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Psicologia e Diversidade Sexual
são instaurados pela Corregedoria da PM. Desses, 50% resultam em condenação. Os outros 97% são instaurados nos próprios batalhões, e em praticamente 100% dos casos acabam em arquivamento.
Para o cientista social, a diminuição do genocídio da população negra no Brasil passa, necessariamente, pelo reforço da luta antirracista, para que os governos mudem de posição em relação à forma como se faz Segurança Pública. Conforme Mariano, hoje ela ainda é feita com muito preconceito contra pobres e negros. Ele acredita que são necessários programas desenvolvidos com a perspectiva de criar uma polícia cidadã democrática e antirracista. “Nós temos que incluir a luta antirracista nas nossas instituições policiais, né? É isso passa por uma nova formação, que não trabalhe com o estereótipo de que pobre negro é potencial inimigo”, defendeu.
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Benedito Mariano
RAIVA E PACIÊNCIA
A advogada Dina Alves abordou dois sentimentos: raiva e paciência. A primeira como instrumento político, a segunda como caminho para a utopia, como ideal realizável contra a discriminação das minorias. Como os meandros da violência policial e do racismo são muitos, a também cientista política trouxe à lembrança o assassinato de Luana Barbosa dos Reis Santos – mulher negra, lésbica, assassinada por policiais militares em Ribeirão Preto – no qual atua como Assistente de Acusação contra os policiais. Seu intuito foi demonstrar como o discurso de combate às drogas funciona, desde 1950, quando massificado pelos Estados Unidos da América e reproduzido no Brasil como um instrumento de encarceramento da população da periferia. Segundo dados da CNJ, o Brasil é o terceiro país em número de encarcerados, com mais de 800 mil presos. Desses, segundo Dina, 30% tecnicamente são inocentes, sob o argumento de suspeição. “ser suspeito padrão é ser esse corpo-alvo, é ser negro, é ser morador da periferia, é ter o tipo padrão que o sistema penal antinegro elege”, ressalta.
As consequências desse número são gigantescas, ao serem consideradas o que ela chama de comunidades fraturadas, ou seja, as pessoas do entorno desses presos: crianças, mulheres e idosos que são diretamente afetados quando o familiar, muitas vezes provedor, é encarcerado. “Tudo isso faz parte de uma guerra às drogas. É um sistema de captura que promove sofrimento direto e indiretamente. Então nós estamos falando de duas faces horripilantes do genocídio antinegro no Brasil, seja a partir do sistema prisional, seja a partir das mortes diretas, nas execuções sumárias. O projeto político de genocídio, que viola a presunção da inocência”, alerta.
“A raiva deve ser lida aqui com uma pedagogia da justiça, como instrumento político. E para não nos calarmos diante de profundas injustiças, de