FILOSOFIA PARA CRIANÇAS Aventura do pensar
A metodologia do Programa de Filosofia para Crianças assenta no diálogo, que transforma o grupo, alunos e professor, numa verdadeira “comunidade de investigação”. Nela os participantes expõem as suas ideias, escutam-se uns aos outros, questionam-se mutuamente, comparam os seus pontos de vista, completando-os e eventualmente, corrigindo-os. Tratase de um verdadeiro processo de cooperação intelectual, afectiva e criativa, onde todos embarcam nesta aventura do pensar por si mesmo. No final da década de 60, Matthew Lipman ao conceber o Programa de Filosofia para Crianças, inaugura um novo paradigma educacional, assente na ideia de que a filosofia é a disciplina capaz de favorecer o desenvolvimento cognitivo, nomeadamente ao nível da formulação de juízos logicamente correctos e na estimulação de atitudes éticas e críticas. Preocupado em tornar o conteúdo filosófico compreensível e significativo para as crianças, Lipman escreve uma série de histórias, cujas personagens procuram compreender e resolver os problemas da vida quotidiana. Tais personagens não são os grandes pensadores situados num passado longínquo, mas sim crianças e jovens intrigados com as questões essenciais da vida humana. “PIMPA” é o nome da menina, e também do livro, que nos tem acompanhado ao longo deste percurso de problematização e de procura de soluções que, às vezes, pensamos nós, são difíceis de encontrar e que ocorrem rapidamente nas cabeças dos mais pequenos, com uma espontaneidade e perspicácia verdadeiramente espantosa. O início é assim: «Vou começar por lhes dizer o meu nome. O meu nome é Pimpa, mas este não é o meu nome verdadeiro. O meu nome verdadeiro é o que os meus pais me deram. Pimpa é o nome que eu dei a mim própria.» (M. Lipman, Pimpa) A partir daqui partimos para a discussão. Afinal, podemos ter mais do que um nome? Podemos ter nomes verdadeiros e nomes falsos? Para que servem os nomes? A importância do nome é imediatamente reconhecida por todos. O nome é o que identifica, individualiza e torna conhecida aquela pessoa. Assim, «Se não houvesse nome, diz a Letícia (4º A) ninguém sabia quem é quem.»
O Miguel Padrão (4º C) salienta «O nome faz parte da nossa identidade, sem nome as pessoas não se podiam identificar.» Pois, «Os nomes servem para sabermos quem somos», refere a Lissa (4ºD). Nas aulas, «se não tivesse nome, diz a Sónia (4º B), como é que sabia que a pergunta que a professora fazia era para mim.» De facto, «se não tivéssemos nome, haveriam de nos chamar: ‘você, menino, baixinho, puto’», disse o Felipe (4º A). Mas, que baixinho? Somos tantos? Todos sabemos que, diz o Guilherme (4º C) «há pessoas que têm mais do que um nome, mesmo sem contar com o apelido». Mas, «o primeiro apelido, diz a Andrea (4º A) deve ser o da mãe, porque é ela que toma conta de nós, o segundo deve ser o do pai.» Quando surgiu a questão: Os nomes revelam alguma coisa sobre personalidade? Para a Ariana (4º B), «O nome não diz nada sobre mim, eu sou eu e o nome é o nome.» A Gabriela (4º C), por sua vez, acha que «o nome não tem nada a ver com a personalidade, é que as pessoas nem sempre gostam do nome que têm, mas não podem mudar». O Pedro (4º B) tem uma opinião contrária, «o nome diz alguma coisa sobre a personalidade. Quando a minha mãe escolheu o meu nome, disseram-lhe logo que as pessoas com esse nome eram muito traquinas». A “investigação” e reflexão continuam. Podemos mudar o nome às coisas? «Mudar o nome a tudo? Agora? Seria uma confusão! Tinham de ser feitos dicionários com os nomes antigos e os nomes novos!», disse a Iva (4º B). Afinal, «os nomes existem para uma pessoa não ficar confusa», diz a Barbara (4º A). Foi curta esta viagem em torno do “nome”, mas chegámos todos convictos de que, «quando viajamos as pessoas têm que saber o nosso nome», relembrou a Lwana (4º A). Para assinalar a nossa chegada fomos poetizar e desenhar sobre o nosso nome. Aqui estão os nossos trabalhos. GP
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