Índice O Novo Mapa Político do Piauí 5. Editorial
8. Páginas Verdes Cris Poli concede entrevista à jornalista Cláudia Brandão 12. Palavra do Leitor 20. ECONOMIA O Piauí está mais competitivo 26. EDUCAÇÃO O que muda com a reforma do Ensino Médio 34. TECNOLOGIA Internet abaixo da média
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Páginas Verdes Cris Poli
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Estado pede socorro
38. ECONOMIA Novidades nas regras para aposentadoria 42. SAÚDE A virose que vem pela água 62. CADERNO ESPECIAL A doçura da infância 70. ESPORTE A dor da queda 72. GERAL Patrimônio esquecido 84. INDÚSTRIA
Articulistas 82
Fonseca Neto
90
Tony Batista
34
Internet abaixo da média
15. Cidadeverde.com Yala Sena 32. Economia e Negócios Jordana Cury 45. Chão Batido Cineas Santos 58. Ponto de Vista Elivaldo Barbosa 67. Tecnologia Marcos Sávio 86. Perfil Péricles Mendel
COLUNAS
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foto Manuel Soares
A festa da democracia A democracia brilhou mais uma vez em todo o Brasil no último dia 2 de outubro. Aqui no Piauí, os eleitores escolheram os 224 prefeitos e vereadores que vão comandar os destinos municipais nos próximos quatro anos. E pelo desenho partidário formado com a eleição dos novos prefeitos, já dá para ter uma ideia das forças políticas que terão mais peso nas eleições para governador em 2018.
Firmino Filho foi reeleito para o quarto mandato em Teresina, com 51, 14% dos votos e uma grande maioria na Câmara Municipal, de 23 dos 29 vereadores eleitos (a lista completa dos vereadores que tomam posse no dia 1° está na página 51). Depois de anunciado o resultado oficial, o prefeito disse que a educação será o carro chefe da sua administração, prometendo universalizar o ensino infantil.
O Partido Progressista, do Senador Ciro Nogueira, sagrou-se vitorioso, saltando de 10 para 40 prefeituras e consolidando-se como um bloco decisivo para o próximo pleito. Logo atrás, vem o PT, partido do governador Wellington Dias, que conseguiu eleger 38 prefeitos, incluindo cidades importantes como Picos e Campo Maior.
E por falar em infância, nas páginas verdes desta edição que antecede o dia das crianças, uma entrevista com a educadora Cris Poli, mais conhecida como Super Nanny. A apresentadora que fez sucesso no SBT com dicas de educação infantil revela os conselhos para criar crianças felizes e preparadas para enfrentar o mundo adulto. Uma leitura imperdível para pais e mães tomados pela incerteza quando o assunto é a formação dos filhos.
O PSDB, embora tenha mantido a hegemonia política na capital com a reeleição do prefeito Firmino Filho logo no primeiro turno, segue sem expressão no interior, elegendo apenas sete prefeitos. Para chegar ao governo do estado, portanto, como sonham os tucanos, será necessária uma aliança bem costurada com partidos que tenham representatividade nos demais municípios, a exemplo do PP. Essa é uma definição que só o tempo dirá. Afinal, como já dizia Magalhães Pinto, política é como nuvem e muda a todo instante.
Que os pais, assim como os novos gestores eleitos no pleito municipal, proporcionem um mundo seguro e cheio de oportunidades para que as crianças possam crescer de maneira saudável e com perspectivas de um futuro melhor. Cláudia Brandão Editora-chefe
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Entrevista POR CLÁUDIA BRANDÃO
Cris Poli
claudiabrandao@cidadeverde.com
Os conselhos da Super Nanny foto Thiago Amaral
A educadora Cris Poli, mais conhecida como Super Nanny, diz que os pais precisam colocar regras nas crianças e ensiná-las a ter autonomia para que possam se tornar adultos felizes e maduros.
O programa Super Nanny foi criado na Inglaterra para mostrar ao público como impor disciplina às crianças, um desafio que acompanha os pais no mundo inteiro. Aqui no Brasil, o programa foi produzido pelo SBT e 8 | 5 DE OUTUBRO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE
apresentado pela educadora argentina Cris Poli. Rapidamente, tornou-se um sucesso e conquistou a audiência de pais aflitos para entender como criar filhos educados e felizes. Hoje, longe das telas, Cris Poli se dedica aos
livros, lançando um título por ano, faz atendimento particular e ministra palestras por todo o Brasil. Recentemente, veio a Teresina para uma dessas palestras e concedeu a seguinte entrevista à Revista Cidade Verde.
RCV – Até que ponto o excesso de mimo pode prejudicar a educação de uma criança? CP – Todo excesso prejudica. O importante é o equilíbrio. A criança precisa de amor, de cuidado, de carinho, de tudo isso, mas também precisa de limites. Então, quando você mima uma criança, quer dizer que você não coloca limites e deixa ela fazer o que ela quer, ou dá para ela tudo aquilo que ela quer.
RCV – E em que tipo de adulto vai se transformar uma criança criada nesse modelo? CP – Em um adulto que acha que
pode fazer o que quer, quando quer e do jeito que quer. Ele passa a achar que é o centro do universo. Isso é o que os pais, de alguma maneira, estão fazendo hoje. Na sociedade em que a gente vive, a maioria dos pais trabalha fora e tem pouco tempo para ficar com os filhos e, nesse pouco tempo, em vez de colocarem limites, conhecerem os filhos e interagirem, eles dão para as crianças tudo que elas pedem, para que elas não perturbem, porque já estão muito cansados de trabalhar o dia todo. O que até dá para entender, mas que acaba resultando em um descuido no acompanhamento da educação dos filhos.
RCV – A partir de que momento a criança entende o sentido de um “não”? CP – Desde que ela nasce. O senti-
do do “não” é abstrato, ela não vai entender de imediato, mas ela entende a expressão do pai, pelo tom de voz que ele usa, que é diferente
A criança precisa de amor, de carinho, mas também precisa de limites. de quando ele diz “sim”. Agora, o sentido de verdade da palavra “não” vai ser compreendido a partir dos dois anos, pela maturidade neurológica que ele vai adquirindo.
RCV – Falando nisso, a negativa dos pais em algumas ocasiões ajuda a formar um adulto mais maduro, capaz de lidar com as próprias frustrações no futuro? CP – Sim, por isso é importante a
gente começar a estabelecer limites desde que a criança nasce. O “não” dito pelos pais é uma frustração e isso vai ensinando a criança, desde bebê, que quando ela recebe uma negativa deve saber absorver isso e, à medida que ela for crescendo, terá que entender que esse “não” é por amor, e não por ruindade dos pais. Se a criança quer colocar o dedinho na tomada de eletricidade, o pai proíbe, não porque ele é ruim, mas porque sabe que ela pode se machucar. Então, ela tem que aprender a associar esse “não”, que é uma frustração, com o amor do pai. Assim, mesmo não gostando, ela aprende a aceitar e a ser grata pelo cuidado dedicado a ela.
RCV – A maior dificuldade dos pais parece ser o equilíbrio entre o mimo e os limites. Como atingir esse equilíbrio? CP – Eu acho que o equilíbrio é
entre o amor e os limites, porque quando a gente fala de mimo já está falando em fazer a vontade das crianças. Elas têm de aprender em casa, com a família primeiramente, antes mesmo de entrar na escola, que em certas oportunidades elas vão ouvir “não” e vão ter de fazer escolhas que vão determinar acontecimentos na vida. O equilíbrio entre esse amor e os limites é o mais difícil de alcançar porque, como eu disse antes, os pais têm muito pouco tempo para ficar com as crianças e, nesse pouco tempo, eles estão cansados, estressados, ocupados em trabalhar para trazer bens materiais para os filhos. Porém, eles mesmos acabam criando crianças que eles também não suportam. Por isso que eles chamam a Super Nanny (risos).
RCV – Muitos pais tentam compensar a ausência física com o excesso de presentes. Isso pode contribuir para formar um adulto descontrolado financeiramente, achando que pode ter tudo que deseja? CP – Sem dúvida. Primeiro, o pai não vai conseguir compensar a ausência com presente, por melhor que seja o presente, porque a criança precisa mesmo é da presença dos pais, que é importante e necessária na vida delas. Isso acaba trazendo outros problemas no futuro, como o vazio sentido pelo filho. E ele vai
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tentar preencher esse vazio com outras coisas.
RCV – Quando a criança pode começar a assumir responsabilidades com pequenas tarefas dentro de casa? CP – Desde que ela tenha habili-
dade para fazer algumas coisas. Eu diria que, a partir dos dois aninhos, ela já pode fazer algumas tarefas, como guardar os brinquedos depois da brincadeira. Hoje, as crianças começam a frequentar a escola muito cedo e lá elas têm esse hábito. A criança nasce com uma capacidade de aprendizado tão grande que a gente não tem nem noção e, à medida que ela vai crescendo, a capacidade neurológica de aprender e de incorporar aquilo que você quer passar para ela vai se formando. E o que ela vê em casa é um exemplo para ela. Se ela vê, desde bebê, que a mãe coloca todas as coisas dentro de uma caixa, ela vai aprender isso. Por exemplo, quando ela aprende a se vestir, você já pode ensiná-la a colocar a peça usada no cesto de roupa suja. E ela aprende isso brincando, de forma lúdica.
RCV – Uma dúvida que acompanha os pais de forma perturbadora é o que fazer quando a criança birra e dá um escândalo em público, chamando a atenção de todo mundo. CP – Quando a criança faz esse
espetáculo na rua é porque ela fez isso em casa e deu certo. A birra é uma coisa que a criança faz naturalmente, porque é uma forma de expressar a frustração que ela tem. Provavelmente, ela quis uma coisa, os pais não deram ou não fizeram o 10 | 5 DE OUTUBRO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE
“ O pai não vai O paiconseguir não vai conseguir compensar a ausência com compensar presentes, por a ausência com melhor que presentes, porseja presente” melhoro que seja o
presente.
que ela queria, aí ela vai chorar. Se os pais não atendem, ela vai chorar mais forte. Eu já vi criança chutar, cuspir, quebrar objetos, fazer tudo que você possa imaginar para conseguir o que ela quer. Se quando ela tem essas birras em casa, você cede para evitar o choro, ela vai entender que esse é um método que deu certo e vai fazer isso em qualquer lugar, porque ela não tem vergonha de chamar a atenção. Birra é uma coisa que toda criança faz, em maior ou menor grau. A diferença está na reação do adulto. Portanto, não tem conversa com criança birrenta ou manhosa, não tem acordo. A solução que eu dou é ignorar, deixar ela chorar.
RCV – Se a criança insistir no erro, ou desobedecer os pais, qual o tipo de castigo que pode ser aplicado, de forma que ela sinta, sem ser maltratada? CP – A orientação que eu dou para
as birras é: ignore, deixe ela chorar quanto tempo for necessário. O grande problema desse método é que tem criança que chora 15 minutos; outras, meia hora; outras, 45 minutos; depende. Mas quando ela
percebe que o adulto não vai fazer o que ela quer, ela para sozinha. Quando a criança começa a aprender regras, aí ela entra naquele cantinho da disciplina que eu ensino no programa. Você estabelece as regras e avisa, uma vez só, que ela terá que obedecê-las, caso contrário ela será colocada no cantinho, sem agressão e sem violência. Quanto mais o adulto estiver controlado, mais controle da situação ele terá. Então, você senta a criança no cantinho onde ela vai ficar, não até que os pais se acalmem. A conta é um minuto por ano de idade, pois isso é o que a criança pode chegar a compreender e a absorver como um ensinamento. Por exemplo, se tem dois anos, vai ficar dois minutos. Mas o importante é ela saber por que está lá. Não adianta castigar uma criança, se ela não sabe por que está sendo castigada. As crianças têm de saber quais são as regras do jogo.
RCV – Houve uma época em que os pais se colocavam mais como amigos do que como pais. A autoridade paterna precisa ser demonstrada de forma inequívoca? CP – Sem dúvida. Criança precisa de autoridade, ela precisa de mãe e pai. Claro que os pais podem ser companheiros dos filhos, agora, amigos eles têm na escola. Dentro de casa, ela precisa de alguém com autoridade, que seja responsável pela educação. Isso não impede que haja um relacionamento de confiança, de diálogo, de aproximação, para saber o que a criança pensa, do que ela