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Índice 48 Capa
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Páginas Verdes Sérgio Bortolozzo
5. Editorial
56. ECONOMIA A Força do campo
07. Cidadeverde.com Yala Sena
58. CIDADE Uma casa no meio do caminho
34. Economia e Negócios Jordana Cury
64. EDUCAÇÃO Uma escolha muito especial
38. Ponto de Vista Elivaldo Barbosa
24. ECONOMIA PIB do Piauí cresce 2,4%
68. CULTURA Da internet para os palcos
45. Chão Batido Cineas Santos
40. SAÚDE Briga com a balança
72. CIDADE O endereço da história piauiense
75. Tecnologia Marcos Sávio
42. GERAL Mudança na OAB
78. Indústria
83. Nos vagões da história Fonseca Neto
12. Páginas Verdes Sérgio Bortolozzo concede entrevista à jornalista Cláudia Brandão
44. É a lei OAB-PI defende maior orçamento para o Judiciário, Defensoria e Ministério Público
Articulistas
80. ESPORTE Calendário cheio
09
Jeane Melo
Longe da crise
84. Play List Rayldo Pereira
86
Péricles Mendel
COLUNAS
Surto de Microcefalia assusta mães no Nordeste
8. Opinião
Como vivem os piauienses
28
90
Tony Batista
foto Manuel Soares
O conhecimento é a nossa arma mais eficaz De tempos em tempos, uma nova epidemia assusta a população, trazendo incerteza com relação às perspectivas do seu alcance ao redor do mundo. Os casos mais recentes foram o do vírus Ébola e o da gripe aviária. Felizmente, passado o susto inicial, essas doenças foram controladas e a humanidade voltou a respirar aliviada. Desta vez, o temor vem do crescimento dos casos de microcefalia em bebês cujas mães foram infectadas com o vírus da zika. Pelo menos essa é a principal hipótese levantada até agora pelo Ministério da Saúde, em razão das evidências encontradas em todo o Nordeste. O problema é que a associação entre a presença do zika e o surgimento da microcefalia é muito nova, portanto o assunto ainda é desconhecido pelas autoridades médicas, o que aumenta mais ainda o medo da população, sobretudo das mulheres gestantes ou das que planejam engravidar. A recomendação, neste primeiro momento, é que as mulheres adiem os planos da gravidez até que tudo seja devidamente esclarecido, o que só será possível com a comprovação dos exames. A Revista Cidade Verde foi a campo para explicar o que está por trás dessa epidemia, quais os riscos e orientações que devem ser observadas e o que se pode esperar daqui pra frente. O assunto é grave e merece ser tratado com a profundidade que as questões de saúde pública exigem. Sem querer provocar alarde ou pânico desnecessários, nosso objetivo é deixar a população
consciente sobre o que de fato está acontecendo para que melhor possa se proteger. Nossos repórteres também fizeram uma leitura cuidadosa dos números lançados recentemente pelo IBGE e Fundação Cepro, que revelam a realidade econômica do Piauí e seus indicadores sociais. Por meio deles, é possível saber como estão vivendo os piauienses, quais setores da economia mais avançaram e quais diminuíram de tamanho. Em contraposição aos números da crise, existe um segmento do mercado teresinense que passa longe das dificuldades econômicas. As produções das festas de luxo materializam sonhos com orçamentos ilimitados, movimentando um setor em constante crescimento. E por falar em economia, nas Páginas Verdes uma conversa com o presidente da Abramilho e da Maizall, Sérgio Bortolozzo, um paulista que se mudou para o Piauí para cultivar grãos na região dos cerrados, que nos revela como o agronegócio está ajudando a sustentar a balança de exportações brasileiras. Uma revista com muitas informações e números para ajudar você a entender melhor a nossa realidade. Cláudia Brandão Editora-chefe
REVISTA CIDADE VERDE | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | 5
PRESIDENTE Jesus Tajra Filho Conselho Editorial: Jesus Tajra (presidente) José Tajra Sobrinho (vice-presidente) Conselheiros: Amadeu Campos, Dina Magalhães, Fonseca Neto, Jeane Melo, Nadja Rodrigues e Yala Sena Diretoria da Editora Cidade Verde: Elisa Tajra Diretoria de Assinaturas e Circulação: Clayton Nobre Riedel Filho e Valdinar Lima Júnior Diretoria Comercial: Cristina Melo Medeiros e Marina Lima
Revista Cidade Verde ganha mais um prêmio de jornalismo A jornalista Marta Alencar venceu o 5º Prêmio Cidade de Teresina de Educação no Trânsito, categoria Jornal/Revista, com a matéria “Imprudência sobre duas rodas”, publicada na edição 122, da Revista Cidade Verde. A matéria mostrou a realidade dos jovens motociclistas da capital, que diariamente estão envolvidos em acidentes de trânsito, sejam como vítimas ou causadores.
Foto: Thiago Amaral
A Revista Cidade Verde é um periódico quinzenal da Editora Cidade Verde Ltda. A Cidade Verde, não necessariamente, se responsabiliza por conceitos emitidos em artigos ou por qualquer conteúdo publicitário e comercial, sendo esse último de inteira responsabilidade dos anunciantes. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra através de qualquer meio, seja ele eletrônico, mecânico, fotografado ou gravado sem a permissão da Editora Cidade Verde.
Diretoria de Publicidade e Marketing: Jeane Melo, Caroline Silveira, Rafael Solano, Itallo Holanda e Airlon Pereira Editora-Chefe: Cláudia Brandão - DRT/PI 914 Chefe de redação: Arlinda Monteiro Repórteres: Caroline Oliveira, Jordana Cury, Marta Alencar, Severino Filho e Ubiracy Sabóia Repórteres fotográficos: Thiago Amaral e Wilson Filho Redação (articulistas): Cecília Mendes, Cineas Santos, Élida de Sá, Eli Lopes, Eneas Barros, Elivaldo Barbosa, Fonseca Neto, Jeane Melo, Marcos Sávio, Péricles Mendel, Pe. Tony Batista, Rayldo Pereira e Zózimo Tavares Colaboradores desta edição: Ascom Fiepi, OAB-PI Editores de Arte/Diagramadores: Cicero Willison e Magnaldo Júnior Ilustrador: Izânio Façanha Revisão: Joca Nettu (Joaquim Lopes da Silva Neto) Impressão: Halley S.A. Gráfica e Editora
Revista Cidade Verde e Editora Cidade Verde Ltda Rua Godofredo Freire, nº 1642 / sala 35 / Monte Castelo Teresina, Piauí CEP: 64.016-830 CNPJ - 13284727/0001-90 email: revista@cidadeverde.com fone: (86) 3131.1750
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O prêmio tem por objetivo estimular crianças, jovens, educadores, profissionais de comunicação, escolas, empresas e ONGs a refletirem sobre comportamento dos usuários no trânsito com vistas à sedimentação de hábitos que tornem o trânsito mais humano e seguro. O resultado foi divulgado no dia 17 de novembro pela Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans).
YalaSena
yalasena@cidadeverde.com
Foto: Divulgação
Flamengo na rede
Foto: Wilson Filho
O Esporte Clube Flamengo não quer ficar atrás do River em nada. Depois de ver o rival subir para a Série C do Campeonato Brasileiro, o clube rubro-negro promete montar um time para fazer frente ao tricolor nas competições de 2016. Fora de campo, o clube vai apostar na internet. O novo site será lançado em dezembro no endereço flamengopiaui.com.br. Além disso, a torcida terá notícias dos treinos e jogos nas redes sociais.
Snapchat na Câmara O deputado federal Rodrigo Martins (PSB-PI), aderiu ao Snapchat, aplicativo que troca mensagens, fotos e vídeos de curta duração. O parlamentar é o primeiro do Estado a disponibilizar a ferramenta a favor do seu mandato. Neste mês, Rodrigo postou vídeos em tempo real sobre seu voto a favor da derrubada do veto 26, que trata da reposição salarial dos servidores do Judiciário. Em vídeos de 10 segundos, o deputado também mostrou a manifestação da categoria, que ocorreu no plenário da Câmara Federal.
App da nota fiscal A Secretaria da Fazenda do Piauí está elaborando um aplicativo para garantir que os cupons fiscais gerados nos estabelecimentos comerciais do Estado sejam cadastrados no sistema da Nota Fiscal Piauiense. “Vai funcionar assim: após a compra, o consumidor cadastrará os dados do cupom no aplicativo e, se depois de seis meses a loja não cadastrar esse cupom, a Sefaz fará isso ‘à força’ e multará a empresa”, acrescenta o superintendente da Receita Estadual, Antônio Luiz Santos.
TOP FIVE Jovem de 20 anos é morto a pedradas em assalto no Centro de Teresina - bit.ly/MortePedradas No SBT, Stefhany se emociona ao falar de casamento - bit.ly/StefhanySBT Tiroteio deixa oito pessoas feridas na zona Leste de Teresina - bit.ly/TiroteioSatelite Policial civil perde a visão do olho esquerdo e diz que tentou salvar mulher - bit.ly/FredMaia Piauiense é alvo de ofensas racistas em rede social por causa do cabelo - bit.ly/CabeloFacebook REVISTA CIDADE VERDE | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | 7
Palavra do leitor @rcidadeverde
revista@cidadeverde.com
/cidadeverde
Capa Ano 05 Edição 124
Cada vez mais a Revista Cidade Verde reforça os laços de comprometimento com a informação imparcial, séria, ética, atual, moderna e a felicidade do leitor. Obrigada pela entrevista realizada pela inteligente e competente Claudia Brandão, que me valorizou e me fez feliz! Parabéns!
Gostaria de parabenizar a Revista Cidade Verde pelo time de bons profissionais, em especial a jornalista Marta Alencar, que vem se destacando com excelentes matérias. Parabéns a ela também pelo merecido prêmio, categoria Profissionais da Comunicação, sub-categoria, Jornal/ Revista, no resultado do V Prêmio Cidade de Teresina de Educação no Trânsito. Com seu jeito simples, doce e, acima de tudo, profissional, muitos prêmios ainda virão. Grande abraço, Marta! Valdete Martins
Alda Caddah
Parabenizo a Revista Cidade Verde e toda a sua equipe por mais um número recheado de informações precisas e leitura agradável. Veículo de comunicação imprescindível no nosso dia a dia.
Sempre bom poder contribuir com o debate e divulgação da sustentabilidade nas construções. Matéria bem sintetizada pela equipe da Revista Cidade Verde, mostrando as realizações para família e clientes que decidiram aceitar a oportunidade de integrar a sustentabilidade nas suas casas ao reutilizar água, gerar parcialmente sua energia elétrica e receber uma arquitetura adaptada ao nosso clima em materiais e dimensionamento dos espaços. Agradeço à equipe da Revista Cidade Verde pelo interesse e o espaço.
Osvaldo Assunção
Anderson Mourão
8 | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | REVISTA CIDADE VERDE
JeaneMelo
Artigo de primeira
jeane@cidadeverde.com
Salve, Rainha!
I
magino o susto e o tamanho da fé de alguém que recebe o destino de ser mãe, mesmo sendo virgem. Ao invés do teste de Beta HCG, o impacto de ver um anjo com o nome de Gabriel dar a notícia e explicar tudo “tintim por tintim”. Sem dúvida, aí começou também o início da história do frio na barriga. Imagino, neste instante, as expressões da jovem Maria com aquela pergunta tão fácil de chegar em momentos assim: “Por que eu?” No combo de informações, vinha ali a certeza de que tudo seria obra do Divino Espírito Santo, por graça do Criador. A certeza de que não precisaria consultar o livro “Nomes de Bebês” e nem ouvir os pitacos da família sobre a escolha. Maria poderia até preferir Malaquias, Zacarias, Jeremias, mas o anjo Gabriel afirmou que ela daria luz ao Filho de Deus, a quem deveria dar o nome de Jesus. Como a mais exemplar serva, a noiva de José seguiu confiante, aceitando a maternidade divina que a levaria a uma vida cheia de amor e dor. E seguiu sem pensar em microcefalia, em zika vírus, nem nas consequências da poluição criminosa do Rio Doce que desaguou no mar salgado. Também não se preocupou com o que
o fulano e a beltrana iriam comentar em uma calçadinha qualquer na cidade de Nazaré. Maria só aceitou o destino e seguiu, consolidando tudo o que havia sido profetizado séculos antes no Antigo Testamento. A anunciação do Anjo à Virgem Maria é para mim uma das passagens mais emocionantes da Bíblia
“Aceitar de coração a missão de colocar no mundo o Messias foi também uma prova de amor à humanidade. Sagrada. Por muitos motivos, amo Maria com afeto e gratidão. Aceitar de coração a missão de colocar no mundo o Messias foi também uma prova de amor à humanidade. E, como mãe, sinto no meu íntimo que para Maria ter nos braços o filho de Deus era só um detalhe precioso. Jesus era o seu filho e ponto. O seu filho. Motivo suficiente para fazê-la correr para o Egito, logo após o nascimento do bebê perseguido por Herodes, o rei mais invejoso e inseguro da
história. Foi em Belém que ele promoveu uma matança irracional de crianças. Matança que continua hoje em muitos reinados. Continuamos a ver reis perversos, donos da mais autêntica ausência de compaixão. Eles desviam verbas e matam criancinhas de fome e de sonhos. Herodes se perpetua. Quantas Marias – do Desterro, das Dores, de Jesus, do Amparo, do Socorro – seguem arrastando a dor e o amor durante a maternidade? Também são mães salvadoras, devotas ou não de Nossa Senhora. Muitas colocam o nome dos filhos de Jesus como se fosse uma oração. Ave Maria, quantas mães e filhos sofrem neste momento! Algumas por falta de paciência, por falta de sabedoria, por falta de Deus, de saúde. Tantas outras por falta de vocação ou pela presença acentuada de egoísmo. Outras por culpa. Para todas elas, um convite para assistir a história da mãe de Jesus no Natal Cidade Verde. Para todas elas, e aí eu me incluo, dedico ainda o trecho mais bonito de uma reza conhecida: “Ó clemente, ó piedosa, ó doce e sempre Virgem Maria. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas do teu Filho Jesus Cristo. Amém”.
REVISTA CIDADE VERDE | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | 9
Entrevista POR CLÁUDIA BRANDÃO
Sérgio Bortolozzo
claudiabrandao@cidadeverde.com
Sérgio Bortolozzo estava predestinado a ser médico, pela vontade paterna. Mas um acidente aéreo tirou a vida do seu pai, um imigrante italiano que veio morar no Brasil, e acabou empurrando o jovem estudante de Medicina para assumir os negócios da família, no cultivo da terra e na criação de gado, no interior de São Paulo. Em 1988, a família Bortolozzo decidiu expandir os negócios para outras fronteiras. Depois de visitar vários estados brasileiros, os irmãos optaram pelo Piauí, devido à oferta de terras férteis e baratas existentes no sul do estado, embora não houvesse por lá, até então, qualquer infraestrutura. Um dos pioneiros na exploração dos cerrados com o cultivo de grãos, Sérgio Bortolozzo já se considera, hoje, piauiense de fato e de direito, uma vez que ostenta com orgulho o Título de Cidadania, conferido pela Assembleia Legislativa. Bortolozzo é o atual presidente da ABRAMILHO e da MAIZALL, duas associações de produtores de milho, sendo uma nacional e a outra, internacional. Nesta entrevista à Revista Cidade Verde, ele fala dos desafios e conquistas na área de produção e exportação de grãos no Brasil. 12 | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | REVISTA CIDADE VERDE
Foto: Roberta Aline
O peso do agronegócio nas exportações brasileiras
RCV - O agronegócio é responsável por boa parte da pauta de exportações brasileiras. Esta é uma tendência que deve continuar nos próximos anos? SB - Não tenha dúvida. Só para
ilustrar, o superávit brasileiro de US$ 1,7 bilhões na balança comercial é dividido da seguinte forma: o setor primário gerou um superávit de US$ 82 bilhões, e os setores da indústria, comércio e serviços geraram um déficit de US$ 79 bilhões. O agronegócio, portanto, é o que tem conseguido manter a balança comercial positiva. No que o Brasil é competitivo lá fora é no agronegócio. A nossa indústria não compete com a indústria internacional. Os serviços, o turismo, que são fontes de receita, infelizmente, não têm a atenção merecida como acontece em outros países. Mas o agronegócio brasileiro é competitivo e o mundo está indo para um caminho praticamente sem volta e muito preocupado com a segurança alimentar. Se você pegar um relatório da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), lançado recentemente, está lá que o que vai garantir a segurança alimentar do futuro serão os países da América do Sul e, logicamente, o Brasil é o principal deles.
RCV - Mas, se por um lado, as commodities têm um mercado garantido, por outro, os preços desses produtos
trializar aqui e, depois, sair como farelo. Por enquanto, é só o farelo, mas já há outros projetos de agricultura que estão sendo investidos ali na região. Nosso grupo, por exemplo, tem um projeto de avicultura, e já iniciamos o primeiro aviário. Nós queremos vender o frango com valor agregado. Essa é a forma que a gente tem para tentar compensar essa oscilação no preço das commodities. Isso está dentro do projeto do Brasil e do agronegócio, com certeza.
O que vai garantir a segurança alimentar no futuro são os países da América do Sul e, logicamente, o Brasil é o principal.
oscilam muito em função da demanda internacional. Como vocês lidam com a volatilidade do mercado? SB - Agregando valor ao que nós produzimos. Nós não podemos pensar em produzir soja para exportar soja; ou produzir milho para exportar milho. Nós temos que transformar os nossos produtos em proteína, aqui dentro, e vender valor agregado. O Piauí saiu do status de exportador de matéria-prima para importador. Para você ter uma ideia, hoje, o nosso parque industrial importa soja do Maranhão, do Tocantins e de parte da Bahia para indus-
RCV - O senhor preside hoje a ABRAMILHO (Associação Brasileira de Produtores de Milho) e a MAIZALL (Aliança Internacional Milho, formada por Brasil, Estados Unidos e Argentina). O que representa a força dessas duas instituições? SB - A ABRAMILHO foi criada justamente para que nós conseguíssemos ter acesso ao nível de tecnologia que o restante do mundo já possuía. Conseguimos. O ex-ministro da Agricultura, Álysson Paolinelli, foi contratado pela ABRAMILHO para ser nosso presidente executivo e conseguiu convencer os americanos de que a união entre os produtores do Brasil, Argentina e Estados Unidos seria muito positiva para a abertura do mercado, para expandir a nossa tecnologia e exportar isso. Juntos, representamos 50% da produção mundial
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de milho e 70% do comércio internacional. Nós fomos chamados à OMC (Organização Mundial do Comércio) e recebidos pelo embaixador Roberto Azevedo para tratarmos das questões comerciais com mercados, como a China, por exemplo, onde havia uma questão sanitária que estava se transformando em um entrave comercial muito sério. Conseguimos resolver esse problema. Hoje, nós fazemos parte de uma comissão da iniciativa privada na FAO. A FAO entendeu que o Brasil e os países americanos são muito importantes para a segurança alimentar e está chamando a nossa aliança. No próximo ano, o Canadá talvez entre também nesse grupo. Nós temos uma estrutura muito boa no mundo todo, porque contamos com o suporte técnico norte-americano.
RCV - Quanto o Brasil produz e exporta de milho? SB - O Brasil produz 90 milhões
de toneladas de milho. Em termos de exportação, ele representa praticamente 35% do volume exportado de grãos. Exportamos para mais de quinze países, mas os principais consumidores são a China, Coreia e, agora, o Paquistão. Nosso carro chefe ainda é a soja. Nós exportamos milho porque nós temos ainda um excedente de produção. Hoje, nós consumimos apenas 60 das 90 toneladas produzidas. Estamos buscando atrair investimentos e
Nós temos uma variedade de milho, mais resistente à seca, que vai ser a redenção do Nordeste brasileiro e da África.
abrir mercado lá fora, tentando chegar até a Europa. Só que lá existe um entrave muito grande com relação ao uso da biotecnologia. O europeu não quer nem ouvir falar na palavra “transgênico”. Acontece que 80% da nossa produção é transgênica, assim também como nos EUA e Argentina. E essa tecnologia foi aprovada em nossos países porque hoje é praticamente impossível produzir sem o uso de transgênicos. Nós recebemos a aprovação da CTNBIO (Comissão Nacional de Biotecnologia) e de um conselho de ministros. Existe uma variação de milho que está sendo lançada que é resistente à lagarta.
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Se não fosse resistente, necessitaria de uma carga de inseticida muito forte. Assim, nós fazemos um milho muito mais saudável, porque ele tem uma alteração na cadeia genética dele, que não precisa mais receber inseticida nem herbicida. Atualmente, nós temos também uma variedade mais resistente à seca, que vai ser a redenção do Nordeste brasileiro e da África.
RCV - A maior barreira enfrentada hoje pelos exportadores de grãos vem do mercado europeu? SB - Sim. Primeiro, porque o mer-
cado europeu é formador de opinião. Tem gente passando fome na África, que não recebe o nosso milho porque é transgênico. E por quê? Porque têm ONGs (Organizações não governamentais) europeias bancadas por países que devastaram a África enquanto colônia, como é o caso da Inglaterra, que influenciam o mercado contra o consumo de transgênicos. O cultivo de produtos geneticamente modificados é mais barato. Mas a África tem ex-colônia britânica que, mesmo passando fome, não aceita a tecnologia que o mundo oferta numa condição muito mais barata e não quer consumir o nosso milho.
RCV - Neste ano, o Nordeste brasileiro enfrenta uma das suas piores secas, em função do fenômeno El NIño. Isso
pode comprometer a próxima safra de milho? SB - Não, porque a tecnologia de
que nós dispomos hoje vai compensar. Nós já estamos plantando variedade de milho com sistema radicular muito mais avançado, ou seja, que vai buscar umidade muito mais longe. A engenharia genética permite uma maior produtividade. Tudo isso tem custo, mas tem um benefício muito grande também. Para você ter uma ideia, a produção brasileira cresceu em mais de 260%, enquanto a área desmatada aumentou apenas 40%. Hoje, segundo um estudo da FAO, nós temos a garantia de abastecer o mundo todo no futuro sem derrubar mais nem uma árvore, só com o aumento de tecnologia. O problema é que essa tecnologia é acessível, atualmente, somente aos grandes produtores. E o projeto da ABRAMILHO é que essa tecnologia chegue ao agricultor familiar. Hoje, 70% do que o Brasil produz ainda vem dos pequenos produtores e da agricultura familiar. Se eles começarem a usar essa tecnologia, nós vamos “estourar” na produção. O Brasil vai ser o grande abastecedor mundial, sem aumento da área desmatada, só utilizando a tecnologia.
RCV - Aqui no Piauí, como está a infraestrutura para atender aos produtores e exportadores de grãos? SB - Melhorou muito. Hoje, nós
até o litoral. Só que o porto não sai do papel. A prioridade continua sendo a navegabilidade do Rio Parnaíba, que nós sabemos que é inviável.
Tem gente passando fome na África e não quer consumir o nosso milho porque é transgênico.
RCV - De que forma o peso da burocracia estatal afeta as exportações brasileiras? SB - Afeta muito. Nós estamos
com esse processo da implantação da ZPE (Zona de Processamento de Exportação) há quanto tempo? Ela simplesmente não é viabilizada. Um exemplo: para você receber os créditos de exportação, previstos na Lei Kandir, é um sacrifício porque o Estado não recebe a compensação do governo federal e, aí, não passa pra gente. Isso acaba travando o setor.
temos uma malha rodoviária boa. Com a chegada da Transnordestina, teremos também uma malha ferroviária boa e, quando ela ficar pronta, o Piauí, o sul do Maranhão e o Tocantins vão estar exportando carne pro mundo todo. Essa é a proposta. A geração de energia elétrica é feita através de gás, que é uma grande opção. Temos também a energia eólica. Tudo isso está levando o Piauí a ser um estado que terá todas as condições de desenvolvimento. Mas têm algumas coisas que ainda atrapalham. Nós temos um projeto que liga a ferrovia a partir de Eliseu Martins, passando por Uruçuí, Guadalupe, Floriano, Amarante, Teresina e vai
RCV - O Piauí ainda possui muita terra agricultável. Em sua opinião, o agronegócio deve continuar a ser nossa principal vocação econômica? SB - Sem dúvida. A saída para o
Piauí é o agronegócio. Nós temos vários outros setores que devem ser explorados, mas nenhum representa um vetor de desenvolvimento tão grande quanto o agronegócio. Este é um setor que precisa de gente qualificada e remunera bem. Os dados do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) na Secretaria de Fazenda mostram que Uruçuí só perde para Teresina. O agronegócio é concentrador, mas tem um cunho social muito grande.
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Economia
Como vivem os piauienses
O IBGE apresenta os dados da pesquisa mais completa sobre as condições de vida no Piauí e, com isso, fornece as informações necessárias para a elaboração de um plano de desenvolvimento para o Estado.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, divulgada neste mês pelo IBGE, mostra uma radiografia detalhada da situação socioeconômica do Piauí. Os números são de 2014 e merecem ser vistos com cuidado para que se possa entender melhor a realidade piauiense e como vivem os seus habitantes para, a partir dessas informações, traçar políticas de desenvolvimento, apresentando soluções para os problemas mais graves. Em alguns aspectos, o Piauí avançou; em outros, houve retrocesso. De uma maneira geral, mais pessoas tiveram acesso à renda e, consequentemente, a bens de consumo duráveis que proporcionam uma vida mais confortável. Com uma população de 3,197 milhões de habitantes, o Piauí apresenta muitas oportunidades de desenvolvimento. Mas é preciso investimento maciço em áreas como educação e infraestrutura, se quisermos crescer acima dos estados vizinhos para atingirmos a média regional. Nas páginas a seguir, o leitor conhecerá como está o nível de vida dos piauienses em áreas importantes, como trabalho, educação e moradia.
domicílios visitados, 68% estão localizados nas cidades, enquanto apenas 32% situam-se na zona rural. O fogão é o eletrodoméstico mais comum, presente em 98% das casas, seguido pela geladeira (93,76%), e o televisor (93,56%). Já o filtro de água, essencial para a saúde, encontra-se presente apenas em 60,95% das casas. Entre o aparelho que proporciona entretenimento e informação e a água filtrada, os piauienses optam pelo primeiro. O diagnóstico dos domicílios também aponta outros indicadores diretamente relacionados à saúde da população. É o caso do abastecimento d’água com canalização interna, presente em 87% das casas. Com relação ao esgotamento sanitário, 86% dispõem de algum tipo. Mas dentro deste universo, só 2,4% têm fossa séptica ligada à rede coletora; Foto: Thiago Amaral
POR CLÁUDIA BRANDÃO
A população do estado está ficando cada vez mais urbana. Dos 964 mil 16 | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | REVISTA CIDADE VERDE
e 75,8% possuem fossa séptica não ligada à rede coletora. Já 13,8% dos domicílios não possuem qualquer tipo de fossa. Quanto à iluminação elétrica, 97,6% dos lares piauienses já contam com esse tipo de serviço; e 87% possuem telefone. A comunicação também avança, ainda que lentamente, em outros aparelhos de comunicação, como o microcomputador, que já faz parte de praticamente um quarto das residências (24,92%), embora apenas 18,2 % deles tenham acesso à internet. Com a ascensão das classes D e E, motivada principalmente pelos programas de transferência de renda, muitas famílias passaram a comprar eletroeletrônicos, que até então não possuíam. Hoje, esses aparelhos são sinônimo de orgulho para essa nova classe social.
Foto: Raoni Barbosa
Economia
Maioria vive com renda de até dois salários
O setor agrícola é o que mais emprega, em contraposição à indústria, que tem a menor participação nos postos de trabalho ocupados pelos piauienses. POR CLÁUDIA BRANDÃO
O rendimento médio mensal do piauiense aumentou 11% no último ano, mas ainda assim é inferior à média do Nordeste e a do Brasil. A revelação é feita pela PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), que contabiliza não apenas salários, mas também outras fontes de renda como o benefício social do Bolsa Família, por exemplo. De acordo com a pesquisa feita para os diversos níveis salariais entre as pessoas acima de 15 anos de idade, que correspondem a um universo de 2,432 milhões, o maior número está localizado na faixa que recebe de meio a um salário mínimo por mês. Ao todo, são 671 mil pessoas nessa situação, re-
cebendo até R$ 788, para pagar os custos com moradia, alimentação, transporte, saúde e vestuário. A faixa imediatamente seguinte, que vai de 1 a 2 salários mínimos, reúne 526 mil piauienses. E há ainda um número expressivo de 446 mil pessoas ganhando até meio salário mínimo. Ou seja, mais da metade da população acima de 15 anos (67,55%) ganha, no máximo, 2 salários mínimos por mês (R$ 1.576). No outro extremo da pirâmide salarial estão concentrados os piauienses que recebem acima de 20 salários mínimos por mês, com renda superior a R$ 15,760 mil. Eles somam apenas oito mil pessoas. E é justamente nessa faixa onde há a maior desigualdade de gêneros. Dois oito mil afortunados, seis mil são homens; e apenas dois mil, mulheres.
Um dado específico chama a atenção nas tabelas divulgadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). É o número de pessoas que se declaram sem rendimento: 520 mil, sendo 227 mil homens e 293 mil mulheres. Um contingente considerável de jovens e adultos que não dispõem de qualquer fonte de renda. Os números expõem a desigualdade social do estado do Piauí, cuja maioria da população em idade economicamente ativa ganha muito pouco ou não possui rendimento algum. Quando a análise recai sobre o tipo de atividade exercida, o setor agrícola sai na frente com 566 mil pessoas ocupadas nessa área. Em segundo lugar, vem o setor de comércio e reparação, com 260 mil pessoas. Já educação, saúde e ser-
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Economia
viços gerais reúnem 166 mil pessoas. A pesquisa confirma a pequena participação da indústria na ocupação dos piauienses, empregando somente 99 mil pessoas. A baixa renda dos piauienses, em comparação com os outros estados da federação, deve-se essencialmente ao baixo dinamismo da economia estadual nos mais diversos setores de atividade. Neste sentido, em 2011, o IBGE mostrou que o Piauí apresentava o menor Produto Bruto do Nordeste, abaixo dos vizinhos Ceará e Maranhão, e mesmo de Sergipe, com uma população bem menor. Para o professor de Economia (UFPI) Ricardo Alaggio, outro fator que chama atenção nos dados da população ocupada são os 566 mil piauienses envolvidos em atividades agrárias, cujo resultado em termos de produto é muito baixo
Valor do rendimento mensal em (R$) 1.315 1.196
766
BRASIL 2013
854
NORDESTE 2014
744
827
PIAUÍ Fonte: PNAD
Número de empregados acima de 15 anos (1000 pessoas)
Número de empregados acima de 15 anos (1000 pessoas)
566
AGRÍCOLA
260
COMÉRCIO E REPARAÇÃO EDUCAÇÃO, SAÚDE E SERVIÇOS SOCIAIS CONSTRUÇÃO SERVIÇOS DOMÉSTICOS INDÚSTRIA
devido à realidade de baixa produtividade geral do setor, com as conhecidas exceções. A indústria é um setor inexpressivo, praticamente inexistindo grandes plantas produtivas no território estadual piauiense. Já o setor de serviços é hipertrofiado devido à falta de opções nos outros setores. “Importante é entender que somos muito dependentes de repasses do governo federal. Dados mostram que aproximadamente 40% da renda estadual forma-se a partir de algum tipo de transferência do governo federal. Ou seja, já temos uma baixa renda per capita e, se fôssemos deixados a viver do que é produzido aqui, esta renda – a segunda menor do país – seria ainda mais baixa.”, conclui Ricardo Alaggio. Essa dependência de recursos federais é um dos fatores que contribuem para a queda da circulação de dinheiro na economia local. O secretário estadual de Planejamento, Antônio Neto, aponta o pacto federativo como uma das dificuldades a serem vencidas. Ele diz que a repartição de receitas é desigual e
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166 151 103 99
Fonte: PNAD
a redução de transferências constitucionais prejudica o Piauí. Para Antônio Neto, é preciso que haja um volume de repartição de renda maior para o Nordeste, para compensar a desigualdade com as regiões Sul e Sudeste. Na avaliação do secretário de Planejamento, o Piauí vem registrando um crescimento gradativo ao longo dos anos. “O Piauí tem crescido acima da média, mas temos que crescer de 3 a 4 vezes mais para nos aproximarmos da renda nacional. E o caminho para isso é investir nos arranjos produtivos da mineração, energias renováveis e agronegócio”, explica.
“O caminho é investir nos arranjos produtivos do Estado”.
Foto: Raoni Barbosa
Educação
Analfabetismo cresce no Piauí
Na contramão do país, o número de pessoas que não sabem ler nem escrever cresceu no Piauí, inclusive entre as crianças. POR JORDANA CURY
Enquanto o analfabetismo no Brasil decresce, no Piauí, voltou a crescer. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que, de 2013 para 2014, o número de analfabetos no Estado passou de 586 mil para 608 mil. Da população acima dos cinco anos, 20,59% não sabiam ler nem escrever até no ano passado. Em 2013, esse percentual era de 19,92%. Os adultos e os idosos representam a maior parcela dos analfabetos. Das 403 mil pessoas com 60 anos ou mais, 205 mil não têm instrução – o que representa 50,86% dos idosos piauienses. Na faixa dos 30 aos 39 anos, 60 mil piauienses são anal-
ÍNDICES DE ANALFABETISMO NO BRASIL E NO PIAUÍ (Números em milhões)
90,51
90,32 169.990
171.830
BRASIL
9,49
9,68
18.007
18.227
Total de pessoas com 5 anos ou mais: 188.218
Total de pessoas com 5 anos ou mais: 189.837
ALFABETIZADO NÃO ALFABETIZADO
80,08 2.355
2013
Total de pessoas com 5 anos ou mais: 2.941.
19,92
79,41
586
2.344
PIAUÍ
20,59 608
2014
Total de pessoas com 5 anos ou mais: 2.951.
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio 2014
REVISTA CIDADE VERDE | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | 19
Educação
fabetos, e o número é pior na faixa seguinte: de 40 a 49 anos, o total de pessoas que não têm instrução chega a 107 mil. A doutora em Educação Lucineide Barros, da Universidade Estadual do Piauí (Uespi), analisa que o aumento do analfabetismo entre idosos e adultos se deve, principalmente, à falta de políticas públicas consistentes e permanentes. “Até agora, nós só vemos ações pontuais, que não levam em conta o tipo de público, que geralmente trabalha e
precisa de um tempo diferenciado. São pessoas que têm problemas de visão e de postura e que precisam de uma retaguarda para conseguir assistir às aulas. É uma questão multifatorial, não apenas de salas de aula”, declara. Lucineide acrescenta que, neste ano, por causa da crise econômica, o governo está fechando cursos não presenciais e semipresenciais e isso pode provocar o aumento do índice de analfabetismo nos próximos anos.
Piauienses não alfabetizados por faixa etária (Em grupos de mil)
ZONA URBANA 55
106
44 43
RURAL De 5 a 7 anos
17
6 12 24
De 8 a 14 anos De 15 a 19 anos
2
De 20 a 29 anos De 30 a 39 anos De 40 a 49 anos De 50 a 59 anos
15 9
30
36
62 48
60 anos ou mais Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio 2014
20 | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | REVISTA CIDADE VERDE
99
Crianças atrasadas A pesquisa leva em consideração apenas os indivíduos maiores de cinco anos – idade em que a criança já tem que ter passado pelo processo de alfabetização na escola. Entretanto, os dados mostram que das 102 mil crianças de cinco ou seis anos, apenas 32 mil sabem ler e escrever, ou seja, 68,62% das crianças dessa faixa-etária estão atrasadas na escola ou ainda não foram matriculadas. “Essa é a realidade vivida especialmente nos pequenos municípios e na zona rural e se deve a uma política de nucleação perversa. O Estado fecha escolas para concentrar crianças, tornando a oferta menor. Os pais, muitas vezes, não aceitam deixar seus filhos enfrentarem longas distâncias em transportes escolares precários. Porém, o Estado tem o dever de oferecer escolas perto do domicílio da criança”, argumenta a doutora.
A supervisora de Disseminação de Informações do IBGE/PI, Semíramis Valente, alerta, entretanto, que um dos fatores que contribuíram para o aumento do analfabetismo no Piauí foi o decréscimo da população de cinco a nove anos – ou seja, as famílias estão reduzindo o número de filhos. Nesse aspecto, a pesquisa revela que o Piauí tem a menor taxa de fecundidade do Nordeste, com projeção de 1,77 filho por casal em 2015.
Grau de instrução dos piauienses Pessoas de 10 anos ou mais de idade (mil pessoas)
2014
2013 Sem instrução e menos de 1 ano
16,93%
1 ano
3,36%
17,74% 3,31%
De 2 a 5 anos
30,93%
28,72%
De 6 a 9 anos
20,33%
21,28%
De 10 a 14 anos
22,40%
23,19%
15 anos ou mais
5,95% 0% 0,11%
5,75%
Não determinados e sem declaração
0%
Não determinados
0,04%
Grau de instrução
A população piauiense de 5 a 9 anos reduziu: passou de 278 mil em 2013 para 240 mil em 2014.
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio 2014
Plano de emergência A diretora da Unidade da Educação de Jovens e Adultos (UEJA), da Secretaria Estadual de Educação (SeFoto: Raoni Barbosa
A pesquisa também aponta que os piauienses com graduação e pós-graduação são minoria no Estado. De acordo com os dados divulgados, do total de 2,7 milhões de piauienses com 10 anos ou mais, apenas 156 mil têm mais de 15 anos de estudo, o que representa queda em relação ao ano anterior, que registrava 158 mil.
duc), Conceição Andrade, explicou que o governo implantou, desde o início do ano, o Plano Estadual de Alfabetização de Jovens e Adultos, que abrange os analfabetos absolutos, funcionais e as pessoas que não concluíram o Ensino Médio. “Esse plano, em consonância com o Programa Brasil Alfabetizado, tem a meta de erradicar o analfabetismo em 10 anos. Da primeira vez, de 2000 a 2010, o país não conseguiu atingir a meta, mas o Piauí foi o que mais avançou, reduzindo os índices de 30,5% para 22%. Dessa vez, nós estamos mapeando os números de cada município e vamos fazer uma grande campanha de mobilização, porque entendemos que esse é um problema do governo, mas também é uma questão social. Precisamos convencer essas pessoas a estudar”, explica a gestora.
REVISTA CIDADE VERDE | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | 21
Educação A verba repassada pelo governo federal cobre 110 municípios, mas, de acordo com a diretora, o Estado arcará com os recursos para beneficiar as 114 cidades restantes, acrescentando à alfabetização também a educação profissional. Ciente dos problemas que vão além da sala de aula, Conceição Andrade acrescentou que o
governo está buscando uma parceria com o Ministério da Saúde para trazer de volta o programa Olhar Brasil. “Entre 2009 e 2010, quando esse programa foi lançado, atendemos mais de 140 mil alunos e distribuímos mais de 65 mil óculos. Depois disso, percebemos que os índices de analfabetismo diminuíram”, lembra.
Conceição admite que o aumento do analfabetismo é preocupante, mas está confiante nas estratégias definidas pelo governo. “Nossa proposta está bem desenhada. Nós vamos conseguir bater a meta, mas, se não conseguirmos, vamos pelo menos reduzir os índices”, afirma.
Na contramão dos números É comum no Brasil, e mais especificamente no Piauí, que a população migre do campo para a cidade para estudar e trabalhar. Esse é o retrato da vida do fazendeiro José Rosa de Assis, mais conhecido como Zé Pequeno, que, aos 86 anos, mesmo sendo analfabeto, tem o orgulho de ter formado 10 dos 22 filhos. Ele mora na zona rural de Santa Cruz dos Milagres (distante 181 km de Teresina) e, junto com a esposa, que morreu há 33 anos e também não sabia ler nem escrever, começou a vida na roça.
Foto: Arquivo pessoal
“Quando tiveram filhos, foram mandando um a um para Teresina, para estudar. Eles não queriam que nós tivéssemos o mesmo destino de trabalhar na roça. Aí, ele sustentava a gente aqui, mesmo morando lá. Chegou até a vender rapadura para garantir o sustento”, relata a servidora pública Socorro Gomes de Assis, que tem 35 anos e é formada em Matemática. Ela lembra que alguns dos irmãos só puderam estudar em escolas públicas e, ainda assim, conseguiram concluir o Ensino Superior. “Tenho outra irmã formada em Matemática e irmãos formados em Direito, História, Biologia, Ciências Contábeis, Economia e Letras. Nós passamos por dificuldade, mas sabíamos que era o que devíamos fazer. Não podíamos voltar para o interior, para a vida na roça”, conta.
Seu Zé Pequeno é analfabeto, mas conseguiu criar 22 filhos, todos alfabetizados e 10 já formados.
22 | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | REVISTA CIDADE VERDE
REVISTA CIDADE VERDE | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | 23
Economia
PIB do Piauí cresce 2,4% Mesmo com o aumento do PIB, a renda per capita do Estado ainda é a menor do país. POR JORDANA CURY
O Produto Interno Bruto do Piauí (PIB) cresceu 2,4% em 2013, segundo dados da Fundação Cepro. Em 2012, o crescimento havia sido de 5,3% (maior que a média nacional, que foi 1,9%). A redução no ritmo de crescimento foi explicada como sendo resultado da estiagem, segundo o presidente da Fundação Cepro, economista Cézar Fortes.
“O Piauí continua crescendo, só que o ritmo de crescimento sofreu uma diminuição, decorrente, sobretudo, dos problemas enfrentados pela Agropecuária”, afirma. Outro ponto da pesquisa que chama a atenção é que, apesar do crescimento vegetativo da população, os serviços industriais de utilidade pública, como produção e distribuição de água, gás, esgoto e eletricidade, diminuíram, comprometendo o desenvolvimento econômico do Estado.
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Em valores correntes, o crescimento do Piauí é de R$ 31,240 milhões. Apesar de ter crescido menos, a média anual do Estado é 4,46%, já que nos últimos três anos (2011 - 2013), o Piauí acumulou crescimento de 13,4%. Esse resultado continua maior que a média nacional – o Brasil cresceu 9,1% no mesmo período, o que representa média de 3% ao ano. Mas para superar a desigualdade econômica ainda existente com relação aos outros estados, o percentual de crescimen-
Per capita aumenta
Taxa de crescimento do PIB 2011/2013 2011 2012
5,2% 3,9% 5,3% 1,9% 2,4%
2013
3%
PIAUÍ BRASIL
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisa, Coordenação de Contas Nacionais; Elaboração: Fundação Cepro.
to do Piauí tem que ser bem acima dos demais. Por outro lado, em 2013, o Piauí subiu uma posição no ranking das maiores economias do país e agora ocupa o 22º lugar, com 0,6% de participação nas riquezas nacionais. O PIB brasileiro atingiu R$ 5,3 trilhões em valores correntes de 2013, significando um crescimento de 3% em relação ao ano anterior. O PIB representa a soma, em valores monetários, de todos os bens e serviços produzidos.
Em 2013, o Piauí obteve uma renda per capita de R$ 9.811,04, ante R$ 9.056,89 em 2012. Apesar de ainda ser a menor do Brasil, representa um crescimento de 8,3%. Porém, agora está mais distante da renda per capita nacional, que era de R$ 24.779,53 e passou para R$ 26.445,72. Esse índice é utilizado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), como critério para o rateio do cálculo do FPE e do FPM – Fundo de Participação dos Estados e dos Municípios.
Setores de queda A agropecuária foi a principal responsável pela queda do ritmo de crescimento do PIB piauiense em 2013 e perdeu participação, inclusive, na estrutura produtiva do Esta-
do, passando de 7,86% para 6,38%. O valor adicionado do setor caiu 26,07% em 2013, consequência de fatores climáticos desfavoráveis que prejudicaram tanto a agricultura moderna dos cerrados piauienses quanto a agricultura familiar. Na safra de 2013, colheu-se 1,56 milhão de toneladas de grãos, caracterizando uma queda de 29,65% em relação ao ano anterior. Para efeito de comparação, registre-se que a produção estadual de grãos para o ano de 2015 está estimada em 3,3 milhões de toneladas de grãos, o dobro da safra de 2013. “Em 2014, nós já tivemos melhores resultados neste setor e em 2015 esses números foram ainda superiores, o que, com certeza, dará um salto no nosso PIB de 2015”, explica Cezar Fortes. Também pelo lado da pecuária, o ano de 2013 registrou um difícil desempenho. Assim, tanto os rebanhos bovino e suíno, quanto o caprino sofreram acentuadas reduções.
Piauí e Brasil PIB per capita e taxa de crescimento PRODUTO INTERNO BRUTO Valores correntes (Milhões) ANOS
PIAUÍ
BRASIL
2010
22.271
2011
PIB PER CAPITA
Taxa de crescimento (%)
Valores correntes (R$)
PIAUÍ
BRASIL
PIAUÍ
BRASIL
3.885.847
-
-
7.140,47
20.371,64
25.949
4.373.658
5,2
3,9
8.263,02
22.734,56
2012
28.627
4.805.913
5,3
1,9
8.056,89
24.779,53
2013
31.240
5.316.455
2,4
3,0
9.811,04
26.445,72
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisa, Coordenação de Contas Nacionais; Elaboração: Fundação Cepro.
REVISTA CIDADE VERDE | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | 25
Economia
Também houve retração no setor de geração de energia.
Os Serviços Industriais de Utilidade Pública - SIUP (produção e distribuição de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de resíduos e descontaminação) decresceram em 2013 a uma taxa de 0,97% em comparação com o mesmo período de 2012. A distribuição de energia e água motivou a redução dessa taxa.
Setores em alta Em 2013, a atividade industrial representou 12,36% da economia piauiense, somando R$ 3.438 mi-
lhões do Valor Adicionado Bruto do Estado. Os principais aumentos foram verificados na Indústria Extrativa: 17,98%. Já na Construção Civil, 9,31%, e na Indústria de Transformação, 3,40%. Os destaques da Indústria Extrativa foram a extração de calcário, de dolomita e mineral para fabricação de adubos. A Construção Civil experimentou um bom crescimento no ano de 2013 (9,31,%) em relação a 2012 (6,01%).
A queda nos serviços industriais 0,75%
1,93%
0,26%
1,68% 2,55%
1,33%
3,64%
3,95%
0,68% 7,78%
34,41% 18,49%
4,90%
7,74% 2,59% 2,45%
1,48%
3,40%
Agricultura
Pecuária
Produção florestal
Indústria
Transformação
Eletricidade e gás, água, esgoto
Construção
Comércio
Transporte
Alojamento e alimentação
Informação e comunicação
Atividades financeiras
Atividades imobiliárias
Atividade profissionais
Administração Pública
Educação e saúde mercantis
Artes, cultura
Serviços domésticos
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisa, Coordenação de Contas Nacionais; Elaboração: Fundação Cepro.
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Quanto aos Serviços, responsável por 81,26% do Valor Adicionado em 2013, o setor cresceu a uma taxa de 4,0%. O bom desempenho fez crescer sua participação na economia do Estado em 4,4 pontos percentuais, com destaques para as atividades: Administração Pública (34,41%); Comércio (18,49%); Atividades Imobiliárias (7,74%); Atividades Profissionais Científicas e Tecnológicas (4,90%); e Alojamento e Alimentação (3,40%). A atividade Comércio, parte importante do setor de serviços, ganhou participação na Economia em 2013, evoluindo de 17,54% para 18,49%. Quanto ao crescimento das atividades do setor Serviços, os mais expressivos foram: Serviços de Informação e Comunicação (23,56%), Atividades profissionais, científicas e técnicas (9,37%); Atividades Financeiras (8,70%); Comércio (6,38%) e Transportes (5,08%).
REVISTA CIDADE VERDE | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | 27
Economia
Longe da crise
O mercado de festas em Teresina continua em ascensão, apesar da crise econômica no país. Celebrações de casamentos e aniversários chegam a sair do limite dos milhares.
28 | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | REVISTA CIDADE VERDE
O mercado de festas em Teresina vem superando o limite dos milhares de reais e parece não ser influenciado pela crise econômica que atinge o Brasil. Se a capital já tinha uma tradição de fazer grandes festas, essa tendência cresce ano após ano, movimentando sobremaneira a economia local e inovando a cada novo evento. É um segmento da economia alimentado, principalmente, por aqueles que não economizam para garantir que terão a festa dos sonhos. Eventos que, em boa parte das vezes, são espelhados em celebridades ou filmes, e que podem chegar a custar milhões de reais. Há 30 anos trabalhando como decoradora, Lígia Veras ressalta que as festas mais glamourosas em Teresina custam na faixa de R$ 800 mil, somente com buffet e decoração. “Incluindo outros detalhes, como os trajes, salão de beleza e as lembranças, por exemplo, chegam a R$ 1 milhão. Esse é um mercado que está em efervescência e é uma característica específica de Teresina. Já fiz várias festas em outros lugares e elas não se comparam ao que acontece aqui. É fora de série”, avalia a decoradora, que recentemente, a pedido de um cliente, foi a Paris buscar inspiração para uma festa de formatura intitulada “Meia-noite em Paris”. Lígia conta que os grandes eventos na cidade não são realizados so-
mente pela classe mais alta. “Quem tem o maior poder aquisitivo nem sempre é quem mais gasta. Hoje em dia, a classe média alta é a que mais faz festas. Isso não quer dizer que quem não tem dinheiro não faz. Faz sim, e faz bem feito, porque faz sacrifício para isso. Ninguém chega dizendo que quer gastar R$ 1 milhão. Chega dizendo que quer gastar pouco. Já fiz festa que o orçamento inicial era R$ 150 mil e no final foi R$ 500 mil e o cliente ficou satisfeito. A festa vai crescendo, isso é natural”, explica a decoradora.
Orçamentos Foi exatamente esse entusiasmo na hora de organizar a festa que fez dobrarem os gastos dos empresários Jarbas Araújo e Michelle Azevedo, na comemoração do aniversário de 1 ano da pequena Valentina, filha do casal. A festa estava calculada em R$ 25 mil, mas terminou sain-
50 280
R$ R$
a
São os valores cobrados, por pessoa, nos buffets mais procurados da capital. do por mais de R$ 50 mil. “A festa de um ano é a realização dos pais e queríamos fazer uma coisa melhor que um bolinho. A gente acrescenta muita coisa quando vê todas as opções. No começo, teria apenas uns brinquedos e algumas barraquinhas de comida, depois contratamos uma banda, um maquiador de crianças, colocamos a mesa posta, etc. Quando percebi que iria aumentar muito, ‘nos viramos nos 30’ para pagar e até dividimos alguns valores”, lembra.
Foto: Thiago Amaral
POR JORDANA CURY
Decoradora calcula que as festas têm girado em torno de R$ 800 mil em Teresina. REVISTA CIDADE VERDE | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | 29
Fotos: Rebeca Santos
Economia
Se nas festas infantis isso acontece, imagine nos casamentos, que reúnem os sonhos de duas famílias. Em Teresina, já não é raro ser convidado para enlaces que trazem bandas nacionais, como Aviões do Forró, Preta Gil, Jota Quest e Araketu. O custo para trazer de fora toda a equipe dos músicos é, em média, R$ 80 mil, sem contar com a hospedagem e a alimentação. Mas, para os casais apaixonados, é um gasto que vale a pena. Casada há cerca de um mês, a advogada Renata Noleto afirma que não se arrepende de ter realizado uma das maiores festas do ano na capital. “Sempre gostei de festas e, se pudesse, faria todos os anos. Sou filha única e minha família, especialmente minha mãe, queria realizar esse sonho”, declarou. As bandas Timbalada, The Cavern Beatles e Pepê Júnior animaram os 700 convidados presentes no casamento de Renata e Luiz Orestes, que aconteceu na Casa Favorito e teve um espaço suspenso de doces, com cerca de 200 orquídeas.
A festa de 1 ano da pequena Valentina teve como tema “A bailarina” e custou cerca de R$ 50 mil.
É preciso antecedência Para garantir o sucesso da festa, a dica é fechar os contratos com bastante antecedência. Com o aumento da demanda, os buffets mais procurados podem não ter a data disponível desejada pelos noivos. “Geralmente, os clientes procuram com um ano ou mais de antecedência, principalmente se for
30 | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | REVISTA CIDADE VERDE
nos meses mais disputados: maio, julho e novembro”, destaca Daiany Santos, da Cookies Eventos. Os preços dos buffets mais requintados da capital podem chegar até R$ 280 por pessoa, dependendo do cardápio desejado. Outros itens, como o cerimonial e a fotografia, também precisam ser decididos logo. O cerimonialista Samuel Novaes, um dos mais procurados do ramo, ressalta que só
mil
São os valores dos pacotes de fotografia e filmagem.
Porém, quanto mais personalizada a festa, mais altos os custos. Um dos pontos que mais encare-
Foto: Péricles Mendel
organiza uma única festa por semana, para garantir que saia exatamente como o cliente precisa. “Minha agenda de 2015 já está lotada e 60% da agenda do próximo ano também”, diz Novaes, que faz orçamentos a partir de R$ 10 mil. O fotógrafo Tibério Nunes acrescenta que o ideal é fechar o contrato com pelo menos oito meses de antecedência. “Fazemos uma média de três festas por semana, e esse mercado tem crescido muito”, justifica. Tibério tem pacotes que vão até R$ 20 mil, incluindo vídeos, fotos, álbuns e até quadros decorativos para serem usados no evento.
A médica Andressa Santos, juntamente com outras duas amigas de turma, decidiram fazer um baile de formatura exclusivo. Procuraram o buffet com um ano de antecedência e fizeram um evento “com a cara das três”. “A gente não fez parâmetro de gastos. Contratamos um cerimonial e quando
ele apresentava os orçamentos, nos reuníamos e decidíamos o que gostaríamos de ter na festa. Prezamos mais pela qualidade. Não queríamos correr o risco de não ficar do jeito que sonhamos”, lembra Andressa.
Foto: Péricles Mendel
R$
a
mil
Foto: Péricles Mendel
2 20
R$
Festa personalizada
Uma das maiores festas já vistas na cidade: o casamento de Renata Noleto e Luiz Orestes, na Casa Favorito. REVISTA CIDADE VERDE | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | 31
O bolo é um ponto diferenciado de qualquer evento. E, nas festas de casamento, ele ganha ainda mais destaque, com tamanhos cada vez maiores. A confeiteira Jamira Caddah, uma das mais renomadas da cidade, conta que já chegou a fazer bolos tão altos que precisou subir em um banco para decorá-lo. “O bolo é uma tradição de família. Eu já fiz alguns de até sete andares, tão grandes que precisei subir em um banquinho para alcançar o topo, mas a maioria é de cinco ou seis”, explica. Jamira diz que já fez bolos de até R$ 10 mil e que, hoje em dia, a maior parte do bolo é isopor. “São poucos os que pedem o bolo completo. Geralmente só o primeiro e o segundo são de verdade”, completa.
As noivas estão optando por bolos cada vez maiores.
dade e, hoje, há quem faça festa até para comemorar o divórcio. A atividade gera impacto direto na economia da cidade, fazendo
Dadas as novidades que surgem todos os anos, a estimativa é que esse mercado de festas continue a crescer. As grandes comemorações já chegaram aos mensários, primeiras eucaristias, à materni32 | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | REVISTA CIDADE VERDE
circular, mensalmente, milhões de reais ainda não contabilizados. Mas, como diz Jamira Caddah, “qualidade tem que ter preço”.
O preço da cerimônia
As igrejas também cobram taxa para a realização de cerimônias como casamentos e formaturas e têm agendas igualmente lotadas. Na Igreja de São Benedito, por exemplo, uma das mais tradicionais da cidade, o valor é R$ 800, mas há taxas mais altas e mais baixas. Para se ter ideia, o mês de maio de 2016 já está com todos os finais de semana ocupados na maioria das igrejas da cidade.
Foto: Raoni Barbosa
cem nesse sentido é a decoração com flores. Em Teresina, já houve festas que tiveram verdadeiros jardins de orquídeas, orçados em cerca de R$ 250 mil. “Fazemos orçamentos acima de R$ 5 mil. O mais comum é que se gaste até R$ 20 mil, mas há clientes que optam por gastar um valor bem alto”, destaca Alcênia Ribeiro, da Floricultura Li. As flores mais caras, segundo a empresária, são as orquídeas e as rosas.
Foto: Thiago Amaral
Economia
REVISTA CIDADE VERDE | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | 33
Economia & Negócios POR JORDANA CURY
Saldo negativo O Piauí demitiu mais do que contratou no mês de outubro. E esse foi o primeiro saldo negativo de empregos registrados no Estado para o mês de outubro desde 2003, quando começou a série histórica do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. Os dados apontam que foram eliminados 591 postos – uma queda de 0,20% no número de assalariados com carteira assinada de setembro. As demissões nos setores da Agropecuária (314) e Serviços (214) foram as que mais contribuíram para o resultado ruim. Floriano (98 postos), EVOLUÇÃO DO EMPREGO FORMAL NO PIAUÍ PERÍODO: 2003 A 2015 Pedro II (13) e Esperantina (9) foram os municípios piauienses que tiveram o melhor saldo entre contratações e demissões. Teresina teve um saldo negativo de 155 empregos – o pior do Estado.
Fonte: CAGED Lei 4.923/65
Bom para o bolso 13° municipal O pagamento dos servidores da Prefeitura de Teresina será pago até, no máximo, dia 17 de dezembro – foi o que informou a Secretaria Municipal de Administração. O prazo está de acordo com a tabela de pagamento divulgada no início do ano e inclui todas as pastas municipais. A secretaria informou ainda que existe a possibilidade de antecipação dos pagamentos.
O Senado aprovou um projeto de lei que impede a cobrança das tarifas de deslocamento (quando o consumidor está fora da área para qual o aparelho foi habilitado), em ligações feitas através do celular. Atualmente, o custo do roaming interurbano está entre R$ 1,40 a R$ 1,63 por minuto. Também foi aprovado projeto que impede as operadoras de bloquear celulares para os chips concorrentes, garantido o direito de escolha dos consumidores.
Tarifa mantida O prefeito de Teresina, Firmino Filho (PSDB), garante que a inclusão de ar condicionado nos ônibus que circulam em Teresina não vai aumentar o preço das passagens. Segundo o gestor, com a utilização das linhas troncais, a partir de janeiro de 2016, o trânsito ficará mais rápido, reduzindo os gastos com manutenção e, principalmente, com combustível. “Com isso, haverá uma compensação de custos e não será necessário aumentar a tarifa”, justifica Firmino. Atualmente, a passagem de ônibus custa R$ 2,50 em Teresina. Foto: Arquivo RCV
34 | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | REVISTA CIDADE VERDE
Negociação de dívidas
Tímido orçamento
O governador Wellington Dias (PT) sancionou lei que beneficia diretamente os mutuários inadimplentes da antiga Cohab, do BEP e do Iapep. Mais de 36 mil mutuários que estão com as parcelas do imóvel atrasadas têm direito a até 50% de desconto de juros e multas durante a renegociação do débito, que pode ser parcelado em até 60 vezes. O montante devido pelos inadimplentes é de R$ 25 milhões. Os interessados em quitar ou parcelar a dívida devem procurar a sede da Emgerpi(Empresa de Gestão de Recursos do Piauí).
Presentes à vista
Apesar de vários Estados brasileiros terem orçamento negativo para 2016, no Piauí a proposta prevê incremento de 3,75%. O motivo alegado pelo governo para o baixo crescimento é a crise econômica, que resulta na diminuição dos repasses da União. O governo calcula que as perdas com o Fundo de Participação dos Estados (FPE) serão de 6,87%. Veja o orçamento detalhado:
Assembleia Legislativa
R$ 291 milhões
Pesquisa do SPC Brasil e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) aponta que o Natal deste ano deve ser melhor que o do ano passado para o comércio – 93% dos consumidores estão dispostos a comprar presentes neste final de ano – 6% a mais que em 2014. Porém, o valor médio dos presentes caiu de R$ 125,22 para R$ 106,94. O levantamento mostra ainda que cada consumidor pretende comprar, em média, de 4 a 5 presentes.
Tribunal de Contas do Estado (TCE)
R$ R$ 100 milhões Fundo de Modernização do TCE-PI
R$ 1 milhão Tribunal de Justiça do Piauí
R$ 456 milhões Ministério Público
Investimentos em Teresina
R$ 171,9 milhões
Os setores de Comércio e Transportes receberão um reforço significativo em Teresina. Após a concessão de benefícios fiscais, cinco empresas confirmaram instalação na capital e juntas devem investir mais de R$ 21,7 milhões, gerando cerca de 290 empregos diretos logo na fase de implantação. Os novos investidores são: A.F. Rocha Comércio, Getex, Transcarga, Expansão Comércio e Distribuidora Vitória.
Defensoria Pública
R$ 74 milhões Fundo de Modernização e Aparelhamento da Defensoria
R$ 600 mil
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HOUS 36 | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | REVISTA CIDADE VERDE
SE D3 REVISTA CIDADE VERDE | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | 37
Ponto de vista! POR ELIVALDO BARBOSA
pontodevista@cidadeverde.com
Enfim, a subconcessão O governo do Estado encerra novembro com o aval da Câmara Municipal de Teresina para a possibilidade de investimentos privados em dois setores extremamente deficitários na capital: abastecimento d’água e coleta e tratamento de esgotos. Os próximos passos, segundo o secretário de Governo, Merlong Solano, são a publicação do edital de licitação para empresas interessadas em investimentos no setor e a estruturação do Instituto de Águas, autarquia que substitui a Agespisa. O governo conta agora com os instrumentos legais para a promoção de mudanças num segmento essencial ao desenvolvimento e à qualidade de vida da população na capital. Os teresinenses precisam de serviços eficazes na oferta de água tratada e esgotamento sanitário. O governo, a prefeitura e os políticos não poderiam ficar omissos.
Presidente O ex-ministro João Henrique Sousa assumiu a presidência do diretório do PMDB no Piauí, com a licença do atual presidente, ministro Marcelo Castro. João Henrique pretende ir além do mandato interino (e protocolar), e já planeja ações do partido em todo o Estado. Encontros regionais promovidos com apoio da Fundação Ullysses Guimarães devem ser realizados no primeiro semestre de 2016.
Acordo
Prazos
Sem definição do senador Elmano Férrer (PTB) sobre candidatura em Teresina, o PMDB da capital não perde tempo e adianta conversas para acordo com o PSDB. Na mesa, duas condições para o PMDB compor com os tucanos em Teresina no próximo ano: indicar o companheiro de chapa do prefeito Firmino Filho e participar da prefeitura a partir de janeiro.
Para o senador Elmano Férrer (PTB), o prazo para anunciar candidatura de prefeito na capital é março de 2016. Já o presidente do PMDB teresinense, Themístocles Filho, afirma que as decisões do partido sobre eleição na capital serão tomadas em janeiro.
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Orçamento A Câmara Municipal de Teresina aprova orçamento de R$ 2,9 bilhões para a gestão da capital. Desse total, R$ 540 milhões serão destinados à saúde e educação. Os vereadores terão direito a R$ 460 mil em emendas parlamentares.
Zé no PPS
PC do B Os comunistas realizaram em novembro conferência estadual. Reelegeram o ex-deputado federal Osmar Júnior para a presidência do partido e iniciaram a discussão de estratégias para as eleições municipais. Em Teresina, a prioridade será o retorno à Câmara Municipal. Na eleição de prefeito, há duas tendências no PC do B: candidatura própria e apoio à reeleição do prefeito Firmino Filho.
Aconteceu
Confirmado. O ex-governador Zé Filho vai mesmo trocar o PMDB pelo PPS. A filiação está prevista para o dia 11 de dezembro. Zé Filho será a principal referência do partido no Piauí. O atual presidente, Celso Henrique, dirigirá o PPS em Teresina.
Matopiba Os governadores do Piauí, Wellington Dias (PT), Maranhão, Flávio Dino (PC do B), e Tocantíns, Marcelo Miranda (PMDB), estão na comitiva da Presidente Dilma Rousseff na viagem ao Japão, na primeira semana de dezembro. Vão em busca de parcerias para estímulo ao desenvolvimento do recém-criado território Matopiba, formado pelo Piauí, Maranhão, Tocantins e Bahia, e considerado a última fronteira agrícola do país.
Estratégia errada
Na formação da chapa majoritária na eleição de 1998, PFL e PPB, hoje PP, “bateram cabeça” na escolha do candidato ao Senado. Júlio César Lima, que era deputado federal, foi escolhido para compor a chapa como candidato ao cargo. Mas no dia da convenção, o empresário Ari Magalhães, que também era deputado federal, também foi lançado para concorrer ao Senado. Alberto Silva (PMDB) acabou sendo o eleito e beneficiado com a divisão de forças da chapa adversária. REVISTA CIDADE VERDE | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | 39
Saúde
Briga com a balança Quase metade da população do Piauí está acima do peso, diz IBGE. POR CAROLINE OLIVEIRA
O Piauí está mais gordinho. Foi o que constatou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), através dos levantamentos feitos na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada ainda em 2013. Segundo o levantamento, 47,9% dos piauienses, acima de 18 anos, estão com excesso de peso. O Estado apresenta um dos índices mais altos do Nordeste,
que teve uma média de 53,4%. O Brasil também está acima do peso. A pesquisa constatou que 56,9% dos brasileiros possuem o índice de massa corporal (IMC) igual ou maior que 25. A endocrinologista Mychelly Duarte alerta que o sobrepeso já é fator de risco para comorbidades como diabetes tipo 2, hipertensão, alterações no colesterol, doenças cardiovasculares e nas articulações. “O sobrepeso é classificado, segundo o índice de massa corpórea, como estando na faixa de
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25 a 29,9 kg/m2. O paciente com sobrepeso, se não intervir com mudança no estilo de vida ou medicação nos casos indicados, pode continuar a ganhar peso e progredir para obesidade”, enfatiza a especialista. O estilo de vida da sociedade atual na qual, por conta da correria, as pessoas se alimentam em horários irregulares, consomem comidas hipercalóricas, por serem mais práticas, aliado à falta de atividade física, contribui para esse aumento do peso dos piauienses.
Fotos: Thiago Amaral
A endocrinologista Mychelly Duarte afirma que as pessoas devem ter cuidado com o sobrepeso para não evoluir para a obesidade.
Acima do peso
Fotos: Thiago Amaral
A fisioterapeuta Lívia Joelle Peixoto, de 31 anos, disse que só se conscientizou que estava acima do peso quando começou a passar mal. “Eu estava com pico de pressão, alteração emocional, não conseguia dormir direito porque tinha refluxo, além de estar muito cansada por conta do peso e com baixa autoestima”, relata.
Lívia chegou a pesar 90 quilos e ter um IMC 33, já sendo diagnosticada como obesa grau 2. Ainda em tratamento, já conseguiu perder 20 quilos e espera chegar aos 64 quilos. “Eu tinha uma alimentação extremamente errada, do último paciente que atendia já saía para comprar fast food, doces, sushis, pizzas, tudo que não podia”, descreve a fisioterapeuta, que se conscientizou há um ano e meio, quando foi diagnosticada com compulsão alimentar. “A gente não consegue sozinha. Cerquei-me de múltiplos profissionais: endócrino, nutricionista, personal trainer, psicanalista, psiquiatra, para mudar, principalmente, a minha cabeça. Mas, até hoje, quando vou comprar roupas, pego os tamanhos maiores e, só no provador, que percebo que deveria ter pego um tamanho bem menor”, conta Lívia, satisfeita com seu progresso.
Alerta A endocrinologista afirma que não existe forma ideal para as pessoas, mas faixa de IMC adequado. “No entanto, até este tem ressalvas, quando se trata, por exemplo, de uma pessoa com excesso de massa muscular, como o lutador de boxe Mike Tayson, que tem altura de 1,81m e peso de 99 kg, calculando um IMC de 30,27. Seria diagnosticado como obeso, porém o seu peso é em grande parte, de origem muscular. Enfim, não há como definir forma ideal, mas temos bem definido que o estilo de vida saudável é fundamental”, destaca Mychelly Duarte. A alimentação é indispensável para manter uma vida com saúde. Por isso, os nutricionistas recomendam um cardápio variado, com pouca quantidade de alimentos, e em maior frequência, para não engordar. O ideal são três porções de frutas e três de legumes e verduras por dia e, também, incluir frango e peixe, pelo menos, duas vezes por semana, para reduzir o consumo de carne vermelha. “Ter horário certo para fazer as refeições, sempre ser fracionada e em pequenas quantidades, optar sempre pela qualidade do alimento, e não pela quantidade, dar preferência às frutas e as verduras, diminuir os carboidratos, beber bastante água e praticar atividade física regularmente. Essas são algumas medidas que vão ajudar a manter o peso. Em caso de perda de peso, ganho de massa muscular, controle alimentar, entre outros objetivos mais específicos, procurar um profissional especializado”, destaca a nutricionista Larissa Waléria.
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Foto: Thiago Amaral
Geral
Mudança na OAB
A oposição venceu a eleição da OAB com uma chapa de jovens advogados. POR UBIRACY SABÓIA
A disputa para a sucessão da seccional piauiense da Ordem dos Advogados do Brasil teve lances de campanha eleitoral para candidato majoritário. Com campanha acirrada e publicidade de alto nível veiculada nas redes sociais, os candidatos conseguiram dividir a categoria entre a chapa 1, liderada pelo advogado Sigifroi Moreno; e a chapa 2, comandada pelo advogado Chico Lucas, representando situação e oposição, respectivamente. No dia da eleição, 21 de novembro, houve forte mobilização por parte das duas chapas, com direito a apitos, palavras de ordem, balões,
adesivos e a nítida distinção entre as cores azul (chapa 1) e branco (chapa 2). A votação foi em urna eletrônica e, já no final do dia, foi possível conhecer o vencedor. O jovem Francisco Lucas da Costa Veloso conseguiu derrotar, por uma diferença de 299 votos, um grupo que já comandava a entidade há vários anos. Aos 31 anos, Chico Lucas é o mais jovem presidente de seccional eleito no País. “Nossa candidatura surgiu a partir de um sentimento de que os advogados do Piauí não se sentiam mais representados pela atual gestão da seccional do Piauí”. A alternância de poder, um modelo de autonomia e descentralização da gestão foram as propostas da oposição
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para conquistar, especialmente, os jovens advogados piauienses. Ao todo, 6.779 advogados foram às urnas; 5.103, em Teresina; e 1676, no interior do Estado. A eleição aconteceu em Teresina e mais 11 cidades piauienses: Água Branca, Bom Jesus, Campo Maior, Corrente, Floriano, Oeiras, Parnaíba, Picos, Piripiri, São Raimundo Nonato e Valença. No interior foram eleitos os presidentes das subseccionais. A Ordem dos Advogados no Piauí tem um orçamento anual de R$ 10 milhões. Este valor é utilizado para manter a estrutura e o pagamento dos servidores da Seccional Piauiense. Segundo a Ordem, o valor vem de recursos provenientes
O presidente eleito admitiu que a OAB não é transparente em vários pontos e isso deve mudar. “A OAB se contradiz e a Ordem tem de fazer o seu ‘dever de casa’, tem de mostrar transparência nas suas ações, tem de fazer a sua prestação de contas de uma forma mais ampla, mais transparente. A OAB tem de ser vanguardista na gestão da casa, para que a gente possa ser um laboratório para a sociedade. Para que se possa cobrar mais transparência das instituições, teremos de ser mais transparentes”, disse Chico Lucas. Esta mudança nos rumos da gestão da Ordem dos Advogados, segundo ele, passa por um diagnóstico nos trabalhos da Justiça do Piauí, para fazer um trabalho parceiro, no
Foto: Thiago Amaral
dos pagamentos de anuidades dos advogados. Neste ano, a OAB-PI também recebeu repasses do Conselho Federal da Ordem. No Piauí existem 10 mil advogados com registros ativos e 8,3 mil adimplentes com a OAB.
qual as boas práticas sejam ampliadas e se busque a solução dos problemas com a mudança de práticas das quais houver necessidade, a partir da melhoria das relações entre OAB e Justiça. “Temos que agir como bons amigos, sendo sinceros. As instituições têm de ser sinceras umas com as outras, não se pode deixar que as pessoas que as representam interfiram. Buscamos o aprimoramento institucional com diálogo, a crítica e o elogio entre a Justiça e a Ordem”. Outro ponto é dar autonomia às comissões da OAB. “Quero que os advogados mais jovens se integrem nos trabalhos das comissões. Para isso, vamos exigir plano de trabalho, criar um regimento geral para
o seu funcionamento e destinar orçamento para a execução de suas atividades”. O presidente do Conselho Federal da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coelho, disse que a eleição da seccional do Piauí é um ato importante, pela importância da entidade na representação da classe dos advogados e da sociedade. “A Ordem deve ter um só compromisso com a sociedade, sendo sua porta-voz, e lutar pela valorização dos advogados”, frisou.
FRANCISCO LUCAS DA COSTA VELOSO - Chico Lucas 31 anos, é Procurador do Estado desde os 27 anos e também exerce a advocacia privada na área de Direito Imobiliário. Foi bolsista do Dom Barreto e depois professor do colégio. Aos 19 anos, se tornou policial rodoviário federal concursado. Formado em Direito pela UFPI, conquistou o primeiro lugar no exame da OAB em 2007. É casado com a advogada Rutheenne Veloso e tem duas filhas.
Foto: Roberta Aline
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É a lei
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - SECÇÃO PIAUÍ
OAB-PI defende maior orçamento para o Judiciário, Defensoria e Ministério Público
Representantes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além de sindicalistas e movimentos sociais, integraram a audiência, que aconteceu no dia 18 de novembro. Liderados pela presidente da Comissão, deputada Liziê Coelho, o objetivo dos parlamentares era escutar e discutir o orçamento disponível e o necessário para os poderes suprirem suas demandas em 2016. Na oportunidade, o Secretário de Planejamento do Estado, Antônio Neto, apresentou a peça orçamentária para o exercício financeiro de 2016, com a expectativa de investimentos para os demais Poderes do Estado do Piauí, levando em consideração a situação financeira do país. “O cenário não é animador e mostra que há uma queda no nosso PIB. Não dá pra fazer uma proposta orçamentária para depois ter que comprometer ainda mais as finanças em 2016”.
Foto: ASCOM
Com o intuito de buscar um incremento no orçamento e, consequentemente, a melhoria dos serviços prestados pelo Judiciário piauiense, Defensoria e Ministério Público, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Piauí, Willian Guimarães, e a diretora financeira, Geórgia Nunes, participaram de uma audiência pública na Comissão de Fiscalização e Controle, Finanças e Tributação da Assembleia Legislativa do Piauí, que discutiu o Projeto de Lei do Orçamento Geral do Estado para o próximo ano. Guimarães discute orçamento 2016 com parlamentares.
O representante do Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI), Roosevelt Figueiredo, afirmou que o Judiciário necessita de um incremento mínimo de R$ 104 milhões. “Temos demandas que já foram aprovadas e têm caráter obrigatório, que precisamos cumprir. Esse impasse orçamentário ‘engessa’ nossa perspectiva de crescimento. O concurso já em andamento precisa ser realizado e os cargos preenchidos”, afirmou Roosevelt, destacando que o TJ-PI é monitorado pelo Conselho Nacional de Justiça, e as metas só poderão ser cumpridas com recursos suficientes. Willian Guimarães relatou as dificuldades enfrentadas pela sociedade e pelos advogados na Justiça Estadual, sobretudo nas comarcas mais distantes da capital, muitas sem juízes,
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defensores e promotores. O presidente apresentou também as implicações da falta desses profissionais em setores como segurança pública e disse que teme por um agravo da atual situação. Além disso, lembrou que em 2016 serão realizadas eleições municipais, que exigem a presença de juízes e promotores em todas as zonas eleitorais do Estado. “A elevação orçamentária, contudo, deve ser condicionada à efetiva nomeação desses profissionais, como forma de garantir melhor prestação de serviços à sociedade piauiense. É essencial que dessa discussão a ALEPI leve essa exigência em consideração para que possamos avançar”, concluiu Guimarães, assegurando que a OAB-PI participará ativamente da discussão orçamentária.
CineasSantos
Chão Batido
chaobatido@cidadeverde.com
Por uma cara reconhecível
P
arei o carro nas proximidades do Riverside num final de tarde. Saído não se sabe de onde, aparece um moço-velho cheirando a águas do Poti, passos trôpegos e voz pastosa: “Pode ficar sossegado, doutor jornalista, carro que eu olho ninguém bole”. De posse daquele certificado de garantia, saí despreocupado e fui comprar um livro do Osho para presentear uma amiga. De posse do livro, voltei por cima do rastro, como se diz no sertão. O “olhador de carro” estava lá, escorado num poste. Passei-lhe uns caraminguás pelo não serviço prestado e preparei-me para sair. Ele me agradeceu e acrescentou: “Gosto muito do seu programa na Rádio Pioneira”. Rádio Pioneira? Com imenso esforço mental, lembrei-me de que, na remota década de 1970, eu e Adala Carnib fizemos um programa na Pioneira: “Viva o Sábado”. O programa tinha dois ouvintes: o Adala e eu. Quando um falava, o outro ouvia... Seguramente aquele moço ainda nem era nascido. Ao ver-me perplexo, afirmou: “Seu programa não é Seu Gosto na Berlinda?”. Tive de sair apressado para não sorrir.
Para os mais jovens, Seu Gosto na Berlinda foi o programa mais popular do rádio piauiense. Comandado pelo radialista e disc-jokey Roque Moreira, estendeu-se do início da década de 1970 até meados da década de 1990. Roque, além de tocar músicas bregas, divulgava eventos e distribuía in-
Só existe uma coisa pior do que ter uma cara feia: não ter uma cara reconhecível. formações, recados e avisos para o “distinto público”. Líder de audiência na Rádio Pioneira, o programa chegou a ter duas edições diárias. Quantos anos teria aquele “olhador de carro” quando o locutor morreu em 1994? Mistério, diria o Manelão. Dias depois, na Praça Pedro II, um cidadão, meio amarrotado
pelo tempo, bateu no meu ombro e, com enorme intimidade, disparou: “Garrincha, macho velho, tu tá acabado”. Resolvi tirar um sarro: meu irmão, mulher e bebida. Isso acaba com qualquer cristão. O moço concordou, pediu-me uns trocados para uma bicada e desapareceu. Já estaria de bom tamanho se parássemos por aqui, mas ainda falta a melhor parte. Entro no Pão de Açúcar e uma senhora, um tantinho vencida, não se conteve: “Doutor Chico Ramos, eu estava mesmo querendo falar com o senhor”. Contrafeito, afirmei: perdão, minha senhora, não sou o doutor Chico Ramos. Visivelmente irritada, a mulher berrou: “Quando é pra pedir votos, a gente pode chamar até de cachorro que vocês atendem; depois de eleito...”. Tive pena do esculápio. Foi aí que me lembrei de uma sentença que, em proveito próprio, cunhei: só existe uma coisa pior do que ter uma cara feia: não ter uma cara reconhecível. Vejam vocês: para minha tristeza, tenho uma cara feia que nem é reconhecível. Pior, impossível.
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Foto: banco de imagem
Saúde
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Surto de Microcefalia assusta mães no Nordeste
O Piauí registrou em menos de um mês quase o triplo do número de casos de microcefalia computados em dois anos. POR CLÁUDIA BRANDÃO E JORDANA CURY
O avanço surpreendente dos registros de bebês nascidos com microcefalia no Nordeste nas últimas semanas despertou a preocupação do Ministério da Saúde. Mais de 700 casos foram confirmados neste mês de novembro, sendo que 27 deles ocorreram aqui no Piauí. Foram 22 nascidos na Maternidade Dona Evangelina Rosa; 4, na Maternidade Wall Ferraz, no bairro Dirceu Arcoverde; e 1, na Maternidade Santa Fé. O Estado de Pernambuco foi o primeiro a notificar a mudança do padrão da doença no país e saiu na frente na formação de um comitê gestor de acompanhamento às gestantes, divulgando recomenda-
ções para as mulheres que estejam grávidas ou que desejam engravidar. As autoridades da Saúde pernambucanas também lançaram um protocolo que indica o passo a passo a ser seguido, caso exista a suspeita de microcefalia após o nascimento do bebê e ainda criaram um grupo de investigação das causas.
Mas por que preocupa tanto? A principal hipótese levantada pelo Ministério da Saúde, até o momento, é de que a epidemia de microcefalia na região esteja associada ao zika vírus. Isso porque metade das mulheres que deram à luz bebês nessa condição relataram ter tido a infecção pelo microrganismo no primeiro semestre do ano, quando houve um surto da zika, entre os meses de março
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e maio. Além disso, foi encontrado o genoma do vírus no líquido amniótico de duas gestantes da Paraíba, cujos fetos foram diagnosticados com a doença.
O que é microcefalia? A microcefalia é uma doença congênita rara, de condição neurológica, na qual o perímetro da cabeça é significativamente menor que o padrão normal, que é de 33 cm para os bebês. Pode ter origem genética ou associada a infecções, como se suspeita agora. Não é possível reverter a doença, mas há tratamentos para melhorar o desenvolvimento e a qualidade de vida da criança, como fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional.
A associação entre zika e microcefalia ainda é nova na literatura médica e, por isso mesmo, está deixando os profissionais da saúde assustados. Os especialistas defendem que seria necessário de 6 meses a um ano para que os estudos sobre o assunto apresentem resultados concretos. A OPAS – Organização Panamericana de Saúde – já foi avisada do problema. E o Ministério da Saúde decretou Estado de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional para dar maior agilidade às investigações. Tanto alarde se dá porque essa foi apenas a primeira vez que houve epidemia da zika no Brasil. O vírus veio da costa africana e é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo que transmite a dengue e a chycungunya – doenças que já são comuns no Nordeste no primeiro semestre do ano, por causa das chuvas. Até o momento, não se sabe a extensão real do problema, mas os especialistas acreditam que as dimensões podem ser bem maiores, gerando efeitos que vão além da microcefalia e que podem incluir, dentre tantas outras complicações, cegueira e perda auditiva – condições que só poderão ser verificadas mais tarde, durante o desenvolvimento da criança. Mas tudo isso ainda depende dos estudos que estão sendo feitos para saber o grau de penetração da doença.
Complicações decorrentes já conhecidas: retardo mental atraso nas funções motoras e de fala distorções faciais nanismo ou baixa estatura epilepsia dificuldade de coordenação e equilíbrio alterações neurológicas mais que 33cm
Alerta às mulheres O Diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, chegou a recomendar que as mulheres evitem engravidar agora, até que se saiba exatamente o que está acontecendo, mas, logo em seguida, o Ministério enviou
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menos que 33cm
uma nota dizendo que a decisão de engravidar é pessoal e só cabe à própria família decidir o momento ideal para ter um filho. O infectologista Carlos Henrique Nery Costa, doutor em saúde pública tropical pela Universidade de Harvard, compartilha da opinião de Maierovitch e diz que as mulheres devem evitar a gravidez até que se obtenha
Ilustração: Izânio França
Saúde
Para o Dr. Carlos Henrique, este é apenas o início de uma pandemia que pode ser de grandes proporções, visto que os casos de infecção por zika vírus são subnotificados e muitas vezes o portador não apresenta sintomas. “Não sabemos ainda o tamanho do problema, nem como ele vai se comportar no próximo ano. O mais importante é o grau de contato entre as pessoas suscetíveis e as pessoas infectantes, mediado pelo mosquito. Ele é que vai determinar o tamanho da epidemia. Acontece que nós não sabemos quantas pessoas foram infectadas por zika, até porque em muitos
Foto: Thiago Amaral
maiores esclarecimentos sobre o problema. “Eu estou, inclusive, dizendo isso para os meus alunos, para disseminar mesmo. Não engravide agora, use todos os métodos anticoncepcionais que você puder até que tudo esteja claro”, alerta.
Dr. Carlos Henrique: “O ideal é não engravidar agora, de jeito nenhum”.
casos a doença é assintomática, ou seja, os sintomas não são manifestados. Então, nós não sabemos se o zika continua a ser transmitido. Se continuar, ele pode despertar novamente no próximo ano, quando
os mosquitos começarem a proliferar”, explica. Nos casos registrados na maternidade do Dirceu, as mães relataram não terem tido os sintomas da vi-
Orientações às gestantes e mulheres que querem engravidar A gestante deve fazer todas as consultas e exames recomendados no pré-natal; Não devem consumir bebidas alcoólicas ou qualquer tipo de drogas; Não utilizar medicamentos sem a orientação médica; Evitar contato com pessoas com febre ou exantemas (manchas vermelhas no corpo) ou infecções; Eliminar criadouros e proteger-se de mosquitos (manter portas e janelas fechadas ou com telas, e usar calças e camisa de manga comprida, além de repelentes receitados por médico); As mulheres que planejam engravidar devem conversar com uma equipe da saúde de sua confiança para avaliar os riscos. Fonte: Secretaria da Saúde de Pernambuco (Estado que registra o maior número de casos da doença).
REVISTA CIDADE VERDE | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | 51
Saúde Foto: Thiago Amaral
rose. “Elas também não estão no grupo de risco, não são fumantes, não usam drogas, mas podem ter tido uma virose durante a gravidez, que pode ter contribuído para a condição do feto. Por todos esses detalhes, está ficando muito difícil fechar o diagnóstico da causa”, considera a diretora da Casa, Mércia Cassandra.
Medo popular Diretora da maternidade do Dirceu explica que as mães dos quatro bebês com microcefalia não relataram sintomas da virose.
ma, e isso me tranquiliza, mas tenho muito medo porque o período chuvoso já vai começar novamente e todo mundo corre risco de ser picado pelo mosquito”, explica.
Porém, entre as gestantes, a preocupação é constante. A auxiliar administrativa Taise Santos, 24 anos, que está no primeiro trimestre da gravidez, conta que acompanha de perto as informações sobre a doença. “Eu vejo todas as reportagens, leio sobre o assunto e questiono meu médico sobre os riscos. Eu não tive nenhum sinto-
Diagnóstico difícil
Foto: Thiago Amaral
Apesar dos alertas feitos pelos especialistas, o diretor de VigiIância e Atenção à Saúde do Estado, Hérlon Guimarães, faz questão de dizer que não há motivo para pânico. “Não podemos criar alarde entre as mulheres, até porque ainda não recebemos os exames que comprovam, oficialmente, que os casos de microcefalia têm relação com o zika vírus. Estamos acompanhando a evolução dos casos cuidadosamente para dar a orientação necessária”, pondera.
O médico obstetra e ultrassonografista Ronaldo Sá acrescenta que percebe as gestantes mais ansiosas durante os exames de ultrassom. “Tenho recebido pais apreensivos quanto a essa questão, mas, infelizmente, não existe uma forma eficaz
Casos subnotificados
Gestantes estão atentas aos riscos e temem pela saúde dos bebês. 52 | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | REVISTA CIDADE VERDE
Apenas 20% das pessoas que foram infectadas com o zika vírus apresentam sintomas, como febre e manchas na pele. 80% dos pacientes nem sequer sabem que tiveram ou têm o vírus.
de confirmar a doença nos primeiros meses de gravidez. Na verdade, o diagnóstico de microcefalia em bebês dentro do útero é muito difícil, porque às vezes a redução do tamanho da cabeça do neném é normal no final da gestação, pelo encaixe no osso da bacia, que faz com que as fontanelas (moleiras) sejam reduzidas. Por isso, tentamos tranquilizar os pais, dizendo que, apesar do momento endêmico, a microcefalia continua sendo uma doença rara, que passávamos anos sem ter registro de casos”, esclarece o médico. Ronaldo ressalta o quanto é frustrante para os profissionais da Saúde ainda não terem respostas sobre o assunto. “A gente acompanha toda a gestação e vê o desenvolvimento normal do bebê, inclusive na ultrassom morfológica, que detecta má formação. Aí, no final da gestação, percebemos a redução do perímetro encefálico, que pode ser ou não pelo encaixe. Então, há extrema dificuldade de fechar esse diagnóstico antes do parto”, argumenta o especialista, destacando que 99% das ultrassons morfológicas estão dentro do que é considerado normal para o desenvolvimento do feto. Na maior parte dos casos, as infecções que podem levar à microcefalia são adquiridas pela mãe, especialmente no primeiro trimestre da gravidez, que é quando o cérebro do bebê está sendo formado. Toxoplasmose, rubéola e citomegalovírus são alguns exemplos dos vírus que também estão associados à condição. Outros possíveis
causadores são abuso de álcool e drogas ilícitas na gestação e síndromes genéticas, como a Síndrome de Down. Os especialistas orientam que um bom acompanhamento no pré-natal pode ajudar no diagnóstico, já que alguns exames de sangue confirmam se houve ou não infecção recente. O alerta em relação ao zika vírus é porque essas outras infecções não são desconhecidas – a Medicina já
REGISTROS NO PIAUÍ 27 CASOS
até o momento
6 CASOS 4 CASOS
2013
2014
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domina os efeitos. Além disso, apesar da existência desses outros vírus, a microcefalia era uma condição considerada extremamente rara – no Piauí, foram registrados durante todo o ano de 2013 apenas quatro casos. No ano passado, foram seis casos. Agora, após o primeiro ciclo do zika vírus, o Estado teve, em menos de um mês, quase o triplo dos casos registrados em dois anos.
A teoria mais aceita Não se sabe ainda como um vírus considerado quase inofensivo pode causar microcefalia, porém acredita-se que se uma mulher contrai dengue, as defesas do organismo atacam e derrotam o vírus, continuando no corpo para garantir imunidade à doença. Mas, se tempos depois, ela fica grávida e pega o zika, que é muito parecido com o vírus da dengue, o sistema de defesa pode se confundir, achando que está enfrentando o mesmo inimigo antigo. O organismo, então, envia as mesmas células de defesa de antes. Como o invasor é outro, a defesa não consegue matá-lo, e o pior, embrulha o vírus, dando-lhe proteção. Dessa forma, escondido, ele atinge partes do corpo onde não costumava chegar por ser muito fraco, dentre elas, o feto.
O ministro da Saúde, deputado federal Marcelo Castro (PMDB/PI) afirmou à Revista Cidade Verde REVISTA CIDADE VERDE | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | 53
Saúde que, para confirmar a relação do zika vírus com os casos de microcefalia, estão sendo realizados exames clínicos, de imagem e laboratoriais, além de entrevistas e investigação do histórico do pré-natal e obstétrico, mas ainda não há uma data-limite para a divulgação desses resultados. “Esse material vai ser analisado por especialistas de diversas instituições. A hipótese do zika vírus foi reforçada, mas neste momento é preciso muita prudência”, pondera.
Estratégia de combate
Foto: Raoni Barbosa
Transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o zika vírus pode apresentar sintomas como febre baixa e manchas pelo corpo. Muitas das mulheres que tiveram bebês com microcefalia relataram ter tido esses sintomas durante a gestação. A preocupação é que com o vírus já presente no Brasil, e a proliferação do mosquito, novos casos venham a surgir, alcançando números ainda maiores, ano após ano. Por isso, o combate ao Aedes está entre as prio-
Fatores determinantes da epidemia de microcefalia Quantidade de fontes de infecção Quantidade de pessoas suscetíveis Taxa de contato
ridades da Fundação Municipal de Saúde (FMS). O presidente da Fundação, Francisco Pádua, disse que as equipes de vigilância irão visitar as lojas comerciais, terrenos baldios e logradouros públicos, alertando e recolhendo objetos que sirvam como potenciais criadouros do mosquito. Em outra frente, as equipes do Estratégia Saúde da Família (ESF) irão incentivar a responsabilidade de cada morador na manutenção de ambiente doméstico livre do mosquito. As demais secretarias da Prefeitura, como a de Educação e as Superintendências de Desenvolvimento Urbano também serão mobilizadas nesse trabalho. O ministro Marcelo Castro acrescentou que, com a proximidade do verão, o Ministério da Saúde vai divulgar a campanha nacional de prevenção e os resultados do Levantamento Rápido do Índice de Infestação de Aedes aegypti (LIRAa). “O chamado Mapa da Dengue é o instrumento fundamental para os gestores traçarem estratégias, porque possui informações qualificadas
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para identificar os bairros onde se concentra a maior quantidade de larva do mosquito”, explica. Castro salienta, entretanto, que a conscientização popular é essencial para reduzir os números. “Quinze minutos por semana são suficientes para que as famílias vistoriem suas casas e eliminem qualquer situação que possa acumular água parada”, orienta. Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff (PT) anunciou a criação de uma força-tarefa que terá como objetivo evitar que o vírus se espalhe para outras regiões do país – atualmente, ele circula em 14 Estados. Uma das medidas adotadas é a instalação de um gabinete interministerial para definir medidas emergenciais. Também será realizada uma campanha informativa nos meios de comunicação para orientar a população sobre o aumento de casos de microcefalia e a necessidade de combate ao mosquito. O governo informou ainda que, se for necessário, remanejará recursos orçamentários para o enfrentamento da doença. Com toda essa atenção do governo federal, há esperanças de que o Aedes aegypti seja, finalmente, erradicado do país.
CASOS DE MICROCEFALIA EM INVESTIGAÇÃO | 2014/2015
Fonte: Ministério da Saúde
O mapa acima mostra a rapidez na evolução da doença, sobretudo na região Nordeste. A velocidade com que os números se multiplicam é proporcional à urgência com que as ações devem ser implementadas para evitar que a epidemia se alastre por outras regiões do país, o que tornaria o seu controle ainda mais difícil.
De todo o Nordeste, apenas o estado do Maranhão não havia notificado casos de microcefalia até o fechamento desta edição. Estados como Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco registraram os maiores crescimentos. Mas enquanto o mosquito Aedes aegypti resistir, ninguém estará a salvo. REVISTA CIDADE VERDE | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | 55
Foto: Raoni Barbosa
Economia
A força do campo POR UBIRACY SABÓIA
A retomada do crescimento da atividade agropecuária no Estado do Piauí é uma das perspectivas dos organizadores para a 65ª Exposição Agropecuária do Piauí – Expoapi. O evento será aberto oficialmente no próximo dia 6 e vai até o dia 13 de dezembro. A previsão é de que sejam movimentados R$ 12 milhões no período de oito dias de feira.
Para o presidente da Associação Piauiense dos Criadores de Gado Zebu (APCZ), pecuarista João Mádison Nogueira, o evento é uma vitrine para o setor econômico que está crescendo no país, mesmo no momento de crise. Segundo ele, o setor movimenta, por ano, R$ 1 bilhão de reais e gera 180 mil empregos diretos. Para a feira estão confirmados 250 expositores, de 16 estados brasileiros, com mais de 1, 3 mil animais expostos e participando de leilões. Para o
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Foto: Roberta Aline
Com a expectativa de movimentar R$ 12 milhões em oito dias, a 65ª Expoapi é a aposta de crescimento de um setor que movimenta R$ 1 bilhão por ano no Piauí.
Um dos grandes destaques programados para a abertura da feira será a cavalgada com 500 cavalos, no dia seis de dezembro, no percurso que vai do Balão do São Cristóvão até o parque de exposições, na BR 343. “Esta feira será um marco na história da pecuária do Piauí, com a retomada do aumento do mercado de gado para a produção de leite e gado de corte”, ressalta João Mádison.
Foto: Roberta Aline
presidente da APCZ, outro ponto positivo para o setor é o fato de o estado ter conquistado a certificação de área livre da febre aftosa, graças à vacinação de 95% do rebanho piauiense, o que permitiu a abertura das nossas fronteiras para os outros estados.
A feira apresenta a melhoria genética das matrizes de gado produzidas no Piauí.
propôs a utilização do espaço pela Universidade Estadual do Piauí (UESPI) e Embrapa para pesquisas e aulas práticas dos cursos de Agronomia, Veterinária e Zootecnia e para eventos mensais que gerem emprego e renda no setor agropecuário.
A própria associação de criadores vai ter seu espaço no Parque de Exposições. “Estamos construindo a nossa sede própria para que as reuniões sejam realizadas no parque. Queremos promover atividade o ano todo no parque de exposições”, disse Mádison.
Foto: Roberta Aline
As apostas mais otimistas preveem uma geração de até R$ 8 milhões só com os leilões de animais. O evento deve mostrar ainda a melhoria na genética das matrizes de gado produzidas no Piauí. Segundo os dados da APCZ, existem 1,7 milhão de cabeças de gado e 1,8 de caprinos e mais de dois milhões de ovinos.
Revitalização Como a palavra de ordem da 65ª Expoapi é a retomada do crescimento, uma das medidas é fazer com que a estrutura do Parque de Exposições Dirceu Arcoverde seja utilizada durante o ano inteiro com atividades ligadas à agropecuária. A ideia foi defendida pelo governador Wellington Dias, que
A vaca Lilly, da raça nelore, é uma das matrizes que serão expostas na 65ª Expoapi. O animal foi adquirido por R$ 40 mil e já deve começar a gerar lucro a partir de janeiro do próximo ano, quando começará a coleta de embriões. Pelos cálculos de hoje, cada embrião da Lilly deverá ser vendido por R$ 15 mil. REVISTA CIDADE VERDE | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | 57
Cidade
Uma casa no meio do caminho Em Teresina, moradores de rua encontram abrigo para o pernoite em um albergue chamado Casa do Caminho. POR CAROLINE OLIVEIRA
Diariamente, uma fila começa a se formar a partir das 16h em um casarão, localizado no cruzamento das ruas Rio Grande do Sul com Monsenhor Gil, no bairro Ilhotas. Homens e algumas poucas mulheres aguardam, cerca de uma hora,
para colocarem seus nomes na lista que dará acesso a mais uma noite de sono. Quando o educador aparece, todos se amontoam para conseguir entrar no Albergue Casa do Caminho. Essas pessoas estão em situação de rua e passam o dia perambu-
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lando pela cidade. Alguns conseguem emprego, fazem trabalhos avulsos, mas não possuem um local para morar e são conhecidos como moradores de rua. Teresina tem em média 250 pessoas nesta situação. São, em geral, pessoas de outros estados, que não possuem familiares na cidade, que perde-
Foto: Roberta Alinne
Josenilson, mesmo debilitado, passa os dias na rua e dorme na Casa do Caminho há quatro meses.
A Casa do Caminho existe há seis anos e serve para que essas pessoas tenham um local para passar a noite, com comida, dormitório e assistência social. Ela é mantida pela Secretaria Municipal de Assistência Social, Trabalho e Cidadania de Teresina. O pedreiro Josenilson da Silva Ribeiro, 41 anos, frequenta a Casa há quatro meses. Natural de São Luís-MA, ele foi atropelado em
“Dependo do SUS. Já fui ao ambulatório três vezes para tirar a ‘chapa’ e eles me mandam voltar outro dia. E vou esperando, porque o médico só quer tirar depois de ver o exame”, diz Josenilson, que afirma que seu maior desejo é ficar bom para voltar a trabalhar. “A minha profissão não é ruim, mas ninguém quer me dar emprego com a perna assim”, ressalta o pedreiro.
Vagando em Teresina Há 30 anos em Teresina, o brasiliense Ariosvaldo José de Sousa Silva, 50 anos, veio com a então esposa e se separou pouco tempo depois, mas não quis voltar para sua terra natal. Ele conta que já se envolveu com outras mulheres, mas não deu certo e sempre saiu de casa. Ariosvaldo diz que tra-
Foto: Roberta Alinne
ram seus documentos, dependentes químicos ou com problemas mentais.
Presidente Dutra há cerca de dez meses e anda de muletas com uma “gaiola” na perna esquerda. “Eu me viro como posso. Duas vezes por semana vou ao Centro Pop para pegar uma senha para o almoço no Restaurante Popular do Mercado Velho, mas fica muito longe daqui e, com essas muletas, não consigo caminhar muito. Nos outros dias, peço comida na rua”, conta o pedreiro, que agora aguarda um raio X para saber como está a situação da sua perna.
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Foto: Roberta Alinne
Cidade
Pessoas na fila aguardam a abertura da Casa do Caminho para passarem a noite.
“O dinheiro não dá para aluguel, por isso venho para o albergue. Já frequento a Casa há um ano. Passo a noite aqui e saio de manhã cedo. Não penso em voltar para Brasília. Tenho um casal de filhos que ficou em Brasília, minha família está toda lá. Minha mãe morreu neste ano, e era com quem eu tinha mais contato, mesmo morando longe. Vou vivendo aqui como posso”, diz o senhor.
“Também temos uma agenda de atividades socioeducativas, com palestras sobre os temas referentes ao mês e o acompanhamento para o processo de saída de rua, com o plano individualizado de atendimento”, destaca a coordenadora do albergue, a assistente social Francisca Soares. Acompanhados por socioeducadores, assistentes sociais e cuida-
Quando há disposição por parte deles, conseguimos emprego e benefícios para que saiam da situação de rua. Mas, tem que ser de forma espontânea”, destaca a coordenadora. Para muitos, é a única opção de abrigo durante a noite e o refúgio para quem não tem onde dormir. Uma casa que abriga, além dos corpos cansados, muitas histórias de vida de quem perdeu emprego, família e amigos. Foto: Roberta Alinne
balha como autônomo nos armazéns do Centro da cidade e consegue “tirar” R$ 30 por dia.
dores, os usuários da Casa do Caminho também são encaminhados para retirarem documentos, quando perdidos ou roubados, para tratamento das dependências químicas e para a inserção no mercado de trabalho. “Esse resgate dura de três a seis meses, mas é necessário que o usuário queira. A maioria dos frequentadores atuais são homens de 23 a 40 anos, em idade produtiva, mas prejudicados pela dependência química.
Serviço prestado O albergue possui capacidade para 40 pessoas por pernoite, recebendo os usuários a partir das 17 horas, onde são acolhidos e passam por uma escuta, para que se tenha conhecimento de suas histórias de vida. Depois, recebem quites de higienização para banho, troca e lavagem das roupas e as refeições (jantar, ceia e café).
Francisca Soares destaca que os usuários da Casa do Caminho devem obedecer às normas da casa.
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Informe Publicitário
Detentos cultivam plantas medicinais
Projeto é desenvolvido por detentos da Penitenciária Regional Dom Abel Alonso Nuñez, em Bom Jesus, e consiste no cultivo de 12 tipos de plantas medicinais. Por meio do projeto Horta Viva, os detentos da Penitenciária Regional Dom Abel Alonso Núñez, em Bom Jesus, município que fica a 600 km de Teresina, cultivam 12 tipos de plantas medicinais, como o guaco, anador, hortelã, capim santo e erva cidreira. O projeto é desenvolvido pela gerência da unidade em parceria com a Secretaria de Justiça, Ministério da Saúde e Secretaria de Saúde de Bom Jesus. As plantas são autorizadas pelo Ministério e a produção é destinada ao consumo interno e para a comunidade. Segundo o diretor da penitenciária, Olavo Guerra, a unidade aguarda a chegada de equipamentos para o processo de dissecação das plantas e produção de sachês de chás para iniciar a distribuição dos medicamentos fitoterápicos. “As plantas são cultivadas pelos próprios internos e o projeto tem sido utilizado como campo de pesquisa para estudantes da Universidade Federal do Piauí e da Escola Técnica de Bom Jesus, que nos orientam quanto aos processos de plantação e cultivo”, explica Olavo.
O trabalho com horta é usado como medida socioeducativa e a produção é destinada ao consumo interno e também para a comunidade.
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Fotos: Divulgação Sejus
Para o secretário de Justiça do Piauí, Daniel Oliveira, o projeto permite que o reeducando, na medida em que cumpre a pena, trabalhe em prol do próprio sistema e da comunidade, o que, para o gestor, facilita o processo de reintegração do detento com a sociedade. “Acreditamos que colocar os internos para trabalhar em prol do sistema e da sociedade é benéfico para ambos os lados e colabora diretamente com a ressocialização deles, tirando-os da ociosidade e da criminalidade, ao dar a eles uma ocupação”, diz Daniel.
Horta comunitária possibilita omercialização de hortaliças em feiras A Penitenciária de Bom Jesus também conta com uma horta comunitária, com cultivo de hortaliças, como alface, cebolinha e coentro; um projeto fruto de parceria do Ministério do Desenvolvimento Social com a Secretaria Municipal do Bem Estar Social. A produção da horta é destinada ao consumo interno da unidade prisional o todo excedente é comercializado nas feiras da cidade. A renda obtida é revertida para manutenção do plantio dentro do presídio e para atender às necessidades dos reeducandos.
Produção na Major César atende a dois hectares de terras Na Colônia Agrícola Major César Oliveira, unidade penal destinada
Cultivo de hortelã em horta de penitenciária.
a presos em regime semiaberto, a produção é feita em uma área de terra de 2 hectares. A unidade conta com sistema de irrigação por microaspersão. Mais de 20 reeducandos trabalham na agricultura, plantando coentro, cebolinha, abóbora, pimenta, melancia, pepino, dentre outras culturas agrícolas. A Major César tam-
bém conta com o projeto Plantando Cidadania, onde 60 reeducandos serão capacitados para o plantio. Através desse projeto, serão cultivadas plantas, como: melancia, legumes e verduras na horta comunitária. Da produção, 50% ficarão na própria unidade, para consumo interno, e o restante será destinado ao custeio do projeto.
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Foto: Roberta Aline
Educação
Uma escolha muito especial
Matricular filhos com deficiências, transtornos ou altas habilidades em escolas regulares de Teresina tem sido um desafio para os pais. POR CAROLINE OLIVEIRA
O momento de matricular o filho na escola vem sempre carregado de dúvidas por parte dos pais. O grande desafio é como escolher o estabelecimento de ensino mais apropriado para desenvolver as
habilidades da criança e proporcionar a ela um aprendizado satisfatório. Nesse processo de escolha, vários itens são observados, e eles vão muito além das instalações físicas e do valor da mensalidade. Agora, imagine a dificuldade dos pais quando o aluno é uma criança especial, que necessita de cuidados diferenciados.
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Com pouco mais de dois anos, José Maria Ribeiro Neto entrou na escola como toda criança na sua idade. Mas, com o passar do tempo, os pais foram percebendo que ele não estava acompanhando os coleguinhas. Eles questionaram a escola, que não deu a atenção devida. A família resolveu levá-lo ao médico e teve o diagnóstico de
Os pais, então, resolveram mudá-lo de colégio, o que o ajudou no seu desenvolvimento. Atualmente, com sete anos, José Maria é um garoto esperto, comunicativo e carinhoso. “Antes, ele ia para um sítio e não dizia o que tinha visto, mas agora fomos para Gramado-RS e ele chegou falando para os pais tudo que tinha visto por lá. Foi uma grande evolução para ele conseguir contar histórias”, diz, orgulhosa, a avó do garoto, Socorro Ribeiro, que o acompanha nas atividades. José ainda não sabe ler, mas possui Atendimento Terapêutico no colégio, psicopedagoga e frequenta uma psicóloga. Também faz acompanhamento no Centro Integrado de Educação Especial (Cies), onde tem musicoterapia e Atendimento Educacional Especializado (AEE).
Foto: Roberta Aline
que o garoto possuía o espectro de autismo (síndrome marcada por perturbações do desenvolvimento neurológico).
Socorro Ribeiro leva o neto José Maria às terapias extracurriculares e comemora avanços do garoto.
encontrar outra unidade de ensino satisfatória. “Fui a três escolas que me indicaram, mas nenhuma tem vaga para crianças como o Guilherme. Estou
Outro lado
ge 2011 que re A Lei 7.611/ crianças com a inclusão de ma portaria u deficiência e m dois alunos re ge su do MEC total de 25 por sala num da aluno com a ca crianças.“Par em que diminuir t a, ci n deficiê icientes na dois não def a professora arece turma”, escl a Macedo. Fátim
Já o garoto Guilherme Santos, de 11 anos, não está com a mesma sorte de José Maria. Detectado com paralisia cerebral e autismo, a mãe tenta mudá-lo de escola desde quando percebeu que a atual não consegue suprir as necessidades do filho. “Lá é uma boa escola, meus outros filhos estudaram lá também, mas não sabem lidar com crianças especiais. Nem auxiliar tem na sala”, queixa-se a empresária Célia Santos. No entanto, a mãe está com dificuldades de
aguardando desistência, porque não quero colocá-lo em uma escola especial. A terapeuta aconselha que ele estude com crianças sem deficiências, para ele poder melhorar cada dia mais. Mas, está difícil”, revela a mãe que, até o fechamento desta reportagem, não havia conseguido a vaga e iria apelar ao Ministério Público.
Desafios A inclusão de alunos especiais, tanto de pessoas com deficiência, como as que possuem transtornos globais do desenvolvimento e com altas habilidades ou superdotação, tem sido um desafio para as escolas públicas e particulares no Piauí. Especialistas afirmam que, no geral, o índice é satisfatório, porém alguns empecilhos ainda provocam desgastes na luta diária pelo desenvolvimento dessas crianças. Um aluno nunca é igual ao outro. Mesmo com uma sala bem equipada, laboratório e biblioteca completos, professores auxiliares e uma turma atenta, ávida para ouvi-lo e interessada em trabalhar, os estudantes não irão aprender tudo da mesma forma. E isso vale para todos. O desafio é perceber o potencial de cada um e atingir a classe inteira. Diretora no Centro Integrado de Educação Especial (CIES), que atende atualmente 300 crianças com deficiência intelectual no contraturno da escola, a pedagoga Maria de Fátima Macedo destaca que a flexibilização das gra-
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Educação
Fátima Macedo afirma que o papel do professor é desenvolver habilidades de qualquer pessoa, independente da dificuldade que possua.
Como escolher a escola certa Desde 2011, todas as escolas devem receber alunos com deficiência, com transtornos globais do desenvolvimento, com altas habilidades ou superdotação. O Decreto nº 7.611, de 17 de Novembro de 2011, destaca que, para isso, as instituições devem conter serviços de apoio especializado voltado a eliminar as barreiras que possam obstruir o processo de escolarização desses estudantes. O Atendimento Educacional Especializado deve integrar a proposta pedagógica da escola, envolver a participação da família para garantir pleno acesso e participação dos estudantes, atender às necessidades específicas das pessoas público-alvo da Educação Especial, e ser realizado em articulação com as demais políticas públicas. A família também deve levar em conta a adequação do projeto arquitetônico do estabelecimento, o uso de salas com recursos multifuncionais; e se a formação dos gestores, educadores e demais profissionais da escola para a educação é fundamentada na perspectiva da educação inclusiva, particularmente na aprendizagem.
Foto: Roberta Aline
“Com o currículo fechado, o professor tem de ter habilidade para cumprir a grade, mas trabalhando com as especificidades de todas as crianças, por isso é necessário essa flexibilização. Já o investimento em sensibilidade perpassa os próprios recursos. Ao melhorar o planejamento e melhorar as aulas, ganha todo mundo, não só a criança com laudos médicos. Fazer um trabalho de sensibilização do vigia ao diretor, passando pelos professores, pais dos outros alunos e os das próprias crianças, são elementos fundamentais na acolhida destas no ambiente escolar. O que falta muito é o diálogo, formação e informação”, destaca a pedagoga especialista em Aprendizagem de Educação Especial.
Foto: Roberta Aline
des curriculares, a adaptação da estrutura, mas principalmente a conscientização de toda a comunidade escolar são imprescindíveis para que a inclusão dê certo.
A legislação federal obriga que as escolas recebam alunos especiais seja com deficiência ou com altas habilidades. Para a diretora do colégio Liberdade Leste, Silvânia Borges, o que cabe à instituição é se adaptar. “A escola tem de trabalhar para acolher essa criança in66 | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | REVISTA CIDADE VERDE
dependente de qualquer diferença que possa existir. Não deve existir a escola inclusiva e a não inclusiva; todas têm que ser inclusivas. É lei! Hoje não dá mais para voltar atrás”, destaca a professora. Para as profissionais, a maior dificuldade é a capacitação dos
A adequação da estrutura física, a inclusão de alunos, a discussão do tema, a instalação de salas de atendimento educacional especializado na rede pública e algumas da rede particular, com a formação e capacitação do corpo docente e os esclarecimentos feitos pela imprensa são alguns dos pontos que fizeram com que a educação de crianças especiais esteja acontecendo a contento. “Já melhorou 50%, a escola está se preocupando em trabalhar melhor, mesmo que
Foto: Roberta Aline
professores. Segundo elas, o investimento tem que ser individual, mas tanto as escolas como as instituições ligadas ao tema têm realizado fóruns, seminários e palestras para que todos possam participar.
Atendimento Educacional Especializado ajuda os alunos a desenvolverem melhor suas habilidades na escola.
ainda não seja o adequado, já é um avanço. Precisamos ainda de uma melhor acolhida e esclarecimentos
para professores e para a família, que deve saber qual é o seu papel”, avalia Fátima Macedo.
Foto: Roberta Aline
Estatísticas de crianças especiais A psicopedagoga Joana Soromenho, que trabalha com crianças especiais há quase 30 anos, destaca que a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que 25% dos estudantes de 6 a 18 anos possuem algum tipo de dificuldade específica de aprendizagem: dislexia (dificuldade de leitura), disgrafia (dificuldade na parte gráfica), discalculia (dificuldade em fazer cálculos), disortografia, etc; e outros 25%, em determinado momento da vida acadêmica, podem apresentar alguma dificuldade motora, sensorial, intelectual ou transtornos de desenvolvimento. Segundo ela, há mais de 300 síndromes catalogadas, mas a mais comum é a Síndrome de Down. O espectro do autismo também tem sido mais frequente nos últimos anos. “A Down evoluiu muito nos últimos anos, baseado na ideia de tornar as pessoas o mais autônomas possível, ou seja, fazer com que essas crianças consigam desenvolver atividades da forma mais completa possivel”, diz Joana, que é especialista em psicomotricidade. Sobre os estudantes com transtornos de desenvolvimento como hiperatividade, déficit de atenção e dislexia, disgrafia, etc, as terapias são mais pontuais e dependem de cada caso, mas podem variar de seis meses a dois anos. Ela chama atenção sobre o Transtorno de Hiperatividade, que a criança pode trazer desde o nascimento, mas também pode adquirir ao longo da infância. REVISTA CIDADE VERDE | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | 67
Cultura
Comédia
Da internet para os palcos
A nova geração de humoristas do Piauí repete o sucesso da web na “vida real”. Whindersson Nunes repete nos palcos o sucesso da internet.
POR ARLINDA MONTEIRO
Eles são jovens, descolados e fazem sucesso na internet em vídeos sobre os mais variados assuntos. Com milhares de fãs espalhados por todo o país, a nova geração do humor piauiense está saindo do mundo virtual e ganhando os palcos nacionais, com direito a casa cheia e sessões extras em quase todas as apresentações. Adeptos da comédia stand up, eles se destacam pela irreve-
rência e improviso, arrancando boas gargalhadas do público, que é formado, em sua maioria, por adolescentes. “Os meninos estão conseguindo uma coisa fantástica, que é fazer sucesso em tão pouco tempo”, comemora Dirceu Andrade, um dos mais renomados humoristas do Estado, ao lado de João Cláudio Moreno, Amauri Jucá e Guiga Ferreira. Andrade também é incentivador dos novos artistas, abrindo espaço em seus shows para alguns deles.
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Mas sair da frente da câmera e encarar o público na vida real não foi tarefa tão fácil. Inclusive para Whindersson Nunes, 22 anos, que desde 2012 faz sucesso no Youtube e é considerado um fenômeno de acessos. Seu canal na rede possui mais de quatro milhões de inscritos. Em 2013, o piauiense recebeu o convite do produtor e amigo Rhony Amaral para participar do show “StandPiando”, ao lado de outros sete estreantes na comédia stand up. “Fiquei muito nervoso, tanto que
Foto: arquivo pessoal
Foto: Beto Moraes
O piauiense Xavier Neto venceu um dos mais importantes concursos de humor do país.
http://bit.ly/1w99OHX http://bit.ly/1KwhKa5 http://bit.ly/1ityoAB http://bit.ly/1L1fq1j
nem gostei da apresentação. Até pensei ‘poxa, será que toda vez vai ser assim?’, mas a partir do terceiro show comecei a me soltar e tudo ficou mais fácil”, lembra Whindersson. Hoje, ele percorre o país fazendo em média 10 shows mensais e sempre repetindo o sucesso que faz no mundo virtual. “A vida está 100% mais corrida, mas não deixo de colocar ao menos dois vídeos por semana. Quem me acompanha sabe que não tenho preocupação com cenário, logo, gravo onde tiver. Já filmei, editei e enviei muitos vídeos do hotel”, conta.
frente de uma. “Você não imagina a dificuldade que é arrastar esses meninos de casa, da frente do computador, para levar aos palcos. Eles fazem parte de uma geração que fica 24 horas conectada”, conta Jackstênio, que vive de fazer humor há 15 anos, e que, volta e meia, monta um espetáculo solidário para apresentar a galera do stand up ao público de Teresina.
Antes de ter o reconhecimento nacional, Xavier Neto já galgava os degraus do sucesso no “Teresina Comedia News”, canal do Youtube e Fan Page criado em 2012 por Bob Nunes. “Em 2013, o TCN organizou uma manifestação a favor dos rios de Teresina e lá conheci alguns fãs da página, como o Xavier Neto e o Costa Peixoto. Eles fizeram umas imitações bacanas e os convidei para fazer parte do canal, que até então era feito só por mim e pelo Whindersson. E deu muito certo”, lembra Bob, 24 anos. Já o veterano Jackstênio Rodrigues, 36 anos, não tem intimidade com a câmera, mas tem habilidade em tirar muitos comediantes da REVISTA CIDADE VERDE | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | 69
Foto: Wilson Filho
Quer conhecer o trabalho dos humoristas na internet? Acesse:
Outro nome forte nesse gênero da comédia é Xavier Neto, 25 anos, que também estreou no espetáculo “StandPiando”. Em julho deste ano ele venceu o 5º Campeonato Brasileiro de Stand-Up Comedy, realizado durante o “Festival Risadaria”, em Campinas (SP). “Esse evento de humor é considerado o maior do mundo e ganhar o prêmio, com um júri cheio de feras como Marcelo Madureira e Marcelo Tas, foi uma grande honra.”
Foi Jackstênio também quem ajudou a dar um “empurrãozinho” para que Bryan Fritz levasse toda sua irreverência para o teatro. Amigo de Whindersson Nunes, Bryan confessa que só visava o Youtube. “Minha primeira apresentação foi em Caxias (Maranhão). Fiquei com medo e não tinha nem ideia do que ia fazer. Três dias antes, escrevi um texto com cinco folhas, falando sobre minha vida desde que conheci minha esposa [Francisca Oliveira] e quando tivemos nosso filho [Arnaldo]. O show foi um sucesso e a partir de então minha carreira bombou”, lembra o jovem de 28 anos, que ganhou visibilidade na grande rede em 2013 com o clipe “Agora aguenta Pop 100”, que “viralizou” em menos de uma semana.
Bryan Fritz é o maior youtuber do Piauí.
Piauí”, diz o humorista Jackstênio Rodrigues. E se depender dos fãs, o sucesso dos novos humoristas terá vida longa. “Os caras são muito bons. Acompanho o Whindersson desde 2013 e, quando ele apresentou o Bryan, passei a seguir ele também. Não tenha dúvidas de que vou aos shows sempre que tiver oportunidade”. Palavras do universitário, e fã, Rodrigo Falcão, 21 anos.
O que é Stand Up
Foto: arquivo pessoal
Hoje ele tem mais de 200 mil inscritos em seu canal do Youtube “Família Fritz”, onde mantém um vlogger, além de mostrar o dia a dia da família. “O canal do Bryan já é considerado o maior do
Foto: Wilson Filho
Comédia
Vez ou outra, Bob Nunes também se arrisca nos palcos, ao lado dos amigos. 70 | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | REVISTA CIDADE VERDE
Comedy?
humor É um show de te se ian onde o comed nho, apresenta sozi , sem pé geralmente em lquer o uso de qua ário ou acessório, cen texto é .O caracterização e feito a l sempre autora ações erv partir das obs o. do cotidian
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Cidade
O endereço da história piauiense POR SEVERINO FILHO (BUIM)
Rua Coelho Rodrigues, 1016, esquina com a Rua Rui Barbosa, centro de Teresina. Neste endereço estão guardados quase dois séculos da história do Piauí. Da ata de fundação da Vila do Poti a publicações e documentos recentes, doze salas do Arquivo Público preservam a nossa história nos seus mais diversos segmentos. Livros, jornais, revistas, documentos e fotografias fazem parte deste acervo, disponível para o público de segunda a sexta-feira, no horário das 8 às 18 horas. Com 23 servidores que se revezam em dois turnos de trabalho, o Arquivo Público tem, no reduzido número de funcionários, um de seus principais problemas. Coordenadora do órgão desde janeiro, a pedagoga Rosângela Carvalho admite que as ações desenvolvidas pelo Arquivo Público precisam de um número maior de servidores. “Apesar das difi72 | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | REVISTA CIDADE VERDE
Foto: Thiago Amaral
Há mais de 100 anos, o Arquivo Público do Piauí preserva a história do Estado com a guarda de documentos e publicações.
Foto: Thiago Amaral
“Outro aspecto que acho importante frisar” – continua Rosângela – “é o fato de estarmos catalogando todo nosso acervo, com o trabalho de uma bibliotecária, para que possamos facilitar a pesquisa do público”. Dentro desse contexto, foram selecionadas todas as obras que dizem respeito ao Piauí. As demais foram doadas à Biblioteca Nacional. Além das pesquisas diárias, o material guardado pelo Arquivo Público também é disponibilizado em exposições temáticas. Até a primeira semana de dezembro, o Rio Parnaíba é o tema em destaque, com documentos e fotos, dentre os quais figura a Ata de fundação da Vila do Poti (1833) e uma mensagem
Foto: Thiago Amaral
culdades, algumas parcerias estão sendo importantes para o nosso trabalho”, destaca, fazendo alusão ao trabalho desenvolvido com o núcleo de jornalismo da Universidade Federal do Piauí com o TRE, no que diz respeito à digitalização de documentos.
Rosângela Carvalho gostaria de ter mais servidores na equipe de trabalho.
do Conselheiro Saraiva sobre a importância do rio para a nova capital. Com 25 anos de casa, a servidora Iolete Rocha disse que um dos desafios no atendimento ao pesquisador está no conhecimento do tema que é colocado em questão. “Às vezes, o pesquisador começa a
Ata de Fundação da Vila do Poti (1833).
falar por um ângulo que não corresponde ao que está no nosso catálogo. Aí a gente tem que ampliar a conversa para chegar ao que, de fato, ele está precisando. É necessário entender quem nos procura. Mas a experiência nos permite facilitar essa tarefa também”. Mas nem todo jornal ou documento está à disposição de pesquisadores. Ao longo dos mais de 100 anos do Arquivo Público, somente nos últimos governos é que o processo de microfilmagem de publicações e documentos passou a se efetivar. Muitas publicações foram lacradas, embora boa parte delas tenha recebido o tratamento de restauração desenvolvido pelo funcionário Rossine Muniz, que aprendeu o ofício de encadernação ainda adolescente. “Estou aqui desde 1969, e nem sei quantas publicações eu tive que recuperar. Agora tem delas que a própria qualidade do papel
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Cidade
Foto: Thiago Amaral
comprometeu sua vida útil. Essas, nem eu dava jeito”. Com suprimento de R$ 2 mil reais/mês para as despesas com a restauração e guarda de documentos e publicações – revistas, livros e jornais –, além da conservação da própria sede, o Arquivo Público presta inestimável valor histórico ao Piauí. Uma pena que parte desse resgate tenha ficado comprometido com o descaso de algumas administrações, resultando no lacre de inúmeros jornais do final do século XIX e primeiras décadas do século XX.
Uma instituição secular O Arquivo Público foi criado pela Lei n° 533, de 08 de julho de 1909. Sua instalação, porém, só ocorreu a 03 de julho de 1925, graças ao empenho de Anísio Brito. Sua sede foi inaugurada em 1938 e, poucos anos depois, recebeu a denominação de Biblioteca, Arquivo Público e Museu Histórico
Rossine Muniz cuida da restauração há muitos anos.
do Estado. Com a morte de seu criador e ex-diretor, recebeu, em 1947, a denominação de Casa Anísio Brito. No início da década de 1980, com o desmembramento
do Museu e da Biblioteca Pública, voltou a ser denominado apenas Arquivo Público do Piauí. Popularmente, até hoje é conhecido como Casa Anísio Brito.
Quem foi Anísio Brito Anísio de Brito Melo era natural de Piracuruca, nascido a 26 de setembro de 1886. Faleceu em Teresina, aos 60 anos, em 17 de abril de 1946. Cirurgião-dentista, deixou a profissão para se dedicar ao magistério e aos estudos históricos. Foi Conselheiro Municipal. Dirigiu o Liceu Piauiense e depois tornou-se Diretor-Geral da Instrução Pública, sendo responsável pela reforma do ensino. Além da Biblioteca, Arquivo Público e Museu do Estado, foi um dos fundadores do Instituto Geográfico e Histórico do Piauí. Patrono da Cadeira n° 34 da Academia Piauiense de Letras, era profundo conhecer da história do Piauí. Escreveu vários livros sobre o assunto. 74 | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | REVISTA CIDADE VERDE
Tecnologia POR MARCOS SÁVIO
twitter: @masavio
You tube for you
e-commerce Pesquisa do PayPal revela que o tamanho do mercado brasileiro comprando no exterior será de R$ 9,5 bilhões para 2015 somente nos Estados Unidos. A China também ganha protagonismo, com projeção de R$ 3,42 bilhões gastos por brasileiros no mesmo ano. A pesquisa sobre o e-commerce global investigou os hábitos de compras on-line e entre fronteiras de mais de 23.200 consumidores em 29 países. No Brasil, 800 pessoas participaram da pesquisa.
A palavra do ano A Universidade de Oxford elegeu o termo “emoji” como a palavra do ano. Em 2013, quem ganhou esse status foi a palavra selfie. Segundo os responsáveis pela escolha, a palavra “emoji” está por aí desde 1997, mas viu seu uso mais do que triplicar em 2015. Na verdade, não foi um “emoji” qualquer que recebeu a honraria, mas a versão “tears of joy” (algo como lágrimas de felicidade;) do mesmo, que foi a mais usada neste ano ao redor do mundo, segundo levantamento da Universidade de Oxford em parceria com a empresa de tecnologia mobile SwiftKey.
Quantas vezes você já desistiu de ver um vídeo no YouTube porque não conseguia entender o idioma? Desde o dia 19 de novembro isso pode deixar de ser um problema: o YouTube acaba de anunciar novas ferramentas de tradução para fazer com que seu conteúdo relevante se torne ainda mais global – hoje, os usuários de fora dos Estados Unidos respondem por 80% do tempo gasto no site de compartilhamento de vídeos. Entre as principais opções, os produtores de vídeo (ou youtubers) poderão usar legendas feitas de forma colaborativa pelos fãs e também contratar tradutores através do próprio YouTube. Em testes feitos com o canal de vídeos TED, da série de palestras criadas pelo americano Chris Anderson, em 11 línguas diferentes (incluindo o português), o resultado foi animador.
Mega Filmes O fim do Mega Filmes HD deixa milhares de órfãos na internet, principalmente os cinéfilos que correm atrás de raridades do cinema ou de lançamentos dos quais não têm acesso em suas cidades. A prática é ilegal para quem compartilha esses filmes na rede, pois inegavelmente estão violando as leis de direitos autorais. Mas e quem assiste? Você se considera um pirata por assistir a esses filmes, seja no Mega Filmes ou seja naquele DVD comprado na calçada do restaurante? Muitos usuários acham que é mais um “benefício cultural” do que pirataria, e, talvez por isso, surgiu o clamor popular de mais de 12 mil usuários que fizeram uma petição on-line pedindo a soltura dos responsáveis pelo site e a volta da página com o imenso arquivo. Quem é herói e quem é vilão? Enquanto isso o “House of Cunha” continua fazendo sucesso na vida real.
+ uma tentativa Vem aí mais uma nova versão do Google+. A rede social, que não alcançou as expectativas da empresa, vai passar por uma grande reforma nos próximos meses. De acordo com uma postagem no blog oficial do Google, o serviço vai ganhar uma nova cara, que vai destacar os recursos de comunidades e coleções, duas de suas funções mais populares e que ajudam, por exemplo, a tornar o Facebook o numero um na preferência dos usuários. O Google+ também vai receber mudanças em seu aplicativo para dispositivos móveis para iOS e Android. As primeiras alterações do Google devem levar alguns meses para se tornarem permanentes. REVISTA CIDADE VERDE | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | 75
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Indústria POR ASCOM FIEPI
SENAI/PI entrega declarações do PAS para empresas de alimentos O SENAI/PI, através do CTA (Centro de Tecnologia em Alimentos no âmbito do Programa Alimentos Seguros), realizou em novembro reunião com empresários e colaboradores das empresas participantes dos processos de Consultoria e Treinamento na implantação e implementação do Programa de Boas Práticas de Fabricação (BPF) e dos Procedimentos Operacionais Padronizados (POP), com o objetivo de integração, assim como finalizar as consultorias e entregar Declarações de Conformidade do PAS. Para o Coordenador do Programa Alimentos Seguros (PAS), Engenheiro Agrônomo Paulo Sérgio de Sales Pires, que também é Auditor do Programa, o PAS apoiou as empresas através de consultores especializados na implantação dos programas, buscando atingir todas as etapas da produção no controle dos principais perigos que podem comprometer os alimentos produzidos, focando no resultado final, que é a saúde do consumidor.
Fotos: Ascom FIEPI
Na modalidade de Consultoria em Segurança dos Alimentos, o CTA atendeu 66 empresas dos Setores Campo, Indústria, Distribuição e Mesa em 2015.
O Centro de Tecnologia em Alimentos entregou declaração para empresários e colaboradores.
ma de Boas Práticas de Fabricação (BPF), de acordo com a legislação da Anvisa. 09 (nove) empresas neste grupo chegaram à pontuação de mais de 80% de conformidade, o que representa um nível excelente de adequação e receberam a Declaração de Implantação. A Diretora do CTA, Fernanda Castelo Branco, informou que novos atendimentos serão finalizados até o dia
Paulo Pires enfatizou ainda que a meta principal do trabalho foi atingida, a garantia do Controle de Qualidade dos Produtos, para que os mesmos cheguem à mesa do consumidor sem nenhum risco à saúde e à sua integridade, desenvolvendo os aspectos considerados no Progra78 | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | REVISTA CIDADE VERDE
10 de dezembro de 2015, e destacou ainda que nesta modalidade de Consultoria em Segurança dos Alimentos o Centro atendeu 66 empresas dos Setores Campo, Indústria, Distribuição e Mesa em 2015 em atendimento através do PAS – Programa Alimentos Seguros nos municípios de Piracuruca, Esperantina, Piripiri, Teresina, Picos, Simplício Mendes, Monsenhor Hipólito, Francisco Santos e Monsenhor Gil.
EMPRESAS QUE RECEBERAM A DECLARAÇÃO EM 13.11.2015: Vista Empreendimentos Em Fast Food Ltda – SUBWAY Rosa Maria Pessoa De Moura ME – SORVETERIA ROYAL Marcelo Araujo & Cia Ltda ME – DEK THE D Pizza Restaurante Ltda ME – RARUHUTES Ana Zelia Batista Rego – GOURMET FIT V & F Lanchonete Ltda – DOGÃO BURGUER D Pizza Restaurante Ltda ME Cerealista São Francisco Ltda ME Panificadora Nova Geração
Feira Jovem Empreendedor movimenta Escola do SESI em Parnaíba O evento envolveu cerca de 900 alunos regularmente matriculados do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental. O Serviço Social da Indústria do Piauí (SESI-PI), por meio da Escola SESI Integrada Deputado Moraes Souza, em Parnaíba, promoveu durante a manhã do último sábado (14), a II Feira dos Jovens Empreendedores Primeiros Passos (JEPP). O evento marcou o encerramento do projeto neste ano, que envolveu cerca de 900 alunos regularmente matriculados do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental. O projeto é resultado de uma parceria firmada com o Sebrae, e visa trabalhar o conceito do empreendedorismo entre os alunos, focado no desenvolvimento do comportamento empreendedor e no estímulo à capacidade de escolha dos jovens.
A Feira contou com a presença de pais e familiares, como o comerciante Irivan Aguiar, que fez questão de ressaltar a importância da escola para a formação de seus filhos. “Apoio tudo que é feito pela escola do Sesi e acredito que ela tem uma das melhoras metodologias de ensino“. Outra que também falou sobre a II Feira Jovem Empreendedor foi Erleine Ventura, mãe da pequena Daniela, “fico feliz em saber que a escola está pensando na formação da minha filha”, se referindo às aulas práticas de reciclagem.
“Além de incentivar o aluno a ser um empreendedor, o JEPP desperta nas crianças e adolescentes o respeito pela preservação da natureza e meio ambiente” enfatizou o superintendente do Sesi-PI, Mardônio Neiva, lembrando que as estatísticas revelam que uma boa parte dos jovens sonha em abrir o próprio negócio. E frisou, “Eles acabam descobrindo muitas habilidades”. Fotos: Ascom FIEPI
Para o professor orientador da disciplina de Empreendedorismo, Junior Freitas, dessa forma a escola ajuda a
preparar esses estudantes para que sejam capazes de fazer suas escolhas no futuro. “A Feira do JEPP apresentou projetos de possíveis negócios, utilizando conceitos de gestão básica, como inovação, criatividade, sustentabilidade e viabilização financeira”, explicou. A exposição aconteceu no pátio da escola, com a comercialização dos produtos que foram confeccionados ao longo do semestre.
O JEPP desperta nas crianças e adolescentes o respeito pela preservação da natureza e do meio ambiente.
Em entrevista recente, o presidente da Fiepi, Zé Filho, falou do trabalho que vem sendo feito pela entidade em relação à educação dos jovens no estado do Piauí. “Para o Sistema Fiepi, apoiar projetos como esse é uma maneira de incentivar os jovens a desenvolverem uma cultura empresarial, oferecendo ferramentas que possibilitem a compreensão do mundo dos negócios e do mercado de trabalho”, e terminou dizendo que “a nossa maior preocupação é formar bem os nossos alunos, que certamente farão a diferença no futuro deste estado”.
Para mais informações, acesse: www.fiepi.com.br
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Esporte
Calendário cheio De janeiro a novembro, competições de várias categorias irão preencher o calendário do futebol piauiense na próxima temporada.
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Foto: Wilson Filho
Brown alerta para o problema dos estádios, mas mantém-se otimista.
POR SEVERINO FILHO (BUIM)
Os primeiros reflexos do acesso do River à Série C do Campeonato Brasileiro já começam a ser sentidos há menos de um mês da saga tricolor. Com a classificação do Galo para a terceira divisão do futebol nacional, a Federação de Fu-
tebol do Piauí antecipou o início do Campeonato Piauiense, adequando-se ao calendário dos outros certames estaduais disputados no país e ao da própria CBF. Enquanto neste ano o Piauiense 2015 teve início no dia 14 de março, em 2016 a competição irá começar no dia 30 de janeiro. O diretor de competições da FFP, Robert Brown Carcará, vê as mudanças com bastante otimismo. “Estamos, juntamente com os clubes, a imprensa e a torcida, resgatando a autoestima do futebol piauiense. Acho que demos um salto bastante expressivo com o acesso do River à Série C e a tendên-
cia, não tenho dúvida, é melhorar”. Além do calendário preenchido com várias competições, o fato de o Piauí agora contar com dois representantes no Campeonato Brasileiro para 2016 (o River na Série C e o campeão de 2016 na Série D) é outro retrato desta ascensão. No River, por exemplo, o presidente Elizeu Aguiar já sabe que o bicampeão piauiense irá fazer, em 2016, no mínimo, 39 jogos oficiais. Considerando que as competições do calendário do futebol brasileiro serão disputadas em 43 semanas, o Ríver tem assegurada uma média de quase um jogo por semana. “Isso facilita e viabiliza nossas ações”,
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Esporte
que diz respeito aos dois estádios” – afirma Robert Brown – “os dois são fundamentais para o desdobramento das competições. Só com
o Albertão, por exemplo, foi um sufoco em 2015. Mas acredito que 2016, neste segmento dos estádios, também será um ano positivo”.
Foto: Wilson Filho
admite Elizeu, “pois passamos a ter um calendário preenchido por vários meses, fato que também nos aproxima de novos parceiros”. Mas a possibilidade de classificação para outras fases, em todas as competições que irá disputar – Série C, Copa do Brasil, Copa do Nordeste e Campeonato Piauiense – poderá levar o River a jogar até 60 partidas na temporada.
Foto:Raoni Barbosa
No entanto, se o calendário parece dar o alento para o início de uma nova fase no futebol do Piauí, o problema de estádios na capital chega a causar preocupação. Enquanto o estádio municipal Lindolfo Monteiro permanece fechado para reformas, o Albertão seguirá o mesmo caminho, com alguns reparos que serão feitos pela Fundespi. “Precisamos da participação da prefeitura e do governo estadual no
Elizeu ressalta a possibilidade de novas parcerias com um calendário definido. 82 | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | REVISTA CIDADE VERDE
CALENDÁRIO PREVÊ VÁRIAS COMPETIÇÕES Campeonato Piauiense da 1ª Divisão de Profissionais Campeonato Piauiense Sub-17 Copa do Nordeste (River e Flamengo) Copa do Brasil (River e Parnahyba) Campeonato Brasileiro da Série C (River) Campeonato Brasileiro Feminino (Tiradentes) Campeonato Piauiense Sub-19 Campeonato Brasileiro da Série D (O Piauí será representado pelo campeão da 1ª divisão de 2016) Campeonato Piauiense Sub-15 Campeonato Piauiense da 2ª Divisão Copa Piauí de Futebol Feminino Copa do Brasil de Futebol Feminino (Um representante do Piauí, o campeão da Copa Piauí FF) Calendário para 2016 será preenchido de janeiro a novembro.
FonsecaNeto
Nos vagões da história
Dona Noca premia delator
J
oana da Rocha Santos, mais conhecida como ”Dona Noca”, é um ícone político feminino do século XX, prefeita de São João dos Patos, MA, por diversas vezes e modalidades. Segunda mulher a exercer tal função no Brasil, logo após o breve período de Alzira Soriano, a primeira, em Lajes, RN, 1929.
A segunda, e, de longe, a mais famosa prefeita do Brasil: Noca ascendeu ao governo de Patos em 1934 (há quem diga 33) e daí em diante governou o município, por si, ou por pessoas de estrita afinidade, até os anos 60. É conhecida por sua tenacidade, intrépida, de singular valentia de caráter e, sobretudo, capacidade de entender as transformações e desafios de seu tempo, contornando-os em favor de sua gente. Destaco um traço do seu caráter: não tolerava a pusilanimidade, covardia, injustiça. Veja como ela tratou, certa vez, um delator, puxa-saco. A prefeita mandara abrir uma estrada de rodagem rumo a uma cidade vizinha; muitos cassacos – peões – contratados, cortavam a picaretas a serra dos Patis... Era noite, e depois da janta, armavam suas tipoias entre as forquilhas da latada ou rancho... Só trabalhadores homens, imersos na mata... Entretinham conversas fortuitas, lodaças de toda extração... Avan-
çavam na encapetação... Afinal, era ajuntamento só de homens, falar em mulher o jeito bom... Entabularam a declinação dos desejos que cada um estaria sentindo naquela solidão da serra, frieza danada... Aí um deles, naquela liberdade toda, saiu-se com esta: “eu queria era me deitar com a dona Noca, hoje!”. Risada geral. Um dos converseiros... Bem, saiu de fininho, pegou uma
Num Brasil de elite mandante desprovida de qualidade cívica, e que faz seu herói ladrão delator, eis o significado da lição dessa intimorata sertaneja. montaria, tocou para “os Patos” e foi acordar dona Noca, contando-lhe o acontecido no barracão e acrescentando que “não tinha gostado de nada do que escutara” etc etc. Ela aparentemente se irritou com aquela conversa fora de hora, e mandou que o “puxa” retornasse à serra, puxando outro cavalo selado que deveria apanhar na quinta, e de novo viesse a sua casa, agora com o cúpido cassaco, junto e debaixo de ordem, antes do Amanhecer.
revista@cidadeverde.com
Ele voltou e, já arrotando autoridade, cumpriu a ordem que buscara... Levou à casa de Noca, junto com a Estrela d’Alva, o vontadoso de “deitar com ela” e que até aí não sabia do que se tratava. Chegaram. Então ela, severa, mas bem-humorada, e diante de um sujeito frágil em sua surpresa, e de outro fraco de caráter, mandou que o delator repetisse a denúncia ali mesmo... E lançou ao suposto desejoso a pergunta terrível, severa: “você, Fulano, de noitinha, andou a dizer que estava com vontade de se deitar comigo”? Não vacilou o cassaco: “DISSE MESMO DONA NOCA...”. E acrescentou: “disse, mas era uma conversa sem rumo e só de homem; brincadeira, sem saliença; nunca pensei nisso com maldade etc...”. Dona Noca pediu que ele repetisse a resposta... Ele assim o fez. Então ela foi à escapa, apanhou uma chibata fornida, e chamou ambos ao terreiro de casa... Entregou a chibata ao altivo peão, que sem covardia assumiu o dito, elogiou sua envergadura moral... E mandou que ele cobrisse o delator de chibatadas, até que os raios do sol virassem dia, e o povo visse no que dá a falta de caráter de um puxa-saco. Ela perdeu algum sono e o exemplo correu mundo. Há muitos.
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Foto: Roberta Aline
Karol Conka em Teresina
A banda Bia e Os Becks está em estúdio em pleno trabalho de gravação do seu próximo EP. O disco, até o momento, deve ter apenas três músicas, sendo elas: “Burlesca” e “Síndrome de Câncer”, já trabalhadas pela banda nos shows e que ganham sua primeira versão de estúdio, e a inédita “Amor (ar)dor”. Para divulgar o trabalho, um ensaio fotográfico da banda já foi produzido pelo fotógrafo Jonathan Dourado.
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
De passagem por Teresina, a rapper curitibana Karol Conka recebeu o Playlist para um bate-papo sobre música, feminismo, empoderamento, ativismo e muito mais. Na conversa, foram abordados ainda temas como moda e lançamentos. A entrevista completa você confere no cidadeverde.com/playlist
Bia e Os Becks grava novo EP
Maverick 75 lança clipe
A espera acabou e os fãs já podem conferir a estreia do novo clipe da banda piauiense Maverick 75, intitulado “Shuddering Fear”, com exclusividade no Playlist. Formada por seis dos melhores músicos do estado, a banda expõe um trabalho puramente artístico e preocupado em envolver o seu público com o rock de verdade. O disco completo estará disponível nas plataformas digitais, iTunes, deezer, spotify e CD Físico antes do Natal. Fique ligado e não perca o lançamento.
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O Grupo Harém de Teatro comemora 30 anos e para celebrar traz novamente a Teresina Jorge Mautner. O show acontece no próximo dia 12 de dezembro no Espaço Cultural Trilhos, com a banda Batuque Elétrico. Aos 74 anos, Jorge Mautner tem dezenas de discos lançados ao longo de mais de 50 anos de carreira, além de livros. Ganhou um prêmio Jabuti de literatura em 1963, como “autor revelação” com o livro “Deus da Chuva e da Morte”, que escreveu aos 15 anos. Cantor e compositor, Mautner é coautor das canções “Maracatu Atômico” (com Nelson Jacobina), “From Faraway” (com Caetano Veloso) e “Encantador de Serpentes” (com Robertinho de Recife).
Foto: Divulgação
Jorge Mautner volta a Teresina
Laís Ribeiro e Ellie Goulding
A top piauiense Laís Ribeiro roubou a cena no desfile mais aguardado no mundo da moda, o Victoria’s Secret Fashion Show. Todos os anos, as mulheres mais belas do mundo desfilam para a marca, ao som de grandes atrações da música mundial. E neste ano foram escolhidas Selena Gomez, The Weecknd e a estrela Ellie Goulding, que desfilou de mãos dadas com Laís em Nova York. O especial será exibido em dezembro na TV Americana.
Os clipes + vistos do Brasil 1
Hello Adele
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Sorry Justin Bieber
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What Do You Mean? Justin Bieber
Playlist 2 anos O blog Playlist completou dois anos no dia 12 de novembro. Nascido logo após a última edição do Festival Planeta Terra, em São Paulo, o blog já teve como primeira postagem a cobertura do primeiro show de Lana Del Rey no Brasil, e mostrando a que veio, se firmou como principal página divulgadora da música pop mundial e da produção artística e cultural local na internet piauiense. Para comemorar a data, além de promoção, o Playlist selecionou as 10 matérias mais acessadas da história, que você confere no cidadeverde.com.
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Hotline Bling Drake
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Focus Ariana Grande Fonte: Vevo
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Gente
Gente por Péricles Mendel
Perfil Larissa Waléria Nutricionista
O que te faz feliz? Minha família.
Quem te inspira? Deus.
Um momento que definiu sua vida? Ser mãe.
Melhor conselho que já deu?
Qual a sua maior qualidade?
Do que você tem orgulho? Da
Tenha fé!
Honestidade.
minha família.
E seu maior defeito? Ser consu-
Tipo de gente que você tem dificuldade de conviver? Falsas e
Foto: Wilson Filho
mista.
arrogantes.
Segredo para o sucesso profissional? Gostar do que faz e fazer com amor.
Quem você gostaria de ser se não fosse você mesmo? Um animal de estimação.
Qual é o defeito mais fácil de perdoar? A raiva. Momento preferido do dia?
Quando acordo e posso dar graças a Deus por mais um dia de vida.
Gasta muito com: Roupas e viagens. Em que ocasião você mente?
Um sonho? Viver intensamente.
Procuro sempre falar a verdade.
Qual a característica mais importante em uma mulher? Ser
Obediência a Deus.
sábia.
E em um homem? Honestidade. O que mais aprecia em seus amigos? Humildade, simplicida-
O que é sagrado para você? Qual foi a maior tristeza de sua vida? A perda de pessoas que amo.
de, honestidade...
Se não fosse nutricionista, seria: Missionária.
Maior conquista como nutricionista? Ver que meu trabalho
Uma música que você nunca vai se cansar de ouvir? “Sabor
está contribuindo para que pessoas mudem seu estilo de vida de maneira saudável e consciente.
Ideia de felicidade: Buscar
em primeiro lugar o reino de Deus.
O que lhe tira do sério? A mentira.
O que não entra em sua casa? 86
A inveja, a ganância, a idolatria...
de mel” (Damares).
Que livro mudou sua vida? A
Bíblia.
Se o Céu existe, o que gostaria de ouvir de Deus ao chegar lá?
“Venham, vocês que são abençoados pelo meu pai! Venham e recebam o Reino que o meu pai preparou para vocês desde a criação do mundo.” (Mt 25:34).
periclesmendel@cidadeverde.com
Notas
Quentíssima! Bebê a bordo I
Quem também não cabe em si de felicidade com a notícia da gravidez é a médica Isabel Araújo e o Secretário Estadual de Fazenda, Rafael Fontelles. Eles já são pais da linda Teresa de Lisieux e do Thomaz.
Bebê a bordo II
Os médicos Glinia Nogueira e Pablo Lopes voltam a morar em Teresina, após temporada de residência médica em Ribeirão Preto. O casal espera a primeira filha, Maria, para alegria dos pais de Glinia, o deputado federal Flávio Nogueira e a médica Gracinha Nogueira.
Aliança Bodas - Foi tudo lindo no casamento dos em-
Multi - A arquiteta Marinna Dias está cheia de novos projetos para o ano que vem. Ela lançará blog de moda em breve e também abrirá loja de roupas na zona leste da cidade. Além disso, Marinna lançará uma marca própria de roupas para mulheres.
presários Lívia Castelo Branco e Giorgi Mesquita. A celebração religiosa aconteceu na Igreja Nossa Senhora de Fátima. Em seguida, os noivos receberam convidados na Cookies Platinum, em noite que teve animação de Double Deck, Entre Amigos, Aviões do Forró e Xé Pop. Data Eventos assinou o cerimonial da noite, que foi decorada por Cristiane Fonseca. A noiva usou lindo vestido da renomada Vera Wang.
Promete ser das mais lindas a festa de casamento da ginecologista e obstetra Manuela Gonçalves com o advogado baiano Rodolfo Guimarães. O enlace será no dia 14 de maio de 2016, na Cookies. A noiva é filha da empresária Ana Angélica, que deve transformar o local para a grande noite. A festa contará com animação de percussão baiana e bandas locais.
Anos 80 - Isabel Magalhães e Manuella Leal na festa de aniversário de Manuella, que foi no melhor estilo anos 80. REVISTA CIDADE VERDE | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | 87
por Péricles Mendel
Foto: Jarbas Santana
Por Aí Por Aí periclesmendel@cidadeverde.com
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1 - Aflitos Cardoso e Raimundo Cardoso completaram 38 anos de uma feliz união matrimonial. Felicidades!. 2 - Zuita Vasconcelos, Léo Xenhenhém e Nati Silveira clicados no tradicional Baile do Lótus, que reuniu mais de 500 pessoas na Cookies Platinum. 3 - Gracinha Monteiro, Aldenora, Neide Medeiros e Claudete Monteiro foram as anfitriãs da reunião do Lótus Clube, que aconteceu na residência de Neide. 4 - Foi das mais prestigiadas a solenidade de entrega do título de Cida-
dão Teresinense ao Secretário de Administração, Franzé Silva. No registro, o agraciado com o vereador Caio Bucar, que propôs a homenagem, e o governador Wellington Dias.
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5 - Os médicos Paula Melo e Felipe Britto clicados em noite italiana promovida pelo Rotary Club Teresina Piçarra.
1 - Sílvio Leite e Vanessa Nunes 2 - Anny Rafaela e Vinicius Dias 3 - Valéria Brito e Tadeu Magalhães 4 - Auxiliadora Igreja 5 - Ana Paula
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Pe.TonyBatista
Sinal de Deus
sinaldedeus@cidadeverde.com
Estou à porta e bato!
O
s ponteiros do relógio do mundo e da natureza andam no seu ritmo normal. Ninguém pode mudar o seu percurso, sua trajetória. Há uma fidelidade determinada para eles, cumprem sua função. No andar dos tempos, sobretudo nesta nossa estação de tempo, sinto-me perplexo, incomodado, um tanto ferido, mas não vencido nem desanimado. Tenho dificuldades, confesso, de decodificar tantos sinais que Deus, através da natureza e da nossa própria história, nos emite no momento. Ultimamente, acompanhamos pela mídia fatos, sinais, acontecimentos que nos deixam atordoados. São tsunamis, furacões, tufões, ciclones, tornados, secas impiedosas, fogos devastadores que passam deixando rastros de desespero para grandes populações. Como podemos esquecer a tragédia em Santa Maria, com o incêndio da boate Kiss? Como não lembrar do furacão Patrícia, que há pouco fez torcer o México, ou ainda as avalanches que sacudiram o Everest, no coração do Tibet, espalhando desespero e mortes? Como não sermos atentos aos desastres com o rompimento da barragem dos Algodões, em Cocal no nosso Piauí e, agora, recentemente, mais um desastre, resultado do descuido e
irresponsabilidade de empresas que buscam o lucro, acima de tudo, sem cuidar da vida, da sorte do povo; falo do desastre com a barragem de Mariana, em Minas Gerais. Ainda não havíamos esquecido os abalos do terror e o “banho de sangue” do Charlie Hebdo, em janeiro passado, e agora o terror mais uma vez mostra o seu rosto diabólico, derramando sangue, ceifando vidas inocentes, espalhando o seu mal em Paris, na sexta-feira 13. Vejo tudo isso como “sinais” dos tempos. Certo dia, Jesus Cristo nos disse: “Aprendei, pois, da figueira esta parábola: quando seus ramos ficam verdes e as folhas começam a brotar, sabeis que o verão está perto” (Mc.13,28). Sejamos, portanto, atentos aos sinais! Penso também que tudo o que está acontecendo são desgraças anunciadas e, por isso, “os sinos dobram” também por nós. Tudo isso é o resultado do nosso afastamento do verdadeiro Deus, resultado da nossa idolatria do poder pelo poder, do ter pelo ter e do prazer pelo prazer. Parece-me que as diversas sociedades estão apodrecendo nas suas raízes. E, sem dúvida, plantamos ventos e estamos colhendo tempestades. Mas ainda não é o fim. O Senhor também nos diz: “Antes que essas coisas aconteçam, sereis presos e perseguidos,
90 | 29 DE NOVEMBRO, 2015 | REVISTA CIDADE VERDE
sereis entregues às sinagogas e postos na prisão, sereis levados diante de reis e governadores por causa do meu nome. Essa será a ocasião em que testemunhareis a vossa fé” (Lc.21,12-13). Aqueles e aquelas que fraquejam na fé podem dizer até como o salmista: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? Apesar de meus gritos, minha prece não te alcança? De dia eu grito, meu Deus, e não me respondes. Grito de noite, e não fazes caso de mim!” (Sl.22, 2-3). Mas quando pomos nossa vida nas mãos do Senhor, quando temos confiança na sua presença, rezamos também com outro salmo: “Deus é nosso refúgio e nossa força, defensor sempre alerta nos perigos. Por isso não tememos se a terra vacila, se as montanhas se abalam no seio do mar; se as águas do mar estrondam e fervem... nossa fortaleza é o Deus de Jacó. (Sl. 46,2-4). Tudo passa, somente o amor de Deus é para sempre. E nós sabemos em quem depositamos a nossa confiança (Cf. 2Tim.1,12). Mas não nos esqueçamos, não teremos um mundo novo nem um Brasil novo se não mudarmos a partir de dentro. Só podemos construir uma realidade nova com homens e mulheres novos, mudados a partir do coração, pela conversão.
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