Revista Cidade Verde 141

Page 1



REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 3


Índice 5. Editorial

8. Páginas Verdes Joaquim Santana concede entrevista à jornalista Cláudia Brandão 15. Palavra do Leitor 23. POLÍTICA Multiplicação de eleitores 28. ECONOMIA Inadimplência em alta

08

Páginas Verdes Joaquim Santana 40. POLÍTICA O que nós ganhamos com a Copa do Mundo 62. SAÚDE Uma delicada decisão 66. COMPORTAMENTO A bebida do coração 72. SAÚDE Por um fio 82. INDÚSTRIA

Jeane Melo

34

A preço de ouro

Fábrica de celebridades

17. Cidadeverde.com Fabio Lima 26. Ponto de Vista Elivaldo Barbosa 32. Economia e Negócios Jordana Cury 42. Chão Batido Cineas Santos 77. Tecnologia Marcos Sávio

80. Play List Rayldo Pereira 86. Perfil Péricles Mendel

Articulistas 14

18

59

Fonseca Neto

90

Tony Batista

COLUNAS

52 No limite


foto Manuel Soares

Enxugando a folha O Piauí sente na pele os reflexos da mais profunda recessão econômica vivida nas últimas décadas. A situação financeira do Estado é extremamente delicada e compromete o frágil equilíbrio orçamentário, pondo em risco até mesmo o cronograma de pagamento dos servidores públicos. As sucessivas quedas no repasse do Fundo de Participação dos Estados (FPE), associadas ao crescimento da folha de pagamento em função dos acordos salariais acertados anteriormente, fizeram com que o Piauí ultrapassasse o limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O Estado gasta hoje 47,22% da sua Receita Corrente Líquida em despesas com pessoal. São dados preocupantes, porque podem inviabilizar futuros repasses de verbas da União. E o Piauí, como se sabe, depende, e muito, desses repasses. A economia ainda está patinando e, pelo andar da carruagem, não deve se recuperar até o final deste ano, embora alguns economistas já comecem a ver discretos sinais de retomada da confiança por parte do setor empresarial. O certo é que 2016 é dado como um ano perdido, do ponto de vista econômico. Diante dessa situação, o Estado decidiu enxugar as despesas e começou justamente pela folha de pessoal. O recadastramento dos servidores foi o primeiro passo, seguido, depois, pelo cruzamento da folha. O passo seguinte é a implantação do ponto eletrônico. Mas diminuir a folha não é tarefa simples, porque a própria dinâmica

do serviço público está exigindo sempre mais gente em determinados setores, como no caso da segurança, por exemplo. E algumas secretarias já pressionam pela realização de concurso público, em razão da deficiência de pessoal nos seus quadros. Com uma participação pequena da indústria na economia, o Piauí ainda vive na dependência do governo estadual para fazer circular o dinheiro, seja por meio do pagamento dos servidores ou da realização de obras públicas. A recuperação de suas finanças é, assim, indispensável para que o Estado, como um todo, volte a respirar aliviado. A Revista Cidade Verde traz uma reportagem especial sobre o assunto, mostrando, em números, como está a situação da máquina pública e suas consequências sobre a vida do Estado e dos cidadãos. Em outra reportagem, nossa equipe explica por que o feijão tornou-se um produto raro e caro nas prateleiras dos supermercados e o que os consumidores estão fazendo para substituir o produto que é o carro-chefe do cardápio dos piauienses. Em tempo de crise, até o feijão ficou difícil.

Cláudia Brandão Editora-chefe

REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 5


PUBLICIDADE


PUBLICIDADE


Entrevista POR CLÁUDIA BRANDÃO

Joaquim Santana

claudiabrandao@cidadeverde.com

É difícil acabar com o Caixa 2 Foto: Wilson Filho

Diante da falta de estrutura para fiscalizar a campanha eleitoral em todo o Estado, o presidente do TRE-PI reconhece que é muito difícil acabar com a prática do Caixa 2.

O Tribunal Regional Eleitoral do Piauí se prepara para realizar uma eleição de grandes proporções no próximo mês de outubro. Em todo o Piauí, cerca de dez a doze mil candidatos vão dispu8 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE

tar uma das vagas para prefeito e vereador nos 224 municípios do Estado. Um trabalho gigantesco, no qual nada pode dar errado. Por isso mesmo, os técnicos do TRE-PI estão se dedicando ao

pleito desde dezembro do ano passado. E, este ano, há ainda a novidade das alterações previstas na Lei Eleitoral que, entre outras coisas, reduziu o tempo de campanha e os gastos dos


candidatos. Mas o Presidente do Tribunal Eleitoral, desembargador Joaquim Santana, já manifestou seu ceticismo quanto ao cumprimento da lei. Com a experiência acumulada de quem já presidiu eleições em vários municípios como juiz eleitoral, ele diz que é difícil fazer cumprir o que diz a legislação por causa da falta de estrutura dos Tribunais. Esta e outras revelações estão contidas na entrevista a seguir concedida pelo desembargador à Revista Cidade Verde.

RCV – Qual o principal foco do Tribunal Regional Eleitoral nas eleições de outubro? JS – Nosso principal objetivo é fazer com que as eleições transcorram dentro da melhor normalidade, funcionando através da ouvidoria, recebendo as reclamações, funcionando por meio do Disque Eleições (um atendimento disponibilizado para o eleitor das sete da manhã até as oito da noite). Queremos fazer uma apuração mais devida nas prestações de contas dos candidatos para que a legislação seja cumprida.

RCV – As mudanças na Lei Eleitoral, que reduziram o tempo de campanha, facilitaram o trabalho do TRE? JS - Nós estamos apostando que

vai aumentar o nosso serviço, porque, antes, tudo começava em julho, por volta do dia cinco, mas com essa transferência para

O que nós mais temos visto é a captação ilícita do sufrágio e o uso de doações, como tijolos, telhas. O difícil é comprovar essas doações. agosto, vai acabar concentrando muito trabalho no mês de setembro.

RCV – Mas um tempo menor de campanha não torna mais fácil o trabalho de fiscalização para combater as condutas ilegais dos candidatos? JS – Eu creio que a dificuldade

será a mesma. Nossa meta é trabalhar em conjunto com outros órgãos, no sentido de fazermos um trabalho mais completo. Mas não acredito que será mais fácil.

RCV – O financiamento de campanhas eleitorais tem

se mostrado uma fonte de corrupção no Brasil. De que forma é possível fiscalizar o abuso de poder econômico e o uso do Caixa 2 nas campanhas? JS – O Tribunal Superior Eleitoral já manifestou, por meio do seu presidente, que vai montar uma estratégia nesse sentido, mas ainda não recebemos essas informações. Quanto a nós, estamos conversando com o Conselho Regional de Contabilidade e temos convênios a ser firmados com a Receita Federal e o Ministério Público, todos juntos. Mas eu reconheço que as dificuldades são grandes. Estou até apostando para saber como vai ser o comportamento do político, porque ele tem um valor fixo que ele pode gastar e todo mundo diz que vai ter Caixa 2, inclusive as autoridades constituídas. O ministro Gilmar Mendes chegou a dizer que essa legislação vai ser reformada imediatamente depois da eleição. Isso é uma demonstração de que ele não está acreditando no funcionamento da lei.

RCV – E o senhor concorda com essa opinião? JS – Eu penso que a dificuldade

é a de sempre, porque nós não temos elementos suficientes para fazer um trabalho eficiente. Mas o Ministério Público é o principal mentor de tudo isso e nós estamos na expectativa de que possamos fazer um trabalho melhor.

REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 9


RCV – De que forma o eleitor comum pode colaborar com o trabalho de fiscalização, tanto durante a campanha como no dia da votação? JS – Nós temos uma novidade,

que são onze aplicativos que a população pode utilizar via internet, mostrando eventuais delitos. Mas o que eu vejo é o seguinte: mesmo que haja uma quantidade muito grande de denúncias e colocações de irregularidades, tudo isso terá prazo para se apurar e são questões que não se apuram em poucos dias.

RCV – Qual a estrutura que o Tribunal Eleitoral do Piauí dispõe para realizar esse trabalho? JS – Nossa estrutura é composta

por nossa assessoria contábil. Nós até temos pessoal suficiente, o que eu realmente acho que é difícil é trazer esses elementos para cá, ou seja, as irregularidades apontadas. Isso com base na experiência que eu tenho ao longo da minha vida profissional. No Eleitoral, tudo tem de ser rápido, em cima da hora.

RCV – Como está sendo feito o acompanhamento das campanhas fora do prazo eleitoral, especialmente nas redes sociais? Há um núcleo para acompanhar esse tipo de manifestação? JS – Nós temos um calendário a

cumprir com relação às vedações previstas na lei. Mas a nossa estrutura é só a que dispomos no nosso prédio. Não temos como monito-

10 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE

RCV – O TRE já julgou todas as prestações de contas relativas às campanhas passadas? JS – O nosso aqui na segunda

Está tudo planejado para divulgar o resultado das eleições municipais dentro de duas horas depois de encerrada a votação. rar individualmente. Tem que ser conforme as denúncias sejam apresentadas e a partir do trabalho do Ministério Público, que é fundamental.

RCV – O senhor falou que é difícil juntar as provas para fazer o julgamento de candidatos denunciados por conduta ilícita. Essa dificuldade não acaba sendo um estímulo para os que querem desrespeitar a legislação? JS – Desde que as provas obtidas estejam nas mãos de juízes que possam aplicar a legislação dentro do limite possível. Eu não sei se isso vai contribuir muito.

instância, sim. Mas ainda há processos na primeira instância de 2012 e 2014. O Conselho Nacional de Justiça até já orientou a Corregedoria pra agilizar isso. Mas ainda tem alguma coisa.

RCV – E é possível concluir todos esses julgamentos antes da próxima eleição? JS – Difícil. Alguns processos antigos ainda vão sobreviver à eleição de outubro próximo.

RCV – A partir de agora, a fiscalização maior do Tribunal recai sobre os gestores que estão no exercício do mandato e vão tentar a reeleição? JS – Os que vão tentar a reelei-

ção são os grandes beneficiados, porque como você vai dizer que um candidato à reeleição não vai ter mais chance do que outro? É claro que tem. Essa fiscalização é que eu sonharia em ter, mas não vamos ver ainda, pelo menos nesta eleição.

RCV – Quantos municípios piauienses já fizeram o recadastramento biométrico? JS – O recadastramento biométrico

já está bastante avançado. No próximo ano, nós vamos concluir todo o Estado. Atualmente, nós estamos com 70% do eleitorado cadastrado na biometria. Estão de fora apenas os municípios pequenos.


RCV – Na avaliação do senhor, com a votação eletrônica e o cadastramento biométrico acabam as possibilidades de fraude? JS – Na verdade, a fraude já dei-

xou de existir desde quando nós implantamos a urna eletrônica. Essas irregularidades que ocorrem não são decorrentes do uso da urna, mas da ação da pessoa humana, como um caso recente que nós tivemos, relacionado com a atividade do mesário.

RCV – Quais são os crimes eleitorais mais comuns praticados aqui no Piauí? JS – Nos últimos três anos, o que

nós mais temos visto é a captação ilícita do sufrágio e o uso de doações como tijolos, telhas. Eu até acho o seguinte: acho muito difícil que uma pessoa que faz uma doação dessa não consiga o voto, porque o eleitor precisa. E agora é que ele está precisando mesmo, que está mais pobre ainda com a crise. O difícil é comprovar essas doações. Agora mesmo, nós estávamos julgando um processo com várias fotografias de tijolos na porta de casa. Mas quem foi que botou lá? E quem foi que recebeu? Outro problema é o transporte de eleitores no dia da eleição, que, aliás, nós estamos com essa dificuldade. O CNJ está orientando para aglutinar comarcas em razão das dificuldades financeiras, mas isso vai favorecer ainda mais o transporte ilegal de elei-

tores porque o cidadão não tem como ir votar em uma sessão distante.

RCV - Houve uma ameaça até de não se realizarem as eleições por falta de recursos financeiros para a Justiça Eleitoral. Essa dificuldade já foi resolvida? JS – Quando houve essa amea-

ça, eu não me assustei, porque eu já vi muito isso. Eles dizem que não vai ter, mas vai, porque não pode mudar o calendário eleitoral. O próprio Tribunal Superior Eleitoral retirou R$ 3 milhões do nosso Tribunal aqui no Piauí, mas já voltou R$ 1,5 milhão. De

Se você quer combater o Caixa 2, é preciso dar condições para os Tribunais e nós não temos. A condição é mínima.

modo que vai dar para fazer. Os recursos estão assegurados.

RCV – O senhor espera divulgar o resultado das eleições dentro de quanto tempo? JS – O pessoal da tecnologia me

assegurou que está tudo planejado para divulgar o resultado das eleições municipais dentro de duas horas depois de encerrada a votação, considerando que a fonte de informação não vai ser mais centralizada. Nós teremos vários pólos de transmissão dos dados, que será feita via satélite.

RCV – O eleitor vai poder acompanhar o resultado da apuração on line pelo site do TRE? JS – Sim. Basta acessar o site e ele

vai poder acompanhar tudo, só que agora em um tempo menor ainda, até obter o resultado final. Estamos trabalhando desde dezembro do ano passado para que tudo saia dentro do nosso planejamento.

RCV – Na sua avaliação, qual é hoje o maior entrave para a realização da eleição? JS – O maior entrave é exata-

mente a pouca possibilidade que você tem de encarar a fraude. E não é de hoje, porque tudo no nosso país é assim: eles estruturam a legislação, mas não dão condições para ela funcionar. Então, se você quer combater o Caixa 2, é preciso dar condições para os Tribunais e nós não temos. A condição é mínima. REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 11


D 12 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE


D2 REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 13


JeaneMelo

Artigo de primeira

jeane@cidadeverde.com

Politicamente correto

O

que é essa expressão com poder de patrulha ou de gasolina com fósforo? O que é politicamente correto ou não, meu Deus? Sem dúvida, a nomenclatura está associada à nova ética. É aquilo que eu posso e devo falar, de preferência — e por favor — sem hipocrisia. Você responderia a esta pergunta de outra forma? Cabem tantos pensamentos nesta questão! Tantos posicionamentos! Talvez eu esteja até te judiando, “forçando a barra” mesmo. Mas judiar não é legal e eu já começo o meu texto usando uma palavra politicamente errada. Sim, é no universo linguístico que o vocábulo vira bálsamo ou ferida. Dor ou flor sem espinho. O verbo judiar, por exemplo, foi condenado por fazer uma relação pejorativa e direta entre o “tratar mal alguém” e o povo judeu. Quem usou isso primeiro quis ferir, ligar os judeus ao ato negativo de maltratar. Conseguiu. Mas o caminho de volta começa a ser feito, e eu já vejo muita gente tentando se reeducar em um mundo cheio de ativismos, de lados, de movimentos, de falas edificantes, educativas ou exageradas. Bem ou mal interpretadas. Nesse mundo cheio de “mimimi”, de preconceito, de cores, preferências e diferenças, quem age

14 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE

com maior empatia faz o dever de casa sem sofrer. É tempo de refletir cada vez mais sobre pensamentos e palavras, atos e omissões. Estamos na era do politicamente correto e, por mais que você seja legal, uma frase solta pode te colocar à margem. Nem por brincadeira pense em afogar nordestinos, como um dia fez a es-

Faça barulho, mas avalie se vale a pena gritar. tudante de Direito preconceituosa em uma rede social. Um absurdo sem limite. Não tente fazer piada sobre as mazelas alheias ou colocar apelidos descritivos sobre aquilo que é interpretado como feio ou inadequado. A piada sempre vai ser menor que a marca deixada em alguém que sofre o peso das palavras. E por mais que o que você diga ou faça seja reflexo de uma educação

machista, racista, desumana, intolerante e permissiva em vários aspectos, vale a pena abraçar os pensamentos mais humanos e quebrar as próprias correntes. E vale a pena ser tolerante também. É na calma que as lições mais difíceis são assimiladas. A força está na palavra expressa em caixa baixa ou alta. Faça barulho, mas avalie se vale a pena gritar. Faça um minuto de silêncio quando alguém imaginar que você vai agredir. É preciso ser politicamente correto no combate. Quando eu nem imaginava que um dia a palavra “bullying” iria existir, diariamente eu era chamada por um “amigo” adolescente da escola de “orelha de rato”. Na época, minha mãe chegou a me levar a um cirurgião plástico e a história ficou por aí. Era caro, era doloroso, era desnecessário... Que bom! O tempo se encarregou do resto. Aí eu me pergunto: pra quê? Todos somos minoria em algum aspecto, em algum momento da vida. Tem gente que não é aceito por ser rico ou pobre, por ser hetero ou homo, por ser igual ou diferente da maioria. Para todas as intolerâncias e comportamentos radicais, desejo a paz que vem de Deus, do amor, da empatia, do respeito e das palavras certas.


Palavra do leitor @rcidadeverde

revista@cidadeverde.com

/cidadeverde

Capa Ano 06 Edição 140

Gostaria de parabenizar a equipe da Revista Cidade Verde pelo trabalho realizado a cada edição. Temas importantes sendo debatidos de forma clara e imparcial. Um veículo que muito orgulha nosso Piauí. Senador Elmano Férrer (PTB-PI)

Como é feita a escolha dos mesários Gostaria de expressar minha admiração e satisfação pelo profissionalismo da equipe da Revista Cidade Verde pela matéria sobre o trabalho dos mesários. Sinto-me orgulhosa por ter contribuído, mesmo com muito pouco, para esse serviço de informação à sociedade piauiense. Luciane Tobler

Páginas Verdes Excelente a entrevista de Oscar Motomura nas Páginas Verdes da edição passada. Motomura é um conhecedor profundo de gestão, liderança e mercado, e tem, ao longo das últimas décadas, contribuído de forma decisiva para a formação de líderes e para o desenvolvimento das habilidades de gestores por meio dos cursos que ministra. Impressiona, sobretudo, sua capacidade de ensinar as pessoas a ser mais proativas e produtivas no ambiente de trabalho e de motivá-las a aproveitar a vida e a ser mais felizes no aspecto pessoal. Parabéns pela entrevista! Luciano Nunes Santos, Presidente do TCE-PI

Acolhimento depois do trauma – Ed.139 Sobre a reportagem “Acolhimento depois do trauma”, mais uma vez, a revista presta serviço à população piauiense. Não só por denunciar os bárbaros casos de violência sexual no Estado, mas também por informar sobre o SAMVIS, serviço especializado no atendimento das vítimas de abuso. O funcionamento pleno dessa instituição depende do conhecimento e uso pela população. Fico muito satisfeito com a iniciativa. Cláudio Rocha - médico

Queremos lhe ouvir! Envie suas opiniões ou sugestões: www.cidadeverde.com redacao@cidadeverde.com

REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 15


A Revista Cidade Verde é um periódico quinzenal da Editora Cidade Verde Ltda. A Cidade Verde, não necessariamente, se responsabiliza por conceitos emitidos em artigos ou por qualquer conteúdo publicitário e comercial, sendo esse último de inteira responsabilidade dos anunciantes. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra através de qualquer meio, seja ele eletrônico, mecânico, fotografado ou gravado sem a permissão da Editora Cidade Verde.

PRESIDENTE Jesus Tajra Filho Conselho Editorial: Jesus Tajra (presidente) José Tajra Sobrinho (vice-presidente) Diretoria da Editora Cidade Verde: Elisa Tajra Diretoria de Assinaturas e Circulação: Clayton Nobre Riedel Filho e Valdinar Lima Júnior Diretoria Comercial: Cristina Melo Medeiros e Marina Lima Diretoria de Publicidade e Marketing: Jeane Melo, Caroline Silveira, Rafael Solano, Itallo Holanda e Airlon Pereira Editora-Chefe: Cláudia Brandão - DRT/PI 914 Chefe de redação: Arlinda Monteiro Repórteres: Caroline Oliveira, Jordana Cury, Marta Alencar, Severino Filho e Ubiracy Sabóia Repórteres fotográficos: Thiago Amaral e Wilson Filho Redação (articulistas): Cecília Mendes, Cineas Santos, Eneas Barros, Elivaldo Barbosa, Fonseca Neto, Jeane Melo, Marcos Sávio, Péricles Mendel, Pe. Tony Batista, Rayldo Pereira e Zózimo Tavares Colaboradores desta edição: Ascom Fiepi e Ana Cláudia Coelho Editores de Arte/Diagramadores: Cicero Willison e Magnaldo Júnior Ilustrador: Izânio Façanha Revisão: Keula Araújo Foto de capa: Raoni Barbosa Impressão: Halley S.A. Gráfica e Editora

Revista Cidade Verde e Editora Cidade Verde Ltda Rua Godofredo Freire, nº 1642 / sala 35 / Monte Castelo Teresina, Piauí CEP: 64.016-830 CNPJ - 13284727/0001-90 email: revista@cidadeverde.com fone: (86) 3131.1750

16 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE


FábioLima Foto: Jairo Moura

fabiolima@cidadeverde.com (Interino)

Reta final Depois do lançamento do hotsite “É Ouro Brasil”, em junho, os Jogos Olímpicos terão mais espaço no Cidadeverde.com. Faltando menos de um mês para o início do maior evento esportivo do planeta, a cobertura especial agora terá destaque na página principal do site. Todas as notícias dos atletas, bastidores, fotos e vídeos estão em cidadeverde.com/eourobrasil.

#SalveJunior A comoção por conta da trágica morte do produtor cultural Júnior Araújo e de seu irmão Bruno Queiroz, no final de junho, tomou conta das redes sociais. Em meio aos sentimentos de tristeza e revolta, internautas se mobilizaram para que o novo Museu da Imagem e do Som de Teresina leve o nome do jornalista. Até um abaixo-assinado virtual foi criado. A Câmara levou menos de uma semana para aprovar a proposta.

Justa homenagem Em 20 de junho, seis dias antes do acidente que o vitimou, Júnior Araújo estava na solenidade de assinatura da ordem de serviço para as obras do novo museu. Na verdade, ele estava lá muito antes disso. Abandonado desde 2009, o prédio da antiga Câmara Municipal passou a ser ocupado com diversas manifestações artísticas desde o ano passado, graças ao movimento Salve Rainha, idealizado pelo jornalista. Salve!

TOP FIVE Avenida Miguel Rosa registra 3ª morte por acidente em uma semana - bit.ly/AcidenteMiguel Performance e homenagens marcam velório do produtor Júnior Araújo - bit.ly/JuniorVelorio Enfermeira é suspensa após publicar selfie durante cirurgia de Júnior Araújo - bit.ly/EnfermeiraSuspensa Empresária desabafa e pensa em fechar loja após assalto bit.ly/EmpresariaAssalto Homem invade loja e leva Hilux de empresário no Lourival Parente - bit.ly/HiluxLourival

REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 17


Foto: Thiago Amaral

Economia

A preço de ouro

A falta de chuvas elevou o preço do feijão e está fazendo com que os consumidores busquem alternativas para não tirar de vez o produto do cardápio diário. POR JORDANA CURY

O atual preço do feijão tem feito muita gente “reinventar” a culinária brasileira. A famosa mistura de “feijão com arroz” agora está, em média, 33,49% mais cara que há um mês. Isso sem falar no feijão carioca, o mais consumido no país, que sofreu inflação de 58,6% nos últimos 12 meses. Nas prateleiras dos supermercados, as etiquetas registravam o quilo da leguminosa por 18 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE

até R$ 8 em maio. Hoje, no Piauí, passa de R$ 12 e, dependendo do tipo, chega a R$ 15. Em algumas regiões do país, o valor está próximo dos R$ 20 — uma realidade que faz o consumidor pensar duas vezes antes de incluir o feijão na dieta diária.

mos substituir o feijão carioca pelo ‘sempre verde’, que está custando R$ 6,78”, conta o motorista Paulo Roberto Viana, que faz compras no supermercado mensalmente para a família. “Só vou comprar novamente o carioca quando baratear pelo menos um pouco”, completa.

“Levei um susto quando vi o preço do feijão carioca a R$ 12,40. Era o tipo que mais consumíamos em casa, principalmente porque o caldo é mais grosso. Mas, do jeito que está, é inviável. Por isso, resolve-

A empresária Tábata Mota também teve que se adaptar à alta extraordinária do feijão para manter a margem de lucro dos negócios. Ela fornece, diariamente, uma média de 160 quentinhas a R$ 7. Como tem


Enquanto os preços estão altos, Paulo Roberto substitui o feijão carioca pelo “sempre verde”.

A safra do feijão no Piauí

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a área destinada ao cultivo do feijão no país, na primeira safra deste ano, foi 9% menor que a anterior. A segunda safra, que está sendo

Foto: reprodução/agricultura.mt.gov.br

Porém, o “jeitinho” usado pela empresária não vai segurar os preços das quentinhas por muito tempo. “Eu comprava o quilo do feijão preto a R$ 4,50, no atacado. Agora está R$ 6. O quilo do feijão branco estava R$ 2,30; hoje, está R$ 4,50. É por isso que teremos que reajustar o valor das quentinhas para os próximos contratos. Não tem como segurar”, justifica.

Foto: Thiago Amaral

que cumprir os contratos firmados antes do aumento, não pode elevar o valor da refeição. “A alternativa que encontramos foi retirar, de vez, o feijão carioca do cardápio. Hoje, servimos o feijão branco de segunda a quinta-feira e na sexta-feira e no sábado, o feijão preto”, explica Tábata.

ÁREA PLANTADA DE FEIJÃO NOS CERRADOS Safra Área / Cerrado do Piauí

2011/2012 2012/2013 2013/2014 2014/2015 2015/2016 15,8 mil ha

27,5 mil ha

27,5 mil ha

9,0 mil ha

6,4 mil ha Fonte: Conab / PI

colhida, e a terceira, também serão menores. Além disso, os problemas climáticos farão a produção de feijão cair para cerca de 2,5 milhões de toneladas, quando o normal é acima das 3,5 milhões de toneladas. No Piauí, oitavo estado brasileiro onde mais se planta feijão, os tipos carioca e preto não são cultivados, devido ao clima. A produção local é apenas do tipo caupi. O presidente da Central Nacional de Abastecimento (Conab), Alysson Pêgo, destaca que a área plantada de feijão no Estado tem sido mantida acima dos 200 mil hectares nos últimos cinco anos, mas a produção varia ano a ano por causa do clima. Na safra 2015/2016, a previsão realizada em junho estima que sejam produzidas apenas 31 mil toneladas de feijão no Piauí — número 60% menor que a safra anterior, que somou 77,6 mil toneladas — e 68,53% menor que a previsão de janeiro, que era de 98,8 mil toneladas. Mas o problema não para por aí. A área destinada ao plantio de feijão no agronegócio está em declínio no Estado. O técnico de Pesquisas REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 19


Economia

Agropecuárias do IBGE, Pedro Andrade, acrescenta que a produção de feijão no Piauí é “eventual” — a chamada “safrinha”; o grão só é plantado após a colheita da soja, e pouco se planta feijão no agronegócio. “Os principais produtores são os pequenos, da agricultura familiar, que plantam feijão de janeiro a março, com as primeiras chuvas. Os grandes produtores só plantam a partir de março, depois da soja, que é um produto mais resistente, mais rentável e tem mercado certo”, justifica o técnico. Apesar da saca de feijão, que custa R$ 150, ter valor mais alto que a da soja (R$ 70), em um único hectare de terra é possível colher três mil quilos de soja, enquanto a produção de feijão nesse mesmo espaço só chega até 997 quilos. Esse é o motivo pelo qual, na terra da soja, falta feijão. Outro forte motivo é que a soja tem maior liquidez no mercado internacional e o feijão ainda apresenta um mercado incerto para os produtores.

OS “MEMES” DO FEIJÃO Vendido a “preço de ouro”, o feijão também tem sido alvo dos chamados “memes” nas redes sociais. Há até quem planejou brincadeiras usando o quilo de feijão como prêmio nas festas de São João.

O preço vai continuar alto Como o período de chuvas já se encerrou, a safra do feijão está praticamente definida e, portanto, não

Feijão x Soja Em área plantada

997kg

de de feijão plantado

Em reais

3 mil kg ha

de soja plantada

R$ 150

uma saca de feijão

(períodos normais)

20 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE

SACA

R$ 70

uma saca de soja

Fonte: Conab / PI

há possibilidade de recuperação. Segundo o presidente da Conab, pelo menos até a próxima safra, em 2017, os preços deverão se manter mais elevados que na média dos anos anteriores. “A não ser que se consiga importar um grande volu-


Na tentativa de regular o mercado e conter a alta exacerbada que atinge o preço daquele que é um dos principais componentes da culinária brasileira, o presidente em exercício Michel Temer (PMDB) anunciou, no final de junho, que vai aumentar a compra do feijão plantado nos demais países do Mercosul — Argentina, Paraguai e Bolívia. No entanto, por várias razões, a alternativa encontrada pelo governo não foi vista com bons olhos pelos economistas, principalmente porque o feijão carioca só é produzido no Brasil e corresponde a 60% da preferência de consumo no país. Além disso, para que a medida surtisse efeito, seriam necessárias ações complementares, como baixar o imposto do feijão comprado de ou-

Foto: Thiago Amaral

me do grão”, observa Pêgo. O técnico do IBGE também confirma essa realidade. “O que se podia fazer no Piauí era investir na agricultura irrigada, mas não há estrutura para um investimento como esse no Estado”, argumenta Pedro Andrade.

Economista acredita que a variação do preço do feijão vai depender do comportamento dos consumidores.

tros países, como México e China, para que os países do Mercosul, que já não pagam impostos de exportação para o Brasil, não majorem os preços diante da maior deman-

da. Mesmo antes da alta, o Brasil já importava feijão regularmente. São 150 mil toneladas por ano — o equivalente a apenas 15 dias de consumo interno do produto.

O CONSUMO DO FEIJÃO Estima-se que, por dia, cada pessoa consuma 182,9 gramas no país, principalmente na região Sudeste. E a produção brasileira de feijão já não era suficiente para a demanda. Antes da “crise” no preço, o país importava o suficiente para 15 dias de consumo interno.


Foto: Thiago Amaral

Economia

“As leguminosas não podem faltar no cardápio”, alerta a nutricionista.

Para o economista Valmir Falcão, o governo federal tem uma grande parcela de culpa na atual situação, por não implantar políticas prévias que facilitariam o cumprimento da demanda. “A falta de uma política de estocagem prejudicou a recuperação do produto para o consumo. O Brasil não se preparou para isso, e não tem como importar o mesmo volume que foi perdido, porque as perdas foram muito grandes”, avalia.

Reinventando o consumo O economista também acredita que a variação do preço do feijão no Brasil nos próximos meses vai depender do comportamento dos consumidores. “E essa é uma questão delicada, porque os itens que substituem o feijão, como a fava e a ervilha, também têm preços elevados”, pondera. Para o técnico do

IBGE, como consequência da alta, as pessoas se privarão de consumir algumas leguminosas. “Vamos nos reinventar no sentido do consumo”, defende. Como os personagens ouvidos na matéria, muitos consumidores já estão optando pelos tipos mais baratos de feijão. Em uma das maiores redes de supermercados do Piauí, o tradicional feijão carioca registra queda de mais de 20% no volume de vendas, dando oportunidade para o crescimento da procura por outros tipos, como o feijão preto, o serrinha e o branco fradinho, cujas vendas aumentaram em 15% no último mês. A nutricionista Layse Duarte garante que não existem diferenças significativas entre as variedades de feijão, mas alerta que é importante que as leguminosas sempre estejam presentes no cardápio. “O ideal é que, em pelo menos duas refeições do dia, geralmente almoço e jantar, você tenha alimentos de todos os grupos alimentares, entre eles o das leguminosas. Além do feijão, a lentilha, o grão-de-bico e a ervilha fazem parte desse grupo”, esclarece.

AS PROPRIEDADES NUTRICIONAIS DO FEIJÃO TIPO DE FEIJÃO

CALORIAS

PROTEÍNAS

FIBRAS

CÁLCIO

FERRO

POTÁSSIO

MAGNÉSIO

FÓSFORO

Feijão carioca

76 cal

4,8g

8,5g

27mg

1,3mg

255g

42mg

87mg

Feijão preto

77 cal

4,5g

8,4g

29mg

1,5mg

256g

40mg

88mg

22 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE


Política

Multiplicação de eleitores

Um levantamento da Justiça apontou que em cerca de 10% das cidades piauienses o número de eleitores é maior que o de habitantes.

POR UBIRACY SABÓIA

Em um levantamento realizado nos cinco primeiros meses deste ano, o Tribunal Regional Eleitoral do Piauí identificou uma estatística surreal: 29 municípios do Estado apresentaram o número de eleitores maior que o de habitantes. Algo absolutamente impensável e que só seria possível se uma mesma pessoa possuísse mais de um título eleitoral, o

que, obviamente, configura fraude. Apesar de estranha, a situação não representa novidade. O Piauí tem 2.382.664 eleitores e uma população de 3.024.028, de acordo com o TRE. No trabalho realizado pelo TRE para detectar a evolução do eleitorado do Piauí, alguns casos chamaram atenção, como o do município de São Félix do Piauí, localizado 174 quilômetros ao sul de Teresina. No local, o eleitorado supera a população em 1.074 pessoas,

o que corresponde a um percentual de 35,41% acima da população da cidade, que é de 2.920 habitantes. Em um eleitorado pequeno, uma diferença como essa pode decidir a eleição para prefeito ou até mesmo para a Câmara Municipal. Já em Bocaina, 329 quilômetros ao sul de Teresina, para uma população de 4.436 habitantes foram registrados 5.610 eleitores na Justiça Eleitoral, ou seja, 1.174 eleitores a mais que os moradores na cidade.

REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 23


Política

Foto: Wilson Filho

Até os municípios mais recentes, como Nazária, também estão na lista da curiosa contabilidade. Com uma população de apenas 8.336 habitantes, 9.356 eleitores foram registrados, 990 a mais que os moradores da cidade.

Transferência de domicílio A explicação para esse fenômeno está na transferência de domicílio eleitoral estimulada por alguns candidatos ou cabos eleitorais. Para assegurar a vitória na eleição, tornou-se costume atrair eleitores que moram em outras cidades e, no dia da eleição, viajam até o município onde o amigo ou parente é candidato, para reforçar sua votação. Para o advogado e professor de Direito Eleitoral Carlos Douglas Alves, a transferência é legal. “Agora, transferir títulos para aumentar o número de eleitores pode levar à revisão do eleitorado e, consequentemente, à reversão dos títulos”, disse. O advogado lembra que este fenômeno é muito comum em cidades consideradas pólos regionais, cercadas por municípios menores. Nesses casos, as pessoas costumam trabalhar nos centros maiores, mas permanecem morando nos municípios do entorno. Há ainda uma certa flexibilização, porque o conceito de domicílio eleitoral é relativo. Ele pode levar em conta o aspecto afetivo ou laboral. “Existem pessoas que decidem o domicílio eleitoral por uma questão afetiva”, como manter a 24 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE

Carlos Douglas - Não há ilegalidade nas transferências de domicílios eleitorais.

ligação com a cidade natal através do voto. Segundo ele, isso é muito comum. A eleição torna-se, assim, uma forma de as pessoas retornarem ao local de origem e visitarem os seus familiares. A única punição prevista é a reversão do título do eleitor, quando sua transferência anulada, no caso de a Justiça Eleitoral questionar a mudança. Quando isso acontece, pode ser arguida a fraude, de acordo com o código eleitoral, mas a punição é aplicada somente ao eleitor. O prazo para transferência de título ou alistamento eleitoral é de até 151 dias antes do pleito, em ano eleitoral. Quando não for ano

de eleição, o eleitor pode requerer transferência a qualquer tempo. O presidente do Tribunal Regional Eleitoral, desembargador Joaquim Santana, afirmou que é inevitável a ocorrência de casos de cidades no interior com número de eleitores superior ao de habitantes. “As pessoas se apresentam para o alistamento eleitoral com um documento e dizem que moram em um local; como não se está computando a população em um município pequeno, acontece a distorção e, para corrigir isso, só com a revisão, que acontece somente depois da eleição”, afirmou. A revisão no TRE está prevista para março de 2017 e no mês junho do


mesmo ano serão abertos os prazos para novos alistamentos. O presidente explica ainda que a Justiça só age quando o Ministério Público ou um partido político impugna as transferências. “Na revisão eleitoral é que se pode identificar alguma coisa”, justifica.

Ações O Procurador Regional Eleitoral Israel Gonçalves disse que, nesse momento, o TRE tem recebido uma grande quantidade de recursos sobre o alistamento e a transferência de eleitores. De acordo com ele, apenas em uma semana foram mais de quinhentos recursos sobre alistamento e transferência de eleitores. Somente após os julgamentos dos recursos será possível saber de forma definitiva a quantidade de eleitores de cada município, o que significa que esses números ainda podem mudar. Além disso, o procurador lembra que o TSE adota critérios bem elásticos sobre o domicílio eleitoral. Segundo a informação da PRE, se uma a pessoa tem uma casa, mas não mora no município; ou ainda, se tem um irmão, avô ou nasceu naquele município, pode votar lá. Não precisa morar para ser eleitor. Por isso, segundo ele, em tese, o fato de um município ter mais eleitores do que habitantes não configura fraude, necessariamente. A previsão é que o TRE conclua o julgamento desses recursos até agosto. Somente após essa fase, será possível ter um diagnóstico sobre a situação.

Município

População

Eleitorado

Relação População/Eleitor

AGRICOLÂNDIA

5.078

5.154

101,50%

ANGICAL DO PIAUI

6.692

6.894

103,02%

AROAZES

5.763

5.789

100,45%

AROEIRAS DO ITAIM

2.460

2.822

114,72%

BOCAINA

4.436

5.610

126,47%

COCAL DE TELHA

4.621

4.730

102,36%

COIVARAS

3.930

3.988

101,48%

CONCEIÇÃO DO CANINDÉ

4.536

4.716

103,97%

CURRAIS

4.845

4.918

101,51%

CURRALINHOS

4.337

4.393

101,29%

FRANCISCO AYRES

4.333

4.617

106,55%

GUARIBAS

4.478

4.893

109,27%

JATOBÁ DO PIAUÍ

4.767

5.211

109,31%

JERUMENHA

4.392

4.786

108,97%

JOÃO COSTA

2.965

3.042

102,60%

LAGOA DO PIAUÍ

3.975

4.052

101,94%

MIGUEL LEÃO

1.235

1.497

121,21%

NAZÁRIA

8.366

9.356

111,83%

NOVO SANTO ANTÔNIO

3.387

3.751

110,75%

PAQUETÁ

3.900

4.138

106,10%

PAU D’ARCO DO PIAUÍ

3.937

3.974

100,94%

PAVUSSÚ

3.637

3.844

105,69%

PEDRO LAURENTINO

2.481

2.704

108,99%

PRATA DO PIAUÍ

3.106

3.593

115,68%

SÃO FELIX DO PIAUÍ

2.920

3.954

135,41%

SÃO JOÃO DA CANABRAVA

4.523

5.239

115,83%

SÃO MIGUEL DA BAIXA GRANDE

2.409

2.556

106,10%

SEBASTIÃO BARROS

3.455

3.737

108,16%

VERA MENDES

3.025

3.471

114,74%

REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 25


Ponto de vista!

pontodevista@cidadeverde.com

Os deputados e senadores da bancada piauiense no Congresso Nacional decidiram que a conclusão do Porto de Luís Correia e a duplicação das BR’s 316 e 343 na região de Teresina são obras preferenciais nas emendas parlamentares ao Orçamento Geral da União para 2017. Os projetos foram incluídos na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) após reunião da bancada.

PT Estratégia

PSB

As duas maiores coligações de oposição ao prefeito Firmino Filho (PSDB) terão um ponto em comum na campanha eleitoral: forçar o turno extra. Os aliados dos pré-candidatos Dr. Pessoa (PSD) e Amadeu Campos (PTB) admitem que a tendência é o tucano Firmino Filho subir nas pesquisas, e a sobrevivência política da oposição passa por uma disputa num eventual segundo turno em Teresina.

O ex-governador Wilson Martins, presidente estadual do PSB, realiza encontro político de mobilização da sigla para as eleições municipais. O desejo de Wilson Martins é manter o PSB vivo na política piauiense a partir do resultado das urnas. O encontro do dia 11 de julho também prepara as lideranças do partido para as convenções que definirão alianças e candidaturas.

A ordem é fortalecer alianças Na semana que antecede o período das convenções, partidos concentram especial atenção ao necessário fortalecimento de coligações. Uma aliança mal conduzida define a sorte de candidatos majoritários e proporcionais. Em Teresina, o prefeito Firmino Filho (PSDB) confirma a previsão e forma a mais densa coalizão política para buscar a reeleição. Pela oposição, o petebista Amadeu Campos atraiu PT, PTC, PMN e PHS; já o pré-candidato Dr. Pessoa (PSD) acerta o passo com o PR, que indicará a cel. Júlia Beatriz para vice. 26 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE

O diretório da capital confirmou para o dia 16 o encontro municipal que indicará o vice do pré-candidato Amadeu Campos (PTB). O vereador Edilberto Borges (Dudu) teve destacada atuação na defesa da tese de aliança com o PTB.

Themístocles aproveita racha Sem acordo com a prefeita de Esperantina, Vilma Amorim (PT), o ex-prefeito Chico Antônio (PC do B) já conversa com o deputado estadual Themístocles Filho (PMDB) sobre aliança política para a eleição no município. Se o entendimento vingar, Chico Antônio indicará o vice na chapa do peemedebista Marllos Sampaio. A situação incomoda o deputado estadual Francisco Limma (PT) e o governador Wellington Dias, interessados na união de Vilma Amorim e Chico Antônio.

Foto: Wilson Filho

Prioridade

Foto: Raoni Barbosa

POR ELIVALDO BARBOSA


Foto: Raoni Barbosa

Não digeriu O ex-governador Zé Filho, presidente do PPS no Estado, ainda não aceitou a posição assumida pela sigla em Teresina, de apoiar a reeleição do prefeito Firmino Filho. Se dependesse de Zé Filho, o PPS indicaria o vice de Dr. Pessoa (PSD). Até mesmo a filiação da tenente-coronel Júlia Beatriz ao PPS chegou a ser articulada. A relação política de Zé Filho com dirigentes do partido em Teresina não é das melhores.

Fotos: Wilson Filho

Cargos federais O deputado federal Rodrigo Martins (PSB) usou o critério da substituição direta para escolher os cargos federais que pretende ocupar no estado. O parlamentar escolheu Chesf, Ministério do Desenvolvimento Agrário e Previdência Social, postos sob a influência do deputado petista Assis Carvalho.

Bom Jesus Mudança Se o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff for confirmado pelo Senado Federal em agosto, o deputado Assis Carvalho (PT) deixará a coordenação da bancada do Piauí no Congresso. Átila Lira (PSB) é o nome mais lembrado para assumir o posto.

Aconteceu

Após o fracasso no esforço de unir PSDB e PT, aliança que venceu a eleição em 2012 em Bom Jesus, sul do Piauí, o prefeito Marcos Elvas (PSDB) encontrou um novo aliado para a reeleição. O PSD apresentou Cledja Benvindo como pré-candidata a vice-prefeita. Já o PT tenta unir a oposição no município.

Melhor desempenho

Em 2004, Francisco das Chagas, o Quem-Quem, foi candidato a prefeito de Teresina pelo PRONA. Ficou em terceiro lugar com desempenho surpreendente. Depois disputou vaga na Assembleia Legislativa pelo PMDB e não conseguiu repetir o sucesso de 2004. Este ano, Quem-Quem volta à cena política como candidato à prefeitura de Teresina pelo PTN. Foto: Thiago Amaral

REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 27


Economia

Inadimplência em alta

Estudo recente da Serasa Experian mostra que o número de empresas inadimplentes é crescente no país. A pesquisa também revela que o Piauí é um dos estados com mais empresas nesta situação. POR MARTA ALENCAR

Devido à crise econômica instaurada no país, diversos segmentos do mercado estão enfrentando dificuldades e problemas finan28 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE

ceiros. Com produtos em estoque, vendas baixas e elevados custos operacionais, muitos empresários piauienses estão tendo que reorganizar suas companhias, enquanto outros se tornam inadimplentes por não pagarem

os tributos devidos, os credores e os próprios funcionários em dia. Segundo levantamento da Serasa Experian, 4,4 milhões de companhias estão com dívidas em atraso, o que representa mais da


Foto: Wilson Filho

“Fernando Galvão: muitas empresas não se prepararam para a crise”.

metade das cerca de 8 milhões de empresas em operação no país. O Sudeste é a região que concentra a maioria dos endividados, che-

gando a 51% das empresas. Mas a quantidade de inadimplentes tem crescido principalmente nas regiões Norte e Nordeste. Na comparação entre março deste ano e o mesmo período do ano passado, o número de inadimplentes cresceu 17,9% no Acre. Na sequência, aparecem Bahia, com aumento

Empresas em crise De acordo com dados da Junta Comercial do Estado do Piauí (Jucepi), de janeiro a junho de 2016 foram abertas 8.156 empresas e outras 1.875 foram fechadas. No mesmo período de 2015, foram extintas 1.228 empresas

de 15,9%; Ceará (15,7%); Piauí (15%); Maranhão (14,4%); e Sergipe (13,9%). O levantamento aponta ainda que, do total de companhias inadimplentes, 45,2% são comerciais (lojas de vestuário, concessionárias, lojas de eletrônicos, entre outros), 45% são do segmento de serviços (bar, restaurante, salões de beleza, turismo, entre outros) e 8,9% são indústrias. De acordo com o economista Fernando Galvão, muitas empresas estão nesta situação porque não se prepararam para a recessão econômica. “Durante o período de crescimento econômico, muitas empresas lucraram no país. Mas, após esse período, houve um ciclo de recessão econômica. E muitas empresas enfrentaram queda nos lucros por não estarem preparadas. É por isso que há uma tendência, de REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 29


fato, da inadimplência por parte das companhias”, explica. Segundo o especialista, as inadimplentes devem a bancos, passam cheques sem fundo, têm títulos protestados ou enfrentam ações judiciais porque não pagaram a fornecedores e funcionários. “O aumento da inadimplên-

cia pode ocorrer por vários fatores. Mas podemos agrupá-los em dois: com o aumento dos juros, mais restrições para obter crédito e queda nas vendas, essas empresas enfrentam dificuldades para manter as contas em dia. Mas existem outras variáveis que estão mais ligadas à gestão organizacional”, acrescenta.

Foto: Wilson Filho

Economia

Setores inadimplentes 45,2%

Readaptação econômica Comércio

45% 8,9%

Serviços

0,6% Primário

Indústria

0,1%

0,1%

Terceiro

Financeiro

Fonte: Serasa Experian.

30 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE

8,9%

Para fugir da crise e da inadimplência, o empresário João Batista Cronemberger, que trabalha com a produção e a comercialização de doces, teve que demitir dois funcionários, reduzir gastos e até mesmo criar novas estratégias em sua empresa. “Estou enfrentando várias dificuldades financeiras. Tenho comprado pouco para não fazer muito volume de produtos, porque as vendas caíram. É por isso que estou cortando alguns gastos. Além disso, concentro a produção somente durante a semana, por causa dos custos com


dutivos, gastos desnecessários e fazerem reavaliações. Sobretudo, as empresas devem encarar a crise também como oportunidade para mudar as estratégias”, ressalta.

Cronemberger acrescenta que, desde o ano passado até o momento, já perdeu mais de 10% de sua clientela.

Galvão aconselha que as empresas piauienses adotem uma postura conservadora, além de prepararem o caixa para o período de recessão. “A organização deve buscar principalmente conhecer a fundo o mercado em que atua, pois os riscos sempre irão existir. Ela precisa trabalhar a minimização desses riscos. Além de conhecer muito bem quem são os seus parceiros; os custos operacionais; e desenvolver bem as suas atividades para, assim, obter receitas maiores que os gastos. Por exemplo, a companhia precisa manterse quite com os governos federal, municipal e estadual, em relação aos impostos.”

De acordo com o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Piauí (FCDL -PI), Sávio Normando, a crise econômica tem feito as empresas se readaptarem. “É claro que estamos em um momento de readaptação econômica, em que as empresas devem retomar as atividades. E sempre costumo dizer que a maior crise que existe nas organizações é a interna. Acredito que é o momento para as empresas olharem para si e aprenderem a controlar hábitos impro-

Mas ele também conclui que as organizações devem ter uma boa gestão de pessoas, de estoque e de fluxo de caixa. “A companhia precisa ter ativos de valores e ter uma boa política de marketing, de logística e de controle de custos. São essas medidas que ela deve ter para funcionar bem. Independentemente do contexto, seja para vender, comprar, fechar, ela estará nas condições ideais e adequadas para escolher qual desses três caminhos seguir.

João Batista Cronemberger reduziu gastos para poder arcar com os custos da empresa.

É o momento para as empresas olharem para si e aprenderem a controlar hábitos improdutivos. água, energia e mão de obra. E fiz também uma reorganização interna desde novembro”, afirma.

REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 31


Economia & Negócios POR JORDANA CURY

jordanacury@cidadeverde.com

Detentas produtivas Representantes de uma empresa privada de Teresina estão articulando, junto ao governo, a instalação de uma linha de produção de roupas dentro da Penitenciária Feminina, criando uma oportunidade de trabalho para as detentas e favorecendo o processo de ressocialização, além de facilitar o ingresso no mercado de trabalho após o cumprimento da pena. Paralelamente, há um projeto que visa capacitá-las, com cursos de corte e costura ministrados pelo Senac.

13º dos aposentados O governo federal confirmou que a primeira parcela do 13º dos aposentados e pensionistas do INSS será paga a partir do dia 23 de agosto. Desde 2006, a primeira parcela do direito trabalhista para aposentados e pensionistas do INSS é antecipada para a folha de agosto, mas, no ano passado, justificado pela crise econômica, o pagamento foi feito em setembro. O pagamento da segunda parcela está previsto para começar no dia 24 de novembro.

Refis prorrogado O governo prorrogou até o dia 29 de julho o prazo para que os contribuintes do Estado renegociem seus débitos referentes a ICMS, IPVA, ITCMD e taxas do Detran. A oportunidade busca facilitar o pagamento da dívida. No caso do ICMS, o desconto chega a 100% nos juros e multas se o pagamento for em cota única. As condições de parcelamento variam de acordo com o tipo de dívida. 32 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE

Reajuste polêmico O presidente interino Michel Temer (PMDB) reajustou em 12,5% o valor destinado ao Programa Bolsa Família. O aumento é maior do que os 9% anunciados por Dilma Rousseff (PT) em maio, e também superior à inflação, que fechou o ano passado em 10,67%. Com o reajuste, o valor médio do benefício pago a 13,8 milhões de famílias brasileiras passa de R$ 162 para R$ 182. O impacto nas contas públicas vai passar dos R$ 3 bilhões ao ano, num momento em que a meta fiscal de 2016 foi refeita com um rombo de mais de R$ 170 bilhões. O governo também vai alterar os parâmetros da linha da pobreza extrema, de R$ 77 para R$ 85 por pessoa; e da pobreza, de R$ 154 para R$ 170.


Tarifa dos Correios Está mais caro utilizar os serviços dos Correios. As tarifas sofreram reajuste de 10,64%, seis meses após o último aumento. Com isso, os Correios deverão arrecadar R$ 60 milhões a mais por mês. O porte da carta não comercial, por exemplo, passou de R$ 1,05 para R$ 1,15.

Novo piso Triste realidade Entre março e maio deste ano, 11,4 milhões de brasileiros estavam desempregados. O número supera o mesmo período do ano passado em 3,3 milhões. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, divulgada pelo IBGE, e refletem também a queda de 1,2 milhão no total de pessoas ocupadas. O rendimento médio de todos os trabalhos (R$ 1.982) caiu 2,7% em relação ao mesmo trimestre de 2015, escancarando os efeitos da crise econômica no país.

R$ 981,79. Esse é o novo piso salarial dos comerciários, a ser pago nos anos de 2016 e 2017. Quem recebe acima desse valor deve ter reajuste de 9,82% sobre o salário vigente em junho de 2015. O mesmo percentual foi aplicado sobre os tíquetes de alimentação e os domingos trabalhados. Com o aumento, cada domingo trabalhado custa R$ 45,57.

Tendência ao empreendedorismo Você sabia que a facilidade de empreender pode ser uma questão genética? É o que mostra uma recente pesquisa realizada pela Universidade de Princenton, nos Estados Unidos. Nos testes, os camundongos que tinham o gene Nr2b duplicado acharam mais facilmente a saída do labirinto do que os animais que não o tinham. Segundo os pesquisadores, mais de 3% da população mundial tem esse gene desenvolvido.

Nome sujo O Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) já contabiliza 59,25 milhões de consumidores com o CPF negativado. De acordo com a estatística do órgão, 39,91% da população brasileira com idade entre 18 e 95 anos estão inadimplentes e com o nome registrado em serviços de proteção ao crédito. Entre os adultos de 30 a 39 anos, a proporção chega a 50,32%. Com o nome negativado, o consumidor fica impedido de fazer financiamentos, realizar compras no carnê ou contrair qualquer outro tipo de crédito. O total de créditos vencidos no comércio foi a R$ 2,16 bilhões no primeiro trimestre, avanço de 22% sobre o mesmo período do ano anterior. REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 33


Comportamento

Fábrica de

celebridades As redes sociais criaram uma nova categoria de famosos. São pessoas que conseguem milhões de seguidores com suas postagens sobre diferentes assuntos e fazem disso uma profissão.

POR MARTA ALENCAR

Com apenas sete anos de idade, Francisco Guilherme Campos Cavalcante, mais conhecido como Guiguiba, tem quase meio milhão de seguidores no Instagram, quarenta mil curtidas na Fanpage e oito mil inscritos em seu canal no Youtube. Apesar da pouca idade, ele é conhecido nacionalmente e faz várias participações em shows e eventos pelo país. A carreira artística de Guiguiba começou aos cinco anos de idade, quando cantava músicas de forró e sertanejas. Ao observar o talento do filho, Acelina Coelho Campos decidiu criar um perfil no Instagram. De34 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE

pois disso, o sucesso de Guiguiba na internet foi inevitável. “Me espelho no meu parceiro Thiago Brava (cantor sertanejo). Mas, quando comecei, ouvia muito a banda Xenhenhem”, disse Guiguiba. O menino, que tem seguidores em vários estados brasileiros, é acompanhado de perto por seus pais e por uma assessoria de imprensa. E, mesmo tendo vários amigos famosos, como Thiago Brava e Lucas Foresti (piloto de Stock Car), Guiguiba reconhece que também precisa dedicar tempo aos estudos e às brincadeiras. “A galera curte meu carisma e o meu jeito brincalhão”, acrescenta. Assim como Guiguiba, Gabriela Feitosa Pinho (Gabi Pinho) é reconhecida por ser uma digital influencer (influenciadora

digital) no Piauí. A jovem de 22 anos é graduada em Enfermagem e produz postagens focadas em moda, beleza e estilo de vida. “Tudo começou de maneira despretensiosa, postava por gostar de tirar fotos, de me vestir bem, e para dar dicas de saúde e beleza. Acompanhava muito os blogs de moda, mas jamais me imaginei como blogueira. Mas como sempre gostei de ‘ter o meu’, comecei a trabalhar muito nova (15 anos) como modelo e a partir daí fui assumindo compromissos cada vez maiores e que realmente despertaram a minha paixão por ser uma blogueira”, conta. Inspirada nos trabalhos de Camila Coutinho (Garotas Estúpidas), Thássia Naves (Blog da Thássia) e Camila Coelho (Super Vaidosa), Gabi decidiu lançar postagens


E hoje, com quase 75 mil seguidores no Instagram, cinco mil amigos no Facebook e mais de dois mil inscritos em seu canal

no Youtube, a blogueira montou a própria empresa, com o seu nome “Gabi Pinho”. Além disso, a jovem conta com uma equipe de assessoria de comunicação, fotógrafo e produtores de moda, entre outros profissionais.

Multiplicadores digitais O mestre em Comunicação e analista de negócios Pedro Alexandre

Foto: Wilson Filho

mais conceituais, diferenciadas e segmentadas. “Sempre admirei quem trabalha duro com isso, porque é um meio cheio de preconceitos. E, aqui no Brasil, muitas meninas conseguiram ganhar reconhecimento com a profissão”, afirma. Preocupada em postar conteúdos de qualidade para os seus seguidores, ela conta que faz três divulgações por dia no Instagram e, em outras redes, como Snapchat e Youtube, produz vídeos diários. “Sempre prezei muito por meus seguidores. Gosto de responder todo mundo diariamente e ainda realizo ‘encontrinhos’ para conhecer pelo menos alguns de perto”.

O carisma de Guiguiba conquistou o cenário nacional.

REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 35


Comportamento

Foto: Ascom

Cabral explica o fenômeno das novas “personalidades” do mundo digital. Para ele, os influenciadores digitais se transformaram em um novo segmento dentro das mídias digitais (Blogs, Twitter, Facebook ou Fanpage, Instagram, Youtube, entre outras) e têm como base a relevância em determinadas áreas. “São pessoas que utilizam as redes sociais ou até mesmo outros veículos para criar um conceito de identificação ou uma nova audiência. Por exemplo, uma pessoa que tem como hobby a fotografia pode criar um blog despretensiosamente, e ele pode acabar se tornando referência no ramo”, explicou. Segundo o especialista, o termo digital influencer surgiu nos Es-

Foto: Beto Moraes

No Piauí, Gabi Pinho é uma das maiores influenciadoras de moda e estilo nas redes sociais.

O humorista piauiense Whindersson Nunes tem 9,5 milhões de seguidores no Youtube. 36 | 12 DE JUNHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE

tados Unidos e vem sendo utilizado no Brasil nos últimos cinco anos. “Hoje, muitas pessoas estão se dedicando exclusivamente a essa questão de gerar conteúdos nas redes sociais. Temos um caso emblemático que é o do piauiense Whindersson Nunes, que criou um canal no Youtube onde posta vídeos de humor, e faz muito sucesso por conta disso”, falou. Ele ainda ressalta algumas qualidades dos influenciadores digitais, como domínio em temas específicos, além de um processo de identificação com o público.

Estudante de Engenharia Civil, Fernanda Aguiar tem apenas 19 anos e é uma referência nas redes sociais. A jovem tem mais de 75 mil seguidores no Instagram e mais de 4,5 mil visualizações no Snapchat. Segundo ela, os perfis nas redes sociais chamaram atenção depois de ter ganho um campeonato de fisiculturismo. “As meninas começaram a ter curiosidades sobre o que eu fazia com o meu corpo, principalmente em relação à alimentação, aos cuidados estéticos, etc. Foi então que comecei a criar conteúdos e dicas para elas. E, com o tempo, o número de


Com relação às dicas de alimentação, estética e outros cuidados com o corpo, incluindo exercícios físicos, Fernanda afirma que sempre conversa com especialistas para poder divulgar assuntos de credibilidade. “Falo na minha linguagem, mas com o embasamento de um profissional. Por exemplo, quando faço algum procedimento novo, converso sempre com um especialista e ele me explica tudo”. Professor de informática para concursos públicos há 18 anos, Márcio Lima resolveu inovar no cenário educacional do Estado. Com o intuito de ampliar o ensino fora da sala de aula, ele decidiu investir nas redes sociais para ficar mais próximo dos seus alunos. “Observei que apenas ministrar conteúdo em sala de aula não criava aquele engajamento nos alunos, então parti para as redes sociais para levar motivação e, principalmente, conteúdos da área de concursos. Isso fez com que eu crescesse mais e conseguisse vários seguidores”, disse.

Foto: Thiago Amaral

seguidores foi só aumentando”.

As dicas de estética da fisioculturista Fernanda Aguiar atraíram milhares de seguidores.

Outro diferencial nas postagens do professor é o tom humorístico. “Os posts humorísticos e ‘memes’ adaptados para a área de concursos aumentaram o número de seguidores. Muitos deles nem são concurseiros e nem alunos.” Lima afirma que não teve a intenção de

ser um influenciador digital, mas de transformar vidas através do conhecimento. “Quero influenciar cada vez mais pessoas para a educação. Meu objetivo é transformar vidas e não tenho intuito de parar tão cedo essa transformação”, finaliza.

Glossário Digital Blog - É uma das ferramentas de comunicação mais populares da internet. A pessoa que administra o blog é chamada de blogueiro (a). Digital Influencer - São pessoas que utilizam as redes sociais ou até mesmo outros veículos para criar um conceito de identificação ou formar opinião. FanPage - É uma página específica dentro do Facebook, direcionada para empresas, marcas, produtos, organizações e personalidades, entre outras finalidades. Meme - A definição de meme na internet é simples: trata-se de uma imagem, vídeo ou frase bem-humorada que se espalha na internet como um vírus. Networking - Network ou Networking é um termo em inglês que significa rede de relacionamentos ou rede de contatos. Post ou Postagem - É o conteúdo publicado em uma rede social, seja através de texto, imagem ou vídeo.

O professor Márcio Lima tem mais de 22 mil curtidas só no Facebook.

Youtubers - Geração de jovens que gostam de se comunicar através de vídeos na internet, seja para falar de música, para mostrar como se joga um game, para ensinar uma receita ou fazer um tutorial de maquiagem. Foto: Wilson Filho

REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 37


38 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE


REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 39


Política

O que nós ganhamos com a Copa do Mundo Mesmo sem ter sediado jogo algum, o Piauí vai ser contemplado com uma obra do legado da Copa. POR UBIRACY SABÓIA

nak. “O Piauí será prioritário no recebimento de um de Centro de Treinamento do Legado”, afirmou Feldman depois da reunião.

O Projeto foi apresentado ao governador do Piauí, Wellington Dias, pelo secretário-geral da Confederação Brasileira de Futebol, Walter Feldman, durante uma reunião no Palácio de Kar-

Ele explicou que o Brasil recebeu, por sediar a Copa do Mundo, uma bonificação de 100 milhões de dólares da Federação Internacional de Futebol (FIFA). Este montante é uma compensação Foto: Ricardo Stuckert/ CBF

A Copa do Mundo de 2014 pode não trazer boas lembranças para o futebol brasileiro, mas o evento deixou um legado financeiro de 100 milhões de dólares para o Brasil. Este recurso, que corresponde a R$ 342 milhões, será aplicado na implantação de um

projeto de resgate do futebol e de melhoria da vida social, batizado de Projeto do Legado da Copa.

40 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE


Foto: Wilson Filho

O projeto Centro do Legado foi apresentando ao governador Wellington Dias em audiência no Karnak.

Segundo Feldman, CBF e FIFA devem negociar a liberação do dinheiro ainda este mês, e o Piauí terá prioridade no repasse de recursos para a construção do centro de treinamento. O primeiro centro de treinamento do Legado foi construído no Pará, ainda no ano passado. Cada centro deverá custar em torno de R$ 14,5 milhões, com uma área de 3 hectares, e deverá priorizar a questão social e o esporte, como o futebol feminino, o futebol de base e, ainda, “incorporar a comunidade no modelo de gestão do futebol, que será um alavanca para a mudança da cidadania”. Os recursos serão aplicados na compra do terreno, que em Teresina, segundo Cesarino Oliveira, presidente da Federação de Futebol do Piauí, poderá ser na área da Pedra Mole, zona leste da capital.

O Centro Esportivo foi reivindicado à CBF, levando em conta o artigo 29 da Lei Geral da Copa, que tratou da destinação do saldo dos recursos arrecadados nos eventos da Copa para a construção de centros de treinamentos de atletas de futebol em cidades que não foram beneficiadas com obras do Mundial de Futebol.

Os Estados que não sediaram a Copa vão receber compensações.

Para Feldman, a luta é para conseguir viabilizar o funcionamento dos centros nos estados. “Vamos buscar parcerias para fazer o projeto funcionar”, frisou. A expectativa é que em dezembro deste ano estes projetos já estejam em execução. “Só depende da FIFA liberar os recursos”, disse secretário.

Foto: Wilson Filho

para ser distribuída às quinze capitais brasileiras que não foram contempladas com a condição de “cidade sede do mundial”.

Walter Feldman

REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 41


CineasSantos

Chão Batido

chaobatido@cidadeverde.com

Vana Verba

*

E

m 1976, a palavra ecologia era pouco menos que um palavrão. Por minha conta e risco, convidei um grupo de artista e fizemos um show no Theatro 4 de Setembro, “Cenas piauienses: o Rio”. À época, já me inquietava — e muito — a “saúde” do Parnaíba. Para dar mais credibilidade ao protesto, convidamos dois biólogos recém-chegados ao Piauí — Dumbra (de saudosa memória) e Waldemar Rodrigues. A maior gentileza que a imprensa nos concedeu foi tratar-nos como “inconsequentes e irresponsáveis”. Explica-se: o faraó que governava o Piauí tinha uma ideia fixa: “restaurar a navegabilidade do Parnaíba”. O resultado todo mundo conhece. O que a laboriosa imprensa local nunca revelou foi o custo da construção do malsinado “Navio do Sal” e o seu destino após o fiasco da aventura. Em 1980, nova empreitada: convidei um grupo de artistas e, na Praça Pedro 2º, lançamos o Primeiro Manifesto Ecológico do Piauí. Escrevi o texto em versos heptassílabos (um cordelzinho). Numa das estrofes, afirmo: O verde de Teresina / em cinza se transformou: / é a cidade menina se despindo sem pudor; / é o “progresso” chegando / pela mão do corretor. Por dizer tais “heresias”,

42 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE

fui agraciado com o título de “ecobobo”. No primeiro mandato do economista Firmino Filho, chamei-lhe a atenção para a situação das árvores da capital. Ele prometeu “tomar as

Que a mutilação do angico sirva para despertar um mínimo de consciência ecológica nos teresinenses. medidas cabíveis”. Dez anos depois, voltou à Prefeitura de Teresina e o estado das árvores estava bem pior. Na Praça João Luís Ferreira, as figueiras seculares foram derrotadas por parasitas (erva-de-passarinho) e cupins, pragas que afetam árvores de praças, avenidas e quintais da capital. Ao longo de todos esses anos, nunca deixei de tratar da questão, inclusive na TV, onde fiz várias matérias sobre as árvores da ci-

dade. Vana verba. Confesso que, às vezes, me sinto meio pateta ao falar de coisas que, aparentemente, só inquietam a mim ou só dizem respeito a mim. Novas avenidas, alargamento de ruas, terminais de ônibus, e o verde minguante minguando, minguando... Por que estou falando disso agora? Por causa da quizumba que se fez em torno do angico branco decepado no cruzamento das avenidas Nossa Senhora de Fátima com Jóquei Clube. Ora, aquele angico estava “marcado para morrer” havia muito tempo. Quando afirmei isso na TV, ninguém deu a mínima importância. De repente, a árvore tornou-se “símbolo” de uma causa perdida: a preservação do verde de Teresina. Sem querer ser desrespeitoso com os que foram “abraçar” a árvore ameaçada, houve muito de teatro na manifestação. Em toda parte da cidade, inclusive nos quintais de alguns dos manifestantes, provavelmente velhas mangueiras estão apodrecendo sem que ninguém levante a voz. Que a mutilação do angico sirva para despertar um mínimo de consciência ecológica nos teresinenses. Assim seja. *Palavras vãs


r

ulhe

ing dop tes o : 88 che l 19 s man u e S ha a gan

47

,m fim : en io 6 9 ód 19 nta no p Atla sileira bra

49

m

Últi

a

mad

a a ch

Zé Maria: do Piauí para a seleção 45

POR FÁBIO LIMA

Ele deixou sua cidade aos cinco anos de idade, com a mãe e os nove irmãos. Caçula da família, já órfão de pai, foi embora para São Paulo (SP) no final dos anos 1970. Poderia ser a história de mais um piauiense em busca de dias melhores. Mas José Marcelo Ferreira tinha um destino maior: ser Zé Maria, o primeiro jogador de sua terra campeão com a seleção brasileira. E o primeiro nascido no Piauí a conquistar uma medalha olímpica. Tudo na vida de Zé Maria aconteceu muito rápido. A começar pelo nascimento prematuro, no sétimo mês de gestação, na cidade de Oeiras. Depois de se mudar para São Paulo, ele e os amigos que jogavam bola perto de uma estação de metrô no bairro

Brás, na capital paulista, decidiram fazer teste na Portuguesa. Eram sete. Após vários dias, sobrou apenas um. Aos 11 anos, o garoto piauiense começava a carreira no clube. Aos 17, o lateral já era titular do time principal, e o sonho de ser engenheiro ficou para trás. Aos 19, virou pai. A história com a camisa da seleção brasileira também começou cedo. Aos 22 anos, o piauiense, que já havia sido eleito o melhor lateral do Campeonato Brasileiro, foi convocado pela primeira vez para um amistoso com a Colômbia. Foi em Manaus (AM), em dezembro de 1995. O Brasil venceu por 3 a 1, e Zé Maria nem entrou em campo. Mas aquele foi o pontapé de uma história de 46 jogos e dois gols vestindo a amarelinha, com direito a títulos da Copa América e da Copa das Confedera-

Foto: arquivo Severino Filho (Buim)

Primeiro piauiense a conquistar medalha olímpica fez sucesso na Itália e hoje é treinador de futebol no Quênia.

ções, além da medalha de bronze nas Olimpíadas de Atlanta, nos Estados Unidos. Nos Jogos Olímpicos de 1996, o time comandado por Mário Jorge Lobo Zagallo tinha nomes que foram REVISTA CIDADE VERDE | 10OLIMPÍADAS DE JULHO, 2016 ESPECIAL | 43 | 43


Especial Olimpíadas ou viriam a ser campeões mundiais: Dida, Aldair, Bebeto, Rivaldo, Roberto Carlos, Ronaldo (que ainda ganharia o apelido de Fenômeno). E Zé Maria, titular ao lado de todos eles. Na campanha olímpica, cuja primeira fase foi disputada em Miami, uma estreia amarga com a derrota por 1 a 0 para o Japão. A recuperação veio com vitórias por 3 a 1 contra a Hungria e 1 a 0 sobre a Nigéria. A seleção avançou no torneio com a vitória por 4 a 2 sobre Gana, nas quartas-de-final, após estar perdendo por 2 a 1. Nas semifinais, em Athenas, uma partida que muitos ainda tentam esquecer: o Brasil vencia por 3 a 1; Dida defendeu um pênalti, mas mesmo assim a seleção foi superada pela Nigéria. No fim do jogo, Zé Maria ainda tentou tirar, em cima da linha, a bola chutada por Kanu, mas não conseguiu: 3 a 3. Na prorrogação, valeu uma regra hoje extinta: o “gol de ouro” de Kanu encerrou a partida. Minutos antes, Zé Maria havia tentado um chute de fora da área e a bola passou perto da trave. Não era o dia. Abatida, a seleção voltou a campo no dia 2 de agosto contra Portugal. Depois de tabelar com Bebeto, Zé Maria entrou na grande área e deu o passe para Flávio Conceição marcar o segundo gol da vitória por 5 a 0, que garantiu o bronze. Os africanos decidiram o título com a Argentina e ficaram com o ouro após vitória por 3 a 2. Dois meses após o que foi considerado um desastre para o futebol brasileiro, Zé Maria teve a chance de visitar sua terra. Convocado para o 44 | ESPECIAL OLIMPÍADAS

amistoso da seleção com a Lituânia, foi titular no jogo disputado no estádio Albertão, em Teresina. Ronaldo marcou os gols da vitória por 3 a 1. O ano de 1996 seguiu repleto de momentos importantes para a carreira de Zé Maria. Antes da Olimpíada, já havia sido campeão no Rio de Janeiro com o Flamengo. Recebeu propostas de Real Madrid e Barcelona, mas recusou — algo hoje impensável. Na época, o futebol italiano era mais sedutor. E assim o lateral chegou ao Parma para a pri-

FICHA TÉCNICA José Marcelo Ferreira (ZÉ MARIA) Nascimento: 25/07/1973 - 42 anos Cidade: Oeiras (PI) Esporte: Futebol (lateral direito) Olimpíadas: Atlanta 1996 – Prata Títulos • Torneio pré-olímpico -1996 • Campeonato Carioca (Flamengo) -1996 • Copa América -1997 • Copa das Confederações -1997 • Rio-São Paulo (Vasco) -1999 • Copa do Brasil (Cruzeiro) -2000 • Campeonato Italiano (Inter) -2005/2006

Principais Clubes • Portuguesa (SP) - 1989 a 1992 e 2008 • Sergipe (SE) – 1993 • Ponte Preta (SP) – 1994 • Flamengo (RJ) – 1995 • Parma (Itália) - 1996 a 1998 • Vasco/Cruzeiro/Palmeiras - 1999 a 2000 • Perugia (Itália) - 2000 a 2004 • Levante (Espanha) - 2006 a 2007

meira de duas temporadas no clube. Em 1997, o jogador integrou o time que foi campeão da Copa das Confederações. Pronto para disputar sua primeira Copa do Mundo, concorrendo na lateral direita com Cafu, o piauiense ficou de fora da convocação de 1998. Meses antes do mundial, sentiu dores no púbis e parou de jogar por quatro meses. A carreira chegou a estar ameaçada, mas o tratamento surtiu efeito. Passada a frustração, Zé Maria voltou a jogar defendendo o Perugia, seu último clube antes de retornar ao Brasil, onde passou por Vasco, Palmeiras e Cruzeiro. Mas seu destino era mesmo a Europa. Bem adaptado ao Perugia, voltou ao clube e jogou mais quatro temporadas antes de ser contratado pelo Inter de Milão, onde finalmente foi campeão italiano. Em 2008, o jogador tentou um retorno às origens e fechou com a Portuguesa. A passagem sem sucesso o levou a pensar no futuro. Zé Maria pendurou as chuteiras. Casado, pai de três filhos, voltou com a família para a Itália, onde montou escolinhas de futebol. Depois estudou para ser treinador. Começou em clubes locais, como o Cittá Di Castello, da Série D, e o Catanzaro, da Série C italiana na época. No ano passado, passou pelo Ceăhlaul Piatra Neamţ, da Romênia. Em março de 2016, Zé Maria virou técnico do GOR Mahia FC, clube do Quênia, onde permanece até hoje.


Seul 1988: o doping ganha as manchetes

Entre heróis de ouro, prata e bronze, o doping também foi notícia e ganhou mega destaque com o caso Ben Johnson. POR SEVERINO FILHO

Quando o atleta canadense Ben Johnson venceu os 100 metros rasos, com o inacreditável tempo de 9s79, então a melhor marca da história nessa modalidade, o mundo esportivo acreditou estar diante de um novo fenômeno do atletismo, capaz de superar o, imaginava-se, imbatível norte-americano Carl Lewis. Mas bastou o primeiro exame antidoping para a farsa se revelar e, na contraprova, estabelecer a verdade dos fatos. Ben Johnson fizera uso de anabolizantes, sem os quais, segundo seu próprio treinador, “não teria chances de vencer”. O caso ganhou o noticiário internacional e a repercussão foi tão grande que, em algumas ocasiões, embaçava as informações sobre os heróis olímpicos que surgiam a cada dia de prova. O fato custou caro a Ben Johnson, que perdeu a medalha, entregue a Carl

Com Aurélio Miguel, nosso judô ganha seu primeiro ouro olímpico.

Depois de ultrapassado, Cruz (à direita) ganha a prata.

Lewis, atleta com o segundo melhor tempo, que tornou-se, assim, bicampeão olímpico dos 100m. Johnson também teve sua medalha do Mundial de Atletismo de 1987 cassada pela Federação Internacional de Atletismo, que ainda aplicou-lhe suspensão por dois anos. A velocista americana Florence Griffith-Joyner também chamou atenção pelo físico cheio de músculos, a cabeleira esvoaçante e o talento, que lhe valeram três medalhas de ouro (100m, 200m e revezamento 4x100m) e uma de prata (revezamento 4x400m). Seu nome esteve entre os suspeitos de doping, mas nada ficou provado. Todavia, no ano seguinte, quando a Federação Internacional de Atletismo anunciou que faria o exame em todas as provas, ela retirou-se das pistas,

deixando uma grande suspeita sobre suas conquistas anteriores. Para o esporte brasileiro, um único ouro — o do judoca Aurélio Miguel. Mas um ouro histórico: o judô brasileiro tornava-se campeão olímpico pela primeira vez. No atletismo, Joaquim Cruz foi prata nos 800 metros, mesma medalha do futebol. Mais três medalhas — de bronze — seriam conquistadas no atletismo (Robson Caetano, 200m) e na vela (Torben Grael e Nelson Falcão, na classe Star, e Clínio Freitas e Lars Grael, na classe Torpedo).

QUADRO DE MEDALHAS

1º 2º 3º 4º 5º 25º

União Soviética Alemanha Oriental Estados Unidos Coréia do Sul Alemanha Ocidental Brasil

55 37 36 12 11 1

31 35 31 10 14 2

46 30 27 11 15 3

REVISTA CIDADE VERDE | 10OLIMPÍADAS DE JULHO, 2016 ESPECIAL | 45 | 45


Especial Olimpíadas

Barcelona 1992: tem “Dream Team” na quadra Já na sua primeira participação, o basquete profissional da NBA dá um show. POR SEVERINO FILHO

Na XXV edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, disputada em Barcelona, pelo menos uma medalha de ouro já tinha dono antes mesmo da cerimônia de abertura. No basquete masculino, os Estados Unidos seriam representados pelos astros da NBA, dentre eles Michael Jordan, do Chicago Bulls, e o lendário Magic Johnson, do Los Angeles Lakers, que não entrava em quadra desde que havia anunciado estar com o vírus HIV. O absoluto favoritismo confirmou-se na quadra, com o “Dream Team” (time dos sonhos, como foi batizado pela imprensa) marcando mais de 100 pontos em todos os jogos, inclusive na final, quando venceu a Croácia por 117 a 85. O show à parte transformou suas apresentações em verdadeiro espetáculo. O melhor basquete

Rogério Sampaio: nosso judô é ouro em Barcelona.

do planeta foi o maior destaque em Barcelona.

Mas não foi dos Estados Unidos a liderança do quadro de medalhas. Este privilégio coube à Comunidade dos Estados Independentes (CEI), formada por Rússia e outras onze repúblicas que restaram da recém-dissolvida União Soviética, modificação político-geográfica que também resultou no surgimento de novas bandeiras olímpicas, já reconhecidas como países, como Letônia, Estônia e Lituânia. A África do Sul, por sua vez, retornava ao COI depois de seu governo acabar com a política de segregação Michael Jordan: o “Dream Team” do apartheid. A polífoi um show à parte. tica também foi res-

46 DE 46 | 10 JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE | ESPECIAL OLIMPÍADAS

ponsável pela ausência da Iugoslávia, em decorrência da guerra civil em seu território, mesmo motivo que provocou a inclusão de Macedônia, Bósnia, Croácia e Eslovênia, estreando nos Jogos como nações independentes. Da participação brasileira, em que pesem as duas medalhas de ouro — do voleibol masculino e do judoca Rogério Sampaio —, pouco ou quase nada a se destacar. O fraco desempenho resultou em apenas mais uma medalha: a prata do nadador Gustavo Borges. Nem o atletismo, que nos deu medalhas de 1964 a 1988, conseguiu melhorar nosso retrospecto: Zequinha Barbosa e Robson Caetano conseguiram apenas o 4º lugar. Resultados, porém, melhores que o do futebol, competição para a qual o Brasil nem se classificou, sendo eliminado no Torneio Pré-Olímpico.

QUADRO DE MEDALHAS

1º 2º 3º 4º 5º 25º

CEI Estados Unidos Alemanha China Cuba Brasil

45 37 33 16 14 2

38 34 21 22 6 1

29 37 28 16 11 0


Atlanta 1996: enfim, a mulher brasileira no pódio No centenário dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, a mulher brasileira resolve mostrar seu valor. POR SEVERINO FILHO

Em 1896 foram iniciados os Jogos Olímpicos da Era Moderna; em 1920 começou a participação de atletas brasileiros. Até 1988, em Seul, somente atletas do sexo masculino haviam conquistado medalhas para o Brasil. Os Jogos de Atlanta representam um marco, com a superação das mulheres brasileiras na disputa pelas medalhas. Jacqueline Silva e Sandra Pires, no vôlei de praia, tornaram-se as primeiras mulheres campeãs olímpicas do Brasil. Esporte que também nos deu a prata, com Adriana Samuel e Mônica Rodrigues, que protagonizaram, com as vencedoras, a inédita final olímpica Brasil x Brasil. Ainda festejamos a prata do basquete e o bronze do vôlei de quadra. Nunca mais deixamos

Brasil, ouro e prata no pódio do vôlei de praia feminino.

de ter a presença da mulher brasileira no pódio olímpico. Além delas, conquistamos mais duas medalhas de ouro na vela (Robert Scheidt, na classe Laser, e a dupla Marcelo Ferreira - Torben Grael, na classe Star); prata na natação (Gustavo Borges, 200 m livre); e mais oito bronzes, sendo dois no judô (Henrique Guimarães e Aurélio Miguel), dois na natação (Gustavo Borges e Fernando Scherer), um na vela (com a dupla Kiko Pelicano e Lars Grael), e os demais pelas equipes de hipismo (salto por equipes), atletismo (4x100m) e futebol. Até então, o esporte brasileiro nunca havia ganho tantas medalhas.

Olimpíada já sem o favoritismo de antes. Mesmo assim, foi ouro no salto em distância e igualou-se ao finlandês Paavo Nurmi, conquistando sua nona medalha de ouro em Jogos Olímpicos. Feito que foi decisivo para ele ser eleito pela Federação Internacional de Atletismo, três anos depois, o Atleta do Século. Só um momento chamou maior atenção: a presença de Muhammad Ali na solenidade de abertura, ocasião em que lhe foi dada uma nova medalha de ouro, alusiva ao título dos pesos pesados que o boxeador conquistou nos Jogos de Roma (1960). A original ele havia jogado dentro de um rio, revoltado ao ser barrado num restaurante para brancos.

Mas o principal destaque daquele certame foi o veterano Carl Lewis, 35 anos, que disputou sua última

QUADRO DE MEDALHAS

1º 2º 3º 4º 5º 25º

Estados Unidos Rússia Alemanha China França Brasil

44 26 20 16 15 3

32 21 18 22 7 3

25 16 27 12 15 9

REVISTA CIDADE VERDE | 10OLIMPÍADAS DE JULHO, 2016 ESPECIAL | 47 | 47


Especial Olimpíadas

Sidney 2000: piauiense de prata no atletismo

Integrando a equipe de atletismo no revezamento 4x100m, o piauiense Cláudio Roberto tornou-se o primeiro piauiense medalhista olímpico. POR SEVERINO FILHO

Sua história já foi contada na edição 136, mas nunca é demais registrar o feito do piauiense Cláudio Roberto nos Jogos Olímpicos de Sidney, em 2000, quando integrou a equipe brasileira de atletismo que conquistou a medalha de prata no revezamento 4x100m. Inexplicavelmente, a medalha não lhe foi entregue pelos organizadores, mas apenas para os quatro atletas que participaram da final. É como se, numa seleção campeã de futebol, os atletas que não atuassem no último jogo não tivessem direito a sua respectiva medalha. O erro foi reparado quinze

anos depois, numa atitude capitaneada por um dos integrantes da mesma equipe, André Domingos. A propósito da medalha de prata, foi este o nosso melhor resultado em Sidney. Quebrava-se o ciclo do ouro, que nos dera o lugar mais alto do pódio em 1980 (2 medalhas), 1984 (1), 1988 (1), 1992 (2) e 1996 (3). O primeiro reflexo veio na colocação geral no quadro de medalhas: apenas um modesto 52° lugar, com 6 pratas e 6 bronzes. Além da equipe de atletismo, o Brasil foi prata com Robert Scheidt (vela), Thiago Camilo (judô, leve), Carlos Honorato (judô, médio) e as duplas masculina e feminina do vôlei de praia.

Cláudio Roberto, muitos anos depois, recebeu uma medalha pelo feito em Sidney. 48 DE 48 | 10 JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE | ESPECIAL OLIMPÍADAS

Entre os muitos destaques, dois nomes são representativos: a alemã Birgit Fischer, 38 anos, na sua quinta Olimpíada, conquista a 12ª medalha de sua carreira, tornando-se a primeira canoísta do ranking olímpico; e o jovem australiano Ian Thorbe, 17 anos, brilha nas piscinas, ganhando três medalhas de ouro (400 m, 4x100 m e 4x200 m) e duas de prata (200 m e 4x100 m Medley), motivo pelo qual foi considerado a mais agradável surpresa dos Jogos.

QUADRO DE MEDALHAS

1º Estados Unidos 2º Rússia 3º China 4º Austrália 5º Alemanha 52º Brasil

40 32 28 16 13 0

24 28 16 25 17 6

33 28 15 17 26 6


Última chamada

Na contagem regressiva para a Rio 2016, a convocação do atletismo inclui quatro nomes do Piauí no evento. POR FÁBIO LIMA

Na vida de Joelma das Neves Sousa parecia que tudo tinha que dar errado. Para continuar sonhando em ser atleta, seu professor buscava apoio até para ela se alimentar. Mais tarde, a corredora teve de superar um câncer. E ainda vieram lesões e outros problemas, mas nada a fez parar. Vencedora na vida, Joelma comemora 32 anos no dia 13 de julho, classificada para sua segunda Olimpíada consecutiva.

JOELMA SOUSA Cidade: Timon (MA) Clube: Pinheiros (SP) Prova: Revezamento 4x400m Foto: Wagner Carmo/CBAt

Essa é apenas uma das histórias dos retardatários na classificação para a Rio 2016. O mês de junho terminou com a busca incansável por vagas no atletismo. Terminado o prazo de qualificação (3 de julho), nenhum atleta nascido no Piauí havia obtido índice. Mas quatro nomes irão representar o Estado nos Jogos Olímpicos, cada um com suas histórias de vida. Joelma é de Timon (MA), mas sempre defendeu o Piauí em competições nacionais até se mudar para São Paulo e decolar no esporte. Sua história é parecida com a de Cristia-

ne dos Santos Silva, outra timonense, que hoje treina em Santa Catarina. As duas foram convocadas para integrar a equipe brasileira do revezamento 4x400 metros. A diferença é que Cristiane vai para sua primeira Olimpíada, justamente depois de seguir os passos de Joelma. Os outros dois novos representantes do Piauí no Rio de Janeiro fizeram o caminho inverso. José Carlos Moreira é de Codó (MA) e foi apelidado com o nome da cidade. Bruno Lins nasceu em Maceió (AL). Os dois apostaram na nova estrutura criada para o atletismo piauiense, com a construção da pista da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e a criação de um novo clube: o CT Piauí, do qual passaram a fazer parte. Ambos foram convocados para o revezamento 4x100m. Bruno fez índice para os 200 metros rasos e também vai disputar a prova individual.

CONVOCADOS NO ATLETISMO JOSÉ CARLOS MOREIRA “CODÓ” Cidade: Codó (MA) Clube: CT Piauí Prova: Revezamento 4x100m Foto: Wilson Filho

CRISTIANE SANTOS Cidade: Timon (MA) Clube: APAAB (SC) Prova: Revezamento 4x400m Foto: Marcello Zambrana/CBAt

BRUNO LINS Cidade: Maceió (AL) Clube: CT Piauí Provas: 200m e revezamento 4x100m Foto: Marcello Zambrana/CBAt

REVISTA CIDADE VERDE | 10OLIMPÍADAS DE JULHO, 2016 ESPECIAL | 49 | 49


50 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE

Ouro em Los Angeles (1984)

JOAQUIM CRUZ ATLETISMO - 800 METROS


REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 51


Administração

No limite

Foto: Raoni Barbosa

Com a queda da receita e o crescimento da folha de pagamento dos servidores, o Piauí ultrapassou o limite prudencial da LRF e busca saídas para reverter a situação antes que o problema atinja o pagamento dos salários.

52 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE


CLÁUDIA BRANDÃO E JORDANA CURY

O Piauí enfrenta uma delicada situação financeira, que põe em risco até mesmo o calendário de pagamento dos servidores públicos. A folha de pessoal é o maior peso na despesa do Estado, em parte pelo crescimento considerável do número de funcionários acumulado nos últimos anos. Em junho, o Estado pagou

97.994 contracheques. Até 2000, esse número era de 80.235, segundo informações da Secretaria de Administração. Diante desse fato, o governo já não esconde o risco iminente de atraso salarial. No relatório financeiro referente aos quatro primeiros meses do ano, o percentual alcançado com o pagamento da folha corresponde a 47,22% da Receita Corrente Líquida, e está acima do limite considerado prudencial pela Lei de Responsabilidade Fiscal, que é de 46,55%. Com isso, desde maio,

o governo está impossibilitado de reajustar salários ou fazer qualquer mudança de quadro que gere aumento nos gastos com pessoal, incluindo o pagamento de horas extras. “Como vamos fazer, se a quantidade de agentes penitenciários que temos hoje não dá para completar os plantões? E a situação dos cuidadores sociais? Essas pessoas passam a madrugada cuidando de idosos no abrigo. Como vou deixar esses idosos sem tratamento toda a noite?”, questiona o secretário de Administração do Piauí, Franzé Silva.

REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 53


Administração

Limites estabelecidos pela LRF para gastos com pessoal Limite de alerta Limite prudencial Limite máximo

44,10% 46,55% 49%

A situação, no entanto, não é tão inesperada. Diante da projeção do impacto dos reajustes dos servidores — que haviam sido acordados em 2014 — o governo tinha a certeza de que esse limite seria ultrapassado, mas calculava que isso só aconteceria no final do segundo quadrimestre. “Vínhamos com esse pensamento, mas quando chegamos ao meio do mês de maio, perto do fechamento da folha, percebemos que já havíamos estourado o limite”, explica o gestor. Somado aos reajustes da folha, a administração também teve que lidar com a queda nas receitas transferidas pela União. A maior delas é o Fundo de Participação dos Estados (FPE), que registrou queda nominal de R$ 50 milhões no primeiro quadrimestre, quando comparado ao mesmo período de 2015. A queda real foi de mais de R$ 200 milhões. E como justamente no começo do ano são computadas as maiores receitas, o cenário daqui para frente tende a se tornar mais “tenebroso”, com transferências menos volumosas. 54 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE

Secretário de Administração explica que enxugar a folha de pagamento dos servidores é fundamental para reorganizar a máquina e reduzir custos.

Os detalhes da folha Só a folha de pagamento consome, hoje, R$ 326.108 milhões por mês. E, dentro dela, há os chamados supersalários, pagos a algumas categorias, como Procurador do Estado e Defensor Público, que chegam a R$ 27,8 mil. A diferença entre estes e o menor salário pago no serviço público estadual (Agente Operacional de Serviço) é de R$ 26,9 mil. “Os supersalários estão onde há a quebra do teto do governador (que é de R$ 17,9 mil). Isso inclui os servidores do Judiciário, os fazendários e os delegados. Um procurador antigo, que acumula incorporações

no salário, chega a ganhar quase R$ 30 mil”, esclarece Franzé Silva. O demonstrativo financeiro do mês de junho de 2016 mostra que a maior fatia dos servidores é de efetivos, que alcançam o número de 40.062. Em seguida, estão os inativos (30.792) e os pensionistas (9.141). Na sequência, com um número expressivo, estão os contratos temporários, admitidos por teste seletivo, que somam 7.137 pessoas recebendo, ao todo, R$ 9,8 milhões. “Os dados da folha desmontam muitos discursos inconsistentes. Dizem que o Estado tem que dimi-


Foto: Wilson Filho

nuir o número de comissionados, mas os gastos com essa categoria são apenas 2,34% do total. E talvez tenhamos o menor percentual de comissionados do Brasil”, completa o secretário, ressaltando que o gasto com terceirizados — que não está incluso na folha de pagamento — é de R$ 12 milhões mensal, o que corresponde a 5,7% do número de servidores. “Esse também não é o maior problema”, enfatiza.

O grande problema O envelhecimento natural da população levou o Estado a uma si-

Folha de pagamento dos servidores do Piauí Quantidade de contracheques

Valor

% da folha

Efetivos

40.062

R$ 160.581.561,72

40,88

Efetivos comissionados

4.673

R$ 21.999.801,76

4,77%

Comissionados

2.296

R$ 4.983.940,07

2,34%

Inativos

30.792

R$ 94.715.050,02

31,42%

Pensionistas

9.141

R$ 29.588.573,59

9,32%

Prestadores de serviços

3.371

R$ 4.173.915,54

3,44%

Estagiários

522

R$ 258.814,47

0,55%

Contratos temporários

7.137

R$ 9.806.829,63

7,28%

TOTAL

97.994

R$ 326.108.486,80

tuação insustentável, nas palavras de Franzé. Levantamento realizado pela Previdência Social revelou que, até o ano de 2025, o número de aposentados e pensionistas do Piauí será maior que o número de ativos. Isso acontecerá porque grande parte dos servidores públicos iniciou carreira nos concursos realizados entre 1983 e 1986 e, por isso, deve entrar em fase de aposentadoria nos próximos dez anos. Dito de outra forma, cerca de 35% dos atuais 52 mil servidores pagos pelo Estado se aposentarão até 2025 — o que equivale a 18.200 novos inativos, além dos 39 mil já existentes.

Para tentar fechar essa equação em curto prazo, o governo mira a redução da folha de pagamento, com o recadastramento dos servidores, o cruzamento de informações para saber quem está acumulando cargos ilegalmente e a implantação do ponto eletrônico. Só com o recadastramento, a Secretaria de Administração conseguiu diminuir seis mil contracheques. Com o cruzamento dos dados da folha, foram cortados mais 2.700 servidores que tinham duplicidade de contratos. “Estamos concluindo também o cruzamento com os dados do governo federal e com REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 55


Administração o Tribunal de Contas do Estado (TCE) e queremos ainda cruzar informações com as prefeituras de Caxias e Timon (Maranhão). Não vejo outra forma de reduzir a folha que não seja pela legalidade”, argumenta o secretário. Para eliminar os funcionários “lagarta” — aqueles que só aparecem na folha de pagamentos —, o Estado vai integrar o ponto eletrônico à lista de servidores. A mudança acontece a partir deste mês de julho, através da biometria. “Quando realizamos o recadastramento, pedimos a biometria do servidor para que pudéssemos fazer essa integração. Inicialmente vão ficar de fora somente policiais, médicos e professores, porque ainda não tem, nesse sistema, uma metodologia para fazer esse acompanhamento, mas estou cobrando da ATI (Agência de Tecnologia e Informação) que a equipe estude uma forma de melhorar isso. Portanto, aquele servidor que veio aqui, fez o recadastramento, mas não trabalha regularmente, vai sair”, diz o secretário.

O pior dos cenários O gestor admite, porém, que todas essas medidas são insuficientes para equilibrar as contas do Estado. “Existe uma possibilidade real de atraso de salários. Estamos buscando saídas. Primeiro essas, no campo da folha. Também estamos buscando no campo do custeio”, alerta o secretário. Este seria o pior dos cenários, especialmente para uma 56 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE

Previdência Digital Desde 1º de julho, o Piauí passou a utilizar um sistema totalmente virtual de previdência dos servidores públicos. Com a mudança, todos os procedimentos são feitos virtualmente — desde o recebimento do processo no protocolo até a concessão do benefício. O Piauí foi o primeiro estado brasileiro a adotar o modelo “Papel Zero” e, com isso, espera reduzir significativamente os custos com a manutenção do setor. A intenção também é reduzir a burocracia. As pensões que antes demoravam até nove meses para começarem a ser pagas, a partir desse sistema vão sair em até 45 dias. economia frágil que depende dos salários dos servidores públicos para movimentar o comércio. Outros estados, como o Rio de Janeiro, já enveredaram por esse caminho perigoso e atrasaram o pagamento dos aposentados e pensionistas. O governo diz que já conseguiu reduzir de R$ 100 milhões para R$ 75 milhões as despesas com o custeio da máquina, mas não cogita diminuir o número de órgãos e secretarias existentes. Hoje, o Piauí tem 21 secretarias e 21 órgãos da administração direta (sendo cinco institutos, cinco fundações, cinco autarquias e seis empresas públicas). “Só vale a pena enxugar a máquina se reduzir o quantitativo de pessoas,

que é o maior custo, e a estrutura. Caso contrário, só vou concentrar serviços e reduzir eficiência. Nesse ponto, o que vamos fazer são os minicentros administrativos no interior, que reúnem em um só lugar vários órgãos e, por isso, a estrutura ficará menos custosa. Vamos ter, por exemplo, só um link de internet”, justifica Franzé

Futuro imprevisível Otimizar os custos, como: investir em energia solar para baratear a conta de luz; reduzir os gastos com água, colocando torneiras de pressão; evitar o uso de papel, migrando os processos para o


Foto: Thiago Amaral

mundo virtual; são algumas das vertentes que devem modernizar a máquina e ajudar o Estado a economizar. Na outra ponta, existem medidas que estão sendo adotadas desde o ano passado para aumentar a arrecadação, sem que seja preciso aumentar novamente os impostos. “Toda a criatividade e as alternativas possíveis estão sendo utilizadas, como o Refis (programa de renegociação de dívidas), a Nota Piauiense e a Loteria Estadual, assim como a regularização fundiária e os depósitos judiciais. Esperamos que isso seja suficiente para ampliar a arrecadação própria sem a necessidade de arrocho fiscal e aumento de impostos”, enfatiza o secretário estadual da Fazenda, Rafael Fonteles. Somente com a Nota Piauiense, a arrecadação referente ao ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) neste ano teve incremento de 8% quando comparada a 2015, com a adesão de mais de 150 mil piauienses cadastrados no programa, que exige o CPF na emissão das notas fiscais. Com o Refis, o governo calcula receber mais de R$ 100 milhões em dívidas renegociadas até o final de junho. O programa, inclusive, foi prorrogado até 29 de julho por causa da grande procura dos contribuintes que querem quitar suas dívidas com o Estado. Fonteles acrescentou que também defende a criação de uma

Secretário da Fazenda alerta que não há como fazer projeções sobre o futuro econômico do Piauí. REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 57


Administração contribuição provisória para ajudar o país — e os estados e municípios — a sair da crise. “Defendemos, sim, a CPMF, caso ela seja proposta segundo a regra do FPE (dividindo a arrecadação entre a União e os entes federativos). Muito melhor do que o colapso na economia é aceitar essa medida, mas isso é uma questão nacional e não tem gerência do Estado. Enquanto isso, o importante é trabalhar para que a folha de pagamento não cresça mais que a receita”, ressalta. Para o secretário da Fazenda, o cenário político nacional tem barrado a recuperação da economia e não há como prever se a receita do Piauí — que é mais da metade proveniente da União, mesmo com o aumento da arrecadação própria — será suficiente para inibir o comprometimento do Estado. “As projeções que fazemos se perdem em poucos meses. O boletim do Tesouro Nacional disse que o FPE de junho viria posi-

Novos concursos Com o limite prudencial da LRF já ultrapassado, novas contratações estão suspensas, mas existem áreas que necessitam urgentemente de pessoal, como a Secretaria da Justiça. Franzé Silva garantiu que honrará a promessa de concurso público para a pasta, mas disse que, com o recadastramento, será possível realocar servidores, levando-os de locais onde há excesso para onde há escassez. tivo em 7%, mas ele veio negativo nominalmente. Nessa crise, qualquer previsão, até de curto prazo, se desmonta facilmente e não temos como ter certeza de nada.

Estamos tentando sobreviver até o pacto nacional, que só deve acontecer no final do ano, depois do processo de impeachment e das eleições municipais”, conclui.


FonsecaNeto Olha pro céu, meu amor

H

averá coisa mais bela, sob o céu do meu sertão, que esse outro hino a São João, da arte exuana do Gonzagão? “Olha pro céu, meu amor / Vê como ele está lindo...”. Poesia! Vocês, que nasceram sob a incandescência da luz elétrica e jamais viram o esplendor do luar, de junho a agosto, encantando as noites dos sertões de dentro, concedam-me licença para dizer do que sei, porque vi, vivi, e é formidável contar.

Para qualquer criança do mundo, o ano falta não passar: de um tempo de férias a outro, um Natal ao seguinte... Em Passagem, minha póvoa de nascença, era uma eternidade, faltando não chegar, o tempo festivo do Padroeiro e seu turbilhão de novidades, cores e sons. Mas, sobretudo, quase não chegavam eram as “fogueiras” de São João, na mais iluminada e repleta noite de encantamento... Eram os anos 1960, a luz dos postes ia embora às nove e meia da noite; uma escuridão a tudo escondia nas eras invernosas e de turvos mormaços. Cresciam exponencialmente as histórias que as trevas propiciam...: os andarilhos do bem e do mal, as espadas de fogo, as almas penadas, os gemidos dos seres noturnos uivantes, o canto funéreo das “rasga-mortalhas”, as gélidas cruvianas sobre as sertanias serranas... As histórias trazidas pelos caçadores dos pés de serra,

Nos vagões da história

também as dos “nordestinos” por lá chagados, assustados da fome e com almas em dilacerações sublimadas, a anunciar o apocalipse dos 77... Mas na noite de São João — também sua véspera e a de São Pedro — um céu se abria, a nossa comuna se iluminava, literalmente, explodia em cores, ardência, impulsões

É lembrança que me incandesce, nem consigo descrever, tal a sensação estética que em mim não ousa nunca escurecer... celebrativas do nosso viver comum — aliás, as festas juninas foram inventadas há mais de vinte mil anos para celebrar os deuses da fecundidade da terra, da eva-mãe; o cultivar, o cultuar, o semear, o inseminar; sim, de sêmen mesmo... E por que as flores se abririam sedutoras senão para fornicar?... Aquela minha Rua do Grajaú, de insólitos areões, a mais longa e larga do amorável burgo... Olhar para ela, lá “de cima”, da esquina da Nide,

revista@cidadeverde.com

para “baixo”, vê-la repleta de fogueiras, línguas de fogo vorazes, aquele chiado sagrante... As fogueiras dos mais ricos, pau verde a abundar, duram mais e varam a noite, mais que as dos pobres, consumidas num soprar. É lembrança que me incandesce, nem consigo descrever, tal a sensação estética que em mim não ousa nunca evanescer... Seis da tarde, terreiros das moradas, dos dois lados dessa e de todas as ruas, rosários de contas iluminam os rostos contentes e convidam a brincar, e já as chamas brincaram de engolir o sereno. Rodas e cordões se formam; há cirandas, e nem tão inocentes cordões. Olha pro céu, meu amor: a língua em fogo do céu desta boca te rouba a prenda maior de um cheiro, cirandeiro. Toma-se o tição encarnado a “passar fogo”, do que um novo apadrinhar, compadriar. Ali perto, a cuia com a água de adivinhar... Sobem e descem a minha rua os da outra rua com seu dançar, com seus fogos a zonear... A boca engolirá a noite, a madrugada a chegar. E já por ali, preparadas, as doces batatas e abóboras maduras para assar, nos montículos de areia sob o ninho da fogueira que será cinza ao raiar... Isca será do café da manhã, depois dos clarões e glórias noitivas, de São João, Pedro, Paulo e São Marçal: olha pro céu, meu amor! REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 59


GPTW Mais uma chance para concorrer às Melhores Empresas Foto: Thiago Amaral

O Great Place to Work prorrogou as inscrições para as empresas interessadas em concorrer ao prêmio que revela as melhores práticas de gestão de pessoas no Piauí. POR CLÁUDIA BRANDÃO

Depois do sucesso registrado no ano passado com a premiação das empresas que venceram a etapa local do Great Place to Work, a procura aumentou tanto este ano que a organização do evento teve que prorrogar o prazo de inscrições até o próximo dia 30 de julho. Isso acontece porque todas as empresas querem ter a sua marca associada ao selo GPTW, que é indicador de lugares em que os colaboradores trabalham em um ambiente estimulante e prazeroso. O Instituto Great Place to Work existe há mais de 30 anos e está presente em 53 países ao redor do mundo. Aqui no Piauí, a premiação é feita pela Revista Cidade Verde em parceria com a Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH Piauí). No ano passado, 43 empresas participaram da pesquisa e dez foram classificadas para receber o prêmio em uma noite de gala.

Uma vez feita a inscrição, será realizada uma pesquisa sigilosa com os funcionários, que responderão a um questionário com 60 perguntas, sendo 58 afirmativas e duas abertas. As respostas serão, então, analisadas por um grupo de consultores que seguem a orientação padronizada pelo Great Place to Work, instituto de reconhecida credibilidade na área.

A inscrição é gratuita e as empresas não pagam qualquer valor para participar da pesquisa. Os interessados podem se inscrever até o final deste mês no endereço eletrônico greatplacetowork.com.br, clicando na barra INSCREVA-SE. No site estão disponíveis todas as informações sobre como participar do concurso.

Algumas empresas piauienses vencedoras da etapa local já participam da etapa nacional da premiação. No último dia 23 de junho, o Hospital de Olhos Francisco Vilar foi classificado em primeiro lugar na categoria Hospitais, dentro do prêmio “Melhores Empresas Para Trabalhar na Área da Saúde no Brasil”. A solenidade de premiação aconteceu no

60 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE

Hotel Grand Mercure em São Paulo, com a presença de 60 companhias contempladas. Receber o prêmio GPTW é um reconhecimento para empresas que investem no bem-estar e na satisfação dos seus funcionários, o que se traduz em uma melhor prestação de serviço ao público, uma vez que está comprovado que profissionais satisfeitos apresentam melhor desempenho e tratam melhor os clientes. Além da premiação, as empresas classificadas também contarão com uma edição especial da Revista Cidade Verde, que divulgará as vencedoras e as práticas desenvolvidas por cada uma, para que se tornassem campeãs em qualidade de trabalho.


REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 61


Saúde

Uma delicada decisão

A determinação de inibir a opção das gestantes pelo parto cesariano está dividindo a opinião das mulheres. POR MARTA ALENCAR

Grávida de 31 semanas (sete meses), a técnica de Enfermagem Maria Irene de Sousa aguardava realizar uma cesariana por volta da 38ª semana. Mas, após uma nova resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), publicada em junho deste ano, que proíbe a realização de partos cesáreos agendados antes da 39ª semana de gestação, Irene terá de esperar um pouco mais para se submeter ao procedimento cirúrgico. Assim como Irene, milhares de mulheres que já tinham agendado o parto para um período anterior às 39 semanas de gestação deverão remarcá-lo para atender à nova exigência. A partir dessa decisão do CFM, a mulher que optar pela cesariana terá que assinar um termo de consentimento livre e esclarecido, documento que comprova que ela sabe dos benefícios e riscos do procedimento. O presidente do Conse62 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE

lho, Emannuel Fortes, explica que o médico deve esclarecer e orientar a paciente tanto sobre a cesariana quanto sobre o parto normal já durante as primeiras consultas de pré-natal. “O importante é a pessoa ter sido avisada e orientada sobre isso”, disse. Ainda segundo ele, o CFM baixou essa resolução, mas não quis interferir na relação entre médico e gestante. “No Brasil existe, sim, uma quantidade muito grande de cesarianas eletivas (marcadas previamente). E o Piauí segue essa média nacional”, informa o presidente. Ele destaca que tanto a cesariana como o parto normal têm vantagens e desvantagens, mas é preciso avaliar as condições das gestantes e do feto, para que o médico oriente qual o melhor procedimento. “Agora, realizar o procedimento cirúrgico antes das 39 semanas eleva o risco para o feto, porque pode ocorrer um erro de cálculo quanto ao período da menstruação, entre outras questões. E se a criança nasce antes das 39 semanas, ela pode sofrer várias complicações. Mas também ressalto que conduzir o parto normal erronea-


Partos no Piauí

mente e não intervir no momento adequado é um risco muito grande”.

De acordo com o obstetra Valdir Pessoa, estudos comprovam que crianças que nascem entre 37 e menos de 39 semanas estão expostas a mais riscos, como o do pulmão imaturo. “Existem estudos que comprovam que bebês que nascem entre 37 e menos de 39 semanas passam por um desconforto respiratório e por uma série de coisas que classificamos de morbidades, que poderiam até ter sido evitadas. O principal risco do parto antes desse período é que os órgãos do bebê não estejam completamente maduros, o que pode acarretar problemas também no fígado e no cérebro, provocando icterícia e até lesões cerebrais”, argumenta. Mas a determinação do CFM também tem exceções. “Se o médico analisar a necessidade de adiantamento do parto para preservar a saúde da grávida ou do feto, como na pré-eclâmpsia, por exemplo, que provoca um aumento perigoso da pressão arterial da mulher, é permitido adiantar a cesariana”, destaca.

Cesáreo

Ano do Nº de Nº de % Nascimento NV NV 2014 22.190 46,6 25.387 2015 22.800 46,7 25.970 2016

8.713

46,3 10.082

% 53,3 53,2 53,6

Não informado Nº de % Ignorado Total NV 18 0,0 4 47.599 25 0,1 2 48.797 -

-

-

18.820

Fonte: Secretaria Estadual de saúde (Sesapi)

Fiscalização X demandas

aos partos cesáreos”, ressaltou. Ele defende que os médicos precisam avaliar melhor as condições das gestantes e dos fetos para o parto. E critica alguns obstetras que realizam o procedimento por causa do tempo de execução em comparação ao parto normal.

Para Pessoa, a decisão do Conselho poderá ajudar a reduzir o número exorbitante de cesarianas que são realizadas no Brasil, que é em torno de 53,7%. Segundo ele, a quantidade de procedimentos cirúrgicos feitos na capital piauiense segue a média nacional. “Temos a incidência, aqui na Maternidade Santa Fé, em torno de 83% de cesarianas. Enquanto na Maternidade Evangelina Rosa, o número é menor quanto

“Tanto o parto normal como a cesariana estão custando por volta de R$ 500 a 600 para o plano de saúde. Só que também tem a questão do tempo. A cesariana é realizada em uma hora, enquanto o parto normal é realizado em oito. Ou seja,

Foto: Wilson Filho

Preocupada com os riscos, a manicure Ana Caroline Sales, 21 anos, grávida de 32 semanas, prefere aguardar o período recomendado pelo CFM. “Conversei bastante com o meu médico durante as primeiras consultas do pré-natal. E ele orientou que eu até poderia me submeter ao parto normal, mas que, devido à minha pélvis ser pequena, eu deveria fazer uma cesariana”, conta.

Vaginal

A técnica de Enfermagem Irene de Sousa já havia optado pela cesariana. REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 63


Saúde

existem médicos que não querem esperar”, justifica Pessoa, quanto aos dados levantados pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesapi), que mostra que, somente neste primeiro semestre, 10.082 cesarianas foram realizadas no Estado.

Bebês a partir da 37ª semana eram considerados prontos para virem ao mundo até o ano de 2013. No entanto, estudos publicados pelo Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas mostraram que é a partir da 39ª semana que se inicia um período da gestação chamado “a termo”, isto é, não prematura. É entre 37 e 39 semanas que o bebê passa pela fase crucial do desenvolvimento do cérebro, dos pulmões e do fígado.

Com a filha Pietra, Raquel Muniz afirma que valeu a pena esperar até 39ª semana de gestação.

será feito um julgamento em uma plenária. E, dependendo do caso, o médico responsável poderá vir a sofrer uma advertência ou até mesmo uma cassação”, advertiu. No entanto, a demanda do Estado é maior do que a quantidade de Foto: Wilson Filho

Com base na nova resolução do CFM, o presidente Emmanuel Fortes afirma que o órgão irá fiscalizar as condições em que os partos são realizados no Estado. “A fiscalização do Conselho acontece de modo direto. Um dos médicos conselheiros vai até a maternidade e averigua quais as mães que tiveram parto cesariano e apresentaram complicações. Por exemplo, se constar na ficha da paciente que houve um parto cesariano sem o consentimento da mãe e fora das normativas técnicas, o médico será notificado. E terá que dar explicações e esclarecimentos ao Conselho. Em seguida,

Pesquisa em destaque

fiscais disponíveis (35 conselheiros atuam no órgão). “O Conselho não tem como atender todas as cidades do Piauí. À medida que houver uma denúncia e for possível o Conselho ir, será feita a vistoria. O médico já fica sabendo de antemão que se ele fizer um parto cesariano antes da 39ª semana de gestação, ele já está cometendo um ato ilícito”, acrescenta. Fortes acrescenta que a partir de agosto será admitido no Conselho um médico fiscal, profissional que irá auxiliar os outros conselheiros nas vistorias e análises dos procedimentos realizados no Piauí. Vale lembrar que este será o primeiro médico fiscal do Conselho.

Uma questão de escolha “O principal risco do parto antes desse período é que os órgãos do bebê não estejam completamente maduros”, diz o obstetra.

64 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE

Por causa do medo de sentir dores no parto, a jornalista Raquel Mu-


Cesarianas no Brasil De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o único país do mundo a ter mais da metade de todos os nascimentos feitos por cesariana: 53,7%. Dados do Ministério da Saúde revelam que 84% dos nascimentos na rede particular são realizados por esse tipo de parto. Na rede pública, são 40%.

mal poderia proporcionar melhores condições de recuperação e um melhor momento para o nascimento do meu bebê”, afirma. Com relação à Resolução do Conselho Federal de Medicina de Nº 2.144/2016, Raquel considera que é algo bastante polêmico, porque envolve a questão da mãe que está ali cansada, com todos os incômodos, que potencializam nas últimas semanas, principalmente na 36ª. “As dores aumentam, o cansaço, você não consegue dormir direito. Eu passei por isso, a partir da 36ª semana e eu quis fazer a cesariana nessa época. Então conversei com a minha médica e ela disse pra eu esperar. Mas, graças a Deus, tive um parto sem complicações. Super-rápido e simples. Meu pós-operatório foi excelente, não senti nenhuma complicação. A recuperação foi muito boa. Até melhor do que o esperado”, finaliza.

Foto: reprodução internet

Foto: Wilson Filho

niz decidiu fazer uma cesariana na 39ª semana de gestação. “Desde o começo pensei que, quando tivesse um filho, seria por via de um parto cesariano. Antes de realizar o procedimento, procurei me informar. Li muito a respeito dos pós e contras de ambos os partos. E cheguei à decisão de optar pela cesariana. Mesmo sabendo que o parto nor-

Recomendações O Ministério da Saúde lançou este ano um Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para Cesariana, trazendo os parâmetros que devem ser seguidos, a partir de agora, pelas Secretarias de Saúde dos estados, Distrito Federal e municípios. Entre os principais destaques/ recomendações estão, por exemplo: - A operação cesariana não é recomendada como forma de prevenção da transmissão vertical em gestantes com infecção por vírus da hepatite B e C; - A operação cesariana é recomendada para mulheres com três ou mais operações cesarianas prévias; - O trabalho de parto e o parto vaginal não são recomendados para mulheres com cicatriz uterina longitudinal de operação cesariana anterior, casos em que há maior comprometimento da musculatura do útero, aumentando o risco de sua ruptura no trabalho de parto. REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 65


Foto: Wilson Filho

Comportamento

A bebida do coração

O vinho ganha cada dia mais apreciadores entre os piauienses que conhecem a bebida e aproveitam os benefícios que ela proporciona. POR CAROLINE OLIVEIRA

Sentar-se com amigos ou familiares para degustar um bom prato acompanhado de taças de vinho é uma prática cada vez mais comum na vida dos piauienses. Em reuniões particulares ou em restaurantes, a 66 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE

bebida, que antes era associada a locais frios, está ganhando adeptos em Teresina e tem feito prosperar um mercado que não para de crescer. De acordo com uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Vinhos (Ibranvin), a cerveja é uma bebi-

da leve e de fácil acesso, que vende nove bilhões de litros por ano, sendo responsável por 38% das vendas nos pontos consultados. No entanto, o vinho já aparece como a segunda opção em volume, levando 21% do mercado que obrigatoriamente comercializa as duas bebidas.


Vinho X Calor Há seis anos, o oftalmologista Marcos Guedes começou a consumir vinho por curiosidade e disse que já conseguiu conquistar novos apreciadores, o que ele considera um desafio por causa do clima da cidade. “Várias pessoas próximas já entraram no mundo do vinho, o que não é fácil, devido ao calor local. Mas a alta temperatura não atrapalha muito, pelo auxílio do ar-condicionado, em casa ou no restaurante. Quem tem uma pequena iniciação toma gosto e segue em frente”, destaca o médico, que já conseguiu inserir pelo menos vinte amigos em sua turma de enófilos. O médico, que bebe três vezes por semana, também organiza viagens a países reconhecidamente avançados na produção de vinhos, para roteiros de apreciação, e participa de clubes via internet, por meio dos quais recebe vinhos todos os

Foto: Thiago Amaral

As pessoas começaram a buscar o vinho porque descobriram que a bebida, além de gostosa, possui grande harmonia com a comida e ainda faz bem à saúde, desde que consumida com moderação. “O vinho não é tão agressivo quanto o uísque, você bebe devagar e ele vai harmonizar com a comida. É a bebida ideal para acompanhar qualquer refeição, porque seu paladar, seu cheiro, seu buquê crescem com o alimento”, argumenta o empresário do ramo José Luís Carvalho Fortes.

O médico Marcos Guedes e a esposa viraram enófilos após conhecerem o sabor de um bom vinho.

meses e ainda ganha desconto nas compras de garrafas no site. “Há uma variedade enorme de vinhos disponíveis. Combinamos viagens em grupo, normalmente internacionais, uma a duas vezes por ano. Argentina é destino quase sempre certo”, afirma Marcos Guedes, que disse preferir vinhos argentinos e californianos.

Clube do vinho

tavelmente pediam vinho. “Somos seis casais e começamos a sair com mais frequência e a estudar os vinhos e as uvas, até que resolvemos criar nosso clube do vinho. A cada dois meses, fazemos uma reunião, compramos vinhos variados e comentamos sobre eles. Já tem sete anos e virou uma família do vinho. É uma reunião saudável, onde não se discute política ou religião, falamos muito de viagens e de vinhos”, afirma Cláudia Clementino.

Com uma turma mais restrita, a professora universitária Cláudia Clementino e seu esposo, o empresário Beethoven Brandão, também compartilham os benefícios de apreciar um bom vinho. Ela conta que começou com os vizinhos do edifício onde moram e que, quando saíam juntos para jantar, inevi-

Os mais jovens também apreciam a bebida. O empresário e estudante de Direito, Gabriel Hagem Mazuad, de 21 anos, disse que começou a consumir com os pais de sua namorada, depois de muita insistência deles. “Eu não conseguia gostar. Achava bastante ‘tragante’ e não conseguia saborear, até que um REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 67


dia pediram um vinho mais suave, para que eu pudesse ir me acostumando. Pronto. Depois disso nunca mais parei”, afirma o jovem que consome vinhos há cerca de dois anos.

Foto: Thiago Amaral

Comportamento

Bom para saúde A bebida que combina com comida e amizade também faz bem para a saúde. O oftalmologista Marcos Guedes disse que já sente os efeitos. “Talvez os benefícios maiores sejam sentidos a longo prazo. Mas já pude comprovar o melhor controle de peso e a melhora no perfil do colesterol”, destaca.

Foto: Wilson Filho

Apesar de não haver um estudo científico clínico específico, cardiologistas admitem que, se bebido

Cláudia e Beethoven participam de um clube do vinho no edifício onde moram.

moderadamente, o vinho pode aumentar a proteção nas paredes das artérias, evitando o entupimento e, consequentemente, o infarto, além

de agir na redução do colesterol ruim (LDL) e aumento do colesterol bom (HDL). “Essa potencial proteção foi observada inicialmente em pesquisas utilizando ratos e coelhos. A pesquisa

Tipos de vinhos O vinho não é um produto da moda, é uma bebida milenar, que tem um valor histórico e cultural muito grande. Cada produto é originado de uma uva que veio de um país diferente. Os piauienses estão cada vez mais exigentes e audaciosos, experimentando vinhos de misturas e de 68 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE


com os animais correlacionou o uso do vinho, principalmente pela presença dos flavanóides, que são substâncias contidas também nos sucos de uva, os quais teoricamente apresentariam propriedade antioxidante, ou seja, seriam protetores das paredes das artérias, que são estruturas que levam o sangue para o organismo. A maior pesquisa realizada com humanos foi o estudo Interheart, que serviu para analisar a população em relação aos fatores de risco que poderiam levar ao infarto do miocárdio. Os pacientes que fazem uma ingestão de álcool de forma rotineira teriam uma tendência menor a ter infarto”, observa o cardiologista Jônatas Melo. Ele alerta que o estudo aponta apenas uma tendência ao benefício, no entanto, não há subsídio na prática. “Na atualidade, o médico não tem respaldo científico suficiente para dizer para os pacientes que a inges-

tão diária de até 30 gramas de álcool por dia vai efetivamente reduzir o risco de ter um infarto mais na frente. Na maioria dos pacientes, se não há contra-indicação habitual à bebida alcoólica, sugerimos uma limitação de até 40 gramas diários para os pacientes do sexo masculi-

cortes mais rebuscados como os europeus, que combinam as uvas. O travo que fica na boca prolonga o prazer por algumas frações de segundos a mais, e isso é que dá o sabor. O empresário José Luiz Fortes afirma que, para iniciar-se no mundo dos vinhos, é recomendado começar pelos que são feitos pela uva Pinot Noir, já que são muito leves e claros, não têm acidez, nem travo, são vinhos frutados. Já os da uva Chardonnay são encorpados e amanteigados, e têm textura de mel na boca.

no e 20 gramas para o sexo feminino. Mas é um assunto bem questionável ainda”, ressalta. Inquestionável mesmo é o sabor agradável que um bom vinho proporciona ao paladar, especialmente quando saboreado na companhia de quem se gosta.

O Merlot tem maciez, mas é bem encorpado; e os da uva Cabernet Sauvignon, que são uns dos mais consumidos em Teresina, também têm corpo e o travo na língua. Os da Malbec são largamente produzidos na Argentina, de onde saem os melhores vinhos Malbec do mundo, são vinhos encorpados e frutados, ideais com um bom churrasco. Na America Latina, geralmente usa-se uma uva para cada vinho, mas na Europa as vinícolas costumam misturar as uvas, usando vinhos de corte ou blends (duas uvas ou mais) para produzir um grande vinho. REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 69


70 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE


REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 71


Fotos: Reprodução internet

Saúde

72 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE


Por um fio

A queda acentuada de cabelo afeta homens e mulheres, mas é importante tratar o problema para que não se agrave e provoque danos psicológicos.

POR CAROLINE OLIVEIRA

Um dos parâmetros da vaidade, tanto masculina quanto feminina, são os cabelos. Grandes ou curtas, lisas ou cacheadas, as madeixas são consideradas sinais de beleza e também de saúde. Não é raro encontrar mulheres se queixando da queda de cabelo, mas quando a quantidade de fios que fica na escova ou no travesseiro é muito grande ou, ainda, quando começam a aparecer falhas no couro cabeludo é sinal de que há alguma coisa errada. Nesse caso, a queda de cabelos pode afetar não só a aparência, como também o psicológico da pessoa. A Sociedade Brasileira de Cabelos destaca que 50% das

mulheres têm alguma queixa relacionada à queda de cabelos, mas a evidência só se constata quando a perda é maior que 120 fios por dia. Para perceber se a queda está excessiva, deve-se observar se há mais de seis fios no travesseiro ao amanhecer ou se há rastros sobre a mesa do escritório e até na comida, por exemplo. A recepcionista Josélia Souza sempre se preocupou com a queda do seu cabelo. Ela disse que já foi ao dermatologista, usou produtos caseiros, mas sempre que lava o cabelo o ralo do banheiro fica cheio de fios. Mesmo com o incômodo dos fios desprendidos, no entanto, Josélia não dispensa a selagem e faz escova todos os fins de semana. “Acho que meu cabelo cai desde quando nasci. Percebo mais quando lavo e vou pentear. A dermatologista diz que é o estresse do dia a dia, mas fico preocupada se não pode ser uma doença”, questiona.

do) são diversas, entre elas estão: deficiências nutricionais, estresse, ansiedade, pós-parto, uso de determinados medicamentos, alterações hormonais e endócrinas, uso de química e doenças do couro cabeludo. No entanto, ele ressalta que a queda acentuada não significa necessariamente que um indivíduo ficará calvo. “A melhor forma de combater e reverter essa perda capilar é descobrir sua verdadeira causa e tratá-la”, destaca o médico, que é pós-graduado em Medicina Estética e Tricologia Médica (ciência que estuda os cabelos, seus problemas e tratamentos). O dermatologista Régio Girão também destaca que o diagnóstico é o principal fator para o tratamento, principalmente no início do processo. “A queda de cabelo

Causas da queda O médico Arnaldo Ferreira Filho afirma que as causas que levam os fios a se desprenderem dos folículos capilares (couro cabeluREVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 73


Foto: Thiago Amaral

Saúde

interfere muito na vida da pessoa, especialmente da mulher, que tem uma vaidade maior e, quando perde cabelo, fica ansiosa, deprimida, não tem vontade de se arrumar, tem dificuldade de relacionamento. O homem também se incomoda muito, fica constrangido, mas já consegue tolerar melhor que a mulher, que sente mais, emocionalmente. A primeira coisa a ser feita, ao perceber o aumento da queda de cabelo, é marcar uma avaliação com o especialista”, destaca. Foi o que fez a recepcionista Francimar Brito. Há cerca de dez anos, após sofrer uma intensa queda dos fios, associada a cansaço e sonolência exagerados, ela resolveu procurar um médico e descobriu que estava com alteração na tireóide. “Foi diagnosticado hipotireoidismo. Comecei a fazer o tratamento e a tomar a medicação receitada pela minha endocrinologista e, depois disso, meu cabelo voltou ao normal. Se eu, que tenho muito cabelo, fiquei preocupada, imagina quem não tem?”, acrescenta. O especialista Arnaldo Filho afirma que a queda excessiva de cabelo tem cura, mas é preciso consultar um profissional especializado. “A queda capilar, dependendo de sua causa, tem cura, sim. Os resultados levam meses para começar a aparecer, mas não há lugar para a pressa no que se refere aos tratamentos capilares. Não existe fórmula milagrosa e cada caso deve ser analisado individualmente”, enfatiza. 74 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE

O médico Arnaldo Filho afirma que queda de cabelo e calvície são problemas distintos que atingem o couro cabeludo.

Calvície Diferente da queda de cabelo, a calvície afeta mais os homens e tem sua principal causa no fator hereditário, além de sofrer influência dos hormônios masculinos. O médico explica que essas condições levam a uma atrofia dos folículos capilares e de seus respectivos fios, principalmente nas regiões superiores do couro cabeludo. “Os fios, portanto, não caem! Eles sofrem uma miniaturização gradativa ao longo do tempo”, explica Arnaldo Filho. O especialista explica que os sintomas de calvície normalmente co-

meçam a partir dos 30 anos, mas existem pessoas que começam a apresentar os sinais desde a adolescência. Ele acrescenta que a calvície pode acontecer também em mulheres, mas, como o sexo feminino tem aproximadamente vinte vezes menos hormônios masculinos do que os homens, a proporção de pacientes mulheres que sofre com esse mal é consideravelmente menor. O bombeiro militar Gyvago Lira disse que começou a sentir os efeitos aos 25 anos, porém, revela que


já tinha consciência de que poderia perder seus fios. “A minha mãe tem pouquíssimo cabelo e meu pai era calvo. Eu sempre nadei desde criança e, com o militarismo, usei muito boné, então, com 25, começou a não nascer mais”, descreve. Ele conta que não fez tratamento para prevenir. “Eu não me incomodo tanto, claro que ninguém gosta, era bom se todo mundo tivesse o cabelo do David Beckham, mas não tem como. Eu tentei usar xampus, mas nunca pensei em me prevenir contra isso”, relata.

O uso de boné não influencia na progressão da calvície. Por outro lado, leva ao aumento da oleosidade do couro cabeludo e predispõe o desenvolvimento de dermatite seborreica e caspa, provocando queda dos fios.

Foto: Wilson Filho

O tricologista Arnaldo Filho disse que há tratamento para a calvície, porém não há cura. “A predisposição genética e hormonal acompanharão o indivíduo por

MITO

Gyvago é calvo desde os 25 anos e diz que, apesar de não gostar, não se incomoda com a condição.

toda a sua vida. Contudo, com o devido acompanhamento e com o uso adequado de medicamentos, a miniaturização pode ser contida e até mesmo revertida parcialmente. Outra alternativa é a cirurgia de implante capilar, que tem resultados definitivos”, enumera. No entanto, é preciso ter paciência, pois a recuperação é lenta, já que os folículos respondem gradativamente. Apesar disso, se feito adequadamente, o tratamento costuma dar resultados muito satisfatórios. Os cabelos são a moldura do rosto e, mais que aumentar a autoestima, manter as madeixas fortes e bem tratadas faz bem para a saúde. REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 75


Saúde

Calvície Feminina A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) calcula que a queixa de alopecia (perda acentuada de cabelos) está entre as dez mais frequentes nos consultórios dermatológicos, em pacientes de 15 a 39 anos, de ambos os sexos. De acordo com o dermatologista Régio Girão, a calvície feminina ocorre com menor frequência, mas tem maior dificuldade terapêutica. Segundo ele, a perda de cabelo é progressiva, lenta e geralmente tem quadro familiar associado. Ele disse que a maior dificuldade é porque o medicamento mais indicado para o homem, que realmente dá resultado (finasterida) não é liberado para a mulher. “A gente lança mão de vários outros ativos, de outras medicações para tentar controlar, mas a eficácia é muito limitada. Por isso que é interessante tratar bem desde o início mesmo, para evitar uma progressão, porque, quando está muito avançado, não tem um tratamento tão eficaz e isso é desesperador. As medicações precisam ser usadas com certa frequência e por um tempo prolongado e a pausa nessa regularidade pode inviabilizar o tratamento”, alerta Régio Girão.

Mitos e verdades sobre a queda de cabelo: A) Cortar ou raspar o cabelo afeta o crescimento dos fios? MENTIRA B) Cosméticos como tintura, gel e mousse podem causar calvície? MENTIRA Foto: Thiago Amaral

C) Tipo de penteado pode causar queda de cabelo VERDADE (rabos de cavalo e coques próximos ao couro cabeludo podem enfraquecer os fios e provocar queda) D) Xampus antiqueda funcionam? MENTIRA E) Lavar muito o cabelo causa queda? MENTIRA F) Passar prancha no cabelo molhado danifica e enfraquece os fios? VERDADE (com o cabelo molhado, aumenta o tempo de exposição ao equipamento o que pode quebrar e danificar os cabelos)

Dermatologista Régio Girão alerta que o diagnóstico precoce deixa o tratamento mais eficaz. 76 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE

G) Estresse pode causar queda de cabelo? VERDADE. Depois de traumas emocionais ou físicos, pós-parto, interrupção do uso de pílula ou de reposição hormonal, infecções, doenças da tireóide, deficiências nutricionais ou dietas muito restritivas, pode ocorrer uma queda intensa de cabelo, chamada eflúvio telógeno.


Tecnologia POR MARCOS SÁVIO

twitter: @masavio

Aplicativo Institucional

Cegueira temporária Um novo estudo publicado no New England Journal of Medicine indica que a utilização do smartphone no escuro pode provocar cegueira temporária. A pesquisa começou com o caso de duas mulheres, de 22 e 40 anos, que, depois de situações repetidas de perda de visão num dos olhos, recorreram a especialistas. Sem sintomas aparentes de perda de visão associada à cegueira temporária, os médicos, ao investigarem as possíveis causas, perceberam que havia algo em comum entre os casos. Os problemas de visão surgiram após a utilização dos smartphones no escuro durante vários minutos, enquanto já estavam deitadas na cama. O estudo, em inglês está disponível no link: bit.ly/29qU3e2

O SESCON Piauí e a Masavio, especializada no desenvolvimento de apps, formaram parceria visando facilitar a aquisição de aplicativo institucional por parte das empresas associadas ao Sindicato, em especial escritórios de contabilidade. A parceria inclui produção e publicação nas lojas de aplicativos iTunes Store e Google Play. O aplicativo amplia a presença corporativa no mercado ao oferecer um novo e moderno meio de comunicação móvel.

Inteligência Artificial O Massachussets Institute of Technology (MIT) colocou robôs para passarem 600 horas vendo episódios de “The Office”, “The Big Bang Theory” e “Desperate Housewives”. Os pesquisadores usaram as séries como uma forma de criar um sistema de inteligência artificial capaz de prever o comportamento humano. O objetivo era desenvolver uma forma de os computadores serem capazes, assim como os humanos, de prever quando uma pessoa vai fazer determinado movimento, como dar um abraço ou se distanciar de um lugar.

Dependência Um estudo encomendado pelo Bank of America rastreou o comportamento da população dos Estados Unidos com seus dispositivos móveis e detectou crescente dependência dos aparelhos, especialmente entre os chamados Millennials, adultos entre os 18 e os 34 anos de idade. De acordo com a pesquisa, em geral, 29% dos americanos se sentem ansiosos quando não têm acesso imediato a seus smartphones, enquanto 22% se sentem entediados, 13% temem perder algo importante e 12% ficam aliviados. Em um corte considerando apenas os Millennials, os números mudam para 39% de ansiosos, 43% entediados, 25% com medo de perder algo e 20% aliviados.

Sem vaquinha virtual O Plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vetou, por unanimidade, a possibilidade de uso de financiamento coletivo por meio de aplicativos ou sites de crowdfunding para captação de doações de pessoas físicas nas eleições de 2016, a chamada “vaquinha virtual”, mesmo cumpridos os requisitos de identificação da pessoa física doadora. Como a hipótese não é prevista na legislação, os ministros votaram contra. REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 77


Informe Publicitário

Redes de balanço humanizam atendimento na Maternidade Dona Evangelina Rosa Primando por um melhor atendimento aos pacientes da Maternidade Dona Evangelina Rosa (MDER), os bebês prematuros recebem um tratamento especial e diferenciado, como exigem os primeiros momentos da vida. Para proporcionar um ambiente de proteção e aconchego, típico do útero materno, a equipe médica utiliza redes de balanço como técnica humanizadora nas incubadoras da maternidade, na Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal Convencional (UCINco). A técnica faz toda diferença no bem-estar dos bebês, ao proteger os pequenos e estimular seu crescimento e desenvolvimento físico e cognitivo. Segundo a fisioterapeuta Katia Koele, a técnica é usada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e nas unidades Canguru. Ela explica que, quando está no leito, o bebê na maioria das vezes adquire algumas posturas viciosas, mau posicionamento do pescoço, ombros e pernas. “A rede melhora a postura, a organização do corpo do neném, garantindo uma posição mais confortável e saudável. Ela também facilita o manuseio dos enfermeiros, dos técnicos de enfermagem e das mães. Outro aspecto interessante é o estímulo que a rede oferece ao desenvolvimento do equilíbrio. 78 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE

Foto: Marcelo Cardoso

Bebês prematuros recebem tratamento especial e diferenciado, que consiste na utilização de redes de balanço como técnica humanizadora nas incubadoras da Evangelina Rosa.

Novas técnicas estimulam o desenvolvimento físico e cognitivo.

Quando o bebê é balançado na rede, ele é estimulado a desenvolver seus órgãos otolíticos, responsáveis pela estabilidade e percepção do equilíbrio”, explica a fisioterapeuta da UCINco da MDER. A técnica da redinha é recomendada para bebês abaixo de 37 semanas e para aqueles que não têm o peso adequado para a idade gestacional, geralmente com peso inferior a 2,5 kg. Recém-nascidos com comportamento mais agitado, que choram com frequência, acabam relaxando ao serem colocados nas redes de balanço. Ao imitar o ambiente intrauterino, as redes facilitam o processo

de internação dos bebês dentro da unidade. “Tentamos proporcionar para o prematuro uma postura típica do bebê que nasce no tempo normal. O prematuro tem uma postura muito frágil, então a rede diminui essa fragilidade através de uma postura mais flexionada, que estimula a flexibilidade dos músculos e causa relaxamento. Além de proporcionar um padrão respiratório mais adequado e influenciar positivamente os batimentos cardíacos”, explica a coordenadora da equipe de Fisioterapia da MDER, Laisa Falcão. Na unidade, além dos bebês prematuros, também são abrigados recém-nascidos de baixo peso, in-


Além das redinhas, outros métodos de humanização são oferecidos aos pequenos na Maternidade Dona Evangelina Rosa. Por exemplo, o uso rolinhos no berço para estimular o posicionamento terapêutico. São rolinhos de contenção, que também proporcionam a mesma ideia de posição uterina e estimulam o desenvolvimento do tônus muscular da criança.

drões de higiene e de segurança dos profissionais. Além da reforma na estrutura do setor, que incluiu a mudança do piso por um antiderrapante, um novo revestimento nas paredes e a climatização dos ambientes, para a composição da cozinha foram adquiridos uma câmara frigorífica, novos fogões industriais, caldeirões, dentre outros. Existe também uma preocupação com a higienização adequada do setor e dos alimentos utilizados na preparação das refeições. “Essa reforma foi solicitada por nós e se tornou realidade nessa gestão.

Fizemos adequações, seguindo as orientações da Vigilância Sanitária, e já estamos vendo o retorno das mudanças”, afirma a supervisora de Nutrição, Valéria Silva. Ela ressalta que o cardápio oferecido é variado e unificado, e que atende a todas as necessidades nutricionais, tanto dos funcionários e acompanhantes, quanto das pacientes, havendo restrição apenas em casos de dieta orientada pelos médicos. São 2.500 refeições oferecidas diariamente, distribuídas em seis momentos diferentes (café, lanche, almoço, lanche, jantar e ceia), para parturientes, acompanhantes e colaboradores da casa. Fotos: Marcelo Cardoso

ferior a 2,5 kg. O tempo de tratamento varia de acordo com a condição clínica da criança. “O bebê da UCINco é um bebê que não necessita da UTI, mas também não pode ir pra alta. Cerca de 60% dos bebês da UCINco são prematuros. São aqueles bebezinhos que nascem com idade gestacional inferior a 37 semanas. Quanto menor a idade gestacional, quanto mais prematuro o bebê, mais prolongado é o período de internação na unidade”, informou Koele.

Unidade de Alimentação e Nutrição passa por melhorias A Unidade de Alimentação e Nutrição (UNA) da Maternidade Dona Evangelina Rosa está passando por adequações na sua estrutura física, seguindo rigorosos padrões de qualidade e exigências da vigilância sanitária, o que tem resultado na melhoria da alimentação. Essas mudanças e adequações vêm sendo realizadas tanto na parte física quanto na equipe de pessoal do setor. Uma ampla reforma concluída recentemente proporcionou a melhoria da alimentação, que agora é preparada em ambiente com os melhores pa-

Maternidade Evangelina Rosa passa por adequações, como a reforma do espaço de convivência.

Novos espaços proporcionam conforto aos servidores da maternidade. REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 79


Foto: Divulgação

15 anos de Cojobas

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

E foi em grande estilo que a banda piauiense Cojobas comemorou seus 15 anos de Rock’n Roll. No palco do Coco Bambu, o grupo lançou seu primeiro EP, Cojobas - Anthology, com três singles: “From The Stars”, “Clean The Mess” e “Senescence”. Formada por Fábio Fortes, Marcílio Rêgo, Mário Pinheiro, Junior B, Vinícius Bean, Marcelo Leonardo, Marco Antônio Pires e Ostiga Jr., a banda já imprimiu sua marca no Estado com grandes apresentações. Longa vida ao rock do Cojobas!

Maverick 75 ganha prêmio internacional 60 anos de rock em Teresina Teresina celebra também em julho os 60 anos do Rock’n Roll e a comemoração terá um time de peso, com atrações nos dias 14 e 15 de julho no palco do Palácio da Música. A Orquestra Sinfônica de Teresina preparou um repertório especial com grandes clássicos do rock mundial e se apresenta ao lado de André de Souza, Luana Campos, Ostiga Júnior e Flávio Moraes. Os ingressos estão à venda no local.

80 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE

A banda piauiense Maverick 75 ganhou este mês o prêmio de melhor álbum na categoria Rock/Blues no The Akademia Music Awards na Califórnia. A banda é conhecida na região por seu som rebuscado e tem conquistado o público desde o lançamento do primeiro disco gravado em estúdio. Com destaque para a canção “Walking Alone”.


Foto: Divulgação

Cássia Eller em Teresina

Foto: Divulgação

Chega a Teresina, para curta temporada, o espetáculo Cássia Eller - O Musical. Visto por mais de 80 mil espectadores no ano passado, em 12 capitais brasileiras, desta vez o espetáculo deverá passar por mais 15 capitais, tornando-se o primeiro espetáculo musical a realizar turnê por todas as capitais do Brasil. A peça mostra a carreira de uma das vozes mais marcantes da MPB. As apresentações acontecem nos dias 15, 16 e 19 de julho no Theatro 4 de Setembro.

Dos EUA para Teresina A baiana Rosa Passos foi a atração da última edição do Projeto Seis e Meia, no dia cinco de julho. A abertura do show ficou a cargo do grupo piauiense Ockteto. Rosa Passos é uma intérprete consagrada da MPB e acaba de voltar de uma turnê nos Estados Unidos da América. O Projeto Seis e Meia tem a coordenação da cantora Laurenice França e vem se destacando pela qualidade dos músicos trazidos a Teresina, a exemplo de Zizi Possi e Maria Gadú.

REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 81


Indústria POR ASCOM FIEPI

Encontro reúne presidentes de federações das indústrias do Nordeste em Brasília Fotos: Ascom FIEPI

Na pauta, debates sobre temas importantes para a indústria, como as energias renováveis e a questão hídrica, no tocante à conclusão do desvio do Rio São Francisco.

Zé Filho participa de reunião com presidentes de federações das indústrias do Nordeste.

A 3ª reunião ordinária da Associação Nordeste Forte, composta por presidentes de Federações de Indústrias do Nordeste, foi realizada na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília. O encontro promoveu a discussão de assuntos de interesse da região Nordeste. Na pauta, debates sobre temas importantes para a indústria, como as energias renováveis e a questão hídrica, no tocante à conclusão do desvio do Rio São Francisco, e, por último, as medidas para melhorar a infraestrutura e a logística no país, fatores que servem para impulsionar a com82 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE

petitividade e a produtividade das empresas. Estiveram presentes na reunião o presidente da Federação das Indústrias do Piauí, Zé Filho; o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte, Amaro Sales; o presidente da Federação das Indústrias do Ceará, Beto Studart; o presidente da Federação das Indústrias do Maranhão, Edilson Baldez; o presidente da Federação das Indústrias da Bahia, Antônio Ricardo Alban; e o presidente da Federação das Indústrias de Pernambuco, Ricardo Essinjer.

A Associação Nordeste Forte manterá uma agenda de reuniões trimestrais, com data já marcada para acontecer no mês de setembro, no Piauí. “Estaremos unidos para reivindicar as necessidades do setor industrial da região Nordeste”, declarou Zé Filho.

Para mais informações, acesse: www.fiepi.com.br


Presidente do Conselho Nacional do SESI autoriza recursos para o Piauí Na oportunidade, foram liberados recursos para ressarcir investimentos feitos pelo SESI-PI.

A reunião contou com a presença do Diretor Regional do SENAI e Superintendente do SESI, Mardônio Neiva, de presidentes de sindicatos da indústria e de empresários e diretores corporativos do Sistema FIEPI. Foi também um momento de apresentar demandas da indústria piauiense, como a modernização das estruturas do SESI no Estado

Fotos: Ascom FIEPI

O presidente do Conselho Nacional do SESI, João Henrique Sousa, esteve na Federação das Indústrias do Estado do Piauí, no dia 20 de junho, onde foi recebido pelo presidente Zé Filho, para assinar a autorização de liberação de recursos como forma de ressarcir investimentos em infraestrutura, contratação de projetos e outros serviços, perfazendo um montante de R$ 1,2 milhões.

Zé Filho recebe o presidente do Conselho Nacional do SESI, João Henrique Sousa, na FIEPI.

— dentre elas, as escolas do SESI em Teresina e Picos e o Clube do Trabalhador — e o projeto de trazer a Universidade da Indústria para o Piauí.

O presidente da FIEPI, Zé Filho, explicou para João Henrique Sousa a importância das estruturas do SESI, destacando sua função social e os serviços já prestados à classe industrial piauiense. “Fico feliz em receber o presidente do Conselho Nacional do SESI e ver seu empenho em fortalecer o SESI em todo o país e, mais que isso, em saber que é sensível aos problemas que enfrentamos no Piauí e que ele saberá dar a devida atenção aos nossos pleitos”, disse Zé Filho. João Henrique Sousa aproveitou para fazer um relato sobre seus primeiros dias de atuação, destacando que há muito por fazer pelo SESI e que não medirá esforços para que sua gestão seja marcada pelo fortalecimento e crescimento da instituição. REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 83


Comércio Piauí

Sesc terá centro de atividades em União

O novo empreendimento do Sesc será erguido ao lado da UESPI,

Fotos: Ascom Sesc

Com a presença de várias autoridades locais, foi realizado o lançamento da pedra fundamental do Sesc em União. O evento aconteceu no auditório da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) na cidade e contou com a presença do prefeito Gustavo Medeiros; do presidente do Sistema Fecomércio Sesc/Senac no Piauí, Valdeci Cavalcante; do diretor regional do Sesc no Piauí, Francisco Campelo Filho; do diretor administrativo-financeiro, Jesus Enrique Arias Fernandes; e da diretora de Programas Sociais do Sesc, Ana Lúcia Rocha. Lançamento da pedra fundamental teve a presença de várias personalidades da região.

em um terreno de 9.482 m² doado pela Prefeitura de União, e terá uma área construída de 2.390 m². O projeto de construção do Centro Educacional do Sesc já foi aprovado pelo Departamento Nacional da entidade e a licitação para a obra será realizada no início de julho, com valor de referência de R$ 6,8 milhões.

Valdeci Cavalcante (presidente da Fecomércio Sesc/Senac), Gustavo Medeiros (prefeito) e Francisco Campelo Filho (diretor regional do Sesc) 84 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE

Ao falar sobre a chegada do Sesc em União, Valdeci Cavalcante afirmou que o município terá acesso às ações de educação, saúde, esporte, cultura e assistência realizadas pelo Sesc, além de contar com cursos de formação profissional realizados pelo Senac Piauí. “Durante o dia, o Sesc

oferecerá educação na escola e, à noite, as sala de aula serão usadas para cursos de formação profissional do Senac”, explicou. O diretor regional do Sesc no Piauí, Francisco Campelo Filho, apresentou a estrutura do novo empreendimento e falou das ações que a entidade vai levar para a cidade, inicialmente com atividades móveis, como o BiblioSesc, já em atividade em União, o Sesc Saúde Mulher e o OdontoSesc. O prefeito Gustavo Medeiros elogiou as atividades do Sesc e do Senac no Piauí e disse que a cidade aguarda com ansiedade as ações do Sistema Fecomércio.


S

r i a é s F c a n e

Transforme sua vida profissional em poucos dias! � Turmas nos turnos manhã, tarde ou noite! � �re�os a�ess��eis!

as g a v 0 50 . 3 e d ! ê + c o v r o p o d n a esper

www.pi.senac.br


Gente G

Gente por Péricles Mendel

Perfil Carlos Tajra Cirurgião plástico O que te faz feliz? Estar com mi-

nha família.

Um momento que definiu sua vida? Minha aprovação em Cirur-

gia Plástica.

Qual a sua maior qualidade?

Humildade para sempre aprender mais.

Melhor conselho que já deu?

Entregue-se, dê o melhor de si, sempre.

Gasta muito com: Viagens. Viajar é amadurecer, conhecer novos costumes, realidades, experiências.

Tipo de gente com quem você tem dificuldade de conviver?

Lembranças da infância: 1990, uma viagem de família, meus pais e irmãos, todos juntos.

educação e do caráter, como pessoa e profissional, que recebi dos meus pais.

Quem te inspira? Os meus pais,

Um sonho? Poder criar uma insti-

tuição para oferecer a cirurgia plástica para os mais necessitados.

O que mais aprecia em seus amigos? A honestidade. Foto: Thiago Amaral

Quando estou operando.

Do que você tem orgulho? Da

E seu maior defeito? Teimoso? :-)

O que seria a maior das tragédias? Perder a minha família, pais, irmãos e minha noiva.

Maior conquista como cirurgião plástico? O sorriso dos

conhecer as mais diferentes culturas e tradições.

O que é sagrado para você? A

família.

Se não fosse cirurgião plástico, seria: Nunca consegui me ver como outra coisa, sempre quis ser médico, sempre quis ser cirurgião, sempre quis ser cirurgião plástico.

Com quem você adoraria conversar por horas? O Papa Francisco. Um show inesquecível? Em

2007, Coldplay em São Paulo.

Uma música que você nunca vai se cansar de ouvir? Tocando

pacientes após cada cirurgia, conseguir resgatar a auto estima que estava perdida.

em frente, de Almir Sater.

O que lhe tira do sério? A injustiça.

Transformando suor em ouro, de Bernadinho.

O que não entra em sua casa? A inveja.

Segredo para o sucesso profissional? O AMOR! É fazer com 86

Momento preferido do dia?

Um sonho de consumo não realizado? Viajar pelo mundo,

Pessoas que reclamam de tudo, que veem as coisas sempre pelo lado negativo.

Dr. Dib Tajra e Iraydes.

amor, dedicação, é fazer para os outros como se fosse para si mesmo.

Que livro mudou sua vida? Se o Céu existe, o que gostaria de ouvir de Deus ao chegar lá?

“Opsss, não é a sua vez, pode voltar...”


Gente Enlaces

1 - Foi lindo e emocionante o casamento de Maria Amélia Tajra e Fabiano Funari Filho. A celebração religiosa aconteceu na Igreja São Benedito e os recém-casados recepcionaram amigos e familiares na residência dos pais de Maria Amélia, o casal Nilsa e José Tajra Sobrinho. Os registros fotográficos foram de Darci Bastos e Rossana Sulzer.

Fotos: Darci Bastos e Rossana Sulzer

periclesmendel@cidadeverde.com

Foto: Marcelo Burlamaqui

2 - Toda a felicidade do mundo aos empresários Mariana Matos e Petro Rehém, que trocaram alianças em cerimônia inesquecível, tendo como cenário a Igreja Santíssima Trindade. Padre Nilton fez a bênção do casal, que, em seguida, recebeu cumprimentos no Cardinalle Festas.

2

3 - A arquiteta e engenheira Natália Castelo Branco Napoleão do Rêgo e o

médico Vilarindo Júnior em registro da noite do “Sim”, que aconteceu na Fazenda Amparo.

4 - A defensora pública piauiense Gina Ribeiro Gonçalves e o pernambucano Francisco Arthur Muniz trocaram alianças em Portugal, em linda cerimônia.

Foto: Paula Moreira

Foto: Benonias Cardoso

1

3

4 REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 87


Por Aí Por Aí por Péricles Mendel

O mês de junho é conhecido como o mês das Festas Juninas. A coluna não poderia ficar de fora e fez um registro dos mais badalados e animados arraiás que aconteceram na capital piauiense.

Fotos: Péricles Mendel

periclesmendel@cidadeverde.com

Anarriê

1 - Vera Santos e Jussara Lima.

2 - Cláudia Claudino e Marcolino Rio Lima.

3 - Leonardo Carvalho e Edith Lins. 4 – Gylvana Gayoso e Armando Gayoso.

5 – Carol Perlingeiro e Aldenora Perlingeiro.

88 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE


Foto: Benonias Cardoso

Foto: Luis Mota Fotos: Péricles Mendel

1 4 1 - O presidente do Sistema Fecomércio Sesc/Se-

nac no Piauí, Valdeci Cavalcante, inaugurou a sede do Senac de Barras. O Centro de Educação Profissional recebeu o nome de José Osório da Mota. No registro, ainda, o prefeito de Barras, Edilson Capote, a filha do homenageado José Osório da Mota, Graça Mota Freire, Rosângela Cavalcante, o deputado federal Júlio César Lima, Helder Jacobina, que representou o Governo do Estado, e a diretora regional do Senac, Elaine Dias.

2 - João Vicente Claudino e Joselene Claudino

Foto: Jarbas Santana

2

comemoram 14 anos de casados com animado arraiá em sua residência. Familiares, amigos e as sócias do Elo’s Clube marcaram presença. A noite teve animação do Trio É Lindo, Flávio Leandro e Maciel Melo.

3 - O secretário de Administração e Previdência

Franzé Silva comemorou os 6 anos do filho caçula Guilherme. Ele reuniu os amigos em um banho de piscina no parque aquático da AABB. O tema da festa foi Pokémon.

4 – Todo o charme e elegância da odontóloga Celina Lages em dia de festa chique.

3 REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 89


Pe.TonyBatista Defeitos de Jesus

E

ncontramos pessoas que emitem um intenso brilho em sua volta, que marcam o mundo pela sua bondade e santidade e que nos deixam, quando partem, um rastro luminoso, clareando nossas mentes e corações. Assim foi o Cardeal Van Thuan. Nascido em Huê, Vietnã, ordenado sacerdote em 11.06.1953, eleito bispo de NhaTrang em 13.04.1967 e nomeado em 24.04.1975, pelo então Papa Paulo VI, Arcebispo coadjutor de Saigon, Ho Chi Minh. Imediatamente foi preso pelo governo comunista e passou 13 anos na cadeia, vivendo, na sua maior parte, o inferno da solitária. A prisão para ele, contudo, foi somente o crisol para a sua maior purificação. Foi solto em 21.11.1988. Passou depois a residir no Vaticano, onde faleceu a 16.09.2002. Num certo momento, convidado a pregar para o Santo Padre, o Papa João Paulo II, e para a Cúria Romana, ele disse com a maior simplicidade, como era o seu nobre coração: “Eu amo os defeitos de Jesus” e discorreu sobre eles! A ideia, portanto, dos defeitos de Jesus não é minha, mas deste grande santo, Cardeal Van Thuan. Sigo o seu raciocínio enquanto apresento os “defeitos de Jesus”: Primeiro defeito: Jesus não tem boa memória: Quando crucificado, entre dois malfeitores, Jesus não lembra os pecados do ladrão, apenas derrama sobre ele o seu perdão e promete-lhe, para o mesmo dia, o paraíso. O mesmo acontece com a pecadora que ba-

90 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE

Sinal de Deus

nha seus pés, quando do almoço na casa do fariseu. Jesus sabe quem ela é, conhece seus muitos pecados, mas o que lhe interessa é a misericórdia e, por isso, acolhe aquela mulher no mais profundo do seu coração. A mesma falta de memória acontece quando Ele nos propõe a parábola do filho pródigo. Aquele Pai é tão misericordioso que não lembra os pecados do filho “esperto” e, quando ele chega ao fundo do poço, quando a miséria do pecado tira-lhe até mesmo a dignidade e a filiação divina, Ele o perdoa e o recebe de volta. Ele sempre esquece as nossas faltas, quando sinceramente o buscamos, e derrama sobre nós a sua misericórdia. Segundo defeito: Jesus não “sabe” matemática: Sinto-me consolado por este defeito de Jesus. Quando ele diz que o bom pastor deixa noventa e nove ovelhas no aprisco e vai buscar a desgarrada, ele nos mostra que, para salvar uma ovelha, desconhece qualquer risco. Somos tão preciosos aos seus olhos que, sem nenhuma explicação e sem olhar para a matemática, ele prefere buscar o mais frágil, o menos “caro”, o mais marginalizado, no lugar dos “seguros”, dos “prontos”. Terceiro defeito: Jesus desconhece a lógica: A lógica como ciência ajuda-nos a pensar e a julgar de modo correto, dando-nos uma linha de raciocínios formalmente válidos. Jesus

sinaldedeus@cidadeverde.com

desconhecia a lógica, considerando suas afirmações e suas ações. Na parábola da dracma perdida fica bem claro este desconhecimento. A mulher perde uma só moeda. Faz um grande esforço para encontrá-la e, quando a encontra, faz uma grande festa. A festa é bem mais cara do que a moeda perdida e encontrada. Até entendemos o provérbio que nos diz: “O coração tem razões que a razão desconhece”. As razões de Jesus Cristo são somente a sua misericórdia, o seu amor sem medidas, sem lógica, portanto. Quarto defeito: Jesus é um aventureiro: Ele não promete maravilhas aos seus seguidores, ao contrário, diz com a maior clareza que o discípulo não é maior do que o mestre e, se coube ao mestre a cruz, certamente caberá ao discípulo a mesma cruz. Analisando as bem-aventuranças, encontramos este raciocínio e esta postura de aventureiro. Os calculistas não encontrarão apoio no seu seguimento. Quinto defeito: Jesus não entende de finanças nem de economia: Se entendesse de finanças, Jesus não faria a proposta que faz na parábola dos operários da última hora (Mt. 20, 1-16) — pagar igualmente a mesma diária a todos os operários. Tanto para quem chegou cedo da manhã e trabalhou todo o dia, como para quem chegou na última hora!


REVISTA CIDADE VERDE | 10 DE JULHO, 2016 | 91


92 | 10 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.