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Patologização e medicalização das vidas: reconhecimento e enfrentamento - parte 1
violência tem um valor identitário e que é marcado por um estilo de masculinidade específica, com valores (inint 01:29:13) exacerbados. A professora Alba Zaluar, do Rio de Janeiro, tratava da questão da hipermasculinidade como uma referência específica e contribui aí pra compreensão no plano sociológico, né, de como esse processo se dá. E lembrando também que apesar da gente ter policiais mulheres na corporação, ela é uma inclusão que se iniciou apenas em 1955, em São Paulo, e sendo que somente a partir da década de 70 um maior número de Estados passou a incluir mulheres em suas tropas. Então a questão de ter mulheres na corporação, além de historicamente ser mais recente, acaba na verdade influenciando, inclusive em mulheres, na construção de um ethos masculino, né? Então a gente não tá falando aí da identidade de gênero dessas policiais... dessas policiais, mas de um ethos na qual uma determinada... um determinado tipo de masculinidade, que é esse viril, ele se apresenta como resposta coletiva à vulnerabilidade que esses policiais são submetidos. Também fazendo uso do Dejours, como o Adilson colocou na fala dele, a gente tem a possibilidade de perceber que esse ethos, aí já dentro de uma análise propriamente psicológica ou da psicodinâmica do trabalho, que talvez alcance uma nuance maior do que o conceito de ethos com os... com o qual os sociólogos trabalham. O Dejours e a (inint 01:30:53), são... é uma outra psicanalista de psicodinâmica do trabalho, em seus estudos sobre a questão da virilidade, em especial, eles observam que a virilidade, diferente de um processo secundário do psiquismo, ele se apresenta em razão do sofrimento que a atividade do trabalho impõe ao sujeito como um mecanismo de defesa próprio, interno, intrapsíquico de resposta. Então eu tenho aí um... uma dimensão distinta de como esse processo psíquico se dá no que se refere aos valores viris se instituírem como sistema de defesa pra garantir a saúde do sujeito, né? Então é conceitual, mas, às vezes... assim, às vezes, a teoria ajuda mais. Normalmente, a gente faz pouco caso da teoria, mas, às vezes, ela dá um... ela nos auxilia em algumas reflexões e é bem teórico. A virilidade como ideologia ela se apresenta como um mecanismo da cultura, a virilidade como mecanismo de defesa do psiquismo ela tem a possibilidade de amortecer outros valores morais, porque em termos de processo psíquico ela é anterior aos processos secundários que auxiliam a nossa... ao nosso discernimento sobre o que é certo e o que é errado. Quanto menor a possibilidade de modificar as contingências a que o trabalhador está submetido em seu ambiente de trabalho, que é o caso dos policiais no Brasil, mais o sofrimento e o medo se recrudescem e mais a defesa em forma de virilidade é mobilizada. Por esse processo, a virilidade erigida em valor, em lugar de todos os outros valores, porque ela funciona como se tratasse de uma expressão do desejo, então ela passa a ser veículo de expressão do desejo, ainda que um veículo, um caminho sintomático, a... os demais... os demais valores morais do sujeito, então, secundários, em termos psíquicos, ficam anestesiados, e aí... Fazendo um recorte específico, eu acho que eu vou parar, por conta do tempo, eu vou fazer um recorte pra fazer um encerramento nessa parte que clínica e política se encontram. A maior vulnerabilidade das tropas no plano político de se engajarem em massas ou submeterem-se a líderes que possam
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