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Patologização e medicalização das vidas: reconhecimento e enfrentamento - parte 2

representar esse ideal viril, ainda que pra aqueles que não são atingidos por essa influência pareça absurda essa conexão, considerando inclusive que tenho ali dentro do grupo pessoas que tiveram acesso à educação formal, são pessoas que têm acesso ao conhecimento, mas ainda assim se veem ligadas por um mecanismo aparentemente racional, se a gente pensa no plano secundário, é porque eu imponho ali uma condição de vulnerabilidade tamanha que não estão se conectando por mecanismos propriamente ideológicos, de escolha racional, mas por um processo mais profundo de vulnerabilidade, na qual esse grupo de pessoas que opera a violência em nome do Estado sempre... Espero não estar sendo muito precipitado, porque faltou uma parte que eu não cheguei, mas acho que dá pra fazer. É de interesse, sempre foi de um interesse, de um poder político concentrado, que a gente tem no Estado Brasileiro, essa vulnerabilidade. Se você pega... Só fazendo um recorte aqui que eu acho importante, considerando o tema não só da mesa, mas de todo o seminário que o CRP organiza, né, que tem o marcador raça como importante, e é. Na polícia... do efetivo policial no Brasil, 53% é... eu tenho uma divisão de 53% brancos e 34... perdão, 53% brancos, 44.9 negros. Quando eu vou olhar pra aqueles que são vítimas, seja de letalidade, vítimas de terem sido mortos em serviço, fora de serviço ou por suicídio, a proporção muda; essas vítimas letais, 65.1 são negros, 34.9 são brancos. Eu tenho um recorte de classe, de raça na qual essa vulnerabilidade ela é importante que se mantenha, são matáveis, não são matáveis só aqueles que morrem pela bala da polícia, são matáveis também esses policiais. O uso da força, o uso da violência por parte do Estado, ela se estrutura por meio de uma polícia que pouco oferece pras suas bases. Se eu tenho 75% dos policiais morrendo, não sendo pela estrutura das operações policiais, porque não há um investimento pra que esses policiais sejam exclusivamente... aí não falando nem da parto do suicídio, exclusivamente trabalhe só dentro da polícia, né, a vista grossa que se faz pros bicos. Eu remunero mal o policial que se arrisca mais e ao invés de um remunerar melhor, estruturar a carreira dele e dizer que o trabalho dele é exclusivo, eu deixo ele fazer bico, e lá ele morre, e morrendo é substituído. Mas por que é que eles não se indignam? Bom, eu ofereço pra eles a identidade do guerreiro, a identidade do super-herói e assim eu não preciso investigar economicamente pra que eles se mantenham vivos, eu invisto pra que eles morram e, se morrer, que sejam heróis. E aí eu mantenho uma concentração de poder e uso da violência sob rédea curta. Bom, tem algumas outras reflexões, mas vou encerrar por conta do tempo e a gente conversa um pouquinho.

GLORIA: Muito obrigada, Paulo, né, você. Nós não combinamos os recortes, mas deram muito certo, de ser um recorte, complementa o do Adilson, né? Eu tenho algumas considerações e questões, mas quando eu vejo aqui no chat, as pessoas também têm questões, então vou deixar as minhas questões por último e vou já passar a palavra. Gabriela está aí? Gabriela pergunta qual livro, indicação do seu livro, Adilson, pra você colocar aqui no chat pra nós. Gabriela? Quer falar, Gabriela? O Mateus... Mateus, quer fazer a sua pergunta? Mateus está aqui, né, Mateus? Vamos lá, Mateus.

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MATEUS MATTOS LOPES: Eu tô, sim.

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