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Memórias de uma semente plantada há cinquenta anos

Eu sonhava em silêncio com aquelas terras distantes. Era manhã, tarde ou noite-madrugada, não sei ao certo. Uma chuva lavava as ruas de Manaus. Famílias celebravam os dias juninos com festas típicas, descontraídas e felizes. A simplicidade do povo era a mesma que habitava o coração daqueles casais com as notícias de um Movimento de casais vindas lá do Sul. Havia sonhos e também incertezas. O que eles não sabiam era que uma semente já havia sido lançada em seus corações. E eu, mais do que todos, sei que sementes lançadas em terra boa germinam noite e dia e crescem sem nos darmos conta do que está por vir. Obra e desígnio de Deus em silêncio divino. Mas os tempos eram outros. “Ah, lembro bem, era 20 de junho de 1972”, diz Nazareth. “Isso mesmo!”, confirma Neuza, feliz. “Éramos jovens e apaixonados!”, arrematariam em coro Kaneko e Antônio, os saudosos esposos. E após eles viriam outros e muitos, engrossando o caldo do jaraqui manauara. Iniciava assim mais um nó da profetizada “rede” do Pe. Caffarel. Que Brasil imenso! Estava eu ali, naquela terra distante muitas vezes sonhada. “Querida Amazônia”, dirá o Papa Francisco. Semente germinada, crescida, imitadora da samaúma, árvore imponente de raízes profundas. Amazônia, destinada a alicerçar-se na espiritualidade conjugal de casais recém-equipistas, os da primeira hora, provadores e aprendizes da santidade conjugal iniciada, ora em terra firme, ora em várzea, alagada e fértil, sustento da caminhada de centenas de casais que viriam a conhecer o sonho do vosso fundador: “Procuremos e aprendamos juntos!”

Cinquenta anos de Manaus!

Agora dou testemunho da expansão pouco imaginada, mas recheada de sonhos. Chegamos a Itacoatiara, Parintins e aos portos de Maués. E mais ao Norte, atravessamos a linha do Equador até Boa Vista, terra roraimense que traz poesia aos extremos brasileiros: “... Caburaí ao Chuí!”. Pelas águas do Amazonas chegamos ao Pará. Lá a semeadura foi perene: Santarém, mundo afora. E mais recente, uma irmã germina em Porto Velho, solo rondoniense. Dou um salto nesta semeadura. Hoje vejo equipes vivas na história, honrando o passado, voltando à nascente, “aggiornando” a caminhada. São as vozes de cinquenta anos somadas à lembrança daqueles que nos deixaram há pouco, dos quais ainda vivemos um luto comunitário, solitário, silencioso, sem o último adeus. Me despeço ainda no silêncio desta terra que agora não é mais distante. Somos muitas sementes que sonham completar os nós daquela rede lançada, que nem redes ribeirinhas, que trazem fartura e vida à mesa em ano jubilar. Parabéns, Manaus! Magnificat!

Márcia e Juarez Eq. 7A N. S. da SS Trindade - Manaus Região Norte I Prov. Norte

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