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Práticas em psicologia e educação
o exército, a ligação, o laço libidinal, o vínculo libidinal entre o comandante e o seus subordinados. E essa cultura, essa rotina de prática quebra, existe pra justamente minar a confiança do indivíduo nele mesmo, há uma cisão com o... com as referências que ele tinha anteriormente a entrar na polícia, que eles necessitam dessa cisão pra forjar o novo ser e introjetar esses valores que vocês citou, e aí se constitui a personalidade do indivíduo policial militar. Tanto é que é comum os relatos de pessoas que convivem com policiais e falar: “Poxa, fulano mudou, não é mais a mesma pessoa, não nos procura mais, só anda com militares, só faz programas com militares, só fala coisa da polícia”. É aquela identificação total com ele no serviço, porque ele foi constituído dentro dos caracteres, liames do serviço, ele existe para o serviço. Aquele ser antes, hipoteticamente ou, podemos dizer, figuradamente, deixa de existir, passa a ter dois Adilsons, digamos assim, né? E aí isso vai liar a sua condução pra dentro e pra fora do... da polícia. E com a virilidade como mote, que é uma questão de se mostrar superior, de se impor, de uma confusão de arbitrariedade com autoridade.
GLORIA: Paulo.
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PAULO KOHARA: Bom, com relação ao questionamento sobre a participação, quanto sociedade civil, que é possível fazer... são diversos planos, né? Se você enquanto indivíduo, assim: “Ah, eu queria saber mais, eu queria saber como participar”. A política prevê os CONSEGs, os Conselhos de Segurança, como um mecanismo de participação social nas políticas de segurança pública. Tem inclusive aqui em São Paulo, tem um portal do... que é administrado pelo... pela Secretária de Segurança Pública do Estado, explica direitinho como é que funciona o Conselho, tem ali um mapa pra você identificar qual que é o mais próximo de você, né, o que diz respeito aí à sua atuação, mas isso uma inclusão... o interesse, né, assim, é uma mobilização mais pessoal de tentar entender melhor, ver como participar e se organizar pra participar. A inserção aí na questão da segurança pública, enquanto sociedade civil, eu acho que, pra além desse... dessa atuação, dessa motivação mais pessoal, ela ainda precisa ser muito disputada, porque ela... O que acontece? Pra... pros setores da sociedade civil que se preocupam aí por uma sociedade mais igualitária, que tem uma noção de sujeito que deva ser mais emancipatória, acabou historicamente negligenciando o campo da segurança pública e você vê, por exemplo, mesmo em governos considerados mais progressistas, o aumento do índice de letalidade policial acontecendo, uma negligência em relação às políticas de segurança pública, pra uma maior efetividade. Então ele é ainda um campo que precisa ser muito disputado, porque ele foi preenchido por outras formas de se ver a sociedade e que não veem tanto problema nessa hierarquização social ou na desigualdade que a gente tem ou na política de segurança pública, tal como ela já é executada historicamente, né, apenas reforçando e intensificando essa lógica e não trabalhando pra qualquer tipo de desconstrução. Então ainda tem um longo caminho a ser percorrido, batalhar esse espaço do que seria uma segurança pública efetiva, pra além do enfrentamento das desigualdades sociais, né? Porque a negligência no campo... para com o campo da segurança pública passa por uma