Revista Cidade Verde 153

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Índice Retrospectiva 2016

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Páginas Verdes Elivaldo Barbosa

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2016: o ano da sinfonia do rock

Um crime e muitos motivos

COLUNAS

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Capa

5. Editorial

24. ECONOMIA Saldo negativo

22. Ponto de Vista Elivaldo Barbosa

8. Páginas Verdes Elivaldo Barbosa concede entrevista à jornalista Cláudia Brandão

42. GERAL A origem do réveillon

28. Economia e Negócios Jordana Cury

48. GERAL 60 anos de Direito

35. Chão Batido Cineas Santos

84. INDÚSTRIA

78. Playlist Rayldo Pereira

16. POLÍTICA Eleitos e diplomados 18. POLÍTICA O desafio dos novos gestores

82. Tecnologia Marcos Sávio 86. Perfil Péricles Mendel

Articulistas 13

Jeane Melo

80

Fonseca Neto

90

Tony Batista


foto Manuel Soares

À espera de um novo ano Ao final de mais um ano, é inevitável o exercício de olhar para trás e fazer uma revisão dos fatos mais marcantes dos últimos doze meses. E 2016 foi um ano repleto de fatos que entrarão para a história. O país assistiu ao segundo impeachment de um presidente da república, no caso uma presidente, em nossa recente e ainda frágil democracia. Os movimentos populares voltaram às ruas, manifestando suas opiniões, indignações e protestos. O combate à corrupção alcançou um patamar jamais visto no país, com o desmantelamento de uma teia enredada no poder público para desviar dinheiro do contribuinte. O resultado da Operação Lava Jato, que ainda está longe de acabar, já levou muitas autoridades para a cadeia, e outras tantas aguardam a sua vez. Por conta disso, os ânimos entre os três poderes chegaram ao nível máximo de tensão, com trocas de farpas e desobediência entre si.

tos, cada vez mais ousados e destemidos, passaram a ser praticados a toda hora e lugar, tirando o sossego e a vida de muitas pessoas. Sem falar na explosão de caixas eletrônicos e ações bem montadas contra agências bancárias e dos Correios. Ainda assim, houve espaço para a beleza, manifestada em apresentações cheias de arte e talento da Orquestra Sinfônica de Teresina que, mais uma vez, se reinventou e mostrou toda sua criatividade ao unir o rock e o erudito em um espetáculo inesquecível. E como final de ano é sempre tempo de reabastecer o espírito de esperança e o desejo de renovação, os piauienses já se preparam para a festa da virada do ano, como mostra a reportagem assinada pela repórter Jordana Cury, que traz ainda as curiosidades sobre a origem da festa de réveillon e as diferentes formas de comemorá-lo ao redor do mundo.

A crise econômica alastrou-se pelo país de norte a sul, como uma sombra densa e escura, impedindo o crescimento e fechando postos de trabalho. Um cenário perturbador, sobretudo para 12 milhões de trabalhadores que perderam seus empregos e se viram sem perspectivas de recolocação no mercado de trabalho.

Aqui na redação, nós nos despedimos de 2016, desejando que 2017 seja um ano de paz, harmonia e prosperidade para todos os nossos leitores.

No Piauí, o ano foi marcado pela violência, com a propagação de crimes em todos os municípios. Os assal-

Cláudia Brandão Editora-chefe

REVISTA CIDADE VERDE | 25 DE DEZEMBRO, 2016 | 5




Entrevista POR CLÁUDIA BRANDÃO

Elivaldo Barbosa

claudiabrandao@cidadeverde.com

Notícia com credibilidade foto Wilson Filho

O jornalista Elivaldo Barbosa conquistou espaço no panteão dos grandes jornalistas políticos do estado, graças ao trabalho realizado com ética e credibilidade. Elivaldo Barbosa é hoje um dos jornalistas mais respeitados do Piauí, principalmente quando o assunto é política. Com 26 anos de atividade profissional, o repórter e comentarista do grupo Cidade Verde, que inclui TV, portal e revista, traz na bagagem a cobertura de várias eleições, visitas presidenciais, votações importantes, e acumula muitas histórias sobre a política e os políticos. Discreto, ele quase virou um agrônomo. Chegou a concluir o curso, mas o destino mudou o rumo de sua profissão e ele acabou tornando-se um semeador de notícias, cultivando fontes e colhendo a admiração e o respeito do público que o acompanha ao longo da sua trajetória profissional. Nessa entrevista à Revista Cidade Verde, da qual é colaborador com a coluna Ponto de Vista, Elivaldo relembra fatos pitorescos da política e faz uma análise do jornalismo atual.

RCV – O que fez você mudar da área de agronomia para o jornalismo? EB – Foi uma oportunidade que sur-

giu no mercado. Terminei o curso de Agronomia, com mercado muito restrito, e surgiu uma oportunidade na Rádio Antares de produzir um programa rural. Logo em seguida, no já extinto Jornal da Manhã, fui convidado a redigir uma página de 8 | 25 DE DEZEMBRO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE


agronegócio e, logo depois, veio o convite do então diretor da TV, que à época chamava-se TV Pioneira, Lindemberg Leite, para entrar na equipe de produção do Piauí Rural, um programa recém-introduzido na grade da emissora, que tinha muitas matérias rurais, mas com carência de uma abordagem mais técnica. E eu tinha o desejo e o desafio de ir para a televisão. Foi aqui na Cidade Verde que começou meu trabalho com o jornalismo diário, cobrindo cidade e, principalmente, minha principal atividade de hoje, com o jornalismo político.

RCV – Como se deu essa migração do jornalismo rural para o político? EB – Também foi por acaso. O di-

retor de jornalismo da época, Luís Carlos Maranhão, precisava de repórteres para cobrir os fatos políticos quando faltavam profissionais para aquela área. Aí o Luís Carlos me chamava e eu ia prontamente, porque eu achava uma maravilha cobrir política. Eu participei ativamente do movimento estudantil quando era aluno de Agronomia da Universidade Federal do Piauí, no DCE e no Centro Acadêmico, e isso me deu uma base política muito importante. E aquilo eu levei para minha atividade profissional quando eu me tornei jornalista político. Eu tinha um gosto muito grande por essa área e também me inspirava em referências nacionais, como Carlos Chagas, Paulo Francis e os grandes analistas da época. E, aqui, tínha-

Eu cansei de perceber vereador mudando o voto no momento da apuração, por um apelido e até por um risco na cédula, que ele associava como uma manifestação a favor dele.

boas informações, sou até privilegiado por receber informações exclusivas que valorizam os veículos onde eu trabalho (TV, portal e Revista), assim como valorizam meu conceito profissional na área política.

RCV – Alguma autoridade já ficou zangada com você por conta de uma crítica ou comentário? EB – Já. Em campanha eleitoral,

mos Chico Viana, Pedro Alcântara, Deoclécio Dantas, Carlos Augusto, enfim, as principais referências do jornalismo local. Pouco depois, quando eu comecei a participar mais diretamente da vida política, eu tive o prazer de dividir bancada com o Deoclécio Dantas, no Cidade Livre, que era um programa matinal aqui da TV. A princípio, substituindo eventualmente o Carlos Augusto e, depois, quando ele se afastou, eu fui efetivado na bancada.

RCV – E como é a sua relação com as fontes? EB – Eu procuro ter a melhor re-

lação possível, a mais transparente. Lógico que a gente procura sempre captar a informação e divulgá-la, você não armazena notícia, mas você tem de ter um respeito com a fonte, com relação à informação que lhe é repassada. Tem que ter uma certa confiança na fonte que, por sua vez, tem que ter confiança no profissional. Então, é essa relação sem discriminação e sem privilegiar ninguém. Por isso, graças a Deus, aonde eu chego sou bem recebido, tenho

os nervos são sempre mais exigidos, porque ficam à flor da pele. E no calor das coberturas, o fato real que você aborda, por mais cuidado que você tenha de equilibrar a informação, de ouvir os dois lados, acaba gerando alguns inconvenientes ou dissabores. Eu lembro bem que isso aconteceu na campanha de 98, entre os candidatos Mão Santa e Hugo Napoleão, que disputavam o Governo do Estado. Foi uma campanha acirradíssima, que não terminou depois da posse, mas se arrastou até a cassação do Mão Santa, em novembro de 2001. Aí eu tive alguns problemas, mas superados. O tempo trata de superar e, depois, os mesmos personagens voltaram a ter boa relação comigo, sem nenhuma dificuldade, vendo que a gente só estava procurando levar a melhor informação possível para o telespectador.

RCV – Nessa sua trajetória jornalística de quase trinta anos, qual foi a cobertura mais marcante? EB – Eu cito essa da eleição de 98,

porque nós ficamos com a marca da

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TV Cidade Verde de iniciar uma jornada de cobertura e só terminar quando a eleição concluísse. Outro momento interessante foi durante a vinda do então presidente Itamar Franco a Teresina, para lançar o programa Frentes Produtivas de Trabalho. Eu estava fazendo a reportagem para a TV Pioneira e para a Bandeirantes, que era a Rede à qual estávamos afiliados à época. Já estávamos no hotel e o presidente não queria falar sobre a crise política que se abatia sobre seu governo, o real que estava sendo implantado, e aí eu gritei para ele: “Presidente, o que fazer para amenizar os efeitos da seca no Piauí?”. Ele não ia nem responder, mas quando ouviu a pergunta, se interessou e contrariou todos os seguranças, retornou e respondeu à minha pergunta. Aquela foi a matéria de destaque do Jornal da Band naquele dia, apresentado pela jornalista Marília Gabriela. Já mais recentemente, agora em 2016, eu destaco a cobertura que fizemos em Brasília do impeachment da presidente Dilma no Senado. Estávamos lá, eu e o cinegrafista Chico Lobo, no salão azul do Senado, entrando ao vivo, de manhã cedinho, no programa da Nadja Rodrigues, para informar o desfecho da votação para a autorização do impeachment. Foi um impacto muito grande e um fator de valorização profissional, que eu gostei muito de fazer.

RCV – Quais são as recordações que você tem de quando a apuração ainda era feita manualmente, com contagem voto a voto?

“ Osociais, pai não vai As redes além de fontes,conseguir passaram a compensar ser também veículosa ausência com de comunicação, presentes,a por repercutindo melhor que seja informação. o presente”

EB – Eu nem sei como é que dava certo aquilo. Era uma contagem manual, muito trabalhosa. Na eleição majoritária, para prefeitos e governador, até que dava certo. Demorava, mas dava para contar direitinho. Mas na de deputado e de vereador, a vantagem era para quem chegava na hora. Eu cansei de perceber vereador mudando o voto no momento da apuração, por um apelido e até por um risco na cédula, que ele associava como uma manifestação a favor dele. Então, era uma forma muito rudimentar, cujo resultado acabava não traduzindo a manifestação do eleitor. Era um processo lento e desgastante para candidatos, para o público que ficava esperando o resultado e para nós também, jornalistas. Nós tivemos uma evolução extraordinária, porque hoje a apuração termina às 19h do domingo. RCV – Nesse tempo de velocidade da internet está mais difícil conseguir um “furo jornalístico”? EB – É. Ainda bem que nós também

ingressamos na internet com o portal cidadeverde.com, porque quando

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você tem uma informação quente, um furo, você fica logo preocupado em publicar. Às vezes, eu estou em uma cobertura para o jornal de meio-dia da TV e sei de uma informação ali quentinha, privilegiada, e a primeira atitude é passar logo para o portal, porque ao meio-dia ela já vai estar envelhecida e a gente vai repercuti-la de outra forma. A internet tornou a informação tão rápida, tão perecível, que realmente compromete. A menos que você tenha uma informação muito fechada, mas, mesmo assim, eu não confio. Se ela é de fato para ser veiculada, eu já procuro passá-la o mais rápido possível, seja para a TV ou para o portal. No caso da Revista, a gente procura abordar a repercussão e o desdobramento daquela informação, de forma mais profunda.

RCV – Outro fenômeno que causou impacto no jornalismo foram as redes sociais. Hoje, cada pessoa está publicando informações em tempo real. De que forma isso afeta o jornalismo tradicional? EB – Eu, por exemplo, procuro

muitas fontes importantes, nomes públicos, políticos, nas suas redes sociais. As redes sociais, além de fontes, passaram a ser também veículos de comunicação, repercutindo a informação. É um fenômeno novo, nós estamos ainda batendo cabeça, tendo que nos adaptar para dominarmos esses novos e importantes instrumentos de repasse da informação.

RCV – Você hoje é um profissional respeitado pelo público e pelos colegas de profissão. Que


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