Índice Capa
Como funcionam as tornozeleiras eletrônicas 5. Editorial 8. Páginas Verdes Expedito Falcão concede entrevista à jornalista Cláudia Brandão 15. Palavra do leitor 22. ELEIÇÕES Eleições em números 28. ECONOMIA O melhor lugar para fazer seu dinheiro render 38. POLÍCIA O Piauí na segurança da Rio 2016
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Páginas Verdes Expedito Falcão
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O risco do combustível “batizado”
A hora certa para aprender inglês
43. ESPECIAL É Ouro Brasil!
13. Cidadeverde.com Yala Sena
52. ESPECIAL Sarah do Brasil
26. Ponto de Vista Elivaldo Barbosa
62. SAÚDE A dieta ideal
32. Economia e Negócios Por Jordana Cury
66. COMPORTAMENTO O perigo mora ao lado
71. Tecnologia Marcos Sávio
72. CADERNO ESPECIAL Ao papai, com carinho 74. SAÚDE Quando amamentar vira dor
84. Passeio Cultural Eneas Barros 86. Perfil Péricles Mendel
90. POESIA SEMPRE Por Paulo Machado
Articulistas 14
Jeane Melo
COLUNAS
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Zózimo Tavares
37
Cecília Mendes
foto Manuel Soares
Segurança a baixo custo Nos últimos meses, um equipamento vem ganhando destaque no país inteiro. São as tornozeleiras eletrônicas, usadas tanto para os personagens envolvidos na Operação Lava Jato quanto para presos aqui do Piauí. O aparelho foi desenvolvido para ser aplicado em casos cujos réus não ofereçam grave potencial de perigo. Por meio de uma central, os presos são monitorados em todos os seus deslocamentos e, ao sinal de violação do equipamento ou de afastamento do perímetro permitido, a central entra em contato com eles. Caso não haja resposta imediata, o juiz é contactado para que determine a prisão preventiva ou outra medida que julgar cabível. A adoção da tornozeleira seria uma forma de manter sob controle presos que não precisam estar em penitenciárias junto com detentos perigosos. Um outro argumento é o custo de manutenção, bem mais barato que o de uma detenção no sistema carcerário. Mas aqui no Piauí, o uso da tornozeleira tem também outra justificativa: a de desafogar a superlotação dos presídios. E é justamente aí que começa a polêmica envolvendo o equipamento. Alguns presos mais perigosos também estariam se beneficiando da tornozeleira e voltando a praticar crimes, mesmo com o acessório preso ao tornozelo. O tema divide opiniões entre magistrados, agentes públicos e profissionais que trabalham na área da segurança. A principal crítica é a de que falta mais rigor na concessão do suposto
“benefício”. A Revista Cidade Verde pesquisou o assunto, que virou tema de capa desta edição. A pouco mais de uma semana da abertura das Olimpíadas, o mundo volta os olhos para o Rio de Janeiro e, mais especificamente, para o quesito segurança. A cidade vai receber reforço de agentes e policiais de todo o país, inclusive do Piauí. Você fica sabendo dos bastidores desta e de outras notícias da Rio 2016 nas páginas a seguir, que trazem ainda uma entrevista com o técnico Expedito Falcão, responsável pela atleta de ouro Sarah Menezes. Entre outras revelações, ele fala que, no início da carreira de Sarah, chegou a usar o dinheiro da poupança dos filhos para bancar as passagens da atleta em uma competição. E comenta ainda sobre a possibilidade de Sarah encerrar a carreira nestas Olimpíadas. Em uma época de incerteza na economia, a poupança vem perdendo lugar diante de outras formas de investimento mais vantajosas. Para saber como e onde aplicar seu dinheiro, de acordo com o seu perfil e o capital disponível, é só ler com atenção a matéria que começa na página 28 e explica detalhadamente os riscos e benefícios de cada aplicação. Afinal, nada como a informação para orientar o investidor sobre como evitar prejuízos. Cláudia Brandão Editora-chefe
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Entrevista POR CLÁUDIA BRANDÃO
Expedito Falcão
claudiabrandao@cidadeverde.com
O homem por trás do ouro brasileiro Foto: Roberta Aline
Depois da conquista da primeira medalha de ouro de uma atleta de judô no Brasil, Expedito Falcão admite que Sarah Menezes pode encerrar a carreira depois da Rio 2016. O nome de Expedito Falcão se confunde com a história do judô piauiense e, depois das Olimpíadas de Londres em 2012, também com a do judô brasileiro. Ele é o responsável pelo treinamento e condicionamento da atleta Sarah Menezes, a única atleta brasileira a ganhar ouro no judô. Nesta entrevista especial à Revista Cidade Verde, Expedito fala da preparação de Sarah para as Olimpíadas e da possibilidade de ela encerrar a carreira depois da Rio 2016.
RCV – É verdade que, no início da carreira da Sarah, você teve que lançar mão da poupança dos seus filhos para financiar a atleta? EF – Sim. Quando a Sarah sur-
giu no SESC, ela tinha nove anos, era uma garota franzina de 22 kg e muito frágil. Em compensação, tinha um talento acima da média dos demais alunos e diferenciou-se no meio da garotada. Era uma menina destemida, desafiadora e que gostava de lutar com os meninos. Ela sempre queria mostrar que era mais forte que os meninos e isso era um diferencial dela, além da parte técnica, na qual ela já demonstrava talento. Aos dez anos, ela já foi para o campeonato brasileiro e foi campeã com extrema 8 | 24 DE JULHO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE
facilidade numa chave em que havia meninas tradicionalmente muito fortes, de São Paulo, do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul. A partir daí, eu comecei a trabalhar mais com ela, embora de uma forma ainda mais calma, porque ela era ainda uma criança. Aos 13 anos, ela foi novamente campeã brasileira em Fortaleza e se classificou para o campeonato Panamericano. Só que, nessa faixa etária, a Confederação não banca as passagens da criançada. Então, eu tirei a poupança dos meus filhos e comprei a passagem dela. Eu vi que ali era um investimento em um talento que tinha chances reais de, no futuro, ser uma grande atleta.
RCV – Quando os patrocinadores, finalmente, começaram a acreditar e a apostar no nome Sarah Menezes? EF – Isso aconteceu quando ela
completou 15 anos e já estava começando a consolidar o nome no Estado. Foi aí que surgiu o primeiro patrocínio oficial para ela. Acredito que foi a primeira atleta do Piauí a ter um patrocínio mensal, com pagamento de salário e viagens. Isso ajudou demais a carreira dela. Nessa época, ela mudou mais uma vez de categoria e passou a lutar na faixa de até 44 kg. Ela foi, e ainda é, a única atleta do Brasil a ser campeã brasileira nas categorias juvenil, júnior e sênior. Isso ela ganhou por dois anos consecutivos. Ela chegou à situação de, ainda como uma garota juvenil, ganhar a classe adul-
Eu tirei a poupança dos meus filhos e comprei a passagem dela. Eu vi que ali era um investimento em um talento que tinha chances reais de, no futuro, ser uma grande atleta. ta. Uma vez, o diretor técnico da Confederação me disse: “Você tem um diamante nas mãos, agora você tem que saber lapidar”.
RCV – Como ela está sendo preparada psicologicamente, diante da pressão para repetir a medalha, agora dentro de casa? EF – Para você entender como é
feito esse trabalho, eu vou contar como funciona. Em 2008, ela foi para Pequim e perdeu. Nesse mesmo ano, nós tivemos o campeonato sênior aqui em Teresina. Até então, a Sarah não havia perdido uma luta em campeonato brasileiro. E aqui ela tomou um ippon dentro de casa. A TV Cidade Verde estava transmitindo “ao
vivo” para todo o Piauí e ela perdeu. Claro que ela ficou assustada com isso e eu briguei com ela. A partir dessa derrota, eu percebi que ela oscilava em competições. Em uma, ela ia muito bem; na outra, ela baixava o nível, e era nítido que o problema era de cabeça. Nesse momento, estava no ginásio do Iate Clube uma psicóloga que estava fazendo especialização em Portugal, chamada Luciana Castelo Branco. E ela me procurou para trabalhar com meus atletas, porque a pesquisa dela era justamente com atletas de judô. E eu respondi que ajudava, mas que ela teria que fazer um trabalho diferenciado com a Sarah. A partir de 2008, nós começamos a trabalhar a parte psicológica da Sarah. Mas todo atleta tem resistência a trabalho psicológico. Ela passou muito tempo indo e voltando, nesse ping-pong, até entender realmente que era necessário. Tanto é que, em Londres, ela deu declarações para a imprensa de que a cabeça tinha sido o diferencial. Nesse ponto em que estamos hoje, a poucos dias da Olimpíada, todos estão bem física, técnica e taticamente. Quem vai ganhar é quem tem a melhor cabeça.
RCV – E a cabeça dela está preparada para ganhar? EF – Tá. Nós estamos trabalhan-
do para isso. E ela tem um diferencial dos demais atletas que estão lutando. Ela já sentiu o gosto, já subiu ao pódio e teve o primeiro contato. Inicialmente, em Pequim, e, depois, como camREVISTA CIDADE VERDE | 24 DE JULHO, 2016 | 9
peã, em Londres. Então, ela já viu como é que tem que ser feito e as estratégias que têm de ser tomadas. Lógico que cada competição, cada Olimpíada, é uma história, mas eu acredito que, com todo esse trabalho que ela está tendo a longo prazo, ela já tem uma maturidade que vai ajudá-la. Existem alguns estudos mostrando que o ápice do atleta acontece quando ele tem 26 anos, que é o momento em que ela está agora.
RCV – Ela vem de uma fase em que sofreu algumas derrotas. Isso pode pesar emocionalmente e prejudicar o desempenho dela no Rio de Janeiro? EF – Não. A Sarah atingiu o ápice
em 2012. Em 2013, ela foi terceiro lugar no campeonato mundial no Rio de Janeiro e foi campeã Panamericana, obteve bons resultados. De 2014 até outubro de 2015, ela não foi boa. O atleta não consegue manter o alto rendimento durante doze anos seguidos, então ela teve uma queda. O que aconteceu foi que ela “desfocou”, começou a ver outras coisas e a vida dela começou a tomar outros rumos. Mas ela não se afastou do esporte. Pensou às vezes em parar, mas eu estava do lado, sempre incentivando.
RCV – O que a levou a pensar em parar? EF – O cansaço. O judô é muito duro, ele maltrata muito. O atleta de alto rendimento sofre muito no treinamento. A juventude da
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Se ela for campeã olímpica, eu não sei se ela continua ou se vai encerrar a carreira agora. Eu mesmo aconselho ela a parar.
Sarah foi toda dentro do tatame. Ela passou a infância, a pré-adolescência, a adolescência, a juventude treinando.
RCV – Ela treina uma média de quantas horas por dia? EF – Hoje, ela treina, em média,
juntando tudo: parte física, técnica, psicológica, em torno de cinco horas. Porque tem a fisioterapia, a parte física, o treino do judô. As pessoas só costumam ver o glamour no atleta de alto rendimento, mas não sabem o tanto que ele sofre. E a Sarah tem uma peculiaridade que pouca gente sabe. Quando ela entrou na seleção, com 14, 15 anos, ela fazia o ensino médio e tinha uma rotina que pouca gente consegue fazer. Por isso que cada vez que a Sarah sobe no pódio e tem uma
medalha em qualquer nível, eu me orgulho muito de ter formado ela aqui dentro, sem nenhuma estrutura. E me orgulho de toda a força de vontade que ela tem. Ela saía de casa às 5h30 para ir à fisioterapia, antes de ir para a escola, e normalmente perdia a primeira aula. Depois da escola, ela ia trabalhar a parte física na academia, às vezes sem comer, e só voltava para casa por volta das 15h. Isso ela não fez só durante uma semana, ou um mês, mas durante quatro anos. Isso mostra o que ela queria e demonstra a dedicação que ela tinha. Então, a gente tem que se orgulhar disso. Eu sempre estive do lado para dar o suporte que ela precisava, levando-a para casa e dando todo apoio. Ela tinha em mim o porto seguro. Até os problemas dela de escola era eu quem resolvia. Como eu sempre acreditei que ela tinha um talento acima da média no judô, foi só trabalhar para, lá na frente, colher os frutos.
RCV – Como está o projeto do Centro de Treinamento Sarah Menezes? EF – Eu sempre tive a intenção de
trabalhar com projeto social, porque eu acho que é o caminho para você ajudar na sociedade e descobrir novos talentos. Você une o útil ao agradável. Em 2012, antes da Sarah embarcar para Londres, a Confederação mandou os tatames para cá para fazer a parte final da preparação dela. Porque eles vieram aqui e avaliaram que ela era muito boa, a única falha