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Índice CAPA Especial 5. Editorial 6. Páginas Verdes Dídimo de Castro concede entrevista à jornalista Dina Magalhães 10. Opinião 12. Artigo de Primeira
16. A campanha do Brasil
64. As lições que ficaram
24. Tem explicação para o 7 X 1?
66. Eneas
28. Felipão: da glória ao vexame
68. Curiosidades
30. Lionel Messi: o craque da Copa?
70. Polêmicas
32. Os melhores da Copa
72. Surpresas
34. Os protestos irônicos
74. Ranking dos campeões
38. A cobertura da Copa das Copas
76. Decepções
42. Concurso Cidade Verde Amarela
80. Imagens marcantes
46. Poster da campeã
83. Do Brasil para a Rússia
48. Os jogos
86. Por Aí
14. A Copa em números
A Revista Cidade Verde é um periódico quinzenal da Editora Cidade Verde Ltda. A Cidade Verde, não necessariamente, se responsabiliza por conceitos emitidos em artigos ou por qualquer conteúdo publicitário e comercial, sendo esse último de inteira responsabilidade dos anunciantes. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra através de qualquer meio, seja ele eletrônico, mecânico, fotografado ou gravado sem a permissão da Editora Cidade Verde. Presidente: Jesus Tajra Filho Conselho Editorial: Jesus Tajra (presidente) José Tajra Sobrinho (vice-presidente) Conselheiros: Amadeu Campos, Dina Magalhães, Fonseca Neto, Jeane Melo, Nadja Rodrigues e Yala Sena Diretoria da Editora Cidade Verde: Elisa Tajra
Liana Aragão, Marcos Sávio, Péricles Mendel, Pe. Tony Batista, Severino Filho, Vinícius Vainner e Zózimo Tavares
Diretoria de Assinaturas e Circulação: Clayton Nobre Riedel Filho e Valdinar Lima Júnior
Revisão: Luiza de Marilac Veras Uchôa
Diretoria Comercial: Cristina Melo Medeiros e Marina Lima
Impressão: Halley S.A. Gráfica e Editora
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Editores de Arte/Diagramadores: Airlon Pereira Souza e Cícero Willison Ilustrador: Izânio Façanha Foto de capa: Getty Images/ AP Photo/Themba Hadebe
Revista Cidade Verde e Editora Cidade Verde Ltda Rua Godofredo Freire, nº 1642 / sala 35 / bairro Monte Castelo Teresina, Piauí CEP: 64.016-830 / CNPJ - 13284727/0001-90 email: revista@cidadeverde.com / fone: 86 . 3131 . 1750
A Copa das Copas A maior Copa de todos os tempos foi superlativa nos aspectos positivo e negativo. O Brasil perdeu em casa, com um placar vexatório de 7x1 para a Alemanha, campeã mundial 2014. No entanto, nunca se viu uma festa tão bonita, e com saldos positivos como esta. Os números falam por si só. Mais de um 1 milhão de turistas estrangeiros (de 202 países) estiveram no Brasil durante o torneio; 3 milhões de turistas brasileiros prestigiaram a Copa; 16,7 milhões de passageiros viajaram de avião (média diária de 548 mil em cada cidade-sede); 3 bilhões de interações foram registradas nas redes sociais; 3,4 milhões de torcedores assistiram aos jogos nos estádios; e 5,1 milhões de pessoas foram às Fan Fest, estruturas criadas nas cidades-sede com shows e telões para os torcedores assistirem aos jogos. Esses foram os números apresentados pelo Governo Federal. O brasileiro mostrou que tem Fair Play – expressão do inglês que significa modo leal e descontraído de agir. Prevaleceu o ótimo e criativo humor, já que a população levou a derrota na brincadeira, com publicação de memes (postagens engraçadas que se espalharam via Internet) nas redes sociais. Aliás, o leitor terá a oportunidade de ver uma seleção de piadas nesta edição especial, que apresenta um resumo histórico do que foi a Copa de 2014, uma publicação para colecionador. Quem apostou em caos, errou feio. Pesquisa do Instituto Data Folha mostra que a organização da Copa do Mundo realizada no Brasil agradou a 83% dos estrangeiros que vieram ao país para assistir aos jogos. A pesquisa ouviu 2.209 estrangeiros de mais de 60 países nos aeroportos de São Paulo, Rio e Brasília, e em Fan Fest; além de locais de grande concentração nas cidades de Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, entre os dias 1º e 11 de julho. O brasileiro recebeu bem o turista e com grande receptividade. A impressão foi a melhor possível. Ainda de
acordo com a pesquisa, a aprovação dos estrangeiros foi quase total no quesito hospitalidade: 95% dos entrevistados disseram que a recepção foi ótima ou boa. Outros 92% dos visitantes gostaram dos estádios, no que diz respeito ao conforto e à segurança. Entre os entrevistados, 69% disseram que gostariam de morar no Brasil. Uma maioria de 76% achou ótima ou boa a qualidade do transporte até os estádios. O transporte aéreo recebeu avaliação ótima ou boa de 76% das pessoas ouvidas. Até a segurança foi motivo de elogio. Quando perguntados especificamente sobre a segurança dos turistas, 82% avaliaram como ótima ou boa. Apesar da expectativa negativa de alguns setores com a Copa do Mundo, o mundial injetou 30 bilhões de reais na economia brasileira, segundo estimativas da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O valor equivale a 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Como não poderia deixar de ser, a Cidade Verde mais uma vez deu um show de cobertura, com o envolvimento de grandes profissionais dos três veículos (TV, Portal e Revista), tais como Herbert Henrique, que foi credenciado para cobrir os treinos e jogos, realizando um trabalho primoroso. Na TV, destaque para o programa Arena Brasil, comandado pela apresentadora e diretora de jornalismo, Nadja Rodrigues, com a participação especial dos jornalistas esportivos Severino Filho (Buim) e Fábio Lima. No comando do esporte, o grande Dídimo de Castro, do alto de sua experiência na cobertura de Copa desde a década de 1970, fez análises e ajudou o telespectador a formar opinião. Ao meio-dia, o apresentador Amadeu Campos trazia o resumo dos principais eventos e fatos do dia. E, assim, a Cidade Verde deu uma goleada com toda sua equipe de jornalismo. Enfim, a festa superou o placar! Dina Magalhães Editora-chefe REVISTA CIDADE VERDE | 20 DE JULHO, 2014 | 5
Entrevista POR DINA MAGALHÃES
Dídimo de Castro
dinamagalhaes@cidadeverde.com
Sacode a poeira e dá a volta por cima Como jornalista esportivo deixou sua marca ao cobrir Copas do Mundo e grandes eventos do futebol na Alemanha, Espanha, Portugal, Argentina, Uruguai, Chile, Estados Unidos e França. Criou e apresenta há 33 anos o programa Microfone Aberto; implantou na TV Pioneira (atual Cidade Verde) o jornalismo comunitário. Apresenta e dirige o programa Cidade Verde Esporte e também está
à frente do quadro, no Jornal do Piauí, Espaço Esportivo. Mas, sua atuação foi muito além dos microfones. Idealizou e comandou importantes eventos do esporte local, implantou a Secretaria Municipal de Esportes e Lazer (Semel), estando à frente nas administrações Jesus Tajra, Freitas Neto e Firmino Filho. Foi fundador e primeiro presidente do Sindicato dos Radialistas. foto Raoni Barbosa
Ele é um atleta do jornalismo esportivo. Entrou em campo há exatos 52 anos, desde março de 1962 quando iniciou sua carreira de radialista na Rádio Difusora de Teresina. Em setembro do mesmo ano passou a compor o time da Rádio Pioneira, onde permanece até hoje, com conquistas históricas, como a realização da primeira transmissão em coberturas nacionais e internacionais do rádio piauiense.
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Nesta edição especial Copa do Mundo, Dídimo de Castro analisa, com toda sua experiência, o campeonato mundial: os erros, as lições, o vexame dos 7x1 e o futuro da Seleção Brasileira.
RCV - Havia um descrédito em relação a Copa até dos dirigentes da Fifa, e hoje chegam a afirmar que foi uma “fantástica Copa do Mundo”. Como o senhor avalia a relação do Brasil com a Fifa? DC - Essa relação entre Brasil e Fifa
anda estremecida há algum tempo. Desde os problemas que geraram a renúncia do Ricardo Teixeira da CBF, as denúncias de desvios de recursos do próprio ex-presidente João Havelange, em negociação com patrocinadores de jogos internacionais. Mas, apesar disso, terminou tudo bem, valendo destacar que a preocupação da Fifa era por conta dos prazos estabelecidos para a conclusão das obras que estavam vencidos. E a Fifa fez muito bem em cutucar o governo brasileiro, em reclamar, e o Ronaldo Fenômeno declarou que estava envergonhado. E isso ajudou, fez com que os governos estaduais e o federal colocassem as obras em um ritmo melhor para que os estádios ficassem em condições durante a copa.
RCV - Qual sua opinião sobre a qualidade técnica dos jogos desta Copa do Mundo? DC - Eu gostei dos jogos porque foram vibrantes. Tivemos uma boa média de gols, e partidas emocionantes, decididas nos instantes finais, em prorrogação ou em pê-
E quem ajudou na pressão foi o Felipão, que deu uma entrevista dizendo que o Brasil ia ser campeão, antes mesmo da Copa começar. O Parreira disse que o Brasil já estava com a mão na taça. E a imprensa era um “oba, oba” danado. naltis. A emoção do futebol foi destaque nessa Copa do Mundo, e isso valorizou muito a competição.
RCV - Em sua opinião, qual foi o maior craque da Copa de 2014? DC - Eu fico com o [Arjen] Robben,
da Holanda, pela velocidade dele. E a disposição que tem no campo de jogo foi importante, pois batalhou pela vitória da Holanda, correndo o campo todo, fazendo gols. Brilhante atuação dele na copa.
RCV - Qual a seleção mais injustiçada nessa Copa? DC - Eu acho que o Chile. Mas ele
enfrentou o Brasil, não é? E caiu, mas caiu nos pênaltis. E nós sofremos com aquele jogo. A seleção chilena teve uma ótima performance na Copa do Mundo.
RCV - Qual foi o lance que mais lhe chamou atenção? DC - O lance que mais mexeu comigo foi aquela bola na trave brasileira no jogo contra o Chile. No último segundo da prorrogação o jogador chileno chutou a bola, passou pelo
Júlio César e bateu no travessão. Já imaginou se entra? A Copa teria terminado para o Brasil ali mesmo.
RCV - E a atuação dos árbitros durante os jogos da Copa? DC - Eu achei apenas regular. Tive-
mos falhas, como no jogo entre Camarões e México, que o juiz anulou dois gols do México que eram legítimos. Tivemos o pênalti do Brasil contra a Croácia, que não existiu e que acabou em gol para o Brasil. Foi um erro grave em uma partida de abertura da Copa do Mundo. Esse jogo do Brasil contra a Colômbia teve erros gravíssimos. Esse jogador (Zuñinga), antes de procurar o Neymar, deu um pontapé no joelho do Hulk, com a intenção de tirar o jogador. Era para ter sido expulso. Mas logo em seguida cometeu uma agressão vergonhosa contra o Neymar. E nem foi expulso e nem punido pela Fifa. Achei que houve uma punição exagerada ao Luis Suárez, que deu a mordida. Ele tinha que pegar uma punição. Mas a Fifa viu pelas imagens de televisão e o atleta pegou uma pena forte de nove jogos, quatro meses fora do futebol, mais uma multa em dólares.
RCV - Houve uma pressão junto aos jogadores em razão de o país estar sediando a Copa? DC - É uma pressão muito grande.
Os jogadores sentiram isso. E quem ajudou na pressão foi o Felipão, que deu uma entrevista dizendo que o Brasil ia ser campeão, antes mesmo da Copa começar. O Parreira disse que o Brasil já estava com a mão na taça. E a imprensa era um “oba, oba” danado. Então, era uma expectativa REVISTA CIDADE VERDE | 20 DE JULHO, 2014 | 7
muito alta, que deu aos jogadores a obrigação de vencer. Os jogadores sentiram o peso, e tanto sentiram, que foi uma choradeira danada. Porque havia jogadores chorando antes do hino, durante o hino, na comemoração dos gols e na derrota. O fator psicológico influenciou muito.
RCV - O Brasil está fora da Copa por um placar vergonhoso (7x1). Qual sua opinião sobre a apatia dos jogadores diante da força alemã? DC - Na realidade, perder uma
semifinal de Copa do Mundo é normal para qualquer seleção. Quem chega a uma semifinal tem condições de vencer. Mas o que frustrou e abateu a torcida brasileira foi perder de 7x1, perante 60 mil brasileiros, no Mineirão, em Belo Horizonte. Foi uma atuação desastrada do Brasil. Eu nunca vi coisa igual em matéria de Copa do Mundo. Em época nenhuma. A história das Copas não registra um fato dessa natureza, de uma seleção que tem cinco títulos mundiais, e sofrer quatro gols em seis minutos. Impressionante isso! Esse episódio só demonstrou que a seleção brasileira entrou em campo se achando vencedora, desligada, preocupada com o Neymar, os jogadores dizendo que iam jogar para o Neymar, na hora do hino com a camisa do Neymar, os torcedores recebendo máscara dele. Ou seja, tiraram o foco do jogo para tratar de uma questão que não tinha como ser alterada, porque o Neymar estava fora do jogo e ponto final. 8 | 20 DE JULHO, 2014 | REVISTA CIDADE VERDE
RCV - E qual sua análise sobre a montagem do time para aquele jogo feita pelo técnico Felipão? DC - A Alemanha tinha como trei-
no o toque de bola. Uma seleção muito bem treinada para disputar a Copa e lutar pelo título. E nessas circunstâncias a seleção tinha que levar para a disputa um meio campo reforçado, que poderia ser composto por aqueles que todo mundo acompanhou aí na copa: o Paulinho, o Luiz Gustavo, o Fernandinho e o Oscar. E o Hulk, que vinha compondo esse meio de campo, passaria a jogar mais no ataque, centroavante, no lugar do Fred, que teve um desempenho feio durante a copa do mundo, e não realizou nada. Lamentavelmente, o Fred foi mantido pelo técnico. A ausência do Neymar deveria ter sido preenchida pelo Bernard, que estava na convocação como substituto dele. Não foi a entrada do Bernard que alterou nada, foi a falta de um meio campo da seleção brasileira capaz de equilibrar a disputa com o meio campo da Alemanha.
RCV - Em 1950, o Brasil perdeu a Copa do Mundo, deixando o Brasil inteiro triste. O senhor acha que foi parecido, ou muito pior? DC - Eu considero até que foi pior, em função do placar de 7x1. Havia um entusiasmo no país inteiro para a conquista do campeonato. Estava tudo preparado, apesar das dificuldades enfrentadas pela seleção nos jogos anteriores, mas estava levando, estava na semifinal. E perder de 7x1 foi pior que a derrota de 1950.
Há quem diga que finalmente vamos deixar de falar de 1950, porque agora a bola da vez é 2014. E durante anos os especialistas analisarão essa derrota como uma mancha no futebol brasileiro, um marco no futebol mundial.
RCV - O torcedor Dídimo de Castro sofreu muito? DC - Senti muito e continuo sen-
tindo. E vai demorar um pouco para esquecer, porque a gente ama a seleção, ama o país, ama o futebol, e fica acreditando que vai dar certo. Mesmo difícil, ganhando nos pênaltis, ganhando no sufoco, mas a fé prevalece. E quando não dá certo, a gente sente bastante. Sente pela seleção e pelo povo, que tem aquela alegria, aquele entusiasmo, aquela esperança tremenda na vitória. E uma frustração de perder uma copa em casa, e ainda com uma derrota de 7x1, machuca. E eu que sempre leio sobre Copa do Mundo, sei que daqui a muitos anos vamos ler a história desse jogo na imprensa, e com certeza muitos livros vão surgir explicando como o Brasil perdeu por 7x1. E esse jogo vai ficar na história, é marcante na história das Copas do Mundo. Ele vai ocupar espaços enormes sobre o dia em que a Alemanha derrotou o Brasil em Belo Horizonte.
RCV - Tem como se recuperar? DC - Tem sim. Através do trabalho.
Teremos outras Copas pela frente, tem aí a da Rússia, depois a do Catar. Então, o que tem que fazer é, como diz aquela música, “Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”.
RCV - O senhor foi o pioneiro nas coberturas nacionais e internacionais. Qual a maior emoção nesses anos todos de cobertura de eventos esportivos e até da Copa do Mundo? DC - Lá na Pioneira, em 1971, eu
ouvi os colegas de Fortaleza, São Luis, Belém, Rio de Janeiro cobrindo jogos importantes, seleção, e diziam que eu tinha que ir também. Então, comecei a trabalhar, sem nenhuma experiência nesse ramo, sondei patrocinador, e acabei conseguindo isso. Eu e o Carlos Said nos programamos durante meses para os jogos de despedida do Pelé, que havia sido campeão do mundo em 1970, e no ano seguinte, em 1971, tomou a decisão de se despedir da seleção. E foi marcado um jogo com a Áustria, no Morumbi, em São Paulo, e com a Iugoslávia, no Maracanã, para a despedida no Rio de Janeiro. Foi a primeira cobertura e, ainda por cima, de um fato importantíssimo. Foi marcante para o rádio piauiense. E, depois da primeira transmissão, nós recebemos telegramas pelo feito. Colegas diziam que quando nós retornássemos a Teresina seríamos recebidos com banda de música. Era um negócio emocionante. Mas, minha maior emoção foi a conquista do Brasil na Copa dos Estados Unidos, quando o Brasil foi campeão do mundo em 1994, naquela final emocionante com a Itália. O placar ficou no 0x0, indo para a disputa nos pênaltis, e o Brasil ganhou depois de 24 anos na fila. Eu já tinha feito a cobertura das Copas da Alemanha, da Argentina e da Espanha, e o Brasil não tinha sido campeão.
Teremos outras Copas pela frente, tem aí a da Rússia, depois a do Catar. Então, o que tem que fazer é, como diz aquela música, “Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”.
E foi uma comemoração enorme. Agora, outra emoção muito forte que senti, que não foi nem na área do esporte, foi aqui em Teresina, na época em que eu dirigia o departamento de jornalismo da Rádio Pioneira, em 1980, quando o papa João Paulo II veio a Teresina, no dia 08 de julho de 1980. A Rádio Pioneira, que é da rede católica, assumiu a responsabilidade de liderar a transmissão de Teresina para todo o Brasil. Eu era o diretor de jornalismo e formamos uma equipe que tinha eu, Carlos Said, Pedro Mendes, Humberto Leal e Gilberto Melo. Era uma responsabilidade tão grande que não consegui dormir. Mas deu tudo certo...
RCV - Qual foi a primeira Copa que o senhor cobriu? DC - No ano seguinte à primeira
transmissão, em 1971, veio a Copa Independência, que era a comemoração do Sesquicentenário da Independência do Brasil, organizada pela CBF, e era uma espécie de Copa do Mundo. Vários países vieram. Eu lutei, novamente com o Carlos
Said, e conseguimos. Fomos eu e o Carlos Said para o Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Fizemos toda a cobertura, transmissão dos jogos do Brasil. O Brasil foi campeão, decidiu com a seleção de Portugal e ganhou de 1x0, com gol do Jairzinho. E eu fiquei com aquele desejo imenso de ir a uma Copa do Mundo. O Dr. Jesus Elias Tajra já era o diretor da Pioneira. Ele sabia daquele desejo meu, e um belo dia, em 1974, me mandou arrumar as malas e providenciar o passaporte. Fiquei surpreso quando ele disse que eu ia para a Alemanha cobrir a copa de 1974. Naquela época, quase ninguém do Piauí viajava para a Europa. Eu sem sabia inglês, nunca tinha saído do país, tomei coragem e fui. Passei 33 dias na Alemanha cobrindo a Copa. Virei-me por lá com a ajuda de companheiros, porque na Copa do Mundo sempre tem colegas jornalistas, torcedores, aí você vai buscando auxílios.
RCV - São anos dedicados ao esporte, e o senhor é uma pessoa muito querida e tem imagem muito respeitada. Imagina-se fazendo outra coisa? DC - Realmente, essa é minha
grande paixão: o esporte e a comunicação. Essa junção. Eu fui bancário também, trabalhei no Banco do Nordeste. E fiquei no Banco do Nordeste até me aposentar. Fiz um curso de Administração na Universidade Federal do Piauí, depois fiz um curso de extensão em jornalismo. Mas não tem jeito, a paixão era esporte, era rádio, era televisão, era escrever sobre esporte. É esporte mesmo e comunicação, até o fim da vida. REVISTA CIDADE VERDE | 20 DE JULHO, 2014 | 9
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revista@cidadeverde.com
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Grandes profissionais do futebol e jornalistas esportivos comentam sobre a Copa do Mundo e o vexame histórico do jogo do Brasil x Alemanha. “A Copa do Mundo de 2014 foi altamente positiva para o país. Essa foi a Copa das Copas. Mas com relação ao jogo Brasil x Alemanha, a seleção não conseguiu reeditar seus melhores momentos. A escolha dos jogadores foi um erro tático da comissão técnica desde o começo. Em 100 anos, a seleção nunca perdeu um jogo da maneira como essa que vimos.” Cesarino Oliveira, presidente da Federação de Futebol do Piauí (FFP).
A atuação da seleção brasileira na Copa foi uma sucessão de equívocos. Pela vivência que eu tive no futebol como torcedor e como dirigente, eu digo que o emocional foi fator fundamental e importante no comportamento dos nossos jogadores. Foi incutindo no espírito deles a vitória como certa e uma superioridade em relação aos outros times e, que no campo, não se relevou. Naquele jogo do Chile, que o Brasil passou suado, nós vimos um Felipão desorientado, agressivo e lamentando a situação do Neymar. No jogo contra a Alemanha, os jogadores entraram em campo por causa do Neymar, quando na verdade eles estavam ali por causa do Brasil. Em suma, o lado emocional dos jogadores influenciou previamente o ‘oba, oba’ da vitória, pois os jogadores já se imaginavam campeões e o treinador, arrogante, não teve humildade nenhuma. O comando da seleção brasileira pecou feio. Pois, o jogador ganha o jogo no campo, fora dele, quem ganha é o comando. Jesus Elias Tajra, empresário e advogado.
“A Copa, para mim, foi vitoriosa no quesito turismo. Mas, o futebol propriamente dito foi nota zero. Do primeiro jogo prejudicaram a Croácia. Eu falei que o Brasil não teria condições de jogar as oitavas de final para a frente. O Brasil sofreu um vexame da Alemanha de 7x1. Eu disse antes de começar a Copa, o Brasil não tem seleção. Agora, buscar jogadores do exterior para fazer um papelão desses, melhor o Brasil não ter disputado essa Copa da maneira como disputou. Agora, a presidente da República e o ministro dos Esportes estão aí gritando: ‘O futebol do Brasil terá que sofrer reformulação’. Agora? Depois dessa humilhação. Quem está correto é o ‘Magro de Aço’ (Carlos Said), que disse aqui pelos microfones da Cidade Verde: ‘O Brasil não tem seleção e não será campeão do mundo’. O hexa deverá ser escrito de outra maneira.” Carlos Said, jornalista e comentarista esportivo. Fotos Raoni Barbosa
10 | 20 DE JULHO, 2014 | REVISTA CIDADE VERDE