Revista Cidade Verde 161

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CLAUDINO PUBLICIDADE


foto Manuel Soares

Índice

Uma profissão sob constante risco

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Capa

Ameaças nos hospitais

5. Editorial 8. Páginas Verdes João Rodrigues concede entrevista à jornalista Cláudia Brandão 22. INDÚSTRIA 26. Falta de galeria deixa zona leste inundada 38. O adeus a Bona Medeiros 39. Agropecuária de luto 40. Jânio Quadros: os 100 anos de um político incomum

Páginas Verdes João Rodrigues

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A contaminação dos rios

Projeto do Piauí vai para a África

44. Incentivo para acessibilidade urbana

24. Ponto de Vista Elivaldo Barbosa

56. Descomplicando a Física

37. Chão Batido Cineas Santos

62. Piauiense desenvolve aplicativo de informação pelo celular 66. Estação Ferroviária vai abrigar nova sede do Iphan 68. O Piauí revelado sob o sol do sertão 72. O significado da Páscoa

65. Tecnologia Marcos Sávio 76. Economia e Negócios Jordana Cury 82. Playlist Rayldo Pereira 86. Perfil Péricles Mendel

Articulistas 14

Jeane Melo

31

Fonseca Neto

COLUNAS

48

O Dia Mundial da Saúde foi comemorado em 7 de abril. Nesta data, a Revista Cidade Verde constatou uma triste realidade em nosso meio: os profissionais que cuidam da saúde da população estão, eles próprios, com a saúde abalada em função das constantes agressões de que são vítimas diariamente, dentro do ambiente de trabalho. Médicos e enfermeiros dedicam-se, incansavelmente, para cuidar dos pacientes em hospitais e postos de saúde, muitas vezes sem a estrutura necessária para dar o suporte indispensável a um bom atendimento. Mesmo assim, desdobram-se em jornadas extenuantes para conseguir minimizar a dor dos que chegam aos consultórios. Não bastassem as dificuldades naturais da profissão, esses trabalhadores vêm convivendo com uma rotina perigosa. São frequentes os ataques promovidos pelos próprios pacientes, que se sentem prejudicados com a demora no atendimento ou com a falta de medicamentos, sem perceber que os profissionais também são vítimas dessa deficiência. A repórter Caroline Oliveira ouviu depoimentos comoventes de médicos e enfermeiros que receberam socos, empurrões e xingamentos, enquanto estavam exercendo sua atividade. Além dos eventuais insultos

de pacientes e seus acompanhantes nos consultórios, há um risco ainda maior quando o atendimento se dá no serviço de urgência e emergência, porque é lá que costumam chegar feridos vítimas das brigas de gangues rivais. Nesse caso, as ameaças são mais assustadoras. O assunto já chegou às autoridades de saúde, que promoveram uma reunião para buscar soluções capazes de proporcionar mais segurança nos hospitais e unidades básicas, especialmente nos bairros de periferia, onde o problema é mais acentuado. Igualmente preocupante é a contaminação dos rios Poti e Parnaíba, dois patrimônios do Piauí, que banham Teresina. Em pesquisa realizada pela Universidade Estadual, foi constatada a presença de bactérias altamente resistentes a antibióticos nos leitos dos rios, o que significa que esgotos não tratados continuam sendo despejados diretamente nas águas que deveriam correr livres de sujeira rumo ao mar. E, para marcar essa edição de Páscoa, nós revelamos aos leitores os significados dos símbolos da maior festa cristã, numa reportagem informativa e curiosa. Um deleite para quem gosta de acompanhar ritos e rituais. Cláudia Brandão Editora-chefe

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Tony Batista

REVISTA CIDADE VERDE | 16 DE ABRIL, 2017 | 5


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Entrevista POR CLÁUDIA BRANDÃO

João Rodrigues

claudiabrandao@cidadeverde.com

A força das mídias sociais na comunicação do governo foto Wilson Filho

A Coordenadoria de Comunicação do Estado trabalha para construir uma imagem de eficiência e competência do governo Wellington Dias, ao final do seu terceiro mandato.

orgulha-se de contabilizar 120 mil seguidores na página do governo. Mas admite que, vez por outra, tem de administrar conflitos. E os mais frequentes, segundo o secretário, são na área de segurança. Na entrevista a seguir, o homem que cuida da comunicação do governo fala sobre as estratégias desenvolvidas por sua equipe e relata algumas curiosidades, como o fato de o próprio governador produzir matérias e fotos, quando não há jornalista presente.

RCV – Como é o desafio de estabelecer uma política de comunicação para o governo na era da velocidade da informação? JR – Nós temos que contar, aci-

O governador Wellington Dias está no terceiro mandato e já se prepara para disputar o quarto, no ano que vem. Para isso, precisa contar com uma forte estrutura de comunicação, que leve a sua mensagem de gover8 | 16 DE ABRIL, 2017 | REVISTA CIDADE VERDE

no aos habitantes dos 224 municípios do estado. Não é tarefa fácil, principalmente se considerarmos a extensão territorial do Piauí. Mesmo assim, o secretário de Comunicação, João Rodrigues, quer chegar ao final da sua

gestão com a missão de firmar a imagem de um governo eficaz e competente. Na era da velocidade da informação, ele não dispensa a relação com as redes sociais e

ma de tudo, com profissionais dedicados, como os que nós temos aqui. Nós temos esse perfil na CCom. Eu trabalho muito com números. Eu não sou da área de Comunicação, mas de Administração de Empresas, o que dá a possibilidade de ocupar determinados cargos, porque todos eles trazem a necessidade de pessoas com essa visão de logística da gestão. A visão de sistema nos dá a capacidade de formar equipe baseados nas diversas necessidades, apesar das precariedades da nossa estrutura. O maior desafio que existe é trabalhar em uma estrutura imensa, como a do governo, que a cada hora está produzindo diversos resultados e provocando deman-

O maior desafio que existe é trabalhar em uma estrutura imensa, como a do governo, que a cada hora está produzindo diversos resultados e provocando demandas sociais, tudo isso acontecendo muito rápido.

das sociais, tudo isso acontecendo muito rápido. Nós fazemos o relatório do que estamos produzindo, do que a imprensa está recebendo e a interpretação desse material, porque, no momento em que nossa mensagem chega à imprensa, ela passa por um processo de triagem.

RCV – A CCom faz o acompanhamento do que a mídia aproveita a partir do material que vocês encaminham diariamente? JR – Sim, porque nessa inter-

mediação que a mídia faz com a sociedade, que é salutar, não pode ter ruído de comunicação, ou seja, a mensagem não pode chegar de forma equivocada à população. E nós recebemos um relatório semanal, que é bem completo e conta muito a história do que acontece em todos os veículos. Ele nos mostra a visão

do que falam do governo, a partir do que nós construímos. Às vezes, começa algum problema ou início de crise em uma secretaria e nós constatamos aqui, passando a agir para contorná-lo. Nós já fomos a reuniões de pauta em alguns veículos, para ver como é a interação entre o que o governo produz e o que a imprensa recebe, principalmente naquelas pastas mais complexas. Nós respeitamos a imprensa, porque é fundamental o relacionamento com ela.

RCV – Quais são as áreas mais delicadas, nas quais é preciso uma intervenção maior da comunicação para administrar conflitos? JR – Segurança. Se você pegar a

pauta de segurança e for quantificar e qualificar esse material, vai ver que há uma distorção muito grande. A pauta da segurança, às vezes, é tratada de uma forma distorcida. Nós temos conversado muito com a imprensa, porque, na medida em que você passa a produzir um conteúdo maior da ação do delinquente e das diversas mazelas que, infelizmente, a sociedade enfrenta, e a ação da polícia não é concomitante, você tem a sensação de que o crime está preponderante, e não é verdade. A ação da polícia do Piauí é imensa. Quando nós conversamos com os comandantes dos batalhões, o comandante-geral ou o secretário Fábio Abreu, nós vemos pessoas REVISTA CIDADE VERDE | 16 DE ABRIL, 2017 | 9


que já foram presas quinze vezes. Essas pessoas passam a circular no sistema várias vezes. Temos que considerar também a parte da Justiça, que tem as suas dificuldades na condução demorada de determinados processos. Nós assistimos a vários furtos de pequena monta que provocam uma sensação de insegurança muito grande. Mas, ao mesmo tempo, a polícia tem feito o seu trabalho.

RCV – Com tantos órgãos e secretarias no estado, como o senhor faz para manter a unidade do discurso do governo? Há algum tipo de controle de todas as informações que saem da equipe? JR – Nós temos feito treinamen-

to com as diversas assessorias dos órgãos e temos aqui a nossa gerência de jornalismo, que vê tudo antes de ser emitido. Funciona como uma indústria: a matéria-prima vai chegando e a gente vai processando e repassando para a imprensa dentro de uma política de comunicação. Não é simplesmente chegar e passar. Tudo é feito a partir de uma análise dos relatórios que nós temos. Eles é que definem a pauta do que vamos falar: se de desenvolvimento econômico, de educação, etc. E é preciso fazer a relação entre as diversas ações do governo, porque o trabalho não é feito isoladamente. Um dos nossos desafios é contar como é feita a soma dessas ações de forma programada. Quem conduz toda essa máquina? O governador Wellington Dias. Ele 10 | 16 DE ABRIL, 2017 | REVISTA CIDADE VERDE

Nós temos uma equipe que cuida de toda essa logística da informação do governo no Facebook, no Instagram e no Twitter. Hoje, nós temos 120 mil seguidores. Nós respeitamos muito essa plataforma.

dá ideia sobre os planos, o programa de governo e a execução dos projetos.

RCV – De que forma a Secretaria trabalha com as informações postadas nas redes sociais? JR – Nós temos uma equipe que

cuida de toda essa logística da informação do governo no Facebook, no Instagram e no Twitter. É mais complicado trabalhar com informação governamental, aquela que tem a chancela do governo, mas nós temos feito isso com maestria, a partir do momento em que passamos a entender o que as pessoas querem escutar do governo. Hoje, nós temos 120 mil seguidores. Nós respeitamos muito essa plataforma, mas também temos muita preocupação com as mídias sociais, porque, às vezes,

elas são utilizadas de uma forma equivocada.

RCV – Além das informações que o governo posta, existe também um monitoramento do que é postado pela sociedade nas redes sociais? JR – Sim, é fundamental. O nos-

so trabalho é de fora para dentro e não somente de dentro para fora. Nós temos que olhar a percepção da sociedade em relação ao trabalho do governo, porque essa equação vai dar em um resultado concreto. Nós trabalhamos com a dinâmica das notícias, mas, ao mesmo tempo, quando verificamos, através de uma pesquisa, que o governo é aprovado por 72% da população, nós nos sentimos gratificados. Embora nós saibamos que o governador, por si só, tem uma imagem muito forte, mas não é só isso que faz com que o governo seja bem aprovado. É porque as ações do governo, de alguma forma, estão chegando lá nos rincões.

RCV – E, por falar em rincões, qual a estratégia para levar a informação a um estado com 224 municípios e uma dimensão territorial tão grande? JR – Nós contamos com a par-

ceria das TVs, que têm uma boa audiência. Nós trabalhamos de forma alternada com noventa portais, não só publicando campanhas publicitárias, mas também notícias do governo. Temos um boletim que é enviado para a totalidade dos portais. As mídias

sociais e a internet trazem essa facilidade de diminuir as distâncias e provocar a interação, embora carreguem também os seus problemas, porque cada cidade tem uma demanda diferente para o governo.

RCV – Os conteúdos também são regionalizados, com campanhas e notícias específicas de acordo as necessidades do município? JR – Sim, nós fazemos isso tanto

com o conteúdo para os portais, como para as mídias sociais. É a forma que nós temos de manter informadas as pessoas que estejam lá em Corrente, por exemplo, sabendo o que o governo está fazendo por elas.

RCV – O governador acompanha as notícias diárias sobre o governo? Ele lê o resumo das notícias publicadas sobre sua administração? JR – Acompanha. Eu costumo

dizer pra minha equipe que o governador é bom por um lado e ruim por outro. Bom, porque ele sabe e conhece a importância da comunicação, e ruim, porque, conhecendo a importância da comunicação, ele cobra muito. Em determinados eventos, na ausência do jornalista, ele mesmo produz a matéria e passa, com foto e tudo, pela internet. Acontece, às vezes, quando ele está em Brasília. Quando nós assumimos, ele determinou que cuidássemos de cada veículo com respeito, porque, a partir dessa interação, é que teremos o respeito dos jornalistas. O gestor

Se nós conseguirmos firmar na cabeça das pessoas que o governador é uma pessoa com muita experiência e competência no que está fazendo, vamos mostrar a realidade do governo Wellington Dias.

público precisa responder aos jornalistas, porque ele trabalha para a população.

RCV – Como é feita a comunicação interna com os servidores? JR – Em que pesem algumas di-

ficuldades com relação a isso, já que o Governo do Estado funciona como uma imensa empresa, nós temos uma boa parceria com a Secretaria de Administração. Assim, no momento em que existe alguma demanda ou serviço do governo voltado para o público interno, a gente interage diretamente com o servidor, seja por meio do Facebook ou do e-mail dele, além das formas convencionais, como a televisão. Agora mesmo, nós fizemos um recadastramento, que passou por alguns momentos de dificuldade, mas poderia ter sido bem pior, se não

tivéssemos essa parceria com a Administração.

RCV – Qual a imagem que o senhor pretende construir do governador ao final do terceiro mandato dele? JR – A imagem de eficiência e ex-

periência. Se nós conseguirmos firmar na cabeça das pessoas que o governador é uma pessoa com muita experiência e competência no que está fazendo, vamos mostrar a realidade do governo Wellington Dias. Por exemplo, conseguir manter o estado dentro de uma nação que está passando por um problema seríssimo, pagando os salários em dia, fazendo o dever de casa e sendo reconhecido pelo Ministério da Fazenda como um estado cumpridor das suas obrigações financeiras, não é pouco.

RCV – O Partido dos Trabalhadores passa por um desgaste de imagem no país, em função das denúncias de desvio de dinheiro da Petrobrás. Como dissociar essa imagem negativa da figura do governador, que é do partido? JR - Eu acho que nós iríamos ferir mortalmente a personalidade política do governador Wellington Dias se tentássemos afastá-lo do partido dele. Todos os partidos estão envolvidos nessa operação. E, em todos eles, há um lado ruim e um lado bom. O governador faz parte do lado bom do partido e, como ele, há muitas pessoas boas. Alguns cometeram erros e esses devem ser punidos exemplarmente. Mas isso não interfere na pessoa, nem no governo do Wellington Dias.

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