Pasta e Papel n°64 13

Page 1



Ponto de vista O indispensável relançamento da indústria

T

emos afirmado que o relançamento da indústria em Portugal é uma das estratégias fundamentais de saída da crise que assola o nosso país. Para tal as empresas industriais devem continuar a investir na modernização dos seus processos produtivos, em inovação, no alargamento dos seus mercados principais (através do aumento das exportações) e nas competências que necessitam para executar esses projetos. É também imperativo rever o papel do Estado, na criação das condições e soluções necessárias à dinamização da economia e, especificamente, do setor industrial, não só tornando os custos concorrentes, como também reduzindo os custos de contexto ainda existentes, em particular no licenciamento industrial. O acesso ao financiamento a custos razoáveis é neste momento um handicap importante para que o relançamento do investimento se concretize, pelo que a melhoria do rating da República Portuguesa é fundamental, como é também necessário que as empresas efetuem um esforço adicional na melhoria dos seus Capitais Próprios de forma a reduzir a elevada alavancagem existente. A ligação aos estabelecimentos de ensino, não só às Universidades, pode ser um fator relevante no sentido de se conseguir melhorar os sistemas e processos a custos controlados. Por isso registamos com o maior agrado os investimentos anunciados, na Assembleia da República, em 12 de novembro passado, por António Pires de Lima, Ministro da Economia, de um investimento global de cerca de 250 milhões de euros, dos quais 150 milhões estão ainda por assinar com a AICEP. Dos 250 milhões, 211 destinam-se ao setor da pasta e papel. Dos novos investimentos, a maioria fatia cabe à Portucel. A empresa apresentou uma candidatura ao programa Sistema de Incentivos à Inovação para investir 120 milhões na modernização e requalificação da unidade industrial de Cacia, em Aveiro. Uma outra candidatura foi apresentada pela produtora de papel tissue AMS Goma Camps, no valor de 26 milhões de euros, com o objetivo de aumentar a capacidade produtiva da fábrica de Vila Velha de Rodão. A Caima e a Celbi, detidas pela Altri, vão aplicar, no conjunto, 65 milhões de euros. A primeira, na fábrica de Constância, vai fazer uma reconversão para passar a produzir pasta solúvel e a segunda vai dedicar o investimento à modernização da unidade fabril da Figueira da Foz. Para além destes investimentos, fala-se ainda da Fortissue - Produção de Papel, que se propõe investir 15,3 milhões de euros numa nova unidade fabril em Viana do Castelo. Neste número, acompanhamos estes investimentos com uma reportagem sobre a fabricação de pasta solúvel na Caima, um mercado que está atualmente a crescer 10% ao ano e onde os preços são mais altos do que os da pasta de papel. Um outro texto, mostra o interesse de uma maior ligação entre a indústria e os estabelecimentos de ensino, no sentido de se conseguir melhorar os sistemas e processos. Um relançamento industrial que assenta nas competências necessárias para executar esses projetos. Com muito agrado registamos o sucesso que foi o XXII Encontro da Tecnicelpa, uma associação que, cada vez mais, tem vindo a assumir um papel ímpar na formação dos técnicos do setor, não só no aspeto estritamente profissional, como também na atitude cultural no desempenho das suas funções, tendo em atenção, não só os resultados das suas empresas, como também as pessoas, o ambiente e a sociedade em geral. Atitude de que foi um excelente exemplo, o Dr. Vasco Pessanha, cujo falecimento agora se verificou e que esteve mais de três décadas ligado à Inapa. Entrou no conselho de administração da empresa em 1973; dois anos depois, em 1975, passou a Presidente Executivo, cargo que ocupou até 2007, ano em que subiu a Chairman do Conselho de Administração, de cujo cargo saiu em Maio de 2010. Foi o grande estratega e dinamizador do Grupo Inapa, em cujos colaboradores deixa uma saudade enorme. Prestamos-lhe uma sentida homenagem nas páginas seguintes. João de Sá Nogueira Editor

pasta e papel - Inverno 2013

3


Indice ABK ........................................................................... 35 BTG............................................................................ 19 Guia Latinoamericana .................................................. 17

MaqPaper 2014.............................................................35 Tissue World Americas 2014 ........................................... 2


Sumário N° 64 - Inverno 2013 REVISTA PORTUGUESA PARA A INDÚSTRIA PAPELEIRA

REDAÇÃO em Portugal

JOÃO JOSÉ DE SÁ NOGUEIRA Rua Dr. Leonel Sotto Mayor, 50-3° A 2500-227 Caldas da Rainha - PORTUGAL Tél.: + (351) 918 432 627 Fax: + (351) 262 838 569 E-mail : joao.sa.nogueira@groupenp.com

REDACÇÃO & PUBLICIDADE no Brasil :

Faleceu Vasco Pessanha

AUGUSTO GÓIS Alameda Um de Março, n° 39 - 1° Esq. 2300-431 Tomar - PORTUGAL Tel. 249 322 073 - Fax 249 321 537 Mobil : 917 22 30 42

PUBLICIDADE Internacional :

STÉPHANE RICHARD 36, rue Stanislas Julien - 45000 Orléans - França Tel : +33 238 42 29 00 Fax : +33 238 42 29 10 Email : stephane.richard@groupenp.com

AND

6

EM DESTAQUE

PUBLICIDADE Portugal :

SIMON

3

HOMENAGEM

ROBERTO T. SEBOK Av. Piassanguaba, 1046 04060-001 São Paulo, BRASIL Tel +5511 9964 2775 / +5511 5587 5750 Cel +55 11 9999 10 76 Email : roberto.sebok@groupenp.com

Maqueta :

PONTO DE VISTA por João de Sá Nogueira

Grupo Portucel Soporcel investe mais de 3 milhões na prevenção e combate aos incêndios florestais Grupo Portucel Soporcel vence Prémio para a Melhor Campanha de Responsabilidade Social Grupo Portucel Soporcel melhor empresa europeia do ano Grupo Portucel Soporcel participou no GreenFest 2013 Grupo Portucel Soporcel apoia a criação de um novo núcleo da exposição permanente do Museu do Papel Inapa adquire a Realpack na Alemanha Líderes da indústria florestal e do papel discutiram no Brasil o futuro global do setor Oji Papéis Especiais investe em solução inovadora da Voith, permitindo significativa poupança de água e energia Grupo Lecta apresenta o novo mostruário Metalvac

REPORTAGEM

Caima comemora 125 anos de atividade com lançamento de projeto de pasta solúvel

INVESTIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

PARTNER’S

TIRAGEM 5.500

Impressora : Imprimerie de Champagne Portugal 2.200 Brasil 3.300 ENP S.A Capital 38.113 Euro RC Orléans FR 59343037735 36, rue Stanislas Julien - 45000 Orléans - França

9

21

A perfilometria óptica nos estudos de topografia de papéis revestidos

27

PAPER CLASSIFIED

34

www.groupenp.com

Editor de La Papeterie, l’Annuaire de la Papeterie, La Carte Papetière France, El Mapa Ibérica de la Industria Papelera, El Papel, Anuário Ibérico da Industria Papelera, Turkiye Kagit Sanayii, Paper Middleast, Guia Latinoamericano

Official Media Partner 2013

2013

pasta e papel - Inverno 2013

5


Homenagem

João de Sá Nogueira 2 de Dezembro de 2013, 47º aniversário da minha entrada para a Inapa

F

oi com muita surpresa e a maior comoção que recebemos, no passado dia 28 de Novembro, a notícia do falecimento do Dr. Vasco Pessanha, depois de uma doença galopante detetada em Agosto passado.

Trabalhámos juntos durante 31 anos, partilhando muitos projetos, muitas alegrias (e algumas contrariedades) e, principalmente, estabelecendo uma grande amizade. As linhas que se seguem estão influenciadas por esses factos, mas não são mais do que uma homenagem a um grande Homem a que o sector do papel em Portugal muito deve, como motor de um projeto que, na altura, se diferenciou por uma cultura muito própria: o grupo Inapa. Um grupo, como Vasco Pessanha referiu em 24 de Novembro de 2005 (quando a Inapa completou 40 anos de idade), cuja cultura própria se foi construindo, com êxitos e fracassos, mas sobretudo com toda a riqueza humana que milhares de colaboradores trouxeram ao grupo através das suas empresas e filiais. Foi esta riqueza humana que mais me marcou e, estou certo, a todos os que tiveram o privilégio de trabalhar com Vasco Pessanha. Foi esta riqueza humana que fez com que a cultura Inapa pudesse perdurar por muitos anos, tornando-se um dos grandes ativos do Grupo. Não podemos deixar de referir a imagem colocada no facebook por antigos colaboradores de Papéis Inapa, dias após o seu falecimento, em que era afirmado “construída ao longo dos anos por todos os que por ela passaram e por todos os que a ela pertencem”.

De seu nome completo Vasco Luís Schulthess de Quevedo Pessanha, nasceu em Lisboa em 21 de Outubro de 1942. Ingressou na Faculdade de Ciências de Lisboa para estudar Físico-Químicas, que deixou para ingressar, em 1963, em Economia no ISCEF – Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras. Em 1964, interrompeu o seu curso para ingressar na Marinha, para, como Fuzileiro Naval, prestar o seu serviço militar em Angola. No regresso terminou a sua licenciatura em Economia em 1970, tendo posteriormente, em 1984/85, frequentado o A.M.P. (Advanced Management Program) da Harvard Business School. De 1970 a 1972 foi Consultor de Gestão e Organização de Empresas na NORMA, S.A. (ex-Grupo CUF). De 1972 a 1973 foi Gerente Executivo da NEOCEL – Impressão e Manufatura, Lda (embalagens flexíveis). Em 1973 entrou para a Inapa, como vogal do Conselho de Administração da INAPA – Indústria Nacional de Papéis, S.A.R.L., tendo ascendido a seu Presidente de 1975 a 1987, data em que foi reformulada a organização da Empresa, com a criação do Grupo Inapa. Este período foi caracterizado pela criação de uma verdadeira cultura de responsabilidade baseada nos princípios do diálogo e da colaboração entre todos os intervenientes, sem se verificar o radicalismo que se verificava, então, em grande parte das empresas portuguesas, nomeadamente nas da região de Setúbal, onde se localizavam as instalações fabris da INAPA. Ficou célebre a expressão “estamos todos no mesmo barco”” como um forte sentimento de

6

pasta e papel - Inverno 2013


Homenagem

pertença a dominar todos os colaboradores da Empresa, conscientemente investidos de um papel pioneiro no setor, que seria o da modernização da indústria de papel em Portugal, num ambiente de entendimento, motivação e colaboração.

presidência da Holding e de todas as subsidiárias. Foi um período de grande expansão na área industrial, concretizada em paralelo com a realização de um acordo parassocial com a Portucel, que estabelecia as bases de relacionamento desta com a Papéis Inapa.

Em 1980 a empresa passa a estar cotada na Bolsa de Lisboa. Em 1981, concretizou-se a fabricação, pela primeira vez na Europa e de forma consistente, de papéis de impressão offset e de escrita com uma composição fibrosa de 100% de pasta ao sulfato branqueada de eucalipto. Em 1987, a diversidade de atividades desenvolvidas pela Empresa, os desafios derivados da adesão à CEE, a nova dinâmica da economia, exigiam respostas que passavam por uma adaptação da estrutura da empresa aos novos tempos e às novas realidades, o que se veio a concretizar na Assembleia Geral Extraordinária de 17 de Novembro de 1987, à qual Vasco Pessanha comunicava: “A Empresa encontrase numa época de viragem para a qual são necessários novos instrumentos mais adequados para continuar a enfrentar com confiança e otimismo o futuro”. O ciclo que se encerrava correspondia aos 22 anos de atividades centradas na INAPA – Indústria Nacional de Papéis, durante o qual a empresa se tornara a mais importante produtora nacional de papéis finos de impressão e escrita. A reorganização do Grupo passou, em primeiro lugar, pela criação de uma nova empresa, a Papéis Inapa, S.A. na qual se concentravam as atividades industriais da INAPA e da PAREL. Com este passo, a “velha” INAPA, que foi redenominada INAPA – Investimentos, Participações e Gestão, S.A. passou a ter uma caraterística predominante de empresa Holding, já que nela se concentraram as participações financeiras nas subsidiárias: a Papéis Inapa, a que se juntavam a Parel (envelopes e transformados de papel), a José Gaspar Carreira (distribuição de papel), as Edições Inapa (atividade editorial), a Tecnipapel (comercialização de papel) e a Gespapel (serviços informáticos do Grupo). Esta nova estrutura foi formalizada em 4 e Janeiro de 1988, tendo o Dr. Vasco Pessanha assumido a

Adicionalmente ao desenvolvimento verificado na Papéis Inapa, o Grupo Inapa apostou na distribuição de papel, que passou a ser um objetivo estratégico do Grupo: era por aí, que poderia afirmar-se com autonomia já que a montante estava bloqueado pela produtora de pasta. Foi tempo de grande interação de Papéis Inapa com a cidade e com a região de Setúbal, bem ilustrada pela atribuição, em 1996, da Medalha de Honra da Cidade ao Dr. Vasco Pessanha pela Câmara Municipal, em reconhecimento pela ligação estreita com a comunidade local, pela sua participação num desenvolvimento sustentado em ambiente saudável, na colaboração ao combate ao desemprego estrutural e na promoção de novas formas de qualificação e realização pessoal. Foi tempo, com efeito, para a Empresa colaborar em vários projetos de melhoria da qualidade de vida da comunidade, mediante a sensibilização para a conservação da natureza, a criação de prémios literários e artísticos, a dinamização do desporto amador, a atribuição de bolsas de estudo. Mas se a estrutura criada em 1988 foi um fator competitivo durante os primeiros anos, a realidade do mercado, com um acréscimo contínuo do preço da pasta e a diminuição das margens do papel, veio alterar as relações de troca estabelecidas. A integração total era uma exigência para a sobrevivência económica da empresa, o que obrigou à procura de soluções alternativas, já que a Inapa não dispunha de capacidade para adquirir a totalidade do fabricante de pasta, a Portucel, nem fazia sentido a compra de uma posição minoritária.

pasta e papel - Inverno 2013

7


Homenagem

A solução encontrada foi a alienação da Papéis Inapa e a sua integração na Portucel Industrial, o que se concretizou em 30 de Março de 2000. Fechava assim a INAPA um ciclo de mais de 30 anos de produção de papel, a atividade fundadora do Grupo. Iniciava-se um novo ciclo em que a INAPA passava a assumir como negócio central a distribuição de papel, com vista a chegar a um dos lugares cimeiros de liderança na Europa. É hoje o 4º maior distribuidor neste mercado. Vasco Pessanha esteve até 2007 na presidência do Conselho de Administração, ano em que subiu a «Chairman» do Grupo, cargo que deixou em Maio de 2010. Deixa este legado tão importante a nível empresarial e económico. Mas para quem trabalhou com ele, o seu principal legado foi a cultura que caracterizou a empresa. Vasco Pessanha não a impôs, mas foi o seu grande catalisador. Para todos os que com ele trabalharam, mais do que o Presidente do Conselho de Administração, viam nele o Amigo, atento aos mais diversos problemas humanos, sem esquecer a dimensão económica da empresa. Por tal era muitas vezes referido como “o Patrão”, não como ligação a qualquer autoritarismo, mas como referência carinhosa àquele que nos tempos turbulentos do PREC tomou

as rédeas da empresa e ganhou a confiança dos trabalhadores, acionistas e clientes. Quis o Dr. Vasco Pessanha registar muito desta cultura com a publicação, em 2010, do livro “INAPA, 45 anos”. Prestamos-lhe uma última homenagem com a transcrição da parte final da carta que dirigiu quando do lançamento deste livro: “A forma como as coisas aconteceram e se desenrolaram, os sucessos e insucessos, as oportunidades e as concretizações, a idiossincrasia cultural muito própria que caracterizou a INAPA inicial e mais tarde o Grupo INAPA, são o que constitui a sua singularidade própria. Foi neste ambiente, que tantos e tantos colaboradores passaram uma grande parte, nalguns praticamente a única, da sua vida profissional. E tendo nós todos a noção, que esta representou ou representa ainda, a maior parte da nossa vida ativa, fazer a história e relatar a memória da INAPA, é homenagear todos que a conceberam, os que a tornaram possível, os que a ergueram e os que nela trabalharam e serviram.” Obrigado, Dr. Vasco Pessanha!


Em destaque Portugal Grupo Portucel Soporcel investe mais de 3 milhões na prevenção e combate aos incêndios florestais

O

grupo Portucel Soporcel está a investir este ano mais de 3 milhões de euros na prevenção e apoio ao combate aos incêndios florestais, numa estratégia que fica também marcada por ações de gestão e partilha de conhecimentos adquiridos no domínio da investigação científica. Os valores investidos no programa de prevenção e apoio ao combate aos incêndios florestais continuam a posicionar o Grupo como a entidade privada que mais contribui para o esforço nacional de redução do risco de incêndio. Empregando um conhecimento de vanguarda no domínio das políticas, da gestão e da engenharia, e mobilizando os diversos intervenientes em torno de uma visão comum, o Grupo defende a existência de um sistema nacional mais eficaz e mais eficiente, capaz de reduzir o risco de incêndio e os custos operacionais de prevenção e combate, no âmbito de uma atuação que visa a valorização dos recursos florestais do País. No seguimento da estratégia seguida nos últimos anos, e atendendo a que mais de 90% dos incêndios florestais em Portugal têm origem em ações humanas de uso negligente ou intencional do fogo, o grupo Portucel Soporcel tem como prioridade o investimento na prevenção como forma de reduzir o risco de incêndio florestal. O Grupo tem assim vindo a focalizar as suas iniciativas de defesa da floresta contra incêndios em estratégias de prevenção de longo prazo. Salienta-se, neste domínio, a colaboração do Grupo no FIRE-ENGINE - Flexible Design of Forest Fire Management Systems, projeto de investigação que se encontra enquadrado no programa MITPortugal e está a desenvolver métodos para apoiar decisões de políticas públicas e estratégias de operações no sistema de gestão de prevenção e combate a incêndios florestais. Participam nesta iniciativa o grupo Portucel Soporcel, o Massachusetts Institute of Technology (MIT), o Instituto Superior de Agronomia, o INESC Porto

e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). Este programa de I&D tem procurado encontrar modelos, nomeadamente quanto aos padrões de reacendimento e “escape” de focos de incêndio, no sentido de permitir uma gestão mais eficiente na alocação dos meios de combate consoante a probabilidade de ocorrências, baseada em fatores climáticos e geográficos. Seguindo uma política de partilha de conhecimento comum a outras áreas de I&D do Grupo, também neste campo os resultados preliminares têm sido partilhados com as instituições públicas portuguesas, através do Conselho de Representantes do projeto (ANPC- Autoridade Nacional de Proteção Civil, ICNF – Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, GNR – Guarda Nacional Republicana, UNAC – União da Floresta Mediterrânica, CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal, FORESTIS – Associação Florestal de Portugal, Câmara Municipal de Torres Vedras e Câmara Municipal de Odemira). Partilha de conhecimentos e participação ativa junto das comunidades Ao nível das iniciativas desenvolvidas em áreas mais operacionais, destacam-se as ações de sensibilização desenvolvidas com as populações em zonas de maior risco, assim como a participação ativa em 43 comissões municipais de defesa da floresta contra incêndios. Merecem ainda relevo a atualização permanente de 25 placas de informação do risco meteorológico, a manutenção de pontos de água e sua sinalização e a formação promovida junto de todos os Colaboradores do Grupo que suportam o trabalho desenvolvido pela Afocelca, organização do sector de pasta e papel que visa apoiar o combate aos incêndios florestais. Saliente-se que ao longo dos anos se tem vindo a verificar que, em cada campanha, mais de 85% dos fogos que são combatidos pelas equipas das empresas que compõem a Afocelca ocorrem em propriedades de vizinhos, o que se traduz num apoio relevante dado por este sector à Autoridade Nacional de Proteção Civil. Na campanha de 2013 estão envolvidos os seguintes meios: • Mais de 270 colaboradores • Central de Operações e oficiais de ligação nos CDOS – Centros Distritais de Operações de Socorro • 3 Helicópteros, com brigadas helitransportadas

pasta e papel - Inverno 2013

9


Em destaque

• 3 Torres de vigia • 35 Unidades de primeira intervenção com 3 sapadores florestais e kits de 600 litros de água • 17 Unidades semipesadas, com 6 sapadores e kits de 3.500 litros de água e espuma • 34 supervisores de património, guardas e supervisores regionais com carrinhas equipadas com kits de 600 litros de água No âmbito da campanha de defesa da floresta contra incêndios de 2013, o Grupo realizou ainda a gestão de combustíveis florestais em mais de 10.000ha, bem como em áreas identificadas como críticas, e a conservação de 5.000km de caminhos, aceiros e pontos de água. Projeto “Floresta Segura” O grupo Portucel Soporcel apoiou o ano passado um projeto-piloto, dinamizado pela Escola Nacional de Bombeiros, denominado “FLORESTA SEGURA”, cujo balanço se considera muito positivo, prevendo-se a sua continuidade para este ano. A iniciativa, que contou também com o apoio técnico de quadros especialistas do Grupo, procurou reduzir a ocorrência de incêndios através da sensibilização, formação e fornecimento de soluções neste domínio aos agricultores e outros habitantes do meio rural e periurbano. Foram realizadas 18 sessões de formação levadas a cabo pela Escola Nacional de Bombeiros em 9 concelhos piloto dos distritos do Porto, Coimbra e Lisboa, nas quais participaram mais de 623 pessoas, sendo a larga maioria residentes ou agricultores. Esta iniciativa contou ainda com o apoio das Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia locais, assim como da ex-AFN (Autoridade Florestal Nacional), ANPC e GNR.

Grupo Portucel Soporcel vence Prémio para a Melhor Campanha de Responsabilidade Social

A

iniciativa “Dá a Mão à Floresta”, concebida e dinamizada pelo grupo Portucel Soporcel, obteve a distinção de Melhor Campanha de Responsabilidade Social no Grande Prémio APCE, realizado anualmente pela Associação Portuguesa de Comunicação de Empresa. Esta distinção constitui um reconhecimento do trabalho desenvolvido pelo Grupo na área da Comunicação Organizacional e, em particular, no domínio da Responsabilidade Social. Com efeito, a iniciativa “Dá a Mão à Floresta” integra a Política de Responsabilidade Social do grupo Portucel Soporcel sendo realizada anualmente no âmbito da comemoração dos Dias Internacionais da Floresta e do Ambiente. Tem como principais objetivos a sensibilização das comunidades envolventes para a importância de cuidar da floresta e preservar os recursos naturais, bem como a divulgação de informação sobre a floresta nacional e sobre o ciclo sustentável do papel, um produto reciclável que tem origem num recurso natural e renovável. Na categoria “Melhor Campanha de Responsabilidade Social”, para além do Grupo, as empresas finalistas foram os CTT, com as campanhas “Biblioteca CTT” e “Pai Natal Solidário”, e ainda a empresa Guess What com a campanha “Cuide de si, esteja atenta”. O Grande Prémio APCE distingue a Excelência na Comunicação Organizacional, estimulando, reconhecendo e divulgando as iniciativas dos profissionais desta área. O prémio conta com 20 categorias e visa distinguir projetos realizados por empresas, agências de comunicação, instituições ou profissionais individuais, no sentido de encontrar as melhores iniciativas na área da comunicação organizacional. Grupo Portucel Soporcel “Dá a Mão à Floresta” A iniciativa “ Dá a Mão à Floresta” foi lançada em 2011 – Ano Internacional das Florestas – tendo sido patenteada como uma marca registada do Grupo. Desde então, o projeto tem vindo a

10

pasta e papel - Inverno 2013


Em destaque

adquirir notoriedade e reconhecimento enquanto evento de referência no âmbito da sensibilização das comunidades locais para a importância de proteger a floresta e o meio ambiente. No âmbito desta campanha, no ano de 2013 foram distribuídas milhares de plantas de espécies florestais e ornamentais provenientes dos viveiros do Grupo – os maiores da Europa, com capacidade de produção anual de 12 milhões de plantas certificadas de diversas espécies – às populações de seis municípios de Norte a Sul do País. A iniciativa visa reforçar o compromisso da Empresa na geração de riqueza e bem-estar nas regiões onde se situam as suas unidades fabris e áreas florestais. A iniciativa, realizada em cooperação com as autarquias locais, promove a distribuição de plantas características das diferentes regiões com informações detalhadas acerca dos cuidados a ter com as mesmas. A campanha “Dá a Mão à Floresta” integra ainda uma forte componente pedagógica, uma vez que um dos objetivos do Grupo passa pela sensibilização do público infanto-juvenil promovendo, através da educação, a importância de proteger a floresta e preservar os recursos naturais.

Grupo Portucel Soporcel melhor empresa europeia do ano

O

grupo Portucel Soporcel foi considerado a melhor Empresa da Europa, com um volume de negócios superior a 150 milhões de euros, pelo «European Business Awards» (EBA), distinguindo assim o desempenho do Grupo durante o ano de 2012, bem como a sua capacidade de inovação. O grupo Portucel Soporcel foi distinguido na categoria «The Infosys Business of the Year», entre centenas de empresas a nível europeu das mais diversas áreas de actividade económica. Os «European Business Awards», considerados como um dos mais competitivos prémios da Europa na área dos negócios, reconhecem e promovem a excelência, as boas-práticas e a inovação da comunidade empresarial europeia. A edição de 2012 envolveu mais de 15 mil organizações de vários sectores em mais de 30 países.

A organização do «European Business Awards» refere, por seu lado, que «este é um galardão que distingue a empresa que melhor demonstrou resultados financeiros excecionais, estratégias fortes de crescimento e inovação, bem como liderança de mercado no seu sector». O júri procurou evidências de «criatividade, credenciais éticas, boas relações com os seus stakeholders e estratégias de longo prazo combinadas com a flexibilidade para produzir resultados consistentes face às condições dinâmicas do mercado». O grupo Portucel Soporcel, com um volume de negócios superior a 1,5 mil milhões de euros, valor que representa quase 1% do PIB nacional, atingiu em 2012 novos máximos de produção e de vendas de papel, consolidando a sua posição de líder europeu no sector de papel fino não revestido de impressão e escrita (UWF) e sexto a nível mundial. É também líder na Europa na produção de pasta branqueada de eucalipto (BEKP) e quinto a nível mundial. O Grupo detém igualmente a liderança europeia na produção de plantas florestais certificadas. Apesar do difícil enquadramento económico internacional e do elevado nível de desemprego registado ao longo do ano, com consequências negativas em termos de consumo de papel, o Grupo conseguiu atingir um novo aumento no volume de vendas, ultrapassando 1,5 milhões de toneladas vendidas. Encontra-se entre as três maiores empresas exportadoras do País sendo possivelmente a que gera maior Valor Acrescentado Nacional, pelo elevado nível de incorporação de matérias-primas e recursos nacionais nos seus produtos. Em 2012, as exportações totalizaram mais de 1,2 mil milhões de euros, correspondente a cerca de 3% das exportações portuguesas de bens, números que refletem a importância do Grupo que exporta para mais de 110 países nos cinco continentes.

Grupo Portucel Soporcel participou no GreenFest 2013

O

grupo Portucel Soporcel participou na 6ª edição do GreenFest 2013, o maior evento de sustentabilidade realizado em Portugal que celebra as melhores práticas empresariais nas

pasta e papel - Inverno 2013

11


Em destaque

vertentes social, ambiental e económica, que decorreu entre os dias 3 e 6 de Outubro, no Centro de Congressos do Estoril. “Partilhar” foi a palavra de ordem para a edição de 2013 desta iniciativa, que pretendeu estimular o poder participativo quer de cidadãos individuais, quer das organizações em busca de oportunidades e desafios que conduzam à mudança de atitudes que os novos tempos exigem. O evento assinalou ainda as celebrações do Ano Internacional para a Cooperação da Água, Ano Europeu do Cidadão e Ano da Arquitetura Portuguesa. O grupo Portucel Soporcel marcou presença no evento com a sua iniciativa de Responsabilidade Social “Dá a Mão à Floresta”, que engloba atividades concebidas especificamente para o público mais jovem, no âmbito da sensibilização para o ciclo sustentável do papel. Educar e sensibilizar são dois grandes objetivos do Jogo da Floresta e da Árvore dos Desejos, atividades que animaram as crianças que estiveram no evento. Contribuir para um maior esclarecimento sobre a atuação da Empresa no que se refere à proteção da floresta, mais concretamente, na importância da prevenção como forma de reduzir o risco de incêndio florestal, assim como na preservação e conservação dos recursos naturais, foram alguns dos objetivos desta participação. A presença do Grupo no Greenfest enquadrouse na política de proximidade que o Grupo tem vindo a desenvolver junto da comunidade escolar, particularmente dirigida ao 1º ciclo do Ensino Básico, no âmbito da sensibilização de professores e alunos para o ciclo sustentável do papel e para a importância económica, ambiental e social dos produtos de base florestal. No âmbito da sua política de responsabilidade social, o grupo Portucel Soporcel investe cerca de 3 milhões de euros na prevenção e apoio ao combate aos incêndios florestais.

12

um protocolo de colaboração para a conceção, produção e montagem de uma exposição permanente no Museu do Papel Terras de Santa Maria, subordinada ao tema “Da Floresta ao Papel”.

A exposição, com abertura prevista para 2014, será parte integrante do percurso expositivo permanente do Museu e tem como objetivos dar a conhecer o ciclo sustentável da produção de papel e mostrar a história das indústrias de pasta e papel em Portugal. Para Ana Nery, do grupo Portucel Soporcel, “esta colaboração insere-se na política de responsabilidade social do grupo Portucel Soporcel, na sua vertente de apoio a projetos de índole cultural e pedagógica, visando promover a preservação e valorização da floresta nacional e dos produtos de base florestal.” “O lançamento desta exposição irá contribuir parar uma maior sensibilização e mobilização da sociedade, com particular enfoque no público escolar, para a importância estruturante da fileira florestal do eucalipto na geração de valor económico, social e ambiental para o nosso País, promovendo simultaneamente a divulgação da história da indústria papeleira em Portugal”, sublinhou Ana Nery do grupo Portucel Soporcel.

Grupo Portucel Soporcel apoia a criação de um novo núcleo da exposição permanente do Museu do Papel

Para Teresa Vieira, Vereadora do Pelouro do Turismo, Biblioteca e Museus do Município de Santa Maria da Feira, “esta nova exposição irá enriquecer o percurso expositivo do Museu do Papel, mostrando novos conteúdos sobre utilização de fibra virgem como matéria-prima do fabrico de papel, permitindo completar, numa perspetiva histórica, os dois grandes núcleos já existentes no museu, dedicados à História do fabrico de papel.”

O grupo Portucel Soporcel e o Município de Santa Maria da Feira assinaram em Setembro passado

“Sem que o discurso expositivo sobre a importância da reciclagem seja desvalorizado, uma vez que

pasta e papel - Inverno 2013


Em destaque

se continuará a produzir manualmente papel a partir de trapos de algodão e de linho e a produzir papel reciclado, pretende-se valorizar e completar um ciclo interpretativo sustentado nas matérias-primas, tradicionalmente ligadas à produção de papel, criando novas propostas de interpretação sobre o significado da Indústria do Papel nos nossos dias, e dando-se resposta aos objetivos traçados no programa museológico definido aquando do início do projeto do Museu do Papel.”

Esta exposição, que se destina fundamentalmente ao público escolar, irá recorrer a tecnologias interativas, permitindo sensibilizar para a complementaridade existente entre a utilização do papel, enquanto suporte de comunicação sustentável, e o recurso às novas tecnologias de comunicação digital. O novo núcleo de interpretação vai proporcionar aos visitantes o conhecimento de aspetos referenciais do fabrico de papel nos nossos dias, assente na utilização da fibra virgem, desde a Investigação e Desenvolvimento, à reflorestação e às preocupações com a biodiversidade e respetivas práticas de conservação, passando também pela atuação na área da proteção florestal, pela utilização de energias renováveis e pela adopção de processos de produção eco eficientes de pasta de celulose e de papel. Sobre o Museu do Papel Terras de Santa Maria Inaugurado em Outubro de 2001, e integrando a Rede Portuguesa de Museus desde Maio de 2002, o Museu do Papel Terras de Santa Maria constitui uma referência a nível da Museologia Industrial Portuguesa e desempenha um papel relevante na divulgação, não só da História do Papel como do dinamismo e modernidade da Indústria do Papel em Portugal. Situado em Paços de Brandão, o Museu do Papel é tutelado pela Câmara Municipal de Santa Maria da Feira que concretizou a vontade de uma comunidade, onde a arte de fazer papel faz parte de sucessivas gerações desde há mais de trezentos anos.

Exposição vai realçar a diversidade e sustentabilidade dos produtos papeleiros No âmbito da preparação da exposição “Da Floresta ao Papel”, o grupo Portucel Soporcel irá doar bens e equipamentos, que vão completar e valorizar os conteúdos sobre a História do Papel em Portugal já patentes no Museu. O Grupo enriquece assim um ciclo expositivo sustentado nas matérias-primas tradicionalmente ligadas à produção de papel. A exposição vai realçar a diversidade e sustentabilidade dos produtos papeleiros e o seu contributo para a renovação e valorização da floresta portuguesa, bem como a importância desta indústria para o País, a nível económico, social e ambiental.

Este primeiro museu português dedicado à História da Indústria do Papel está instalado em duas antigas fábricas de papel do século XIX, tendo como grande marca identificadora o facto de constituir um espaço museístico industrial em atividade, onde as leituras dos antigos espaços manufatureiros e industriais proporcionam uma simultaneidade de interpretações a nível de áreas e processos de fabrico, interpretações sustentadas numa sinalética simples e no apoio dado pelos serviços educativos do museu. Sem que tivessem sido descaracterizados os antigos espaços de produção de papel, foram criadas novas áreas estruturais inerentes a uma boa funcionalidade museológica (serviços

pasta e papel - Inverno 2013

13


Em destaque

de acolhimento, centro documental, áreas de serviço educativo, auditório, áreas de exposição) assegurando-se, simultaneamente, condições de acessibilidade a nível dos diferentes percursos expositivos que acompanham os processos de fabrico. Todo o seu projeto de conceção e de dinâmica educativa e cultural concretiza-se na afirmação de uma simultaneidade comprometida entre um espaço museológico e uma fábrica em atividade. Numa ligação muito próxima à comunidade do papel, e tendo muito presente a história da região papeleira circunscrita à sua área geográfica, este museu assumiu-se, no entanto, e desde a sua fundação, como um projeto de âmbito nacional. Neste sentido, o seu acervo foi sendo enriquecido com doações de diferentes fábricas de papel dos principais polos históricos da Indústria do Papel, em Portugal, com destaque para a região papeleira de Tomar. Pela sua dimensão e características, este projeto significou um enorme esforço financeiro por parte da autarquia de Santa Maria da Feira, só possível graças às comparticipações de fundos comunitários (através do programa ON e do Programa Operacional da Cultura), visando não só a recuperação e adaptação a uma nova funcionalidade museológica das duas fábricas oitocentistas que o integram, mas também no apoio ao desenvolvimento e consecução de projetos educativos e culturais, com destaque para o “Despertar do Museu a Novos Públicos”. Ao longo dos últimos anos, o Museu do Papel temse afirmado como um espaço dinâmico/criativo, o que lhe confere um carácter diferenciador face aos restantes espaços de cultura nacionais. O reconhecimento desse dinamismo reflete-se nos mais de 100.000 visitantes recebidos desde que abriu as suas portas. Pela sua forte identidade e coerência a nível museológico, pela criatividade e inovação dos seus projetos, o Museu do Papel foi distinguido pela APOM - Associação Portuguesa de Museologia, com o Prémio “Melhor Museu Português 2011”, bem como, em setembro de 2012 e na sequência da sua apresentação na The Best in Heritage Internacional Conference 2012 – em Dubrovnik, Croácia, passou a integrar o The Best in Heritage – Excellence Club Member.

14

pasta e papel - Inverno 2013

Inapa adquire a Realpack na Alemanha

A

Inapa – Investimentos, Participações e Gestão, SA (Inapa), através da sua subsidiária Inapa Packaging, GmbH, adquiriu a Realpack GmbH, uma empresa alemã que opera no negócio de embalagem. Esta operação insere-se no plano estratégico da empresa, onde consta como uma das prioridades o desenvolvimento de negócios complementares ao papel, com melhores perspetivas de rentabilidade e crescimento. Os negócios complementares, antes desta aquisição, representavam 13% das vendas e 28% resultados operacionais (EBIT) do Grupo.

Com este investimento, a Inapa passa a ser o quarto maior “player” neste segmento de embalagem na Alemanha e expande as suas operações para a região Sul do país, conseguindo por este via obter uma cobertura nacional do mercado alemão. A Realpack foi fundada em 1975 e tem a sua sede em Wimsheim, perto de Estugarda. O seu volume de negócios ascendeu em 2012 a cerca de 10 milhões de euros, com uma margem de EBITDA de 11%. A sua atividade centra-se essencialmente em soluções de embalagem para proteção, contando com uma gama alargada de produtos “standard” que é complementada com soluções customizadas (usando cartolinas, cartão, espuma ou filmes). A sua operação encontra-se certificada de acordo com o protocolo ISO 9001.


Em destaque

A empresa foi adquirida sem dívida financeira líquida. Esta aquisição foi financiada recorrendo essencialmente a meios financeiros internos e recursos gerados com a venda de ativos não “core” no mercado Alemão. A transação vai gerar um impacto positivo no resultado líquido consolidado e balanço do Grupo.

Brasil Líderes da indústria florestal e do papel discutiram no Brasil o futuro global do setor

N

o passado mês de junho, teve lugar no Brasil a sexta edição da ICFPA International CEOs Roundtable, encontro bienal organizado pelo International Council of Forest and Paper Associations (ICFPA); a organização do encontro teve a colaboração da Bracelpa (Associação Brasileira de Celulose e Papel). Mais de 50 CEOs e dirigentes de associações de todo o mundo reuniram-se em São Paulo para tratar de questões de interesse comum, incluindo as consequências das pressões económicas sobre as florestas na procura por alimentos, combustível e fibras, os impactos das políticas e programas do governo para a indústria de produtos florestais e como posicionar esta indústria no futuro. Os principais pontos da discussão dos CEOs incluíram a procura por fibras de madeira e os desafios e oportunidades para a indústria nas áreas de aumento do rendimento das florestas, aumento na qualidade e quantidade das fibras e novos produtos da bio economia. Também foram abordadas as oportunidades de cooperação da indústria na formulação de políticas globais que afetam a sua competitividade, além de oportunidades de atrair novos consumidores e trabalhadores por meio da melhoria da perceção desta indústria. Segundo dados apresentados no encontro, o setor está globalmente consciente sobre a importância da sustentabilidade para gerir um futuro suficientemente produtivo. “A nossa indústria oferece produtos renováveis e recicláveis que são importantes para atender à economia global e as necessidades dos indivíduos, das famílias e em todo o mundo”, declarou David Scheible,

Presidente e CEO da Graphic Packaging International Inc, dos Estados Unidos. A indústria, como fornecedora de produtos sustentáveis, renováveis e recicláveis de madeira e de papel tem a oportunidade de cada vez melhor satisfazer os mercados tradicionais de celulose, papel, embalagens de papel, produtos de madeira e os novos mercados de bio energia, produtos químicos, de produtos farmacêuticos e outros. Muitas empresas estão empenhadas no desenvolvimento da nova geração de materiais de fibras de madeira para atender às necessidades da população mundial em crescimento. “A nossa indústria contribui para um grande valor acrescentado devido ao seu potencial de distribuição de produtos sustentáveis do sec. XXI e a redução do impacto ambiental do setor produtivo global», disse Marcelo Castelli, CEO da Fibria. “A transformação da indústria para a economia florestal da próxima geração baseia-se no rápido crescimento da bio economia”. Os executivos demonstraram que há hoje uma preocupação comum nas indústrias em promover mais ações para informar os consumidores e a sociedade em geral sobre as novas iniciativas em curso pelas empresas do setor. “Precisamos melhorar a nossa comunicação com a sociedade em geral e esclarecer que a nossa indústria não produz exclusivamente papel e derivados. Há um grande esforço nesse sentido”, declarou Scheible. Os especialistas alegaram que há muita pesquisa direcionada para a inovação de modo a tentar produzir o máximo da madeira e não somente celulose e papel. “Existe um grande movimento para otimizar a produção no setor. Atualmente, no Canadá, praticamente 90% de cada árvore é aproveitada”, afirmou Chad Wasilenkoff, da Fortress Paper Ltda. “Muitas empresas estão há muitos anos no mercado e têm uma infraestrutura antiga, o que enfraquece a competitividade. Isso gerou um movimento para promover a atualização não só no equipamento, mas também na inovação. Os países escandinavos estão bem ativos nisso, desenvolvendo novos produtos a partir da fibra da madeira”, explicou Wasinlenkoff. Toda essa inovação já promove um intercâmbio maior das indústrias do setor florestal com outras indústrias. Há vários exemplos, tendo

pasta e papel - Inverno 2013

15


Em destaque

sido mencionados como a fibra da madeira pode oferecer mais resistência ao se integrar a outros produtos, como o plástico usado no setor automóvel ou o material usado em pneus. Além disso, subprodutos da indústria estão a ser utilizados nos setores têxtil e cosmético.

Uma vez instalado, o Hydroseal permitirá uma considerável diminuição do consumo de água, bem como uma melhoria de desempenho na operação de transferência da folha no rolo aspirante situado entre a segunda e a terceira prensas da MP2 da Oji.

Elizabete de Carvalhaes, presidente da Bracelpa, mencionou como a nanotecnologia está a usar a fibra da celulose para produzir um cristal mais resistente. Outro assunto muito debatido durante o CEOs Roundtable foi a reciclagem. “Muitos países ainda não têm uma infraestrutura bem desenvolvida neste setor”, disse Donna Harman, presidente da ICFPA. “Precisamos consciencializar todos sobre a importância de investimentos e ações conjuntas para otimizar a reciclagem globalmente”, continuou Harman.

O Hydroseal é uma opção inovadora que substitui os vedantes convencionais atuais e os chuveiros lubrificantes instalados nos rolos aspirantes por um sistema de vedação mais eficiente, em que a película lubrificante é distribuída mais uniformemente ao longo de toda a largura do vedante. O sistema permite, portanto, uma diminuição significativa na quantidade de água consumida e ao mesmo tempo minimizando o re-humedecimento da folha, o que por sua vez melhora o perfil transversal de humidade. Este sistema vai permitir que os fabricantes de papel possam desativar os sistemas de chuveiros convencionais, independentemente do tipo de rolo aspirante ou o seu fabricante. O sistema de vedante patenteado com o abastecimento de água integrado permite economias significativas e, em alguns casos, também pode contribuir para a economia de energia da unidade. Ensaios realizados na Alemanha demonstram que usando o Hydroseal, os fabricantes de papel podem conseguir poupanças anuais de cerca de € 100.000, pois a água e o consumo de energia pode ser reduzido até 87% e 9%, respetivamente.

Elizabete de Carvalhaes também mencionou os desafios para o futuro. “Com o desenvolvimento da inovação para a criação de outros produtos que podem usar a fibra da madeira, enfrentaremos um novo desafio: conciliar toda a logística que será necessária para a articulação dos resultados da pesquisa científica e do cumprimento de todas as exigências de trâmites burocráticos para a devida certificação desses novos produtos e consequentemente a aceitação deles pelos consumidores”, destacou a executiva.

Oji Papéis Especiais investe em solução inovadora da Voith, permitindo significativa poupança de água e energia

A

Voith tem uma nova encomenda para fornecer à Oji Papéis Especiais o seu inovador sistema Hydroseal de lubrificação dos vedantes do rolo aspirante. O sistema Hydroseal impede o re-humedecimento (rewetting) da folha e reduz drasticamente o consumo de água. Operando em Piracicaba, no estado de São Paulo, a fábrica de papéis especiais da Oji produz cerca de 120 mil toneladas de papel térmico, papel de cópia sem carbono e papel revestido. O novo Hydroseal está previsto para operar a partir do 4º trimestre deste ano.

16

pasta e papel - Inverno 2013

Desde o seu lançamento recente, nove sistemas Hydroseal foram vendidos em todo o mundo, incluindo este à Oji Papéis Especiais.

A Oji Papéis Especiais Com uma capacidade de produção anual de 120 mil toneladas de papel, a Oji é líder brasileira e latino-americana no segmento de papéis especiais (térmico e papel de cópia sem carbono), bem como um pioneiro na produção de papel revestido em máquina (online). O Grupo Oji Paper foi fundado no Japão em 1873, emprega atualmente mais de 26 mil pessoas, está presente em quatro continentes e opera mais de 300 subsidiárias e unidades de produção. Em setembro de 2011, o grupo japonês iniciou o fabrico de papéis especiais em Piracicaba, iniciando assim suas operações na indústria brasileira de papel.


Em destaque Espanha Grupo Lecta apresenta o novo mostruário Metalvac

M

etalvac, o papel metalizado por alto vácuo do Grupo Lecta, lançou o seu novo mostruário com uma linha gráfica totalmente nova baseada na funcionalidade, na elegância e no produto metalizado como grande protagonista.

Nesta edição, o mostruário é apresentado numa caixa metalizada que contém 3 catálogos que correspondem aos 3 segmentos de aplicação a que o Metalvac se destina: - Wet-glue labels: etiquetas colantes para cervejas e bebidas. - Pressure-sensitve labels: papéis concebidos para serem transformados em lâmina autoadesiva para etiquetas. - Tobacco & packaging range: inner-liners

para maços de tabaco, papel de embrulho, tabletes de chocolate e produtos alimentares em geral. Cada pasta contém informação geral sobre a gama, informação específica sobre o segmento bem como especificações técnicas e amostras das qualidades em várias cores e acabamentos. Toda a informação está disponível em espanhol, inglês e francês. A gama de papéis metalizados Metalvac é 100% reciclável e está disponível em acabamento liso e vários tipos de gofragem. É a gama adequada para a etiquetagem de embalagens recuperáveis tendo um magnífico comportamento nas linhas de lavagem. Toda a produção de papel metalizado possui as certificações florestais de Cadeia de Custódia PEFCTM e FSC® e é fabricado sob os padrões de qualidade ISO 9001, de gestão ambiental ISO 14001 e de eficiência energética ISO 50001.


Encontro Internacional da Tecnicelpa

Realizou-se, entre os dias 2 e 4 de Outubro, no Hotel dos Templários, em Tomar, o Encontro Nacional da Tecnicelpa, designado por XXII Conferência Internacional da Floresta, Pasta e Papel - TECNICELPA 2013.

E

Da esquerda para a direita: José Nordeste (Presidente da Comissão Científica da Tecnicelpa), Leonardo Mathias (Secretário de Estado Adjunto e da Economia), António Prates (Presidente da Tecnicelpa), João Vital Morgado (AICEP) e Ferreira do Amaral (AIFF).

18

sta Conferência contou com a presença de 178 participantes, dos quais 16% estrangeiros, oriundos de 12 países. Foram realizadas 29 apresentações orais, distribuídas por 9 sessões, tendo sido ainda apresentados 18 pósteres. A conferência contou também com a presença na mesa da sessão de abertura do Secretário de Estado Adjunto e da Economia Dr. Leonardo Mathias, e do administrador executivo da AICEP, Engº José Vital Morgado. As sessões plenárias foram apresentadas pelo Professor Doutor João Ferreira do Amaral, presidente da AIFF e pelo Coordenador da Unidade de Biotecnologia do LNEG, Professor Doutor Francisco Gírio. A sessão de encerramento, teve uma grande afluência na audiência, com cerca de 200 pessoas incluindo convidados, tendo sido um dos pontos altos do evento, contando com a intervenção da alta direção das principais empresas portuguesas do setor da pasta e do papel, o Dr. José Honório, pelo Grupo Portucel Soporcel, o Engº Paulo Fernandes pelo Grupo Altri, o Engº Fernando Pinto pela Europac e o Dr. João Gorjão Clara, pela Renova. Realizou-se ainda, como habitualmente, a Expocelpa, em que estiveram representadas 8 empresas. Apresentamos, junto, o programa detalhado deste Encontro, onde se pode verificar a diversidade e interesse de todos temas abordados e que tanto contribuem para a formação dos técnicos do setor. Desde a floresta ao papel, passando pela pasta e pelos recentes desenvolvimentos no campo da

pasta e papel - Inverno 2013

A presença dos antigos Presidentes e Fundadores da Tecnicelpa

O Secretário de Estado e da Economia visita o stand do Grupo ENP/Pasta e Papel

Com participantes muito atentos

Grande interesse nos trabalhos apresentados



Encontro Internacional da Tecnicelpa

A presença dos líderes da indústria de pasta e papel portuguesa: Fernando Pinto (Europac) Paulo Fernandes (Altri), Pedro Garrido (Jornalista, moderador), José Honório (Portucel Soporcel) e João Gorjão Clara (Renova)

campo da biorefinaria, foram apresentados trabalhos, muitos com características inovadoras, que conseguiram prender a atenção de todos os participantes. A Expocelpa foi outro dos pontos de muito interesse deste Encontro; para além de ser uma mostra das realizações tecnológicas mais recentes, foi um local privilegiado de troca de informações entre fornecedores e clientes e um ponto de encontro e de são convívio entre todos os técnicos presentes. No jantar de encerramento, ponto alto de confraternização, foram entregues os prémios relativos aos melhores trabalhos orais e pósters, tendo ainda sido homenageados os sócios individuais e coletivos que completaram 25 anos de associativismo. Fechou o jantar o coro «Alma de Coimbra», um momento de grande beleza e de recordação de velhos tempos para muitos técnicos que passaram por Coimbra. Como complemento do Encontro, decorreram, no dia 4, as visitas às fábricas da CELBI e a SOPORCEL, na Figueira da Foz, magníficos exemplos da liderança portuguesa na fabricação de pasta de eucalipto e de papéis de escritório de alta qualidade. Uma palavra final para a ótima organização do Encontro, na linha do que a Associação há muito nos habituou; os nossos parabéns à Direção e Secretariado da Tecnicelpa e aos associados que deram a sua colaboração.

20

pasta e papel - Inverno 2013


Reportagem

A Caima, uma das unidades produtoras do grupo Altri, assinalou os seus 125 anos de atividade com a assinatura de um contrato de investimentos com a AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, no valor de 35 milhões de euros. O investimento, a realizar em Constância, será realizado nos próximos três anos, visando a produção de pasta solúvel de elevada qualidade. A assinatura, realizada no Centro Náutico de Constância, decorreu numa cerimónia que a revista Pasta e Papel acompanhou. Uma excelente forma de assinalar uma longa caminhada de 125 anos da empresa produtora de pasta química mais antiga de Portugal e da produtora de pasta de eucalipto mais antiga da Europa. Felicitamos todos os que, com orgulho neste passado, constroem, hoje, o presente e o futuro desta empresa!

125 anos de história

E

m 1888 a família anglo-sueca Bergvist, residente no Porto, funda a empresa “The Caima Timber Estate & Wood Pulp Company, Limited”. No ano seguinte a empresa adquire a extensa Quinta do Carvalhal, localizada nas margens do rio Caima, nas freguesias da Branca e Ribeira de Fráguas (concelho de Albergaria), composta de matas, casas e terrenos lavradios, que pertencia ao Diretor das Minas do Palhal, William Cruikshank. As instalações da fábrica de celulose seriam abertas pelo engenheiro químico Erik Daniel Bergvist, edificando assim a primeira fábrica de produção de pasta química em Portugal; utilizava, então, como matéria-prima, a madeira de pinho local. A “Fábrica do Caima”, como era popularmente conhecida, viria a tornar-se na mais importante produtora de pasta de papel do nosso país. No dia 19 de Abril de 1922 a empresa, sociedade por quotas, reduz o seu nome para “Caima Pulp Company, Limited”. Depois de implementar a plantação de eucaliptos, iniciou em 1925 a comercialização da pasta dessa matériaprima, e, substituindo pouco a pouco o pinheiro, transformar-se-ia na fábrica de pasta de papel de eucalipto mais antiga da Europa.

Em meados do séc. XX a multinacional angloamericana Hibstock Jhonson Breaks compra cerca de 500 ações na bolsa de Londres, adquirindo assim a Caima Pulp Company, Limited. Na década de 1960 foi construída a segunda fábrica, em Constância, local privilegiado no âmbito do fornecimento de madeira, sendo pioneira na introdução de pasta TCF no mercado. Por escritura lavrada a 29 de Junho de 1973, a empresa altera a sua designação para Companhia de Celulose do Caima, S.A.R.L. e, em 1981, abre o respetivo capital à subscrição pública.

Fábrica da Caima

pasta e papel - Inverno 2013

21


Reportagem

No dia 9 de Julho de 1993 a fábrica do Carvalhal, ainda pertencente à multinacional Hibstock Jhonson, deixa de laborar. A crise internacional (descida do preço da pasta celulósica e diminuição drástica do preço da madeira), a poluição do rio Caima, a necessidade de avultados investimentos em equipamentos de tratamento dos efluentes e as acessibilidades ao local, foram algumas das razões do seu desmantelamento. Toda a atividade da empresa ficaria concentrada na fábrica de Constância.

A fábrica nos finais do séc. XIX

Em 1998 o Grupo Cofina adquire uma participação minoritária no capital da Companhia de Celulose do Caima, S.A.. Em Dezembro de 2000, na sequência de uma oferta pública de aquisição (OPA) a Cofina passa a deter uma posição de controlo da empresa, garantindo a grande maioria do capital social. No início de 2002 dá-se um processo de reestruturação do Grupo Caima: a “Companhia de Celulose do Caima, S.A.” é convertida em sociedade gestora de participações sociais (“Celulose do Caima, S.G.P.S., S.A.”) e é constituída a “Caima – Industria de Celulose, S.A.”, para a qual foram transferidos todos os ativos e passivos afetos à atividade operacional de fabrico e comercialização de pasta de papel. Em 2005 concretiza-se o projeto de separação de negócios do grupo Cofina, criando a Altri, S.G.P.S., S.A. para integrar os ativos industriais, nomeadamente a Caima, na produção de pasta de papel e exploração florestal e na produção de energia a partir de recursos renováveis. Em 2008, a Altri já detinha a totalidade do capital social da Celulose do Caima. A Caima produz atualmente 115.000 toneladas por ano de pasta de fibra curta branqueada ao sulfito, das quais 95% se destinam ao mercado europeu, com aplicação especial na produção de papel e seus derivados. Estas características específicas conferem à pasta

22

pasta e papel - Inverno 2013

de papel propriedades especiais e tornam-na particularmente adequada para certas aplicações papeleiras, nomeadamente em segmentos altos de papéis do tipo tissue bem como em papéis de impressão e escrita, com especial incidência em papéis com marcas de água e papéis de cor.

A fábrica de Albergaria

A pasta Caima, com branqueamento TCF (Totally Chlorine Free) é especialmente procurada nos mercados do Norte da Europa e nos países germânicos.

Altri: um produtor de referência A Altri é um produtor europeu de referência de pasta de papel de eucalipto. Para além da produção de pasta de papel, o Grupo está também presente no sector de energias renováveis de base florestal, nomeadamente a cogeração industrial através de lixívia negra e a biomassa. A estratégia florestal assenta no aproveitamento integral de todos os componentes disponibilizados pela floresta: pasta, lixívia negra e resíduos florestais. Atualmente, a Altri gere cerca de 84 mil hectares de floresta em Portugal, integralmente certificada pelo Forest Stewardship Council® (FSC®) e pelo Programme for the Endorsement of Forest Certification (PEFC), dois dos mais reconhecidos mecanismos de certificação florestal a nível mundial.


Reportagem

Atualmente, a Altri detém 3 fábricas de pasta de papel em Portugal - a Celbi, a Caima e a Celtejo - com uma capacidade instalada que em 2012 ascendeu a cerca de 910 mil toneladas/ano de pasta de papel branqueada de eucalipto. A empresa tem em curso um conjunto de pequenos projetos de otimização de eficiência operativa que permitirão, a médio prazo, aumentar a capacidade produtiva.

Projetos futuros: Altri e AICEP assinam contratos de investimento de 65 milhões de euros A Altri e a AICEP – Agência Portuguesa de Investimento, assinaram em 8 de Novembro último, com a presença do Vice-Primeiro-Ministro, Paulo Portas, e do Ministro da Economia, António Pires de Lima, a contratualização de um investimento total de 65 milhões de euros, repartidos pela Celulose do CAIMA e pela Celbi, unidade localizada da Figueira da Foz.

Após a conclusão dos investimentos, a Caima será um dos players europeus mais eficientes e um dos mais eficientes a nível global. Esta unidade potenciará ainda a criação de um cluster químico em Portugal, reforçando as exportações nacionais para mercados prioritários, e acarretará um maior valor acrescentado para o país, dada a maior incorporação tecnológica nos processos.

O Vice Primeiro Ministro e o Ministro da Economia visitam a fábrica da Caima

Os investimentos de 35 milhões de euros, que serão realizados nos próximos três anos, transformarão o perfil da unidade industrial da Caima, tornando-a na única fábrica em Portugal e uma das poucas na Europa a produzir Pasta Solúvel. A Pasta Solúvel é uma pasta de fibra natural com elevado teor de alfa-celulose, utilizada na produção de viscose e de outros materiais competitivos com polímeros sintéticos de origem fóssil e está presente no nosso dia-a-dia, nomeadamente no vestuário, na indústria alimentar, nas películas fotográficas, nos ecrãs dos LCDs, mas também nos vernizes, na fita adesiva ou na indústria farmacêutica. O projeto de investimento visa passar a produzir pasta solúvel de elevada qualidade e otimizar a capacidade de produção, passando a produzir 105 mil toneladas ano de pasta solúvel. Esta empresa, como aliás todo o Grupo Altri, terá uma forte componente de exportação, já que a totalidade da sua capacidade será dirigida para os mercados externos, nomeadamente o mercado chinês, com o qual a empresa tem vindo a desenvolver intensos contactos.

Mesa que presidiu à cerimónia de assinatura: Paulo Portas, Pires de Lima e Paulo Fernandes

Os investimentos a realizar na Celbi permitirão a realização de um upgrade tecnológico, que proporcionará uma utilização mais eficiente da matéria-prima e, desta forma, permitirá aumentar a competitividade dos seus produtos nos mercados internacionais. Sobre os investimentos a realizar na Caima, pedimos ao Eng. António Prates, Diretor de Qualidade e Desenvolvimento da Caima, que nos

pasta e papel - Inverno 2013

23


Reportagem

fizesse uma súmula do projeto da fabricação de pasta solúvel, que apresentamos de seguida.

Produção de Pasta Solúvel na Caima-Industria de Celulose, S.A.* * António Prates Caima-Industria de Celulose S.A. A Caima-Indústria de Celulose SA ao longo dos seus 125 anos de existência sempre foi uma unidade competitiva, sendo a sua longa existência a prova efetiva. Um dos fatores chave para o seu sucesso é a procura constante da melhoria contínua com a adaptação consequente ao mercado global de pasta celulósica promovendo desta forma a sustentabilidade da unidade industrial. São exemplos o pioneirismo da produção de pasta de eucalipto nos anos 20 do século passado, tendo sido a primeira unidade industrial no Mundo a utilizar esta espécie florestal, e a produção de pasta TCF nos anos 90 também do século passado. Estas duas mudanças radicais na gama de produtos reforçaram a sua posição no mercado de pasta celulósica para papel. Existiram ainda alguns casos pontuais em que foram explorados mercados de pastas especiais para utilização na indústria química; relembram-se produções episódicas de pasta para o fabrico de Carboximetilcelulose nos anos 90; no entanto a expressão destes produtos na produção da Caima tem sido baixa até à data.

Projeto solúvel”

“Produção

de

pasta

Com o objetivo de analisar oportunidades que cimentem a sua competitividade a longo prazo, a Caima decidiu estudar o potencial para a produção de pasta com teor elevado de alfacelulose, designada vulgarmente por pasta solúvel.

Componente

Pasta Solúvel

Esta pasta tem aplicações maioritariamente na indústria química, das quais se dão alguns exemplos: • Produção de rayon/viscose e celofane - Industria têxtil - “Non Wovens” - Celofane - Fio e fibras industriais - Esponjas • Produção de ésteres de celulose - Acetatos de Celulose - Fabrico de LCD’s - Plásticos e revestimentos - Têxteis - Filtros de cigarro - Nitratos de Celulose - Fabrico de explosivos - Combustíveis - Lacas - Vernizes • Produção de éteres de celulose - Industria Alimentar - Indústria farmacêutica - Cosméticos - Construção civil - Colas e agentes adesivos • Especialidades - Celulose em pó - Papéis de filtro especiais - Papéis para isolamento elétrico

Como referido atrás, a pasta celulósica para utilização na indústria química caracteriza-se pelo teor elevado de celulose, ou seja pela sua pureza; no processo de produção deste tipo de pasta pretende-se separar da celulose a lenhina, as hemiceluloses, os extratáveis e os sais minerais.

Pasta de eucalipto Sulfito

Pasta de eucalipto Kraft

Celulose (%)

>91

89-91

82-85

Hemicelulose (%)

<5

5-6

16-18

Lenhina (%)

<0,1

1,0-1,5

0,1-0,2

Extractáveis (%)

<0.25

0,20-0,30

0,1-0,2

Tabela 1 – Composição química típica do Eucalipto Globulus e de pastas celulósicas desta espécie florestal

24

pasta e papel - Inverno 2013


Reportagem

Bétula (Birch-Betula Verrucosa) (%)

Spruce (Picea Abies)

(%)

Faia (Beech-Fagus Sylvatica) (%)

19-21

24-25

24-26

27-29

Componente

Eucalyptus Globulus

Lenhina

(%)

Extractáveis

2,0-2,5

0,8-1,2

2,0-3,0

1,5-2,5

Celulose

48-50

43-44

35-36

40-41

Hemicelulose

27-29

31-32

39-40

30-31

Tabela 2 - Composição química típica de algumas espécies florestais

Na tabela 1 apresenta-se a composição química típica de pastas celulósicas de eucalipto para papel, produzidas pelos processos kraft e sulfito e de pasta solúvel para a produção de viscose. O processo ao sulfito, no caso de cozimento em meio ácido, solubiliza as hemiceluloses do eucalipto produzindo naturalmente pasta com teor mais elevado de celulose como pode ser observado na tabela 1. Na tabela 2 apresenta-se a composição química típica de algumas espécies florestais usadas no fabrico de pasta solúvel. Considerando a composição química típica das espécies apresentadas, o eucalipto é a espécie florestal com maior potencial para a produção de pasta solúvel, é aquela que apresenta a maior percentagem de celulose na sua composição.

Salienta-se ainda que a produção deste produto na Caima, aumentará o seu potencial para a implementação do conceito de biorefinaria, uma vez que aumentará o seu potencial para a produção de subprodutos como por ex. o ácido acético e furfural, açucares, bioetanol, leveduras, etc. Após a realização de estudo detalhado o grupo Altri decidiu avançar com o projeto investindo 35 M € na Caima-Indústria de Celulose com o objetivo da adequação da sua unidade industrial da Caima-Industria de Celulose à produção de pasta solúvel. Com este pretende criar uma instalação flexível para a produção de especialidades celulósicas que inicialmente se destinarão à produção de viscose, mas que se pretende que venha alimentar outras indústrias de base química, tais como a produção de éteres de celulose, carboximetilcelulose, esponjas, etc.

Estas foram as ideias básicas que levaram a Caima a estudar o seu potencial para a produção de pasta solúvel, e que se resumem às seguintes afirmações: - O Eucalipto “é a melhor espécie florestal” para a produção de pasta solúvel. - O processo ao sulfito é naturalmente apto para a produção de pasta solúvel. Face à análise efetuada, as vantagens acima referenciadas da matéria-prima e do processo de fabrico levaram naturalmente a Caima a pensar a direção exposta da exploração de novos mercados nas pastas especiais para aplicações químicas.

A Caima em Constância

pasta e papel - Inverno 2013

25


Reportagem

O investimento, apesar de otimizações pontuais em outras áreas, focará fundamentalmente o branqueamento de pasta e a evaporação de licor; desenvolver-se-á entre 2013 e 2015 e tornará a Caima num produtor altamente

competitivo de pasta solúvel. Com este, e mais uma vez na sua história, a Caima desenvolveu a sua estratégia de desenvolvimento de produto no sentido da cimentação da sua competitividade e sustentabilidade.

O pensamento do Presidente Por altura da assinatura deste contrato de investimento, o Presidente do Grupo Altri, Eng. Paulo Fernandes, fez várias declarações, de que apresentamos um breve resumo:

O porquê do investimento:

Paulo Fernandes, Presidente da ALTRI

“O consumo de papel de escrita e impressão tem estado a cair em todo o mundo e pensámos que seria vantajoso aproveitar uma das nossas fábricas para fazer um produto de maior valor acrescentado que se destina a outras aplicações”. “Aposta pretende diversificar a produção e aumentar a componente de exportação”.

Os problemas com o abastecimento de madeira: “Sem uma base florestal forte esta indústria não pode crescer” “Continuamos com a dificuldade no abastecimento de madeira, que nos obrigou a fazer importações com custos logísticos mais caros do que no mercado nacional. Gastámos tanto ou mais em logística do que em madeira.” “Espero que a equipa do Ministério da Agricultura entenda a importância da floresta e que o próximo QREN contemple apoios à reflorestação do País”.

26

pasta e papel - Inverno 2013


Investigação e Desenvolvimento

Velho, J. (1) e Santos, N.F. (2) 1 2

Departamento de Geociências, Universidade de Aveiro, 3810-164 Aveiro, Portugal, javelho@ua.pt Escola Superior de Tecnologia de Tomar, Instituto Politécnico de Tomar, 2300-213 Tomar, Portugal, naterciasantos@ipt.pt

Introdução A rugosidade do papel é uma característica superficial importante em particular para papéis de impressão e escrita e está relacionada com a formação da folha durante o processo de produção. Por sua vez, a formação depende da morfologia das fibras, das características dos minerais presentes na suspensão, dos tratamentos que sofre a suspensão fibrosa antes da caixa de chegada e dos equipamentos nomeadamente da máquina de papel. Para melhorar a superfície do papel este pode ser calandrado fora de máquina (supercalandra), pigmentado ou revestido. É mais fácil entender o conceito de rugosidade do que medir esta propriedade que varia em diferentes escalas: macro, micro e até nanoescala, A superfície do papel é caracterizada por três classes de rugosidade (Kuparinen, 2005): - rugosidade óptica < 1µm - microrugosidade entre 1µm e 100 µm - macrorugosidade entre 0,1 mm e 1 mm As variações em cada uma destas escalas estão relacionadas com um leque muito vasto de factores. A rugosidade óptica está relacionada com as propriedades superficiais das partículas dos minerais e das fibras. A microrugosidade é função da forma e da distribuição das fibras, dos finos e dos minerais e finalmente a macrorugosidade depende da formação do papel. Todas estas categorias de rugosidade afectam o brilho do papel sendo que a macrorugosidade tem uma influência dominante nas propriedades de impressão e do revestimento (Niskanen, 1998). Diversos estudos, ao longo dos últimos 20 anos têm abordado estas relações de dependência e estabelecido correlações com a qualidade de impressão (Béland and Mangin, 1995; Conceição et al., 2004; Jarvinen et al., 1999; Varnell, 1998; Velho e Santos, 2005; 2007; 2009; Velho et al.,

2004; Wagberg and Johansson, 1993), com o revestimento e a calandragem, entre outros (Béland et al., 2000; Conceição et al., 2004b; Conceição et al., 2003a; 2003b; Moreau-Tabiche et al., 1997; Moreau-Tabiche, 2000; Soysouvanh et al., 2000; Yamauchi and Kishimoto, 1996). A lista é grande e só estão aqui mencionados alguns dos trabalhos o que mostra a importância da avaliação da topografia e a relação desta com diversas propriedades do papel. Podemos considerar que o conceito de rugosidade se baseia num desvio relativamente a uma superfície perfeitamente plana, onde todos os elementos estão ao mesmo nível. Em termos de microrugosidade, a superfície do papel é caracterizada por uma anisotropia que não é detectada pelos métodos convencionais, uma vez que estes avaliam apenas o fluxo de ar que se escapa entre a cabeça de leitura do equipamento e a superfície do papel de forma isotrópica. O interesse fundamental da avaliação da topografia, para além da avaliação da rugosidade, reside no facto de eventualmente permitir a determinação, com mais rigor, das fortes relações existentes entre várias propriedades do papel e a geometria microscópica tridimensional da sua superfície. Um método directo de medição da rugosidade do papel consiste no registo da topografia da sua superfície. No entanto, nos últimos anos existe um interesse particular na obtenção de imagens da topografia dos papéis onde os valores numéricos das “depressões” e dos “picos” dão lugar às imagens.

1 - Métodos tradicionais Os métodos tradicionais que permitem avaliar as irregularidades da superfície de um papel, tais como Bekk, Sheffield, Bendtsen (figura 1) e Parker-Print-Surf (PPS) (figura 2) determinam

pasta e papel - Inverno 2013

27


Investigação e Desenvolvimento

a rugosidade medindo o fluxo de ar que passa entre a superfície do papel e uma superfície de referência sob condições específicas. Os três primeiros expressam a rugosidade em fluxo de ar ou resistência à passagem do ar em ml/min enquanto o PPS fornece um valor em µm que se refere à diferença entre um plano de referência e a superfície do papel. Esta diferença é calculada através duma relação desenvolvida por John Parker em 1965 que considera o caudal do fluxo de ar que se “escapa” através das irregularidades da superfície do papel. Esta forma de avaliar a rugosidade é discutível mas tem o mérito de fornecer um valor médio, com dimensão geométrica, da profundidade das depressões superficiais em qualquer tipo de papel.

2 - Perfilometria mecânica Para avaliar a microrugosidade nas duas direcções de fabrico do papel existem rugosímetros mecânicos como o Perthometer S4P (Perthen) que avaliam a rugosidade através de perfis (figura 3). Este método permite determinar, entre outros, três parâmetros: Ra, rugosidade média expressa em µm que representa o desvio médio do perfil do papel relativamente a uma linha média; Rz que indica a média da distância entre picos e vales (µm), é a média de cinco distâncias pico-vale e finalmente Rmáx que aponta a distância máxima entre picos e

é o desenvolvimento de um índice que reúna as informações respeitantes às direcções MD e CD. Um índice possível é o RZI, cuja expressão para a sua obtenção é representada a seguir: RZI = [(Rz MD)2 + (Rz CD)2] 1/2 Este índice toma em consideração a contribuição para a rugosidade global do papel e as informações obtidas a partir das direcções MD e CD. Este índice foi desenvolvido por Santos et al. (2002), tendo sido posteriormente utilizado em diversos estudos como Velho and Santos (2005), entre outros.

3 – Perfilometria óptica O perfilómetro óptico usa raios laser como se fossem um estilete (figura 4). Um detector mede a luz laser que incide sobre a superfície a analisar assim como a luz que é reflectida, por essa superfície, observando os desvios que ocorrem devido às irregularidades existentes. Este método oferece vantagens relativamente aos sistemas mecânicos como a maior resolução e a medição sem contacto, no entanto, apresenta o inconveniente das medições serem lentas (Kuparinen, 2005).

Figura 1 – Modo de funcionamento do método Bendtsen. Figura 4 – Princípio de funcionamento de um perfilómetro óptico (Wagberg e Johansson, 1993)

Figura 2 – Modo de funcionamento do método Parker Print Surf (PPS).

vales (µm). O parâmetro Rz é geralmente o mais sensível às variações de rugosidade. Uma das formas de corrigir a dependência da perfilometria relativamente à direcção do papel Figura 3 – Esquema de funcionamento de um rugosímetro mecânico.

28

pasta e papel - Inverno 2013

Este método fornece uma vasta informação sobre as características superficiais dos papéis através de parâmetros de diferentes tipos designados por parâmetros de textura. Estes parâmetros dividemse em parâmetros de amplitude, parâmetros de área e volume, parâmetros híbridos, parâmetros espaciais e parâmetros funcionais. Na tabela 1 figuram as siglas e a respectiva descrição dos parâmetros analisados. Os resultados que se apresentam de seguida foram obtidos no equipamento Altisurf 500 – Altimet.


Investigação e Desenvolvimento

calcítico, prismático, com uma dimensão média Sa – Rugosidade média (µm) das partículas de 0,6 µm Ssk – Skewness – Simetria da superfície (referência P); aragonítico, acicular, com uma dimensão Amplitude Sp – Altura máxima dos picos (µm) média das partículas de Sv – Profundidade máxima dos vales na superfí0,6 µm (referência A) cie (µm) e, finalmente, calcítico, Sdr – Percentagem de área adicional relativaescalenoédrico, e que possui Híbridos mente a um plano (%) um valor de dimensão média Sds – Densidade de picos (nº de picos por unidas partículas de 0,9 µm Espaciais dade de área) (pks/mm2) (referência E). A gramagem média de revestimento foi de Tabela 1 – Parâmetros de textura da superfície 2-3 g/m2, trata-se, pois, de papéis revestidos de Quando o skewness apresenta valores negativos muito baixa gramagem onde é crítica a deposição predominam os vales na superfície do papel, no das partículas de carbonatos de cálcio. Demais caso dos valores serem positivos, por oposição, dados experimentais e metodologia de trabalho predominam os picos. estão indicados em Santos, N. F. (2009).

Parâmetros

Descrição

O presente estudo pretende mostrar a aplicação da perfilometria óptica no caso da análise topográfica de papéis revestidos com carbonatos de cálcio precipitado (PCC), com diferentes formas de partículas e com diferentes modificadores reológicos presentes nas respectivas caldas de revestimento. Visou-se, então, avaliar a influência dos modificadores reológicos, presentes nas caldas, na rugosidade dos papéis e analisar os diferentes papéis quanto aos poros e aos picos presentes na superfície. Esta análise é feita considerando os valores obtidos para papéis revestidos com caldas que contêm os seguintes modificadores reológicos: CMC35 (carboxilometilcelulose com uma massa molecular de 35 000 g/mol) e CMC250 (carboxilometilcelulose com uma massa molecular de 250 000 g/mol) e ambos presentes com um nível de concentração de 0,1%. Os três tipos de carbonatos de cálcio precipitados seleccionados neste estudo são os seguintes:

PCC – P Nº Poros

Resultados 1 - Poros superficiais (vales)

Em termos de poros superficiais, os papéis revestidos com os três PCCs apresentam resultados muito divergentes entre si como se mostra na tabela 2. A conclusão a tirar é que a forma das partículas bem como o tipo de modificador reológico são factores que influenciam as características da topografia ao nível dos poros superficiais. Dos papéis com PCC-P até aos papéis com o pigmento PCC-E verifica-se uma diminuição progressiva do número de poros mas as suas dimensões médias são diferentes ao nível da sua altura. Os papéis com PCC-A são os que apresentam menores valores de altura média bem como de volume médio, bem diferentes dos papéis com os restantes pigmentos e aqui os papéis com PCC-E são os que apresentam maiores valores. Estas diferenças estarão relacionadas com a forma das partículas, as aciculares mostram-se muito orientadas sobre a superfície do papel e empacotam-se muito melhor que as partículas

PCC - A

CMC35

CMC250

CMC35

CMC250

9898

9443

8720

8121

PCC – E CMC35

CMC250

6742

7371

Volume médio (µm )

1189

353

506

428

1513

1441

Altura média (µm)

1,13

0,239

0,481

0,173

0,809

0,90

Área média (mm2)

0,00073

0,00082

0,00085

0,00098

0,00111

0,00103

Altura média/sup. (µm/mm2)

1539

289

564

176

729

872

3

Tabela 2 - Parâmetros relativos aos poros superficiais (vales) dos papéis revestidos

pasta e papel - Inverno 2013

29


Investigação e Desenvolvimento

escalenoédricas e as prismáticas. Os papéis com PCC-E têm menos poros superficiais mas estes têm maiores dimensões o que traduz bem a presença de agregados porosos e, por isso, o volume médio destes poros é elevado. Quanto aos papéis com PCC-A, a superfície tem muitos poros mas estes são de pequenas dimensões devido ao elevado grau de empacotamento dando origem a uma superfície menos rugosa que os papéis com os restantes pigmentos. De um modo global, os pigmentos reagem de forma oposta com os modificadores reológicos. À excepção dos papéis com PCC-E, os papéis com CMC250 apresentam uma diminuição ao nível do número de poros superficiais, volume médio, altura média e altura média por unidade de superfície. As partículas prismáticas e aciculares não são partículas estruturadas, pelo que a interacção das cadeias poliméricas se processa de forma diferente face às partículas estruturadas escalenoédricas. As cadeias poliméricas mais longas de CMC250 interagem melhor com as partículas dos pigmentos promovendo um melhor empacotamento e este comportamento é mais acentuado nos papéis com PCC-P. Quanto ao PCC-E, não se verifica a existência de uma significativa diferença entre as duas formulações o que significa que, para este pigmento, as dimensões das cadeias poliméricas não constituem um factor a considerar. Este facto pode estar relacionado com as características das suas partículas, estruturadas, porosas, que têm a capacidade de neutralizar a acção das cadeias poliméricas longas, parte delas ficará armadilhada nos poros dos agregados macios do pigmento escalenoédrico.

2 - Picos superficiais (elevações) Relativamente

aos

picos

superficiais,

o

comportamento dos pigmentos perante os modificadores reológicos é semelhante. Os revestimentos com CMC250, para os três pigmentos, apresentam valores mais reduzidos para todas as características excepto para o número de picos como consta na tabela 3. As caldas de revestimentos com CMC35 são menos viscosas e por isso originam papéis com menos picos mas de maiores dimensões. Os papéis com o pigmento acicular possuem um número elevado de picos mas estes são de reduzida dimensão e com valores de altura média baixos. Apresentam, então, uma superfície mais uniforme em termos topográficos que os papéis com o pigmento prismático, que mostram valores superiores de altura média por unidade de superfície. Os papéis com o pigmento escalenoédrico são bastante diferentes dos restantes, com um menor número de picos mas estes possuindo um volume médio muito superior, para além da altura média e da área média, reflectindo uma superfície mais rugosa. Em resumo e partindo das informações obtidas anterioremente, em termos de poros e de picos superficiais, podemos concluir que os papéis com PCC-E são mais rugosos, traduzidos por menor número de poros e de picos que apresentam dimensões elevadas em termos de volume e de área. Os papéis que apresentam valores superiores em termos de lisura são os que possuem o pigmento acicular cujas partículas, durante a fase de produção das folhas em laboratório e posterior calandragem, mostram uma capacidade de orientação das suas longas e estreitas partículas superior ao que ocorre com as partículas prismáticas. Tendo em conta os papéis com os pigmentos prismático e acicular, quando se estabelece

PCC – P Nº Poros

PCC - A

CMC35

CMC250

CMC35

CMC250

6454

8039

7277

7617

CMC35 3565

CMC250 4042

Volume médio (µm )

1814

418

616

452

2824

2542

Altura média (µm)

0,494

0,113

0,137

0,0894

0,344

0,307

Área média (mm2)

0,00135

0,00102

0,00116

0,00107

0,00238

0,00207

367

111

117

84

145

148

3

Alt. Méd/Área (µm/mm2)

Tabela 3 - Parâmetros relativos aos picos dos papéis revestidos

30

PCC – E

pasta e papel - Inverno 2013


Investigação e Desenvolvimento

a comparação ao nível dos modificadores reológicos, verifica-se que as cadeias mais longas de CMC dão origem a superfícies com menor número de poros e maior número de picos mas para ambas as situações, tanto o volume como a área é menor.

3 - Parâmetros de textura superficial

Os resultados da caracterização superficial dos papéis revestidos com os carbonatos de cálcio precipitados figuram na tabela 4 onde se observam diferenças mais significativas para o pigmento PCC-P do que para o pigmento PCC-A quando se compara a aplicação dos dois modificadores reológicos. Mas apesar das diferenças serem grandes os parâmetros de amplitude, espaciais e híbridos variam sempre no mesmo sentido, menor rugosidade com a presença de CMC250 em relação ao CMC35. Mantendo a comparação entre aqueles dois pigmentos, prismático e acicular, o parâmetro Ssk apresenta valores muito mais reduzidos para os papéis revestidos com as caldas que contêm CMC35 o que significa que as cadeias de CMC250, mais longas, proporcionam estruturas com mais capacidade para formar uma camada de revestimento com menor tendência para as depressões. Um valor reduzido de Ssk reflecte uma superfície com predominância de vales como se confirma com a observação dos valores de Sv que fornecem informação sobre a profundidade máxima dos vales. Também se verifica, quando analisamos os parâmetros Sds, que os papéis com maiores valores de Ssk apresentam maior Sds ou seja um número mais elevado de picos por área. Os resultados de Sdr são concordantes com a rugosidade média (Sa) uma vez que uma superfície mais rugosa, naturalmente, vai proporcionar um aumento na percentagem de área adicional relativamente a uma superfície perfeitamente

PCC – P

plana. Para valores de Sa reduzidos - cerca de 0,40 µm - os papéis apresentam um Sdr também reduzido de 0,30%-0,40%. Nas figuras 5 e 6 apresentam-se fotos da topografia dos papéis revestidos com os pigmentos PCC-P e PCC-A, respectivamente, e para cada um, com os dois modificadores reológicos.

CMC35 Azul (0)–Verde (4µm)– Rosa (10µm)

CMC250 Azul (0)–Verde (1,5µm)Amarelo (3,5µm)

Figura 5 – Imagens da topografia de papéis com o pigmento PCC-P - (Área de leitura: 4 mm x 4 mm).

CMC35 Azul (0)-Verde (2,5µm)– Vermelho (5µm)

CMC250 Azul (0)–Verde (1,4µm)– Vermelho (3µm)

Figura 6 – Imagens da topografia de papéis com o pigmento PCC-A - (Área de leitura: 4 mm x 4 mm).

Como se pode constatar através da distribuição das cores e dos valores das escalas, a função desempenhada pelo modificador reológico CMC250 faz com que a superfície do papel seja menos rugosa traduzida pela predominância dos tons verde e azul em contraste com o tom

PCC - A

PCC – E

CMC35

CMC250

CMC35

CMC250

1,47

0,419

0,561

0,428

1,27

1,29

-0,675

-0,312

-0,983

-0,142

-0,318

-0,349

Sp (µm)

4,25

1,56

1,96

1,67

3,70

3,70

Sv (µm)

6,74

1,98

3,61

1,68

4,27

4,73

Sdr (%)

6,03

0,421

0,944

0,297

2,63

2,85

Sds (pks/mm2)

5194

6392

6046

7094

4439

4319

Sa (µm) Ssk

CMC35

CMC250

Tabela 4 – Parâmetros calculados para papéis revestidos

pasta e papel - Inverno 2013

31


Investigação e Desenvolvimento

alaranjado nas fotos com o modificador CMC35. Também é visível que as imagens dos papéis com o pigmento acicular mostram uma distribuição das cores mais uniforme que no caso do pigmento prismático reflectindo as melhores capacidades de empacotamento do PCC-A. Quanto às imagens topográficas do pigmento escalenoédrico estas encontram-se representadas na figura 7. As duas imagens são bastante semelhantes entre si não apenas ao nível da distribuição dos tons bem como em termos da escala. Este comportamento é totalmente diferente do que acontece com os dois outros pigmentos e tal é devido, muito provavelmente, ao tipo de partícula, estruturada quimicamente possuindo porosidade intrapartícula afectando não apenas o modo como as partículas se empacotam como a interacção entre as partículas e as cadeias poliméricas dos modificadores reológicos. A tabela 5 apresenta as variações observadas quando se passa de um papel cuja calda contém CMC35 para um papel revestido com uma calda onde se utilizou CMC250. Na análise global aos dois pigmentos, prismático e acicular, verificase que os modificadores reológicos têm uma influência significativa nas caldas com os PCCs proporcionando papéis mais lisos quando se utiliza a CMC250 apesar de apresentarem mais picos. A quantidade de picos não é relevante porque o que altera a lisura não é o número mas antes a profundidade. Nestes casos o parâmetro Ssk diminui ou seja existe um decréscimo do número de vales presentes na superfície dos papéis. Quanto ao pigmento PCC-E, este apresenta um comportamento bem diferente dos restantes, apesar das diferenças existentes, estas são tão reduzidas que se pode concluir que não existem variações nas funções desempenhadas pelos dois modificadores reológicos.

PCC- P

PCC - A

PCC - E

Sa

Ļ

Ļ

‫ݐ‬

Ssk

Ĺ

Ĺ

‫ݐ‬

Sp

Ļ

Ļ

‫ݐ‬

Sv

Ļ

Ļ

‫ݐ‬

Sdr

Ļ

Ļ

‫ݐ‬

Sds

Ĺ

Ĺ

‫ݐ‬

Tabela 5 – Variações obtidas em papéis revestidos com PCC’s

32

pasta e papel - Inverno 2013

CMC35 Azul (0)–Verde (3,5µm)– Vermelho (7µm)

CMC250 Azul (0)–Verde (3,5µm)– Vermelho (6,5µm)

Figura 7 – Imagens da topografia de papéis com o pigmento PCC-E - (Área de leitura: 4 mm x 4 mm).

Conclusões Os dados apresentados mostraram as potencialidades da perfilometria óptica como uma técnica útil na caracterização da topografia de papéis revestidos. As imagens obtidas são um instrumento útil na análise visual a uma escala reduzida da rugosidade e do modo como os poros e os picos superficiais se distribuem numa área de leitura que se pode considerar como suficientemente representativa de 16 mm2. A profusão de índices que se obtêm, e dos quais apenas parte deles foi apresentada neste trabalho, constituem preciosas informações na interpretação da topografia. A técnica permitiu extrair ilacções quanto à influência da forma das partículas no modo como estas se empacotam na camada de revestimento e que consequências este facto traz consigo ao nível da topografia estendendo-se a análise ao nível da influência dos modificadores reológicos na interacção entre as cadeias poliméricas e as partículas minerais.

Bibliografia Béland, M.-C. and Mangin, P. (1995), Threedimensional evaluation of paper surface using confocal microscopy. In: Surface Analysis of paper, CRC Press: 1-40. Béland, M.-C., Lindberg, S. and Johansson, P. (2000), Optical measurement and perception of gloss quality of printed matte-coated paper. Journal Pulp Paper Science, 26(3): 120-123. Conceição, S., Santos, N.F., Velho, J., Kholkin, A. and Ferreira, J. (2003a), Relationship between coating characteristics (surface and structure) and printability. Proc. Chemical technology of Wood, Pulp and Paper, Bratislava (Eslováquia): 161-166. Conceição, S., Santos, N.F., Velho, J., Kholkin, A. and Ferreira, J. (2003b), The influence of kaolinite


Investigação e Desenvolvimento

particle orientation on coating topography and structure. Proc. 28th EUCEPA Conference, Lisboa: 358-359. Conceição, S., Santos, N.F., Ferreira, J. and Velho, J (2004b), A contribution to understand the relationship between coating color rheology and paper properties. Proc. International Conference Pulpaper, Helsínquia (Finlândia). Conceição, S., Santos, N.F. e Velho, J. (2004), Análise de superfície de papéis revestidos através da microscopia electrónica de varrimento. Proc. CIADICYP, Córdoba (Espanha): 331-334. Jarvinen, H., Juvonen, K. and Suontausta, O. (1999), Characterization of surface topography of coated paper by laser profilometer. Proc. Advanced Coating Fundamentals Symposium , Toronto (Canadá): 165-167. Kuparinen, T. (2005), Paper surface roughness measurement using machine vision. Master Science Thesis, Lapepeenranta (Finland). Moreau-Tabiche, S., Bégin, L., Engstrom, G. and l’Anson, S. (1997), Surface profile: Comparison between various measurement methods. CTP Internal Report CR nº 3712, Grenoble (França). Moreau-Tabiche, S. (2000), Surface profile: Comparison between various measurement methods. COST Action E11: Characterization methods for fibers and paper. Grenoble (France), 9p. Niskanen, K. (1998), Paper physics. Papermaking Science and Technology, vol. 16, fapet Oy, Helsínquia (Finlândia). Santos, N.F. (2009), Aplicação de técnicas na avaliação de papéis revestidos com diferentes pigmentos minerais. Tese de doutoramento, Universidade de Aveiro, 217p. Santos, N.F., Velho, J. and Kolkin, A. (2002), Coating Paper Surface Analysis Using AFM, SEM, and Raman Spectroscopy, Proc. International Printing & Graphics Arts Conference (IPGAC), Bordeaux, 6p.

Velho, J. and Santos, N.F. (2005), Methods for the analysis of surface topography at diferente scales: The case of coated papers. Proc. III International Materials Symposium, Aveiro, 5p. Soysouvanh, D., Eymin-Petot-Tourtollet, G. and Sabater, J. (2000), Optical methods to measure surface topography of papers. COST Action E11: Characterization methods for fibers and paper, Grenoble (France), 11p. Varnell, D.F. (1998), Paper properties that influence ink-jet printing. Pulp & Paper Canada, 99(4): 37-42. Velho, J., Santos, N.F., Conceição, S., Ferreira, P., Carvalho, M. and Ferreira, J., (2004), Technical aspects relatively to surface, structure and print characterization of coated papers. Proc. International Conference PulPaper 2004, Helsínquia (Finlândia), 8p. Velho, J.and Santos, N.F. (2005), Methods for the Analysis of Surface Topography at Different Scales: The Case of Coated Papers, Proc. Materiais 2005, 5 p. Velho, J. e Santos, N.F. (2007), Avaliação da topografia de papéis revestidos através da microscopia electrónica de varrimento. Pasta e Papel, 46: 30-35. Velho, J. e Santos, N.F. (2009), Surface topography of coated papers: From the evaluation process to the quality improvement. Materials Science Forum, 636-637: 977-984. Wagberg P. and Johansson, P.A. (1993), Surface Profilometry - A Comparison between Optical and Mechanical Sensing on Printing Papers, Tappi Journal, 76(12):115–121. Wagberg, P. and Johansson, P. (1993), Surface profilometry – A comparison between optical and mechanical sensing on printing papers. Tappi Journal, 76(2): 115-121. Yamauchi, T. and Kishimoto, S. (1996), Application of vertical scanning interferometric profiler to paper surface. Paperi Ja Puu, 78(1-2): 29-31.

pasta e papel - Inverno 2013

33


www.groupenp.com

5IF *OUFSOBUJPOBM 1BQFS $MBTTJmFE .BHB[JOF

Você pode encontrar todos os anúncios GPEWM½GEHSW IQ [[[ KVSYTIRT GSQ

34

PAPER CLASSIFIED WEBZINE




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.