezes você aprende mais com a adversidade do que com o sucesso”, diz Karl Eickhoff filosoficamente. Eickhoff é Vice-Presidente da área de Secagem da Andritz. Embora ele não estivesse

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«As questões não foram falhas de projeto, mas problemas mecânicos e de seleção de materiais em certas áreas», dizem Josué Fernandes e Ademilson Zeber, Coordenadores de Produção da planta de secagem. «Rolamentos, eixos, rodas, vigas, rolos, esse tipo de coisas. Mas mesmo nos piores momentos, nós alcançamos 85% da produção projetada. Agora, estamos acima de 100%.» “Para ser honesto, eu não via como a Andritz podia nos levar a uma produção recorde mundial,” diz Fernandes, Coordenador de Embalagem e Logística. “Mas eles fizeram as coisas certas.”

Melhorando a cada mês É uma grande linha contínua, da entrada das toras até os fardos de celulose na Eldorado. Em um dia, em média 135.000 toras são picadas, cozidas, depuradas, branqueadas e secadas, convertidas em 4.800 toneladas de celulose pronta para o mercado. Pelo menos, essa é a capacidade de projeto. Entretanto, como destaca Fabio Nakano - Gerente


Tecnologias

Geral da fábrica – a fábrica está excedendo a capacidade de projeto. “Nossa produção no ano passado foi de 1.568.000 toneladas,” diz Nakano. “Nos primeiros quatro meses desse ano, produzimos 512.000 toneladas, com tempo para a parada geral. Nossa meta é produzir 1.620.000 toneladas esse ano.” Março de 2015 foi um mês de recorde (146.964 toneladas), incluindo um dia recorde de 5.364 toneladas. A planta de secagem é projetada para 5.022 toneladas/dia. “Nós temos potencial para fazer mais,” afirma Nakano. “Nós temos as melhores tecnologias e o melhor pessoal aqui.”

produção de alta capacidade», diz Thomas Kefer, Diretor de Tecnologia & Start-ups da Secagem. «Mas não estávamos satisfeitos em descansar sobre nossos louros.» O programa visava elevar a produção específica e a velocidade da linha de enfardamento, bem como reduções no consumo de energia e água. «Nós também integramos os projetos de empresas que tínhamos adquirido (secadores, cortadeira, linha de enfardamento)», diz Kefer. Decidiu-se incluir alguns desses novos conceitos de produto no projeto Eldorado, com tempo suficiente para o comissionamento dos novos equipamentos. No entanto, uma das construtoras contratadas pela Andritz foi à falência, o que provocou um «efeito cascata», atrasando a construção da planta de secagem. Isso apertou o tempo para o comissionamento. «Com intensa pressão para o start-up e o aumento da curva de produção da fábrica dentro do cronograma prometido ao cliente, o start-up expôs algumas falhas mecânicas na linha», explica Leonardo Figueiredo, Gerente de Vendas da Andritz Brasil. «Claramente, a Eldorado não estava satisfeita com a inesperada paralisação. Nós também não.»

(Da esquerda para a direita) Ademilson Zeber - Coordenador da Secagem, Josué Fernandes Coordenador de Embalagem e Logística

Forças que se chocam Antes de ingressar no novo projeto, alguns dos gerentes da Eldorado trabalharam em outra fábrica em Três Lagoas e apreciavam o desempenho da planta de secagem lá. A Eldorado queria uma planta semelhante, mas com duas máquinas menores (6,7 m de largura cada) em vez de uma grande, para ter mais flexibilidade. Foi durante esse período que a Andritz lançou um programa de desenvolvimento para melhorar sua tecnologia de secagem. «Estávamos tendo sucesso no mercado com a nossa tecnologia para

Máquina desaguadora

Problemas. Resolvidos. “Nós sempre gostamos do conceito dos sistemas Andritz,” diz Fernandes. “Nossos problemas foram causados em sua maioria pelos materiais ou solidez.” Uma força-tarefa de especialistas da Andritz da Áustria, Suécia e Brasil iniciou a correção dos

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Um dos dois secadores de folhas de celulose (cada um com 6.7m de largura), cortadeira e duas linhas de enfardamento automatizadas na Eldorado.

problemas - avaliando, chegando a um acordo sobre as prioridades com os seus parceiros na Eldorado, e, em seguida, resolvendo os problemas. «A Andritz desmontou as máquinas, parafuso por parafuso, e corrigiu os pontos fracos ou reprojetou componentes», diz Fernandes. «Quando voltamos de uma parada geral após terem sido feitas as alterações, pudemos ver grandes melhorias.»

Rodas da cortadeira reprojetadas para aumentar a confiabilidade

«As ações corretivas foram realizadas em uma fábrica em operação», diz Figueiredo. «Sabíamos que o equipamento não podia ser desativado por longos períodos, por isso o nosso trabalho tinha de ser feito durante o tempo ocioso ou a parada geral.» Na parte úmida, a Eldorado apresentava alterações na formação e problemas de confiabilidade na seção das prensas. «A adição

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de algumas mudanças à mesa formadora eliminou as bolhas», diz Zeber. «Com a melhoria na formação, pudemos imediatamente acelerar a máquina.»

“Com a melhoria na formação, pudemos imediatamente aumentar velocidade da máquina.”

Na seção das prensas, houve um problema desagradável com um rolamento no rolo da prensa. «Eram os canais dentro da caixa que não permitiam que o rolamento recebesse lubrificação completa», diz Kefer. A Andritz reprojetou a caixa e a falha do rolamento não é mais uma preocupação, de acordo com Zeber. A troca de um rolo na prensa CombiPress, de estado móvel para estacionário, também resolveu determinados problemas. «Depois disso,» Fernandes recorda, «a parte úmida e a máquina desaguadora funcionaram bem.» O secador tem operado dentro das expectativas. «Eles (Andritz) fabricam secadores por décadas e os outros estão, basicamente, copiando o design bem sucedido», diz Fernandes. Recursos como caixas sopradoras, alimentação automática da ponta, remoção rápida da quebra e melhoria da operação, contribuem para o desempenho do secador.


Tecnologias

Fardos de celulose secos entrando na linha de embalagem

Na saída do secador, havia um acionamento frágil do rolo guia que foi substituído por um mais robusto. Na cortadeira, a Andritz trocou as facas circulares e substituiu as rodas por outras mais resistentes. «Nós não tivemos nenhum problema desde então», diz Fernandes. Ao longo da linha de embalagem e enfardamento, a Andritz reforçou alguns componentes mecânicos (vigas, trilhos, acoplamentos, etc.). «Basicamente eliminamos paradas nessa área», diz Fernandes. «Meus operadores da linha de enfardamento podem quase dormir durante seu turno, porque a linha funciona maravilhosamente bem a cerca de 240 fardos/h. O nível de rejeitos na linha “O nível de rejeitos de corte e enfardamento é na cortadeira e no praticamente zero. Apenas enfardamento é brincando sobre dormir, é praticamente zero.” claro!» Pergunta final, “Considerando os problemas no start-up e a frustração inicial, você escolheria trabalhar com a Andritz em outro projeto?” “Eu gostaria de trabalhar com a Andritz novamente,” diz Fernandes. “O projeto deles é bom e agora o desempenho é excelente.” Zeber concorda. “Nós rodamos cerca de três meses sem quebras da folha na primeira máquina, e estamos

afinando a segunda máquina para atingir isso,” diz ele. “Eu acho isso muito bom, mas podemos sempre fazer melhor.”

Fardos de celulose na unitizadora

Nakano também é positivo. «O serviço prestado pela Andritz durante nossas operações normais e paradas é excelente», diz ele. «Há uma ótima relação entre Eldorado e Andritz, a meu ver. Desde o momento do start-up da planta de secagem até o último trabalho executado durante a nossa parada geral em 2014, as soluções têm funcionado bem. A Andritz esteve comprometida em isolar os problemas e resolvê-los. Essa é a característica de um bom fornecedor-parceiro uma empresa que está por perto não apenas nos bons momentos, mas também quando enfrentamos problemas».

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Amido, o principal contaminante

A

indústria de papel é uma grande consumidora de água e tem de lidar com grandes volumes de águas residuais e de lamas. Uma boa gestão da água impacta diretamente a produção das fábricas, o seu rendimento e o seu desempenho ambiental. A sua qualidade é, portanto, de importância vital. Por causa das restrições legais impostas, muitas fábricas foram incentivados a fechar os circuitos e trabalhar cada vez mais com suas próprias águas de modo a reduzir o caudal do efluente. Esta situação obrigou os industriais do setor a lutarem contra os efeitos das substâncias que se concentram com grande facilidade nos circuitos do processo e afetam, negativamente, os objetivos fundamentais de qualquer fábrica de papel. Uma das substâncias que tem sido identificada é o amido. Na verdade, o amido é a terceira matériaprima predominante na produção de papel, a seguir às fibras da pasta e às cargas minerais. O amido usado no fabrico de papel é utilizado principalmente na massa, por pulverização ou sobre a superfície. O amido é um nutriente rico para ação microbiana e pode ser alterado quando exposto a humidade elevada. A degradação do amido pode resultar em problemas na produção e afetar negativamente a qualidade do produto final. Além disso, as dispersões de amido têm elevadas carência biológica de oxigénio (BOD) e carência química de oxigénio (COD), que devem ser reduzidas no efluente antes da sua descarga para o meio ambiente. É por isso que os valores de BOD e de COD são utilizados para avaliar o nível de contaminação das descargas de águas residuais. A baixa concentração de amido residual na água tem um impacto direto sobre a qualidade da água reutilizada e das águas residuais. Portanto, a redução do consumo de amido durante o processo de fabrico de papel inclui aspetos económicos, microbiológicos e questões ambientais. A SERTEC20 desenvolveu novas misturas de polímeros para tentar reduzir o consumo de amido nas fábricas de papel.

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Essas novas abordagens estão concentradas na redução do amido utilizado no circuito da máquina de papel: • Pela fixação do amido residual sobre as fibras permitindo uma redução do consumo de amido na produção de papel, mantendo as características ou mesmo aumentando-as. A tecnologia FIXAREN reage com diferentes tipos de amidos que podem ser encontrados no circuito do papel (estes diferentes amidos são o resultado dos vários tratamentos a que foram submetidos, como é prática corrente, como, por exemplo, na size-press, etc). O produto, sendo catiónico, fixa-se sobre a fibra e permite eliminar o amido da água, o que resulta numa redução do COD, para além do amido fixado na fibra proporcionar propriedades físicas adicionais ao papel. • Pela modificação da superfície do amido nativo em spray, aumentando as propriedades físicas e melhorando o funcionamento da máquina, como consequência do aumento da eficácia da fixação na fibra. A tecnologia SERFIX reage com o amido nativo aumentando o tamanho das partículas e alterando a curva de distribuição. Isto resulta numa melhoria da retenção do amido na folha final. O carácter iónico do amido e as suas propriedades químicas são alterados, aumentando a reatividade com a fibra e contribuindo para aumentar a resistência em seco do papel.

Amido nativo não cozido para pulverização sem Serfix (aumentado 100 vezes)

Amido nativo não cozido para pulverização com Serfix(aumentado 100 vezes)

Uma outra vantagem indireta obtida é a redução de amido nas águas brancas, melhorando assim as características de funcionamento do sistema e as condições ambientais.


Vida empresarial

Altri: Resultados 1º semestre 2015

N

o final do segundo trimestre de 2015, o preço da pasta branqueada do tipo hardwood, de acordo com o índice de mercado FOEX, atingiu 797 USD, o que se traduziu em 710 EUR. Durante o segundo trimestre o preço médio atingiu os 781 USD (709 EUR), o que corresponde a um crescimento de 4% em USD e a um crescimento de cerca de 7% em EUR relativamente ao primeiro trimestre do ano. Em comparação com o período homólogo do ano anterior, constata-se que o preço subiu 4% em USD e 29% em EUR. No primeiro semestre de 2015 as três unidades industriais da Altri produziram cerca de 481,2 mil toneladas de pasta de papel e venderam 487,9 mil toneladas de pasta. Durante o mês de Abril, a unidade industrial Celbi realizou uma paragem de 15 dias com o objetivo de realizar operações quer de manutenção, quer de reforço de eficiência operativa. Por sua vez, no mês de Junho, a unidade industrial Caima, realizou a paragem necessária à conclusão do projeto de conversão em pasta de especialidades. Como consequência das paragens programadas, no segundo trimestre de 2015, as três unidades industriais da Altri produziram 224,8 mil toneladas de pasta (-12% quer em relação à produção do período homólogo do ano anterior, quer em relação ao primeiro trimestre de 2015), tendo sido vendidas 239,3 mil toneladas de pasta (-4% do que no primeiro trimestre de 2015 e uma queda equivalente em relação ao segundo trimestre de 2014). Em termos de exportações, durante o primeiro semestre de 2015, a Altri exportou cerca de 441 mil toneladas de pasta (comparativamente com 455 mil toneladas no período homólogo de 2014).

Os principais dados e indicadores da atividade consolidada do Grupo Altri podem ser resumidos como seguem: • As receitas totais da Altri atingiram, no primeiro semestre de 2015, cerca de 312,8 milhões de Euros, o que corresponde a um aumento de 18,6% face ao período homólogo de 2014. • Os custos totais, excluindo amortizações, custos financeiros e impostos, no primeiro semestre de 2015, ascenderam a cerca de 212,7 milhões de Euros, o que corresponde a um crescimento de 0,6% face a 2014. • Em termos acumulados semestrais, no primeiro semestre de 2015 foi atingido o EBITDA recorde no montante de 100 milhões de Euros, próximo do dobro do EBITDA registado no primeiro semestre de 2014. Em particular, o segundo trimestre de 2015 ficou marcado pelo nível de EBITDA registado (53,5 milhões de Euros), o que constitui um recorde absoluto em termos trimestrais. Na génese deste desempenho está, para além da evolução positiva do preço de venda da pasta, a materialização da estratégia de redução de custos de produção que a empresa tem vindo a implementar. O EBIT do primeiro semestre de 2015 atingiu cerca de 73,9 milhões de Euros, um crescimento de cerca de 173% face ao EBIT registado no primeiro semestre de 2014. O resultado líquido semestral ascendeu a 50,3 milhões de Euros, o que compara com um lucro de 12,7 milhões de Euros obtidos no período homólogo de 2014.

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Novos livros

NOTA DA REDAÇÃO: O livro - feito de papel que tão bem os leitores desta revista conhecem - é uma das maiores invenções do homem e a sua importância é indiscutível. Por seu meio são transmitidos o conhecimento e a cultura; a história do homem não só é preservada como também transmitida de geração para geração. Considerações que registamos por, no presente número da revista Pasta e Papel, fazermos a apresentação de dois livros relacionados com o nosso setor de atividade e cuja leitura e consulta reputamos de grande interesse e utilidade: - “Marcas d’Água: séculos XIV – XIX. Coleção Tecnicelpa”, da autoria de Maria José Santos, resultante de uma parceria entre a Tecnicelpa e o Museu do Papel. - “Petróleo Verde | Floresta de Equívocos”, da autoria de João A. M. Soares, compilação das intervenções públicas do autor, no período de 1972 a 2014. Esperando que as suas súmulas despertem o interesse dos nossos leitores para duas obras de inegável valor, felicitamos os seus autores e promotores pela qualidade e oportunidade dos mesmos.

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livro “Marcas d’Água: séculos XIV – XIX. Coleção TECNICELPA”, em parceria com o Museu do Papel, foi o culminar de um longo projeto de investigação, iniciado pelo grupo GIMA (Grupo de Investigação das Marcas d’Água) criado pela Tecnicelpa, para levantamento de Marcas d’Água em documentos manuscritos e livros impressos existentes em diferentes bibliotecas e arquivos nacionais. Posteriormente, o tratamento dos desenhos das Marcas d’Água e sequente estudo e classificação foi levado a efeito pelo Museu do Papel, suportado por um protocolo entre a Tecnicelpa e a Câmara de Santa Maria da Feira (entidade que tutela o Museu). O lançamento deste livro, realizado no passado dia 11 de julho no Museu do Papel, o único museu industrial dedicado ao papel, em Portugal, revestiu-se de particular importância, pois permite que este trabalho possa ser conhecido e apreciado por investigadores, historiadores e todos os que têm interesse pela História do Papel e das Marcas d’Água. O livro “Marcas de Água: séculos XIV – XIX” (Coleção TECNICELPA), da autoria de Maria José Santos, investigadora e coordenadora científica do Museu do Papel, foi apresentado por Francisco Ribeiro da Silva, professor da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, numa cerimónia em que usaram ainda da palavra o Presidente da Câmara de Santa Maria da Feira, Emídio de Sousa, o

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Presidente da Tecnicelpa, Pedro Silva e o exPresidente de 1968 a 1992 da Tecnicelpa, João Vinagre, em cujo mandato se fez a consolidação do projeto das marcas de água, projeto iniciado em 1986 no mandato de Ângelo Loureiro, sob o impulso do então Vice-Presidente Alegre Ribeiro. Assistiram à cerimónia muitos técnicos do setor papeleiro para além de muitas individualidades da região. A obra, precursora em Portugal na abordagem e investigação das marcas de água, centra-se no estudo de uma coleção de marcas de água recolhidas no âmbito de um projeto pioneiro, na área da História do Papel em Portugal, realizado entre 1986 e 1992, sob o patrocínio da TECNICELPA. Em 2004, a Câmara Municipal de Santa Maria da Feira e a TECNICELPA assinaram um protocolo de colaboração com o objetivo de organizar, sistematizar e divulgar esta importante coleção, constituída por mais de quatro mil levantamentos de marcas de água recolhidos no Arquivo da Torre do Tombo e na Biblioteca Nacional de Portugal. A obra é acompanhada por um CD-ROM com todas marcas de água e respetivas fichas de inventário, trabalho realizado no Museu do Papel sob a orientação científica da autora. O estudo da coleção, constituída maioritariamente por marcas de água em papel de escrita importado de diferentes países da Europa, permitiu à autora tirar conclusões sobre a situação da indústria portuguesa de papel entre os séculos XIV e XIX, possibilitando também o enquadramento daquela que é considerada, até ao momento, a primeira


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marca de água da História do Papel em Portugal, datada de 1536.

Mensagens citadas no livro: Sobre o livro “Marcas de Água: séculos XIV – XIX” (Coleção TECNICELPA), transcrevemos algumas mensagens registadas do livro: - Emídio de Sousa, Presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira: Não devemos deixar reduzir o fabrico de papel a uma mera mecânica produtiva. O fabrico do papel foi e é uma arte e como arte deve ser olhado, apresentado, estudado e preservado. Assim, este livro será um momento importante para o estudo das marcas de água em Portugal e para o conhecimento da História da Indústria do Papel. E um instrumento decisivo para legar às gerações vindouras uma herança industrial e económica que faz parte da História do concelho de Santa Maria da Feira, das suas populações e da sua matriz identitária. - Pedro Silva, atual Presidente Tecnicelpa: Este livro, resultado final de um esforço coletivo para a recolha, seleção, interpretação e divulgação de um conjunto com milhares de exemplos de marcas de água existentes, feito através de uma parceria entre a Tecnicelpa, o Museu do Papel e a comunidade académica, é mais uma prova da importância e iniciativa do movimento associativo, na preservação da nossa memória coletiva e na passagem de conhecimento entre gerações. - Carlos Brás, Presidente da Tecnicelpa de 1998 a 2005: Ao folhear este livro deixamo-nos encantar pelas imagens que nos despertam para os tempos da arte de fazer papel. Com esta obra temos a possibilidade de dar a conhecer às gerações mais novas uma outra face do papel, esta só visível em contraluz, como diz Marguerite Yourcenar. - João Vinagre, Presidente da Tecnicelpa de 1968 a 1992 Somos, desde os primeiros passos, um corpo associativo determinado pela experiência, pelo saber, pelo esforço de quem nos precedeu no espaço histórico. Somos uma associação que honra a memória individual e coletiva. Que procura perseverar os vestígios e as lições da História. Procuramos, por isso também, assumirnos como terreno onde possa vivificar a cultura. - Maria José Santos, Autora do Livro: Um percurso imenso de aprendizagem e, simultaneamente, um percurso de incertezas, face

à infinidade de marcas de água concebidas, ao longo do tempo, pela criatividade dos papeleiros, como demonstra esta importante coleção da Tecnicelpa. Também, neste sentido, a sua divulgação pode suscitar novos percursos, novos estudos, saberes mais inclusivos e interdisciplinares. Deste modo se irá consolidando o conhecimento, sempre inacabado e passível de revisão, desta identitária expressão cultural chamada marca de água que, abrindo o papel à luz, lhe deu voz e o tornou, em si mesmo, uma preciosa fonte histórica.

História do Projeto: Da leitura do livro é possível retirar o registo da história de todo este projeto das marcas de água. Transcrevemos os passos fundamentais, citando alguns dos colaboradores da obra: Diz a autora, Maria José Santos, na sua introdução: Não posso deixar de enaltecer a atitude invulgar e inovadora tomada, em 1986, pela Tecnicelpa ao assumir um projeto de investigação sobre marcas de água, “no âmbito do estudo da Indústria Papeleira em Portugal, da História do Livro e da História da Cultura nas suas formas de comunicação através da escrita”, como refere, em carta enviada em 1987, ao Diretor do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, o saudoso Eng.º Alegre Ribeiro, membro fundador da Tecnicelpa e o grande mentor e dinamizador deste ambicioso projeto. Um amigo que permanece presente. Como referido por João Vinagre, Presidente da Tecnicelpa de 1988 a 1992, na sua apresentação: Sob o impulso apaixonado de Alegre Ribeiro, à data Vice-Presidente do CD, foi criado em 1986, o Gabinete de Investigação de Marcas de Água – GIMA. A partir de 1988, a coordenação do projeto foi entregue a Henrique Castro, sendo a superior orientação destes estudos, competência do Prof. Aires Nascimento, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e do Prof. Artur Anselmo, da Universidade Católica Portuguesa. Este projeto visava a análise e levantamento de marcas de água dos manuscritos do fundo alcobacense da Torre do Tombo e de livros impressos em Portugal entre 1501 e 1548. Participaram na execução deste projeto duas historiadoras, Maria João Marques da Silva (marcas de água em documentos manuscritos) e Maria Paula Paiva de Oliveira (marcas de água em livros impressos), tendo também colaborado nesta vertente Maria Manuel Fernandes Pinto Lares. Este

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trabalho decorreu até 1997 tendo sido levantados e recolhidos milhares de marcas de água. Em 2004 é retomado o projeto com a realização de um protocolo de colaboração entre a Tecnicelpa e o Município de Santa Maria da Feira, entidade tutelar do Museu do Papel Terras de Santa Maria. Graças a este protocolo e ao trabalho de coordenação de todo o processo de tratamento, organização, classificação e inventariação desenvolvido pela Dra. Maria José Santos, então Diretora do Museu e atualmente sua consultora científica, concretizou-se a publicação agora apresentada. Terminemos este resumo, com as palavras ditas por João Vinagre na cerimónia de lançamento do livro: À Drª Maria José Santos devemos prestar-lhe aqui hoje a homenagem merecida por todo o trabalho desenvolvido. Nasceu dentro duma fábrica de papel e desde menina acompanhou a evolução desta indústria. Recordo com saudade o seu pai, Luis de Oliveira Santos, que me recebeu algumas vezes no seu escritório que era a casa da báscula onde controlava as entradas e saídas dos camiões. Filha de peixe sabe nadar…

Sobre o Museu do Papel Terras de Santa Maria Inaugurado em Outubro de 2001, e integrando a Rede Portuguesa de Museus desde Maio de 2002, o Museu do Papel Terras de Santa Maria constitui uma referência a nível da Museologia Industrial Portuguesa e desempenha um papel relevante na divulgação, não só da História do Papel como do dinamismo e modernidade da Indústria do Papel em Portugal. Situado em Paços de Brandão, o Museu do Papel é tutelado pela Câmara Municipal de Santa Maria da Feira que concretizou a vontade de uma comunidade, onde a arte de fazer papel faz parte de sucessivas gerações desde há mais de trezentos anos. Este primeiro museu português dedicado à História da Indústria do Papel está instalado em duas antigas fábricas de papel do século XIX, tendo como grande marca identificadora o facto de constituir um espaço museológico industrial em atividade, onde as leituras dos antigos espaços manufatureiros e industriais proporcionam uma simultaneidade de interpretações a nível de áreas e processos de fabrico, interpretações sustentadas

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numa sinalética simples e no apoio dado pelos serviços educativos do museu. Sem que tivessem sido descaracterizados os antigos espaços de produção de papel, foram criadas novas áreas estruturais inerentes a uma boa funcionalidade museológica (serviços de acolhimento, centro documental, áreas de serviço educativo, auditório, áreas de exposição) assegurando-se, simultaneamente, condições de acessibilidade a nível dos diferentes percursos expositivos que acompanham os processos de fabrico. Todo o seu projeto de conceção e de dinâmica educativa e cultural concretiza-se na afirmação de uma simultaneidade comprometida entre um espaço museológico e uma fábrica em atividade. Numa ligação muito próxima à comunidade do papel, e tendo muito presente a história da região papeleira circunscrita à sua área geográfica, este museu assumiu-se, no entanto, e desde a sua fundação, como um projeto de âmbito nacional. Neste sentido, o seu acervo foi sendo enriquecido com doações de diferentes fábricas de papel dos principais polos históricos da Indústria do Papel, em Portugal, com destaque para a região papeleira de Tomar. Pela sua dimensão e características, este projeto significou um enorme esforço financeiro por parte da autarquia de Santa Maria da Feira, só possível graças às comparticipações de fundos comunitários (através do programa ON e do Programa Operacional da Cultura), visando não só a recuperação e adaptação a uma nova funcionalidade museológica das duas fábricas oitocentistas que o integram, mas também no apoio ao desenvolvimento e consecução de projetos educativos e culturais, com destaque para o “Despertar do Museu a Novos Públicos”. Ao longo dos últimos anos, o Museu do Papel temse afirmado como um espaço dinâmico/criativo, o que lhe confere um carácter diferenciador face aos restantes espaços de cultura nacionais. Pela sua forte identidade e coerência a nível museológico, pela criatividade e inovação dos seus projetos, o Museu do Papel foi distinguido pela APOM - Associação Portuguesa de Museologia, com o Prémio “Melhor Museu Português 2011”, bem como, em Setembro de 2012 e na sequência da sua apresentação na The Best in Heritage Internacional Conference 2012 – em Dubrovnik, Croácia, passou a integrar o The Best in Heritage – Excellence Club Member.


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o passado dia 1 de julho, na sede da Ordem dos Engenheiros, perante uma numerosa assistência em que se podiam ver atuais e antigos governantes, dirigentes associativos, gestores e quadros de empresas do setor da pasta e papel e muitos técnicos ligados à floresta, foi lançado o livro “Petróleo Verde | Floresta de Equívocos” de autoria do Eng.º. João M.A. Soares. Presidiu à sessão o Bastonário da Ordem dos Engenheiros, tendo feito a apresentação do livro os Engs. Macário Correia e Neiva Vieira. Ao lançar este livro, o autor explicou, “Ao decidir deixar de trabalhar por conta de outrem (quando

completei os 65 anos, em 12 de Janeiro de 2013), outras atividades e tarefas se me impuseram. Uma delas correspondeu à passagem ao papel de todos (ou os que fui capaz de encontrar…) os escritos relacionados com o exercício das responsabilidades profissionais e cívicas que tive no domínio da floresta e dos seus produtos, em Portugal e não só”. São essas intervenções públicas, de 1972 a 2014 que se encontram publicadas neste livro.

Sinopse: João Soares é uma figura incontornável da floresta portuguesa, geralmente reconhecido como intérprete da defesa do desenvolvimento sustentável, comunicador, polemista, "doutrinador" e defensor de uma política florestal nacional antropocêntrica que não ponha em causa, de

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forma irreversível, os recursos naturais associados aos ecossistemas florestais; assim o reconhece a sinopse inserida na contracapa deste novo livro: “Um livro de leitura obrigatória para todos os que se interessam - ou dizem interessar – pela Floresta portuguesa e pelo Ambiente, nas suas diversas vertentes. Em matéria ambiental – e não só – os textos nele contidos assumem um caracter desassombrado e contra a corrente, assumindo-se o Autor como um técnico, um profissional e um cidadão disposto a pôr em causa, explicando, o “politicamente correto” nestes domínios. Elogiados por uns e criticados por outros, a verdade é que os textos, escritos, lidos e publicados ao longo de mais de quatro décadas de profissão, continuam a revelar enorme – e por vezes alarmante – atualidade e a apontar de forma crua, responsáveis e responsabilidades pelo atual estado da “Coisa Florestal” entre nós. Talvez este livro suscite agora a reflexão filosófica e a discussão objetiva e fundamentada que os textos nele compilados raramente mereceram dos neles visados…"

O autor: João M. A. Soares nasceu em Lisboa em 1948 e é licenciado em Agronomia pelo Instituto Superior de Agronomia, com a Especialidade de Indústrias Agrícolas. Ainda antes de concluir a parte escolar do Curso, começou a trabalhar com produtos florestais, nomeadamente na área da cortiça e das suas manufaturas. Mais tarde, e sempre na Administração Pública, envolveu-se profundamente no tema da economia florestal e das fileiras florestais, bem como no estudo da sua importância e potencialidades para a economia portuguesa. Terminou a sua carreira na Função Pública como Diretor-geral das Florestas, tendo sido, nessa qualidade e nesse lugar, “atropelado” pela “guerra dos eucaliptos” (no final dos anos 80) o que o levou a (re)estudar a relação silvicultura/ ambiente, nas suas diversas vertentes, defendendo desde cedo a necessidade de um compromisso responsável entre a economia, o ambiente e

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o social, conceito que veio a ser pouco depois mundialmente consagrado na “ECO 92”, no Rio, sob o nome de Desenvolvimento Sustentável. Em 1990 ingressou no sector privado, na Soporcel, na fileira árvore/papel, onde desenvolveu o resto da sua atividade profissional por conta de outrem, primeiro na área do abastecimento de madeira e da gestão florestal e no final como assessor para a floresta, ambiente e desenvolvimento sustentável. Em 2003 foi convidado pelo Ministro da Agricultura do XV governo constitucional, Eng.º Armando Sevinate Pinto, para ser, como independente, o primeiro Secretário de Estado das Florestas dos governos constitucionais com a tarefa concreta de propor uma reforma estrutural para o sector florestal. Foi ainda nesse ano e nesse cargo que sugeriu a unificação dos serviços florestais e da conservação da natureza. Ao longo da sua carreira desempenhou vários cargos nacionais e internacionais de relevo, sempre procurando divulgar temas técnicos e participar na discussão cívica e pública dos assuntos direta ou indiretamente relacionados com a floresta. A revista Pasta e Papel honra-se de poder contar com a sua regular colaboração. É o resultado desta longa carreira e das posições que foi tomando ao longo do tempo que passou agora a livro. Como escreveu no prefácio do seu livro: “Este livro, tornado necessário por um mundo de falsas verdades, de pseudo consensos e de “especialistas” mediáticos, não é um qualquer exercício hedonista nem um epitáfio profissional. É uma afirmação integral, transparente e sem retoques, de um percurso profissional onde se misturou, por dever de consciência, a intervenção técnica e a intervenção social de quem acreditou e acredita que num país pobre em recursos naturais, como Portugal, a floresta é uma fonte sustentável de riqueza e bem-estar.” E acrescentou: “É a exposição à crítica e à revisão autocrítica de factos e opções, bem como às razões que em cada momento as ditaram, assim como às consequências que delas advieram. É o reflexo de uma visão antropocêntrica da legitimidade do uso dos recursos naturais. É a defesa – desde cedo e sempre – da responsabilidade dos agentes económicos e dos Reguladores, perante as gerações vindouras e os bens ambientais em presença”.




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