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Psicologia em emergências e desastres
cola de formação, que eles estão em estágio prático na rua e na rotina do serviço operacional quando eles são formados, declarados prontos e aptos para o serviço e vão pras unidades. Quando chega na unidade, o aluno poderá aplicar os conhecimentos adquiridos na escola de formação, só que surge um grande problema, os valores professados, introjetados pelo aluno na escola, poderão entrar em conflito com os professados pelo grupo com o que ele foi designado trabalhar, ele poderá entrar em choque com algo que é pouquíssimo estudado no Brasil, a subcultura policial. Os grupos se fecham, elaboram códigos de valores próprios, regras próprias que pressupõem e são, na maioria das vezes, mais fortes que a regra oficial e o novato é submetido à toda a sorte de avaliação pra ver se merece participar do grupo, se está apto para participar do grupo, e ele é submetido à sucessivos ritos de passagem, um deles... um deles, relatos de pesquisa aqui no Brasil, o matar alguém. O ato de matar alguém numa execução sumária, forjada, isso é declarado por policiais sujeitos de pesquisa, quando eu fiz o mestrado e o doutorado, é um rito de passagem pra ver se ele merece a confiança do grupo, ele é aceito dentro dessa subcultura policial porque ele professa esses valores. A razão desse conflito de valores, como eu acabei de falar, podem ou não ser os códigos não escritos que de fato prescrevem ações diferentes daquelas adotadas pelo policial e do que foi ensinado nas escolas através do ensino formal. Há um conflito entre normas não escritas e as escritas. A polícia, como instituição, é tida como um grito... um grupo coeso, com uma subcultura policial fechada, isso na Europa já têm trabalhos analisando polícias da Europa falando dessa subcultura fechada, o que pode proporcionar ao policial uma visão de mundo bem negativa que sempre se separa com o que há de pior do ser humano, desgraça, dor, sofrimento, situações de emergência, como resultado há uma cultura onde o policial encara o resto do mundo como algo que não faz parte do mundo dele. É comum eles dizerem: “Ninguém é capaz de entender este mundo, o meu mundo da polícia, a não ser nós mesmos”. O grupo policial se fecha, coeso, e se desenvolve uma coletividade onde os membros compartilham essa mesma visão de mundo, estabelecem a cultura do “nós contra eles”, que é uma atitude muito comum e muito típica da subcultura policial, “nós contra eles”. O que nós assistimos e versões de autoridades, de pesquisas, de entrevistas, que reportam a visão de policiais em relação a determinados fatos da sociedade, está aqui confirmado, é a visão do “nós contra eles”, a sociedade... é muito comum policial dizer: “A sociedade não nos entende”. É a cultura do “nós contra eles”. O código de silêncio no grupo, que é essencial pra existência e manutenção da subcultura, colabora para os desvios de conduta na má atuação dos policiais, influenciada pela produção do preconceito e de estereótipos, a camaradagem entre os policiais, a pressão dos pares, a impunidade no grupo, para que os policiais eles têm que se sentir à vontade com a certeza de que não será... não serão punidos. Então o grupo se fecha, faz de tudo pra que determinada ação não venha a público ou, se vier a público, venha com uma roupagem diferente do que foi, as famosas versões oficiais para casos de letalidade e que, hoje, com o incremento da tecnologia, do uso do aparelho celular, muitas vezes aparecem filmagens feitas por terceiras pessoas, na clandestinidade, que revela que
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