Revista Cidade Verde 202

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Índice CAPA: Está na hora de comprar! 05. Editorial 08. Páginas Verdes Marcos Piangers concede entrevista à jornalista Cláudia Brandão 16. SAÚDE Semente da esperança 20. ESPECIAL Cabeamento estruturado: planejar para não quebrar 36. ESPECIAL Hora de relaxar

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Páginas Verdes

Marcos Piangers

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Calor de Rachar 34. Ponto de Vista Elivaldo Barbosa

62. INDÚSTRIA

40. Economia e Negócios Jordana Cury

64. ESPECIAL Junto e misturado 70. GERAL Cuidados com animais no B-R-O-BRÓ 78. GERAL É tempo de luz

76. Na Esportiva Fábio Lima 81. Tecnologia Marcos Sávio 82. Passeio Cultural Eneas Barros 86. Perfil Péricles Mendel 90. Poesia Sempre Salgado Maranhão

Articulistas Jeane Melo

Em sintonia com o mar

58. ESPECIAL Chega de barulho!

42. ESPECIAL Moradia Sustentável

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Cecília Mendes

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COLUNAS

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Zózimo Tavares


Otimismo no mercado Depois de um longo período de recessão e incertezas na área da economia, o país parece, finalmente, reencontrar-se com um cenário positivo, abrindo espaço para o otimismo dos investidores. O setor da construção civil foi um dos que mais sofreram com a retração econômica, amargando prejuízos nos últimos tempos. Mas, a queda da inflação, a recuperação do nível de emprego, ainda que discreta, e a perspectiva de aprovação das reformas tributária e da previdência pelo novo governo animam os empresários. Nesta edição especial, dedicada à arquitetura e construção, nossa equipe ouviu o mercado imobiliário para sentir como o setor está reagindo e o que se pode esperar para os próximos meses. O clima é de confiança, o que significa que novos empreendimentos deverão ser lançados, aumentando a oferta de imóveis. Uma boa notícia para quem deseja adquirir casa própria.

bem como o destacamento de materiais de revestimento externo, como pastilhas e cerâmicas. Para evitar esse problema, os especialistas recomendam o uso de materiais apropriados para fachadas, mais resistentes à ação solar. E se você está sonhando com uma casa na praia para aproveitar os bons ventos do litoral não pode deixar de ler a reportagem sobre arquitetura praiana, que requer alguns cuidados básicos para que o imóvel não sofra tanto com a ação da maresia. Além disso, o projeto deve ser pensado de forma a proporcionar o melhor aproveitamento da vista para o mar, o maior atrativo de um imóvel dessa natureza.

Para quem está pensando em construir, a Revista apresenta várias reportagens que merecem ser lidas antes de iniciar a obra. Uma delas é sobre a necessidade de fazer o cabeamento adequado, ainda no projeto, a fim de evitar transtornos na hora de passar os diversos fios de internet, telefone, TV por assinatura, etc. Esta é uma necessidade da vida moderna que não foi prevista nas construções antigas e que, agora, estão trazendo dor de cabeça para os moradores que não abrem mão da tecnologia dentro de casa.

Como já é de praxe na Revista Cidade Verde, estamos sempre buscando novidades na área da pesquisa que podem contribuir com a melhoria na qualidade de vida dos nossos leitores. A reportagem Semente da Esperança, publicada na página 16, mostra o avanço da pesquisa realizada pela professora Maria Luiza Vilela Oliva, da Universidade Federal de São Paulo, com a semente de Tamboril, uma árvore encontrada com facilidade no Piauí. A equipe da professora descobriu que as sementes continham proteínas com propriedade antitumoral, que atuam especialmente nos casos de tumor de mama. Ainda há muito trabalho pela frente até chegar à fase de comercialização e aplicação da proteína no tratamento de pacientes, mas já é um alento promissor no combate à doença.

Outra preocupação indispensável para quem constrói no Piauí é com o calor e as altas temperaturas, que provocam dilatação térmica e podem causar rachaduras nas paredes,

Cláudia Brandão Editora-chefe

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Entrevista POR CLÁUDIA BRANDÃO

Marcos Piangers

claudiabrandao@cidadeverde.com

De olho no futuro foto Divulgação

Marcos Piangers defende que só as pessoas capazes de achar soluções criativas e inovadoras irão sobreviver em um futuro bem próximo, que já está batendo à nossa porta.

Marcos Piangers é um jornalista antenado com as novas tecnologias e conectividade. Ele próprio está conectado a 3,5 milhões de pessoas que o seguem nas redes sociais. Não à toa, é hoje um dos palestrantes mais requisitados para falar sobre inovação e criatividade. É também autor do best-seller "O Papai é Pop", que já vendeu mais de 250 mil exemplares no Brasil e no exterior. Sempre bem-humorado,

ele fala com desenvoltura sobre os desafios do mundo moderno e sobre a necessidade de preparar as futuras gerações para fugirem do pensamento analógico e buscarem soluções novas diante das mudanças frequentes que o mundo atravessa. Em recente visita a Teresina, para proferir palestra na Semana do Empreendedorismo, Piangers concedeu a seguinte entrevista à Cidade Verde.

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RCV – O futuro pertence às mentes criativas? MP – Sem dúvida. O passado per-

tenceu às mentes que obedeciam a um modus operandi muito industrial, muito focado na ideia do trabalho braçal e repetitivo. Esse trabalho braçal e repetitivo está migrando para as máquinas e, mais do que para as máquinas, está migrando para robôs e algoritmos, que é a inteligência programando a inteligência, ou seja, essas máquinas e esses robôs vão fazer tudo aquilo que se considerou, por muito tempo, o trabalho humano. Por séculos, o trabalho humano foi braçal, muito pouco imaginativo e criativo; e os criativos ganhavam muito dinheiro por aquilo que eles conseguiam criar. Valia muito a pena ser criativo, mas para uma parcela muito pequena da população. O futuro é de uma população cada vez mais criativa e que exercite cada vez mais sua capacidade de imaginação para oferecer para as máquinas caminhos inovadores. A máquina nunca vai inovar, ela sempre vai fazer o que alguém disse para ela fazer de forma repetitiva. Cabe ao humano levar a máquina para caminhos inovadores, fazer com que essa máquina realize os trabalhos mais exaustivos, braçais e que não são tão agradáveis para a maioria da população e sobre, então, para os humanos, essa capacidade de imaginação, que, infelizmente, ainda não é incentivada nem dentro de casa, com os pais, nem em ambientes educacionais.

RCV – Criatividade é um dom ou um talento que pode ser desenvolvido? MP – Eu acho que o maior mito que


inventaram é esse de que é um dom, porque a bibliografia da psicologia comportamental percebeu que a gente tem muito mais ímpeto, motivação, para atividades que estão fora da gente. Então, quando você diz para uma criança: “Ah! Como você é inteligente, criativa”, ela vai ficar sempre achando que tem dentro dela a inteligência e a criatividade e vai se esforçar menos. E, em determinado momento, a falta de esforço vai fazer com que ela não seja nem inteligente, nem criativa. Mas quando você diz para uma outra criança: “Como você é esforçada! A resposta que você deu foi muito criativa, porque você leu, se esforçou”, você está estimulando essa criança a exercitar a motivação externa e, não, aquela interna. Se você estimula essa criança a se esforçar a buscar a criatividade o tempo todo (e é aí que eu defendo a ideia de que criatividade é o exercício de uma musculatura criativa que está dentro da gente, mas que precisa ser estimulada constantemente), você está ensinando essa pessoa a aprender o tempo todo, a não achar que ela está pronta. E essa é a diferença fundamental do profissional que se prepara para um futuro que vai ser mais desafiador do que o passado que ele já conheceu.

RCV – Além do incentivo ao esforço pessoal, que outros tipos de estímulos externos podem ajudar a aflorar a criatividade? MP – A forma mais rápida de você se tornar uma pessoa criativa é se cercando de pessoas criativas. É muito simples isso: se você não se considera uma pessoa criativa e é colocada em uma equipe extremamente criativa, que apresenta soluções inovadoras

O melhor planejamento é aquele que não amarra a empresa a apenas uma visão ou estratégia, mas que oferece a oportunidade de 'pivotar', de dar guinadas. o tempo todo, você imediatamente vai ser contaminado por aquilo. Eu tenho acesso a isso porque eu tenho duas meninas e as crianças são pequenos cientistas criativos, o tempo todo tentando explicar o mundo de uma forma completamente diferente daquilo que a gente já está acostumado. Eu sempre preferi, em qualquer festa ou churrasco de amigos, conversar com crianças do que conversar com adultos, porque os adultos vão falar sempre das mesmas coisas. As crianças, por outro lado, vão falar sempre dos assuntos mais surreais, malucos, divertidos, interessantes e estimulantes. Mas existem outras formas. Se você quer montar uma equipe criativa dentro de uma empresa, por exemplo, é recomendável que você monte uma equipe diversa, que tenha backgrounds diferentes, que venha de cidades diferentes, com pontos de vista diferentes, referencial de leituras diferentes, para que suas soluções sejam contaminadas por esse monte de visões diferentes e que sejam inovadoras. As empresas mais inovadoras do mundo pegam

ideias que fazem parte daquela área, mas se inspiram em outras áreas. A Apple, quando vai abrir uma loja, não se inspira nas outras lojas, mas em um hotel de luxo. Ela foi buscar o que esses hotéis tinham de mais interessante para fazer um totem de adoração à sua marca. O Metro Bank, um dos bancos mais bem-sucedidos dos Estados Unidos e de Londres, quando foi abrir, não abriu um banco como os outros. Eles montaram um banco que funcionava como uma loja, que abria às 7h e fechava às 18h. Na sexta-feira, vai até a meia-noite. Para eles, não há lógica em um banco abrir às 10h e fechar às 16h. É só uma regra que foi autoimposta historicamente.

RCV – Planejamento estratégico sempre foi essencial nas empresas. Mas, como planejar o futuro em um mundo que muda a cada instante? MP – Eu acho que o planejamento

estratégico realmente era importante em uma época que você podia fazer um planejamento de dois, cinco anos. A época em que a gente vive hoje, e que vai ser a mesma para os próximos anos, é uma época de mudança constante. Não existe mais isso de planejamento para dois ou cinco anos, a não ser que o seu planejamento seja estar constantemente aberto a novas possibilidades. O que eu quero dizer com isso é: a melhor opção é a opção que te dá mais opções. Então, o melhor planejamento é aquele que não amarra a empresa a apenas uma visão ou estratégia. É aquele planejamento que oferece para a empresa a possibilidade de 'pivotar', de dar guinadas, de formar equipes autônomas. E isso passa tam-

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bém por estudos científicos comportamentais, que perceberam que equipes mais motivadas, do ponto de vista criativo, são equipes que cultivam autonomia, domínio e propósito. Então, autonomia é a noção de que você tem uma equipe que tem horários flexíveis, que trabalha à distância, que pode organizar a mesa da forma que acha que é a mais organizada, autonomia para tomar algumas decisões e até para passar por cima de gerentes ou de chefes, quando esses são gargalos. É a teoria dos nós. E a noção de que o domínio é muito importante, a aprendizagem é muito importante e, por último, o propósito é muito importante. Se existe a noção de que aquela empresa tem um propósito, aí sim, talvez esse planejamento estratégico possa servir para dez ou vinte anos. Depois que você tem claro qual é o propósito daquela empresa existir, você vai cumprir isso em um espaço de tempo maior, mas com a capacidade de mudar de estratégia ao longo do caminho.

RCV – Qual é o papel da informação nesse novo mundo em que estamos vivendo? MP – A informação do ponto de vis-

ta de capacitação, de você se tornar um profissional cada vez melhor, é profundamente importante, no sentido de aprendizado, de melhorar o domínio das pessoas, das equipes e das empresas. Mas, do ponto de vista da informação migrando do analógico, inclusive do nosso cérebro para o ambiente que é digital, e de escalar essa informação (a capacidade que as máquinas têm de pegar a informação e escalar processos ou inteligência), chega até a ser assustador o que vai

A previsão é de que, por volta de 2029, as máquinas cheguem ao mesmo nível de inteligência de um cérebro humano e, em 2049, que as máquinas ultrapassem a soma de todo o conhecimento humano. acontecer nos próximos anos, porque as máquinas estão dobrando de capacidade de processamento e diminuindo de tamanho e, hoje, com a computação quântica, que é a que sobrepõe dados, os processamentos estão trilhões de vezes mais rápidos. E a previsão é de que, por volta de 2029, as máquinas cheguem ao mesmo nível de inteligência de um cérebro humano e, em 2049, que as máquinas ultrapassem a soma de todo o conhecimento humano, a capacidade que toda a história da humanidade já construiu, criando o que os teóricos chamam de singularidade.

RCV – Nesse cenário, teremos um universo organizacional formado apenas por máquinas, sem a presença de humanos? MP – Por um lado, isso me assusta pro-

fundamente; por outro, a minha resposta seria: tomara! Porque ninguém nasceu para fazer reuniões de três horas que não chegam a lugar nenhum, ninguém nasceu para trabalhar das oito da manhã até as seis da tarde sob

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uma luz fria, no ar condicionado, com uma cadeira que destrói a sua coluna e enfrentando um trânsito horrível no começo e no final do dia. Ninguém nasceu para isso. A gente nasceu para uma outra coisa, que é para ser humano, para criar conexões humanas, para criar ideias inovadoras e soluções interessantes. Então, eu adoraria passar para os robôs todo esse trabalho chato que os humanos fazem hoje em dia.

RCV – E o que fazer com toda essa mão de obra que está aí, como ela vai sobreviver? MP – É um dilema, uma discussão ampla. O mundo todo hoje discute isso; algumas pessoas defendem o 'Universal Basic Income', no qual uma parte dos impostos iria para as pessoas que não se qualificaram ao ponto de conseguirem emprego nessa nova economia, mas, ao mesmo tempo, a tecnologia oferece também caminhos para que qualquer pessoa invente a sua profissão. Então, assim: a gente é treinado para fazer o caminho que todo mundo faz, né? Entrar para escola, fazer vestibular, arrumar uma daquelas opções que estão naquele leque da universidade, se formar e ir buscar emprego no mercado de trabalho. Esta matemática já não fecha porque todo semestre são cinquenta alunos em cada universidade sendo jogados no mercado e não absorvidos. Então, a tecnologia ofereceu também a possibilidade de você criar empregos como youtuber, motorista de uber, desenvolvedor de aplicativos, técnico de segurança virtual, especialista de trilha sonora para hotéis, ou seja, os empregos foram também se sofisticando e vai do profissional se qualificar e se capacitar para entender essas novas economias.


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