Pasta e Papel 77

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Ponto de vista

Tissue: o desafio do futuro Uma boa saúde e a qualidade de vida estão diretamente relacionados com uma boa higiene, sendo esta um dos fatores mais importantes para o desenvolvimento da nossa sociedade moderna e em que o papel tissue tem um contributo muito importante. Por essa razão, o consumo mundial de papéis tissue estar diretamente correlacionado com o rendimento per capita de cada país e com o tamanho e a taxa de crescimento da população. Também, nos países em desenvolvimento, os movimentos ascendentes nas classes sociais igualmente influenciam a evolução do consumo, pela “popularização” de alguns tipos de produtos. A combinação desses fatores sugere as razões pelas quais os países em desenvolvimento apresentam elevadas taxas de crescimento do consumo. Precisamente devido a este crescimento de consumo nos países em desenvolvimento, o papel tissue é o único tipo de papel que deve manter, a nível mundial, uma tendência sustentada de crescimento anual. Além disso, o perfil dos papéis sanitários vem mudando ao longo dos anos, com queda nas vendas de papéis de folha simples e aumento da procura por papéis de folha dupla, havendo já no mercado a oferta de produtos com folha tripla ou, mesmo, quádrupla. É o aparecimento de novos produtos, que diferentemente de uma commodity, variam, significativamente, de acordo com as suas marcas e qualidades intrínsecas (cor, cheiro, macieza, capacidade de absorção da humidade, etc.). Produtos inovadores que têm aparecido devido principalmente aos investimentos que as empresas têm feito em novas tecnologias para ganhos de produção e de qualidade, desenvolvendo assim produtos de alta qualidade, os chamados Premium. Por essa razão, a oportunidade para, neste número de Pasta e Papel, nos determos sobre alguns dos últimos investimentos feitos em Portugal, sobre novas tecnologias ao dispor da fabricação de tissue e sobre os desafios que se colocam às empresas para fazer um produto com inovação na indústria. E como é possível, com esta inovação, o papel tissue deixar de ser um produto de higiene indiferenciado para passar a ser um adereço com design e com status… Uma oportunidade para mostrarmos como o país se vem a apetrechar para, também no mercado do tissue, alcançar uma posição futura de relevo na cena internacional.

João de Sá Nogueira Editor

Investimentos recentes em Portugal 2015: A Fortissue, a nova divisão produtiva de Suavecel, S.A. em Viana do Castelo, instalou uma máquina Toscotec AHEAD-2.0. 2015: A The Navigator Company, na ex- AMS, em Vila Velha do Ródão, instalou a sua Máquina 2, uma Toscotec AHEAD-2.0S. 2016: A Paper Prime, em Vila Velha do Ródão, pertencente ao Grupo Trevipapel, arrancou, igualmente, uma máquina Toscotec AHEAD-2.0S. 2017: A Renova, em Torres Novas, iniciou a produção regular de sua Máquina 7, uma Valmet Advantage NTT. 2017: A The Navigator Company, em Cacia, encomendou uma máquina Voith com NipcoFlex-T.

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Indice Aikawa Fiber Technologies.................................................... 73 Albany Seminar 2017................................................... Capa 3 Firefly................................................................................... 7 Heimbach........................................................................... 17

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MIAC 2017................................................................. Capa 2 Solenis.................................................................................. 9 Valmet ........................................................................ Capa 4


Sumário N° 77 - Verão 2017 REVISTA PORTUGUESA PARA A INDÚSTRIA PAPELEIRA

REDAÇÃO em Portugal

João José de Sá Nogueira Rua Dr. Leonel Sotto Mayor, 50-3° A 2500-227 Caldas da Rainha - PORTUGAL Tél.: + (351) 918 432 627 Fax: + (351) 262 838 569 E-mail : joao.sa.nogueira@groupenp.com

REDACÇÃO & PUBLICIDADE no Brasil : Roberto T. Sebok R. Bela Cintra, 221 apt. 111 01415-000 S. Paulo - SP, BRASIL Tel +5511 9964 2775 / +5511 5587 5750 Cel +55 11 9999 10 76 Email : roberto.sebok@groupenp.com

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PONTO DE VISTA por João de Sá Nogueira

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EM DESTAQUE

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Portugal - Celtejo com novo projeto para introdução de inovações na produção de pasta para “tissue” - Fapajal, fábrica histórica de papel, reinventa-se e triplica quota de exportação em 6 meses - The Navigator Company investe 206 milhões apesar da “preocupação” com nova lei florestal Brasil - Suzano anuncia fabricação de papel tissue - CMPC fará investimento na produção de papel tissue no Brasil nos próximos 5 anos Espanha - MTorres adquiriu a UTT, empresa Italiana fabricante de linhas de transformação de tissue Retificação - Portugal Troféu OE 80 Anos – Retificação

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Stéphane Richard 36, rue Stanislas Julien - 45000 Orléans - França Tel : +33 238 42 29 00 Fax : +33 238 42 29 10 Email : stephane.richard@groupenp.com

REPORTAGEM 12 Da nascente do Almonda para todo o mundo: um novo Bem – Estar do corpo, do espírito e dos sentidos ESPECIAL TISSUE MÁQUINAS DE FABRICAÇÃO

Maqueta :

Gessica Cambi

TIRAGEM 5.500

Impressora : Graficas Piquer Portugal 2.200 Brasil 3.300 ENP S.A Capital 38.113 Euro RC Orléans FR 59343037735 36, rue Stanislas Julien - 45000 Orléans - França www.PaperFirst.info

Advantage NTT, a tecnologia de papel tissue mais flexível do mundo? (da Valmet) TEIAS As teias de formação PrintStar ™ garantem uma “máquina limpa” (da Asten Johnson)

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MÁQUINAS DE FABRICAÇÃO

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REVESTIMENTOS DE ROLOS

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Ventos de mudança para o Tissue em Portugal (da Voith)

Combinação de técnicas avançadas de fabricação e de prensagem para obtenção do máximo desempenho na Máquina de Papel (da Xerium)

Entre as paginas 27 a 62 encontra o Boletim da Tecnicelpa 51 (Junho 2017) Editor de La Papeterie, l’Annuaire de la Papeterie, La Carte Papetière France, El Mapa Ibérica de la Industria Papelera, El Papel, Anuário Ibérico da Industria Papelera, Turkiye Kagit Sanayii, Paper Middleast, Guia Latinoamericano

ESPECIAL TISSUE CONTROLO DA FABRICAÇÃO

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Resolvendo eficazmente problemas de produção e transformação de tissue com câmaras de deteção de anomalias (da Papertech)

FELTROS 66

Official Media Partner

Olhando para novos horizontes - com o novo ATROJET (da Heimbach) 2017

QUÍMICA DO PROCESSO

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Aumentar a eficiência e a qualidade na produção de papel tissue (da Sertec20)

CARTÃO 70 Stora Enso reinventa Varkaus como fábrica estratégica de papelão 2017

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Em destaque Portugal Celtejo com novo projeto para introdução de inovações na produção de pasta para “tissue”

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Celtejo, fábrica de pasta de papel da Altri, em Vila Velha de Ródão, vai investir 85,3 milhões de euros num novo projeto para introdução de inovações no processo de produção de pasta para papel “tissue”. A minuta do contrato de investimento foi aprovada pelo ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, e pelo secretário de Estado da Internacionalização, Jorge Costa Oliveira, num despacho publicado em Diário da República. O montante de investimento em causa ascende a cerca de 85,3 milhões de euros, prevendo-se com este projeto alcançar, no ano de 2025, um volume de vendas de pasta de papel, expresso em toneladas, de cerca de 2,5 milhões, e um valor acrescentado bruto de cerca de 331,9 milhões de euros, ambos em valores acumulados desde de 01 de janeiro de 2016”, lê-se no documento. O investimento na fábrica de Vila Velha de Ródão, no distrito de Castelo Branco, prevê ainda a criação, até 2020, de 11 postos de trabalho altamente qualificados, cerca de 400 postos de trabalho indiretos e a manutenção de 197 postos de trabalho na empresa. O projeto de investimento é feito ao abrigo do Sistema de Incentivos à Inovação Empresarial e Empreendedorismo (Inovação Produtiva Não PME), para a introdução de inovações no processo de produção de pasta para papel “tissue”,

Portugal Fapajal, fábrica histórica de papel, reinventa-se e triplica quota de exportação em 6 meses

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Fapajal, empresa portuguesa que produz papel há mais de 260 anos e que desde meados do ano passado conta com uma nova estrutura acionista, está a reinventar-se com uma estratégia assente na internacionalização e na transformação de uma fábrica histórica numa empresa industrial moderna com novas tecnologias, processos e cultura de gestão. A

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sendo que o objetivo passa pelo aumento da eficiência produtiva e melhoria da performance e monitorização industrial. A introdução destas inovações ao nível do processo de produção contribuirá para aumentar a capacidade produtiva da Celtejo, que passa de 218.000 toneladas/ano de pasta de papel em 2014 para 267.000 toneladas/ano em 2020, o ano pós-projeto”, lê-se no despacho. As inovações a aplicar vão ainda permitir que a fábrica fique dotada, na fase de conclusão do investimento, de um dos cinco equipamentos de topo a nível mundial no que respeita à eficiência energética e ao impacto da atividade nas emissões de dióxido de carbono, óxido de nitrogénio e dióxido de enxofre. Dado o seu impacto macroeconómico, considerase que o projeto reúne as condições necessárias à concessão de incentivos financeiros previstos para os grandes projetos de investimento, o que justificou a obtenção, em 19 de abril de 2016, da pré-vinculação (…) ao Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (COMPETE 2020) quanto ao incentivo máximo a conceder”, refere o despacho. A Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), em representação do Estado, e a Celtejo, concluíram a negociação do contrato de investimento e acordaram a minuta final. A meta é “estabelecer uma plataforma regional de abastecimento, nomeadamente do cluster do papel tissue desse concelho, tendo em vista o reforço da respetiva atividade no mercado pertinente para a Celtejo, em resultado das sinergias esperadas de desenvolvimento da estratégia regional”.

primeira fase da estratégia permitiu à Fapajal em apenas 6 meses aumentar a sua quota de exportação de 20% para 60% das receitas totais. A nova estrutura acionista, liderada por Xavier Rodríguez-Martín e Rui Sequeira Martins, pretende trazer uma visão diferente ao sector, com base na experiência acumulada na gestão de empresas tecnológicas de serviços em que a experiência do cliente, a disponibilização de informação em tempo real e a “irreverência” em relação aos dogmas estabelecidos têm sido chaves para o sucesso. A nova equipa pretende transformar a empresa numa verdadeira “micro-multinacional”, juntando os processos e as tecnologias das



Em destaque

grandes corporações à agilidade e à flexibilidade das empresas de menor dimensão. Com um investimento inicial próximo dos 20 milhões de euros, o projeto de modernização da Fapajal assenta num modelo de gestão convergente entre o mundo dos serviços, em que o cliente está no centro da estratégia, e o mundo da indústria, tradicionalmente mais focado na dimensão produtiva. “Em Portugal existem muitas boas fábricas, mas só umas poucas boas empresas industriais. Há uma grande oportunidade de transformação das fábricas tradicionais através de uma gestão mais moderna, baseada em processos e novas tecnologias que integrem a informação do processo produtivo com a perspetiva do cliente. Se a isso acrescentarmos uma maior ambição de crescimento internacional, espírito de colaboração e visão de longo prazo, o país poderia conseguir uma verdadeira reindustrialização competitiva”. Xavier Rodriguez-Martín acrescenta que “atualmente há muita atenção centrada nas startups, mas a sociedade deveria concentrar o esforço de inovação e de transformação digital nas PMEs, que têm maior sustentabilidade, garantem empregos de qualidade e são a essência do tecido empresarial português, a verdadeira espinha dorsal de qualquer sociedade economicamente saudável”. No segundo semestre de 2016, o EBITDA da Fapajal duplicou, face aos primeiros seis meses do ano, para os 2 milhões de euros. Este ano, a

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empresa estima um crescimento do EBITDA entre os 15% e os 20%. Com uma faturação de 26.2 milhões de euros em 2016, a previsão para este ano é crescer entre 10% e 15%. Cerca de 60% da produção atual da Fapajal destina-se à exportação. Os principais mercados são Norte da Europa, Espanha e África. Até ao final do ano, a empresa pretende alargar a sua atividade ao mercado americano. A Fapajal é uma empresa de produção e transformação de papel tissue. Com uma tradição papeleira que se inicia em 1755, o seu portfolio integra uma vasta gama de bobinas-mãe em fibra virgem e papel reciclado e de produtos transformados, que exporta em larga escala para todo o mundo. Com sede em São Julião do Tojal, Loures, conta com mais de 200 colaboradores e uma faturação que em 2016 atingiu os 26,2 milhões de Euros. Nomeada PME Líder 2017, é certificada pela norma NP ISO 9001 assim como pelo Forest Stewardship Cuncil (FSC) – Chain of Custody, atestando a sua preocupação com a utilização de matérias-primas provenientes de florestas geridas de forma responsável.

The Navigator Company investe 206 milhões apesar da “preocupação” com nova lei florestal

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grupo The Navigator Company vai fazer dois grandes investimentos este ano. O primeiro, de 121 milhões de euros, será uma linha de produção de papel tissue e será construída em Cacia. Terá capacidade para 70 mil toneladas por ano, sendo que o projeto era já uma intenção do grupo desde 2015. O investimento foi anunciado pela The Navigator Company no comunicado de apresentação dos resultados de 2016. Segundo o grupo, “a decisão de avançar com a construção da nova linha estava condicionada à concretização de um conjunto de fatores, nomeadamente a obtenção de um pacote de incentivos fiscais e financeiros, que, neste momento, já se encontram finalizados”. A The Navigator Company acredita já ter reunido as condições necessárias para avançar com o investimento e “mediante a assinatura dos contratos de apoio, o Conselho de Administração decidiu avançar com o desenvolvimento deste projeto”. Estas novas linhas de produção


Em destaque

deverão estar concluídas no segundo semestre de 2018, sendo que 40% do investimento será feito já este ano e os restantes 60% no próximo. O segundo projeto da The Navigator Company é a expansão do centro fabril da Figueira da Foz, num investimento estimado de 85 milhões de euros. O grupo revela que se candidatou a um conjunto de incentivos financeiros e fiscais que ainda estão a ser avaliados pela AICEP. O projeto, segundo a The Navigator Company, “visa uma melhoria na eficiência produtiva e um aumento de capacidade de 70 mil toneladas, para uma produção total de 650 mil toneladas de pasta BEKP por ano”. Deverá estar operacional no primeiro semestre de 2018. Segundo anúncio feito pela autarquia de Aveiro, que realçou a importância do investimento, os trabalhos de construção da nova fábrica tiveram início em 17 de abril. “Esta operação vai ter uma relevante componente

de exportação, o que constitui uma oportunidade muito significativa de dinamização e crescimento económico e de promoção do emprego, no contexto atual muito relevante, devidamente articulada com uma estratégia integrada de Ordenamento do Território e de sustentada coesão social”, refere nota da Câmara de Aveiro.

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Em destaque Brasil Suzano anuncia fabricação de papel tissue

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Banco do Nordeste contratou uma operação para financiamento de duas novas linhas de produção de papel tissue da Suzano Papel e Celulose. As linhas serão construídas nas unidades da empresa localizadas em Mucuri (BA) e Imperatriz (MA). O valor do financiamento foi de R$ 346,4 milhões, com recursos do FNE Inovação. O contrato foi assinado no escritório administrativo da empresa em São Paulo (SP), com a presença dos diretores executivos da companhia, Carlos Aníbal e Alexandre Chueri Neto, do superintendente estadual do banco António Jorge Guimarães, do gerente geral da agência Salvador Pituba, Sidnei Reis, e da gerente de negócios Rosemary Braga. Os recursos serão aplicados em construções civis, instalações e aquisição de máquinas e equipamentos. De acordo com o gerente Sidnei Reis, “a operação elevará o nível de competitividade da empresa com a agregação de novo produto ao seu portfólio e beneficiará a economia nordestina, com a geração de empregos diretos e indiretos nos municípios de Imperatriz e Mucuri”. Para o superintendente António Jorge, o investimento traz também perspetivas de atração de novas empresas para a região, tornando-se âncora para novos negócios. “A contratação é muito importante e há interesse do Banco em discutir novas oportunidades de financiamentos com a Suzano”, acrescentou. A Suzano Papel e Celulose atualmente é a segunda maior produtora global de celulose de eucalipto e quinta maior produtora de celulose de mercado, além de líder regional no mercado de papel, com cerca de 30 marcas em quatro linhas: papéis cut size, revestidos e não revestidos e cartão. A empresa tem sede em Salvador (BA) e escritório administrativa em São Paulo, além de operações globais em aproximadamente 60 países. “Os investimentos na produção de tissue reforçam o compromisso da Suzano com os estados da Bahia e do Maranhão, assim como evidenciam a importância dada pela empresa ao crescente mercado consumidor das regiões Nordeste e Norte”, afirma Guilherme Hirata, gerente executivo de Finanças Corporativas da Suzano Papel e Celulose. “O apoio do Banco do Nordeste

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foi fundamental para viabilizar o projeto e, a partir dele, contribuirmos para o desenvolvimento socioeconômico da região”, complementa o executivo. Um levantamento realizado pela consultoria Pöyry apontou que o mercado de papel tissue é o que mais cresce no mundo. De acordo com pesquisa da empresa, nos próximos dez anos o consumo global de papéis para fins sanitários deve crescer cerca de 3% ao ano, enquanto o aumento médio previsto no mercado de papel como um todo deve ficar entre 1% e 1,5% ao ano. A consultoria aponta ainda que, com o grande potencial de crescimento no Brasil e em países emergentes, o mercado de papel tissue deverá receber investimentos de R$ 1 bilhão até 2020, para responder à procura. A Suzano, que ainda não atuava neste mercado, está a investir R$ 425 milhões no projeto.

CMPC fará investimento na produção de papel tissue no Brasil nos próximos 5 anos

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chilena CMPC planeia investir cerca de 320 milhões de dólares na produção de papel tissue no Brasil nos próximos cinco anos, de acordo com o diretor de melhorias da empresa, Pedro Urrechaga. Numa entrevista ao jornal brasileiro Valor Económico, o executivo disse que os fundos serão investidos na expansão e modernização da capacidade de produção em todas as linhas de negócios, principalmente no lançamento de sua marca de papel tissue, Elite. “Isso nos permitirá consolidar a liderança da marca Elite na região”, disse ele. Novos mercados no Nordeste, Norte e Centro-Oeste, de acordo com o Urrechaga, oferecem um grande potencial para o crescimento e o interesse da empresa. “O setor é muito fragmentado. A estratégia principal é o crescimento orgânico, mas pode haver oportunidades de consolidação e estamos sempre alerta”, disse ele.


Em destaque Tissue World São Paulo 2017 realizado entre 31 de maio a 2 de junho

E

m 2015, houve um crescimento de 11% nas vendas no retalho, segundo a Euromonitor International. A expectativa é que o setor continue expandindo na região, a uma taxa média de 3% ao ano até 2020, gerando um aumento médio anual de quase US$ 3 bilhões. O Brasil é o quinto país em capacidade instalada de papel Tissue, atrás de China, EUA, Japão e Itália. O país também é o maior produtor do segmento de Towel & Tissue (T&T) da América Latina, representando 32% do mercado total da América Latina, de 3.978 toneladas métricas. O mercado brasileiro somado ao do México e da Argentina representa quase 64% da indústria na América Latina. Devido às previsões e à importância estratégica do país, a plataforma de negócios global Tissue World realizou a segunda edição da Tissue World São Paulo 2017, de 31 de maio a 2 de junho de 2017 no Transamerica Expo Center, em São Paulo, sendo a única feira de negócios dedicada especificamente à indústria de papel tissue no Brasil e na América Latina. A Tissue World São Paulo é uma plataforma para empresas e profissionais dessa indústria em busca de conhecimento e novas oportunidades de negócio em toda a América Latina e também nos demais continentes. Realizada pela primeira vez em 2015, a feira contou com 63 empresas expositoras e recebeu cerca de 1.200 visitantes qualificados. Paralelamente à feira, aconteceu a conferência com o tema “Desafios e Oportunidades na América Latina: abordagens para acelerar o sucesso”. Palestrantes conhecidos discutiram, em mais de 30 apresentações, as tendências,

Portugal Troféu OE 80 Anos - Retificação

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or ter chegado à nossa redação uma nota de informação que não contemplava todos os intervenientes no processo, publicámos na rubrica Em Destaque do último número da revista Pasta e Papel, uma notícia com o título “Instituto

inovações em processos,transformação, soluções para fornecedores, entre outros temas relevantes, para que os participantes, além de adquirir mais conhecimento, possam conhecer potenciais parceiros de negócio.

Espanha MTorres adquiriu a UTT, empresa Italiana fabricante de linhas de transformação de tissue

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MTorres Diseños Industriales, S.A.U. e a Universal Tissue Technology, CSrl, anunciaram a aquisição pela MTorres da Universal Tissue Technology (UTT). A empresa irá operar sob o nome de MTorres Tissue. Esta nova marca MTorres Tissue está apta a fornecer e servir clientes em todo o mundo com uma gama completa de linhas automáticas de transformação de tissue, altamente flexíveis e produtivas, para os segmentos Consumidor e Away‐from‐Home. A fusão de duas equipas experientes com tecnologias muito inovadoras permite que a MTorres Tissue possa fornecer um valor excecional aos seus clientes. Fundada em 1975, com 800 colaboradores, mais de 700 clientes e com milhares de máquinas em todo o mundo, a MTorres é especializada em Bobinadoras e Rebobinadoras para todos os setores da indústria que envolvem a manipulação de folha contínua, tais como tissue, cartão canelado, embalagens flexíveis e embalagens de líquidos, etc. A Universal Tissue Technologies foi criada em 2013, sendo uma empresa italiana jovem e em crescimento com uma equipa altamente experiente na conceção, fabricação e serviço de linhas automáticas completas de tissue.

RAIZ distinguido pela Ordem dos Engenheiros”. Na realidade, a distinção atribuída pela Ordem dos Engenheiros, o Troféu OE 80 Anos, na categoria Engenharia Florestal, foi atribuído ao Projeto “A Investigação do Eucalipto ”, sendo premiados o CEF – Centro de Estudos Florestais, a ALTRI e o RAIZ – Instituto de Investigação da Floresta e Papel. A todos os intervenientes e aos nossos leitores apresentamos as nossas desculpas.

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Reportagem Especial Tissue

Da nascente do Almonda para todo o mundo: um novo Bem – Estar do corpo, do espírito e dos sentidos A RENOVA – Fábrica de Papel do Almonda, S.A., é uma empresa portuguesa de capital privado, constituída em 1939, com sede em Renova, concelho de Torres Novas, que desenvolve a sua atividade na produção e comercialização de produtos de consumo. Possui três unidades industriais, uma situada junto à nascente do Rio Almonda, outra a dois quilómetros de distância deste local e uma terceira unidade localizada em França, Saint-Yorre – Vichy. Uma empresa conhecida pela inovação, que conseguiu revolucionar o panorama da produção de tissue com produtos de grande repercussão europeia e mundial. Primeiro foi o papel higiénico preto, depois o papel higiénico de cores vivas, a fabricação de produtos reciclados, a criação de uma loja on-line que permite aos consumidores desenhar os seus próprios artigos, agora a produção de tissue com novas texturas, a Renova dá resposta às inquietações de um mundo em mudança, dando uma nova dimensão a um produto de primeira necessidade. por cotas “Fábrica de Papel do Almonda, Lda.”, é feita a instalação de uma pequena unidade industrial, alimentada pela energia produzida numa turbina hidroelétrica utilizando a água da nascente do Rio Almonda. Nesta altura o papel é ainda produzido recorrendo a trapos e papel velho.

Novos acionistas e o início da produção industrial

Junto à nascente do Almonda, um papel feito à mão com a marca de água Renova A atividade papeleira junto da nascente do Rio Almonda é conhecida desde o século XIX. Em 1818 existia neste local uma fábrica constituída por um simples moinho de papel, fundada por Domingos Ardisson, que escolheu, como marca de água da primeira folha manufaturada nas margens do Almonda, a marca Renova. Até ao final dos anos 30 o papel era aqui produzido artesanalmente e seco ao ar. Só a partir de 1939, com a constituição da sociedade

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Em 1943, com a entrada de novos acionistas no capital instala-se uma nova dinâmica, que irá conduzir à instalação da primeira máquina de papel verdadeiramente industrial (Máquina 1, 1951). Com recurso à sua capacidade de iniciativa e inovação, a companhia inicia uma série de mudanças, que lhe permitiram cumprir os seus objetivos principais, tais como a melhoria da prestação de serviços ao cliente com novos e melhores produtos, pelo investimento de todos os recursos disponíveis em novos laboratórios e nova tecnologia. Durante quase toda a década de 50, a Renova dedica-se à produção de papel de embalagem, escrita e impressão. O final da década é marcado pelo arranque da Máquina 2 (1958) onde a Renova viria a produzir,


Reportagem

pela primeira vez, papel crepado, entrando numa área que viria a condicionar todo o seu futuro: os produtos de papel de uso doméstico e sanitário.

A crescente especialização produção de tissue

na

A década de 60, marcada pela melhoria das condições de vida, pelo aumento do tempo de lazer, assistia à concretização de um investimento intercalar numa nova máquina de papel (Máquina 3 - 1968), que precedeu o arranque, no início dos anos 70, da primeira máquina (Máquina 4 - 1972) totalmente especializada no fabrico de papel “Tissue”. A década de 70 ficou marcada, para além da crescente especialização na fabricação do papel “Tissue”, pelo grande investimento em infraestruturas, que culminaram na construção de uma nova Fábrica, e que ampliaram substancialmente o alcance da Renova e dos seus produtos; é também o início de uma filosofia de total envolvência com a Natureza. A qualidade Renova abriu-lhe as portas para o mundo. Num ambiente cada vez mais competitivo, uma profusão de mensagens distintas começa a proliferar no mercado: é o início do Marketing. A Renova compreendeu que a consciência das diferenças individuais cresceu nesta altura, tal como as possíveis escolhas dos cidadãos. A década de 80 assiste ao forte investimento na modernização de todos os produtos existentes bem como no relançamento de outros. É nesta altura que é instalada na Fábrica 2 a primeira máquina de papel (Máquina 5 – 1982), segunda totalmente dedicada à produção de papel Tissue, o que eleva capacidade de produção da Renova de 10000 para 30000 t/ano de papéis de uso doméstico e sanitário. Na década de 90 é dado o primeiro passo para a internacionalização com a criação da Renova España, S.A. Para fazer face a esta estratégia de internacionalização são feitos grandes investimentos em infraestruturas, equipamentos e tecnologia. Um exemplo desses investimentos é a aquisição da Máquina 6 (1992) que passa a capacidade de produção de Tissue para 60000 t/ano.

É também no início desta década que nasce aquilo que é denominada a Divisão de Reciclagem (1992). Numa altura em que era usual, mesmo publicitariamente, anunciar a “bondade” dos produtos não reciclados, decidiu a Renova investir nesta unidade. Para além dos interesses ecológicos e económico o investimento também corresponde a uma integração industrial a montante, importante vantagem estratégica para a empresa.

Para um novo Bem – Estar Os Investimentos do início dos anos 90 são acompanhados por grandes investimentos ambientais. Ao aumento da consciência ambiental na Europa e no Mundo, a Renova responde posicionando-se na fila da frente e tornando-se numa referência europeia, indo mais longe que a legislação e manifestando a sua preocupação e respeito pela preservação dos recursos naturais do nosso planeta. Em 1995 com a definição de uma estratégia verdadeiramente ibérica e com a modernização da organização a Renova decide-se a elevar o Bem – Estar à categoria máxima: Para um novo Bem – Estar do corpo do espírito e dos sentidos. Em 2002 a Renova prossegue a sua estratégia de internacionalização com a entrada no mercado Francês. Dando continuidade à sua estratégia de aposta em mercados inovadores, dinâmicos e competitivos, a Renova em 2005 lança-se no mercado Belga.

O primeiro papel higiénico preto do mundo… Em Abril de 2005 a Renova faz um lançamento

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Reportagem

depois do início da internacionalização a Renova atinge o importante marco de 50% da faturação fora de Portugal.

Uma maior cidadãos

inesperado: o primeiro papel higiénico preto do mundo, no Salão “Maison & Object”, em Paris. Embora a intenção inicial fosse afirmar a diferença e carácter inovador num produto icónico, ao condensar num só objeto várias características chave da personalidade da marca Renova (qualidade, segurança, estética, cor, perfume, embalagem), a fama do produto motivou um subsequente alargamento de gama e, sobretudo, uma rápida expansão da notoriedade da marca no mundo, com impacto positivo nos negócios internacionais da empresa. Presentemente distribuído em cerca de 60 países, da Austrália aos Estados Unidos, o produto tem ainda permitido, como resultado colateral mais digno de nota, exportações de outros produtos Renova.

… e o Renovagreen Por esta altura a Renova empenhou-se a fundo na Certificação do Sistema de Gestão Ambiental, segundo a ISSO 14001 e na implementação do registo EMAS. Foi nesta altura que desenvolve e faz o lançamento de uma gama alargada de produtos amigos do ambiente – Renovagreen – a primeira gama de produtos de tissue à qual foi atribuída o Eco Label. Renovagreen é uma gama de produtos 100% reciclados fabricados a partir de materiais recicláveis e produzidos sem concessões para com o ambiente. Verificaram-se também nestes anos mais recentes, diversos investimentos industriais. Uns centrados no aumento da capacidade e eficiência das operações e outros relacionados com a produção de soluções inovadoras e originais – por exemplo para as embalagens dos produtos. Os últimos anos têm sido marcados por um regular crescimento dos mercados externos e, vinte anos

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aproximação

aos

Uma maior aproximação aos cidadãos também tem sido a tónica dos tempos recentes, seja pela via da aposta na presença nas redes sociais e no negócio online, seja pelo investimento na capacidade de fabricar produtos personalizados – configurando assim o nascimento de uma nova divisão na Renova, a DIPE. A maior aproximação aos cidadãos está também patente na criatividade com que a Renova tem diversificado os seus canais comerciais, apostando nas “Boutiques Renova” inseridas em espaços comerciais de sucesso seguindo o princípio “Pop Up Store” ou até através da presença em espaços como o Museu do Louvre em Paris.

Rumo ao futuro Todo o trabalho da Renova tem sido também cada vez mais reconhecido a nível nacional e internacional. Exemplo disso é o facto de uma das melhores escolas de negócios do mundo, o INSEAD ter em 2010 feito um caso de estudo sobre as práticas de marketing da empresa e o seu sucesso inovando num produto previamente considerado uma “commodity”. Digno de registo também é o facto de esse caso de estudo ter em 2012 vencido o prémio internacional “ECCH Case Awards”, na categoria “Overall Winner”. Em 2013 a Renova iniciou um novo serviço online de personalização de guardanapos que permite produzir e entregar guardanapos personalizados em qualquer parte do mundo. O serviço chama-se “Made by You” e está disponível através do site da Renova. Com este serviço qualquer pessoa pode carregar fotografias de amigos ou dos filhos (por exemplo) e receber depois o produto em casa. Com esta aposta, a Renova passa a criatividade e liberdade de produção para os consumidores, conseguindo assim estar ainda mais próximo destes. A globalização da marca “Renova”, em curso depois de 2005, transportou o nome da marca aos cinco continentes da Terra, e permitiu a sua


Reportagem

comercialização pioneira em dezenas de novos mercados. Em França, a notoriedade da marca e o caráter inovador dos produtos conduziram a Organização a reforçar a sua presença neste território e a criar um novo local de produção. A atividade industrial foi assim reforçada com a Fábrica 3 localizada em Saint-Yorre – Vichy. Em suma, e partindo de um “Savoir–Faire” papeleiro em que o universo fundacional tem muito de tecnicidade, de exigência, de consciência e de respeito, a Renova quer construir uma

identidade ligada à inovação, especializando-se na antecipação das necessidades dos cidadãos. Em 2016 iniciou-se o projeto de ampliação da Fábrica 2, com implementação de uma nova máquina de papel tissue, a MP7, primeira máquina na Europa com a tecnologia NTT. A implementação de esta nova tecnologia, baseada num processo inovador, viabiliza o aumento da capacidade de produção ao mesmo tempo que permite a produção de papéis tissue de elevada qualidade, permitindo o lançamento no mercado de produtos diferenciados / inovadores.

Entrevista a Paulo Pereira da Silva, Presidente do Conselho de Administração da Renova Nascido em Lisboa, Paulo Pereira da Silva ingressou em 1978 na École Polytéchnique Fédérale de Lausanne, Suiça, onde se licenciou em engenharia física, tendo realizado projetos na área teórica da física estatística aplicada à mecânica quântica. Regressou a Portugal em 1984, ano em que iniciou a sua atividade na Renova no âmbito da gestão industrial. Em 1991 entrou para o Conselho de Administração; desde então apoia a inovação e o desenvolvimento de novos produtos, assim como o reforço da imagem da marca. Preside a este órgão desde 1995.

Tenho orgulho em trabalhar com uma equipa fantástica! Pasta e Papel (PeP) – Um produto emblemático do catálogo da Renova é o papel higiénico preto; como aconteceu esta inovação, quando começaram a comercializá-lo e com que resultados?

Paulo Pereira da Silva (PPS) - É um projeto de grande interesse, a tal ponto que o Renova Preto foi um caso de sucesso estudado por uma das grandes escolas de negócios do mundo, o Insead (França). Na verdade, esse estudo obteve o prémio ECCH (European Case Clearing House), considerado como o Oscar dos mais importantes centros de formação. A ideia de cor preta surgiu ao assistir a um espetáculo do Cirque du Soleil, em Las Vegas, ao ficar deslumbrado com os corpos dos trapezistas enrolados em faixas pretas. Foi lançado em 2006 e deu para perceber que reinventámos um produto, já que antes o mesmo era indiferente aos olhos do consumidor.

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Reportagem

Eu diria, pois, que sim, a inovação está no nosso ADN e assim deve ser. Estamos num mundo em rápida mutação, e para se adaptar a tudo isso devemos estar sempre a pensar em novidades, e, acima de tudo, deixar de pensar áreas geográfica e concentrarmo-nos principalmente nas pessoas.

PeP – Todos, na vossa empresa, têm grande respeito pelo meio ambiente. Qual a percentagem de matéria-prima utilizada é reciclada? E, a propósito, o que é que nos pode dizer sobre a linha comercial ‘Renovagreen”? PPS – Cerca de 50% da matéria-prima é Lançando o papel higiénico preto, criámos uma nova relação do consumidor com o produto: gosta, chama a atenção, etc. Dei também conta que com este lançamento foi conseguido algo de extraordinário: um papel higiénico ser notícia. Na verdade, até o The New York Times se interessou pelo assunto. Depois desta experiência, começámos a desenvolver papéis higiénicos de cores vivas, propondo ao consumidor de todo o mundo uma gama de produtos premium. Voltando ao início deste lançamento, lembro-me que quando me perguntavam “Por quê?”, eu respondia “porque não?”. Foi assim que nasceu a frase publicitária desta gama de produtos: “Why not?”.

PeP – Continua a inovação a fazer parte do ADN da Renova?

PPS – Encanta-me a inovação, não gosto de estar sempre a fazer o mesmo. Somos uma marca, e, para existir, tem de renovar-se e reinventar-se constantemente. O prémio internacional “ECCH Case Awards”

O

estudo do caso Renova foi distinguido na categoria Overall Winning dos Ecch Case Awards, prémios que reconhecem a excelência mundial de case studies. Tendo sido preparado, durante um ano, por investigadores do INSEAD, o estudo analisa de forma exaustiva o percurso da Renova, que inova continuamente nos produtos, processos e

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reciclada. Com o decorrer dos tempos temos concretizado um crescente e assinalável aumento desta percentagem, já que temos de ter em conta que o papel higiénico não é reciclável, pelo que consideramos que devemos limitar ao máximo a utilização de matérias virgens. O “Renovagreen” é uma linha que eu admiro pessoalmente, pois tem produtos muito bons e muito poucas pessoas serão capazes, através do tato, saber se é um produto feito com materiais reciclados ou materiais virgens. O complicado aqui é a luta contra a crença de que tudo o que é feito com materiais reciclados não é bom. E esta é a minha luta constante, porque mesmo na Península Ibérica há uma etiqueta que identifica os produtos feitos com matérias-primas virgens como se fosse uma garantia de qualidade, e isso não acontece nos Estados Unidos ou nos países nórdicos. É uma pena, mas temos de fazer o que as pessoas gostam…

PeP – Quais os são os objetivos da empresa a médio e longo prazos?

metodologias de trabalho. A estratégia de marketing irreverente ao longo de sucessivas campanhas de comunicação, assim como o posicionamento diferenciador dos produtos Renova foram identificados, na investigação, como fatores de crescimento de negócio e expansão da marca para novos mercados. O estudo de caso do INSEAD documentou a forma como a Renova conseguiu diferenciar-se dos seus concorrentes internacionais, transformar o papel higié-

nico de uma mercadoria num produto premium e entrar em novos sectores de negócio através de um marketing inovador. O resultado foi o “Renova Preto”, o primeiro papel higiénico preto do mundo, que rapidamente passou de uma commodity para um item de moda de luxo. Igualmente, rapidamente, a empresa mudou-se dos corredores dos supermercados para hotéis, boutiques, desfiles de moda e as manchetes das principais revistas. n


A nova Máquina 7 iniciou a produção em janeiro passado

N

a continuidade do plano de expansão industrial da empresa, a Renova iniciou a produção, em janeiro passado, da sua nova MP 7. Trata-se de uma máquina de tissue Advantage NTT, fornecida pela Valmet, com uma caixa de chegada OptiFlo e um cilindro Yankee em liga fundida. Dispõe de uma hote AirCap com um sistema WetDust e um sistema de automação Valmet DNA. A nova máquina de papel tissue tem uma velocidade de 1.800 m / min no “modo texturizado” e 2.000 m / min em “modo simples”. A linha de produção é otimizada para economizar energia e fibras, bem como proporcionar possibilidades de diferenciação do produto e aumento da capacidade de produtos de qualidade premium. O conceito Advantage NTT é projetado para a máxima flexibilidade e pode facilmente, em poucas horas, mudar de uma produção económica de tissue convencional para tissue texturizado de alta qualidade. n

PPS – O nosso objetivo é continuar a crescer de forma sólida e ordenada, sem dívidas, que é algo que também se encontra no nosso ADN. E, acima de tudo, atingir a globalização da nossa marca. Por isso, a maioria dos lucros são reinvestidos na empresa.

PeP – De que realização ou projeto se sente mais orgulhoso?

PPS – Existe uma coisa de que estou muito orgulhoso: são as pessoas da Renova, a sua equipa. Ao fim e ao cabo as empresas são formadas por pessoas. Não sou eu que fabrico o papel. Tenho o privilégio de trabalhar com uma equipa fantástica! Um dos pontos da nossa política de inovação e desenvolvimento é fazer com que a comunidade humana que constitui a Renova partilhe a paixão pela busca das melhores oportunidades num mundo em contínua mudança. Todos e cada um de nós ao compreender o que vai sendo descoberto, na Ciência, na Tecnologia e na Sociedade, estará a contribuir para tornar realidade o sonho de um planeta melhor e em particular o de uma Renova mais cidadã e rica de culturas diversas.


Tissue >> Máquinas de fabricação Advantage NTT, a tecnologia de papel tissue mais flexível do mundo?* *Johan Rågård, Advantage NTT Concept Manager, Tissue Mills Business Unit, Valmet

A

qualidade do produto, a capacidade de produção e o consumo de energia específica são normalmente os factores mais importantes para os produtores de papéis tissue quando escolhem uma nova máquina. A tecnologia Advantage NTT oferece vantagens em todos estes factores. Proporciona uma flexibilidade única em termos da qualidade do papel tissue, gramagem, produtos finais e capacidade de produção, assim como poupanças no consumo de fibras e de energia. Esta tecnologia faz com que seja possível adaptar rapidamente a produção às exigências do mercado - estando os fabricantes preparados para o futuro, independentemente das mudanças que possam ocorrer. Também permite a criação de novos produtos e qualidades devido ao design da correia. As diversas opções para a produção de papel tissue de várias gramagens, propriedades papeleiras e características fazem da tecnologia Advantage NTT a ferramenta definitiva para a diferenciação do produto.

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Flexibilidade de produção – Mudança da produção de tissue convencional para tissue texturizado em poucas horas A máquina NTT pode ser operada em dois modos: liso e texturizado. A chave é a correia NTT. A operação com uma correia fina produz um papel tissue liso semelhante ao que pode ser fabricado nas máquinas Advantage DCT, mas ligeiramente mais suave. A utilização de uma correia mais grossa possibilita a produção de papel tissue texturizado com mais volume e melhor absorção de água. E é muito fácil alternar entre os modos de produção, sendo apenas necessário substituir a correia, o que pode ser feito em apenas algumas horas. A máquina NTT tem a capacidade de funcionar dentro de uma ampla variedade de gramagens e produzir todos os tipos de papel tissue, desde lenços faciais a toalhas. Modo simples – excelente capacidade de produção A tecnologia Advantage NTT tem um sistema de drenagem de elevada capacidade que possibilita não só poupanças de energia, mas também capacidades de produção muito elevadas. No modo liso, o consumo de energia é igual ou menor ao de uma máquina convencional. Nas gramagens altas, a capacidade de secagem é normalmente o obstáculo ao aumento de produção. Em geral, o aumento da secura à entrada da secagem, digamos de 42% na máquina convencional para 50% quando se opera a máquina NTT no modo liso – irá aumentar a capacidade de produção

Capacidade de produção ton/dia/m

2,8 m ton/dia

5,6 m ton/dia

DCT

45

125

250

NTT modo liso

65

180

360

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Tissue >> Máquinas de fabricação

em cerca de 30%. A produção contínua de 180185 toneladas por dia na máquina NTT de 2,8m de largura é agora uma realidade. Nenhuma máquina convencional é capaz de se aproximar desta productividade. Modo texturizado – qualidade premium com baixo consumo de energia A resposta à questão de como atingir uma qualidade próxima da qualidade TAD mas com menor consumo de energia, é a tecnologia Advantage NTT. Como conhecido, a prensagem é a forma mais rentável de remover água – antes de qualquer tipo de secagem térmica. Ao utilizar a prensa NTT em combinação com a correia NTT é possível a obtenção simultânea de securas e volumes elevados. O baixo consumo de energia é resultante do aumento da secura à entrada da hote de secagem. Com a máquina Advantage NTT é possível produzir qualidade de papel tissue próxima do tissue produzido na máquina TAD, usando menos da metade da energia necessária no processo TAD. Relativamente aos custo operacionais, a alta secura após as prensas não é a única vantagem. Por exemplo, os requisitos de capacidade de vácuo para uma máquina NTT está ao mesmo nível que para uma máquina DCT. Comparando com a TAD, o consumo de vácuo é no mínimo 75% inferior - devido aos elevados requisitos de vácuo necessários no processo TAD.

Flexibilidade do produto – Da qualidade standard à qualidade premium Os níveis habituais de qualidade do papel tissue são: básico, standard, premium e ultra-premium. Atualmente, as máquinas DCT são capazes de produzir papel tissue liso com níveis de qualidade muito elevados. No entanto, a qualidade ultrapremium exige o processo Advantage ThruAir para que se cumpram os altos requisitos de volume, absorção e suavidade. A Advantage NTT preenche a lacuna entre o papel tissue liso e o estruturado, ou seja, o papel tissue texturizado com qualidade premium. Ampla variedade de gramagens A gama de gramagens varia de 12 a 40 g/m2, o que é bastante amplo em comparação com outras máquinas híbridas. Devido à capacidade de produção e, basicamente, nenhuma limitação

na capacidade secagem, as altas gramagens são fácilmente produzidas. As baixas gramagens têm também muito boa runnability, sendo que até aos 12 g/m2 existem referências bem sucedidas. Alta densidade e suavidade Os papéis tissues convencionais na Europa são habitualmente grofados para melhorar o volume e a suavidade. No modo texturizado, a tecnologia NTT é capaz de alcançar um aumento no volume de cerca de 50-80% em comparação com o papel DCT standard, dependendo da gramagem e do design da correia. Ao contrário do processo TAD, a experiência com o NTT demonstra que não é necessária calandragem.

Volume vs Secura para diferentes conceitos quando se inicia a secagem térmica

A maioria dos produtos convencionais europeus tem uma suavidade na gama de 85-90 (TSA). Os produtos fabricados pela Advantage DCT com a prensa Advantage ViscoNip podem atingir valores acima de 90. Por sua vez, os melhores produtos TAD com baixa resistência à tracção têm uma suavidade de 104. Com maior resistência à tracção, a suavidade é de 95. Os produtos fabricados com a tecnologia Advantage NTT situam-se na gama entre 90 e 97. A maior suavidade é alcançada nos produtos de duas camadas com baixa resistência à tracção. Os melhores papéis higiénicos NTT estão próximos dos papéis higiénicos TAD das marcas líderes Estado Unidenses A maior suavidade pode ser explicada por uma maior área de contacto com o secador Yankee. A área de contacto das telas TAD típicos varia de 20 a 25%. O que significa que cerca de 75% da folha não é comprimida. No modo texturizado NTT, é possível ter uma área de contato de 30

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Tissue >> Máquinas de fabricação

a 70%. Por sua vez, a gama standard típica de área de contacto de 55-65%. Uma área de contato maior aumenta a suavidade, uma vez que a área da superfície é exposta a mais crepagem. Absorção Para uma toalha, a absorção de água é a propriedade mais importante. O alto volume e o volume vazio fornecem uma alta absorção de água. A TAD ainda tem números excepcionais de absorção de água, alcançando 15-16 g/g, medido com o método da cesta. No entanto, o papel tissue texturizado produzido com uma correia grossa atinge um nível de 12-13 g/g no produto acabado. Estes resultados podem ser comparado com a DCT, que tem uma absorção de 7-8 g/g no papel de base e cerca de 10-11 g/g no produto acabado.

Flexibilidade do produto – potencial ilimitado para a diferenciação de produto O segredo da flexibilidade da tecnologia Advantage NTT é a correia de poliuretano com a superfície texturizada. Ao contrário da vestimenta tecida, a correia NTT oferece a possibilidade de desenvolver o design do padrão da correia, de acordo com as necessidades específicas. Isso significa um potencial quase ilimitado para desenhar novos produtos e qualidades. As correias NTT standard estão disponíveis na qualidade fina, média e grossa, em que a correia fina é adequada para papéis tissues lisos com suavidade melhorada e a correia grossa é ideal para toalhas texturizadas e produtos de alto volume. Mas, como mencionado antes, o design da correia só é limitado pela imaginação. A folha de base texturizada não necessita de micro gofragem na linha de transformação, o que melhora a eficiência de transformação. A gofragem do papel texturizado tem somente a finalidade decorativa e de encadernação.

Fina

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Média

Grossa

Alta velocidade operacional

e

baixo

custo

A máquina Advantage NTT pode ser operada em alta velocidade: até 2.000 m/min no modo simples e 1.800 m/min no modo texturizado. Os custos de produção são comparáveis ao da Advantage DCT para o papel tissue texturizado e menores para o papel tissue convencional. O processo está apto para a utilização de fibra virgem e reciclada.

Papel tissue texturizado com o logotipo da Valmet, impresso pela correia texturizada

Propriedades Advantage NTT

da

Tecnologia

•C apacidade para variar entre a produção de papel tissue texturizado e o tissue crepado convencial • Capacidade de produção extremamente elevada no modo liso: 65 ton/dia/m, ou seja, 180 ton/dia para uma máquina de 2,85m de largura • O papel tissue texturizado tem 50-80% mais bulk e suavidade, o que pode ser comparado com os produtos TAD premium e com os melhores produtos DCT • A gravação a laser da correia NTT dá grande flexibilidade para desenvolver padrões específicos para cada cliente • A gofragem da NTT texturizada tem somente uma finalidade decorativa e de encadernação, o que melhora a eficiência de transformação e reduz o custo de investimento para a conversão de linhas • Economia de fibra de 10-30% em produtos acabados para papeéis tissues texturizados • No modo texturizado, a secura à entrada do Yankee é de 42-46%, o que possibilita baixos consumos energéticos • No modo convencional, a secura após a transferência Yankee é de 46-50%, o que possibilita baixos consumos energéticos • A máquina NTT é fácil de operar e tem uma alta eficiência e capacidade de produção elevada.


Tissue >> Teias As teias de formação PrintStar ™ garantem uma “máquina limpa” “baixo espaço vazio” da AstenJohnson traduz o que os fabricantes de papel chamam de “Máquina Limpa”.

Como escreve papel S/C:

C

onvencer qualquer fabricante de papel para experimentar uma nova teia de formação pode ser um acordo difícil. No entanto, encontrar um cliente para testar a PrintStar, uma nova teia de formação usando a nossa tecnologia com uma exclusiva estrutura de fios, foi mais fácil do que esperávamos. E a aceitação está a crescer a cada dia.

um

produtor

de

“Sem qualquer alteração na nossa maneira de operar, vimos uma melhoria imediata na limpeza da máquina. A coisa que mais recordo é o estado no interior do perímetro da teia: os rolos, as raspas e outros dispositivos estáticos costumavam ficar cobertos com uma película de pasta. Sujidades nessa área causam muitas vezes um defeito. Depois da teia PrintStar ser instalada, deixámos de ver este problema com o nosso sistema de câmaras. É assim que sabemos que a PrintStar nos está a ajudar a reduzir os defeitos.“

Desde o seu primeiro ensaio em 2012, a PrintStar encontrou lugar em muitas máquinas fabricando uma série de tipos de papel – desde papéis sem pasta mecânica (revestidos e não revestidos), passando por cartões branqueados e papéis especiais com pasta mecânica, até papéis S/C (supercalandrado) e LWC. O característico design a que chamamos de

Saiba por que é que as fábricas estão a mudar para PrintStar em número record: • Funciona com limpeza / redução de quebras na parte húmida • Melhora a eficiência da máquina • Melhora a retenção, formação e propriedades mecânicas da folha de papel.

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Tissue >> Máquinas de fabricação Ventos de mudança para o Tissue em Portugal* * Laslo Monte - Director de Vendas Sul da Europa & Africa, Voith Paper

D

esde que a primeira produção de tissue em máquinas de alta velocidade começou em Portugal, em meados dos anos 70, seguida pelo aumento da capacidade no início dos anos 90, a produção do sector teve uma representação relativamente limitada no mercado europeu. Nos últimos anos voltou a desenvolver-se, o mais significativo foi o investimento do Grupo Navigator em Vila Velha de Ródão, a máquina da Suavecel em Viana do Castelo e o investimento da Renova em tecnologia NTT em 2016. Porém este mês foi anunciado um impulso record: o Grupo Navigator em busca do seu impressionante plano de expansão, anunciou o investimento numa máquina de dupla largura de alta velocidade, com shoe-press Voith NipcoFlex-T para a sua Fábrica de Cacia, sendo a primeira em Portugal,

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tornando-se num centro de produção integrado. O seu efeito sobre a dinâmica do mercado será ainda avaliado, porém, esta novidade é um marco significativo na produção do Tissue em Portugal. Portugal apresenta importantes vantagens em relação a outros produtores europeus, principalmente devido às características únicas da fibra de eucalipto localmente disponível, particularmente adequada para proporcionar suavidade e “hand-feel”, pela sua proximidade com o mercado espanhol e pela acessibilidade marítima para os mercados do Norte e Sul da Europa e África. A integração de fábricas de celulose e papel adiciona um outro benefício ao processo de produção devido à disponibilidade da pasta ser


Tissue >> Máquinas de fabricação

bombeada diretamente sem sofrer as variações da celulose embalada, para além da redução dos custos de transporte com influência directa no impacto ambiental (eco-friendly). As tecnologias mais recentes que estão a ser utilizadas trazem naturalmente vantagens de eficiência e produtividade sobre a base europeia envelhecida, para não mencionar os consumos de energia específicos que são alcançáveis com tecnologia de “shoe-press” e os benefícios adicionais que podem ser colhidos através de potencial aprimoramento à tecnologia TissueLev (a). A absorção da tonelagem adicional no mercado e as suas consequências ditarão se os desenvolvimentos mais recentes estabelecem uma base sólida para o crescimento do tissue. A nossa estimativa é bastante positiva.

A combinação de benefícios de produção local de celulose e da implementação das melhores tecnologias disponíveis, serão sem dúvida, utilizados como referência no mercado para o cuidado com o meio ambiente. É algo para se orgulhar e uma combinação perfeita, quando o negócio faz sentido e o ambiente é respeitado. A Voith Paper orgulha-se de ser um dos principais parceiros e pioneiros na indústria de papel. Através de inovações constantes, otimizando o processo de fabricação de papel, focando-se no desenvolvimento de produtos que economizem recursos para reduzir o uso de energia, água e fibras. --------------------------------------------------------------------------------------------------------

A technologia TissueLev consiste numa vestimenta adicional que trabalhando na área da prensa de sapata sob elevada tensão, aumenta os resultados do teor de secura, economizando mais energia.

(a)

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Tissue >> Revestimentos de rolos Combinação de técnicas avançadas de fabricação e de prensagem para obtenção do máximo desempenho na Máquina de Papel* * Glen A. Harvey Global Director of Value Results Engineering Xerium Technologies, Inc. Youngsville, NC USA

Uma máquina de papel depende de centenas, se não milhares, de variáveis ​​que precisam ser orquestradas numa sinfonia de papel de alta qualidade, baixo custo de energia e altas taxas de produção. Novas ferramentas de engenharia conseguem definir os parâmetros nos nips das prensas da máquina de papel e identificar as condições ideais. Quer as vestimentas da máquina de papel, quer os revestimentos dos rolos têm sofrido vários avanços ao longo dos anos, mas o avanço combinado derivado destes avanços de per si, pode originar maiores benefícios para o desempenho ideal da máquina de papel. A maior compreensão das condições de pressão no nip das prensas permitiu focar os esforços de otimização que podem agora ser abordados através de técnicas não disponíveis anteriormente.

O

programa Rezolve ™ da Xerium utiliza algoritmos sofisticados para calcular a quantidade de água presente no nip e o volume vazio disponível ao longo da vida útil de um feltro de prensa. A quantidade de água no nip é uma combinação da água removida da folha e da água transportada no feltro. Assim, as variáveis​​ da máquina de papel que afetam a quantidade de água abrangem a gramagem da folha, a humidade à entrada da prensa, o desenho do feltro da prensa e o sistema de condicionamento do feltro. O volume vazio disponível no nip é uma combinação do volume vazio devido ao feltro da prensa (que muda do início para o fim da vida do feltro) e o volume vazio devido à extração (furo ou ranhura) do revestimento do rolo. O volume vazio do feltro é uma função do design de feltro, a quantidade de tempo (número de dias) na máquina e a pressão (intensidade no nip) que é sofrida pelo feltro. Por esta razão, o volume de vazio de feltro é também uma função da pressão da prensa, do diâmetro do rolo, do material do revestimento,

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da dureza, da espessura do revestimento e da temperatura de funcionamento. O volume vazio no intervalo devido à extração no revestimento do rolo é medido determinando o volume vazio efetivo. O volume vazio efetivo é a medição do volume vazio que permanece disponível no nip. O vazio efetivo é função da área aberta do orifício de aspiração, do diâmetro do furo cego, da área aberta do furo cego, da profundidade de furo cego, da largura da ranhura, da largura entre ranhuras e da profundidade da ranhura. Outras variáveis que ​​ influenciam a medição do volume vazio efetivo do revestimento do rolo são a pressão na prensa, a dureza do revestimento e a eficiência das raspas dos rolos. A diferença entre o volume total vazio no nip e a quantidade de água no intervalo é igual ao excesso de volume vazio. O excesso de volume vazio pode ser usado como uma indicação das condições desfavoráveis ​​ no nip. Através da experiência prática numa máquina ou em máquinas e categorias de papéis semelhantes, pode atingir-se um objetivo mínimo de excesso de


Tissue >> Revestimentos de rolos

volume vazio para cada aplicação de uma prensa. Este mínimo de excesso de volume vazio identifica com precisão problemas hidráulicos excessivos, quebras da folha e problemas de controlo durante a vida do feltro.

O excesso de volume vazio diminuirá durante a vida do feltro devido à compactação e perda de volume vazio com o decorrer do tempo.

O insuficiente excesso de volume vazio pode ser contraproducente em relação aos objetivos de obtenção de papel de alta qualidade, baixo custo de energia e altas taxas de produção. O insuficiente excesso de volume vazio cria uma restrição no fluxo que produz menos sólidos na saída, resultando em custos de energia mais altos e velocidades de máquina mais lentas. O insuficiente excesso de volume vazio também pode criar um aumento de forças hidráulicas no nip. Forças hidráulicas indesejadas e excessivas podem causar uma redução nas propriedades desejadas da folha e prejudicar o desempenho sustentado dos feltros das prensas. Forças hidráulicas severas também podem causar uma deterioração da superfície do revestimento do rolo e nas suas ranhuras ou furos. Isto pode reduzir a eficiência da prensa na remoção de água, reduzindo a uniformidade de prensagem e, também, obrigando a uma maior remoção do material da cobertura quando se recondiciona o rolo. A remoção de mais material de cobertura reduz a vida útil deste caro equipamento e também reduz as profundidades das ranhuras ou furos, agravando ainda mais o excesso de volume vazio durante a futura utilização do rolo. Um dos outros inconvenientes do insuficiente excesso do volume vazio é a incapacidade de lidar com alterações na variação da humidade no sentido transversal. Em numerosas ocasiões, o número de variações de humidade CD 2-sigma foi significativamente reduzido (redução de 50%)

eliminando um condicionamento insuficiente e proporcionando um excesso de volume adequado. Se a folha transportar uma quantidade de água irregular até ao nip, teremos áreas mais húmidas passando através do nip. Com um volume vazio suficiente, as áreas mais húmidas da folha perderão mais água, aplanando a variação de humidade CD. Não só se verificou um avanço na engenharia e na compreensão das condições nos nips, como também os materiais de feltro das prensas e dos rolos avançaram. Os feltros das prensas agora utilizam: •A vanço no agulhamento, melhorando a suavidade e o controlo da folha • Novos conceitos da tecelagem da base para melhorar a uniformidade de prensagem e desidratação • Melhoria no desenho das costuras para reduzir imperfeições de folha e marcas, ao mesmo tempo que permite reduzir o tempo de instalação e melhorar a segurança • Novas camadas não tecidas, para maior volume vazio e melhor aparência da folha • Melhoria da resistência mecânica e aos produtos químicos das fibras que formam as camadas dos feltros. • Fibras projetadas para melhorar a suavidade e reduzir a rehumidificação (rewet) Os materiais dos revestimentos dos rolos também tiveram grandes melhorias: • Materiais resistentes à abrasão superior em todas as gamas de dureza, Superwear Xtreme, Xtreme TS e Quantum Xtreme • Materiais com baixas características de histerese - permitindo que os materiais funcionem mais frios e sem a utilização de arrefecimento com água • Materiais que melhoram a integridade do revestimento e oferecem maior estabilidade à extração • Revestimentos duplos Aquarius Armor permitindo um nip macio mais largo, combinado com maior resistência ao desgaste, resistência química e tornando a libertação do material do revestimento mais difícil • Fortalecimento dos sistemas de ligação e melhorias na base • Materiais com estabilidade duradoura de dureza

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Especial Tissue

• Poliuretano EnerSoft com materiais melhorados resistentes a hidrocarbonetos, para melhor resistir aos óleos, betumes e outros produtos químicos na secção de prensas Embora os feltros das prensas e os revestimentos dos rolos tenham sofrido vários avanços que melhoraram o desempenho individual e os algoritmos Rezolve tenham permitido uma maior compreensão das condições no nip das prensas, o avanço derivado da combinação destes avanços individuais pode oferecer o máximo de benefícios para o desempenho ideal da máquina de papel. O desenho da extração do revestimento do rolo foi restringido devido ao medo de marcação da folha de papel. Os esforços infrutíferos verificados no passado impediram a utilização de novas técnicas de extração mais agressivas. Através da compreensão do melhoramento das bases de tecelagem e das camadas com volume vazio mais alto e das técnicas de agulhamento avançadas combinadas com os materiais de revestimento dos rolos mais resistentes a produtos químicos, não é já necessário restringir as técnicas de extração. Portanto, os padrões de extração podem agora ser projetados para responder às necessidades de excesso de volume vazio calculadas através dos algoritmos. Os rolos aspirantes duplamente perfurados com furos maiores na superfície do revestimento aumentam o vácuo efetivo, devido à área aberta e ao volume vazio. Maiores padrões de furos cegos perfurados com maior área aberta podem agora ser utilizados de modo que os furos permaneçam limpos, abertos e eficazes no nip. As ranhuras patenteadas mais largas EnerVent ™ da Xerium podem agora ser utilizadas (mesmo em materiais de revestimento mais macios) permanecendo abertas e eficazes ao longo da vida do revestimento do rolo. Todas estas técnicas de extração são agora possíveis não só por causa das melhorias dos materiais de revestimento dos rolos, mas também por causa dos avanços verificados nos feltro e da capacidade de uma extração maior e, ainda, pela capacidade de impedir que a água seja canalizada através do feltro diretamente para os furos ou ranhuras do rolo. Num estudo de caso numa máquina de tissue Crescent Former com um só nip, o Rezolve calculou que o excesso de volume vazio era inferior ao volume vazio mínimo recomendado - mesmo no início da vida do feltro (Figura 2). Isto é bastante comum em máquinas de tissue onde o feltro pick-

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up é molhado para ajudar a controlar a pega e a transferência da folha. Após a perfuração dupla do revestimento Xtreme TS do rolo de pressão aspirante, o excesso de volume vazio aumentou para níveis suficientes.

O aumento do excesso de volume vazio numa máquina de secagem limitada resultou num aumento de 4,8% na velocidade da máquina numa folha de 14,3 g/m2 e num aumento de 7,6% na velocidade com uma folha de 24,4 g/m2. Combinando os avanços individuais dos materiais dos feltros das prensas com os dos revestimentos dos rolos podem ser eliminadas as limitações anteriores e ter o foco nas novas técnicas para alcançar condições de pressão ideais, agora conhecidas mediante ferramentas avançadas de engenharia. Maiores velocidades da máquina e menores custos de energia são agora possíveis elevando as limitações para novos patamares.


info Junho’17

tecnicelpa.51 Associação Portuguesa dos Técnicos das Indústrias de Celulose e Papel

Entrega de medalhas aos sócios 25 anos TECNICELPA

51.indd 1

11-06-2017 20:41:09


índice : 03

EDITORIAL NOTÍCIAS DA TECNICELPA

04

› SEMINÁRIO - “Metodologias de Investigação de acidentes de trabalho”

06

› Entrega de Medalhas 25 anos Tecnicelpa - Henrique Dominguez

09

› CURSO - “Introduction to Tissue Manufacture” e vista à Fapajal - Carlos Silva

11

› Paper Prime S.A. em Vila Velha de Rodão, já arrancou

12

› Exposição itinerante 35 anos Tecnicelpa (Linha do Tempo)

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› PRÓXIMOS EVENTOS - Tecnicelpa e Internacionais

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› MOVIMENTO ASSOCIATIVO

e visita à Celbi na Figueira da Foz - João Martins

OPINIÃO 13

› Sobressaltos à Vista para as Associações Técnicas Setoriais - Celso Foelkel

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› Indústria 4.0 - Carlos Brás HISTÓRIAS E MEMÓRIAS

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› Galeria da Indústria Papeleira Portuguesa - LUÍS BERNARDO ROLO (1.ª parte) - Manuel Gil Mata ARTIGOS TÉCNICOS

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› SEMINÁRIO - Economia Circular - Carlos Vieira

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› Bio refinaria e Economia Circular: dois conceitos para uma estratégia de desenvolvimento

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› A impressão Digital vs. Impressão Offset - Vitor Crespo

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› ARTEC 27 - Miguel Sanches

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› As ideias fazem crescer as organizações - Joaquim Belfo

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› On the Management of innovation… (part 2) - Mike Odell

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› A cultura do eucalipto e as Boas Práticas Florestais da Indústria Papeleira - Francisco Goes E Luis Leal

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› Aumento do conteúdo de filler no papel. Uma abordagem química

sustentável - José Luis Amaral

Ana F. Lourenço, José A. F. Gamelas, Paulo J. Ferreira

FICHA TÉCNICA Os artigos aqui presentes são da responsabilidade dos respectivos autores. A reprodução integral ou parcial do conteúdo desta info@tecnicelpa não poderá ser efectuada sem a autorização da TECNICELPA. As opiniões de terceiros não reflectem a opinião da TECNICELPA. Responsável pela edição e contactos - Secretariado da TECNICELPA - info@tecnicelpa.com A decisão final da utilização dos materias é da responsabilidade da TECNICELPA Design e Paginação - Luís Campos (HOMEWORK - design : : comunicação : : gestão de eventos) Distribuição gratuita aos Associados da TECNICELPA.

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Editorial PEDRO MATOS SILVA Presidente do Conselho Diretivo

Por ocasião da distribuição de medalhas de 25 anos de filiação a um vasto número de sócios individuais e coletivos da Tecnicelpa, foi mais uma vez evidente o periodo de renovação que o nosso setor vive em Portugal. Misturam-se rostos familiares e de referência, com muitas caras novas de jovens ainda pouco conhecidos e integrados na família dos técnicos da indústria de pasta e papel. Estão presentes em todas as empresas e nas mais diversas geografias, e veem de vários pontos da rede universitária portuguesa que continua a formar excelentes futuros técnicos. Ao reflectir sobre o assunto coloquei-me de novo na posição deles e lembrei-me como, há duas decadas atrás, entrei na indústria e participei nas minhas primeiras iniciativas da Associação. Foi muito através destes eventos da Tecnicelpa que acelerei o meu conhecimento técnico, então como engenheiro de processo, mas sobretudo que criei uma rede de conhecimento que extravasou a fábrica e a empresa a que estava ligado. E como isso foi importante para a minha integração. A Tecnicelpa tem de continuar a ser este “hub”, esta plataforma, onde todos os técnicos se podem encontrar, conhecer, partilhar e crescer profissionalmente. A renovação dos quadros técnicos da nossa indústria é um desafio de enorme dificuldade e elevado impacto para todas as realidades do setor. A especificidade dos nossos processos e a elevada complexidade e risco das nossas operações, implicam que as equipas técnicas desenvolvam e acumulem conhecimento e experiência que não pode ser interrompido abruptamente. Mas também a necessidade de adaptação da nossa realidade à evolução tecnológica e à mudança de contexto social e económico, obrigam a incluir as novas gerações na nossa equação. Este é o grande desafio com que se debatem as várias realidades fabris, de uma forma mais ou menos crítica, no momento que atravessamos. Novidade para algumas que atingiram as bodas de pérola, repetição para as que atingem as bodas de diamante, para todas o objetivo centra-se em garantir uma passagem efetiva e consolidada do conhecimento existente entre as gerações, simultaneamente com a injeção de novo conhecimento e competência que permitam a evolução necessária das organizações. Há 36 anos atrás os fundadores da Tecnicelpa ajudaram a criar um veículo para auxiliar esta renovação. A associação tem sabido, dentro das suas limitações, criar os momentos para a passagem e para a renovação de conhecimento no corpo técnico da indústria. Continuamos em 2017 a fazê-lo com o mesmo empenho e dedicação, e congratulamo-nos pela participação que temos tido nas nossas últimas iniciativas relacionadas com os temas da Segurança, da Produção de Pasta e da Produção de Tissue. Mas como refere o Celso Foelkel neste número, os desafios são enormes, tal como o eram no tempo do Eng. Luis Rolo, figura de destaque no segundo capítulo da “Galeria da indústria papeleira portuguesa”. Saibamos aproveitar a nova revolução industrial, a do 4.0, e renovemos também a Tecnicelpa de forma a que, adaptando-se ao novo contexto, saiba manter-se uma “casa” para a família de todos os técnicos do setor. Saudações e boa leitura.

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EDITORIAL

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SEMINÁRIO

“Metodologias de Investigação de acidentes de trabalho” e visita à Celbi na Figueira da Foz 10 de Março, 2017

JOÃO MARTINS Sócio n.º 822 O grande filósofo José Ortega y Gasset na sua obra “Meditaciones del Quijote” escreve que “Yo soy yo y mi circunstancia y si no la salvo a ella no me salvo yo”, a qual podemos reformular e simplificar para, “Um homem é ele mesmo e a suas circunstâncias”. E foi precisamente por aí, por alguém profundamente mercado pelas suas circunstâncias, que se iniciou o seminário. Um testemunho forte dado pelo Luis, colega de uns, amigo de tantos e alguém que, falando na primeira pessoa, nos mostrou como é recuperar de um acidente grave. Um testemunho muito sofrido por alguém que, privado quase por completo do uso das mãos, viu como tarefas triviais do nosso dia a dia como comer ou pegar no filho bebé se tornaram tarefas quase impossíveis de concretizar. Mas foi também um testemunho de sucesso de alguém que salvou, como diz o filósofo, as suas circunstâncias, tornando-se um profissional totalmente válido para a empresa onde trabalha e um Ser Humano que consegui manter intactos os seus valores. E foi com este mote que se seguiram as intervenções seguintes onde numa abordagem “Top-Down” começamos por mostrar o enquadramento a nível europeu da temática da Segurança e Saúde e concluímos com exemplos reais da atividade de uma empresa do setor da pasta e papel. A Profª Emília Telo (ACT) mostrou-nos o PONTO FOCAL NACIONAL da estratégia europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (2014 – 2020), materializado num conjunto de ferramentas e atividades que englobam campanhas para a promoção de locais de trabalho mais saudáveis, contactos diretos com a população em geral em locais de grande afluência de público (ex. Centros Comerciais), seminários temáticos, materiais multimédia

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com os filmes NAPO ou ferramentas de análise de risco como a OIRA. Foi gratificante e ao mesmo tempo surpreendente, verificar a quantidade de ferramentas existentes e ao dispor dos técnicos de SST. O Engº Carlos Montemor (ACT) mostrou-nos a importância da investigação na redução dos acidentes de trabalho, mas demonstrando claramente que a visão da ACT ao apurar as causas visa criar mecanismos, legais ou instrumentais (formativos) que conduzam as empresas, do setor florestal em particular a implementar práticas mais eficazes na redução dos acidentes de trabalho. A palavra punição não existiu na apresentação, cedendo totalmente o lugar à palavra PREVENÇÃO. E concluiu lançando um desafio, a redução em 30% dos acidentes de trabalho até 2020. E por falar em investigação, a Profª Celeste Jacinto (UNL), que tem a rara qualidade de ter nascido e crescido na indústria antes de abraçar a carreira académica, explicou-nos, com aquela simplicidade só acessível a quem realmente sabe, os passos do seu método RIAAT (Registo, Investigação e Análise de Acidentes de Trabalho). Abordou também uma matéria relevante para quem trabalha na indústria, o conceito ALARP “As Low As Resonably Praticable” que associado ao conceito de risco aceitável acaba por ser a bitola que permite decidir que medidas são possíveis de implementar nas empresas. O orador seguinte, Engº Pedro Moreira (EDP), mostrounos um “Cenário irrepetível” relacionado com os grandes projetos hidroelétricos dos últimos 10 anos. De uma forma clara mostrou e demonstrou como se implementa toda uma metodologia de monitorização e controlo, NOTÍCIAS DA TECNICELPA

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› Junto à máquina de pasta na Celbi

usando ferramentas informáticas (SAP), mas sobretudo como foram capazes de aprender e transmitir, através de brochuras cuidadosamente elaboradas e outros meios, esse conhecimento a toda a organização.

› Auditório da incubadora de empresas na Figueira

A convidada seguinte, Engª Vanda Reis é uma especialista com uma longa experiência de campo e iniciou a sua apresentação com um caso concreto de acidente em altura. Mostrou-nos um aspeto relevante e ainda não abordado anteriormente, relacionado com as contradições dos vários envolvidos num acidente de trabalho, ficando claro para os presentes que as reais causas dos factos ocorridos, se escondem quase sempre no meio de densa neblina. Terminou mostrando como é possível obter, com muito treino e persistência, equipas para trabalhos em altura muito bem preparadas, mesmo em cenários tão difíceis como a África Central.

› Mesa de abertura do Seminário

Para encerrar a sessão falou-nos a Engª Paula Monteiro (Navigator) que iniciou a sua apresentação mostrando um pequeno vídeo que demonstrou, de modo quase arrepiante, a importância aquele número mágico, nascido na Índia e dado a conhecer ao mundo ocidental pelo italiano Fibonacci e que responde pelo nome de ZERO. E depois mostrou-nos com a sua experiência, um método claro e objetivo que permite que, no setor da pasta e papel, caminhemos para esse zero (acidentes).

› No autocarro de visita à Celbi

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Neste ponto do seminário surgiu uma visão diferente dos acidentes de trabalho trazida pela mão dos oradores Manuel Silva Castro e Nuno Trindade, quadros de topo da Tranquilidade e que surpreenderam tudo e todos ao mostrar o rosto humano de instituições frequentemente vistas como adversários temíveis para as empresas em caso de acidente. Para além do conhecimento real e profundo que têm da situação do país e de nos explicarem de forma detalhada com atuam na investigação de acidentes, demonstraram também de forma quase intuitiva as vantagens, também para as Seguradoras, da redução do número de acidentes.

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Entrega de Medalhas 25 anos Tecnicelpa

HENRIQUE DOMINGUEZ Sócio Honorário n.º 4 Cada vez que a TECNICELPA organiza um evento este é sempre um sucesso incontestável. Há 36 anos que assim é e, quando vemos o interesse e a adesão dos jovens colegas, ficamos confiantes que assim continuará a ser no futuro. Desta vez a Direção brindou os Sócios com um programa rico de vários pontos fortes e atraentes. Um Porto de Honra e um tempo de convívio, um almoço e a entrega das medalhas aos Sócios (individuais e coletivos) com 25 anos de filiação, uma Conferência sobre a história dos Templários e, finalmente a Assembleia Geral. E até o tempo “participou na festa” abstendo-se de nos enviar a chuva com que andara a ameaçar-nos durante uma semana… Acedendo ao pedido do Presidente para que se tentasse respeitar o horário de chegada, todos foram cumprindo e, paulatinamente, foram aparecendo os 30 sócios inscritos e 27 dos 41 “medalhados” com, pelo menos, 25 anos de sócios da Tecnicelpa, aos quais se juntaram os 10 representantes dos sócios coletivos, igualmente com 25 anos de filiação. Entre os cumprimentos, os abraços e a cavaqueira o tempo do Porto de Honra passou a voar.

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› O almoço comemorativo dos 36 anos Tecnicelpa

A Quinta da Gracinda regalou-nos com um magnífico almoço, que talvez só tenha pecado por ser demasiado copioso e… um pouco longo. Por altura da sobremesa o Sócio número Dois e Fundador leu-nos a mensagem de um outro Fundador, o sócio número Um, Alberto Vale Rego, que não podendo estar presente não quis deixar dessa forma de se juntar ao evento, conforme texto anexo.

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Saudação aos Sócios da Tecnicelpa na Comemoração do 36º Aniversário

6 ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS TÉCNICOS DAS INDÚSTRIAS DE CELULOSE E PAPEL

Caros Consócios, Aqui chegados, ainda com muitos de nós que vivemos este sucesso associativo desde o primeiro momento, unidos todos por essa questão particular de sermos da fileira do papel, é sempre tempo de rever o caminho trilhado e trazer à memória todas as emoções vividas ao percorrê-lo. Quando começámos, cada ano comemorado era uma vitória de esforço e imaginação de novidade, que nos lançava para o desafio do ano seguinte, em algumas ocasiões de fecho incerto e tremido. Agora, pelo talento dinâmico dos sócios e dos directores que, sabiamente, designaram, a Tecnicelpa está consolidada, tem um lugar indiscutível no conjunto das entidades que representam e são parceiras efectivas no sector. Assim, cada ano que termina, não é mais do que a constatação do plano cumprido e o lançamento do próximo que, sempre com trabalho esforçado e de qualidade e sentido de futuro, manterá o rumo bem definido. Creio que ausente pela primeira vez duma comemoração importante da Tecnicelpa, com a muito grande pena de aí não estar por me encontrar em viagem, venho deste modo simples, por amabilidade do meu amigo e consócio fundador Augusto Góis, Secretário Geral e, sem a menor dúvida, quem tem sido o timoneiro esclarecido e sempre determinado para aqui estarmos e sermos o que somos, apresentar aos sócios que vão receber a sua medalha de 25 anos os mais calorosos cumprimentos e um forte abraço de cumplicidade por esta ligação à Tecnicelpa. E também cumprimentar com afecto e agradecimento a Direcção que, dedicadamente, representa os sócios e, com trabalho esforçado, avança segura para o futuro, hoje como antes, de sucesso da nossa associação. E ainda para saudar com um forte abraço todos os amigos e sócios presentes, afinal aderentes e continuadores do sonho que vivemos há 36 anos e que, como sócio fundador e número 1, desculpem a imodéstia, me orgulho de ter ajudado a construir e, com muita honra, a concretizar.

Alberto Vale Rêgo Sócio Homorário N.º 1

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› Mesa com exposição das medalhas e dos respetivos medalhados.

››› Alguns Medalhados

› Ao telefone para os Estados Unidos

› Assembleia Geral

› O Conselho Diretivo e equipa

A entrega das Medalhas esteve, como sempre, muito bem organizada. Á medida que os sócios iam sendo chamados para receber a Medalha apareciam as suas fotografias, o que originava amistosos e descontraídos comentários. As Medalhas foram entregues pelo atual Presidente, pelos dois Fundadores presentes e pelos dois primeiros Presidentes da Tecnicelpa.

Desta vez a Assembleia Geral, graças ao aliciante programa proposto, que atraiu muitos sócios, contou com um maior número de presenças do que habitualmente.

Um dos “Medalhados” estando atualmente ausente em serviço nos Estados Unidos, foi, no entanto, possível contactá-lo telefonicamente para lhe mandar os parabéns e um abraço e ouvir as suas palavras em alta voz. Bem hajam as novas tecnologias… e a feliz iniciativa do Ângelo Loureiro. Após a entrega das Medalhas, o Arquiteto Álvaro Barbosa, um profundo conhecedor da história dos Templários e um apaixonado pelo Convento de Cristo, entusiasmou os presentes com os seus conhecimentos apresentando, de uma forma dinâmica e bem documentada, o tema “Os Cavaleiros Templários em Tomar e o seu legado na região”.

O Presidente do Conselho Diretivo fez uma completa, objetiva e clara exposição sobre as atividades em 2016, salientando a realização da XXIII Conferência Internacional, no Porto, e a construção e apresentação da Exposição Itinerante dos 35 anos da Tecnicelpa. O Relatório e Contas do Exercício de 2016, bem como o Orçamento e o Plano de Atividades para 2017, foram aprovados, assim como foi aprovado o justíssimo voto de louvor ao Conselho Diretivo pelo seu excelente trabalho, sempre dinâmico e abnegado. E, sem desvios do horário previsto, acabou mais um “dia Tecnicelpa” o qual, como habitualmente, deixou todos na expectativa do próximo evento. Até lá!

Creio que poderíamos ter ficado a ouvi-lo falar durante muito tempo…

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CURSO

“Introduction to Tissue Manufacture” e vista à Fapajal “Nunca mais voltaremos a olhar para o papel Tissue da mesma maneira” ... era o sentimento generalizado dos formandos no final do curso.

Realizamos pela primeira vez um curso dedicado inteiramente ao processo de produção de Tissue, com a colaboração da PITA (nossa congénere no Reino Unido). Com a participação de 38 formandos, foi uma jornada de dois dias completos (16 e 17 de maio 2017) no Hotel dos Templários, numa formação integralmente em Inglês. A formadora Kate Leach, manteve uma dinâmica muito interativa com os formandos, dando uso preferencial ao contacto com muitas amostras disponíveis nas mesas, para tocar e sentir. As apresentações foram intercaladas com trabalhos manuais de corte e colagem e até mesmo saídas da sala, para trabalhos de grupo “fora da caixa”. Manteve um ritmo elevado de exposição e de um grande rigor “britânico”

Para culminar o curso, fizemos uma visita técnica, também pela primeira vez, à FAPAJAL, no dia 18 de maio, cuja descrição se segue. O nosso sincero agradecimento à FAPAJAL, pela abertura e disponibilidade como nos recebeu e e à PITA pelo início desta parceria de sucesso.

› Kate Leach (formadora)

› Abertura e nota de boas vindas

› Exercícios com trabalhos manuais

› Exercício de ordenamento do fluxo do processo de fabrico info tecnicelpa 51

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relativamente aos horários previstos. Os presentes aproveitaram cada minuto dos intervalos para interpelar a Kate com pedidos de esclarecimentos, aos quais ela correspondeu com as devidas explicações e com uma simpatia deliciosa.

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› Grupo de visitantes na cantina de Fapajal

Visita à FAPAJAL - S. Julião do Tojal

CARLOS SILVA Sócio n.º 946 Como corolário do Curso “An Introduction to Tissue Manufacture”, os participantes puderam visitar a Fapajal, em S. Julião do Tojal, na manhã do dia 18 Maio. Esta unidade industrial, cuja origem remonta à segunda metade do séc. XVIII, logo após o terramoto de 1755, abriu as suas portas a um grupo de cerca de 30 pessoas, contribuindo assim para enriquecer o seu conhecimento sobre as diversas fases de produção e transformação de papel tissue. Tivemos uma calorosa recepção na área social, a que se seguiu uma visita completa e detalhada às instalações fabris, desde a zona de armazenagem de matérias-primas até à de produto acabado, destacando:

› Na transformação

› A área da Preparação de Pasta, com as diversas instalações e equipamentos distribuídos num lay-out de fácil compreensão. › Na Produção de Papel a visita incluiu a máquina #3, onde foi possível observar muitos dos pontos e detalhes que tinham sido explicados de forma teórica nos dois dias do curso, em especial os que se centram no cilindro Yankee e na lâmina de crepagem. › Seguiu-se a máquina #1, uma jóia instalada em 1872 e que continua em laboração, caso muito raro, senão único na nossa indústria.

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› Junto à enroladeira da máquina 3 NOTÍCIAS DA TECNICELPA

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› Máquina de papel n.º1, instalada em 1872

› Máquina de papel n.º3

O entusiasmo de todos, jovens e menos jovens, era evidente. Na era em que tanto se fala da 4ª Revolução Industrial (Indústria 4.0) é desconcertante ver que esta máquina, do início da Revolução Industrial em Portugal, causa este impacto e admiração em todos. Aqui tudo está bem visível, desde o accionamento por correias, o rolo de cabeça com vibração, um engenhoso sistema de guiamento da teia, uma enorme tiragem aberta, o sistema de vapor e condensados, etc, etc. Do ponto de vista didático não há melhor! › Na Transformação podemos observar a enorme quantidade de máquinas e processos que permitem fazer inúmeras combinações de produtos e formas de

conversão, que originam algumas centenas de referências de produtos finais. No final todos os visitantes consideraram a valia desta visita, como complemento à parte teórica deste curso. À Tecnicelpa resta reconhecer agradecida a contribuição da FAPAJAL para um maior conhecimento dos detalhes deste sector da nossa área de actividade. Um grande BEM HAJA à Direcção e um MUITO OBRIGADO aos técnicos que nos acompanharam, explicaram o processo e responderam às inúmeras questões que o interesse suscitou em muitos de nós.

Paper Prime S.A. em Vila Velha de Rodão, já arrancou Paper Prime SA, uma companhia que pertence ao grupo Trevipapel, e a Toscotec, anunciam o arranque com sucesso da nova máquina de papel Tissue TM1. A instalação e “commissioning” foram realizados de acordo com o calendário agendado e o arranque correu muito bem. Fonte: http://www.toscotec.com/en/media/news/newsdetail/article/toscotec-supplied-ahead-tissue-machine-started-up-at-paper-prime-sa-in-vila-velha-de-rodao-portug/ › Imagem do 1º rolo produzido na Paper Prime e respetiva equipa de trabalho

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Exposição itinerante 35 anos Tecnicelpa (Linha do Tempo) continuação da viagem

› Navigator Cacia › Universidade de Aveiro › Papeleira Coreboard

› Museu de Espinho › IP Tomar › Prado Karton

O programa de divulgação da Tecnicelpa, iniciado em 28 de janeiro, continua em digressão pelo nosso “Portugal Papeleiro”, nomeadamente nas fábricas de pasta e de papel do nosso setor e noutras entidades associadas da Tecnicelpa. Neste período, de 11 de março a 17 de junho, a estrutura esteve exposta na The Navigator Company em Cacia, Universidade de Aveiro, Papeleira Coreboard em S. Paio de Oleiros, no Museu de Espinho, por impossibilidade de

espaço compatível na Fábrica de Papel da Ponte Redonda, no Instituto Politécnico de Tomar e na Prado Karton em Tomar. Convidamos todo os nossos sócios a visitar este expositor, quando estiver presente nas organizações onde laboram e a deixar o vosso testemunho no livro de visita que acompanha esta estrutura e marcará, também para o futuro, este percurso de divulgação da nossa Associação. Pode ver mais fotos no nosso facebook.

Consulte a nossa página do facebook Convidamos todos a “Partilhar” e fazer “like” na página, difundindo o nome da Tecnicelpa e a sua atividade.

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ARTIGO DE OPINIÃO CELSO FOELKEL Sócio n.º 842

Sobressaltos à Vista para as Associações Técnicas Setoriais Durante as últimas 4 a 5 décadas, o setor de celulose e papel passou se ocupando principalmente em aumentar sua capacidade e escala produtiva, sua eficiência operacional, a qualidade de seus produtos e em melhorar os efeitos ambientais de suas atividades. Entretanto, nos últimos e recentes 10 anos, forças significativas passaram a impactar o setor e as pessoas que trabalham nele; muito em função das inovações tecnológicas em outras áreas, que dentre outras coisas, afetaram o inter -relacionamento dessas mesmas pessoas.

Paralelamente a isso tudo, tivemos ainda um forte movimento de fusões e consolidações no setor, que reduziu o número de empresas e alavancou o crescimento das empresas líderes setoriais. Finalmente, com o surgimento e ampliação do conceito de “Indústria 4.0”, com alto foco em automação e uso de tecnologias da informação, as exigências em qualificação de técnicos mudaram, bem como foram reduzidas as necessidades de pessoas para atuação no setor, em termos de números de pessoas por unidade produzida de celulose ou papel.

Além disso, algumas forças impulsionadoras de grande magnitude passaram a alterar o setor e a forma do mesmo em elaborar suas estratégias em direção a um futuro ainda incerto e desafiador. Em primeiro lugar, tem-se como quase certa a provável exaustão do modelo de crescer em escala de produção, pois são poucos os locais do planeta que ainda comportam mega-fábricas produzindo mais de dois milhões de toneladas de produtos por ano, como as fábricas de celulose de mercado. Em segundo lugar, o movimento crescente de surgimento de arranjos produtivos novos e dinâmicos, em função do desenvolvimento do conceito de biorrefinarias e de integração do setor de celulose e papel com outros tipos de negócios e de produtos. O que tem sido, até recentemente, um negócio simples e linear de produção de celulose e/ou papel a partir de uma base florestal, deverá em breve se diversificar dramaticamente em arranjos multivariados, englobando não apenas a base florestal, mas também produzindo, além de celulose e papel: painéis de madeira; madeira serrada; péletes e briquetes; bio combustíveis sólidos, líquidos e gasosos; eletricidade; materiais e biomateriais de natureza química, etc.

Em resumo, os tempos mudaram muito, as empresas também e mudarão mais ainda, da mesma forma que as competências técnicas precisarão se adequar a isso tudo. Fica a questão: e as associações técnicas que atuam no setor? Como será que estarão se ajustando a isso tudo para continuidade de seu papel relevante ao novo setor de base florestal que está surgindo?

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Quando se observa o que está acontecendo com as associações em todo o nosso mundo global, papeleiro ou não, percebe-se claramente que os impactos sobre elas têm sido enormes. Algumas associações já desapareceram, outras se fundiram para ganhar sobrevida, enquanto outras têm buscado ajustes, em velocidades que dependem muito das estratégias de gestão aplicadas por elas. Não há dúvidas que essas mudanças globais estarão afetando o número de sócios (indivíduos ou empresas) e também os tipos de necessidades dos sócios remanescentes. As óticas gerenciais utilizadas nas últimas décadas não levarão a rotas vencedoras, não tenho dúvidas disso.

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As palavras e frases que simbolizaram, durante anos, as estratégias, serviços e produtos dessas associações técnicas sempre foram as seguintes: inovação, capacitação, treinamento, integração, informação, geração de conhecimentos, criação de competências, disponibilização, soluções tecnológicas, representação institucional, participação, especialização, reconhecimento e visibilidade. Em geral, as associações técnicas sempre se preocuparam com o desenvolvimento e o crescimento do conhecimento tecnológico (científico e aplicado) como forma de alavancar o crescimento dos técnicos e das empresas produtoras de celulose e papel e as de fornecimento de equipamentos, serviços e insumos ao setor. Por isso, uma área de forte interação com as associações técnicas é a que envolve universidades e institutos de pesquisa, ainda que, em alguns casos, esses atores passaram a ser mais competidores do que parceiros dessas associações. Para atendimento das demandas que partiam do setor de celulose e papel e de suas pessoas, as associações técnicas criaram muitos produtos, cujos principais têm sido os que englobam as seguintes situações: › Capacitação tecnológica através cursos, eventos, congressos; › Estímulo à geração de pesquisas e desenvolvimentos tecnológicos; › Disponibilização de conhecimentos técnicos setoriais através de revistas próprias, publicação de livros, websites, webinars, blogs, bibliotecas especializadas, bancos de normas e patentes, informativos, etc.; › Aumento de visibilidade aos associados (técnicos e empresas) através dos meios de comunicação da entidade, bancos de currículos, exposições, congressos, premiações, etc.; › Integração entre parceiros e associados, valendo-se de diretórios de sócios, fóruns, comissões, redes sociais, eventos especializados, etc.; › Promoção dos produtos e insumos de interesse do setor, através de exposições, feiras de negócios, catálogos de produtos e serviços, etc.;

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› Participação institucional (nacional e internacional) representando o setor junto a governos, entidades de classe e empresariais, institutos normativos, órgãos ambientais, etc.; › Atração, promoção e incentivo à capacitação de novos talentos, com oferta de bolsas de estudo, intercâmbio tecnológico, etc.; › Disponibilização de soluções tecnológicas através banco de consultores, seções de perguntas e respostas, treinamentos especializados sob demanda, etc.; › Integração interpessoal através de eventos técnicos lúdicos (almoços e jantares comemorativos, shows, exposições em museus, eventos esportivos, visitas a empresas do setor, etc.). Existem grandes evidências de que as coisas estão mudando no setor e que a maior parte desses produtos acima vai precisar de ajustes, modificações drásticas e até mesmo supressão de alguns tipos desses produtos; ou oferta de outros sequer ainda imaginados. Essas evidências podem ser sumarizadas através dos seguintes exemplos: › Algumas empresas do setor já estão atuando como âncoras de “clusters”, sendo que os arranjos produtivos já produzem: celulose, papel, painéis de madeira, madeira serrada, lignina, bio-óleo, eletricidade, vapor, calor, péletes ou briquetes, gases industriais, reagentes químicos, etc. › Diversas associações a nível internacional estão sendo consolidadas em associações técnicas ou institucionais mais poderosas e com escopos de atuação mais amplos, compatíveis com a nova situação geográfica, econômica, ambiental e competitiva; › O número de sócios (pessoas físicas e jurídicas) tem-se mostrado decrescente em praticamente todas as associações técnicas, já que os técnicos conseguem se suprir do que necessitam através de navegadores poderosos como o Google, repositórios de

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universidades, revistas online, blogs especializados, bibliotecas virtuais, redes sociais como Linkedin e ResearchGate, etc. Por isso, é cada vez menor o número de interessados em se associar a esses tipos de entidades. Com o envelhecimento dos sócios atuais, em menos de uma década a situação pode-se tornar crítica para algumas associações. › Existe crescente e contínuo aparecimento de novos entrantes para oferecer esses mesmos produtos ao setor, tais como: congressos e revistas online, livros online, exposições e bancos de negócios online, etc. Entretanto, a competição não acontece só com produtos online, mas também com entrantes em novos negócios tecnológicos, como universidades, empresas de consultoria, empresas de serviços, etc. › A virtualidade tem sido pouco explorada pelas associações de classe; quando existe, é quase tudo bloqueado aos internautas públicos, além de terem precário nível de atualização. Isso acontece por não existirem nas associações pessoas qualificadas para atuar nesse campo, preferindo-se compras externas, nem sempre bem especificadas. › Os gestores da maior parte das associações têm preferência em tentar dinamizar produtos vencedores antigos, alguns já obsoletos e sem clientela alguma. Esquecem-se com isso, de

monitorar o ambiente setorial para entender o que é relevante e o que pode ser próprio ou parceirizado. Em resumo, muitos dos produtos e serviços ofereci dos pelas associações estão perdendo espaço e as entidades não possuem pessoal qualificado e disponível para criar e aperfeiçoar esses e outros de seus produtos. Em muitos casos, os estragos se devem à gradual perda de pessoal interno, de receitas, de sócios e de patrocinadores. Finalizando e concluindo: entendo que em qualquer país, em qualquer setor e em quaisquer tipos de negócios, as associações técnicas só têm um caminho: mudar, inovar e alavancar novos produtos relevantes e requeridos, a partir do talento de suas pessoas próprias e de seus parceiros. A meta deve ser uma só: ter a entidade sendo entendida por todos como sendo de vital importância para alavancar a competitividade do setor onde ela tem escopo de atuação, seja de celulose e papel ou de multiprodutos a partir da base florestal. Isso só se conseguirá reinventando a forma de atuar como entidade técnica desse nosso setor ou de outro qualquer. Em tempo: reduzir custos como meta principal só vai prolongar a agonia de algumas entidades, pois faltarão recursos para atuar nas requeridas mudanças para aperfeiçoar custos e receitas e alavancar produtos admirados, desejados e competitivos.

Próximos Eventos EVENTOS TECNICELPA › Seminário “Industry 4.0 in pulp and paper maintenance” patrocinado pela ANDRITZ Hotel Lusitano, Golegã; 28 junho 2017 › Atividade Lúdica – setembro 2017 › Curso “Processo de Produção de Papel” – UBI, Covilhã; setembro 2017 › Workshops sobre Comunicação Organizacional – UCP, Lisboa; novembro 2017

EVENTOS INTERNACIONAIS › XII Congresso Internacional História do Papel na Península Ibérica 28-30 Junho 2017; Santa Maria da Feira - Portugal › 112th ZELLCHEMING General Annual Meeting with Expo 4-6 July 2017; Frankfurt/Main – Germany › MIAC - International Paper Industry Exibition 11-13 October, Lucca - Italy › 50º Congresso Internacional de Celulose e Papel - ABTCP 23-25 Outubro, São Paulo - Brasil › 44th International DITP Symposium 22-23 November, 2017; Golf Hotel, Bled – Slovenia info tecnicelpa 51

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ARTIGOS DE OPINIÃO

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ARTIGO DE OPINIÃO CARLOS BRÁS Sócio n.º 474

Indústria 4.0 O conceito de Industry 4.0 nasceu por iniciativa do governo alemão em 2011, tendo constituído um grupo de trabalho com o objetivo de elencar um conjunto de recomendações no sentido de introduzir a computação na indústria. Esse relatório foi apresentado na feira de Hannover, em 2012. Não se trata de uma 4ª revolução industrial no sentido que foi dado às anteriores três (descoberta da máquina a vapor, introdução da eletricidade e da produção em massa, aparecimento dos computadores, da automatização e da internet), mas antes de uma evolução da terceira, usando de uma forma mais inteligente e integrada o número astronómico de dados atualmente disponíveis e a crescente capacidade de computação, ao mesmo tempo que são introduzidas novas tecnologias tais como a impressão 3D, a robótica avançada, os próprios telefones inteligentes (smart phones) ou mesmo a realidade aumentada. Trata-se da evolução para uma nova fase da digitalização. Ao primeiro contacto com esta nova ideia, não é fácil percebermos o seu alcance. Tendemos a posicionarmonos no conforto da realidade atual, na qual já somos diariamente confrontados com sistemas, aplicações e soluções que têm vindo a transformar a nossa vida, tornando-a mais fácil, mais cómoda mas também mais rápida e mais frenética. Quando procuramos no mercado o que é que as empresas oferecem como soluções tecnológicas nesta área, ficamos espantados com o leque alargado de aplicações já existentes ou em rápido desenvolvimento, rotuladas de Indústria 4.0, umas mais alinhadas com os princípios orientadores do que os alemães convencionaram chamar de Industry 4.0, outras menos. A conclusão óbvia é que o negócio da Industry 4.0 está a desenvolver-se a uma velocidade alucinante e ninguém quer ficar de fora.

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Em termos gerais a Indústria 4.0 (a palavra indústria parece limitar o âmbito e alcance de aplicação, mas de facto os princípios orientadores abrangem toda a atividade económica), assenta, conceptualmente, nos seguintes princípios orientadores que podem ajudar as empresas a identificar oportunidades de desenvolvimento nesta área: › A possibilidade dos humanos, das máquinas, dos sistemas ciber-físicos (sistemas computacionais que colaboram ativamente com entidades físicas, como por exemplo um sistema de produção de papel) e das fábricas inteligentes se ligarem entre si, comunicarem e interagirem através da internet das coisas e da computação na nuvem. › A criação de modelos virtuais que simulem a realidade, ajudem à decisão e diminuam os custos e o tempo de lançamento de novos produtos. › A diminuição da dependência da intervenção humana através da capacidade dos sistemas se auto controlarem e tomarem decisões por si, com a ajuda de algoritmos avançados e da experiência dos humanos, diminuindo os erros e reduzindo a variabilidade. › Transformar dados em conhecimento em tempo real, possível pelo aumento exponencial da velocidade de computação e da resolução de algoritmos complexos (os computadores quânticos e num futuro mais distante os computadores moleculares revolucionarão a capacidade e a velocidade de computação). › A oferta de serviços e de produtos customizados, de acordo com os requisitos e desenho do cliente utilizando a computação em nuvem e a impressão 3D. › Ter a possibilidade de desenvolver negócios modulares que se adaptem fácil e rapidamente aos contextos dos diferentes stake holders.

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Os princípios orientadores podem já hoje ser concretizados em ações concretas, tendo como base tecnologias já disponíveis ou em desenvolvimento, tais como os sensores inteligentes, a robótica avançada (robots que executam tarefas comandadas à distância),os veículos autónomos, as plataformas digitais de serviços (uber), os aparelhos móveis ligados à internet, a impressão 3D, a computação na nuvem ou a internet das coisas. Um Novo Mundo está para acontecer, em várias dimensões e consequências: › Dimensão Económica: possibilidade real de um aumento significativo de produtividade e consequente criação de maior riqueza e critérios para a sua distribuição; novas relações transacionais de cariz diferente; aparecimento de novas áreas de negócio; alteração do papel do Estado na economia. › Dimensão Política: novos desafios nas sociedades democráticas provenientes de desequilíbrios potenciais na estrutura do emprego com o possível aumento de desemprego dos menos qualificados; assimetrias regionais entre os países mais avançados e os mais atrasados no desenvolvimento tecnológico; novas formas de equilíbrio

internacional entre as grandes potências mais assentes em ciber-sistemas dissuasores. › Dimensão Social: surgimento de novos conceitos de emprego e de diferentes necessidades de qualificação; compatibilização do desenvolvimento da tecnologia com o aumento populacional esperado para as próximas décadas; que soluções é que a sociedade e os sistemas políticos vão criar para os excluídos deste processo. › Dimensão ambiental: a Indústria 4.0 deverá trazer maiores benefícios ambientais, reduzindo o desperdício, possibilitando a utilização de materiais e processos mais amigos do ambiente. › Dimensão Tecnológica: novas tecnologias surgirão, revolucionando o modo como vivemos e interagimos; a disponibilização de informação potencialmente partilhável levará ao desenvolvimento de software sofisticado de defesa da propriedade intelectual e de proteção contra a intrusão. O setor da Pasta e Papel terá necessariamente que fazer parte e estar mesmo na linha da frente destas transformações tecnológicas, como forma de enfrentar os desafios da forte competitividade presente e futura.

Tecnicelpa

Movimento Associativo Novos Sócios admitidos

Sócios excluídos

Universo atual de Sócios

Individuais: 6 Coletivos: 0

Individuais: 3 Coletivos: 0

INDIVIDUAIS: 359 COLETIVOS: 72

Novos Sócios Individuais Admitidos: › Sebastião G. Fernandes Gorgeard Dominguez – Henrique Dominguez, Lda › Maria José Ferreira dos Santos – Museu do Papel Terras de Santa Maria › Ana Filipa Martins Cláudio da Silva – The Navigator Company › David Alexandre Gonçalves Aderneira – Estudante (IPT) › Isabel Soares Pinto – The Navigator Company › Marilúcia Rodrigues Gomes – The Navigator Company

Faça-se Sócio da Tecnicelpa Associação Portuguesa dos Técnicos das Indústrias de Celulose e Papel. TECNICELPA desde 1980 Saiba mais em: www.tecnicelpa.com

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ARTIGOS DE OPINIÃO

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HISTÓRIAS E MEMÓRIAS Galeria da Indústria Papeleira Portuguesa

Galeria da indústria papeleira portuguesa

MANUEL GIL MATA Sócio n.º 101 1. Introdução A 15 de setembro de 1924, Vila de Rei, o centro geodésico de Portugal, viu nascer o centro gravítico da Indústria de Celulose em Portugal na segunda metade do século XX, Luís Gonzaga Bernardo Martins Rolo.

Terá sido também durante estes tempos de juventude que aprofundou a sua formação moral e religiosa, que fez dele o católico praticante e piedoso e a alma bem formada que mais tarde conheci.

Bastaria o seu papel fundamental no desenvolvimento pioneiro mundial da pasta branqueada de eucalipto para justificar a sua presença, em retrato de corpo inteiro, na Galeria da Indústria Papeleira Portuguesa. Mas Luis Bernardo Rolo, muito para além disso, teve uma intervenção e uma presença de vulto na Indústria Portuguesa de Celulose, através da sua notável passagem pelas Fábricas de Pasta de Cacia, da Companhia Portuguesa de Celulose, de Setúbal, da Socel e da Figueira da Foz, da Soporcel.

A sua predileção pelas ciências, particularmente a matemática, a física e a química, levaram-no a optar pelo Curso de Engenharia Químico-Industrial, que frequentou na Universidade do Porto e terminou no Ano Santo de 1950, com a classificação de 15,4 valores.

Assimiladas as primeiras letras e vencida a barreira de uma quarta classe que, ao tempo, dava mais bagagem cultural do que muitas licenciaturas de hoje, o pequeno Luís Gonzaga foi expatriado para Santarém, onde foi distinto aluno do liceu e teve condiscípulos notáveis, cuja amizade cultivou durante toda a vida. Almoçava regularmente com a tertúlia dos seus amigos escalabitanos, aos quais se referia frequentemente com muita consideração e amizade.

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A sua estadia no norte do país teve certamente influência na sua cultura, nos seus gostos e na sua disponibilidade para viver em Aveiro, na altura pequena cidade de província da periferia do Porto, certamente pouco atrativa para os mais distintos alunos do Técnico, a escola de engenharia da capital. A sua simplicidade, a sua franqueza e a sua determinação, tinham um sabor bastante nortenho, sabor nortenho que ele tanto apreciava não só nas gentes, mas também numa lampreia, num serrabulho ou nuns rojões à moda do Minho. Verdade se diga, toda a vida foi um eclético gastrónomo, sempre disponível para um bom almoço, fosse ele na sóbria Escandinávia, no tropical Brasil, ou na requintada França, geografias onde tive o HISTÓRIAS E MEMÓRIAS

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LUÍS BERNARDO ROLO

gosto de ver e acompanhar muitas vezes a sua estimulante faceta gourmet. Encontrei o Eng.º Luís Rolo, pela primeira vez, em Cacia, no princípio dos anos sessenta, quando eu frequentava o Curso de Engenharia Químico – Industrial, da sua Universidade do Porto e houve uma visita de estudo à Companhia Portuguesa de Celulose que, por ter sido organizada pelo Centro Universitário do Porto, organização estudantil bem vista pelo Regime, teve a honra de ser recebida pela Administração e pela fina flor da equipe técnica, onde se salientavam dois vultos, devido à sua elevada estatura: o Eng.º Manuel Queiroz, do Laboratório, com quase dois metros de altura, e o Eng.º Luís Rolo, Chefe dos Serviços de Produção de Pasta, encomiasticamente apresentado pela Administração como de elevada estatura intelectual e técnica e pai da pasta de eucalipto. Para um jovem ávido de aprender Engenharia Química, como eu, a sonhar com uma carreira industrial, a forma como ele apresentou o processo e o entusiasmo com que falou do sucesso mundial da pasta de eucalipto, iniciada em Cacia, foram ingredientes motivacionais que influenciaram a minha decisão, alguns anos mais tarde, de aderir à Indústria de Celulose. Esse favor lhe fiquei a dever toda a vida. O despretensioso e incompletíssimo retrato que aqui me atrevo a ensaiar, despido de pretensões a obra de literatura biográfica de rigor histórico, é essencialmente baseado no conhecimento pessoal resultante do saudoso convívio que tive o gosto de partilhar com ele, como mestre, como colega e como amigo, nas viagens que fizemos juntos, nos projetos em que ambos trabalhamos, nos sucessos que repartimos e nas preocupações e canseiras que partilhámos. info tecnicelpa 51

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É lugar-comum dizer-se que por trás de um grande homem está sempre uma grande mulher: nada mais apropriado no caso do Luís e da Manuela Rolo. Apesar da sua tão delicada saúde, sempre a conheci a acompanhá-lo, a apoiá-lo, a ampliar a sua força, a redobrar o entusiasmo que ele dedicava aos seus projetos, a louvá- lo nos muitos êxitos, a animá-lo em alguns insucessos. Recentemente, teve a generosidade de tomar a iniciativa de legar à Navigator, companhia que hoje reúne todos os empreendimentos a que Luís Rolo dedicou a vida, o valioso espólio documental que ele deixou, completo e organizado como só ele sabia fazer. Foi a esse espólio, que é hoje um legado para as futuras gerações, que eu fui buscar a inspiração e o suporte histórico para esta nota biográfica, despretensiosa homenagem a um dos grandes vultos da Indústria Papeleira Portuguesa.

2. Projeto Cacia Começa já a ser sobejamente conhecida a importância que teve, para a Indústria Papeleira Portuguesa, a investigação laboratorial e industrial da aplicação do processo kraft ao Eucalyptus globulus feita em Cacia. Tendo tido já oportunidade de referir, no primeiro retrato desta Galeria da Indústria Papeleira Portuguesa, dedicado a Joaquim Von Hafe, o papel determinante que teve nos trabalhos de investigação laboratorial que conduziram a esse notável êxito, vou dar agora a minha perspetiva sobre o papel, também fundamental, de Luís Bernardo Rolo para que esse valiosíssimo trabalho de investigação laboratorial visse a luz do dia e merecesse os holofotes do sucesso mundial. HISTÓRIAS E MEMÓRIAS

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› Cacia 1957 Marnoto, Ribeiro, Rolo e Lopes

Depois de muitas vicissitudes, bastantes dificuldades e alguns desacertos, que fizeram com que se arrastasse por mais de 12 anos o Projeto da Companhia Portuguesa de Celulose (CPC), desde a sua constituição, em 1941, com a concessão de licença, em 1942, a consideração da celulose como indústria-base, em 1947, a concessão do financiamento, ao abrigo do Plano Marshall, em 1950, o início das terraplanagens, em 1950, até ao início da montagem dos equipamentos, em 1952, tendo-se assistido finalmente, em 1953, ao arranque da produção de pasta crua de pinho. As dificuldades começaram, no entanto, a avolumar-se quando se iniciaram os fabricos de pasta branqueada. Grande parte dos equipamentos, vindos dos Estados Unidos, concedidos como financiamentos “em espécie” do Plano Marshall, estava desenhada para pinhos americanos, diferentes do nosso Pinus pinaster, muito mais rico em lenhina e difícil de branquear, principalmente para uma instalação com duas fases de branqueio e limitada ao uso de cloro e hipoclorito. Conseguia-se fazer pastas cruas e pastas semibranqueadas, mas para produzir pastas branqueadas, dada a falta de capacidade do Branqueamento, não se podia trabalhar em contínuo, saindo a pasta com baixa brancura, bastante, irregular e muito degradada nas suas caraterísticas físico-mecânicas, com grandes problemas no mercado e sendo de muito difícil exportação.

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› Cacia 1972 Eng.os Rolo e Quevedo

Luís Bernardo Rolo, recém-licenciado, tinha sido admitido pela CPC, como Engenheiro de 3ª Classe e jovem quadro com potencial para poder vir a ter um papel importante na Fábrica de Pasta, dado ser Engenheiro Químico e ter uma boa classificação de curso. Entre janeiro e junho de 1953, havia sido enviado para o Canadá, juntamente com Sentieiro Marques, para fazerem um estágio de 6 meses nas Fábricas de Newcastle e Edmundston, da Frazer Co, produtora canadiana de pastas ao sulfito e ao sulfato. Regressaram em junho, para participar no arranque, iniciado em julho de 1953, altura em que Luís Gonzaga foi nomeado Engenheiro Adjunto do Chefe dos Serviços Técnicos, um dos finlandeses da equipe inicial.

Estava-se em fase adiantada do arranque, sendo a equipa técnica dominada pelos finlandeses, capitaneados por Kaarlo Amperla, que era o projetista-geral e comandara os trabalhos de projeto e montagem, com posição de destaque para outro finlandês, Aimo Pertula, Diretor dos Serviços Técnicos.

Quem tiver experiência de arranques industriais de instalações complexas como as de uma fábrica de Pasta poderá imaginar as dificuldades surgidas no arranque desta primeira unidade instalada em Portugal, então um país de reduzida expressão industrial, levado a cabo por alguns estrangeiros coadjuvados por jovens portugueses sem experiência, quer os operários, quer os engenheiros.

A Administração, consciente da sua grande dependência dos técnicos estrangeiros, tivera a visão de apostar no recrutamento de jovens engenheiros portugueses de elevado potencial, mandados estagiar fora do país, solução inovadora, para a época, mais tarde replicada noutros projetos, em Portugal.

As dificuldades foram sendo ultrapassadas com grande esforço e dedicação do pessoal e da equipa técnica e a Fábrica de Cacia, em 1955, no primeiro ano completo de atividade, conseguiu produzir 36 500 toneladas de pasta crua, quando a capacidade nominal prevista era de 40 000.

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Os maiores problemas vieram depois, no Branqueamento, sem apetrechamento nem capacidade para produzir pasta branqueada de pinho, de forma a poder concorrer nos mercados de exportação, já que, no mercado interno, o protecionismo vigente atenuava e disfarçava as dificuldades. Luís Rolo, na Produção de Pasta, sentia mais do que ninguém essas dificuldades, que eram “oficialmente” atribuídas à qualidade da água, única justificação dada no Relatório e Contas de 1955. Ele sabia, porém, que mesmo ultrapassada a qualidade da água, o problema estava no elevado teor de lenhina do nosso pinho, para o qual o branqueamento instalado não tinha capacidade. O interlocutor privilegiado dos seus desabafos era o outro engenheiro químico português, Joaquim Von Hafe, Chefe dos Serviços de Laboratório e a conclusão para eles era óbvia: ou se ampliava o Branqueamento ou se encontrava uma fibra com menos lenhina, como era o caso das folhosas, como Joaquim Von Hafe muito bem sabia. O eucalipto, que já havia sido utilizado pela Caima, em Albergaria, ali bem perto, era uma interessante alternativa que se impunha ensaiar. Mas isto era conversa subversiva no meio da refrega do arranque, tema que não agradava aos finlandeses do projeto, que nada sabiam de eucalipto, nem aos ingleses que apoiavam o lançamento da qualidade no mercado, que consideravam a pasta de eucalipto uma mera pasta de enchimento, nem à Administração, que queria ver sair rapidamente pasta de pinho aceitável para o mercado. Daí, a história da investigação quase secreta sobre o eucalipto, promovida e realizada pelo homem do Laboratório, que sabia o que queria, mas fortemente apoiada pelo responsável pela Produção, para quem a iniciativa, a ser bem sucedida, tinha o mérito de demonstrar

que a instalação podia produzir pasta branqueada, mesmo com aquela configuração, dado que a ampliação do branqueamento exigia muito tempo e significativo investimento, coisas de que o Administrador Executivo, Vasco Quevedo, não queria sequer ouvir falar. Qual era a grande incógnita? A qualidade papeleira das pastas de eucalipto resultantes do processo ao sulfato, mas que Von Hafe previa ser muito superior à da já conhecida pasta de eucalipto ao sulfito, dados os méritos do processo ao sulfato. Foi, portanto, uma conspiração a dois, qual deles o mais empenhado, que pressupunha ensaios industriais para confirmar a investigação laboratorial. Estou convencido de que se não fosse a crença de Rolo de que o eucalipto podia ser uma solução para os problemas que todos os dias o atormentavam na produção de pasta branca, provavelmente o desfecho da feliz história de sucesso que todos conhecemos teria sido outro. A história está cheia de interessantes investigações que disso nunca passaram. Luís Rolo teve o mérito de convencer, com a sua crença, o seu entusiasmo, a sua persistência e a sua diplomacia, o difícil e todo-poderoso Vasco Quevedo a fazer um ensaio industrial, que confirmou as convicções dos seus jovens engenheiros. A partir daí, até porque Von Hafe deixou a CPC, tudo o que foi conseguido em termos de apuramento da tecnologia do fabrico, adequação do equipamento, convencimento do mercado e consagração no panorama mundial da indústria foi obra de Luís Rolo que, catapultado por este sucesso, ganhou a definitiva confiança da Administração e iniciou uma brilhante carreira de sucesso. Começou por ser promovido, ainda em 1957, a Chefe de Serviço da Fábrica de Pasta e, em 1963, foi escolhido por Vasco Quevedo para ser o responsável pelo novo Projeto Socel, como Diretor da nova Fábrica de Setúbal, vindo depois a ser nomeado Diretor-Geral de Cacia e Setúbal, quando foi encarada a possibilidade da fusão da CPC com a Socel. Só a Revolução de 25 de Abril viria a pôr temporário travão a esta ascensão fulgurante. O percurso de Luís Rolo em Cacia não se limitou, porém, ao arranque e ao lançamento e consolidação industrial da Pasta Branqueada de Eucalipto. O sucesso desta nova pasta de excelência veio criar condições anímicas, de mercado e financeiras para se corrigirem os erros da instalação inicial e se encarar finalmente a fase de ampliação que o mercado pedia e a rentabilidade impunha.

› Buçaco 1958 Despedida de Aimo Pertula info tecnicelpa 50

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› Cacia 1973 Dir Fabril Ribeiro e Dir Geral Rolo

› Recife 1966 Eng.s Rolo, Lopes e Quevedo

As primeiras decisões foram a adição de um quarto Digestor Descontínuo e as melhorias da Crivagem, em 1956, uma nova Tiragem Kamyr com secador Flakt, em 1959, e a ampliação dos Evaporadores, passando a capacidade anual para 65 000 toneladas/ano.

O objetivo era atingir uma capacidade de 150 000 ton/ ano e os principais equipamentos introduzidos foram uma nova Caldeira de Recuperação Combustion, um Digestor Kamyr, um novo Branqueamento de 7 fases, já com dióxido de cloro, e uma Máquina de Tiragem Ahlstöm, com uma atualizada secagem Flakt.

Em 1964, a Administração da CPC decidiu finalmente iniciar os estudos para ampliação de Cacia, tendo criado o Gabinete de Estudos Técnicos e Económicos, o GETE, dirigido por Rui Ribeiro, tendo programado uma grande viagem na Europa, Estados Unidos e Canadá, com o objetivo de se documentarem sobre o que de melhor se fazia no mundo da celulose. Luís Rolo, que já estava em Setúbal, mas cujo envolvimento em Cacia Vasco Quevedo não dispensava, integrou-se no grupo que fez essa invejável viagem, juntamente com o Presidente, Rodrigues de Carvalho, e Vasco Quevedo, além de Rui Ribeiro. Para a viagem foram também convidadas as senhoras, a quem sempre ouvi os maiores elogios a esta fidalga iniciativa da Administração, que foi um assinalável contributo para o impressivo curriculum de Luís Rolo, que se atribuía o notável feito de ter visitado mais de 200 fábricas, em todo o mundo, na sua longa vida profissional. Verdadeiramente invejável!... Muitas vezes o ouvi referir, muito mais tarde, detalhes de grande precisão e fidelidade relativos a unidades então visitadas, como a Interstate Paper e a Union Camp, na Georgia, onde eu mais tarde trabalhei, na minha preparação para o projeto da Celnorte. Os estudos para a chamada primeira ampliação de Cacia, dirigidos por Rui Ribeiro e acompanhados por Luís Rolo, iniciaram-se em 1964, tendo o arranque das novas instalações começado em 1968.

Rolo e Ribeiro, ajudados pelo desafio do anúncio da nova fábrica sueca da Celbi, que começava a emular os brios nacionais, tinham finalmente convencido Vasco Quevedo a comprar um Digestor Continuo, que ele sempre recusara, por considerar que era uma sofisticação cara e “desnecessária”. A esta primeira ampliação se viria juntar uma segunda, em Cacia, decidida em 1971 e com o objetivo modesto de atingir as 205 000t/ano, na qual Luís Rolo foi menos envolvido, mas cuja dimensão sempre o ouvi comentar como pouco ambiciosa e desajustada, imposta por Quevedo, por razões financeiras e receios do mercado, na altura já a ser inundado de pasta pela Socel, pela Celbi e pelas novas fábricas brasileiras que se perfilavam no horizonte. Com atrasos na sua concretização, começados logo com a terceira Caldeira de Recuperação, esta ampliação acabou por ser apanhada pela Revolução de 25 de Abril e veio a acarretar grandes preocupações à Comissão Administrativa e ao Conselho de Gerência aparecidos no período pós-revolução. Luís Rolo já estava longe de Cacia, mas esteve presente, em 1978, na Celebração das Bodas de Prata do início da Celulose em Portugal, onde lhe ouvi um sincero e emotivo discurso, evocativo da notável história de Cacia, de que foi um dos grandes protagonistas.

(Luís Rolo) Continua na próxima edição

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ARTIGOS TÉCNICOS

SEMINÁRIO

Economia Circular Organizado pela Celpa e BSCD Portugal

Discurso abertura Pelo Diretor Geral da Celpa

CARLOS VIEIRA Sócio n.º 188 Em nome da CELPA, Associação da Indústria Papeleira, quero agradecer a vossa presença e dar-vos as boas vindas. Poucas actividades industriais podem reclamar serem construídas sobre fontes de recursos naturais, renováveis, recicláveis e biodegradáveis. A Indústria Papeleira baseada em florestas plantadas, geridas de forma sustentável e certificadas, que são sumidouros de carbono e desempenham um importante papel no seu ciclo, é das poucas, talvez a única, que pode usar como assinatura para os seus produtos estes 4 atributos: “Natural, Renovável, Reciclável e Biodegradável“. › A Floresta Europeia absorve o equivalente a 10% de todas as emissões de gases com efeito de estufa em cada ano; › Nos últimos 10 anos, na Europa, as florestas cresceram 44 000 Km2; › Esta Indústria extrai hoje valor de todos os componentes da madeira, das suas correntes processuais secundárias, adopta processos e tecnologias de “desperdício zero”, recicla a um nível record na Europa (71,5% foi a taxa de reciclagem de papel em 2015), conservando as fibras celulósicas florestais em vários loops, mas que são limitados em número, e por isso necessitam da introdução de novas fibras virgens, de make-up fibroso, na cadeia de valor. info tecnicelpa 51

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Isto é, as fibras degradam-se sucessivamente e deixam de poder ser recicladas ao fim de 3-4 ciclos. Por isso, e ao contrário do equívoco frequente, só podem existir fibras para reciclar (papel reciclado) se forem produzidas fibras virgens a partir da madeira. As pastas celulósicas de fibra virgem cumprem esse papel ao alimentarem o ciclo e devem ser usadas em papéis de uso nobre e longo ciclo de vida. Há um lugar para a utilização de pastas de fibra virgem lenhosa e outro para as fibras recicladas. Uma fábrica integrada de Pasta e Papel é cada vez mais uma biorefinaria onde se produzem múltiplos produtos papeleiros, mas também outros para a indústria farmacêutica, cosmética, têxtil e micro e nano produtos de elevadíssimo valor acrescentado. A Indústria tem, na circularidade dos seus processos internos, a sua viabilidade económica e ambiental. Numa palavra, a Indústria Papeleira é um paradigma, desde há longa data, da Economia Circular. Melhor: da BIOECONOMIA CIRCULAR! Processos disruptivos e inovadores no domínio da simbiose industrial exigem a ultrapassagem de dificuldades e barreiras várias, ainda muito significativas, a abertura e aceitação da bondade e seriedade das iniciativas da indústria por parte das Autoridades Oficiais, e a parceria e contributo de Instituições de Investigação e Desenvolvimento que devem produzir conhecimento orientado pelas necessidades e transferível para aplicação. ARTIGOS TÉCNICOS

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Economia Circular Discutir o crescimento sem esgotar recursos CELPA Empresas, associações e responsáveis de políticas públicas estiveram reunidos na passada terça-feira para discutir a economia circular.

sem esgotar recursos”. Matos Fernandes considera, no entanto, que a indústria nacional não está ainda totalmente preparada para abraçar as práticas da economia circular. “Estamos a fazer progressos na eficiência, mas temos de inovar”, sendo que inovação não é apenas eficiência. “Os recursos naturais não são infinitos”, afirmou, acrescentando: “as empresas devem pensar: se deixassem de ter matéria-prima amanhã, o que fariam?”. O ministro lembrou que o próprio ministério está a organizar workshops relacionados com a economia circular, sendo o próximo em Maio, e que promove o portal eco.nomia.

Um debate, dois oradores, 4 casos de estudo “Inovar para circular” foi o título do seminário organizado pela CELPA – Associação da Indústria Papeleira e pelo BCSD Portugal – Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável, com o apoio -da Ordem dos Engenheiros e que contou com a participação do Ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes e de vários representantes de empresas nacionais como a Jerónimo Martins, ADP – Fertilizantes, The Navigator Company, Cortadoria Nacional de Pêlo e Amorim Cork Composites. Marta Souto Barreiros, do Grupo Indústria e Ambiente da CELPA e responsável pela organização do seminário afirma que “o evento demonstrou a pertinência do tema, mas há que trabalhar em parceria para conseguir ultrapassar algumas barreiras. De entre estas, destacou “barreiras regulatórias e organizacionais, tecnológicas e algumas sociais. Só assim se poderão cumprir e atingir plenamente os objectivos da economia circular. As barreiras que a indústria de pasta e papel terá que ultrapassar passam por potenciar as parcerias entre empresas e instituições de investigação para o desenvolvimento de novas tecnologias de processo e equipamento; trabalhar em conjunto com as autoridades nacionais nos processos de classificação de subprodutos e fim de estatuto de resíduos – quebrar mitos, eliminar receios; sensibilizar e divulgar sobre a importância da utilização de matérias -primas secundárias /subprodutos e seus impactos na qualidade no produto final”. Sofia Santos, do BCSD, defende que “com a economia circular há muitos setores que têm que se reinventar e esta reinvenção implica mudanças ao nível do design e dos processos. Atualmente em Portugal há já um conjunto de setores em que o design faz parte da essência do negócio, como o têxtil ou calçado, mas a dúvida está neste detalhe: estarão os princípios de economia circular integrados no design? O caminho passa pelas empresas incluírem as variáveis de pesquisa ambiental e de economia circular no design.” O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, que encerrou o evento, afirmou que “seminários como este são muito importantes para discutir o crescimento

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Marco Lucisano, Director Papermaking and Packaging da divisão de bioeconomia do RISE – Research Institutes of Sweden (Innventia AB) foi o keynote speaker, tendo apresentado um estudo realizado em cinco países sobre o potencial de uma economia baseada em celulose, onde alguns materiais como o plástico ou têxtil poderiam ser substituídos ou reduzidos. “Quanta celulose produz a natureza? 3000 toneladas por segundo (face a 150 toneladas de petróleo por segundo). A celulose literalmente cresce nas árvores”, afirmou, recordando o inquérito feito a 2500 pessoas sobre essa possibilidade disponível em (http://www.innventia.com/en/Projects/Ongoing -projects/A-cellulose-based-Society1/). “62% das pessoas na Suécia consideram positiva a possibilidade [– porque a sua indústria florestal é desenvolvida]. Mas há muitas em outros países que consideram a hipótese muito negativa”. A diferença de opiniões terá que ver com o que os inquiridos entendem por floresta, que diverge de país para país e cujo conceito teórico é diferente da realidade. “Somos cada vez mais urbanos. E a interpretação da natureza feita pelo “homem urbano” influencia a imagem que se tem do que é a Floresta. ”, afirma. Sobre a economia Circular, Lucisano destacou um dos seus “ingredientes”, a reciclagem, onde ainda há muito por fazer, apesar do papel ser, na Europa, o material com a maior taxa de reciclagem, bem acima do vidro, do alumínio e do plástico. As reservas e preconceitos sobre uma economia baseada na celulose conduziram, por exemplo, a que “há 13 anos, a ‘bíblia’ da economia circular fosse impressa em plástico porque o papel era considerado uma má escolha” recordou. No painel sobre design, os oradores Ana Thudichum Vasconcelos, da Faculdade de Belas Artes de Lisboa; Teresa Diogo, da Jerónimo Martins; Eduardo Soares, da Amorim Cork Composites e Sofia Santos, do BCSD debateram, com a ajuda de Vitor Rodrigues Oliveira, editor de economia da TSF, sobre a importância do design para a economia circular. ARTIGOS TÉCNICOS

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concluídas. “O pacote relacionado com resíduos tem níveis muito ambiciosos, prevendo a redução de 65% dos resíduos urbanos e 75% dos resíduos de embalagens”, afirmou. Um dos objetivos do plano é transformar resíduos em subprodutos, mas, para que tal aconteça, devem ser seguidas determinadas condições, entre as quais a posterior utilização certa, regular e direta desses subprodutos. Os mesmos devem ser o resultado de uma prática industrial normal, a sua produção ser parte integrante de um processo produtivo e a posterior utilização legítima e sem impactes adversos para o ambiente ou para a saúde humana.

Teresa Diogo considera que a estabilidade nas relações com fornecedores é fundamental para que estes invistam na circularidade do seu negócio. Para Eduardo Soares, da Amorim Cork Composites, empresa do universo Amorim que tem como objetivo a utilização das sobras de cortiça decorrentes da produção de rolhas, o design de produto é fundamental porque pode acelerar a transição para a economia circular. No entanto, a evolução do conceito depende da empresa e dos mercados ou segmentos de negócio onde trabalha. “Há segmentos que não têm preocupações. Mas há outros muito desenvolvidos, que incorporaram nos seus produtos materiais reciclados, como vidro ou a cortiça. Há países onde essa preocupação é tida em elevada conta , outros em que se ignora este tema. Nos Estados Unidos é fundamental que os produtos sejam recicláveis e reutilizáveis. Na Europa, que sejam “verdes”. António Vasconcelos, da ONG The Natural Step, considerou, por seu turno, que “aspirinas” não são suficientes para atingir metas com muita exigência como as definidas pelo Acordo de Paris. E questionou: “como se articulam princípios de circularidade? Quanta circularidade é necessária? Não se deve ter como objetivo apenas o ganho. A humanização, a confiança entre pessoas está ausente, e a própria Ellen MacArthur [fundadora do conceito de economia circular] reconhece-o. Ana Vasconcelos, da Faculdade de Belas Artes lembrou, por seu turno, a importância dos designers, cuja principal responsabilidade é compreender as necessidades das pessoas mas também ajudar a educá-las. A importância do design para as empresas dependerá, no entanto, delas mesmas, considerou ainda. Ana Sofia Vaz foi a oradora seguinte, tendo representado a Agência Portuguesa do Ambiente. A assessora do Conselho Directivo falou sobre as 54 ações do plano europeu para a economia circular, 30 delas já iniciadas e algumas info tecnicelpa 51

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Na apresentação de casos de estudo de empresas que já começaram a implementar o conceito de economia circular nas suas estratégias está a Cortadoria Nacional de Pêlo. De empresa que fabricava apenas feltro – para chapéus, por exemplo – a Cortadoria passou a produzir também luvas de pele de coelho, para aproveitar os resíduos da sua indústria em vez de destinar a pele residual, uma vez obtidos os pêlos, apenas para adubagem agrícola. “A inovação levou a que tivéssemos de remodelar todo o processo industrial” e em breve tanto processo como produto serão certificados pelo Instituto para a Inovação de Produtos Cradle to Cradle. Cristina Nobre, da Verallia, falou sobre a importância da reciclagem no sector vidreiro. “Uma tonelada de casco de vidro é uma tonelada de vidro bom”, referiu. Mas também sobre o trabalho feito pela empresa na redução de emissões de CO2. A colocação de um electrofiltro nas chaminés –um investimento de milhões de euros - que permitiu a redução significativa das emissões não só de CO2 como de outros componentes. Em nome da The Navigator Company esteve Laura Costa, que apresentou a evolução da empresa no que respeita aos vários temas da economia circular. “Nos últimos 10 anos, reduzimos em 5% as emissões de CO2, 14% na energia consumida, 37% nos efluentes, 41% no consumo de água, 48% na produção de resíduos sólidos e incrementámos em 80% - a reciclagem”. “A empresa captura CO2 através das suas florestas e essa captura perpetuase nos nossos produtos ao longo da vida”. E exemplifica: “com florestas geridas de forma sustentável, dois livros de 400 páginas A5 significam 1,3 kg de CO2 capturado”. Já no que respeita aos resíduos produzidos pela indústria, Laura Costa referiu que existem sempre negociações com parceiros no sentido de se encontrar novos usos, ainda que por vezes se encontrem limites legais. “Há barreiras legais por exemplo no processo de devolução das cinzas à floresta, apesar da conhecida capacidade de fertilização dos solos”. ARTIGOS TÉCNICOS

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Outra das associadas da CELPA, a Europac, referiu que o seu modelo de negócio é “circular, mesmo antes de o saber”. “Compramos papel para reciclar, usamos as lamas em compostagem”. E lembrou que por vezes “os europeus complicam a vida por questões semânticas”, referiu, lembrando que ‘waste paper’ é papel para reciclar e não papel para o lixo.

O representante da ADP, João Castro Pinto, contou que a empresa está sempre a experimentar novos produtos que sirvam de fertilizante e que desde 1986 desenvolveram 36 novos produtos. “O ritmo de investigação de novas matérias primas para usar em adubos teve um pico em 2016. Mas das 60 matérias-primas apresentadas, aproveitaram-se 9, já que as que são rejeitadas não apresentam mais-valias nos testes agronómicos que fazemos”.

Bio refinaria e Economia Circular:

dois conceitos para uma estratégia de desenvolvimento sustentável

JOSÉ LUIS AMARAL Sócio Honorário n.º 52 O conceito da Economia Circular surge como uma tentativa de resposta a problemas que o desenvolvimento global da economia e do nível de vida das populações coloca, nomeadamente a escassez de matérias-primas e as pressões sobre o ambiente. Mas também, embora de forma menos assumida, constitui uma tentativa de criação de novas oportunidades de negócio e de atividades industriais que, em particular na União Europeia, serão essenciais para assegurar uma economia futura inclusiva, que a simples aposta no desenvolvimento da economia digital não garante.

conflito da utilização do solo agrícola para alimentos ou matérias-primas industriais; por outro, o domínio do mercado e da logística das matérias-primas florestais, bem como do seu processamento, facilitará a avaliação, decisão e optimização de eventuais oportunidades de inovação industrial dentro do quadro da Bio Refinaria.

Pode dizer-se que a Bio Refinaria constitui uma abordagem, dentro do enquadramento da Economia Circular, para tentar encontrar soluções para ultrapassar a finitude das fontes de petróleo como base dos sistemas de energia e da síntese de produtos químicos e o problema do aquecimento global.

As vantagens competitivas de Portugal no sector da pata e papel são um bom ponto de partida para que o País possa liderar, neste enquadramento europeu, iniciativas no âmbito da Bio Refinaria.

A indústria de produção de pasta tem uma posição privilegiada relativamente à exploração do conceito de Bio Refinaria: por um lado, utilizando essencialmente matérias-primas florestais, ultrapassa o eventual

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A nível da União Europeia a aposta efetiva na Economia Circular conduzirá seguramente ao lançamento de políticas de apoio ao desenvolvimento de aplicações industriais no domínio da Bio Refinaria.

Numa primeira fase poderá avançar-se com a exploração de oportunidades de aplicações paralelas ao processo industrial existente, seja na extração de constituintes não relevantes para o processo, seja no aproveitamento de efluentes.

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Tem sido desenvolvido em Universidades do País trabalho de I&D relevante neste domínio que pode constituir um ponto de partida para eventuais iniciativas industriais.

Igualmente notável o trabalho desenvolvido pelo Departamento de Química da Universidade de Aveiro sobre a extração e purificação de compostos triterpénicos de alto valor a partir da casca de eucalipto.

É de referir o trabalho realizado pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra no desenvolvimento de um processo de produção de bioetanol a partir de lamas primárias do efluente numa etapa única de hidrólise enzimática e fermentação, compatível com a presença habitual de contaminantes inorgânicos nas lamas. O trabalho foi apresentado no último Encontro da Tecnicelpa.

Temos aqui dois exemplos que poderão suportar, mais uma vez, o pioneirismo da indústria nacional da celulose, sabendo identificar as especificidades das matérias-primas disponíveis que poderão representar interessantes oportunidades de negócio e desenvolver o conhecimento necessário para as concretizar.

A impressão Digital vs. Impressão Offset

VITOR CRESPO Sócio n.º 353 Na edição nº 74 de Outono de 2016, da Pasta e Papel, apresentei a perspetiva da impressão ink jet de alta velocidade como tecnologia disruptiva da atualidade. Estando, como muitos de nós, atento á evolução das novas tecnologias e de trabalhar no desenvolvimento e otimização de produtos, como amante incondicional da impressão offset, não quero deixar a ideia de que esta tecnologia secular, cujo “pai” foi Gutenberg em 1452, se perderá nos tempos pela sua obsolescência. Nada disso. Recentemente tive a oportunidade de participar em encontros com empresas gráficas nacionais e é surpreendente perceber a dinâmica e a tendência para concretizar projetos de investimento em equipamentos de dados variáveis, electrofotográficos e ink jet. Mas não significa que as empresas abandonem a impressão Offset, até porque as gráficas estão, em geral, equipadas com impressoras offset relativamente recentes e resultantes de investimentos que ocorreram antes do período de crise. Interessante perceber que os empresários gráficos portugueses acompanham a evolução dos tempos info tecnicelpa 51

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e compreendem que a recuperação do negócio também passa pela adaptação ao mundo digital. A título indicativo, em 2015 a impressão digital á escala mundial representava 13,9% em valor monetário, mas apenas 2,5% em volume de impressões realizadas, incluindo o sector de embalagem. Alguns estudos indicam que em 2020 poderá representar 17,4% em valor e 3,4% em volume, ou seja, crescimentos de 25% e 36% respetivamente. Apesar dos investimentos (capex) ainda serem muito significativos e não disponíveis a todas as “bolsas”, os custos operacionais ao nível da impressão no caso do ink jet continuarão a reduzir através do desenvolvimento tecnológico das cabeças de impressão, tintas e sistemas de acabamentos. De forma mais abrangente, a otimização dos sistemas de “worflow” dos processos das empresas gráficas, irão permitir uma maior rentabilidade e eficiência. Esta evolução também passa de forma muito evidente pela qualidade do trabalho final, onde incluímos não só a impressão, mas também acabamentos e apresentação. A forma de comunicar continuará a evoluir, sempre mais apelativa e atrativa. ARTIGOS TÉCNICOS

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Mas, a tecnologia de impressão offset também continua a evoluir: para papéis não revestidos, a resolução na impressão não tem excedido os 150 – 175dpi. Equipamentos de impressão offset de tecnologia recente permitem explorar resoluções de 225dpi, usando os mesmos papéis, ou seja, desenvolvimentos ao nível dos equipamentos de impressão e não por otimização dos substratos. Perante os novos desafios, os produtores de papel tão pouco podem e devem ficar na zona de conforto. Pelo contrário, abrem-se novas oportunidades de desenvolver os seus produtos. Perante as reflexões que partilho, acredito que a questão não se coloca entre “Offset ou Digital”, mas “Offset e Digital”. A decisão não é B/W, mas colorida, em CMYK, se me permitem a metáfora. É pela complementaridade e não pela exclusividade que entendo a evolução.

Como referi, o exemplo das gráficas portuguesas em apostarem nas soluções digitais vai permitir uma maior flexibilidade para um planeamento de pequenas e médias e longas tiragens, redução dos tempos de “set up” e desperdícios, maximizando a utilização por cada tipologia de equipamento, em função da sua rentabilidade e da qualidade final exigida pelos clientes. No final do dia, significa que a rentabilidade global aumentará, permitindo que as empresas gráficas recuperem de um período muito difícil e perspetivem um futuro mais positivo. Mas com esforço, sem dúvida, desenvolvendo um modelo de negócio que vai seguramente recair na complementaridade das tecnologias de impressão.

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MIGUEL SANCHES (PhD) - Mestre em Artes Gráficas e Prof no IPT Os alunos finalistas do curso de Design e Tecnologia das Artes Gráficas realizaram mais uma vez o ARTEC – Simpósio de Design e Artes Gráficas. Realizado no campus do Instituto Politécnico de Tomar entre os dias 19 e 21 de abril, a vigésima sétima edição deste evento contou na assistência com mais de 150 pessoas por dia, que puderam assistir às mais diversas apresentações sobre embalagem, tipografia, produção gráfica, marketing digital, design gráfico, gestão de cor, publicidade e edição. A cerimónia de abertura contou com a presença do diretor da Escola Superior de Tecnologia de Tomar – Doutor João Patrício, o diretor da Licenciatura em Design e Tecnologia das Artes Gráficas – Doutor Miguel Sanches, e alunas representantes da organização – Ana Ferreira e Mariana Oliveira. Todos salientaram a importância deste tipo de eventos, principalmente por ser organizado pelos alunos, ainda mais quando no próximo ano letivo se irão comemorar os trinta anos de existência deste curso superior.

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Ao longo dos três dias a organização preparou um programa subordinado ao tema OPEN MIND, com a presença de empresas como a Bact3ria, a Bosch, a ColorAdd, a Funny How?, a Konica Minolta, a LabDesign, a M2, a Ocyan, a Push VFX, a Qual Albatroz, o Tipo das Letras, a Tecnimprensa, a Tribe Agency, a Upper Case 2020, a Velcro Design e a Xerox.

› Comissão organizadora do XXVII ARTEC ARTIGOS TÉCNICOS

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As ideias fazem crescer as organizações

JOAQUIM BELFO Sócio n.º 606 As ideias são como as sementes. Devidamente selecionadas, semeadas, fertilizadas e o seu fruto cuidado, fazem crescer as organizações. Um processo de geração de ideias bem estruturado é muito virtuoso pois as pessoas sentem-se comprometidas e empenhadas quando percebem que as suas ideias são valorizadas e utilizadas. Este sentimento de satisfação cria auto estima e realização pessoal. É uma sensação extraordinária. Por outro lado, o resultado positivo da implementação de ideias por parte das pessoas leva a que a sua gestão acredite cada vez mais no potencial da sua equipa demonstrando-lhe isso mesmo. Isso faz com que os seus colaboradores persigam novas oportunidades e melhores ideias. As empresas precisam de criar as condições adequadas para que um processo de geração de ideias produza resultados. Esse processo deve ser estendido a todas as pessoas. É claro que se pode ter boas ideias para novos produtos a colocar no mercado, até numa lógica disruptiva das atividades atuais. Mas também info tecnicelpa 51

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é verdade que não se deve descurar aquelas ideias, eventualmente mais simples, ou não, que melhoram os processos atuais, reduzem custos, aumentam a produtividade, a qualidade, a segurança e o bem-estar das pessoas. Até porque os novos produtos a colocar no mercado também são aqueles que mais facilmente são copiados e reproduzidos, desde que não sejam patenteáveis, podendo em pouco tempo deixar de ser tão competitivos. Ao contrário, a melhoria interna das operações não é tão facilmente replicável. Mesmo assim, na minha opinião, as empresas poderão não se estar a proteger devidamente neste aspeto. De facto a quantidade de pessoal externo que coabita nas empresas, com pouco controlo, com acesso a informação privilegiada acerca dos processos, especialmente os produtivos, pode ser preocupante. Também é verdade que nalgumas empresas ainda existe alguns vestígios do taylorismo. Dizia Frederick Taylor, no início do século XX, na sua abordagem científica da organização do trabalho, que a equipa ARTIGOS TÉCNICOS

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de gestão pensa e que os colaboradores executam. Este posicionamento é castrador de um processo de geração de ideias que atravesse a organização. Muitas pessoas que operam na linha da frente possuem melhores conhecimentos dos produtos, dos serviços e dos processos do que a equipa de gestão. Essas pessoas estão frequentemente em melhores condições para identificarem oportunidades de melhoria e sugerirem soluções para problemas concretos. Terão necessariamente que estar envolvidas num sistema de geração de ideias. Precisam de ser ouvidas. Mesmo com pequenas ideias, o valor agregado pode ser enorme, numa lógica incremental. A libertação da criatividade que existe em cada um é um forte catalisador para os mecanismos colaborativos transversais e interdisciplinares. Cria o sentimento de que cada pessoa é importante para o futuro da organização. É preciso preparar o clima adequado para um processo desta natureza. Havendo o clima certo, o projeto definido e devidamente anunciado, as ideias vão brotar com naturalidade e entusiasmo. Algumas estão mesmo à espera de serem libertadas. O sistema de captura deve ser simples, disponível para toda a gente. O apoio de ferramentas informáticas é fundamental para o registo e tratamento das ideias. Um núcleo dedicado de pessoas deve estar disponível

para a seleção das ideias relevantes mediante a aplicação de filtros previamente estipulados. O feedback e o reconhecimento são fundamentais. O reconhecimento de ideias relevantes pode ser feito de várias formas. O reconhecimento pode ser feito sem apelo a meios materiais. O facto das ideias das pessoas serem escolhidas já é uma honra. Mas as pessoas também podem ter outras necessidades e por isso algumas empresas incluem o reconhecimento material, como uma percentagem dos ganhos ou poupanças a atribuir ao autor, autores ou equipa que gerou a ideia. Já dizia o “guru” da gestão Jack Welch, durante 20 anos CEO da General Electric, idolatrado por muitos e criticado por outros, que o reconhecimento deve consolar a alma e a carteira. Das formas de reconhecimento que não passam por bónus e que são muito apreciadas mas mesmo assim pouco utilizadas nalgumas empresas, destaca-se a publicação de notícias internas, oferecer viagens ou aumentar dias de férias, um evento com o CEO, uma participação numa reunião de alta direção alusiva ao evento, a entrega de um diploma, troféu ou uma peça alusiva. O reconhecimento faz as pessoas sentirem-se valorizadas, respeitadas, amadas e alinhadas com a organização. Faz as pessoas felizes. E as pessoas felizes fazem as organizações melhores.

On the Management of innovation… (part 2)

MIKE ODELL Sócio n.º 951

This is a two-part article dealing with the ongoing need for innovation in the paper industry. The first part (edição nº 50) discussed the competitive advantages companies can derive from being more innovative than competitors who are less focused. This second part deals with more practical aspects of managing the innovation process.

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Paper mill activities are mainly directed at troubleshooting, but sometimes there is a particular quality or production problem that reoccurs repeatedly and no amount of troubleshooting or fine-tuning seems to help. These circumstances are a reasonable indication that a machine has run up against a basic limitation in its design. In such a situation, the usual course of action ARTIGOS TÉCNICOS

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is to call for outside help – most often from the machine’s supplier. Sometimes they are familiar with the problem and can provide a ready solution. Sometimes they have no idea, and it is at this point that “someone” needs solve a problem for which there is no existing solution – i.e. innovation. Managers themselves are not expected to be the main technical innovators (If they are, they are probably not doing their own job properly.) However, managers have to understand the innovation process in order to be able to guide and control this activity. The only tool a manager has in this respect is the innovative potential of the people he is able to get to focus on his problem. People’s capacity for innovation ranges from one extreme of the very determined type who is always wanting to try something new, often without weighing the risks versus benefits; to the other extreme of people who seem to take a malicious delight in finding reasons why not to try some new idea. Most people fall between these extremes and it becomes a manager’s task “to motivate ordinary people to do extraordinary things” or failing that at least to channel people into jobs where they can fulfill their innovative potential. A company’s innovation strategy should (a) exist and (b) be appropriate for the type of business. Constantly seeking to improve is a logical approach and it should be applied consistently and proactively rather than

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merely reacting whenever an opportunity arises. A proactive strategy simply generates more opportunities. For an innovation to proceed over all the hurdles that a big corporation can put in the way of progress (even inadvertently), that innovation will need a champion. That champion will need management support. Often the sort of support needed is just to reduce the “internal friction” that can impede the progress of new ideas – ensuring interdepartmental co-operation, resource allocation etc. The degree of support will determine how many times people will be prepared to step forward to take on the additional stress and hassle of fighting for a new idea. “Progress is like a vintage car – from time to time it needs to be pushed”. The author recently had reason to appreciate this innovative method for “Reboque Portuguesa” after breaking down and needing assistance near Cruz Alta in the Serra de Bussaco. Very determined and helpful people came to the rescue! The main management dilemma in dealing with innovation is to make appropriate judgements about the balance between risk and reward. There is no formula for this evaluation – this process is as intangible as the “inductive leap” needed to bridge between problem and solution in the technical aspects of innovation. Making the correct risk/reward judgement is also as critical to the ultimate economic success of an innovation as the technical aspects. Cautious optimism (tempered by experience) is the best guide. If managers are consistently

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too conservative, it will discourage new ideas from being generated . A more positive climate can be generated by evaluating different ways to proceed. For example, can some partial testing be made with less risk as a preliminary step, are there any pilot machine trial opportunities, what are the fallback options? Not every idea proposed is practical and some must be refused. Usually explaining the reasons for declining to proceed will defuse a lot of the disappointment that inevitably accompanies a refusal. Another part of controlling the risk/reward balance is knowing when to stop a particular project. Carrying on too long in spite of problems can also be damaging to morale. Another aspect of a company’s culture that managers need to be conscious of is the need for some degree of tolerance of failure. Here it is important to be consistent since it will be counterproductive to be both proactively encouraging innovation and then becoming upset when there are some inevitable failures. To put a positive spin on failure – simply knowing why something does not work is progress in itself and can often lead to another more successful attempt. Refraining from open criticism of failure should be accompanied by being conscious of the need to acknowledge and reward success. A particular characteristic of the paper industry is that only a few major equipment suppliers dominate it. It is a popular perception that these suppliers are the principal source of innovations and paper producers should just concentrate on economies of scale and cost reduction. Actually, a lot (probably a majority) of machinery

supplier developments originate from their customers – the customers are closer to the operating problems! However, a major equipment innovation will often need to have the practical engineering done by a machinery builder rather than machinery operator. Unfortunately, innovations that are “handed over” to a supplier will soon become fully available to the industry at large so the originator loses some of his advantage. In spite of this, there are benefits for individual companies to have such joint development projects. There is always the short-term benefit of being first in the market and sometimes this can be extended with some sort of exclusivity arrangement. In the long term, there is often a synergy of knowledge and co-operation arising from such developments. And last but not least there is the more altruistic benefit arising from something that is good for the industry as a whole helping to defend its position from external threats. Recognizing that there are limitations in improving competitive advantage by working on co-operation projects is definitely not a reason for not doing them but it is a reason to reconsider the allocation of a company’s scarce technical resources available for such activities. A company’s innovation strategy should focus more attention on projects that enhance a company’s unique sources of competitive advantage (or seek to diminish disadvantage) rather than on projects that can ultimately be copied. It is possible to keep even with the competition by purchasing updated technology but it is only possible to get ahead by ensuring that your own sources of competitive advantage are properly exploited.

A cultura do eucalipto e as Boas Práticas Florestais da Indústria Papeleira

FRANCISCO GOES Sócio n.º 1089 32

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LUIS LEAL Sócio n.º 972 ARTIGOS TÉCNICOS

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A importância da cultura do eucalipto no panorama florestal português é inquestionável. O eucalipto ocupa hoje uma proporção importante do território com uso florestal, é fonte de rendimento para milhares de produtores florestais, a sua gestão, exploração e utilização dá emprego a milhares de pessoas de forma permanente e é a base de matéria-prima para uma indústria, de forte vertente exportadora que contribuiu de forma decisiva para economia nacional. As empresas associadas da CELPA são, atualmente, responsáveis pela gestão de, aproximadamente, 202 mil hectares. Destes, cerca de 167 mil estão ocupados por floresta, o que equivale a 5,3% da floresta nacional. A área de floresta que é gerida por estas empresas é, maioritariamente, ocupada por eucalipto (153 mil hectares), que se destina exclusivamente ao abastecimento das respectivas unidades de produção de pasta para papel.

Boas Práticas Florestais Através das práticas no terreno, as empresas associadas da CELPA procuram optimizar o potencial produtivo de cada estação (designação dada ao conjunto de condições físicas e factores inorgânicos que caracterizam um local) e, simultaneamente, minimizar os impactes negativos, nomeadamente, em termos de erosão, qualidade da água e da paisagem, cumprindo sempre a legislação em vigor e cumprindo as mais exigentes normas internacionais de gestão florestal sustentável. Assim, recorrendo às melhores técnicas e intervenções culturais adequadas, criam-se condições para que os povoamentos, maioritariamente de eucalipto, se desenvolvam e atinjam os objectivos pretendidos. Neste sentido, as empresas estabeleceram guias de boas práticas florestais, onde estão descritos todos os procedimentos a seguir para cada operação. Uma vez que os trabalhos de silvicultura e exploração florestal são executados, na sua maioria, por prestadores de serviços, as empresas exigem o cumprimento destas normas internas, com o objectivo de se alcançar uma gestão florestal consciente e de qualidade. Há, deste modo, um sério compromisso, por parte das empresas associadas da CELPA, para respeitar, preservar e valorizar os espaços florestais sob a sua gestão. Compromisso este que é reconhecido através da certificação da gestão florestal que é praticada, tanto pelo FSC® como pelo PEFC©.

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Preocupações Ambientais A proteção da qualidade da água e do solo são as principais preocupações da indústria papeleira de maneira a conseguir uma atividade florestal bem-sucedida e ambientalmente sustentável. Assim, em termos de controlo da erosão e da paisagem, há o cuidado de dividir as matas em unidades de exploração, onde são respeitadas áreas máximas contínuas de corte em função do declive, compasso e qualidade da madeira. Além disso, entre unidades de exploração existem descontinuidades, estando ainda previsto um período de tempo de intervalo no corte de áreas adjacentes. Há, também, a preocupação de fazer a gestão adequada dos óleos das máquinas e lixos domésticos, de evitar o arraste de árvores pelo solo, de evitar a abertura de sulcos nos caminhos com os “forwarders” (máquina utilizada para retirar madeira em toros da mata para carregadouros à beira da estrada) e de abrir os trilhos de extracção segundo as curvas de nível. No que respeita a protecção de linhas de água, é interdito o trânsito das máquinas de exploração florestal numa largura de, pelo menos, 10 metros para cada lado das margens de linhas de água permanentes e temporárias e nas linhas de água efémeras, é evitada a circulação dessas máquinas, fazendo-se apenas quando o teor de humidade no solo é baixo. Tenta-se adequar a época de exploração com as zonas a explorar e não acumular resíduos de material vegetal nas linhas de água. No caso de haver diferimento no tempo, numa mesma unidade de exploração, entre o corte dos vales e as encostas, e tendo em conta as restrições já mencionadas, o corte dos vales é feito em primeiro lugar. Também as preocupações com a conservação de locais de valor cultural estão presentes e contempladas nos procedimentos que regem as várias operações florestais das empresas. Caso existam, os locais são identificados em mapa, estando previstas zonas de protecção. Para além disso, está ainda prevista a interrupção das operações caso sejam detectados vestígios arqueológicos, ou outros, e a consequente comunicação às autoridades competentes. Por fim, a segurança de todos os colaboradores é, também, uma das preocupações mais prementes das empresas, pelo que as condições de contratação dos operadores obrigam ao uso de Equipamentos de Protecção Individual apropriados à actividade, ao cumprimento estrito das normas de segurança, à posse, na frente de trabalho, de meios mínimos para fazer face a uma emergência florestal, bem como a planta da propriedade com as saídas de emergência devidamente assinaladas e a respectiva lista dos telefones de emergência.

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Apoio a Proprietários Privados Ao longo dos anos, as empresas associadas têm vindo a desenvolver vários programas de apoio aos produtores florestais e outros agentes, com vista a dar resposta, no terreno, aos problemas com que estes se possam debater na sua actividade. A interação entre produtores florestais, empresas industriais e outros agentes do sector é fundamental para promover a transferência de conhecimento tecnológico, a melhoria da qualidade dos produtos, a adopção de boas práticas florestais, valorizando aspectos económicos, ambientais e sociais da Gestão Florestal Sustentável. A crescente profissionalização da gestão florestal permite aumentos de produtividade, a redução e racionalização de custos e a optimização da produção florestal, a estabilidade biológica dos povoamentos e objectividade no combate a pragas e doenças, entre outros objectivos. A vasta área de floresta gerida pelas associadas da CELPA garante uma posição privilegiada dentro da fileira florestal com vista à promoção de práticas responsáveis e ao desenvolvimento sustentável e tal facto traduz-se numa enorme responsabilidade adicional.

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Assim, desde 2015, a CELPA tem vindo a dinamizar o Projecto Melhor Eucalipto” (www.celpa.pt/melhoreucalipto) que pretende, precisamente, promover as boas práticas na gestão da floresta em geral e do eucaliptal em particular, através da partilha do conhecimento técnico que a Indústria Papeleira aplica na silvicultura do eucalipto. Desta forma, pretende-se que os produtores florestais (e todos os demais interessados) tirem partido do conhecimento técnico existente, de forma a aplicarem as melhores práticas disponíveis na gestão dos povoamentos instalados, assim como na rearborização de áreas cujo estado vegetativo actual se encontre significativamente abaixo do seu potencial produtivo. Queremos contribuir para a melhoria da gestão operacional das plantações de eucalipto, tornando-as mais rentáveis e sustentáveis, acrescentando valor à fileira florestal: Melhor Eucalipto, Respeito Ambiental, Ganho Natural!

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Aumento do conteúdo de filler no papel Uma abordagem química ANA F. LOURENÇO, JOSÉ A. F. GAMELAS, PAULO J. FERREIRA Centro de Investigação em Engenharia dos Processos Químicos e dos Produtos da Floresta (CIEPQPF) – Departamento de Engenharia Química - Universidade de Coimbra

É conhecido que a incorporação de cargas minerais (fillers) na produção de papel é limitada pela diminuição das resistências mecânicas deste, decorrente da redução das ligações fibra-fibra provocada pelas pequenas partículas adicionadas. Geralmente, dependendo do tipo de papel, apenas 20-25% do produto final é composto por cargas. Várias estratégias têm sido usadas para aumentar este valor, as quais passam por exemplo pela utilização de novos aditivos que promovem uma floculação das cargas mais eficaz. Estudos recentes conduzidos pelos autores mostram que o uso de celulose nanofibrilada (CNF) num teor de apenas 3% (w/w) permite aumentar o diâmetro médio dos flocos de filler (Figura 1), promovendo assim uma maior retenção de cargas na matriz fibrosa, e adicionalmente um aumento da resistência mecânica do papel, principalmente na zona húmida da máquina.

Figura 2. (a) Índice de tracção de folhas laboratoriais produzidas com PCC e com PCC modificado com cerca de 30% de sílica, mostrando que é possível aumentar em 5% o conteúdo efectivo de filler sem prejudicar a tracção. (b) Aumento do índice de tracção (relativo a folhas produzidas com o mesmo conteúdo de PCC não modificado) para os diferentes fillers modificados. Figura 1 - Floculação de fillers com celulose nanofibrilada

Outra estratégia, para o aumento do conteúdo de filler no papel, envolve a modificação prévia das cargas com compostos que promovem uma melhor ligação destas à fibra celulósica, sendo possível estabelecer um bom compromisso entre teor de filler, retenção e propriedades finais do papel. Com esta abordagem torna-se possível utilizar os fillers modificados em diversas aplicações. Resultados da modificação de carbonato de cálcio precipitado (PCC) com sílica e com ésteres de celulose e a sua influência como fillers na produção de papéis de impressão e escrita estão resumidos na Figura 2 *.

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A modificação com sílica foi feita pelo método sol-gel, tendo sido possível produzir amostras com diferentes quantidades de sílica e a modificação com acetato de celulose e acetato butirato de celulose foi realizada com base na simples reprecipitação destes à superfície dos cristais de PCC. Em ambos os casos, o uso das cargas modificadas permitiu melhorar substancialmente as propriedades mecânicas do papel em folhas laboratoriais. Por sua vez, estudos efectuados numa máquina de papel piloto revelaram incrementos das propriedades mecânicas superiores aos obtidos em laboratório. *Resultados incluídos num trabalho apresentado na XXIII Conferência Internacional da Floresta, Pasta e Papel e também disponíveis com maior detalhe em artigos dos autores publicados em revistas da especialidade. ARTIGOS TÉCNICOS

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Industry 4.0 in pulp and paper SEMINÁRIO TECNICELPA

28 de junho 2017 HOTEL LUSITANO GOLEGÃ, PORTUGAL INTRODUCTION The so-called fourth industrial revolution, or "Industry 4.0“, is more and more in the focus of the industry. Digital networking and automation are on the advance and will transform the design, manufacture, operation, and service of products and production systems. Also in the pulp and paper industry, one main goal is to achieve the highest possible productivity, quality, and sustainability in production.

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Tissue >> Controlo da fabricação Resolvendo eficazmente problemas de produção e transformação de tissue com câmaras de deteção de anomalias* *Engº Martin Rempel, Papertech Inc. (Hamburgo-Alemanha)

Introdução A prioridade que é a segurança dos operadores mas também as maiores velocidades de produção e a necessidade de melhorar a qualidade dos produtos tornam imperativo que haja uma boa visibilidade de todos os processos de produção. As câmaras de alta definição e o software correspondente para a deteção de anomalias não somente fornecem uma visibilidade total mas também proporcionam a oportunidade de lidar com os problemas na sua origem, permitindo maximizar a qualidade do produto e a eficiência da máquina sem comprometer a segurança do operador.

Discussão

A visibilidade total de todos os processos de produção é fundamental para o sucesso global de qualquer operação de tissue. Ainda assim, a maioria dos operadores não é capaz de responder afirmativamente e com convicção às seguintes perguntas: •É capaz de ver com segurança no interior da sua máquina de papel ou de transformação? • T em à sua disposição algum meio de detetar visualmente um possível problema indesejado no processo de forma a encontrar a sua causa? • T em como controlar por vídeo as últimas 24 horas (ou mais) do processo? Estas perguntas podem ser respondidas por “sim” caso tenha um sistema de câmaras de deteção de anomalias de alta velocidade e de alta resolução que esteja totalmente integrado no processo de operação da sua máquina.

Uma visibilidade simples pode ser proporcionada por qualquer sistema mas uma visibilidade total, com análise automática de defeitos, eliminação contínua de problemas, juntamente com os benefícios de uma sincronização eficaz, apenas pode ser obtido com sistemas avançados de deteção de anomalias e de inspeção da folha tais como as soluções “WebVision Digital & WebInspector” da Papertech. Os fatores que justificam um investimento em tais soluções técnicas são os seguintes:

A - Necessidade de produção eficiente de alta qualidade

• Excessivas interrupções do processo Acontecem frequentes quebras de folha? Resolver a causa da quebra iria melhorar a sua transformação? A localização e medição de uma quebra da folha ou defeito podem ser obtidas por um sistema de deteção de anomalias através de câmaras estrategicamente posicionadas, todas elas sincronizadas para assegurar a rápida análise da causa do problema. • Problemas de qualidade do produto Teve problemas na operação na sua transformação em consequência de um número inaceitável de defeitos na sua bobine acabada? Um sistema avançado de deteção de anomalias, com capacidade de inspeção da folha, pode mapear e classificar os defeitos. Juntamente com câmaras adicionais eficazmente posicionadas, o sistema pode mostrar as causas dos defeitos.

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Tissue >> Controlo da fabricação B - Eliminação de estrangulamentos na transformação • Produzir conhecendo a qualidade do produto que vai ser utilizado - Se pudesse tomar uma decisão adiantada quanto à forma de operar a sua máquina com base na qualidade do produto a ser utilizado para tal, pouparia uma quantidade significativa de tempo e dinheiro? Seria capaz de aumentar o seu rendimento em termos de qualidade, processando bobines de produto de menor qualidade, como por exemplo no caso de camadas intermédias numa rebobinadora de camadas múltiplas? Esta eficiência pode ser obtida através de mapas detalhados da qualidade das bobines, proporcionado por um sistema de inspeção da folha. Adicionalmente, as linhas de transformação, podem utilizar uma única câmara de um sistema de deteção de anomalias para mapear a qualidade do produto de entrada a fim de ajudar na decisão de aceitar ou rejeitar o produto final.

• Excessivas interrupções no processo - Os seus engenheiros de processo defrontam-se com problemas constantes e paragens de produção devido a anomalias nas operações complexas da transformação? Uma rebobinadora clássica pode sofrer interrupções do processo devido a transposições deficientes, tensão inadequada da folha, gravação em relevo, laminação, início de rebobinagem, resiliência e inserção inadequada do mandril. Um sistema de deteção de anomalias é a única solução para visualizar estas situações, reproduzindo o problema em câmara lenta para a análise da causa do problema.

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• Garantia de um produto final de alta qualidade - Pode assegurar que o seu produto final satisfaz as exigências mínimas dos seus clientes? Sem o conhecimento da qualidade do produto inicial e a capacidade de medir parâmetros de qualidade, frequentemente o produto final é embalado de “boa-fé” pensando satisfazer as exigências de qualidade do cliente. Porém, os transformadores começam a rejeitar produto recebido para transformação tendo como base os defeitos detetados na folha mediante a utilização de sistemas de deteção de anomalias. Estes são apenas alguns exemplos em como sistemas de deteção de anomalias podem responder ás necessidades dos fabricantes de papel tissue bem como às dos transformadores.

Resultados

O investimento em soluções de deteção de anomalias proporcionará uma rápida recuperação do investimento e o maior retorno nos cenários descritos a seguir: 1. Rápida e eficiente instalação de uma nova máquina de papel de tissue e/ou transformação A visibilidade e a prova dos problemas existentes durante o “commissioning” irão assegurar que a sua nova máquina irá funcionar de formar satisfatória tão rapidamente quanto possível. O retorno do investimento é obtido graças à capacidade de descobrir rapidamente onde estão ocorrendo quebras e por que motivo, bem como descobrir as razões para eventuais problemas de qualidade que resultam em quebras nas linhas de transformação. 2. Otimização do desempenho de uma máquina existente A reforma ou alteração da finalidade de uma máquina existente, visando uma alteração do rendimento e na qualidade do produto, apresenta desafios semelhantes ao “commissioning” de uma máquina nova. Da mesma forma, qualquer máquina limitada em termos de produção poderá ser beneficiada com um sistema de deteção de anomalias que proporcione a capacidade de resolver interrupções indesejáveis do processo.


Tissue >> Controlo da fabricação

3. Adaptação a novos regulamentos de segurança e formação de operadores manutenção da máquina Muitos operadores defrontam-se com uma visibilidade diminuída ou, em muitos casos, completamente estrita das suas máquinas, em consequência de medidas implantadas de preservação da segurança. Uma solução de sistema de deteção de anomalias pode não somente restaurar a visibilidade da máquina para o operador, mas também elevá-la a níveis de outra forma inatingíveis.

Conclusão A tecnologia das câmaras de alta velocidade, tanto para deteção de anomalias, quebras como para a análise da folha de papel, têm um claro retorno sobre o investimento de uma máquina de papel e também nas linhas de transformação. Uma prova desta aceitação é o rápido aumento da instalação destes sistemas pelos maiores produtores de papel tissue como a GeorgiaPacific, Kimberly Clark, Procter & Gamble e SCA, tendo cada um deles investido grandemente nesta nova tecnologia.


Tissue >> Feltros Olhando para novos horizontes com o novo ATROJET da Heimbach* * Autor Heimbach GmbH Tradução Henrique Dominguez

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m 2011 foi lançado internamente um novo projeto de I&D com o objetivo de conseguir juntar num só feltro, a melhor tecnologia existente em cada grupo de feltros da Heimbach: a tecnologia dos feltros não tecidos (Atrocrosss) com os feltros multi-axiais (Atromaxx) ambos pertencendo ao grupo dos feltros chamados Advanced Technology Bases (ATB). Os feltros não tecidos Atrocross e os multi-axiais Atromaxx oferecem, cada um na sua categoria, uma gama de produtos que atingem todos os requerimentos em termos de aplicação de feltros para prensas. Cada uma destas categorias apresenta claras vantagens tais como o arranque rápido e uma grande capacidade de desaguamento no NIP do Atrocross e a larga gama e flexibilidade das bases dos feltros Atromaxx, conseguem responder às necessidades particulares que são importantes para cada aplicação de um feltro bem desenhado tecnicamente. Alem destes dois conceitos de feltros modernos, a Heimbach continua a disponibilizar os feltros clássicos tecidos com as bases laminadas. No entanto, mesmo tendo um larga gama de produtos sofisticados, a Heimbach continua a melhorar os produtos existentes mas também a desenvolver novas tecnologias. ATROJET é o nome do desenvolvimento mais recente da Heimbach. Trata-se de um desenho de feltro inovador que combina as vantagens dos feltros não tecidos com a tecnologia multi-axial.

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Com a nova tecnologia multi-axial - não tecido, os criadores dos feltros da Heimbach conseguem responder de forma ainda mais eficaz às necessidades específicas de cada posição de feltro de prensa. A qualidade específica do ATROJET vem da sua estrutura interna. No ATROJET a base interna do lado papel é composta de uma única base não tecida. Essa base interna é apenas composta por filamentos posicionados no sentido de marcha o que resulta numa grande resistência mecânica, uniformidade e suavidade da base na sua face papel. Os filamentos no sentido marcha têm uma ligeira diagonal, característica dos feltros multi-axiais, os pontos de contacto entre filamentos é aumentado, aumentando assim a resistência e reduzindo o risco de rutura. A grande flexibilidade vem da camada interna superior do lado papel formada por filamentos múltiplos, de diferentes diâmetros e em quantidades variáveis.

Fig. 1 A quantidade de pontos de cruzamento de todos os filamentos da base é o grande ponto forte do feltro multi-axial


Tissue >> Feltros

Fig.2 Com a sua estrutura homogénea de filamentos no sentido marcha, o ATROJET tem de longe uma maior área de contacto do que qualquer outro feltro. A transmissão de pressão no NIP é assim mais uniforme e oferece portanto um desaguamento estável e um perfil transversal homogéneo.

A suavidade e uniformidade da camada interna do feltro permitem obter uma grande superfície de contacto. A homogeneidade e o maior número de zonas de contacto fazem da base do feltro ATROJET um produto de topo dentro da tecnologia existente para feltros. Feltros compactos e homogéneos são argumentos importantes para a aplicação de feltros de tissue no que respeita uma transmissão homogénea da pressão da prensa que é o elemento chave para um desaguamento homogéneo e um perfil transversal uniforme do papel. O lado interior da base do feltro ATROJET é formada por componentes multi-axiais que são selecionados em função das necessidades de volume livre, resistência mecânica etc. mas também em função do tipo de máquina; com prensas de 1 ou 2 nips, com shoe press, caixas de condicionamento, e rolos de vácuo. Os valores para uma máquina de tissue clássica, podem ajudar a perceber as performances que um feltro tissue tem de realizar: Mais de 100.000 km de distância percorrida correspondem a 6 milhões de passagens no nip e ao transporte de mais de 50.000 m3 de água. Além disso, espera-se que as performances do feltro tissue durem de forma constante durante toda a sua vida útil. A mais recente tecnologia dos feltros Heimbach permite responder a estes objetivos.

Quanto mais variarem os parâmetros do processo mais difícil se torna desenhar um feltro adaptável. Um típico exemplo de variações de processo é a mudança de produto a produzir o que implica variações de velocidade, de gramagem mas também da matéria-prima, fibra virgem ou fibra reciclada, bem como o uso de produtos para melhorar a resistência em húmido, de corantes e de agentes de retenção. Numa fábrica, a planificação da produção procura constantemente uma transição tão suave quanto possível dos parâmetros do processo durante o tempo de vida da vestimenta da máquina. No entanto, é cada vez mais importante ter flexibilidade, as situações de “Just in Time Deliveries” são cada vez mais frequentes, porquanto as mudanças súbitas de produção acontecem regularmente. O feltro tem de poder fazer face a essas mudanças sem comprometer o seu bom comportamento. É nestas situações que a flexibilidade da construção do feltro ATROJET pode oferecer claras vantagens adaptando-se facilmente a mudanças de condições de trabalho. É graças à sua base homogénea e robusta, que também permite uma fixação forte da fibra da napa na base do feltro, que o ATROJET já provou ser resistente á dureza dos chuveiros de alta pressão, necessários para evitar contaminação, especialmente quando se muda de fibra virgem para fibra reciclada ou se passa da produção de papel não resistente em húmido para papel resistente em húmido. O ATROJET já demonstrou aguentar por longos períodos chuveiros com pressão superior a 30 bar. A Heimbach investiu uma quantia de 7 dígitos no desenvolvimento e instalação da linha de produção do ATROJET. A produção atingiu a sua capacidade máxima desde meados de 2016. Este feltro representa uma evolução extraordinária no mundo dos feltros de prensas e a Heimbach, na sua visão de mercado, prevê um aumento do volume de produção de feltros com o conceito ATROJET.

Fig. 3 Feltro para prensa Atrojet

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Tissue >> Química do processo Aumentar a eficiência e a qualidade na produção de papel tissue

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mercado de tissue está em constante mudança e não será diferente disso nos próximos anos, mais pelo contrário. A qualidade e a competitividade num mundo global terão o papel decisivo. Por definição, o processo produtivo deve adaptar-se às constantes mudanças de variáveis que constantemente são consideradas, equivocadamente, constantes de processo. Novos produtores mundiais de celulose disponibilizam fibras de Eucalipto no mercado; novos mercados potenciais, novas tendências de maior capacidade produtiva e o constante desenvolvimento para a busca de maior valor acrescentado, geram novas necessidades que, junto às antigas, geram um constante desafio à indústria do tissue. Exige-se uma maior eficiência nas operações produtivas, um aumento da produção e uma qualidade maximizada do produto, para cumprir com as exigências do mercado. Priorizamse ganhos e eficiências produtivas, mediante otimização de misturas de fibras e/ou por meio da eficiência energética, sempre mantendo a qualidade com o fim de se conseguir fidelizar o mercado e o consumidor final. Nos últimos anos apareceram muitos desenvolvimentos na conceção de máquinas e equipamentos para a produção de papel tissue. Os resultados foram satisfatórios levando a produtividade e a qualidade do papel tissue a níveis bastante elevados.

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Neste contexto, o tratamento enzimático proporciona aos fabricantes de papel tissue uma solução e melhora em sua tecnologia natural. As Celulasas, (1,4)-B-endo-glucanasa, estão especialmente projetadas para melhorar a fibrilação da fibra ao acelerar a rutura das ligações O-glucosídios que formam as moléculas


Tissue >> Química do processo

da celulose, sempre e quando se deem as condições necessárias para tal reação natural.

mantendo as principais propriedades mecânicas da fibra em sua origem.

Ao utilizar-se a enzima apropriada de forma e condições idóneas, consegue-se uma melhor hidratação da fibra e uma maior e melhor fibrilação. Aumenta-se a superfície específica e em consequência aumenta-se a capacidade de criar ligações mediante pontes de hidrogénio entre as fibras.

Cabe comentar que se dão casos de redução dos elementos mecânicos na etapa de refinação, em condições adequadas de tratamento.

Ao se ajustar corretamente os refinadores mecânicos do processo, com menor energia produz-se um menor corte de fibras, favorecendo o aumento das propriedades físico-mecânicas da fibra. Com isso, pode-se conseguir um rendimento mais elevado dos refinadores. Em resumo, a tecnologia enzimática permite reduzir custos de forma significativa e aumentar a qualidade do papel tissue. Dois fatores chaves e necessários nos dias atuais e no futuro próximo.

O tratamento enzimático da Sertec 20 proporciona vantagens potenciais de produtividade, de qualidade e de respeito pelo meio ambiente na fabricação de produtos de papel tissue Benefícios As enzimas da gama Serzym permitem tratar de forma específica as fibras em função de sua origem, de sua qualidade e das condições de trabalho. Aceleram reações preparando a fibra de forma que se requeira menor energia para alcançar os resultados desejados. Mediante o tratamento enzimático, podem-se obter os seguintes benefícios:

Redução Energética e de Custos A enzima não está pensada para substituir a etapa da refinação no processo de preparação da massa e sim para otimizar e aumentar o rendimento dos refinadores, permitindo a aplicação de uma menor energia específica e

Otimização dos Tempos de Vida Úteis As enzimas permitem aos refinadores trabalharem em condições menos forçadas, com menos energia aplicada, o que contribui de forma direta e sem dúvida, para um maior tempo de vida dos elementos mecânicos como por exemplo, das guarnições (discos ou cónicos).

Otimização Fibras

da

Composição

de

A melhora da resistência mecânica do papel produzido a partir de fibras recicladas permite a troca da composição fibrosa priorizando custo e qualidade. Uma apropriada composição fibrosa tratada com enzimas e com um correto ajuste de refinação ajuda de forma significativa uma melhor qualidade do papel e à redução de problemas produtivos. Pode melhorar a performance da máquina de papel e reduzir os problemas de geração de pó.

Aumentar a qualidade do papel tissue Mediante a tecnologia enzimática, pode-se aumentar o volume das fibras, resistência e suavidade, alcançando qualidades desejadas e mantendo a maquinabilidade. Ao eliminar-se parcialmente as paredes (primária e secundária) da fibra, a água penetra mais facilmente no interior da mesma, provocando o seu inchamento, o que confere às fibras uma maior suavidade, maior volume e flexibilidade. Tal fato leva a melhores índices de formação do papel e podem eliminar, em alguns casos, a necessidade de resinas de resistência em seco.

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Cartão Tissue Especial Stora Enso reinventa Varkaus como fábrica estratégica de papelão Ao visitar a Stora Enso em Varkaus, a localização da BM3, uma nova máquina de papel cartão marrom e branco, à base de fibra virgem, com produção de 390 mil toneladas/ano, você perceberá que está em um lugar que faz história. Recentemente, a fábrica renasceu pela quarta vez desde 1921, desta vez para atender às necessidades do mercado de forro Kraft e papel branco.

Jarkko Tehomaa, diretor da fábrica, e Jukka Lyyra, gerente de área, com embalagens para frutas e vegetais na frente do BM3, a recém-criada máquina de papelão da Stora Enso Varkaus.

até mesmo o quase fechamento da fábrica. Os principais fornecedores são, com mais frequência, pertencentes a empresas globais, em vez de estritamente locais. No entanto, eis que a recuperação desponta novamente. A modificação dos ativos existentes para criar uma nova linha de produtos faz parte da transformação necessária para se tornar uma empresa de materiais renováveis que agregam valor. Graças a essa conversão de máquinas, a empresa está preparada para conquistar participação no crescente mercado mundial, reconhecendo a queda na demanda por papel fino. A empresa se mantém atenta à qualidade, o que inclui propriedades essenciais, como resistência e capacidade de impressão.

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m 2015, a Stora Enso investiu 110 milhões de euros para transformar sua fábrica de papel fino em Varkaus, na Finlândia, em uma instalação para produção de 390 mil toneladas por ano de cartão marrom com capa branca à base de fibra virgem. O que se torna imediatamente evidente em Varkaus e na nova fábrica de papel é que o antigo e o novo convivem lado a lado. Poucas cidades e fábricas podem vangloriar-se dos projetos do arquiteto Alvar Aalto ou da tamanha proeminência e escala de sucesso industrial por quase um século. Sim, foram vários os contratempos enfrentados nos últimos anos,

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Operador inspecionando o forro Kraft marrom. A PM3 produz papéis Kraft marrons e brancos, oferecendo classes leves com peso de 80 (90 WTKL) a 250 g/m2. A produção é predominantemente baseada em fibra virgem proveniente da fábrica de celulose integrada. Mika Kaurola, operador, observa a qualidade visualmente e ao toque.


Cartão Quase 100 anos de sucesso e evolução Em 1921, Varkaus, na época pertencente à Ahlstrom, era a maior fábrica de papel da Europa. Na década de 1980, quando a Enso Gutzeit (Stora Enso desde 1998) assumiu o controle, ela se tornou uma importante produtora de jornal. Logo ao lado da fábrica, a produção abastecia a produtora de jornal Helsingin Sanomat, o principal jornal finlandês, e muitos outros jornais nos países nórdicos. No final dos anos 80, a empresa passou a produzir material destinado a publicação de revistas e folhetos em toda a Europa. E deu também início à produção de papel fino revestido e não revestido por meio da conversão de duas linhas.

Duas salas de controle gerenciam a fabricação de papel. A fábrica de celulose e a usina de energia adjacentes compartilham a mesma sala. Mika Kaurola, operador, pode ver todas as tendências a partir de seu posto de trabalho.

A nova instalação inclui uma fábrica de celulose Kraft não branqueada existente com produção de 310 mil toneladas/ano, uma usina de energia, infraestrutura considerável e mão de obra qualificada. Além disso, sua localização é ideal para abastecer a fábrica com uma abundância de recursos de fibra virgem locais. A empresa é independente em termos de energia, empregando 95% de biocombustíveis com baixa emissão de C02. A conversão aumenta as vendas de embalagens renováveis da Stora Enso em 280 milhões de euros. Segundo dados, a margem de EBITDA almejada para a máquina convertida, com capacidade total, é superior a 15%, desde que as condições de mercado atuais não mudem. Como diz Jarkko Tehomaa, diretor da fábrica, “Varkaus foi um excelente lugar para levar a cabo a conversão para papel cartão, pois um investimento de 110 milhões de euros, em comparação com dez vezes menos do que uma fábrica nova gerou uma fábrica de embalagens de primeira classe. Nossa nova máquina de papelão foi projetada para integrar-se perfeitamente com a fábrica de celulose existente e a usina de energia. Bem localizada, do ponto de vista de fornecimento de material bruto, a infraestrutura e as competências necessárias já existiam no lugar. Devemos muito também à equipe de teste da Stora Enso Ostroleka (Polônia), que recentemente concluiu um importante teste da nova linha de papel corrugado”.

A largura útil da PME3 é 7,8 metros, exatamente como a Ostroleka Stora Enso. Elas utilizam toda a largura de folha. A produção é perfeitamente balanceada entre a fábrica de celulose existente, a usina de energia e o tratamento de água.

Em termos práticos e táticos, Tehomaa acrescenta: “A largura útil da máquina existente era perfeita para os novos produtos finais”. Tehomaa sugere que Varkaus usufrua da rede de vendas globais

Vantagens para os mercados interno e global

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om a conversão, a Stora Enso fortalece consideravelmente sua oferta global de papel cartão aos clientes. Por clientes “internos”, entende-se a Europa; a América do Sul e a Ásia compõem o mercado global. A proposta de valor da empresa inclui consistência em termos de durabilidade, resistência à umidade, pureza e capacidade de impressão. Para embalagens de frutas e vegetais, alimentos em geral, varejo e indústria pesada, a oferta de miolo Kraft e capa branca é ideal.

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Cartão

da Stora Enso, que atualmente tem crescido na Europa e no mundo. “Nossa equipe está próxima dos usuários finais que exigem cartões resistentes, que produzam boa impressão. Fazemos parte da construção da imagem das marcas que comercializam frutas e vegetais, além de uma variedade de produtos industriais. É por isso que nossa linha de papéis marrons e brancos, leves e pesados, é ideal para conversões locais distintas”.

Parceria com especialistas

Risto Nykanen, AFT (à esquerda), Jukka Lyyra (centro), gerente de área de máquinas de papel e projetos de madeira da Stora Enso, e o operador Mika Kaurola.

Os projetos da Pöyry desempenharam um papel fundamental na conversão. A Valmet forneceu uma nova caixa de alimentação de polpa e uma

Degaseificador de água branca POMp730 com camada traseira.

nova seção de formação para camada reversa e modificou a seção de tela antiga da camada de impressão, além de fornecer uma prensa de sapata. A empresa reformulou a extremidade seca da máquina de papel, passando a incluir um sistema de controle de qualidade. Discussão de POMix fornecendo a mistura de materiais e produtos químicos antes da caixa de alimentação de polpa.

A Honeywell modernizou os sistemas de controle, segurança e gerenciamento, tudo a partir de duas salas de controle totalmente integradas. A extremidade úmida compacta e a depuração da Aikawa Fiber Technologies (AFT) para a nova camada reversa eliminaramm vários equipamentos redundantes e são uma versão avançada do trabalho pioneiro da Stora Enso com este conceito, em 2001.

Menos é melhor para os sistemas de extremidade úmida

Discussão em equipe na depuração de diluição da camada traseira.

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O sistema compacto para o fluxo de aproximação e depuração da Aikawa Fiber Technologies (AFT) foi inicialmente testado e comprovado na Stora Enso Ostroleka e em várias outras fábricas da Stora Enso.


Cartão

De acordo com Jukka Lyyra, gerente de área de projetos de conversão de fábricas e máquinas de papel, na Stora Enso, “sabíamos que poderíamos contar com a AFT e seus sistemas de POM, peneiras e purificadores. Não houve necessidade de tanques de armazenamento e “deculators” tradicionais, pois o POM da AFT funciona perfeitamente com um consumo muito menor de energia e água. O sucesso do POM está, em grande parte, no que ele não é. Não acumula contaminantes. Menos tempo para mudanças de produtos. Menos ar para interromper o processo. Menos defeitos e subsequentes reclamações de clientes. O melhor de tudo é que não nos preocupamos com o POM da AFT, de tão confiável que ele é! Este é o melhor tipo de sistema em uma fábrica de papelão, porque há sempre um problema em algum lugar”. Na verdade, a Varkaus foi a primeira fábrica da Stora Enso a instalar um modelo inicial do

Um dos motivos pelos quais a cidade de Varkaus e a fábrica são exclusivos é que o aclamado arquiteto Alvar Aalto teve um papel importante nas estruturas residenciais, comerciais e industriais, inclusive na serraria original. A família Ahlström-Gullichsen, que construiu boa parte de Varkaus, era um cliente importante. O Finlandia Hall, em Helsinque, e a Opera House de Essen são dois de seus prédios mais conhecidos.

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Cartão

Fatos sobre a Stora Enso Varkaus • Serraria madeira branca 260 000 m3 • Fábrica de celulose polpa Kraft não branqueada 310 000 t/a • Fábrica de papel / papelão 390 000 t/a • Fábrica LVL 100 000 m3/a (início em junho de 2016) • Uso de madeira, abeto, pinheiro, vidoeiro aprox. 2,1 milhões de m3 (depois de investimentos)

sistema POM em 2001. “Alguns dos funcionários mais antigos logo perceberam o valor de uma abordagem minimalista. Agora, o POM foi aperfeiçoado, incluindo fácil monitoramento em nossa sala de controle”. A oferta da AFT inclui dois desgaseificadores POMp 730, um tanque de selagem POMLock para a camada superior, um depurador de camada traseira com dois MXF1300HB, bem como MXF700, MXF700HB, MXS 500 e depuradores centrífugos. Risto Nykanen, gerente de projetos da AFT, diz: “Como a seção da tela é um pouco curta, a equipe estava preocupada com a capacidade de drenagem e a velocidade mais alta. É por isso que os dois POMp 730 fazem sentido para a desaeração”. Lyyra acrescenta: “A quantidade exata de degaseificação, sem os custos de engenharia civil, capital e operação de um “deculator”, faz desta uma mudança inteligente. Temos plena capacidade de funcionamento e a flexibilidade necessária em um espaço compacto”. Artigo publicado na versão original, sem qualquer responsabilidade da redação da revista.

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