CAPA
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Índice O segredo da fortuna
5. Editorial 12. Palavra do Leitor 26. POLÍTICA O papel do prefeito 30. POLÍTICA Mulheres na política
08
Páginas Verdes Hamilton Werneck
62. SAÚDE O risco da farmacinha em casa
32. GERAL Patrimônio em risco
72. CIDADE Museu de arte sacra
36. SAÚDE A piscada que faz falta
82. SAÚDE A ameaça do mosquito-palha
Articulistas 13
Jeane Melo
Trabalho não é brincadeira de criança
56. SAÚDE Mocinho ou vilão?
68. CIDADE Conforto limitado
40
Fonseca Neto
16
42
É de criança que se aprende a poupar
15. Cidadeverde.com Yala Sena 24. Ponto de Vista Elivaldo Barbosa 38. Economia e Negócios Jordana Cury 29. Chão Batido Cineas Santos 61. Tecnologia Marcos Sávio
78. Play List Rayldo Pereira 86. Perfil Péricles Mendel
90
Tony Batista
COLUNAS
48
foto Manuel Soares
O segredo é economizar Quem quer ser um milionário? O tema já foi título de um filme que concorreu ao Oscar. E sempre atrai muito interesse porque, afinal, quase todo mundo sonha em ficar rico. Para quem não tem a sorte de ganhar na loteria ou de herdar uma grande fortuna, só resta um caminho: trabalhar com o espírito empreendedor, fazendo com que o capital inicial do investimento seja multiplicado ano após ano. Não é tarefa fácil; tampouco, para muitos. Nesta edição, o empresário João Claudino, uma das maiores fortunas da região, revela os segredos para fazer os negócios prosperarem, a partir da própria experiência. Ele não nasceu em berço de ouro, mas resolveu apostar no talento e na intuição nata para o comércio até chegar ao posto ocupado hoje. A Revista Cidade Verde conta as dez lições do Sr. João para quem quer ficar rico. O assunto é tão instigante que as crianças estão começando a estudar educação financeira na escola, logo nos primeiros anos, como mostra outra reportagem da Revista. Isso mesmo! Lidar com dinheiro, agora, é disciplina ministrada em sala de aula para que a garotada aprenda, desde cedo, o valor da moeda. Infelizmente, porém, nem todas as crianças têm a sorte de poder estudar e aprender novos conhecimentos. A repórter Marta Alencar apresenta a triste situação de crianças exploradas pelo trabalho infantil, uma realidade cruel e ainda presente no Piauí, sobretudo em Teresina.
E para os eleitores que vão às urnas neste ano escolher os futuros prefeitos, a Revista Cidade Verde aproveita para mostrar o que faz o chefe do Poder Executivo Municipal. A disputa é acirrada, principalmente na capital, Teresina, que dispõe de uma receita aproximada de R$ 2,251 bilhões, segundo dados de 2015. O leitor bem informado tem condições de escolher melhor o seu representante, sabendo do tamanho da responsabilidade que ele terá pela frente. E a Cidade Verde dá a sua contribuição para que essa escolha seja bem fundamentada. Com a aproximação da Páscoa, os chocólatras de plantão já começam a aguçar o paladar para saborear as delícias expostas em forma dos variados ovos que se espalham pelas prateleiras. Mas antes de cair de boca nessa tentação, é bom saber quais são os efeitos dessa delícia no organismo. Mal visto no passado, como causador de acne e outros problemas, o chocolate volta à cena como um alimento rico e nutritivo que pode até fazer bem ao coração, desde que possua a quantidade certa de cacau e que seja consumido sem excesso. Quer saber mais? É só conferir na reportagem assinada pela repórter Caroline Oliveira. A todos, boa leitura e feliz Páscoa! Cláudia Brandão Editora-chefe
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Entrevista POR CLÁUDIA BRANDÃO
Hamilton Werneck
claudiabrandao@cidadeverde.com
A educação é o caminho Foto: Thiago Amaral
A escola brasileira ainda tem muito a melhorar. A avaliação é do professor Hamilton Werneck, um estudioso do assunto e crítico do atual modelo de ensino no país.
Hamilton Werneck é uma das grandes referências em educação no Brasil. Pedagogo, pós-graduado em Educação, professor da Universidade Cândido Mendes, foi secretário de Educação do município de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, e é membro da Acade8 | 20 DE MARÇO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE
mia de Letras do mesmo município. É autor de 26 livros na área, alguns publicados no exterior e traduzidos para o espanhol e para o inglês. O livro “Se você finge que ensina, eu finjo que aprendo” tornou-se um best-seller e já está na 26ª edição, com 70 mil exem-
plares vendidos. A sua paixão pela educação o faz percorrer o país inteiro ministrando palestras e fazendo consultorias. Recentemente, esteve em Teresina em mais uma das suas viagens de trabalho e concedeu a seguinte entrevista à Revista Cidade Verde.
RCV - O Brasil já avançou bastante no acesso das crianças à sala de aula. Por que não aconteceu o mesmo com relação à qualidade do ensino ofertado? HW - O Brasil já esteve até melhor,
com um percentual quase encostando em 100%. Hoje, está entre 97 a 98% das crianças em sala de aula, mas a quantidade não é aquilo que preocupa. O que preocupa, realmente, é a qualidade. E a qualidade depende de alguns elementos. Primeiro, ajustar tudo o que se ensina ao desenvolvimento psicológico da criança. Muitas vezes, você está ensinando um conteúdo que exige da criança um comportamento psicológico que ela ainda não tem. Se o assunto é abstrato e ela está em pleno raciocínio completo, ela não consegue acompanhar. Segundo, ao ensinar uma criança a estudar é preciso que ela possa fazer na escola os exercícios e os problemas para fixar o que ela entendeu na sala de aula. Se ela entende na sala de aula o que foi ensinado, faz o exercício e fixa na sua memória de curta duração, à hora em que ela for dormir, os neurônios transportarão tudo que está marcado na memória de curta para a memória de longa, e aí ela aprende. Terceiro, a questão do ensino não está ligada unicamente ao fato de o professor ter tido um bom desempenho no concurso público que fez, ou ao demonstrar competência em uma escola particular onde está contratado. Ele precisa saber ensinar. Na competência do professor não é necessário apenas uma habilidade, ele precisa ter linguagem adequada para ensinar,
Nós estamos com conteúdo do século XIX, professores do século XX e alunos do século XXI. além do conteúdo que ele deve dominar e do relacionamento bom que ele deve ter. O professor precisa ser, continuamente, levado a cursos e a situações de aprimoramento e formação continuada. E outro elemento é verificar quais são os recursos que a escola tem para facilitar o ensino e o aprendizado. Voltando a uma ideia básica do Piaget, segundo a qual você não pode dizer que ensinou se o aluno não aprendeu, nós teríamos, hoje, que focarmos cada vez mais nas condições para que o aluno aprenda. O problema não é simplesmente de “ensinagem”, mas, sobretudo, de aprendizagem.
RCV - O senhor considera que o conteúdo ensinado na sala de aula é desconectado do contexto social em que a criança vive? HW - A escola deve ter, aproximadamente, 75% do conteúdo que nada tem a ver com a vida que as pessoas levam. Agora, fazem ainda alguma campanha em relação ao combate ao mosquito Aedes aegypti por causa da chikungunya, zica e dengue. E há quantos anos nós temos
dengue? E há quantos anos você ensina, por exemplo, sobre a circulação na asa dos insetos, que é uma coisa irrelevante, e se esquece de tratar de assuntos básicos de higiene, que estão no dia a dia de toda criança? Se observarmos nas cidades, inclusive em Teresina, em 1977, quando conheci a cidade e, hoje, a cidade é muitíssimo mais limpa. E quem é que não joga mais papel no chão? É a criança porque a escola está ensinando. O que a escola pratica, a criança realmente aprende. Nós estamos com conteúdo do século XIX, professores do século XX e alunos do século XXI. É um descompasso tremendo. A escola ainda divide as disciplinas em uma visão cartesiana do século XVI e XVII. Não chega nem à visão científica do Pascal. A física com Einstein evoluiu. As pessoas estão se envolvendo muito mais com a física newtoniana. A escola tem uma dificuldade enorme de verificar que, através das várias linguagens, pode tratar química e biologia juntas; história e geografia; questões de arte e de matemática, porque a arte está ligada à geometria.
RCV - O uso excessivo de computadores, tablets e celulares não distrai o aluno e compromete a sua concentração em sala de aula? HW - Vamos ver como a escola, ao
longo do tempo, lidou com a tecnologia. A escola da década de 50 proibiu a caneta esferográfica. Perdeu a briga. A escola de décadas à frente vai proibir a calculadora. Perdeu a briga. E agora, a escola, às vezes até
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as Assembleias Legislativas, votam lei para proibir o uso do celular. A escola vai perder a briga. É necessário, primeiro, que o professor saiba utilizar essa ferramenta com os recursos que ela tem, e que o aluno aprenda, ao usar essa ferramenta, com os recursos que ela apresenta na pesquisa, como imagens, textos e várias outras coisas que poderão servir para trabalhos dele na sala de aula e fora dela. É preciso que o professor conheça a ferramenta, que o aluno a conheça, também, e que seja orientado sobre como usá-la. Como toda ferramenta eletrônica, sobretudo as que possuem linguagem HTML, que promovem a pesquisa, também promove a dispersão. Exemplo: se eu estou diante de um computador e o texto é em HTML, aparece uma palavra com a letra vermelha. Eu vou com a mãozinha no cursor e clico; ele muda daquele texto para um outro texto tratando do mesmo assunto. Então, é necessário, ao orientar a pesquisa através dessas ferramentas e desses textos com essas linguagens, para que haja um foco, a fim de evitar a dispersão, porque, nesse caso, a pesquisa fica prejudicada. Outra questão: a escola não pode ser ingênua. Se ela aplicou uma prova, ela tem que recolher os celulares. Ou eles vão para a mochila ou para um lugar visível na sala de aula e, quando o aluno terminar, ele apanha o celular e leva, porque com o aparelho 3G ele pode fotografar a questão, enviar para um assessor virtual, que pode estar em Teresina ou na Índia, e receber a resposta e, ainda, linkar isso para toda sua 10 | 20 DE MARÇO, 2016 | REVISTA CIDADE VERDE
Na pirâmide de distribuição da população, em função dos que não entram para serem formados professores e os que vão se aposentar, a escola está em cheque. classe e para todas as turmas que estão fazendo a mesma prova.
RCV - Como está a valorização do professor? Por que perdeu-se, gradativamente, o respeito pela figura do mestre? HW - Até as licenciaturas que têm
bolsas pelo MEC estão com vagas sobrando porque, mesmo gratuitas, é muito pouca gente querendo ser professor, pela desconsideração da sociedade, pelo excesso de trabalho. O bom professor é aquele que mais trabalho produz para si mesmo. O bom professor trabalha três vezes e ganha uma. Ele prepara a aula, ministra a aula e corrige os exercícios e provas. Ele tem três trabalhos e ganha pela aula que ministra. Os professores ganham pouco. Alguns Estados e Municípios não têm condições de pagar o piso salarial. A categoria reclama e o governo fica sem saber o que fazer porque tem a Lei de Responsabilidade Fiscal para cumprir. Se atende aos professores será processado em
função da LRF; se não atende, vai ter que administrar greve por cima de greve. É um círculo quadrado, não há como sair desse dilema. O professor precisa ser valorizado, atualizado, e ter um compromisso até com a permanência da sua estabilidade porque, se continuar como está, chegará um momento em que o governo não terá condições de manter o professor que falta tanto, por problemas de saúde, e não terá retorno social nem acadêmico em relação ao que ele está fazendo. Nos próximos 5 anos, pelos dados do MEC, 40% dos professores brasileiros terão condições de se aposentar. Não há substitutos. E mais, observando-se a pirâmide de distribuição da população brasileira, ela que era uma pirâmide de base larga há 20, 30 anos, é hoje uma gota d’água. Nós temos em torno de uns 20 anos para preparar as pessoas que estão na escola para terem uma qualidade de trabalho tal que seja capaz de produzir e sustentar 1/3 da população brasileira em 2050, que estará com mais de 60 anos. Ou seja, na pirâmide de distribuição da população, em função dos que não entram para serem formados professores e os que vão se aposentar, a escola está em cheque.
RCV – Apesar desse descrédito, um dos seus livros de grande tiragem é o “Como vencer na vida sendo professor”. É possível? HW - Se você quiser ter um iate ou um jatinho, não! Não é qualquer profissional, a não ser que seja um profissional de ultraponta. Como cantor sertanejo, você pode conse-