Revista Cidade Verde 206

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Dr. Tércio Rezende Santana Diretor Técnico Responsável CRM-PI 577

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CIDADE


Índice CAPA: Os conselhos do Dr. Drauzio

08

Páginas Verdes Pe. Wellistony

05. Editorial

18

Novo governo, governo novo?

68

Monumento à Natureza

COLUNAS

48

54. SAÚDE Ameaça aos idosos

22. Ponto de Vista Elivaldo Barbosa

58. GERAL Não é culpa da natureza

34. Economia e Negócios Jordana Cury

24. GERAL De olho nas crianças

64. TECNOLOGIA Inovação a serviço da inclusão

81. Tecnologia Marcos Sávio

30. SAÚDE Em apuros

76. GERAL Voluntári@ do amor

82. Passeio Cultural Eneas Barros

08. Páginas Verdes Pe. Wellistony concede entrevista à jornalista Cláudia Brandão

86. Perfil Péricles Mendel

36. EDUCAÇÃO A caminho da escola

90. Poesia Sempre Álvaro Pacheco

42. SAÚDE Trocando as letras

Articulistas 15

Cecília Mendes

73

Zózimo Tavares


Como estamos cuidando da nossa saúde? A humanidade conquistou o direito de viver mais. Embora muitos ainda considerem curto o tempo de permanência sobre a terra, é só lembrar da expectativa de vida na década de 1940, por exemplo, de meros 45,5 anos, para ver o quanto melhoramos nesse quesito. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE- a atual expectativa de vida chega a 76 anos, embora seja comum encontrarmos pessoas acima de 80 anos, e muitas delas em plena atividade.

E verá que preservar a saúde é mais simples do que se imagina. Nada de dietas mirabolantes ou pilhas de exames, basta seguir o bom senso, comendo adequadamente, praticando atividade física regular e cultivando boas relações sociais. O Dr. Drauzio Varella derruba alguns mitos construídos ao longo do tempo e fala, de forma simples e direta, o que precisamos fazer para chegar à terceira idade bem dispostos e com vitalidade.

Este é exatamente o desafio que enfrentamos hoje: aproveitar melhor os anos de vida que conquistamos a mais, com saúde, disposição e energia. O médico Drauzio Varella, conhecido em todo o Brasil por seu trabalho educativo na área de saúde, é o personagem da reportagem de capa desta edição. Em sua recente passagem por Teresina, o médico concedeu entrevista à Revista Cidade Verde, na qual fornece conselhos indispensáveis para quem quer envelhecer com qualidade de vida.

E quanto mais almejamos uma existência longa, mais devemos nos preocupar com a prevenção e a preservação. É o que nos ensina, mais uma vez, a arqueóloga Niède Guidon, ao entregar para a humanidade o belo Museu da Natureza, encravado em meio ao sertão piauiense. Uma obra digna de aplausos que mostra toda a evolução da natureza, com a apresentação de esqueletos de espécies já extintas porque, afinal, conhecer o passado faz parte da compreensão do presente e do planejamento do futuro. Com texto e fotos do jornalista André Pessoa, a Revista faz um passeio pelo novo Museu, que é mais um motivo para se visitar a região da Serra da Capivara.

E já que estamos iniciando um novo ciclo neste ano que começa, nada melhor que dedicarmos mais tempo para cuidarmos da própria saúde. Como bem esclarece o médico, cuidar do corpo não se trata apenas de uma questão estética, mas de manter o organismo funcionando adequadamente para nos fornecer a energia necessária à realização de nossos sonhos. A partir da página 48, o leitor encontrará orientações sobre como se manter ativo, com saúde e disposição.

Toda a equipe da Revista Cidade Verde deseja aos leitores um Ano Novo de renovada esperança e repleto de boas notícias para os piauienses. Cláudia Brandão Editora-chefe

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HOUS PUBLIC


SE D1 CIDADE


Entrevista POR CLÁUDIA BRANDÃO

Pe. Wellistony

claudiabrandao@cidadeverde.com

O Diretor Espiritual em Roma Ele saiu do Piauí com a missão de orientar espiritualmente os padres brasileiros que estão cursando pós-graduação na Itália. Nesta entrevista, Pe. Wellistony fala dos novos costumes do Vaticano e de como o Papa está enfrentando a questão da pedofilia na Igreja. foto Arquivo pessoal

O atual Diretor Espiritual do Colégio Pio Brasileiro, em Roma, é natural de Picos, no Piauí. Com 43 anos, o Padre Wellistony Carvalho Viana foi escolhido para assumir a função de orientar os padres brasileiros que se encontram na capital italiana para estudar. Autor de sete livros publicados, um deles em alemão, ele já tem dois outros prontos para serem lançados no próximo ano. Padre Wellistony é Mestre em Filosofia pela Pontifícia Università Gregoriana e Doutor pela Hochscule für Philosophie, de Munique, na Alemanha. Quando recebeu o convite para ir para o Pio Brasileiro, o padre estava novamente em Munique, cursando o pós-doutorado. Quem o ouve falar com voz mansa, no seu jeito simples de ser, nem imagina que o Padre Wellistony fala fluentemente cinco idiomas e está estudando agora o mandarim para realizar o sonho de servir como missionário em uma comunidade da China, sonho que foi interrompido, pelo menos temporariamente, enquanto está trabalhando em Roma. De passagem por Teresina, onde veio passar as festas de fim de ano 8 | 6 DE JANEIRO, 2019 | REVISTA CIDADE VERDE


com a família, ele concedeu a seguinte entrevista à Revista Cidade Verde.

RCV – O que é o Colégio Pio Brasileiro e de onde partiu o convite para que o senhor assumisse a Direção Espiritual daquele lugar? WV – O Pio Brasileiro é um co-

légio na cidade de Roma para os padres do Brasil que vão fazer mestrado e doutorado nas várias universidades de lá. Ele foi fundado em 1934. Quando os padres do Brasil iam estudar em Roma, eles ficavam no chamado Pio Latino, que era um colégio já fundado em meados do século XIX para os padres da América Latina. Em 1927, Dom Sebastião Leme começou uma campanha para que os padres do Brasil tivessem o seu próprio colégio. Essa campanha, inclusive, arrecadou fundos aqui, até que o colégio foi fundado em 1934 e sua direção foi entregue aos jesuítas. Foram eles que fizeram a coordenação desse colégio por, praticamente, 80 anos. Só em 2014, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) pediu de volta a coordenação do colégio aos padres jesuítas e constituiu uma equipe para coordenar esse trabalho, composta por um Diretor Geral, um Diretor de Estudos, um Diretor Espiritual e um Ecônomo. Essa equipe já funciona há algum tempo e o Cardeal Sérgio (Dom Sérgio da Rocha, ex- Arcebispo Metropolitano de Teresina) me convidou para assumir a Direção Espiritual.

O Papa Francisco tem sido uma bênção para todos nós, e ele tem sido bem acolhido, embora sofra muitas resistências no Vaticano.

RCV – Quando o senhor fez seu mestrado em Roma ficou hospedado nesse mesmo colégio? WV – Sim, eu morei no Pio, de 2003 a 2005, quando fiz o mestrado. É bom ressaltar que é um colégio onde os padres habitam, eles não estudam lá, mas nas universidades. Eu, por exemplo, estudei na Gregoriana, o antigo Colégio Romano onde Galileu apresentou suas descobertas diante do futuro papa e amigo Urbano VIII. É o mais antigo colégio de Roma, praticamente.

RCV – Que tipo de trabalho o senhor desenvolve no Pio como Diretor Espiritual? WV – O Diretor Espiritual tem a função de acompanhar os padres que estão fazendo o mestrado e o doutorado, porque o colégio é uma casa de formação permanente para os padres, não só na dimensão intelectual. Eles não vão só fazer uma pós-graduação, mas uma formação

integral continuada. Isso tem a ver com a dimensão espiritual, dimensão humano-afetiva e cultural. O padre tem contato com a cultura de Roma, com a Europa, com outras línguas, ou seja, humanamente, ele cresce bastante. Espiritualmente, é também um tempo de crescimento e de crise, na realidade. Porque imagine o padre que sai de uma paróquia onde as pessoas têm aquele carinho pelo sacerdote, aí vai para outro país, sem saber a língua, tendo que lidar com a vida acadêmica, com a solidão. Por conta disso, muitas vezes eles entram em crise e o Diretor Espiritual é aquela figura que vai auxiliando, conversando, procurando ajudá-los nas crises, dando orientação espiritual, acompanhando mais de perto. É uma função bastante importante porque é um momento em que as crises sempre aparecem e, nos dois ou três anos que ele passa ali, o Diretor Espiritual representa um apoio, que está sempre disposto à conversa pessoal, acompanhando os sacerdotes diretamente. Eu tenho meus horários de atendimento pessoal para ajudá-los a concluir bem esse período. Além disso, o Diretor Espiritual coordena toda a liturgia do colégio, todas as missas e os grandes eventos.

RCV – O senhor fica subordinado diretamente a quem? WV – Primeiramente, à CNBB, que

tem à frente o cardeal Sérgio. E temos um outro contato no Vaticano, que é a Congregação para o Clero, na pessoa de Monsenhor Patrón

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Wong, Bispo que acompanha diretamente os colégios, as equipes de direção e os presbíteros estudantes. Então, com o Vaticano, a nossa ligação é por meio da Congregação para o Clero. Com o Santo Padre, nosso contato é eventual porque os bispos do Brasil, quando vão ao Vaticano, alguns deles têm audiências diretas com o Papa e, nessas audiências, geralmente nós os acompanhamos. Há vinte dias, por exemplo, houve uma audiência em que o Cardeal Sérgio me levou e nós tivemos um contato pessoal com o Santo Padre. Isso é frequente, na realidade.

RCV – Qual o impacto que esse novo modelo de gestão imposto pelo Papa Francisco tem causado dentro da Igreja? WV – O Santo Padre tem dado

uma tonalidade bem especial à Igreja, uma tonalidade pastoral, na verdade. Com o Papa Bento XVI, nós tivemos uma boa orientação doutrinária e teológica, que iluminou bastante o diálogo entre fé e razão. O Papa Bento nos ajudou a esclarecer as ideias em muitos setores e, sobretudo, em um tempo de “ditadura do relativismo”. O Papa Francisco tem dado um tom pastoral à Igreja. Não é que um contradiga o outro, mas são dimensões diferentes de que a Igreja precisa no andar de sua história. Às vezes, o tempo exige um bispo ou um Papa mais centrado na doutrina; em outro tempo, como é o nosso, eu penso, um pastor mais próximo das pessoas, mais ligado

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Os bispos hoje não têm nada que confirme qualquer privilégio, porque o próprio Santo Padre não gosta disso e renuncia a todas essas coisas.

às questões essenciais do Evangelho, como a proximidade, a caridade ao pobre, a acolhida às pessoas. E ele tem sido uma bênção para todos nós. Eu tenho acompanhado o seu ministério na Alemanha, na Itália, na Europa em geral, e é claro, aqui também no Brasil. A gente vê que ele é bastante acolhido, embora sofra muitas resistências.

RCV – E algumas delas dentro do próprio Vaticano... WV – Eu diria que dentro mes-

mo do Vaticano. Essas são as resistências que ele mais enfrenta: a da Cúria Romana e de setores mais conservadores da Igreja. A Igreja é bastante antiga, com estruturas criadas durante milênios, então, não é fácil romper com esses modelos que já não estão respondendo tanto. Lembre-se que o Papa Francisco esteve à frente da Conferência da Igreja na América Latina, realizada em Aparecida. Esta Conferência lançou o apelo muito forte de largar as estruturas

que não estão mais contribuindo para a evangelização. É preciso ter coragem para abandonar essas estruturas que não respondem mais às exigências do nosso tempo e o Papa tem tido a coragem de enfrentar esse desafio, inclusive, propondo a reestruturação da Cúria Romana. Já faz uns quatro anos, mais ou menos, que os cardeais estão trabalhando em uma proposta de reformulação da Cúria, enxugando algumas burocracias e dando mais autonomia às Conferências Episcopais, isto é, não centralizando tudo em Roma. São mudanças estruturais que têm criado resistências entre alguns cardeais e bispos. Eu diria que a maior resistência que ele tem não é de fora, é de dentro do Vaticano.

RCV – A partir desse novo estilo adotado pelo Papa Francisco, o Vaticano já conseguiu se despojar da pompa que o cercava para assumir uma postura mais simples? WV – Quando o Papa Francisco as-

sumiu, nós ficamos maravilhados pelas atitudes que ele tomou logo no início do seu ministério, abandonando certas vestes papais, que ele achava que já não faziam mais sentido, abandonando certos luxos, digamos assim. Por exemplo, ele saiu da residência papal para morar na Casa Santa Marta, come com as pessoas comuns que trabalham no Vaticano. O Castel Gandolfo, que é o castelo de férias do Papa, ele praticamente não frequenta. Ele tem


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