Revista Cidade Verde 209

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CIDADE


Índice Capa:

Vigilância redobrada

05. EDITORIAL 08. PÁGINAS VERDES João Henrique concede entrevista à jornalista Cláudia Brandão 20. ECONOMIA Negócios promissores para 2019

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Páginas Verdes João Henrique

O gigante ruge

24. Economia e Negócios Jordana Cury

58. GERAL O maior arquivo de plantas da região

38. Ponto de Vista Elivaldo Barbosa

60. GERAL Academias em ritmo de Carnaval 66. GERAL Detalhes que fazem a diferença

32. SAÚDE Da boca para o coração

72. MEIO AMBIENTE O sol da Barra é mais bonito

70. Na Esportiva Fábio Lima 78. Tecnologia Marcos Sávio 82. Playlist Rayldo Pereira 86. Perfil Péricles Mendel

Articulistas Jeane Melo

Heróis de verdade

40. GERAL Heróis de verdade

26. GERAL Muita calma nessa hora

13

40

31

Cineas Santos

65

Fonseca Neto

COLUNAS

48

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Tony Batista


Com as barbas de molho O Brasil ainda conta os mortos da tragédia anunciada de Brumadinho, em Minas Gerais, a cada vez que um novo corpo, ou o que sobrou dele, é resgatado pela valente equipe do Corpo de Bombeiros. Lastimavelmente, não foi o primeiro desastre desse tipo ocorrido no país. Há exatamente três anos, a barragem de Samarco, também em Minas, rompeu, causando o maior dano ambiental já registrado por aqui. O medo agora é que desastres como esses, que poderiam ter sido evitados, voltem a se repetir.

Em outra reportagem desta edição, nossa equipe mostra como é a preparação dos profissionais que trabalham no Corpo de Bombeiros. A ação desenvolvida por eles em Minas Gerais mostrou até onde pode ir a coragem, o empenho e a bravura de quem é treinado para salvar vidas, mesmo nas condições mais adversas possíveis. A Revista Cidade Verde ouviu os bombeiros do Piauí e relata quem são esses heróis anônimos que vão até a exaustão, e além, para cumprir a missão que lhes é confiada.

O Piauí possui cerca de 200 barragens, todas elas de água. E, em pelo menos duas, o alerta vermelho foi aceso, por causa das fragilidades nas suas estruturas. São as barragens do Bezerro, em José de Freitas; e do Emparedado, em Campo Maior. Outras duas devem passar por reforma: a da Pedra Redonda, em Conceição do Canindé; e a de Petrônio Portela, em São Raimundo Nonato.

O ano de 2019 será promissor para quem quer investir no setor de serviços. É o que indica uma pesquisa realizada pelo Sebrae. Com a recuperação do otimismo na economia brasileira, o espírito empreendedor que estava adormecido reaparece com o ímpeto de investir em um negócio próprio. E nós antecipamos para você as áreas com maior potencial de crescimento.

Nos dois casos ocorridos em Minas Gerais, especialistas utilizam a palavra ‘crime’ quando se referem ao que aconteceu, por tratar-se de uma combinação mortal entre o descaso e a negligência por parte de quem deveria cuidar da sua manutenção, e por quem deveria fiscalizá-las. Diante desse cenário, a Revista Cidade Verde traz uma ampla reportagem sobre a situação das barragens piauienses. A repórter Carlienne Carpasso fez um levantamento de todas as barragens do Estado e ouviu os responsáveis da área sobre o que precisa ser feito para garantir a segurança das pessoas que moram no entorno.

E para os concurseiros que estão iniciando o ano de olho nas provas que virão pela frente, a Revista Cidade Verde elenca dicas preciosas apresentadas por psicólogos e nutricionistas sobre a importância de cuidar da mente e da alimentação, tanto quanto do intelecto. É comum que candidatos com domínio do conteúdo não consigam passar no concurso porque são prejudicados pela ansiedade ou nervosismo. Se este é o seu caso, não deixe de ler a reportagem que começa na página 26. Cláudia Brandão Editora-chefe

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Entrevista POR CLÁUDIA BRANDÃO

João Henrique

claudiabrandao@cidadeverde.com

“Meu sonho é criar o banco do Sebrae” Otimista com o cenário econômico para 2019, que prevê um ambiente favorável para a expansão do setor de serviços, o novo presidente do Sebrae planeja criar um banco para financiar micro e pequenos empreendedores. foto Roberta Aline

O piauiense João Henrique de Almeida Sousa volta a ocupar uma posição de destaque em Brasília e assume a presidência nacional do Sebrae com uma ideia ousada: criar um banco próprio para ajudar a fomentar o segmento das micro e pequenas empresas. O advogado, que já foi Secretário de Educação, da Cultura e de Governo no Piauí, Deputado Federal, Ministro dos Transportes, Presidente dos Correios e Presidente do Conselho Nacional do Sesi, agora se dedica ao fortalecimento de um setor que tem destacada participação na economia nacional. E ele assume este novo desafio justamente no momento em que o Ministro da Economia, Paulo Guedes, ameaça um corte significativo no repasse de verbas para o chamado Sistema S, que inclui Sesi, Senac e o próprio Sebrae, sob o comando de João Henrique.

RCV – Que marca o senhor pretende imprimir durante a sua gestão no Sebrae? JH – No meu discurso de posse, eu

fiz uma análise sobre a estrutura do Sebrae e, lá, eu constatei o seguinte: 8 | 17 DE FEVEREIRO, 2019 | REVISTA CIDADE VERDE


o Sebrae faz o treinamento e prepara as pessoas para serem empresárias. Por exemplo, alguém quer colocar um salão de beleza e empreender nessa área. Então, o Sebrae começa preparando, treinando, fazendo cursos e, ao final, diploma e declara que aquela pessoa está apta a exercer essa atividade. Aí, ela se depara com a dificuldade da maioria dos novos empreendedores, que é a falta de recursos para comprar aquilo que se faz necessário para montar um salão de beleza. Esse empresário ou microempreendedor individual passa a buscar esse recurso, que hoje nós só temos fornecido, praticamente, pelo Banco do Brasil, que faz esse empréstimo, mas com um detalhe: é preciso que o Sebrae avalize. O Sebrae dispõe de um fundo especial para aval, que hoje está em torno de R$ 700 milhões, dinheiro disponível para dar essa garantia. Uma das minhas metas é criar o Sebraecred, uma instituição financeira do Sebrae, para que nós possamos aportar o recurso para que o micro e pequeno empreendedor comece o seu negócio.

RCV – Com juros diferenciados do mercado... JH – Diferenciado para atender

esse segmento e levando em conta que esse é um segmento que nós conhecemos bem de perto porque foi preparado por nós. Eu já estou na fase de contratar uma equipe de especialistas para criar uma instituição financeira, já tivemos uma primeira conversa em Brasília e deverei, acho que nos próximos 90

preparando para isso. Eu me reuni com dirigentes do órgão de todo o Brasil e nós vamos dar total e absoluto apoio àqueles que querem se tornar empreendedores.

Uma das minhas metas é criar o Sebraecred, uma instituição financeira do Sebrae, para que nós possamos aportar o recurso para que o micro e pequeno empreendedor comece o seu negócio.

RCV – As estatísticas oficiais apontam que boa parte das micro e pequenas empresas morrem antes de completar um ano de existência. A que se deve esse fracasso e como revertê-lo? JH – Eu gostaria de fazer um regis-

dias, estar com essa equipe pronta para começar os estudos no sentido de criar essa instituição.

RCV – Funcionaria nos moldes do Grameen Bank, o Banco dos Pobres, em Bangladesh? JH – Alguma similitude, mas é uma

coisa diferente. Na realidade, é uma instituição que você cria como sociedade anônima, mas que, praticamente, tem um único sócio, que seria o Sebrae, mas por ser sociedade anônima ele poderia ter como sócio, logo depois de instalado, os demais Sebraes, do Brasil todo. As demais unidades da federação também poderiam participar como sócias. É uma coisa que eu acredito que pode ser extremamente exitosa e, muito mais do que isso, eu imagino que, ao longo de alguns anos, possa ser, inclusive, o sustentáculo econômico do Sebrae. Por outro lado, a área de serviços será o grande destaque neste ano de 2019 e o Sebrae está se

tro de que o Brasil terminou o ano passado com um saldo positivo em torno de 850 mil novos empregos, número que representa a diferença entre os que saíram e os que entraram no mercado de trabalho. Esses 850 mil novos empregos foram criados, todos eles, pela estrutura das micro e pequenas empresas, bem como do microempreendedor individual. Então, o Sebrae esteve fortemente atrás dessa estrutura, dando apoio à criação desses empregos e isso vai continuar agora de forma mais efetiva, inclusive olhando para o empreendedor individual. O MEI pode ter um faturamento de R$ 81 mil por ano, cerca de R$ 7 mil por mês, e, agora, pela legislação, ele pode ter um empregado. Ao adquirir seu CNPJ, esse empreendedor adquire também cidadania, por isso nós estamos trabalhando muito com esse segmento. Nós já chegamos a oito milhões de empreendedores individuais. A meta é que até o final deste primeiro semestre nós possamos superar a casa dos 10 milhões, até porque o emprego formal de carteira assinada tenderá a desaparecer

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pela própria estrutura tecnológica e pelo fato de que as pessoas, cada vez, empreendem mais. O Sebrae tem uma responsabilidade e uma abrangência muito grande, uma capilaridade enorme, com aproximadamente 800 pontos de atendimento no Brasil todo. Estamos trabalhando fortemente no atendimento digital e essa estrutura toda será o sustentáculo da oportunidade de trabalho e dos empregos que irão surgir a partir deste ano no Brasil.

RCV – Na sua opinião, por que ainda há tanta gente que resiste a legalizar o seu empreendimento? JH – Eu acho que muita gente resiste

pela preocupação burocrática, mas o que o Sebrae está fazendo é exatamente mostrar a facilidade e as vantagens que ele terá a partir do instante em que ele se inscreve de forma absolutamente legal. Para você ter uma ideia, ao se registrar, o empreendedor individual vai pagar de tributos, por mês, algo em torno de R$ 60, incluindo todos os impostos. E, a partir daí, ele pode ter direito não só a fazer crédito bancário, como passa a se inscrever em todas as vantagens naturais de uma empresa que tem CNPJ.

RCV – O senhor assumiu o Sebrae no momento em que o Ministro da Economia anunciou um corte de 30%, ou mais, no Sistema S. Como o senhor pretende ampliar a atuação do órgão com essa redução financeira? JH – Há sempre uma impressão, em

toda estrutura nova de governo, de

O emprego formal de carteira assinada tenderá a desaparecer pela própria estrutura tecnológica e pelo fato de que as pessoas, cada vez, empreendem mais.

que alguma coisa tem de ser feita dentro do Sistema S. Há uma sensação de que tem muitos recursos no Sistema S e que esses recursos não são correspondidos. O que eu posso dizer, no primeiro momento, é que eu não acredito em alguma coisa de forma muito abrupta. Eu acho que isso passará por uma conversa, uma discussão muito efetiva. Até porque eu estive presente quando o então candidato Jair Bolsonaro foi à CNI (Confederação Nacional da Indústria) e no pronunciamento dele ficou claro que ele não tomaria nenhuma atitude com relação à indústria e todo o Sistema S sem passar por um diálogo. Então, nós acreditamos que haverá esse diálogo. Esse assunto veio à baila a partir de um almoço em que o Ministro Paulo Guedes participou na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, quando ele declarou que poderia haver um corte de 30 e de até 50% desses recursos. Creio também que nós temos no país algo extremamente mais urgente do que tratar de adaptações no Sistema S. Nós precisamos é aprovar a Reforma da Previdência e acho

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que o governo colocará todas as suas fichas e seu capital político, inicialmente, nisso. Creio também que nós haveremos de discutir esse assunto. Mas é preciso que as pessoas conheçam, de forma absolutamente detalhada, todo o trabalho que o Sistema S presta no Brasil. É um trabalho belíssimo, grandioso. Eu participei do Conselho Nacional do Sesi e é um trabalho impressionante. Temos a impressão de que esse tema passará ainda por muita conversa e estamos esperando que ela se inicie para que possamos naturalmente mostrar e discutir se realmente convém, ou não, fazer esses cortes.

RCV – Mas, caso o ministro não volte atrás, o senhor já pensou onde vai cortar? JH – Não vou lhe dizer que nós não

estudamos isso, lógico que nós estudamos, mas nós torcemos para que não ocorra e eu continuo achando que não deve ocorrer, mas o próprio Sebrae, ao longo do tempo, se preparou, mantendo um colchão e uma estrutura financeira que nos permite fazer uma série de adaptações, sem que tenhamos de cortar de forma abrupta, se eventualmente isso vier a ocorrer. Dentro desse colchão financeiro, nós temos, além do recurso de que eu já falei, os recursos necessários para iniciarmos nossa instituição financeira, com a qual eu sonho. Nós estamos preparados para todos os cenários, mas torcendo para que o pior, que seria o corte de recursos da instituição, não venha a ocorrer, porque nós precisamos cada vez mais criar empregos no Brasil.


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