Dr. Tércio Rezende Santana Diretor Técnico Responsável CRM-PI 577
TÉR PUBLIC
RCIO
CIDADE
Índice 48
Capa:
O novo tamanho do Estado
14
Páginas Verdes Nonato Castro
Divisor de águas
18 Parasita verde
42. EDUCAÇÃO Mais emoção em sala de aula
26. Ponto de Vista Elivaldo Barbosa
56. SAÚDE Uma questão de visão
40. Economia e Negócios Jordana Cury
22. CIÊNCIA A natureza como fonte de pesquisa
64. COMPORTAMENTO Bebês na água
71. Tecnologia Marcos Sávio
30. SAÚDE Mancha incômoda
74. CULTURA Um passeio cultural por Teresina
08. PÁGINAS VERDES Nonato Castro concede entrevista à jornalista Cláudia Brandão
34. TECNOLOGIA Um aplicativo para chamar de meu
72. Playlist Rayldo Pereira 84. Na Esportiva Fábio Lima 86. Perfil Péricles Mendel
Articulistas 13
Jeane Melo
39
Cineas Santos
61
Fonseca Neto
COLUNAS
05. EDITORIAL
08
90
Tony Batista
O ajuste necessário O ano de 2019 começa a mostrar sinais de recuperação econômica, embora ainda estejamos distante da sonhada estabilidade e do equilíbrio fiscal. Para que o país e os estados brasileiros, incluindo o Piauí, possam voltar à normalidade e planejar investimentos futuros será necessária uma série de ajustes para enquadrar as despesas dentro do Orçamento. Não é tarefa fácil, visto que, historicamente, o Estado vem gastando mais do que arrecada, provocando um desequilíbrio nas contas que compromete qualquer plano de desenvolvimento. No final do ano passado, chegamos a uma situação crítica. Para conseguir continuar pagando os servidores estaduais, o governador resolveu alongar a tabela de pagamento, estendendo o calendário até o dia 19 do mês seguinte. Mas só isso não foi suficiente. Para fechar as contas que não batem, a equipe do governo vem se debruçando, desde o final do ano passado, sobre um projeto de reestruturação da máquina pública para enxugar o peso da administração. O projeto, que ainda falta receber o aval político do governador Wellington Dias, conta com a redução de Secretarias e de Coordenadorias, um pente-fino sobre a folha salarial, a concentração de todas as contratações na Secretaria de Administração e a revisão de aposentadorias. A ideia inicial é gerar
uma economia de cerca de R$ 150 milhões a R$ 200 milhões por ano. Ou o Estado passa por uma remodelação ou será condenado a trabalhar apenas para pagar a folha de pessoal. Se quiser investir nas obras indispensáveis ao desenvolvimento do Piauí, o governo precisará ter uma folga de caixa e deixar de depender, exclusivamente, dos repasses da União. Até porque o governo federal já não é mais alinhado político do governador e ainda não se sabe como o atual presidente irá se comportar em relação aos estados nordestinos aliados ao ex-presidente Lula. Tudo indica, porém, que este ano não será igual àquele que passou e que os bons ventos começarão a soprar por aqui. Um dos gargalos para quem desejava empreender no Piauí era a qualidade da energia elétrica fornecida. Se depender do novo presidente da Cepisa, Raimundo Nonato Castro, muito em breve a distribuidora piauiense estará entre as dez melhores do país. Segundo ele, não faltará energia de qualidade para as indústrias que quiserem vir para cá. Que o ano novo renove nossas energias para trabalharmos por um Piauí melhor! Cláudia Brandão Editora-chefe
REVISTA CIDADE VERDE | 20 DE JANEIRO, 2019 | 5
HOUS
PUBLIC
SE D1
CIDADE
Entrevista
Raimundo Nonato Castro
claudiabrandao@cidadeverde.com
foto Roberta Aline
POR CLÁUDIA BRANDÃO
“Temos que trazer indústrias para o Piauí” A diretoria que assumiu a gestão da Cepisa está disposta a investir na ampliação e melhoria da qualidade de energia distribuída para poder atrair indústrias e estimular o desenvolvimento do Estado. A Equatorial Energia chegou ao Piauí com a disposição de transformar a Cepisa em uma das melhores empresas de distribuição de energia do país. Para isso, trabalha com metas e prazos definidos e promete apresentar os resultados já nos próximos três anos. Um dos compromissos da nova diretoria é melhorar a qualidade da energia fornecida para atrair mais empresas para cá.
Engenheiro eletricista por formação, ele já trabalhou na COELBA (Bahia), e esteve à frente da CEMAR (Maranhão) e CELPA (Pará), onde colheu resultados positivos, que pretende repetir por aqui. O ex-professor de cursinho e radialista diz que está pronto para enfrentar o desafio. Energia é o que não lhe falta, como deixou claro nesta entrevista concedida à Revista Cidade Verde.
A missão é ousada, mas o presidente Raimundo Nonato Castro, de 59 anos, tem experiência de sobra para conduzir o processo.
RCV – Quais as metas que a Equatorial Energia estabeleceu para o Piauí ao assumir o controle da Cepisa?
8 | 20 DE JANEIRO, 2019 | REVISTA CIDADE VERDE
NC – Metas de qualidade, DEC – FEC. Essas duas unidades são as que a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) utiliza para saber a qualidade da energia. DEC é a duração, o tempo que a população fica sem energia, você pega o tempo e divide pelo número de consumidores total, e vai somando todas as ocorrências. Essa é a ferramenta que a Aneel usa para medir a qualidade de energia nos vários estados do Brasil. Já a FEC mede a frequência da falta de energia. Então, é por esses indicadores que é feito o ranking de qualidade de energia no Brasil.
RCV – Nos últimos anos, as queixas com relação ao fornecimento de energia elétrica no Piauí eram frequentes. Há também uma meta para a melhoria da posição da companhia piauiense no ranking nacional das distribuidoras? NC – Com certeza. Nós já temos
como meta, nesses próximos três a quatro anos, colocar a Cepisa entre as dez melhores do país. E, em seguida, dentro de cinco anos, estar entre as melhores. Isso é meta, porque qualidade de energia é que traz investimentos. A Cepisa agora quer que o desenvolvimento do Piauí aconteça de fato, que venham empresas para cá. E, para isso, tem que ter qualidade de energia. Isso é mercado. Ganha o Estado do Piauí e ganha a Cepisa.
RCV – Para que isso aconteça, que tipos de investimentos estão sendo programados? NC – Este ano, nós vamos fazer
uma linha que já tem 42 anos de vida útil e tem uma perda alta, que é a de Piripiri/Esperantina. Só este investimento é na ordem de R$ 23 milhões, um investimento importante que vai melhorar a qualidade de energia nessa região.
RCV – Há também subestações programadas para serem instaladas em Teresina? NC – Sim. Essa subestação deve-
rá acontecer no próximo ano, na Ininga, que é uma região que tem crescido muito e está precisando
A Cepisa agora quer que o desenvolvimento do Piauí aconteça de fato, que venham empresas para cá. E, para isso, tem que ter qualidade de energia.
de novos alimentadores porque os atuais já não suportam mais o crescimento. Dentro do planejamento que foi feito e estudado, no próximo ano nós teremos mais essa subestação em Teresina para melhorar a qualidade de energia nesses bairros mais densos da capital.
RCV – Esses investimentos necessitam de capital. Qual a situação financeira, hoje, da Cepisa? NC – A situação financeira da Cepisa não é boa. Tem que ter aporte da Equatorial, como já teve, no valor de R$ 721 milhões, no dia 17 de outubro do ano passado. E muitos desses recursos já foram utilizados para atender determinados pagamentos que estavam previstos, que estavam em aberto. Mas esse recurso de investimento, a credibilidade da Equatorial vai
permitir que a empresa consiga captar, para fazer as obras de que o Piauí necessita ao longo dos anos.
RCV – Qual o montante da dívida que o senhor encontrou no Piauí? NC – R$ 2,5 bilhões. Essa é a dívi-
da da Cepisa. As pessoas falavam muito que a Cepisa foi vendida por R$ 50 mil e a história não é bem essa. A realidade é outra, é uma dívida significativa para o tamanho da Cepisa.
RCV – Essa dívida deve ser paga em quanto tempo? NC – A longo prazo. Primeiro,
porque os credores já acreditam, já sabem que a Equatorial cumpre seus compromissos. Todas as dívidas que a Equatorial assumiu da Distribuidora Cemar (Companhia Energética do Maranhão), da Celpa (Centrais Elétricas do Pará) estão quitadas dentro do que estava previsto. Você faz uma negociação de longo prazo e vai melhorando o resultado da empresa e vai quitando com os credores. E sempre você vai precisar de crédito, então esse modelo de gestão da Equatorial é que dá credibilidade para captar recursos no banco e colocar ações no mercado, as debêntures.
RCV – Qual o tamanho da inadimplência existente na companhia? NC – Essa inadimplência é signi-
ficativa. Nós temos problema, por exemplo, na área municipal com REVISTA CIDADE VERDE | 20 DE JANEIRO, 2019 | 9
iluminação pública. O parque de iluminação pública é deficitário em grande parte dos municípios e isso nos preocupa. Tem muita dívida dos municípios. Nós estamos fazendo reuniões específicas para negociar, dando condições para que os municípios possam viabilizar o pagamento dessas dívidas. E buscar isso, inicialmente, negociando e procurando, dentro do possível, ajudar os municípios a melhorar a eficiência dessa iluminação pública. Mas nós teremos uma ação muito forte para cobrar os débitos existentes com relação à Cepisa, até mesmo pela sobrevivência da empresa e pelo desafio que ela tem de investimentos a fazer no Piauí. Nós temos que contribuir para o desenvolvimento do Piauí, nós temos que trazer indústrias para o Piauí e, para isso, precisamos de um investimento significativo.
RCV – Ainda existe muita perda de energia por conta de ligações clandestinas? NC – Nós temos uma perda alta,
acima da perda regulatória. A Aneel delimita para todas as concessionárias de cada estado qual é o limite permitido de perdas para aquela região. A Cepisa está acima do valor de perdas estipulado pela Aneel, que é quem regulamenta, quem legisla, determina e fiscaliza o setor elétrico nacional. Este ano, se nós não reduzirmos a perda da Cepisa, se permanecer no estágio em que está, a empresa irá perder, ao final do ano, R$ 70 milhões e 10 | 20 DE JANEIRO, 2019 | REVISTA CIDADE VERDE
Nós já temos como meta, nesses próximos três a quatro anos, colocar a Cepisa entre as dez melhores do país. E, em seguida, dentro de cinco anos, estar entre as melhores.
uma parte dessa perda vai para a tarifa, se nós não resolvermos o problema. A maior parte do prejuízo vai para a Cepisa, que vai pagar energia e não vai receber.
RCV – Quando a Equatorial assumiu a Cepisa, criou-se a expectativa de que o valor da conta iria diminuir para o consumidor. Por que isso não aconteceu? NC – O setor elétrico é muito espe-
cífico. As pessoas falam de conta de energia, sem saber o que está contido nela. Por exemplo, a redução que cabe à distribuidora foi de 8%. O aumento seria de 20,53%, se não fosse o leilão da Cepisa. Como no ano passado, que foi de 28%, sendo estatal. Nessa questão da tarifa, é difícil o consumidor entender, mas tem a parte que é da concessionária e tem a parte que vai cobrir outros custos, que é chamada parcela “A”, aí entram encargos setoriais, valor de energia, tributos, que não
dizem respeito à distribuidora. Hoje, em uma conta de energia, o valor total que fica para a Cepisa é de 17,53%. Mas houve o desconto, o aumento seria bem maior se não fosse o leilão. O modelo do setor elétrico embute na conta encargos setoriais, que pagam o funcionamento da Aneel, o funcionamento da ONS (Operadora Nacional do Sistema), os incentivos existentes para famílias de baixa renda, o Luz para Todos. Tanto que as regiões Sul e Sudeste querem tirar a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético) da conta, mas aí desequilibra e não pode. Porque o pessoal do Sul acha que não tem Luz para Todos e que não tem baixa renda. Mas o modelo do setor elétrico é assim. Está tudo lá no seu boleto.
RCV – Por falar em Luz para Todos, o programa está atrasado no Piauí. Como a Equatorial pretende resolver esse problema? NC – Nós temos que retomar. Nós
já estamos negociando com o Ministério e com a Eletrobrás a ‘cesta tranche’, que é para retomar o Luz para Todos. Nós ainda temos muita gente para interligar no Piauí. Nós precisamos universalizar o Piauí, então, nós vamos ter que retomar o Luz para Todos. Enfrentamos alguns problemas aqui como, por exemplo, os R$ 81 milhões que eram para ter sido empregados no Luz para Todos e não foram usados, e nós ainda estamos vendo o porquê e onde foi usado. Isso acarreta ter de devolver alguma coisa com relação a isso, mas