Pasta e Papel n°71 16

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Ponto de vista

Salvemos a nossa casa comum!

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ais do que referirmos os novos investimentos e as novas tecnologias, a evolução dos mercados e as novas matérias-primas, que apresentamos neste número da revista Pasta e Papel, queremos, nesta oportunidade, salientar um acontecimento que poderá ter um grande impacte no nosso futuro: a realização, em Paris, da COP 21. A Conferência COP21 teve como objetivo definir o conteúdo de um acordo internacional visando a limitação do aquecimento antropogénico em 2°C, quando comparado com os tempos pré-industriais (1750). Tal acordo, que sucederá, a partir de 2020, ao que tinha sido celebrado em 1992, em Kyoto (Protocolo de Kyoto), foi muito difícil e complexo de estabelecer. Com efeito, a responsabilidade passada e presente, em termos de emissão de gases de efeito estufa (GEE) varia de Estado para Estado, com o seu nível de desenvolvimento, a sua capacidade de realizar uma transição para uma economia de baixo carbono ou, ainda, com a sua vulnerabilidade às consequências das alterações climáticas. A questão das transferências financeiras entre Estados, finalmente, foi uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos negociadores. Depois de duras negociações, de avanços e recuos e de impasses prolongados, o novo documento traça agora um rumo comum para travar o aquecimento do planeta. Mas o caminho ainda é longo e com obstáculos. Há uma visão positiva consensual: o acordo estabelece uma meta, traça um caminho e pela primeira vez envolve todos os países. Prevê que a subida da temperatura do planeta não deve exceder o valor de 2°C até ao final do século, em relação à média na era pré-industrial, e afirma que, algures na segunda metade do século, as emissões de gases com efeito de estufa deverão cessar - uma parte pode ser absorvida, ou por novas manchas florestais ou com tecnologias entretanto operacionalizadas. A maior fraqueza do documento é a de não estabelecer metas concretas de reduções de gases com efeito de estufa, deixando a cada país o encargo de as anunciar, a partir de 2020, ano em que ele entra em vigor. Até lá, o acordo ainda vai ser assinado em Nova Iorque, na sede das Nações Unidas, no Dia da Terra, a 22 de abril, e terá ainda de ser ratificado nos vários países. Para a generalidade dos observadores, este é sobretudo o início de uma nova fase na luta contra as alterações climáticas, uma vez que o texto contempla a obrigação da revisão das metas de redução de emissões apresentadas pelos diferentes países, a cada cinco anos, a partir de 2023, o que vai permitir ajustar o caminho à meta da descarbonização total na segunda metade do século. Envolve, pela primeira vez, todos os países do mundo na luta contra as alterações climáticas e o aquecimento global. No compromisso, juridicamente vinculativo, comprometem-se a reduzir significativamente o uso de combustíveis fósseis para apostar nas energias renováveis. Relativamente às verbas, uma das questões mais polémicas, o documento prevê o financiamento de cem mil milhões de dólares por ano para os países em desenvolvimento após 2020. Cada país deverá, daqui para a frente, estabelecer os seus objetivos com vista a atingir as metas definidas. E reunirão para balanço em 2025. Por isso o Acordo de Paris não é o fim, mas o início de um processo para evitar o aquecimento global. Os governos devem agora transformar as palavras em ações, com políticas que façam progressos efetivos sobre as promessas de redução. Para as empresas, é um sinal claro para o muito que há ainda a fazer. E para todos nós, cidadãos, que temos de encarar o problema como nosso e contribuir para a sua solução, uma tarefa complicada, mas desejável e exequível. Como o Papa Francisco disse: “O clima é um bem comum, um bem de todos” e por isso “as mudanças climáticas são um problema global que requerem o empenho responsável de todos para o seu melhoramento”. Salvemos a nossa “casa comum”! João de Sá Nogueira Editor

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Indice Brunnschweiler ............................................................ 27 Emtec ........................................................................ 7 IWB Week 2016 ......................................................... Capa 3

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MaqPaper 2016 .......................................................... Capa 4 Runtech Systems ........................................................... Capa 2


Sumário N° 71 - Inverno 2015 REVISTA PORTUGUESA PARA A INDÚSTRIA PAPELEIRA

REDAÇÃO em Portugal

JOÃO JOSÉ DE SÁ NOGUEIRA Rua Dr. Leonel Sotto Mayor, 50-3° A 2500-227 Caldas da Rainha - PORTUGAL Tél.: + (351) 918 432 627 Fax: + (351) 262 838 569 E-mail : joao.sa.nogueira@groupenp.com

REDACÇÃO & PUBLICIDADE no Brasil : ROBERTO T. SEBOK Av. Piassanguaba, 1046 04060-001 São Paulo, BRASIL Tel +5511 9964 2775 / +5511 5587 5750 Cel +55 11 9999 10 76 Email : roberto.sebok@groupenp.com

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Maqueta : AND

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EM DESTAQUE

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Portugal - Três fábricas do grupo Portucel Soporcel geram mais de 30 mil empregos a nível nacional - INAPA premiada nacional e internacionalmente - Nova fábrica de papel investe 30 milhões em Vila Velha de Ródão - Portucel inaugurou duas unidades de produção nos complexos de Cacia e de Vila Velha de Ródão - Portucel Moçambique anuncia maior viveiro de plantas em África - A Valmet será o fornecedor da nova linha de produção da Renova - Papel Navigator lançou campanha “Volta ao Mundo em 80 Páginas” - Grupo Portucel Soporcel na Linha da Frente da Sustentabilidade Brasil - Congresso da ABTCP debateu a inovação e a competitividade - Fibria conclui a contratação de mais serviços para a expansão da unidade de Três Lagoas (MS) - Suzano Papel e Celulose inicia produção de fluff de fibra curta

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PONTO DE VISTA por João de Sá Nogueira

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PAPER CLASSIFIED WEBZINE

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Previsão do comportamento do papel, cartão e cartão canelado antes do processo de colagem, impressão e de aplicação de revestimento (Emtec) Poupança de energia com a utilização de sistemas de vácuo e soluções de drenagem da Runtech

Conversão do Filtro de Licor Verde ClariDisc em Filtro de Licor Branco (Valmet)

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ASPAPEL: Retoma do crescimento na indústria de papel espanhola e abertura de um novo ciclo de investimentos Produção de papel e cartão na Europa em plena transformação Números Chave da Indústria Papeleira Portuguesa (CELPA)

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Editor de La Papeterie, l’Annuaire de la Papeterie, La Carte Papetière France, El Mapa Ibérica de la Industria Papelera, El Papel, Anuário Ibérico da Industria Papelera, Turkiye Kagit Sanayii, Paper Middleast, Guia Latinoamericano

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Em destaque Portugal Três fábricas do grupo Portucel Soporcel geram mais de 30 mil empregos a nível nacional

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s fábricas de Setúbal, Figueira da Foz e Cacia do grupo Portucel Soporcel, que contam com mais de 2.000 colaboradores diretos, geram, de forma indirecta, cerca de 9.000 postos de trabalho nas regiões envolventes e mais de 30.000 a nível nacional, segundo dados de um estudo que analisou os contributos económico, ambiental e social do Grupo a nível nacional e nas regiões onde as unidades fabris se inserem. Por cada posto de trabalho das três fábricas são gerados de forma indirecta 4,4 postos de trabalho nas regiões envolventes e 15 postos de trabalho a nível nacional. No que se refere aos sectores de actividade em que são criados mais empregos a nível nacional, surge à frente o da Madeira (29%), seguido da Energia Eléctrica e Gás Natural (14%) e dos Serviços de Transporte Marítimo (6%). Este estudo, da autoria da consultora KPMG e referente ao desempenho do Grupo ao longo de 2104, não inclui ainda os dados da Fábrica de tissue da AMS, em Vila Velha de Rodão, nem da ampliação do complexo industrial de Cacia agora inaugurada, pelo que os números em análise pecam por defeito. De qualquer forma, o estudo conclui que as outras três fábricas do Grupo contribuem, de forma directa e indirecta, com mais de 2.600 milhões de euros para o PIB nacional, bem como com mais de 500 milhões de euros para o PIB das três regiões onde estão inseridas, o que corresponde a cerca de 2% do PIB dessas mesmas regiões. Quer isto dizer que por cada euro gasto pelas três fábricas são gerados 2,8 euros na economia das três regiões envolventes e 3,0 euros na economia nacional. Quanto aos sectores de actividade em que é gerado mais valor, verifica-se que, a nível nacional, surge à cabeça a Energia Eléctrica e Gás Natural, com 33%, seguindo-se a Madeira (21%) e os Produtos Químicos (8%). Já se atentarmos na geração de valor nas três regiões das fábricas conclui-se que o primeiro sector é o da Madeira (23%), seguido dos Produtos Químicos (22%) e dos Serviços de Reparação (11%). “Este estudo veio quantificar, de forma mais rigorosa, uma realidade que já era conhecida:

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a de que o grupo Portucel Soporcel desempenha um papel estruturante na indústria e na própria economia nacional, sendo um importante motor do desenvolvimento das regiões onde está inserido e do País”, sublinha o CEO Diogo da Silveira, para quem são também muito importantes os dados revelados sobre o desempenho do Grupo a nível ambiental e de responsabilidade social. Outro aspecto que merece ser realçado é a elevada percentagem da despesa feita pelas fábricas junto de fornecedores nacionais, atingindo os 80% do total na Fábrica de Setúbal, 75% em Cacia e 70% na Figueira da Foz, o que diz bem da fortíssima incorporação nacional na produção do Grupo. Referência ainda para o volume total de impostos pagos pelas três fábricas em 2014, que atingiu uma verba de cerca de 72,8 milhões de euros, sendo que € 6,2 milhões dizem respeito a impostos e taxas municipais, com destaque para as taxas ambientais e portuárias. Destaque para a minimização do impacto ambiental Analisando o desempenho individual das três fábricas, este estudo tem a virtude acrescida de revelar o contributo de cada uma delas para a respectiva região em termos económicos, ambientais e sociais. Assim, a Fábrica de Cacia, produtora de pasta e energia eléctrica, gera um impacto económico muito significativo na região do Baixo Vouga, bem expresso, aliás, em índices como os 18% das exportações de carga convencional do Porto de Aveiro, os cerca de 1.700 postos de trabalho directos e indirectos na região, os € 107 milhões de exportações que representam 2% do PIB e 3% das exportações da região, ou ainda os 288 GWh de energia eléctrica renovável, cerca de 12% da produção nacional de biomassa. Esta unidade fabril tem também vindo a desempenhar um papel fundamental em áreas como a responsabilidade social e a minimização do impacto ambiental na sua operação, de que são exemplos os decréscimos de 67% de emissões de CO2 por produção desde 2002 ou de 11% do consumo de energia por produção desde 2007, bem como a redução de 25% do índice de frequência de acidentes de trabalho nos últimos três anos. Também a Fábrica da Figueira da Foz, produtora de pasta, papel e energia eléctrica, gera um forte impacto económico na região do Baixo Mondego,


Em destaque

a começar pelos cerca de 2500 postos de trabalho directos e indirectos criados na região e os cerca de 10.600 a nível nacional. Mas também pelos € 541 milhões de exportações representativos de 9% do PIB e de 39% das exportações da região, ou ainda pelos quase 100% das exportações de carga contentorizada do Porto da Figueira da Foz. De fato, esta fábrica contribui de forma directa ou indirecta com € 135 milhões para o PIB do Baixo Mondego e com € 1000 milhões para o PIB nacional. Relativamente à minimização do impacto ambiental, esta unidade fabril conseguiu, por exemplo, a melhoria da qualidade do efluente líquido por decréscimo de 62% da concentração de CB05 (Carência Biológica de Oxigénio) desde 2007, o decréscimo de 51% da emissão de CO2 por produção desde 2002, para além de ter investido € 3,5 milhões em projectos ambientais nos últimos cinco anos. Quanto à Fábrica de Setúbal, produtora de pasta, papel e energia eléctrica, é óbvio o seu contributo económico relevante para a região. Desde logo devido aos cerca de 2.600 postos de trabalho

directos e indirectos gerados na Península de Setúbal e cerca de 15.000 a nível nacional, mas também pelos € 555 milhões de exportações – 6% do PIB e 14% das exportações da região –, a que se junta quase metade (cerca de 44%) das exportações de carga contentorizada do Porto de Setúbal. Esta sofisticada unidade industrial contribui ainda, de forma directa e indirecta, com € 99 milhões para o PIB da região e com € 1,3 mil milhões para o PIB nacional, tendo também um desempenho destacado a nível ambiental e de responsabilidade social. Nestas áreas, salientem-se, por exemplo, os decréscimos de 62% do consumo de energia por produção desde 2007 e de 77% de concentração de partículas nos efluentes líquidos por produção desde 2002, para além da redução de 29% do índice de frequência de acidentes de trabalho nos últimos três anos. Em suma, este “retrato” qualitativo e quantitativo da realidade do “core business” do grupo Portucel Soporcel constitui um excelente instrumento de trabalho que facilitará a introdução de melhorias

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Em destaque

e de novas áreas de intervenção no quadro de um programa de expansão e internacionalização que está em marcha e que a empresa pretende aprofundar nos próximos anos.

INAPA premiada internacionalmente

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Inapa acaba de ser galardoada com quatro prémios, atribuídos por entidades nacionais e internacionais, que a destacam como a empresa portuguesa mais internacionalizada (Ranking de Internacionalização das Empresas Portuguesas 2015 do INDEG-IUL ISCTE Executive Education), com o melhor governo corporativo (The European Global Banking & Finance Awards 2015), a melhor estratégia de inovação e serviço ao cliente (Capital Finance Internacional), e como líder do ano na distribuição do papel a nível europeu (European Corporate Excellence Awards). “É com grande alegria que vemos a nossa empresa, que este ano cumpre cinco décadas de existência, a ser distinguida como a referência na distribuição de papel a nível europeu”, afirmou Diogo Rezende, CEO da INAPA. “Este é um motivo de grande orgulho para cada um dos 1400 colaboradores do Grupo, distribuídos por 9 países (Alemanha, França, Espanha, Portugal, Suíça, Bélgica, Luxemburgo, Turquia e Angola), pois premeia o excelente trabalho que a equipa tem vindo a desenvolver”. “Para alcançarmos esta meta, assentamos a nossa estratégia de internacionalização no firme compromisso de oferecer, aos nossos clientes, soluções inovadoras e um serviço de excelência, dando-lhes acesso a um conjunto alargado de soluções e recursos globais, que satisfazem as necessidades do seu negócio”. Sobre os prémios •E mpresa Portuguesa Mais Internacionalizada no Ranking de Internacionalização das Empresas Portuguesas 2015 do INDEG-IUL ISCTE Executive Education: analisa o processo de internacionalização das empresas portuguesas, e de que forma a sua gestão estratégica se adapta a diferentes ambientes culturais, tendo atribuído esta distinção pelo segundo ano consecutivo. •B est European Paper Merchant 2015,

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Best in Class for Client Satisfaction (melhor distribuidor europeu de papel e Excelência na satisfação ao cliente), do European Corporate Excellence Awards 2015: reconhece o knowhow, os resultados e a excelência do serviço ao cliente das empresas líderes a nível europeu. • Most Innovative Packaging Company Winner Europe 2015 (Empresa de embalagem mais inovadora na europa), do Capital Finance Internacional: distinguiu a Inapa Packaging, empresa de embalagens do Grupo Inapa, pela Inovação & Excelência das suas soluções. • Corporate Governance Company of the Year – Portugal (Empresa com melhor governo corporativo em Portugal) no ranking do The European Global Banking & Finance Awards 2015: reconhece as organizações, a nível europeu, que se destacaram pela sua transparência de comunicação e a adoção das melhores práticas de governo corporativo.

Nova fábrica de papel investe 30 milhões em Vila Velha de Ródão

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top dos incentivos às empresas do Portugal 2020 é, para já, liderado pela Paper Prime, a nova empresa do grupo Socigene/ Trevipapel SA nascido na Lousã (Coimbra) na década de 90. O projeto Paper Prime - Portugal Tissue Paper Mill é um investimento na ordem dos €35 milhões que receberá mais de €15 milhões de incentivos europeus para construção de uma nova fábrica de produção de papel tissue e criação, numa primeira fase, de 45 novos empregos diretos em Vila Velha de Ródão. A nova linha de tissue está programada para entrar em operação no último trimestre de 2016. Fundado em 1991 e sediado na Lousã, o Grupo Trevipapel é um fornecedor de produtos de higiene pessoal (AFH). Tem duas fábricas localizadas no centro do país, com uma capacidade de transformação de 20. 000 t/ano que vende em Portugal, Espanha, Europa Central, bem como, mais recentemente, em África e na América do Sul. A fábrica receberá pasta de eucalipto em forma líquida por um pipeline que a ligará à Celtejo (Grupo Altri).


Em destaque

A concretização do projeto foi atribuída à Toscotec, mediante um contrato “chave-na-mão”, cujo fornecimento incluirá a preparação de pastas, a máquina AHEAD-2.0S com cilindro secador em aço Yankee TT SYD de 16 pés, equipamento auxiliar, entre os quais a hote Milltech a gás, sistemas de vapor e condensados e de remoção de poeira, a eletrificação e sistema de controlo, a engenharia completa, a montagem e o arranque. Uma bobinadora TT WIND-H completará o fornecimento.

Portucel inaugurou duas unidades de produção nos complexos de Cacia e de Vila Velha de Ródão

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grupo Portucel Soporcel, terceiro maior exportador em Portugal e líder europeu na produção de papéis finos de impressão e escrita não revestidos (UWF), inaugurou os seus dois mais recentes investimentos concretizados nos complexos industriais de Cacia e de Vila Velha de Ródão, no valor global de € 95,3 milhões, tendo ainda anunciado um novo investimento de € 120 milhões a realizar até 2017, em Cacia, numa nova linha de produção de papel tissue. Este conjunto de projetos – a que se juntam, por exemplo, um investimento florestal verticalmente integrado em Moçambique no montante de € 2,1 mil milhões, bem como a construção de uma fábrica de pellets nos EUA no valor de cerca de € 100 milhões – integra o plano de expansão e diversificação de atividades do grupo Portucel Soporcel traçado para os próximos anos, prosseguindo o objetivo de assegurar o crescimento sustentado de uma cada vez mais importante multinacional de raiz portuguesa. Mais 20% de pasta em Cacia Em Cacia foi inaugurada uma expansão na área de produção de pasta de papel, projeto que resulta de um investimento de € 56,3 milhões e permitirá aumentar em € 30 milhões anuais as exportações do Grupo para mais de 120 países. Este investimento vem induzir um aumento de 20% da capacidade produtiva desta unidade fabril, que passa de 294 para 353 mil toneladas/ano de pasta de papel, verificando-se um incremento de produção de energia renovável de cerca de 9% para um total de 336,7 MW/ano. A expansão agora inaugurada determinou a criação

de dezena e meia de novos postos de trabalho diretos, potenciando ainda cerca de 290 postos de trabalho indiretos, nomeadamente nas áreas da silvicultura e da logística portuária/rodoviária. Durante o período de construção chegaram a estar recrutados 1520 trabalhadores externos. Sublinhe-se que esta intervenção em Cacia incorporou as soluções tecnológicas mais evoluídas sob o ponto de vista industrial e ambiental, sendo de salientar que, em termos ambientais, foram adotadas medidas inovadoras que incluíram a recolha, tratamento e incineração dos gases mal odorosos (17 quilómetros de tubagens estão associadas à recolha e tratamento deste gases); a montagem de um novo queimador no forno de cal existente; a instalação de um electrofiltro para o novo forno de cal; e a substituição parcial da utilização de fuelóleo por gás natural nos fornos de cal. Em termos concretos, alcançou-se, por exemplo, uma redução das emissões para a atmosfera dos gases mal odorosos resultantes do processo de fabrico, bem como a reutilização da água do processo produtivo, graças a uma nova torre de arrefecimento, com uma redução significativa do consumo. De referir que a construção das instalações e a montagem dos novos equipamentos decorreram com a fábrica de Cacia em plena laboração, exceto nos meses de Janeiro e Junho de 2015, quando foi necessário realizar intervenções em equipamentos existentes, bem como proceder à integração de novos equipamentos na instalação. Este projeto permitiu, em suma, a otimização do desempenho da fábrica de Cacia tendo em vista aumentar a fiabilidade das instalações e eliminar estrangulamentos em algumas áreas produtivas. AMS duplica produção Em Vila Velha do Ródão foi inaugurada a nova linha de produção de papel tissue da fábrica da AMS, adquirida pelo grupo Portucel Soporcel no início de 2015. Esta expansão, que resultou de um investimento de € 39 milhões, veio criar 70 novos postos de trabalho diretos e permite duplicar a capacidade produtiva da unidade fabril, potenciando o aumento das exportações em cerca de 40% e o crescimento do EBITDA em 72%. Com um volume de compras a empresas locais da ordem dos 40%, a nova fábrica viu a sua área coberta aumentada de 40.000 m2 para 70.000 m2, estando equipada com as mais modernas tecnologias também sob o ponto de vista ambiental,

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Em destaque

o que permitirá uma redução das emissões de CO2 em 22.000 toneladas/ano. Com esta nova linha de produção em Vila Velha de Ródão, o grupo Portucel Soporcel assume-se como um dos produtores mais competitivos da Europa no mercado de tissue, posição que pretende reforçar através do já referido investimento de € 120 milhões numa nova unidade produtiva em Cacia, a inaugurar em 2017, que terá uma capacidade nominal de 70 mil toneladas por ano, integrando uma capacidade de transformação em produto acabado equivalente. A máquina instalada é uma Toscotec AHEAD-2. OS, fruto da cooperação bem-sucedida entre o fornecedor italiano Toscotec e a AMS, pois a fábrica já possuía outra Toscotec AHEAD-2.0S, cujo arranque se verificou em 2009. Jose Miranda, Diretor de Produção de Tissue do Grupo PortucelSoporcel, comenta este importante resultado: "A nova MT2 ficou a funcionar a uma velocidade operacional de 1900 m/min apenas duas semanas após a data de arranque, produzindo tissue de alta qualidade e demonstrando, mais uma vez, a excelência e a experiência da Toscotec no fornecimento de complexos projetos "turn-key". A nova máquina inclui um cilindro Yankee TT SYD15FT.

Portucel Moçambique anuncia maior viveiro de plantas em África

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grupo Portucel Soporcel anunciou, no decorrer da visita do Presidente da República de Moçambique ao seu Complexo Industrial de Setúbal, que a Portucel Moçambique vai inaugurar o maior viveiro de plantas em África com uma capacidade inicial de 12 milhões de plantas/ano – número que poderá vir a ser duplicado já em 2016. As plantas deste viveiro são produzidas de acordo com as melhores práticas mundiais e representam um importante contributo da Portucel para o esforço de florestação que a empresa está a fazer em Moçambique. Foi para se inteirar da realidade do grupo Portucel Soporcel que o Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, acedeu ao convite para visitar o Complexo Industrial de Setúbal, onde lhe foi possível conhecer o moderno e sofisticado processo produtivo de um grupo que, para além de ser um dos maiores investidores

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estrangeiros em Moçambique, é líder europeu na produção de papéis finos de impressão e escrita não revestidos (UWF) e sexto a nível mundial, sendo também o maior produtor europeu, e o quinto a nível mundial, de pasta branqueada de eucalipto BEKP - Bleached Eucalyptus Kraft Pulp.

Chegada do Presidente da República de Moçambique ao complexo industrial: da esquerda para a direita, Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, Presidente do Conselho de Administração do grupo Portucel Soporcel, Pedro Queiroz Pereira, e CEO do grupo Portucel Soporcel, Diogo da Silveira.

Recorde-se que, no âmbito da sua estratégia de expansão internacional, o Grupo está a desenvolver, através da empresa Portucel Moçambique e em parceria estreita com o Banco Mundial, um importante projeto de investimento florestal verticalmente integrado, que culminará com a construção de uma fábrica de produção de pasta de celulose naquele país africano, um investimento de 2,6 mil milhões de dólares (2,37 mil milhões de euros). De facto, após a instalação da base florestal, a empresa irá construir até 2023 uma fábrica no País para o processamento de eucalipto em pasta de papel, beneficiando a balança comercial de Moçambique e contribuindo para o seu desenvolvimento industrial e agrícola. Este projeto florestal da Portucel Moçambique desenvolve-se nas províncias de Manica e Zambézia, numa área de 356 mil hectares, estando prevista a criação de sete mil postos de trabalho. Sendo um dos maiores negócios fora da indústria extrativa em Moçambique, este projeto terá um forte impacto no desenvolvimento do tecido empresarial e agrário das duas províncias, pois criará também um elevado número de postos de trabalho indiretos em empresas parceiras da Portucel Moçambique. Benefícios para as comunidades residentes A plantação florestal com fins industriais da Portucel


Em destaque

Moçambique acolhe um conjunto de regras de gestão que consideram, simultaneamente, aspetos económicos, sociais, técnicos, operacionais e ambientais, otimizando assim o uso dos espaços florestais e acrescentando valor para a sociedade como um todo. A criação da floresta nas zonas de Direito de Uso e Aproveitamento de Terra (DUAT) da Portucel Moçambique será feita de forma progressiva ao longo de 12 anos utilizando um modelo de mosaico, o qual permitirá partilhar o espaço e os benefícios do projeto com as comunidades residentes. A floresta da Portucel Moçambique irá ser criada em espaços que as comunidades e as famílias considerem adequados para tal proporcionando este modelo a manutenção dos espaços comunitários e o desenvolvimento de uma floresta sustentável. As árvores plantadas são provenientes de viveiros localizados junto aos DUAT da Portucel Moçambique e o transporte das plantas até às áreas de plantação é otimizado e reforça a utilização de mão-de-obra local. Refira-se que a Portucel Moçambique considera essencial o diálogo constante, o acordo e o bemestar entre a empresa e as comunidades residentes nas zonas de Direito de Uso e Aproveitamento de Terra (DUAT) do projeto.

Agradecimentos finais: Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, Presidente do Conselho de Administração do grupo Portucel Soporcel, Pedro Queiroz Pereira.

Como forma de assegurar que as boas relações existem e são permanentes, foi desenvolvido um Mecanismo de Gestão de Relações com a Comunidade que, através de vários instrumentos, irá criar, gerir, reforçar e monitorizar as relações das comunidades com o projeto. Para gerir a relação com as comunidades residentes na sua zona de DUAT e garantir que estes têm contacto quase permanente com os responsáveis pelo projeto, a Portucel Moçambique

formou equipas dedicadas à comunicação com as comunidades, que reúnem o conhecimento local às melhores práticas internacionais. Para além do Governo e das comunidades locais, a Portucel Moçambique tem também como parceiro institucional o International Finance Corporation (IFC), membro do Banco Mundial, o qual não só detém 20% do projecto desde Dezembro de 2014 como prestou consultoria no desenvolvimento de mecanismos de relação com as comunidades de padrão internacional. Presidente de Moçambique: fábrica da Portucel faz parte de estratégia de industrialização do país O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, afirmou, durante a visita à fábrica da Portucel em Setúbal, no âmbito da visita oficial que fez a Portugal, que a construção de uma fábrica da Portucel no país se insere na estratégia de industrialização do governo moçambicano. "Faz parte do ciclo da nossa governação a industrialização de Moçambique. Através deste projeto, na província da Zambézia e de Manica, onde as terras estão disponibilizadas, pretendemos - a partir da produção das próprias plantas e da fábrica que vai ser implantada promover o desenvolvimento", disse. Filipe Nyusi deixou claro que a industrialização de Moçambique constitui uma prioridade e que as autoridades moçambicanas vão ajudar a concretizar o projeto da Portucel, que, na fase inicial, representa mais de 7.000 postos de trabalho. "Um dos grandes problemas de Moçambique é o emprego. Através deste projeto vamos poder empregar milhares e milhares de moçambicanos, a partir da plantação. Como já vimos, são mais de 300 mil hectares a ser cultivados. É muita coisa para ocupar moçambicanos da província da Zambézia e da província de Manica", acrescentou. "A própria fábrica - imaginando que é da mesma dimensão desta, que tem aproximadamente 1.500 trabalhadores - acreditamos que terá o mesmo número ou mais trabalhadores. Isso no trabalho direto, porque no trabalho indireto poderão ser muito mais. E isto significa que mais de 45.000 pessoas podem ser assistidas através deste projeto em Moçambique", acrescentou ainda Filipe Nyusi. "O futuro da Portucel passa por Moçambique.

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Em destaque

O investimento é muito significativo, com uma etapa florestal, de 400 milhões de dólares (368 milhões de euros) e uma etapa industrial, com um investimento de 2,2 mil milhões de dólares", acrescentou Diogo da Silveira, que falava aos jornalistas no final desta visita. "É um projeto para uma geração. O retorno deste projeto são 25 anos. São precisos sete a oito anos para termos as florestas plantadas de forma adequada a poderem ser trabalhadas pelas nossas fábricas. E depois são cerca de 17 anos para rentabilizar o investimento", esclareceu o presidente executivo da Portucel. "Vamos conseguir construir o que nós pensamos que será a mais competitiva fábrica de pasta de papel, para produto entregue em Xangai (China). No nosso mercado os custos de transporte são muito importantes e Moçambique tem uma localização geográfica fantástica: está virado para o Oriente, nomeadamente para o mercado chinês, que é o mercado que mais cresce. É a construção de uma fábrica dirigida, totalmente, para o mercado chinês", acrescentou. Segundo Diogo da Silveira, além da fábrica de pasta de papel, que é o objetivo número um do projeto e que deverá ser construída daqui a seis anos, a Portucel também está em negociações com o governo de Moçambique para instalar uma ou várias centrais elétricas, à base de biomassa, de 50 megawatts cada uma. Questionado sobre a capacidade da rede ferroviária de Moçambique para dar resposta às necessidades da futura fábrica de pasta de papel, Diogo da Silveira disse que todo o projeto foi concebido tendo em conta as infraestruturas que já existem em Moçambique. "A rede ferroviária já cobre uma parte do território. A base do nosso plano assenta nas infraestruturas que existem hoje, Mas temos a expectativa, claramente, de que haja mais desenvolvimento e que a situação fique ainda mais facilitada, do ponto de vista económico, social e de segurança", disse o presidente executivo da Portucel.

A Valmet será o fornecedor da nova linha de produção da Renova

Papel Navigator lançou campanha “Volta ao Mundo em 80 Páginas”

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Valmet fornecerá uma linha de produção de tissue NTT Advantage e um sistema de automação para a Renova. A Renova será a primeira produtora europeia de tissue a investir

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na tecnologia Advantage NTT da Valmet para a produção de tissue texturado e liso. A nova linha, a ser instalada na fábrica de Torres Novas, na Zibreira, irá permitir a Renova aumentar a sua capacidade de produção de papel em 50%, prevendo-se o arranque para o final de 2016. "Estamos ansiosos para ver o resultado da combinação da inovação proactiva da Renova com a tecnologia Advantage NTT da Valmet. A sua flexibilidade permite infinitas possibilidades de produzir produtos de tissue com texturas especiais", disse Pereira da Silva, CEO da Renova. "A nossa tecnologia NTT Advantage ganhou uma forte posição na produção muito eficiente e flexível de tissues inovadores. Estamos muito satisfeitos por podermos apoiar a Renova a elevar os seus produtos de tecido para um novo patamar. Ficamos ansiosos para trabalhar com a Renova e tornar este projeto numa referência no mercado europeu de tissue", disse Jan Erikson, VP de Vendas Tissue, da Valmet. A nova máquina de papel tissue terá uma velocidade de 1 800 m / min no fabrico de tissue texturizado e 2.000 m / min no simples. A linha de produção será otimizada para economizar energia e fibra, bem como permitir novas possibilidades de diferenciação e o aumento da capacidade de produtos de qualidade premium. O fornecimento da Valmet compreenderá a linha completa de produção de tissue, incluindo uma máquina de tissue Advantage NTT, com uma caixa de chegada OptiFlo e um cilindro Yankee em ferro fundido. Também será apetrechada com a tecnologia Advantage específica para tissue, e uma hote AirCap com sistema de despoeiramento WetDust. A engenharia básica e de detalhe de toda a linha, a preparação completa de pasta e o sistema de ventilação também estarão incluídos na encomenda. Além disso, o fornecimento irá também incluir um sistema de automação Valmet ADN.

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s consumidores da marca Navigator, papel de escritório premium mais vendido em todo o mundo, tiveram a oportunidade de participar em mais uma magnífica campanha Internacional


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designada “Volta ao Mundo em 80 Páginas” – “Around the World in 80 Pages – Navigator Global Writing Contest”, uma iniciativa baseada na obra do famoso escritor francês Jules Verne intitulado “Volta ao Mundo em 80 Dias”. Nesta campanha da Navigator, lançada simultaneamente nos mais de 110 países onde a marca está presente, os participantes foram desafiados a escreverem uma página A4 (aproximadamente 2500 caracteres), sobre a viagem mais memorável das suas vidas, ilustrando o texto com um máximo de três imagens que ajudassem a transmitir as razões da sua escolha.

“A ideia foi fortalecer a imagem e notoriedade da marca Navigator como papel de escritório líder, através da interação com os consumidores e do apelo à sua criatividade utilizando o papel como um meio de expressar as suas emoções e experiências. Ao potenciarmos esta relação estamos também a comunicar o papel como o suporte de comunicação por excelência que perpetua a nossa história e as nossas memórias” explicou Ricardo Ferreira, Brand Manager da Navigator, reforçando que “esta campanha foi também um desafio às emoções dos consumidores reveladoras das viagens mais marcantes por si vividas que, através do papel, ficarão imortalizadas sobre a forma de um livro cujos autores são eles próprios.” Esta campanha visou também aumentar o apelo dos consumidores pela escrita, sobretudo criativa, reforçando a marca Navigator como o papel que está presente em todos os momentos mais importantes da vida dos consumidores. Tendo decorrido entre 13 de Outubro e 31 de Dezembro, esta promoção de “80 dias, 80 páginas, 80 histórias”, ofereceu um total de € 10.000 em vouchers de viagens para as 8 melhores histórias e uma câmara digital Canon para a melhor fotografia, sendo os vencedores anunciados a 1 de Março de 2016. Recorde-se que, desde 2004, a marca Navigator

tem premiado os seus clientes através de promoções globais, gerando um extraordinário envolvimento por parte dos consumidores. É o que se pretende com mais esta campanha, que quer voltar a surpreender os consumidores de papel Navigator com mais uma promoção criativa e inovadora.

Grupo Portucel Soporcel na Linha da Frente da Sustentabilidade

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omo espelho do seu compromisso com a construção de uma sociedade mais sustentável, o grupo Portucel Soporcel aderiu a uma importante iniciativa do World Business Council for Sustainable Development - WBCSD, organização líder a nível mundial na área da sustentabilidade empresarial.

Na qualidade de membro efetivo desta organização, o Grupo tem uma participação ativa no Forest Solutions Group - FSG, uma equipa do WBCSD inteiramente dedicada à partilha de soluções globais e boas práticas na fileira dos produtos florestais. Neste âmbito, o CEO do Grupo, Diogo da Silveira, participou no Council Meeting realizado em Paris, onde, em conjunto com os CEO´s das empresas que integram o FSG (ex: Fibria, StoraEnso, Unilever, IKEA, entre outras), formalizou a adesão aos princípios e responsabilidades dos membros deste grupo. Participaram, também, neste evento João Soares, Senior Consultant, que desempenhou, num período recente, as funções de representante do grupo Portucel Soporcel no WBCSD, destacandose a sua intervenção no FSG, e José Ataíde, Diretor de Sustentabilidade e atual Liaison Delegate do Grupo no WBCSD. O grupo Portucel Soporcel reafirma, desta forma, o seu compromisso com a gestão florestal sustentável e com uma cadeia de abastecimento

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e produção que não contribua para a desflorestação; reforçando o valor da sustentabilidade como parte integrante da estratégia do Grupo. A responsabilidade do Grupo Portucel Soporcel perante a sociedade passa também por ter uma presença ativa nos movimentos que, à escala global, lideram as soluções de negócio sustentáveis.

novação e Competitividade, o tema do 48º Congresso Internacional de Celulose e Papel, organizado pela ABTCP – Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel, foi posto em evidência por todas as autoridades que participaram de sua sessão de abertura. A pujança do setor, responsável por um superavit de R$ 60 bilhões em 2014, mostrou ser o rastilho necessário ao Brasil para a retoma do crescimento económico.

ingrediente para manter a indústria brasileira de celulose na vanguarda. “As nossas expectativas devem ser as melhores para enfrentar o atual momento de adversidade que estamos passando”, considerou. Juan Carlos Villar, presidente do Riadicyp –- Red Iberoamericana de Docencia e Investigación en Celulosa y Papel, que organiza um encontro em paralelo, salientou que “a parceria com a ABTCP reforça a divulgação da ciência e da tecnologia da celulose em toda a região.” Elizabeth Carvalhaes, presidente do The International Council of Forest and Paper Associations (ICFPA), por sua vez, fez um discurso centrado na grandeza do setor, expressa em números: “O Brasil ocupa o quarto lugar entre os maiores produtores de celulose do planeta e é o líder absoluto na fabricação de celulose de eucalipto no mundo”, afirmou. “Mesmo em um ano de crise, já tivemos 22% de crescimento na exportação dessa matéria em comparação ao mesmo período do ano passado. Estamos, cada vez mais, consolidando a nossa posição como a indústria de celulose mais sustentável do mundo”, enfatizou.

Sessão de abertura A sessão de abertura contou com as presenças de muitas individualidades, entre os quais o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro Neto, para além de outras autoridades governamentais, principais executivos do segmento, especialistas e técnicos de renome internacional. O evento ainda homenageou Erling Sven Lorentzen, o norueguês fundador e presidente da Aracruz Celulose que conduziu o Brasil à sua importância internacional ao apostar na pasta de fibra curta. Durante a abertura, Francisco Valério, presidente do evento, destacou que a capacitação técnica gerada pelas palestras que o compõem é o

Sessões temáticas O evento contou com sessões temáticas que desta vez tiveram uma grande participação de especialistas de renome mundial, destacando as mais recentes tendências do setor. Os temas das sessões foram Mercado, Tissue, Embalagens Inteligentes, Eficiência Energética e Biorrefinaria para a nova bioeconomia. Um dos destaques foi o tema Água, que tratou sobre as diversas discussões e experiências para superar a crise hídrica no País. A experiência de Portugal foi destacada nesta sessão por Marta Souto Barreiros, da CELPA - Associação da Indústria Papeleira de Portugal, que trouxe exemplos sobre o consumo específico de água com números representativos, similares aos casos brasileiros.

Brasil Congresso da ABTCP debateu a inovação e a competitividade

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Na ocasião, também foram abordados casos relevantes para a indústria, entre eles a gestão de recursos hídricos na indústria de pasta, da unidade de Jacareí, destacado por Umberto Cinque, da Fibria. Painéis Sempre com caráter inovador, o Congresso também foi marcado pelo evento inédito “Lideranças em Destaque – com a palavra, os presidentes”, que reuniu conhecidos líderes do setor para falarem sobre temas que traduzem o momento atual da indústria brasileira. O público presente pôde acompanhar as apresentações dos porta-vozes das companhias e entidades que posicionam o Brasil entre os principais fabricantes de pasta e papel do mundo.

“É uma honra para nós contarmos com a presença dos principais executivos do setor e uma oportunidade única para os visitantes da exposição”, afirmou Darcio Berni, diretor executivo da ABTCP. O público teve acesso de forma gratuita ao que há de mais moderno em termos de tecnologia, inovação e capacitação de pessoas por meio dessas palestras. Entre os participantes estiveram Marcelo Castelli, presidente da Fibria; Elizabeth Carvalhaes, da IBÁ; Walter Lídio Júnior, da CMPC; Sérgio Alípio, da Veracel; bem como de Júlio Piatto, da OJI Papéis; Paulo Brant, Cenibra; além de Walter Schalka, da Suzano e do membro do Conselho de Administração da Klabin, Horácio Lafer Piva.

Jantar Outro ponto alto do evento foi o tradicional Jantar de Confraternização. Além da entrega do Prêmio Destaques do Setor 2015, concedido pela ABTCP àquelas companhias que de alguma forma melhoraram ou implementaram processos, produtos ou serviços, bem como soluções oferecidas aos seus clientes no mercado, o momento também foi de homenagens aos associados honorários, técnicos com relevantes contribuições técnicas para o desenvolvimento do setor e pelos serviços voluntários prestados à ABTCP. Este ano, Francisco Razzolini, Lairton Leonardi e Sarkis Arakel Aprahamian foram os homenageados.

Exposição A tradicional Exposição Internacional de Celulose e Papel, que ocorreu em paralelo com o Congresso, reuniu mais de 100 expositores nos pavilhões do Transamérica Expo Center. O evento foi uma oportunidade única de relacionamento com os principais fornecedores e fabricantes do

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setor, além de aproximar clientes e parceiros ao concentrar, num mesmo local, empresas nacionais e internacionais que trabalham em toda a cadeia produtiva de pasta e papel. Uma das novidades da Expo 2015 foi a exposição do CCT – Centro de Capacitação Técnica móvel da ABTCP com foco em eficiência energética e redução de custos de manutenção. O CCT é um projeto inovador que tem como objetivo levar a capacitação técnica a todo o Brasil.

Fibria conclui a contratação de mais serviços para a expansão da unidade de Três Lagoas (MS)

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Fibria, empresa brasileira de base florestal e líder mundial na produção de celulose de eucalipto, fechou, junto à White Martins, a instalação de uma unidade de geração de oxigénio para o seu Projeto Horizonte 2, que prevê a ampliação da linha de produção de celulose na sua unidade de Três Lagoas (MS). A unidade terá capacidade de gerar 130 toneladas de oxigénio por dia e será interligada à já existente, que abastece a linha de produção atual, garantindo um adicional de 30 toneladas por dia à capacidade de produção prevista para a nova linha. “O uso do oxigénio é fundamental no nosso processo de pré-branqueamento da celulose, garantindo a oxidação da lignina, responsável pela tonalidade escura da polpa de celulose”, explica Júlio César Rodrigues da Cunha, diretor de engenharia e projetos. A nova unidade de geração de oxigénio terá gestão, operação e manutenção realizadas pela sua proprietária, a White Martins. As obras do Projeto Horizonte 2 já começaram e seguem dentro do cronograma. No dia 30 de outubro foi realizado o lançamento da primeira pedra da expansão, que deve entrar em operação no último trimestre de 2017. Considerado um dos maiores investimentos privados do país, com investimento aumentado recentemente para R$ 8,7 bilhões, o projeto de expansão da Fibria irá gerar, ao longo das obras, 40 mil postos empregos e, ao final do projeto, 3 mil postos de trabalho diretos

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e indiretos. A Unidade de Três Lagoas (MS) terá a sua capacidade de produção aumentada em 1,75 milhão de toneladas de pasta/ano, chegando a 3,05 milhões de toneladas de pasta/ano.

Suzano Papel e Celulose inicia produção de fluff de fibra curta

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Suzano Papel e Celulose iniciou no dia 18 de novembro passado a produção de pasta fluff de fibra curta, batizada de Eucafluff, o que é também a primeira produção de pasta fluff no Brasil. O investimento de R$ 30 milhões, anunciado em maio de 2015, marcou ainda a entrada da empresa neste segmento, com capacidade de produção inicial de 100 mil toneladas/ano. A produção está concentrada na Unidade Suzano, em São Paulo, por meio da modernização de uma máquina de papel de escrita e impressão e já possui a certificação Forest Stewardship Council® (FSC® - C010014). “O que estamos propondo é uma quebra de paradigma. Na década de 50, produzir papel com fibra curta era algo improvável. Queremos agora avançar também no segmento fluff”, explica Ernesto Pousada, diretor executivo de Operações da Suzano Papel e Celulose. A celulose fluff garante a absorção e a retenção de líquidos em produtos como fraldas descartáveis e absorventes, por exemplo. No caso do Eucafluff, testes demostraram potencial de substituição de fibras de 70% para absorventes e 30% para fraldas. Em relação à performance, uma das vantagens da nova fibra é o menor consumo de energia no processamento e desfibramento. “Já temos sete clientes homologados e bastante satisfeitos com o desempenho do produto”, acrescenta Alexandre Corrêa, gerente executivo de Novos Negócios da Suzano Papel e Celulose. Essa nova área de atuação está dentro do pilar estratégico de negócios adjacentes da empresa, que busca novas aplicações para a celulose de eucalipto e, com isso, diversifica os produtos da companhia. Fazem parte desse pilar a produção de lignina e a entrada no segmento de tissue, este último, anunciado recentemente.


Tecnologias Previsão do comportamento do papel, cartão e cartão canelado antes do processo de colagem, impressão e de aplicação de revestimento* * emtec Electronic GmbH 04347 Leipzig www.emtec-papertest.com

1. A especificação do papel e do cartão O papel, cartão e cartão canelado são geralmente transformados (colados, impressos ou revestidos) para garantir a qualidade final do produto. Para uma boa maquinabilidade, durante a finalização ou processo de transformação, algumas especificações serão exigidas ao fornecedor. Normalmente problemas na transformação ocorrem por razões que os testes não conseguem explicar.

2. Problemas transformação acontecem

no processo de e razão porque

É necessário saber quais os parâmetros relevantes para o processo de transformação, medi-los e ter a compreensão em detalhe do processo de transformação do papel. Os principais problemas encontrados são colagem, impressão e aplicação de tinta no papel, papel e cartão canelado. Simplificando, o processo de colagem, impressão e aplicação de revestimento pode ser descrito em três fases (fig. 1).

Fig. 1: Ilustração esquemática do processo de colagem, impressão offset, aplicação de revestimento e de adesivo na superfície de papel, cartão e cartão canelado.

2.1. Fase I do processo de transformação Na Fase I, um líquido (um adesivo, tinta de impressão ou revestimento) é aplicado na superfície do papel. Durante o processo, parte do líquido aplicado é empurrado para dentro da estrutura do papel. Isso ocorre em maior ou menor quantidade devido à pressão exercida pelo nip aplicador (ocorre em milissegundos ou segundos), dependendo a penetração da porosidade da superfície do papel. Outros fatores que influenciam a penetração são a configuração da unidade aplicadora, a velocidade da máquina, as

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Tecnologias

características reológicas do líquido aplicado (que não serão tratados aqui). Os problemas no processo de transformação podem ocorrer devido à porosidade inadequada do papel causada, por exemplo, por altas ou baixas dosagens de amido na size press ou pela qualidade/refinação das fibras. O ajuste da máquina transformadora é definido pelo papel (tem que ser adequado à quantidade e reologia do líquido aplicado na estrutura porosa da superfície). Os problemas ocorrem quando os poros da superfície do papel mudam (ficam maiores ou menores), como, por exemplo, a aplicação de pouca cola numa estrutura de poros grandes ou uma absorção lenta do veículo da tinta. Esses problemas podem resultar na destruição da ligação (as abas não colam ou problemas na impressão). 2.2. Fase II do processo de transformação Na Fase II, a água ou a emulsão (processo de impressão offset) serão transportadas da superfície do papel para o interior da sua estrutura. Isso ocorre de milissegundos a segundos e irá depender da colagem superficial/hidrofobicidade (se o líquido utilizado tiver base água). Os problemas no processo de transformação podem ocorrer devido a uma colagem superficial inadequada causada, por exemplo, por uma quantidade alta ou insuficiente de agente hidrofóbico (amido de massa). Se a hidrofobicidade/colagem superficial muda, a velocidade do transporte desta água (considerando a mesma quantidade água em superfícies com hidrofobicidades diferentes) será diferente, o que pode resultar numa não colagem do material.

padrão de teste que são a base da especificação do papel. Nos próximos itens descreveremos porquê estes testes não fornecem a informação necessária ou, algumas vezes, equivocadas para explicar os problemas na transformação. Uma comparação destes testes com o sistema PDA.C02/EST12 serão apresentados. A Emtec Electronic GmbH desenvolveu os sistemas modulares PDA.C02 (analisador de penetração dinâmica) e o EST12 (teste de superfície e colagem) para determinar as características do papel a ser transformado. 3.1. Determinação da porosidade da superfície 3.1.1. Teste Bendtsen A fig. 2 mostra a estrutura de poros, simplificada, do papel na direção z (do lado teia para o lado feltro). No teste Bendtsen, o fluxo de ar que passa pelo papel, na direção z, é determinado pela área total dos poros (pequenas áreas). Portanto, os valores de Bendtsen são iguais para os dois lados do papel mesmo estes possuindo estrutura de poros completamente diferentes (como mostra a fig. 2). Este método padrão não fornece informações sobre qual é a estrutura dos poros da superfície do papel.

2.3. Fase III do processo de transformação Na Fase III, ocorre o processo de secagem ou de fixação por oxidação (offset). Durante o processo de colagem isso significa que a adesão final ocorre por meio de pontes. Isso pode levar desde minutos a algumas horas, mas para a aplicação de revestimento isso ocorre em segundos.

3. A falta de capacidade dos métodos tradicionais para a resolução dos problemas Como descrito no capítulo 1, há vários métodos

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Fig. 2: Exemplo esquemático da distribuição dos poros, na superfície do papel, na direção z e do fluxo de ar passando pela estrutura nos dois lados do papel.

3.1.2. Análise no PDA.C 02 / EST 12 A medição com PDA.C 02 / EST12 pode fornecer a informação correta sobre a real estrutura de poros da superfície do papel, cartão e cartão canelado. Para caracterizar a estrutura dos poros, o equipamento mede a variação da transmissão do ultrassom, durante a penetração do líquido


Tecnologias

na amostra (para medição de poros é utilizado isopropanol 16% e o algoritmo T95% - ponto onde o sinal de ultrassom é atenuado em 5%). O teste no PDA.C 02 / EST12 mostra as diferenças entre os dois lados da amostra (fig. 2 e fig. 3). A primeira curva da fig. 3 mostra o comportamento de uma estrutura com poros de tamanhos grandes e a segunda curva mostra como a solução de isopropanol penetra numa estrutura com poros de tamanho pequeno.

Fig. 3: Caracterização da estrutura de poros da superfície de uma amostra utilizando PDA.C 02 / EST12 e uma solução de isopropanol 16% como líquido de teste.

3.2. Determinação da hidrofobicidade/ colagem da superfície 3.2.1. Cobb No caso da fig.4, a amostra 1 possui alta colagem superficial e baixa colagem interna, já a amostra 2 possui baixa colagem superficial e alta colagem interna (característica que o Cobb não mostra). De acordo com as diferentes colagens, a dinâmica da penetração da água na amostra 1 é diferente da amostra 2. Na amostra 1 a penetração inicial é lenta (alta colagem superficial) e depois mais rápida (baixa colagem interna). Já na amostra 2 é o oposto. A fig. 4 mostra o curso da penetração da água como um “diagrama de absorção”. A área abaixo da curva é a medição da quantidade de água que pode ser absorvida em 60 seg. Mesmo a colagem sendo tão diferente, depois dos 60 seg. a mesma quantidade de água absorvida

é medida em ambas as amostras (Cobb 60) de forma errónea, indicando que as duas amostras têm a mesma qualidade. O Cobb não fornece a informação, separadamente, da colagem superficial e da colagem interna (isso porque só fornece valores médios).

Fig. 4: Ilustração esquemática da velocidade de absorção de água em duas amostras diferentes mas que possuem o mesmo Cobb.

3.2.2. Análise no PDA.C 02 / EST 12 A medição com o PDA.C 02 / EST12 fornece a informação correta sobre a hidrofobicidade/ colagem determinando o tempo no ponto MAX (tempo onde ocorre a máxima transmissão do sinal do ultrassom) utilizando água como meio de teste. A comparação das curvas de duas amostras medidas com o analisador EMTEC

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seja, 95% de sua amplitude) após o contato inicial (ponto 0) usando uma solução de isopropanol (fig. 6). A hidrofobicidade/colagem da superfície é determinada pelo parâmetro MAX (tempo para atingir o ponto máximo da curva) usando água como líquido de teste (fig. 7)

Fig. 5: Caracterização da colagem superficial/ hidrofobicidade com o PDA.C 02 / EST12, usando água como meio de teste

mostra a diferença na colagem superficial e colagem interna. Um ponto MAX mais demorado mostra que a amostra 1 tem a superfície mais hidrofóbica/colada e uma colagem interna menor enquanto na amostra 2 é o oposto.

4. Aplicação da técnica de medição do PDA.C 02 / EST12 para solucionar problemas na transformação O sistema de medição PDA/EST permite a medição de parâmetros do papel importantes para o processo, de forma extremamente fácil e eficiente. Este princípio de medição inovador é baseado na dinâmica de passagem do ultrassom através do papel durante a absorção do líquido. Como ocorre no processo, a medição da interação entre o líquido de teste e a superfície da amostra ocorre nos primeiros milissegundos (importante para a caracterização da porosidade da superfície). A escolha do líquido de teste e o parâmetro de medição apropriado são importantes para fornecer a informação correta.

Fig. 6: Caract. da estrutura de poros da superfície

Os poros da superfície são caracterizados utilizando o parâmetro t95 (tempo onde a curva de transmissão de ultrassom é atenuada em 5%, ou

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Fig. 7: Caract. da hidrofobicidade da superfície

Caracterização do revestimento (CaCO3) do papel e cartão: No processo de impressão, os pigmentos (CaCO3) usados no revestimento podem não estar fixos adequadamente pelo ligante no papel e podem ser arrancados. A concentração do ligante também influi na porosidade da superfície e, consequentemente, na absorção de óleo e tinta. Os sistemas PDA.C 02 / EST12, além das medições da estrutura de poros e colagem, também podem caracterizar a concentração de ligante no revestimento do papel, usando ácido acético como líquido de teste.

5. Exemplo de aplicação Os dois exemplos seguintes são evidências que descrevem o problema da falta de informação suficiente ou errada fornecida pelos métodos padrão. O primeiro exemplo refere-se a um teste no revestimento de cartões (fabricados na mesma empresa e com a mesma qualidade). Os dois carretéis analisados possuíam os mesmos valores de Bendtsen e Gurley, porém o revestimento de um deles apresentou problemas sem razão aparente. Com o auxílio do PDA.C 02 / EST12 foi possível descobrir uma diferença (17 vezes) na estrutura de poros (fig. 8). A razão disso foi que o carretel 2 (t95 = 1,283 s) tinha os poros da superfície extremamente fechados enquanto o carretel 1 (t95 = 0,074 s) apresentou uma estrutura de poros mais aberto e falhas no revestimento.


Tecnologias

Fig. 8: Exemplo da caracterização da estrutura de poros do revestimento do papel base com PDA.C 02 / EST12

No segundo exemplo, um problema de colagem foi identificado por um produtor de cartão. Apesar dos cartões terem desempenho distintos na colagem, o Cobb 60 deles era igual. O sistema PDA.C 02 / EST12 possibilitou entender por que isso ocorreu (fig. 9). A diferença entre os cartões é de aproximadamente 7 vezes na colagem superficial. O tempo para penetração da água na superfície do testliner 1 (MAX = 5,479) é maior que no testliner 2 (MAX = 0,807), porém a colagem interna é praticamente a mesma (por isso os valores de Cobb iguais).

Fig. 9: Exemplo da caracterização da hidrofobicidade da superfície com PDA.C 02 / EST12

6. Procedimentos na medição e nas aplicações Para um produtor de papel, cartão e cartão canelado obter bons resultados no seu processo, deverá obter, primeiramente, informações detalhadas sobre os problemas que ocorrem no processo de transformação.

O segundo passo será fazer medições das amostras com o PDA.C 02 / EST12 e correlacionar os resultados com a informação vinda do processo de transformação. A porosidade da superfície, assim como a hidrofobicidade, têm de ser verificadas. O terceiro passo será, quanto possível, preparar um banco de dados com amostras consideradas boas/médias/más e comparar os resultados do PDA/EST das amostras. Isso fornecerá as especificações necessárias para garantir o controlo de qualidade, controlo do processo e eliminar reclamações dos clientes (internos ou externos). Com o sistema PDA/EST consegue-se otimizar o produto e/ou o processo sem perdas na máquina, gerando uma economia de tempo, dinheiro, material e mão-de-obra.

7. Conclusões e perspetivas Os testes Bendtsen/Gurley e Cobb são procedimentos padrão que veem sendo utilizados, há muito tempo, na indústria de papel. Todas as especificações são baseadas nestes equipamentos e os clientes/transformadores solicitam esses valores. Contudo estas especificações não garantem o bom desempenho na transformação e, a médio e longo prazo, as especificações baseadas nestes métodos conhecidos não sinalizarão os problemas encontrados. O PDA/ EST é uma grande oportunidade de melhorar a especificação técnica dos produtos e prever a qualidade real da transformação. Com a ajuda desta nova tecnologia os defeitos serão identificados no controlo de qualidade, antes da entrega dos produtos, evitando reclamações e melhorando, assim, a satisfação do cliente e reduzindo os custos com mais mão-de-obra e devoluções. Na otimização do produto/processo o equipamento permite o controlo de parâmetros relevantes, melhorando assim a qualidade do produto e reduzindo custos de produção.

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Tecnologias Poupança de energia com a utilização de sistemas de vácuo e soluções de drenagem da Runtech

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Runtech é o fornecedor dos sistemas de vácuo Ecopump Turbo™ para a indústria de fabricação de papel, uma tecnologia revolucionária que permite uma economia substancial de energia nos custos totais de energia no sistema de vácuo. Para além dos sistemas de vácuo, a Runtech é também um bem conhecido fornecedor de diferentes tipos de soluções para a drenagem de água, tanto na mesa de fabricação, como na secção de prensas de qualquer tipo de máquinas de pasta, papel, cartão e tissue.

Figura 1. Ecopump compacta EP500-700-S Turbo e a nova geração do separador de água Ecodrop.

Porque devemos otimizar os sistemas de vácuo e de drenagem na indústria de papel? Na indústria de fabrico de papel, é necessário vácuo para extrair a água da teia, para limpar as teias e os feltros e para controlar a folha na teia da máquina de papel. Cada elemento de vácuo na máquina, tais como as caixas aspirantes e o rolo aspirante, precisa de uma certa capacidade de vácuo e de caudal. A capacidade necessária, na verdade, muda de acordo com a vida e tipo dos feltros, tipos de papel, gramagens, velocidade da máquina, etc. As bombas de anel líquido tradicionais e os ventiladores de velocidade

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fixa não se podem adaptar às necessidades dinâmicas de vácuo e de caudal, daí resultando sempre desperdício de energia, que, em alguns casos, pode ser enorme. Para além da água, existem sempre diferentes tipos de fibras e de produtos químicos, cargas e aditivos no ambiente da fabricação de papel. Se não forem separados completamente, esses produtos químicos, juntamente com fibras, finos e água, vão acumular-se nas tubagens das bombas e rotores e irão corroer as bombas, e, eventualmente, reduzir a eficiência ou mesmo causar danos nas bombas de vácuo. A produção de pasta, papel e tissue é uma atividade industrial de grande consumo de água e energia. A poupança e o uso sustentável de energia e água estão altamente relacionados com a rentabilidade e a competitividade dos produtores. É evidente que os fabricantes de papel com menor consumo de energia e de água serão mais competitivos numa intensa competição a nível global. É por isso que se deve tentar otimizar sempre o consumo de energia e de água. Sem dúvida, o sistema de vácuo numa máquina de papel, que consome 15 a 30% do total de energia da máquina de papel e enormes quantidades de água, deve ser o primeiro numa lista de otimizações.

Sistema de vácuo Runtech auditorias de drenagem

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Como mencionado anteriormente, a necessidade de vácuo varia de acordo com os diferentes tipos de papel, feltros e velocidades de máquina, portanto, uma solução feita à medida com capacidade flexível e variável pode equilibrar a


Tecnologias

oferta e a procura, daí resultando uma drenagem otimizada e um consumo de energia minimizado. Por essas razões, a Runtech oferece aos seus clientes serviços profissionais de aconselhamento e auditorias aos sistemas de vácuo e de drenagem. Os engenheiros da Runtech, ao longo dos últimos 20 anos, conceberam milhares de diferentes tipos de sistemas de vácuo e efetuaram estudos de drenagem e auditorias na indústria do papel. Os resultados desses estudos e auditorias, em conjunto com os resultados das medições on line, em tempo real, da drenagem com os Ecoflow™, dão as informações necessárias sobre a condição dos equipamentos de drenagem, elementos de aspiração, teias e feltros.

Figura 2. O estudo no local do sistema de vácuo é a chave para a otimização bem-sucedida da energia e da drenagem. Depois do estudo, o retorno do investimento pode ser calculado de forma precisa e a poupança de energia é sempre garantida.

Sistemas de vácuo Ecopump Turbo™ para novos projetos e remodelações Com base nas auditorias dos sistemas de vácuo, a Runtech pode fazer recomendações sobre os sistemas de vácuo Ecopump Turbo™. A Ecopump Turbo™ é a primeira bomba de vácuo de velocidade variável e de capacidade variável de vácuo que faz com que seja fácil combinar as necessidades de vácuo e de caudal para uma determinada posição, num determinado período de tempo. Com o Ecoflow™, pode facilmente identificarse os níveis de vácuo e caudal exatos que levam à secura maximizada folha com menos quebras,

melhores perfis e menor consumo de energia, numa determinada posição e num determinado período de tempo. Desta maneira, os fabricantes de papel podem economizar 30 a 70% de energia em comparação com as bombas tradicionais de anel líquido. Além da economia de energia significativa, a Ecopump Turbo™ é um sistema de vácuo totalmente isento de água. Uma remodelação do sistema de vácuo para o sistema Ecopump Turbo™ pode ser feita durante a paragem normal da máquina ou até mesmo durante a sua operação, de modo a evitar perdas desnecessárias motivadas por paragens extraordinárias. Poupanças adicionais podem ser alcançadas a partir da recuperação de calor porque a temperatura dos gases de escape da Ecopump Turbo™ pode chegar aos 160 graus, o que torna possível aquecer as águas de processos e / ou para fazer economias no uso de vapor.

Figura 3. Exemplo de remodelação: Dois turbos série EP500 substituem 6 bombas de vácuo tipo BE.

Considerando uma análise cuidadosa dos depósitos e problemas de corrosão por água, fibras, finos, produtos químicos, etc, o separador Runtech EcoDrop™ foi especialmente desenvolvido para os separar efetivamente garantindo uma produção de vácuo eficiente e efetiva. O processo RunEco™ típico para um projeto de remodelação do sistema de vácuo com vista à otimização e economia de energia é:

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Tecnologias

O processo RunEcoTM típico para um novo projeto de poupança de energia é:

Soluções de drenagem e de raspas na fabricação de papel Demasiada água na folha de papel origina uma baixa secura depois das prensas e, portanto, um maior consumo de energia na secaria. Maximizando a secura depois da teia e da secção de prensas, melhora a eficiência da máquina de papel e reduz o consumo de energia na secagem. Um sistema de raspas otimizado e a funcionar bem contribui em grande escala para a eficiência da drenagem e sequente maximização da secura depois das prensas.

Hoje, não só em máquinas de alta velocidade, mas também nas máquinas de papel e cartão de velocidades baixa e média, a combinação da drenagem no nip com o trabalho das raspas está a tornar-se uma solução cada vez mais utilizada para a obtenção de maior secura, economia de energia e melhor perfil. Em resumo, a drenagem e o trabalho das raspas não só estão relacionados com o consumo de energia, mas também têm um enorme efeito sobre a operacionalidade de toda a máquina, a eficiência e a rentabilidade, bem como nos perfis da folha. Por isso, um sistema de drenagem e de raspas bem concebido e eficiente é muito procurado.

Figura 5. Otimização da drenagem dos feltros utilizando medidas com o Ecoflow. A drenagem total nos feltros aumentou 10%, enquanto que o vácuo baixou de -42kPa para -30 kPa.

Figura 4. Todos os caudais de água da mesa de formação e da secção de prensas podem ser medidos utilizando o sistema Ecoflow.

É generalizadamente aceite que a drenagem no nip é a maneira mais eficiente e económica para extrair a água nas prensas. No entanto, com o fim de obter o benefício integral da drenagem no nip, as raspas e as caleiras da seção de prensas precisam de ser devidamente desenhadas para lidar com o aumento dos caudais de água. É também muito importante que os rolos das prensas tenham um alto volume de ranhuras ou furos para facilitar a passagem de um caudal maior de água e permitirem que a água seja removida desses espaços vazios.

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pasta e papel - Outono 2015

A Runtech é um dos principais fornecedores para a instalação de soluções de drenagem e sistemas de raspas para todos os tipos de máquinas de pasta, papel, cartão e tissue. Em muitos casos, as soluções da Runtech podem levar a um aumento de 1-3% na secura após as prensas, o que economiza uma quantidade considerável de energia na secaria (4-12% menos de vapor). A Runtech está a combinar o seu conhecimento da fabricação de papel com o de materiais e tecnologias emergentes que estão bem representados nas suas mais recentes soluções de drenagem e de otimização do trabalho das raspas. Com uma grande capacidade de produção de compostos de carbono, ar comprimido e gestão de vácuo, a Runtech desenvolveu a tecnologia


Tecnologias

exclusiva AirBlade™ para melhorar a limpeza dos rolos, secura da folha e perfis da folha. Com o fim de obter todos os benefícios do aumento da drenagem, são necessárias a sua monitorização on-line, uma descarga de água eficiente e a prevenção do rehumedecimento (rewet). A caleira e a dupla raspa do Runtech Ecoflow™ podem responder perfeitamente a essas necessidades. Com a sua grande experiência na fabricação de materiais compostos, a Runtech pode fornecer soluções compactas, confiáveis e quase sem manutenção, mesmo nas posições mais difíceis. O suporte de raspa CompoAdapt™, a viga CompoDoc™ e a lâmina WingBlade™ são as mais recentes inovações. O processo típico para um projeto de otimização da drenagem e das raspas é:

Figura 6. ESQUERDA – A otimização das raspas na secção de prensas deu a possibilidade de otimizar os níveis de vácuo. Caleiras bem desenhadas e raspas apropriadas minimizam a rehumidificação, a formação de depósitos e a vaporização. DIREITA – O sistema Ecoflow é barato e fácil de montar. Ar ou espuma misturados com água não causam perturbações nas medidas, sendo a sua gama muito vasta.

Um apropriado sistema de vácuo e de eficientes raspas como soluções de drenagem para a parte húmida e secaria é a base fundamental para a boa eficiência energética e para a produção de pasta, papel, cartão e tissue a baixo custo. n

pasta e papel - Outono 2015

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Tecnologias Conversão do Filtro de Licor Verde ClariDisc em Filtro de Licor Branco* * Autores: - John Johnson, Product Technology Manager, john.johnson@valmet.com; - Rui Vinhas, Mill Sales Manager, rui.vinhas@valmet.com

E

m 2007 a CELBI adquiriu o primeiro filtro de Licor Verde ClariDisc fornecido pela FLSmidth. Este era um filtro pressurizado destinado a processar Licor Verde. Também incluía um sistema integrado de arrefecimento do Licor Verde por intermédio de um permutador de calor entre o Separador de Licor Verde e o compressor que induz a filtração. Esta foi, na altura, uma inovação a nível industrial.

O Filtro de Licor Verde ClariDisc foi uma evolução feita a partir do Filtro de Licor Branco ClariDisc. Os filtros de discos de Licor Branco foram os primeiros a ser introduzidos no mercado sendo seguidos pelos filtros de Licor Verde através do fabricante Hedemora. No que respeita ao filtro em si, o filtro de Licor Verde é na verdade um Filtro de Licor Branco equipado com um veio central mais robusto, raspadores com um curso mais longo e a possibilidade de descarregar sólidos secos. Operar um Filtro de Licor Verde ClariDisc como Filtro de Licor Branco não supõe, portanto, grandes dificuldades. As alterações mais importantes levadas a cabo na conversão foram:

Photo 1: Filtro de Licor Verde ClariDisc convertido em filtro de Licor Branco

Ao longo dos seus anos de funcionamento, este equipamento abasteceu à fábrica Licor Verde filtrado de uma forma estável e com uma temperatura controlada. No entanto, sucessivos aumentos de capacidade levaram o FiLtro de Licor Branco ClariDisc ao limite da sua capacidade. A CELBI tomou então a decisão de converter o seu Filtro de Licor Verde ClariDisc, de forma permanente, em Filtro de Licor Branco. Ambos os filtros estão equipados com discos de 3,0 m de diâmetro, no entanto o Filtro de Licor Verde ClariDisc tem instalados 16 discos em comparação com os 8 discos do Filtro de Licor Branco ClariDisc.

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pasta e papel - Inverno 2015

• Eliminação da possibilidade de descarregar sólidos secos. Esta função não é necessária num Filtro de Licor Branco. • Eliminação da possibilidade de arrefecer licor/ filtrado. O Licor Verde pode necessitar ser arrefecido de forma a controlar a temperatura no apagador de cal, ao contrário do Licor Branco que tem de permanecer quente. • Todos os bicos dos chuveiros foram revistos e substituídos devido à necessidade de produção de Licor Branco em contínuo. • As válvulas desnecessárias foram removidas. • Elementos auxiliares tais como bombas, motores e o compressor foram revistos de forma a garantir a produção de Licor Branco. • Foram também introduzidas algumas alterações na sequência de operação, mais uma vez focadas na produção de Licor Branco. Uma vez feita a conversão, o arranque do filtro, agora dedicado a produzir Licor Branco, foi


Tecnologias

bastante simples. Como Filtro de Licor Verde, era necessário a criação de uma pré-camada, sendo essa operação feita enquanto se gerava Licor Branco. A parte mais interessante da conversão é que este filtro está agora confortavelmente dimensionado para a capacidade necessária ao contrário de qualquer outro Filtro de Licor Branco no mundo, tem raspadores com um longo curso e com um controlo de posição bastante preciso. Claramente o filtro apresentava a capacidade suficiente, mas as navalhas dos raspadores contribuíam para um maior tempo de vida da précamada. Tipicamente, a pré-camada neste tipo de filtros de Licor Branco dura entre 8 a 10 horas. Algumas pré-camadas, à medida que a fábrica aumentava produção, apresentaram um tempo de

Photo 2: Filtro, com o separador e condensador em fundo

vida de vários dias. Atualmente, o tempo de vida da pré-camada é de 1 a 2 dias, estando em curso trabalho de otimização.

pasta e papel - Inverno 2015

No de

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Estatísticas ASPAPEL: Retoma do crescimento na indústria de papel espanhola e abertura de um novo ciclo de investimentos A indústria de papel espanhola teve um renovado crescimento no segundo trimestre de 2015 (4,6% em abril e 5,7% em maio), após a recuperação do consumo em 2014, abrindo um novo ciclo de investimento, de acordo com os dados da ASPAPEL. «Somos indústria e reivindicamos para a indústria um papel muito importante na economia real, gerando valor e riqueza adicional, criando postos de trabalho, investindo e inovando», afirma Eduardo Querol, presidente da ASPAPEL (Associação Espanhola dos Fabricantes de Celulose e Papel).

Aumenta o consumo de papel A recuperação tão esperada do consumo de papel em Espanha teve lugar em 2014, com um aumento de 2,8%, o que é duas vezes o crescimento do PIB espanhol e o triplo da média de crescimento do consumo de papel na UE (0,9%).

Além disso, o consumo de papéis gráficos (papel de jornal e descrita e impressão), que tinham caído mais durante a crise económica, aumentou 3,3%. Um aumento de 4,6% foi registado nos papéis especiais. Após o recorde de 7,9 milhões de toneladas em 2006, o consumo de papel em Espanha começou a declinar, o que resultou numa redução de 1,8 milhões de toneladas (-23%) ao longo da crise. A Espanha é o quinto maior mercado de papel e cartão na UE, precedido por Alemanha, Reino Unido, Itália e França.

A indústria de papel abre um novo ciclo de investimentos Investimento está a regressar firmemente na indústria de papel, com crescimento de 23% em 2014. Em toda a UE, os investimentos na indústria de papel cresceram 2,2%. Os últimos dados disponíveis sobre o consumo mostram um crescimento de 2,1% no 1º trimestre de 2015, o que confirma a recuperação que começou no ano passado. O aumento do consumo foi verificado para todos os tipos de papel em 2014, exceto os papéis higiénicos e sanitários que caíram 2,6%. Na categoria de papel de embalagem, o cartão aumentou 2,9% em 2014 e o cartão canelado 3,3%. O uso de outro tipo de embalagens (sacos de papel Kraft, papel para sacos, papel / cartão para tubos, produtos de pasta moldada...) teve o maior crescimento: 5,7%.

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pasta e papel - Inverno 2015

Nos anos de boom, a indústria de papel espanhola lançou um ciclo de forte investimento (1.527.000.000 € entre 2005 e 2008), que trouxe uma competitividade acrescentada para enfrentar a crise. Isto foi seguido por cinco anos de declínios em investimentos. Um novo ciclo de investimentos, que começou em 2014 com 183 milhões de euros de investimentos, visando principalmente o aumento da capacidade de produção, redução de custos e inovação tecnológica e renovação está agora correr.


Estatísticas

No entanto, ao longo do período 2011-2014, o setor investiu um total de 639 milhões de euros, o que representa quase 4% do volume de negócios.

A oportunidade perdida de 2014 Depois de 13 meses consecutivos de queda, a produção de papel cresceu de novo em abril de 2015, 4,6% em relação ao mesmo mês do ano passado. Dados estimados para maio confirmam a retoma do crescimento da produção de papel em 5,7%. Os dados acumulados para os primeiros cinco meses de 2015 são agora positivos, com um aumento de 0,5%. A força da indústria de papel espanhola e o forte ciclo de investimentos que teve lugar entre 2005 e 2008 permitiram que tivesse resistido à crise com melhor desempenho do que a média europeia para o sector e acima do Índice de Produção Industrial (IPI) e do PIB espanhol. Tudo isso faz esperar um take-off significativo na produção quando o mercado interno e os principais mercados de exportação (França, Itália, Alemanha, Portugal...) forem reativados.

No entanto, o crescimento a longo prazo aguardado no mercado interno de papel, que finalmente ocorreu em 2014 (2,8%), foi coberto, paradoxalmente, com as importações, enquanto a produção de papel espanhola caiu 2,4% e as exportações caíram 4,3%. O ano de 2014 foi uma oportunidade perdida para a indústria de papel: um resultado inesperado para uma indústria que tinha dado ampla prova de sua força e elevado nível de competitividade. A Reforma da Energia em que o Governo se comprometeu, levou a uma deterioração da

pasta e papel - Outono 2015

#


Estatísticas

competitividade do sector no pior momento e é a causadora dessa perda de quota de mercado no mercado interno e à queda das exportações registada em 2014.

papel, desde a floresta, passando pela fabricação de pasta e de papel e pela sua transformação em todos os tipos de produtos (caixas, sacos, livros, jornais...) até à sua recolha e tratamento para a reciclagem final numa fábrica de papel, fechando a ciclo, é uma poderosa cadeia de valor, de criação de emprego e de riqueza. A indústria da fileira do papel, a partir de plantações para o papel, passando pela indústria do papel, transformadores, impressoras, editoras, empresas de marketing direto, até às empresas de recuperação de papel e cartão, têm um contributo de 3% do PIB espanhol.

A taxa de acidentes foi reduzida pela metade O setor de exportação A redução no consumo interno atingiu 1,8 milhões de toneladas, contada a partir dos níveis recordes de 2006 a 2013. A produção espanhola de papel, no entanto, caiu apenas metade de um milhão de toneladas durante a crise (em relação aos mais altos níveis atingidos em 2007 a 2013). Isso foi possível graças ao crescimento das exportações e importações, reduzindo 1,3 milhões de toneladas, de 4,3 milhões de toneladas em 2006 para apenas 3 milhões de toneladas em 2013. A indústria do papel espanhol é uma indústria de exportação e os mercados estrangeiros têm sido seu verdadeiro motor ao longo da crise, com um aumento significativo das exportações e venda de metade de sua produção no mercado externo. A indústria espanhola de papel exportou 59% da sua produção de pasta e 48% de sua produção de papel em 2014. As exportações representaram 63% do volume de negócios total do sector. Aa exportações de papel aumentaram quase seis vezes e as de pasta mais do que duplicaram desde 1990. Durante toda a crise, níveis recordes de exportações foram registados. Mas em 2014, os custos de energia em excesso decorrentes da adoção de um novo sistema regulatório também tiveram a sua influência sobre as exportações.

A cadeia de valor do papel A fabricação de papel em Espanha tem um impacto económico muito amplo e positivo. A fileira do

30

pasta e papel - Inverno 2015

As taxas de acidentes na indústria de papel foram reduzidas para menos da metade desde 2006, de acordo com o Relatório de Sustentabilidade da Indústria de Papel publicada pela ASPAPEL. Dentro ou fora do período de crise económica, a segurança é sempre uma prioridade no setor. A parceria empregador-sindicato e a participação ativa das empresas no âmbito do Programa Setorial PRL são definitivamente a chave para este sucesso. O setor de papel em Espanha tem 77 unidades de produção e atua como a espinha dorsal social em muitas comunidades de todo o país. Em alguns delas, desempenha um papel-chave na criação de riqueza e de emprego. Em 2014 o setor teve 16.570 empregos diretos. Desde o início da crise, as perdas de emprego no setor (8,5%) foram relativamente modestos em relação ao que aconteceu no conjunto do mercado de trabalho espanhol. A perda de emprego tem sido mais intensa na primeira recessão (5%) do que na segunda (3,7%).

Uma indústria vencedora «Somos um setor», explica Eduardo Querol, presidente da ASPAPEL, «...que hoje está a desenvolver um modelo de consumo e produção sustentáveis, em que se baseará amanhã toda a produção industrial. Temos as vantagens de excelentes condições ambientais e de grande capacidade inovadora no setor do papel. Sabemos que temos um grande futuro e queremos compartilhá-lo e atrair talentos e capital para esta indústria vencedora.»


Estatísticas Produção de papel e cartão na Europa em plena transformação CEPI - Estatísticas preliminares 2015 2015

2015/2014

2015/2005

Produção de papel e cartão

Atividade (Milhão Toneladas)

90,8

- 0,3%

- 7,6%

Papel de uso gráfico

35,4

- 4,3%

- 27,0%

Embalagem e cartão

44,3

+ 2,3%

+ 12,4%

Tissue

7,1

+ 1,5%

+ 12,6%

Pasta para mercado

12,8

- 2,7%

- 2,5%

Papel para reciclagem

47,2

- 0,7%

+ 1,0%

Produção de papel e cartão na Europa em plena transformação A Confederação Europeia da Indústria Papeleira (CEPI) divulgou as principais estatísticas referentes a 2014, dando uma imagem clara do desempenho da indústria no ano passado. O relatório inclui dados sobre produção, consumo e comércio de pasta, papel e matérias-primas, bem como dados sobre energia e meio ambiente. Mostra uma indústria em plena transformação, com o crescimento da produção no sector da embalagem e um aumento mais modesto na produção de papel higiénico suficiente para equilibrar o declínio contínuo na saída de papel gráfico. Principais destaques do relatório: - A produção de papel e cartão na Europa diminuiu em 0,2% em 2014 em comparação com o ano anterior, depois de uma queda acumulada de 4% entre 2010 e 2013. Está agora nas 91,1 milhões de toneladas. - O consumo de papel e cartão aumentou 0,9% em relação a 2013 e totalizou 77,1 milhões de toneladas. Este aumento é particularmente importante porque se trata de um aumento após três anos consecutivos de queda. A EU28 e a área do euro recuperaram em 2014, com o PIB anual estimado num aumento de, respetivamente, 1,3% e 0,8% (fonte: Eurostat). Isso refletiu-se na procura de papel.

- O papel de uso gráfico representou 40,5% de todo o papel e cartão produzidas na Europa, os papéis de embalagem 47,5%, os sanitários e papéis de uso doméstico 7,7% e as especialidades 4,3%. - As exportações de papel e cartão para países fora da CEPI caíram, causando preocupação, enquanto as importações aumentaram, resultando num impacto ligeiramente negativo na balança comercial. No entanto, os países da CEPI mantiveram uma balança global positiva do comércio de papel (exportações superiores às importações) de 14,0 milhões de toneladas em 2014 (14,8 milhões de toneladas em 2013). - A produção de pasta de mercado caiu de 1,4% em relação a 2013, com uma produção de 13,2 milhões de toneladas.

pasta e papel - Outono 2015

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Estatísticas Números Chave da Indústria Papeleira Portuguesa (CELPA)

M

ais uma vez a CELPA – Associação da Indústria papeleira, em colaboração com a RECIPAC – Associação Nacional de Recuperação e Reciclagem de papel e Cartão, elaborou o Boletim Estatístico da Indústria Papeleira Portuguesa, referente ao ano de 2014.

O fornecimento de matéria-prima florestal é, sem dúvida, dos temas mais delicados deste setor que poderá ter uma mudança positiva a médio prazo, caso a implementação das medidas previstas na nova Política Agrícola Comum sejam aproveitadas de forma determinante no setor florestal português.

Da mensagem do seu Diretor Geral, Eng.º. Armando Góis, retiramos as seguintes constatações, que bem definem a realidade e pujança do Setor da Pasta e Papel

Com efeito, da leitura do relatório verificamos que o Setor da Pasta e Papel conseguiu manter os seus níveis de produção, tendo a produção de pasta aumentado 0,4% e a produção total de papel 0,3%. Na produção de papel, a evolução positiva deveu-se essencialmente aos papéis para uso gráficos, consolidando assim a produção de Portugal como um dos principais países europeus produtores deste tipo de papel. Ao nível das exportações, as vendas de pasta ao exterior baixaram 4,8%, e as vendas de papel e cartão aumentaram 2,5%. O aumento das exportações de papel e cartão deveu-se não só ao mercado comunitário, mas principalmente devido a fortes aumentos de vendas para os continentes africano e asiático, evidenciando assim o esforço do setor em identifica5r novos mercados. Apresentamos, de seguida os Números Chave deste Boletim Estatístico de 2014: Dado o seu grande interesse, recomendamos vivamente a leitura da versão integral deste documento, que poderá ser encontrada no site www.celpa.pt.

português: Em 2014, a indústria de pasta e papel conservou o elevado índice de produtividade, proveito dos investimentos industriais feitos ao longo destes anos. A sustentabilidade desse crescimento temse traduzido numa eficiência energética onde se constata que o consumo de energia proveniente da biomassa é privilegiado em detrimento de combustíveis fósseis, na eficiência no uso dos recursos, tais como a água, e a própria gestão dos resíduos. E adverte este profundo conhecedor da realidade do setor: Indicadores Florestais

Área sob gestão (hectares) Plantas produzidas (mil plantas)

2013

2014

Variação

207.709

205.127

-1,20 %

15.065

13.988

-7,20 %

Área ardida sob gestão (hectares)

2.247

427

-81,00 %

Investimento em acções de silvicultura preventiva (mil euros)

2.166

2.370

9,40 %

Investimento em investigação e desenvolvimento florestal (mil euros)

4.458

4.024

-9,70 %

Indicadores de produção - Indústria de Pasta 2013

2014

Variação

Aquisição de madeira (mil m3 eq. s/casca)

7.996

8.510

6,40 %

Consumo de madeira (mil m3 eq. s/casca)

8.211

8.407

2,40 %

Consumo de papel para reciclar (mil ton) Produção de pasta virgens (mil ton) Produção de pasta de fibra recuperada (mil ton)

32

pasta e papel - Inverno 2015

370

365

-1,40 %

2.621

2.631

0,40 %

309

301

-2,60 %


Estatísticas

Indicadores de produção - Indústria de Papel e Cartão 2013

2014

Variação

Consumo de pastas para papel (mil ton)

1.825

1.815

-0,50 %

Produção total de papel (mil ton)

2.177

2.183

0,30 %

Produção de papel para usos gráficos (mil ton)

1.560

1.577

1,10 %

394

386

-1,90 %

80

80

0,00 %

101

97

-3,30 %

Produção de coberturas para cartão canelado (mil ton) Produção de papel e cartão de embalagem e empacotamento (mil ton) Produção de papéis de uso doméstico e sanitário (mil ton) Indicadores de Comércio Externo

2013

2014

Variação

Exportações de pasta (mil ton)

1.166

1.109

-4,80 %

Importações de pasta (mil ton)

123

129

5,20 %

Exportações de papel para reciclar (mil ton)

401

379

5,50 %

Importações de papel para reciclar (mil ton) Exportações de papel Importações de papel (mil ton)

23

32

41,00 %

2.031

2.083

2,50 %

989

1.034

4,60 %

2013

2014

Variação

98

97

-0,70 %

2,7

2,4

-13,70 %

27

27

-0,60 %

Indicadores Ambientais

Captação de Água Total (milhões de m3) Sólidos Suspensos Totais (mil ton) Carência Quimica de Oxigénio (mil ton) Gases Acidificantes (mil ton SO2 eq.) Gases con Efeito de Estufa (mil ton CO2 eq.)

3,4

3,4

-1,00 %

1.273

1.258

-1,20 %

Indicadores Energéticos 2013

2014

Variação

Consumo de Combustiveis Fósseis (TJ)

22.022

22.623

2,70 %

Consumo de Biomassa (TJ)

0,10 %

48.330

48.389

Produção de Energia Eléctrica (TWh)

3,6

3,7

1,30 %

Consumo de Energia Eléctrica (TWh)

2,6

2,6

-0,90 %

2013

2014

Variação

2.768

2.743

-0,90 %

Indicadores Sociais

Emprego Directo (n° trabalhadores) Horas de Formação (mil horas)

114

94

-17,60 %

Despesa com a medicina no trabalho (mil euros)

1.023

1.044

2,10 %

Investimentos em segurança e saúde ocupacional (mil euros)

1.731

1.574

-9,10 %

24

25

7,90 %

Variação

Horas de trabalho perdidas com acidentes de trabalho (mil horas) Indicadores Financeiros

Vendas (milhões de euros) Resultado liquido (milhões de euros)

2013

2014

2.245

2.235

-0,50 %

267

224

-15,90 %

pasta e papel - Inveno 2015

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