Revista Agro DBO - Ed 41 - Fevereiro/2012

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Sumário

28 Soja

Safra 2012/13 começa sobre o signo da instabilidade: o regime irregular de chuvas e a ameaça das pragas podem derrubar as estimativas de recorde de produção.

34 Citricultura

Produtores de laranja de São Paulo migram para Mato Grosso do Sul e outras regiões para fugir dos preços baixos da fruta e do prejuízo provocados por pragas e doenças

46 Agricultura Familiar 18

Projeto em curso há 25 anos no Nordeste de Rondônia mostra que é possível conciliar desenvolvimento econônomico e social com preservação ambiental.

Matéria de capa 56 Entrevista Fabricantes de máquinas e implementos, instituições de pesquisa e inovação tecnológica apresentam novidades no Show Rural Coopavel, um dos maiores eventos agrícolas do país.

O novo Secretário de Política Agrícola do Mapa, Neri Geller, fala à Agro DBO sobre seus planos e objetivos para dinamizar a produção.

Artigos 8 – Daniel Glat discute a questão da produção de sementes próprias 26 – Rogério Arioli reclama da falta de investimentos em infraestrutura 53 – Décio Gazzoni defende um acordo em prol da preservação ambiental 66 – Fábio Lamonica avalia riscos embutidos nas operações de hedge

Seções Do leitor............................................................. 4 Ponto de vista.................................................. 8 Notícias da terra............................................10 Marketing da terra........................................40 Politica...............................................................42

Deu na imprensa..........................................54 Análise de mercado.....................................58 Novidade no campo....................................60 Biblioteca da terra.........................................62 Agenda.............................................................64 fevereiro 2013 – Agro DBO | 3


Do Leitor É uma revista importante para quem está inserido no campo, pois serve como ferramenta de apoio aos produtores. Anderson Cezar Belmonte Gonçalves Jardim

BAHIA Gostei dos aspectos abordados e antevejo um bom futuro para a Agro DBO. Geraldo Porto Dantas Itabuna DISTRITO FEDERAL Grande sucesso! Fernando Ponce Brasília ESPÍRITO SANTO É uma revista de muitas informações para o agricultor, mas eu gostaria que trouxesse mais informações tecnológicas sobre várias culturas mostrando como obter o máximo de produção. Sérgio Alexandre Nicchio São Domingos do Norte GOIÁS Sou silvicultor, tenho lavoura de Acacia mangium e conheci a revista na clínica veterinária de um amigo. Gostaria de receber a Agro DBO e saber se existe alguma matéria sobre acácias. Luiz Pereira Bueno Jr. Pirenópolis NR: Não temos nada previsto no curto prazo sobre acácias, mas pensaremos a respeito. Obrigado pela sugestão. MATO GROSSO Informativa e clara em suas informações. Marcel Augusto Chormiak Tangará da Serra MATO GROSSO DO SUL Sempre fui assinante da DBO. Agora, retomei a assinatura e gostaria de receber também a Agro DBO. Luiz Jacob Barbosa Netto Ponta Porã

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A Agro DBO está de parabéns, inclusive pela edição de n°40. Vale a pena ressaltar nesta edição a matéria que fala sobre a demarcação de terras indígenas. Esse assunto vem tirando o sono de muitos colegas agricultores. O STF deveria ser mais ponderado sobre esse assunto, pois na verdade ninguém se apossou de terras de ninguém. Essas áreas foram compradas e escrituradas. Agora, fica a encargo de profissionais terceirizados o futuro de centenas de famílias que vivem da terra. Para finalizar, gostaria de deixar o pensamento de um autor desconhecido que diz o seguinte: “Se o campo não plantar, a cidade não almoça e nem janta”. Weslley Torres Vieira Iguatemi MINAS GERAIS Gostaria de parabenizar os editores e responsáveis pela edição da revista, pois é de muita qualidade técnica, com matérias atuais e informativas, que muito nos ajudam no dia-a-dia do campo. Osmar Pedron Serra do Salitre Ótima revista, que está evoluindo juntamente com a tecnologia do Brasil e do mundo. Sou engenheiro agrônomo na cidade de Iturama, em Minas Gerais. Sugiro que publique material informativo sobre o uso e a aplicação de calcário agrícola, na forma líquida. Geraldo Fonseca de Freitas Iturama Gostaria de sugerir, juntamente com o pedido do amigo leitor Carlos Henrique Lima Chaves na edição de dez/2012-jan/2013, de Santarém-PA, que fizessem uma reportagem a respeito da expansão do plantio de dendê na região nordeste do estado do Pará nos últimos anos, que está reflorestando extensas áreas de pastagens espalhadas pela região e recuperando estes locais degradados pelo intenso pisoteio de animais. Tenho certeza que a reportagem será muito bem aceita pelos leitores pois trata de plantio sustentável e traz muita renda e emprego para a região. Raphael Morandi Rossi Juiz de Fora

PARÁ Muito informativa e de grande valia para a profissão. Ana Carolina Hackbarth Novo Progresso NR: A leitora é agrônoma. PARAÍBA As informações, comunicações, pesquisas e tecnologias devem sair das gavetas, das bibliotecas e da Academia e chegar até o campo, para ajudar o Brasil e o mundo a acabar com a fome e a miséria que está assolando até os países de primeiro mundo. Ivanildo Pereira Dantas João Pessoa Muito informativa, com reportagens atuais. Edson Batista de Lima Campina Grande PARANÁ Sou engenheiro agrônomo e agricultor de Goioerê, PR, e gostaria de fazer uma observação sobre um dado apresentado na revista. Recebi a edição nº 40 de Dez/2012 Jan/2013 da Agro DBO. Reparando a reportagem da página 8, em “Ponto de vista”, há a citação de que o produtor Kip Cullers trabalha com a população de plantas perto de 250 mil plantas/ha, mas lendo a reportagem original no site da Pioneer americana (www.pioneer.com/home/site/us/template.CONTENT/products/soybean/high-yieldgrowers/guid.699BE47D-4372-6B48-1EFAF6FC31189048#population), o mesmo produtor afirma que trabalha com a população de aproximadamente 230.000 plantas por acre, o que daria algo em torno de 575.000 plantas por hectare. É isso. Atenciosamente, André G. R. Coelho Goioerê NR: O leitor está coberto de razão. Por desatenção, não percebemos que a população de plantas foi dada em acre (que representa 0,4047 ha). Lamentamos muito. RIO DE JANEIRO Técnica, objetiva, atual, diversificada e com redação simples de entender. Zulicio Alves Novas São João da Barra RIO GRANDE DO NORTE Muito interessante e atualizada. Com certeza, vai ser uma excelente fon-


te formadora de opinião na minha vida profissional. Antonia Adailha Torres Souza Apodi RIO GRANDE DO SUL Sem sombra de dúvidas, a melhor revista do gênero. Muito elucidativa, suscinta e muito bem redigida. Gostei demais. Denilson Dalalba Sananduva Excelente revista, muito boa mesmo. Vai de encontro ao que o produtor rural precisa. Milton Ildefonso Schuster Não-Me-Toque Meu cunhado me trouxe um exemplar da revista e gostei muito, pois tem reportagens e matérias bem atualizadas. Quero conhecer mais de perto a agricultura de precisão. Rafael Leandro Hahn Ernestina A revista é muito importante para manter-me por dentro das notícias e tecnologias novas que estão surgindo no mundo do agronegócio. Éder Luis Gaboardi Tapejara Excelente ferramenta de trabalho, pois aborda assuntos diversos diretamente ligados ao homem do campo. Julierme Flores Xavier Alegrete Excelente. Por isso, estou interessado em receber a revista, tanto devido minha atividade quanto meu interesse futuro em investir na área agrícola. Ricardo Zemolin Horizontina

NR: O leitor é formado em engenhaia mecânica. RONDONIA Aprecio bastante a formatação da Revista Agro DBO, especialmente por sua permanente difusão das tecnologias mais recentes! José Edny de Lima Ramos Porto Velho

de pauta para os próximos números deste excelente magazine que trata dos assuntos do campo. S. Nogueira Jr. São Paulo

SANTA CATARINA É uma revista que traz informações técnicas nas mais diversas áreas de produção, o que pode atualizar sempre os meus conhecimentos técnicos e auxiliar ainda mais os agricultores por mim assistidos. Sandra Brixi Porto União

NR: O tema é muito importante. Tratamos de armazenagem nas edições de agosto (secadores de grãos) e outubro (silos-bag) e devemos voltar ao assunto em breve. Afinal, a supersafra de soja está começando, trazendo de novo à tona os problemas derivados da precária infraestrutura de escoamento e armazenagem da produção nacional. Logística é tema recorrente nesta época. Sai ano, entra ano e os produtores rurais continuam sofrendo com frete caro, falta de armazéns adequados e todo tipo de perdas no pós-colheita.

Muito boa, a revista. Está sempre atualizada e com informações de grande ajuda para o homem do campo. Geanderson Camargo Goulart São Joaquim

Achei a revista muito interessante. Lia a de um amigo meu. Tem matérias muito boas para o meu negócio. Júlio César Veneroso Mello Pirassununga

SÃO PAULO A logística é o ramo da gestão cujas atividades estão voltadas para o planejamento da armazenagem, da circulação (transportes) e da distribuição de mercadorias. Acontece que a ênfase de quase todos os analistas da área é creditada aos transportes/portos... como se a armazenagem não fosse um componente da logística. Reconheço os esforços governamentais, mas nem sempre os programas do BNDES tem conseguido a adesão do público – alvo, sobretudo dos agricultores menos capitalizados. A armazenagem está ficando cada vez mais crítica e pouco se fala sobre esta questão. Deixo aqui uma sugestão

Revista para os profissionais da área e para os não (profissionais) também. Traz um ótimo contexto do que está acontecendo no cenário nacional e mundial para o agronegócio. Anderson Teruo Takasu Pereira Barreto Maravilhosa. Gostei muito e desejo recebê-la sempre. Claudines Uzeloto Anhumas.

AgroDBO se reserva o direito de editar/resumir as mensagens recebidas devido à falta de espaço.

fevereiro 2013 – Agro DBO | 5


Carta ao leitor

D

espreocupado leitor. Ou seria leitor preocupado? A safra 2012/2013 já está sendo chamada de “a safra da incerteza”, em vista da falta de consistência e dos bons humores do clima. Tivemos no Sul, Sudeste e Centro-Oeste, desde o início desta safra, veranicos e invernadas fora de hora, pois não choveu quando precisava, a partir de outubro, e depois choveu muito e irregularmente. Como contrapeso das diatribes de São Pedro, pragas como a lagarta, ou doenças como a ferrugem, tiram proveito da situação e, pelo menos no Brasil Central já se observa que esta será uma das safras com maior custo de produção de todos os tempos. Esses detalhes o leitor poderá acompanhar na matéria sobre a safra, da jornalista Marianna Peres, a partir da página 28. A matéria de capa, do jornalista Glauco Menegheti, antecipa o que se poderá conhecer de novidades e tecnologias, máquinas agrícolas em destaque, que serão lançadas na Show Rural Coopavel, em Cascavel, no Paraná, agora em fevereiro. Nesta edição o leitor irá conhecer as razões que levam citricultores paulistas a migrar seus pomares para o estado do Mato Grosso do Sul, em busca de terras mais baratas, conforme relata a matéria do jornalista Ariosto Mesquita. Os citricultores migrantes se aventuram, ainda, na esperança de encontrar menos pragas para controlar, porque os custos aumentaram muito e os preços recebidos desestimulam cada vez mais a atividade, que perde espaço em São Paulo para a cana de açúcar. Assim, muda mais uma vez a agricultura paulista, que já perdeu o boi para o Brasil Central, já viu o algodão ir embora para o Centro Oeste por causa do bicudo, e o café por outras inúmeras razões, como os baixos preços, pragas e terras muito caras, que migrou para Minas Gerais e Oeste da Bahia. Agora, a laranja começa uma nova etapa, deixando os canaviais paulistas com mais espaço para crescer. Outro destaque da edição é o relato do agrônomo Evaristo de Miranda, da Embrapa, sobre a saga dos agricultores familiares de Machadinho d’Oeste, em Rondônia, que, quase três décadas atrás, começaram a empreitada de desbravar uma região inóspita nas fraldas amazônicas para produzir café, frutas, gado e tudo o mais que as condições edafo-climáticas da região permitem. No relato épico e até mesmo apaixonado de Evaristo, é possível acreditar que a Amazônia pode ser usada racionalmente para a produção agropastoril, sem destruir a sua essência e tampouco a sua biodiversidade, o que permite a sobrevivência dos 22 milhões de brasileiros que lá residem, com qualidade de vida e sustentabilidade econômica, social e ambiental, o tripé mágico que os ambientalistas idealizaram. Aos leitores, preocupados ou despreocupados: mantenham contato através do e-mail redacao@agrodbo.com.br

é uma publicação mensal da DBO Editores Associados Ltda. Diretor Responsável Demétrio Costa Editor Executivo Richard Jakubaszko Editor José Augusto Bezerra Conselho Editorial Décio Gazzoni, Demétrio Costa, Evaristo Eduardo de Miranda, Hélio Casale, José Augusto Bezerra e Richard Jakubaszko Redação/Colaboradores Ariosto Mesquita, Daniel Glat, Decio Gazzoni, Evaristo Eduardo de Miranda, Fábio Lamonica Pereira, Glauco Menegheti, João Alfredo de Carvalho Mangabeira, Marianna Peres, Maurício Muruci e Rogério Arioli Silva.

Richard Jakubaszko

Arte Editor Edgar Pera Editoração Edson Alves e Sergio Escudeiro Coordenação Gráfica Walter Simões Marketing Gerente: Rosana Minante Departamento Comercial Gerente: José Geraldo S. Caetano Vendas: Andrea Canal, Heliete Zanirato, Marlene Orlovas, Naira Barelli e Vanda Motta Circulação Gerente: Edna Aguiar Impressão Log&Print Gráfica e Logística S.A. Capa: Foto CNH/Divulgação DBO Editores Associados Ltda Diretores: Daniel Bilk Costa, Odemar Costa e Demétrio Costa Rua Dona Germaine Burchard, 229 Perdizes, São Paulo, SP 05002-900 - Tel. (11) 3879-7099 redacao@agrodbo.com.br www.agrodbo.com.br

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Ponto de vista

Reflexões sobre direitos Nosso colunista fez carreira na indústria sementeira. Por isso, é sempre questionado por agricultores sobre o uso de sementes próprias. Daniel Glat •

É

importante distinguir os direitos sobre os híbridos e variedades dos direitos sobre os produtos transgênicos. Os primeiros são regidos pela lei de Proteção dos Cultivares, que assegura ao produtor o direito de salvar sementes para o próprio uso, mas proíbe a comercialização sem autorização dos detentores dos cultivares. Ou seja, a semente salva para uso próprio é um direito dos produtores; a semente pirata, essa vendida sem autorização dos obtentores, é totalmente ile-

pode patentear genes naturais das espécies, mas pode-se patentear construções genéticas introduzidas naquela espécie. Toda patente é outorgada por prazo definido. O que entidades do setor rural discutem com a Monsanto hoje é sobre a data efetiva da obtenção da patente da soja RR no Brasil, e, consequentemente, a data de sua expiração, fato que, segundo as entidades, já teria ocorrido em 2010. Essa situação é hoje um imbróglio jurídico que poderia fluir

“A semente salva é um dos maiores entraves tecnológicos para uma região ou cultura”

* O autor é engenheiro agrônomo, consultor e produtor rural no estado doTocantins

gal. As empresas podem proteger seus cultivares contra a comercialização sem autorização, mas não podem patentear nenhuma parte do genoma ou do DNA daquela variedade. Já os produtos transgênicos, por terem uma construção genética não nativa daquela espécie inserida em seu DNA, são tratados na lei de Propriedade Industrial; é isso que assegurou à Monsanto o direito de cobrar royalties das sementes salvas da soja RR, porque a lei brasileira autoriza o uso dessas sementes. Essa construção genética, que produz a proteína que gera tolerância ao glifosato, apesar de fazer parte do DNA das variedades RR, e ser transmitida de geração para geração, igual ao resto do DNA, tem tratamento legal diferente do resto do genoma. Em outras palavras, no Brasil não se

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com maior facilidade se houvesse mais transparência da empresa sobre suas patentes industriais nessa área. Há quem queira estender essa discussão para o direito ou não de se patentear uma construção genética, mesmo que não nativa; o argumento seria que a cobrança de royalties numa semente salva contraria o direito expresso na legislação brasileira, do produtor salvar a semente para seu próprio uso. Em minha opinião, a semente salva, apesar de ser um direito do produtor brasileiro, é um dos maiores entraves tecnológicos para uma região ou cultura! Primeiro, porque em média, sementes salvas têm piores qualidades fisiológicas e patológicas que sementes certificadas. Isso já foi demonstrado inúmeras vezes. Segundo, porque o melhoramento

genético tem sido uma das maiores alavancas para o desenvolvimento agrícola do Brasil. As técnicas modernas de melhoramento são cada vez mais poderosas, mas também mais complexas e sofisticadas, exigindo cada vez mais recursos. Não devemos nos iludir, os investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento das empresas irão sempre onde os maiores retornos estiverem; em outras palavras, a verdade inexorável é que quanto maior a percentagem de sementes salvas numa região ou cultura, menor será o investimento das empresas em melhoramento genético para aquela região ou cultura! É só comparar os investimentos em melhoramento genético de soja feito pelas empresas nos últimos 10 anos para o MT, onde o índice de sementes salvas é baixo, com o que foi feito para o RS, onde o índice de semente salvas sempre foi muito maior. Onde estaria a sojicultura gaúcha não fosse a genética argentina introduzida pela Brasmax nos últimos 5 a 6 anos? Acredito que, no final das contas, no longo prazo, a economia que se faz em uma cultura ao salvar sementes, não compensa nem os riscos eventuais da pior qualidade de sementes, nem o ganho genético que se deixa de ter pelo menor investimento anual em pesquisa das empresas. É como se descobríssemos, depois de muitos anos, que, passamos todos esses anos economizando meio saco de soja e deixando de ganhar um saco e meio.


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Notícias da Terra Safra I

Safra II

Curva ascendente

O

IBGE confirmou safra recorde de 162,1 milhões de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas na safra 2011/12, quantidade 1,2% superior à de 201o/11 (160,1 milhões de toneladas) e 0,3% abaixo da estimativa de novembro (162,6 milhões de toneladas). No terceiro prognóstico de área e produção para a sa-

fra 2012/13, divulgado em dezembro do ano passado, a instituição previu 178,0 milhões de toneladas, 9,9% acima do obtido em 2012. A área a ser colhida deve crescer 23,5% no Nordeste do país, 4,1 no Centro-Oeste, 4% no Sul e no Sudeste, e 0,1% no Norte, impulsionada pelos bons preços dos produtos, notadamente soja e milho.

Mais de 180 milhões

A

safra 2012/2013 de grãos deve chegar a 180,41 milhões de toneladas, de acordo com o quarto levantamento de plantio da Conab, divulgado no mês passado. Tal número representa incremento de 8,6%, ou 14,23 milhões de toneladas acima do colhido na safra anterior. A produção de soja deve alcançar 82,68 milhões de toneladas, com aumento de 16,28 milhões de toneladas. As projeções indicam 72,19 milhões de toneladas de milho (primeira e segunda safras). A área plantada com grãos deve chegar a 52,01 milhões de hectares, 2,2% a mais, comparativamente à safra passada (50,89 milhões de hectares). O estudo contempla informações da área semeada nas culturas de amendoim (1ª safra), arroz, feijão (1ª safra), milho (1ª safra) e soja nos estados da região centro-sul do país. O destaque foi a soja, com 2,3 milhões de hectares de lavouras a mais em relação à área plantada na safra anterior, quando os agricultores cultivaram 25,04 milhões de hectares.

Safra IV

Milho em alta Safra III

Balanço mundial de soja

A

produção mundial de soja deve alcançar 269.41 milhões de toneladas na temporada 2012/13, conforme relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês), divulgado no mês passado. No relatório de dezembro, as projeções indicavam 267.72 milhões de toneladas. A produção norte-americana pode chegar a 82,06 milhões de toneladas, acima, portanto, do previsto 10 | Agro DBO – fevereiro 2013

em dezembro (80.86 milhões de toneladas). Segundo o relatório de janeiro do USDA, o Brasil vai colher 82.50 milhões de toneladas, superando os EUA e assumindo a liderança no ranking mundial (em dezembro, a instituição norte-americana apontava 81 milhões de toneladas). A Argentina deve produzir 54 milhões de toneladas e a China, 12,6 milhões.

N

o caso do milho, a produção mundial chegará a 852,3 milhões de toneladas, conforme estimativas do USDA. Os Estados Unidos, maior produtor mundial, devem colher 272,4 milhões de toneladas. Para a China, segundo país no ranking mundial, a previsão é de 208 milhões de toneladas. Assim como ocorreu em relação aos EUA e à China, as projeções para a safra brasileira também foram reajustadas para cima pela instituição norte-americana, passando de 70 para 71 milhões de toneladas


Notícias da Terra Renda Agrícola II

Renda Agrícola I

Espigas valiosas

Lavouras valorizadas

O

O

VPB – Valor Bruto da Produção das principais lavouras do país deve atingir R$ 305, 3 bilhões neste ano, 26,3% a mais do que em 2012, conforme cálculos da Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura. A soja representará 34% do valor da produção das lavouras pesquisadas mas, segundo projeções do governo federal, a maioria dos produtos deve obter melhores re-

sultados em 2013, comparativamente a 2012. Com exceção de algodão e do café, os demais apresentam aumentos expressivos no valor da produção. Após a soja, os maiores destaques são: tomate, 72,0%; laranja, 70,9%; maçã, 36,3%; feijão, 31,6%; cebola, 31,2%; trigo, 25,8% e milho, 22,3%. Em níveis pouco mais abaixo destes encontram-se o arroz, batata inglesa, cana-de-açúcar e fumo.

valor de produção do milho na temporada 2011/12, de R$ 34 bilhões, foi o maior da história do grão no Brasil, segundo estudo da Assessoria de Gestão Estratégica do Mapa, baseado nos levantamentos de safra divulgados pela Conab e pelo IBGE. A produção de milho atingiu 72,98 milhões de toneladas no período, superando, inclusive, a de soja (66 milhões de toneladas). O resultado se deve principalmente ao Centro-Oeste, cujo valor de produção alcançou R$ 14,4 bilhões (crescimento de 83,4% sobre 2011) – foi o maior entre todas as regiões do país, seguido pelo Sul (R$ 10,3 bilhões e alta de 1,6 %) e Sudeste (R$ 5,6 bilhões; +15,6%). Com a recuperação no Sul do país, a perspectiva para o valor de produção nacional do milho este ano é de R$ 41,7 bilhões, o que representa alta de 22,3% sobre 2012.

Renda Agrícola III

Mato Grosso na ponta

O

estado de Mato Grosso fechou 2012 com o maior VPB –Valor Bruto da Produção do Brasil, com renda agrícola bruta de R$ 39,9 bilhões, frente aos R$ 31,2 bilhões de 2011 – crescimento de 28%. A renda do estado de São Paulo, que liderava em 2011, com 42,2 bilhões, caiu para R$ 35,7 bilhões –queda de 15%. O economista e especialista em comércio exterior, Vitor Ga-

lesso, explica que Mato Grosso foi beneficiado por uma série de fatores, especialmente pelas condições climáticas desfavoráveis nos estados do Sudeste e Sul do país em 2011. Em sua opinião, a necessidade de alimento deve manter os preços altos nos próximos anos. “Os estoques continuam baixos porque a demanda é maior que a produção”, afirma. fevereiro – Agro DBO | 11


Notícias da Terra Exportações I

Navios carregados

A

s exportações brasileiras do agronegócio alcançaram valor recorde de US$ 95,81 bilhões em 2012, segundo dados do MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Esse número representa incremento de cerca de 1% (US$ 846 milhões) em relação a 2011. As importações totalizaram US$ 16,41 bilhões, valor 6,2% inferior ao registrado em 2011. Os setores

que tiveram maior crescimento de vendas foram o complexo soja (8,2%; de US$ 24,14 bilhões para US$ 26,11 bilhões), seguido por fumo e seus produtos (11,0%; de US$ 2,94 bilhões para US$ 3,26 bilhões); cereais, farinhas e preparações (60,3%; de US$ 4,16 bilhões para US$ 6,67 bilhões); fibras e produtos têxteis (20,7%; de US$ 2,17 bilhões para US$ 2,62 bilhões).

Exportações II

Chineses abocanham cada vez mais

A

China é o principal destino dos produtos do agronegócio brasileiro. No ano passado, o Brasil faturou US$ 17,975 bilhões nas negociações com os chineses. As remessas passaram de 17,4% para 18,8%. Na lista dos maiores compradores dos produtos nacionais, aparecem em se-

guida os Estados Unidos (US$ 7 bilhões), os Países Baixos (US$ 6,12 bilhões), o Japão (US$ 3,5 bilhões) e a Alemanha (US$ 3,1 bilhões). As exportações para nações da Ásia aumentaram, especialmente no caso da Coreia do Sul (40,9% a mais), Taiwan (35,9%), Tailân-

Distribuição da produção

Exportações III

Fumicultura bate recorde

A

s folhas de tabaco foram responsáveis por 1,34% das exportações totais do país em 2012, segundo dados da Secex/MDIC Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Maior exportador mundial, à frente da

Índia, EUA e Malawi, o Brasil faturou US$ 3,26 bilhões com tabaco processado, valor recorde em 20 anos de hegemonia (o recorde anterior era de US$ 3,05 bilhões). Cerca de 95% da produção nacional, de 638 mil toneladas, concentra-se na região sul do país.

Principais Mercados do Brasil 40% - União Europeia (US$ 1,3 bilhão)

(US$ 301,1 milhões)

27% - Extremo Oriente

7% - África/Oriente Médio

(US$ 892,7 milhões)

(US$ 210,7 milhões)

12% - América do Norte

5% - América Latina (US$ 174,5 milhões)

(US$ 379,7 milhões)

12 | Agro DBO – fevereiro 2013

dia (13,5%), China (8,9%), Hong Kong (6,6%) e Japão (0,2%). Juntos, os asiáticos expandiram as aquisições em US$ 3,59 bilhões. Além dos países asiáticos, cresceram as vendas para o Egito (12,9% a mais), Emirados Árabes (7,9%); Estados Unidos (2,6%) e Arábia Saudita (0,1%).

9% - Leste Europeu


Notícias da Terra Café I

Colheita menor em 2013

O

Brasil deverá colher entre 46,9 e 50,2 milhões de sacas de 60 quilos de café (arábica e conilon) nesta ano, segundo esimativas da Conab. Tal número indica redução entre 7,6% (caso do arábica) e 1,3% (conilon), comparativamente à safra anterior. A redução se deve principalmente à bienalidade, característica natural na cultura: num ano a safra é maior, no outro, menor – 2013 é ano de baixa produção. Essa alternância é mais acentuada em re-

lação ao arábica (Coffea arabica), mas ocorre também com o conilon (Coffea canephora). Entretanto, conforme estudos, as diferenças entre as safras de alta e baixa vêm diminuindo nos últimos anos, por vários fatores: tratos culturais mais adequados, crescente aumento na utilização de irrigação, manejo de podas nos cafeeiros, adensamento das lavouras, plantio de variedades mais produtivas e melhores adaptadas e a renovação constante dos cafezais.

Café II

Alta moderada

D

ados do Cecafé – Conselho dos Exportadores de Café do Brasil indicam que as exportações brasileiras em 2013 devem ficar entre 30 e 31 milhões de sacas, o que significa de 7 a 10 por cento de aumento ante o volume de 2012. A entidade prevê receita em torno de 7 bilhões de dólares, com “uma alta moderada nos preços médios”. O Brasil é o maior produtor e exportador mundial da commodity. As exportações de café verde fecharam o ano passado em 24,92 mi-

lhões de toneladas, 17 por cento abaixo de 2011. “A queda apresentada no volume exportado pode ser justificada em grande parte pelas chuvas nas regiões produtoras, que acabaram atrasando a colheita e a comercialização do produto”, disse o diretor-geral do Cecafé, Guilherme Braga.

Café III

Café bom, uai

O

s mineiros conquistam o primeiro lugar no 9º Concurso Nacional ABIC de Qualidade do Café e nas três categorias do certame: Cereja Descascado, Natural e Microlote. O cafeicultor José Alexandre de Lacerda, da fazenda Forquilha do Rio, situada no município de Espera Feliz, foi o vencedor do concurso, com 84,63 pontos de qualidade global na xícara. Seu café também conquistou o 1º lugar na categoria Microlote (2 sacas), na qual concorrem apenas pequenos produtores, com pro-

priedades de, no máximo, 15 hectares – a de José Alexandre tem quatro. Na categoria Cereja Descascado, o vencedor foi o produtor José Roberto Canato, da fazenda Monte Verde, de Carmo de Minas, com nota 82,15. Na categoria Natural, a maior nota foi dada ao café produzido por Amélia F. Delarisse, da fazenda Apucarana, situada em Patrocínio: 81,75 pontos.

Café IV

Quem dá mais?

T

odos os cafés premiados no 13º Concurso de Qualidade Cafés do Brasil “Cup of Excellence Early Harvest” foram negociados no leilão realizado em 10 de janeiro. O maior lance foi de US$ 12,10 por libra peso, pago pelo consórcio formado pelas empresas japonesas Maruyama Coffee, Saza Coffee, Uchida Coffee e Coffee-a-Gogo, além da empresa Orsir Coffee, de Taiwan. Esse valor equivale a US$ 1.600,59 (ou R$ 3.249,20, considerando dólar a R$ 2,030, conforme fechamento do dia) pagos por cada uma das 17 sacas da fazenda do Moinho, situada em Olímpio Noronha (MG). O lote rendeu US$ 27.209,45 ( R$ 55.235,18) ao produtor Vinícius José Carneiro Pereira, vencedor na categoria destinada exclusivamente aos cafés brasileiros produzidos por via úmida (cerejas descascados ou despolpados) na safra 2012. fevereiro 2013 – Agro DBO | 13


Notícias da Terra Etanol I

Perspectivas promissoras

A

moagem de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil deve atingir algo entre 580 milhões e 590 milhões de toneladas no ciclo 2013/14, contra 535,7 milhões da última temporada, conforme estimativas da Datagro. O presidente da consultoria, Plinio Nastari, justifica o crescimento pela reforma de canaviais, acima da média, segundo ele, e “um pouquinho de expansão de área”.

Quanto às exportações no próximo ciclo, ele prevê embarques de 4,1 bilhões de litros de etanol, contra os 3,03 bilhões projetados para o ciclo 2012/13. Nastari afirma que o incremento das vendas externas de etanol será puxado pela demanda norte-americana, que abriu seu mercado ao produto nacional no ano passado e vem pagando um prêmio para o produto brasileiro.

Etanol II

Demanda externa maior

A

Etanol III

Redenção energética

A

diretora-geral da ANP - Agência Nacional do Petróleo, Magda Chambriard, informou que o percentual de etanol na gasolina passará de 20% para 25%, no final da safra da cana-de-açúcar, possivelmente no mês de abril. Ela informou ainda que está previsto para este ano o primeiro leilão de gás xisto, também chamado de gás não convencional, encontrado em rochas porosas. Segundo a ANP, as maiores incidências deste tipo de gás no Brasil (os estoques mundiais podem ser muitas vezes superiores às reservas provadas de gás natural) estão nas bacias de Parecis (em Mato Grosso), Parnaíba (entre Maranhão e Piauí), Recôncavo (Bahia), Paraná (Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul) e São Francisco (entre Minas Gerais e Bahia), Estudos preliminares indicam que o potencial de gás de xisto no país pode chegar a 500 trilhões de metros cúbicos . “Se a previsão for confirmada, é gás para chuchu, mais que o pré-sal”. 14 | Agro DBO – fevereiro 2013

consultoria Safras & Mercado confirma tendência de recuperação para a cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil. A produção de etanol na região deve crescer 18,7% e chegar a 23,5 bilhões de litros na temporada 2013/14. A de açúcar, porém, diminuirá 2,8%, caindo para 35 milhões de toneladas, contra 36 milhões no período anterior. Na opinião do analista de Maurício Lima Muruci, esta retração está atrelada à rentabilidade do segmento e, simultaneamente, ao incremento nas vendas ex-

ternas do combustível. “O mercado internacional está demandando muito etanol, e as usinas estão maciçamente focadas na exportação”, explica Muruci. Segundo ele, nem mesmo a expectativa de aumento no preço da gasolina nos próximos meses, que proporcionaria um vetor de neutralização na queda histórica de competitividade do etanol, não é mais tão latente pelo lado das usinas, pois agora o mercado já encontrou outro viés de ganho, através das exportações.

Etanol IV

Combustíveis feitos com arroz

A

empresa gaúcha Vinema -– primeira empresa nacional a produzir etanol em grande escala a partir de cereais – irá construir seis biorrefinarias no Rio Grande do Sul, utilizando arroz como matéria-prima. De acordo com protocolo de intenções assinado com o governo do estado no mês passado, a primeira unidade deverá estar operando em Cristal a partir de 2014. As demais biorrefinarias, previstas para serem finalizadas em 2020, serão instala-

das nos municípios de Cachoeira do Sul, Capão do Leão, Dom Pedrito, Itaqui e Santo Antônio da Patrulha. A capacidade de produção anual das seis unidades será de, aproximadamente, 600 mil m³ de etanol, além da geração de energia elétrica utilizando casca de arroz. A tecnologia usada pela empresa também permite processar outras culturas, como sorgo e cevada. O projeto da Vinema prevê investimentos de R$ 720 milhões.


Notícias da Terra Alimento I

O mundo inteiro joga comida fora

D

ocumento de organização britânica, intitulado Global Food; Waste not, Want not (Alimentos Globais; Não Desperdice, Não Queira”), revela que entre 30% e 50% dos alimentos produzidos no mundo, ou seja, entre 1,2 bilhão e 2 bilhões de toneladas/ano, vai parar no lixo. Nos Estados Unidos e na Europa, metade da comida acaba sendo jogada fora. Na Inglaterra, até 30% das frutas, verduras e legumes plantados no país sequer são colhidos por causa de sua aparência As razões, conforme o relatório, va-

riam das técnicas insatisfatórias de produção e industrialização, infraestrutura inadequada de transporte e armazenamento, prazos de validade vencidos, não aproveitamento de resíduos ou partes (folhas, caules) de alimentos, gula (olhos maiores que o estômago) ou preparo de quantidade maior do que a necessidade, passando pela exigência dos supermercados de que os produtos sejam visualmente perfeitos e promoções do tipo compre um, leve outro grátis, que incentivam os consumidores a comprar mais do que precisam.

Solos

Conhecimento acumulado

Alimento II

Combate à fome no mundo

O

utro relatório, este intitulado “Estado da Insegurança Alimentar no Mundo-2012”, produzido pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, da sigla em inglês) informa que, apesar do crescimento constante da produção mundial de alimentos e do aumento de produtividade no campo, 870 milhões de pessoas sofrem com a desnutrição. “Praticamente apenas a América Latina tem tido sucesso na redução da fome”, disse o diretor da FAO, José Graziano. De acordo com ele, a questão da subnutrição atin-

ge mais fortemente nações pobres da Ásia e da África Subsaariana. Em visita à sede da Embrapa, Graziano pediu apoio da empresa na organização de projetos de fortalecimento da produção agrícola e combate à fome no mundo. Segundo o presidente da Embrapa, Maurício Lopes, o problema é grave em regiões de grande crescimento populacional, que ainda não conseguiram alcançar sua própria segurança alimentar. “São nações que têm tomado o exemplo brasileiro como uma referência mundial no combate à fome”.

E

m parceria com outras unidades da empresa, a Embrapa Solos, sediada no Rio de Janeiro (RJ), lançou a “Árvore do Conhecimento (AC) Solos Tropicais”, vitrine virtual com informações sobre todos os tipos de solos existentes no Brasil, para o uso e manejo correto e prevenção da erosão. O acesso é feito através do endereço eletrônico www.embrapa.br/agencia, no Portal Embrapa. Ao escolher Solos Tropicais, o leitor pode optar pelo acesso às informações na forma de árvore hiperbólica - uma estrutura ramificada, denominada de “árvore do conhecimento” - ou na forma de hipertexto. De acordo com a pesquisadora Maria José Zaroni, “a base desta árvore é o sistema brasileiro de classificação de solos”. A Embrapa disponibiliza atualmente 27 Árvores do Conhecimento sobre cultivo, três sobre criações e outras oito temáticas. Além de dados técnicas validadas pela pesquisa cientifica, também oferece informações complementares em forma de arquivos em PDF, vídeos e áudios. fevereiro 2013 – Agro DBO | 15


Notícias da Terra Água I

Governo anuncia política de irrigação

A

presidenta Dilma Rousseff sancionou a Política Nacional de Irrigação, cujo objetivo, além da reorganização do setor, é incentivar a ampliação da área irrigada no país, reduzindo riscos climáticos, aumentando a produtividade das lavouras e favorecendo a produção. Até então a agricultura dependia de normatização estabelecida em 25 de junho de 1979. Agora, projetos públicos e privados de irrigação poderão receber incentivos fiscais, especialmente nos municípios com menores indicadores

de desenvolvimento social e nas regiões consideradas estratégicas para o desenvolvimento regional. Com o crédito, será possível obter equipamentos com uso eficiente da água, modernizar instrumentos e implantar sistemas de suporte à irrigação. A lei prevê que o poder público criará estímulos à contratação de seguro rural por agricultores que pratiquem agricultura irrigada. Atualmente, só 5,5 milhões de hectares são irrigados no país, mas o potencial é de pelo menos 30 milhões de hectares.

Juros menores para compra de terras

A

16 | Agro DBO – fevereiro 2013

Recuperação dos prejuízos

A

gricultores e empresários rurais afetados pela seca ou pelo excesso de chuvas nas regiões nordeste e norte do Brasil tem prazo até o dia 28 deste mês de fevereiro de para contratar as linhas especiais de crédito (com recursos do FNE – Fundo Constitucional do Nordeste e FNO – Fundo Constitucional do Norte) destinadas à recuperação de prejuízos decorrentes. O prazo para contratação vencia em 30 de dezembro do ano passado, mas os bancos operadores das linhas de crédito solicitaram ao governo prazo adicional para concluir as contratações . Na região nordeste, os tomadores de crédito devem comprovar que são produtores ou empreendedores rurais na área de atuação da Sudene. Na região norte do país, os recursos destinam-se a atender aos setores produtivos rural, industrial, comercial e de serviços nos municípios que declararam estado de emergência ou de calamidade pública pelo excesso de chuvas nos anos anteriores

Crédito II

Crédito I

contratação de financiamentos com recursos do FTRA Fundo de Terras e Reforma Agrária terá juros mais baixos a partir de 1° de abril deste ano, conforme resolução do CMN – Conselho Monetário Nacional, aprovada em janeiro. As taxas cairão de 2% a 5% para de 0,5% a 2% ao ano e os encargos serão definidos de acordo com o perfil do tomador de crédito. Quem for integrante do Cadastro Único pa-

Água II

ra Programas Sociais do Governo Federal pagará juros de 0,5% ao ano. Para jovens de 18 a 29 anos, a taxa é de 1% - uma forma de incentivá-los a permanecer no campo. Para os demais beneficiários, o juro será de 2% ao ano. O valor máximo de financiamento, atualmente em R$ 80 mil, pode ser ampliado até R$ 87,5 mil. Para obtê-lo, o mutuário precisa dispor de assistência técnica por pelo menos cinco anos.

Juros mais baixos

A

taxa de juros para o PNCF – Programa Nacional de Crédito Fundiário, do MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário, passará de de 5% para 2%. A medida assegura aos jovens entre 18 e 29 anos e às famílias de agricultores em situação de pobreza, juros ainda menores, de 1% e de 0,5%, respectivamente. Aprovada pelo Conselho Monetário Nacional no mês passado, a resolução entra em vigor a partir do dia 1º de abril deste ano.


Notícias da Terra Uva

Preço mínimo de garantia

E

studo da Conab afirma que o vinicultor que valorizar qualidade da uva terá mais vantagens na safra atual e na do ano que vem, considerando a nova modalidade de cálculo definida pela instituição. A ideia é incentivar o manejo dos parreirais, de modo que seja produzido menos com mais qualidade. Até 2012, para cada grau babo (que determina o teor de açúcar na fruta) acima dos 15 graus, havia um acréscimo de 5% em relação ao valor do preço mínimo. A partir desta safra, o produtor receberá um ágio de 7,5% para ca-

da grau acima dos 14 graus das uvas brancas, 15 graus para variedades americanas e a partir de 16 graus para as viníferas. Da mesma forma, serão aplicados deságios em igual proporção. Já para o próximo ano, o ágio passa para 10%. O novo cálculo oferece, segundo a Conab, melhor remuneração em troca de mais qualidade, objetivo maior da mudança. O preço mínimo da uva, aprovado recentemente pelo CMN - Conselho Monetário Nacional, é o mesmo da safra anterior, de R$ 0,57 o quilo.

Chá

Bebida quer virar commodity e parar na Bolsa

U

m grupo que reúne as maiores empresas produtoras do mundo lançou o projeto “Chá 2030” (Tea 2030, em inglês) com

o propósito de transformar a bebida em commodity – atualmente, a comercialização é feita através de leilões e vendas privadas. Infusão de folhas processadas de Camellia sinensis (chás verde, preto, branco e Oolong), é a segunda bebida mais consumida do mundo depois da água e é cultivado em 35 países. Segundo cientistas, protege o organismo humano contra diversos ti-

pos de câncer e doenças cardiovasculares devido à presença de polifenóis denominados catequinas, que são oxidadas enzimaticamente durante o processamento das folhas. A produção mundial tem aumentado mais do que o consumo, provocando redução do preço.. No Brasil, a cultura se concentra no Vale do Ribeira (SP) e quase toda a produção é destinada à exportação.

Javali

Plantações ameaçadas em todo o país

O

Instituto Agronômico de Campinas publicou no final do ano passado, on-line, um texto (Documentos IAC 110) com relatos de ataques de várias espécies de animais silvestres, como capivara (Hydrochoerus hydrochoeris), javali (Sus scroffa), lebre-européia ou lebrão (Lepus europaeus), maritaca (Aratinga leucophthalma) e pomba-amargosa (Zenaida auriculata) a propriedades rurais, causando prejuízos e inviabilizando a produção em lavouras de cereais, frutíferas, hortaliças e de leguminosas no estado

de São Paulo, particularmente nos últimos cinco anos. A consulta ao documento pode ser feita através do site www.iac.sp.gov.br/publicacoes/publicacoes_online/pdf/Documentos%20 IAC%20110.pdf. Muitos desses animais não pertencem à fauna brasileira, mas são protegidos por lei ambiental e sua caça é proibida. Alguns métodos alternativos de controle, tais como a instalação de cercas elétricas ou teladas ao redor das áreas cultivadas nem sempre são eficazes, mas

o custo é invariavelmente alto e nem todos podem pagar por elas. O problema afeta agricultores em várias regiões do país. Eles pedem providências urgentes.


Capa

Termômetro de tecnologia Para as empresas do agronegóçio, começa a safra de lançamentos e para os produtores rurais, a época de análise e compra de novas tecnologias. Glauco Menegheti

18 | Agro DBO - fevereiro/2013


Vista do parque de Exposições da Coopavel (acima), palco de lançamentos de máquinas de ponta, como a colheitadeira da foto ao lado.

O

Show Rural Coopavel, como a primeira das quatro maiores feiras agropecuárias do ano no Brasil, dita as tendências em tecnologias e desempenho de vendas do setor. Em 2013 não será diferente. A mostra acontece bafejada pelo otimismo, embora o início da safra da soja temha sido marcado por problemas climáticos e pragas. Ao que tudo indica, o Brasil terá uma safra cheia – a Conab projeta uma produção recorde de 180,41 milhões de toneladas – e o preço das commodities agrícolas continua aquecido, ainda que as cotações da soja e do milho recuem sob o calor da safra. Não é por menos que a previsão de vendas na 25ª edição da feira, que ocorre em Cascavel (PR), de 4 a 8 deste mês de fevereiro, seja de R$ 1 bilhão, o que, ao se confirmar, representará incremento de 25% em relação à edição passada. Desta vez, a mostra deverá contar com 430 expositores de máquinas, implementos agrícolas, insumos, serviços e pesquisa, como biotecnologia e genética. De acordo com o presidente da Coopavel Cooperativa Agroindustrial, com sede em Cascavel, Dilvo Grolli, a essência do evento não são as vendas, mas a tecnologia apresentada e a possibilidade do agricultor se atualizar. “O Show Rural Coopavel é uma vitrine para o produtor rural, pois durante a feira ele tem uma visão global da tecnologia que é oferecida pelas empresas expositoras e assim consegue implantar em sua propriedade”, sustenta Grolli. Material é que não vai faltar. Estarão à mostra no evento 53 modelos de colheitadeiras, 195 de tratores, 232 de plantadeiras, 116 de pulverizadores, 945 modelos de implementos agrícolas e muitos outros equipamentos. Em termos de tecnologia, de acordo com o consultor em maquinário agrícola, Arno Dallmeyer, esta deverá ser a primeira vez que a agricultura de precisão virá como série de fábrica em plantadeiras. “Nesta edifevereiro/2013 - Agro DBO | 19


Capa Dos 430 expositores com espaço reservado na feira, 280 são representantes de empresas de máquinas e implementos agrícolas

ção do Show Rural Coopavel, pela primeira vez no Brasil, veremos mais empresas de implementos nacionais adotando a tecnologia de taxa variável”, diz Dallmeyer. Outra questão que deverá encher os olhos dos produtores são os tratores acima de 500 cv, o que representa o dobro da potência que os maquinários disponibilizados no país exibiam até 2012. “Isso significa um avanço tecnológico. Muda totalmente o sistema de mecanização agrícola no Brasil.” O detalhe é que ainda não existem no país implementos para trabalhar com esses equipamentos de peso, tais como escarificadores e subsoladores. “O pessoal está utilizando grade, o que é uma pena, pois danifica o solo”, lamenta Dallmeyer. Em plantadeiras, o máximo que se encontra hoje no mercado é de 15 a 20 metros, com 45 a 50 linhas, ao passo que um trator de 500 cv

20 | Agro DBO - fevereiro/2013

Montana Solis 20, com motor de 3 cilindros, para pequenos e grandes produtores

Pulverizador Patriot 250, da Case IH, desenhada para atender terrenos irregulares.

comporta tracionar semeadora de 40 metros, com 80 a 90 linhas. Mas esse gap deve durar por pouco tempo. O especialista considera que já em 2013, na Agrishow de Ribeirão, haverá equipamento compatível com esses gigantes que começam a trabalhar em fronteiras agrícolas como as de Mato Grosso, oeste da Bahia, Maranhão e Paiuí, para propriedades acima de 5 mil hectares. “Um trator de tal porte tem capacidade para operar de 50 a 100 hectares por dia.” O mesmo fenômeno do gigantismo ocorre com as colheitadeiras, ainda limitado pela parte hidráulica do equipamento e estabilidade. De acordo com Dalmayer, colheitadeiras de classes maiores têm mais “estômago” e, com isso, plataformas maiores e mais pesadas. Com isso, o centro de gravidade do maquinário é projetado para frente, com risco de capotagem em frenagens ou declives. “O problema da gravidade longitudinal é solucionado com plataformas mais leves, tais como no caso da tecnologia draper, utilizada na colheita de soja”, diz o especialista. Esse problema tem dois caminhos de solução: um deles é baixar o centro de gravidade das máquinas, o que é uma questão de projeto; a outra é reduzir o tamanho do depósito graneleiro, o que o produtor e os operadores não querem, porque aumenta o número de paradas para descarregar os grãos. Nas plataformas de soja, a tecnologia draper resolve o problema por ser mais leve que o caracol metálico. Já para as plataformas de milho não existe uma tecnologia disponível até o momento, estando limitado a 12 linhas. Nesse caso, o efeito do deslocamento gravitacional para a frente é ampliado em função dos bicos. É possível no futuro que haja materiais plásticos, como o polímero, que substituam as carenagens dos bicos e das laterais.


“De qualquer forma, esse gargalo não está na mão do produtor para resolver, mas de engenharia das indústrias”, pondera o pesquisador. Novidades em maquinário Dos 430 expositores, 280 correspondem a empresas de maquinário e implementos agrícolas. Embora no início do ano seja uma espécie de limbo para o agricultor e, por tabela, para a indústria que gravita em torno dele, uma vez que muitas variáveis estejam indefinidas, tais como o clima, o Plano Safra, e os preços de commodities, algumas empresas trazem novidades exclusivas para lançar no Show Rural Coopavel. A reportagem da Agro DBO foi atrás de mais de uma dezena de empresas para saber quais serão os principais destaques. A fábrica paranaense Montana traz como lançamento ao Show Rural o trator Montana Solis 20. O novo modelo da linha Montana Solis, considerado o trator multiuso da Montana, é apresentado na versão 20 cavalos de potência, com motor de 3 cilindros, bloqueio no diferencial, tração 4x4, e bitola máxima de 90 cm. Para o gerente de produto da Montana, Ederson Francisquini, trata-se de um equipamento de pequeno porte, mas que vai atender às necessidades do pequeno ao grande produtor rural. “O Montana Solis 20 é um trator compacto que traz vantagens para o produtor que precisa trabalhar em pequenos espaços e em diferentes cultivos, facilitando a vida e trazendo benefícios ao bolso”, comenta ele. De acordo com o gerente de marketing, Giancarlo Fasolin, a vantagem do trator está na relação custo-benefício. “O equipamento não tem competidor na sua faixa de potencia. Vai competir com uma tobata, na qual o operador precisa ficar em pé”, destaca ele. Além das cinco linhas de pulverizadores (auto-propelidos, acoplados, arrasto, barras e canhão), a Montana participa do Show Rural Coopavel com equipamentos para

Pulverizadores autopropelidos Uniport, da Jacto, com nova carenagem na cabine e farois, e design diferenciado.

agricultura de precisão e colheitadeira de algodão e tratores. A Case IH traz ao Show Rural Coopavel o novo pulverizador Patriot 250, produzido na fábrica da Case IH em Piracicaba (SP). O novo produto é de uma classe menor em relação ao equipamento já comercializado pela marca (Patriot 350). Ideal para pequenos e médios produtores, o Patriot 250 possui um motor Case IH FPT, localizado na parte traseira da máquina, uma nova cabine na parte frontal e o tanque do produto com 2500 litros centralizado, garantindo melhor distribuição do peso e o melhor arranque com suspensão ativa. Para Alberto Maza, especialista de marketing de produto da Case, um dos grandes diferenciais do pulverizador é seu design inovador. “A máquina tem um desenho feito para atender terrenos irregulares. Além disso, o Patriot 250 é flexível e simples em sua operação e já chega com toda tecnologia direto de fábrica”, destaca Alberto. A Case IH apresenta na Coopavel do plantio à colheita, com tratores em todas as faixas de potência de 60 cv a 550 cv, plantadeiras de 11 a 40 linhas, pulverizado-

Mais caldinho no feijão O Iapar – Instituto Agronômico do Paraná deve ampliar, na safra 2012/13, a influência que suas cultivares têm nas lavouras de feijão do Paraná com o lançamento, no Show Rural Coopavel, da variedade Andorinha. Segundo o diretor de Inovação e Transferência de Tecnologia do instituto, Adelar Motter, a parceria fechada com a Coopavel, que pretende lançar neste ano marca própria de feijão no varejo paranaense, vai contribuir para a ampliação do market share do Iapar no mercado de sementes do Paraná. O mercado é promissor: “Cerca de 80% dos municípios em que a cooperativa atua há produção de feijão.” Um dos benefícios da cultivar é a precocidade. Em 70 dias já está em ponto de colheita, o que permite inserir a cultura em

propriedades que já produzem soja e milho. Nesta safra, segundo Motter, os sementeiros receberão a semente básica da variedade Andorinha para a primeira multiplicação. A expectativa é ter material fiscalizado para disponibilizar ao mercado. Neste caso, um ponto importante é que a nova variedade pode ser colhida com apenas 65 dias quando plantada em regiões de clima quente, e com 82 dias em condições de temperatura amena, o que equivale a uma média de 73 dias, tempo suficiente para ajudar a reduzir os riscos climáticas. Além do feijão, o Iapar traz à mostra técnicas para conservação do solo; cultivares de batata, café, mandioca, arroz e forrageiras, além de espécies frutíferas, sistemas agroflorestais e agroecologia.

fevereiro/2013 - Agro DBO | 21


Capa

res autopropelidos de 3500 e 2500 litros, além da linha de colheitadeiras Axiais. Paralelamente ao lançamento de produtos, a empresa está preocupada com a assistência técnica e vem abrindo concessionárias no interior do país. Entre 2011 e 2012, a marca inaugurou 37 lojas, fechando 2012 com o número de 100 distribuidores por todo o Brasil. Para 2013 está programada a abertura de mais 14 novas concessionárias com profissionais treinados pela marca. A New Holland apresenta no Show Rural Coopavel a maior e a menor das colheitadeiras com sistema de duplo rotor do mercado brasileiro. A CR 9090 é um equipamento da classe 9 importado da Bélgica. De acordo com o diretor de Marketing da New Holland para a América Latina, Carlos Darce, o mercado consumidor desse gigante são os proprietários de grandes extensões de terra no Centro-Oeste e Nordeste, incluindo oeste da Bahia, Piauí e Maranhão. Além disso, a colhedeira vem equipada com uma cabine confortável, controles hidráulicos, sensor de umidade e de produtividade, além de agricultura de precisão de fábrica. Segundo o executivo, o duplo rotor permite perdas menores de produção colhendo mais rápido. Sua potência de 530

22 | Agro DBO - fevereiro/2013

Plantadeira Marathon, lancamento da Kuhn após cinco anos de de pesquisa e testes em cinco países.

Plantadeira Baldan, modelo SP Grafic Total, com sistema independente de adubo e semente, construído em forma de pantógrafo.

cv suporta plataforma de até 45 pés. A CR 9090 é equipada com todos os equipamentos de agricultura de precisão, monitor de piloto automático, maior cabine da categoria, com frigobar integrado, transmissor variável do elevador de palha, exclusivo sistema IntelliCruise, capacidade de descarga de 126L/s e tier 4. Vislumbrando um mercado crescente de médios e pequenos produtores que procuram mais tecnologia, a New Holland lançará no mercado doméstico, a partir do Show Rural Coopavel, a CR5080 – menor máquina com sistema de duplo rotor do mercado, que deve atender bem os produtores de grãos. A colheitadeira possui tanque graneleiro de 7,050 litros e, nas condições ideais, a máquina opera com plataformas de 20 a 25 pés. “É um equipamento que serve de porta de entrada para os produtores que possuem áreas menores e querem deixar de utilizar o sistema convencional de debulha e aderir ao duplo rotor”, afirma Darce. A empresa também apresenta o pulverizador autopropelido SP2500 para atender à uma demanda dos clientes: pulverizar culturas diferentes em qualquer tipo de solo, com qualidade e estabilidade de barra. Também com fabricação brasileira, a máquina possui motor eletrônico, transmissão hidrostática, piloto automático, controlador IntelliView IV, banco de instrutor, vão-livre de 1,65m, bloco óptico que permite perfeita aplicação noturna, distribuição de peso 50x50, barra de 24m ou 27m. Segundo Darce, o equipamento vem com opção com injeção direta. Novos padrões No ano em que completa 65 anos, a Jacto, indústria paulista, padroniza a sua linha de pulverizadores autopropelidos em 2013 e a apresenta no Show Rural Coopavel. Se antes a empresa esperava o Agrishow para fazer os lançamentos do ano, considerada a mostra mais importante da América Latina, passou também a trazer novidades para o Show Rural. “A


As empresas vem investindo em equipamentos e serviços para atender o mercado crescente de pequenos e médios produtores feira ganhou importância nacional e é a primeira grande do ano”, explica Robson Zófoli, diretor comercial da Jacto. Para a edição de 2013, a Jacto apresenta os modelos de pulverizadores autopropelidos Uniport 2000 Plus e Uniport 2500 Star, que passam a contar com uma nova carenagem na cabine e faróis, com design diferenciado para esta edição do Show Rural, mais modernos e em sintonia com a aparência do Uniport . “As mudanças, sobretudo de ordem estética e visual, visam oferecer aos equipamentos da linha uma nova roupagem externa, mais moderna e padronizada, facilitando não só a produção das peças em série, mas com maior eficiência na disponibilidade de peças de reposição para os produtos da linha”, explica Zófoli. Dessa forma, não é preciso ter peças no estoque diferentes para cada modelo. “Além do novo padrão visual, os dois modelos passam a oferecer a escada hidráulica, mais uma melhoria durante a operação”, completa Zófoli. Já em relação ao Uniport, lançado no ano passado, a versão 2013 ganhou câmeras de ré, proporcionando mais facilidade na locomoção, sobretudo nas manobras executadas para estacionar o equipamento. O pulverizador possui tanque de 3 mil litros, barras de pulverização de 32 metros e autonomia de 600 a 700 hectares por dia.

Fertiliza 12000, da Baldan, utilizada na distribuição de corretivos de solos e adubos.

Novidade, também, no Show Rural será o lançamento de sistema de barra de luz, tornando disponível e acessível essa tecnologia ao pulverizador puxado por trator. O Otmis LB 550 substitui os marcadores de linha mecânicos ou por espuma. “O equipamento utiliza GPS para evitar faixas sem pulverização, melhorando a qualidade e eficiência de pulverização”, explica Zófoli. A Baldan criou um conceito em plantadeira, que une o desenvolvimento da engenharia com a necessi-

Embrapa Quando se fala na participação da Embrapa em feiras agropecuárias pode-se esperar muita tecnologia. Na 25ª edição do Show Rural Coopavel serão 22 unidades de pesquisa apresentando novidades e tecnologias já consolidadas. Cultivares de soja, feijão, milho, milheto; tecnologias para manejo de pastagem; coletor solar para desinfetar misturas de solo para quem trabalha com mudas em sacos plásticos; variedades de mandioca, uva, morango, pêssego, banana; implantação de cisternas para captação de água da chuva, bem-estar de suínos no pré-abate, são algumas das tecnologias que estarão sendo apresentas em Cascavel. “Essa é a oportunidade de estreitarmos relações com os produtores”, diz a pesquisadora da Embrapa Soja, unidade responsável pelo estande da Embrapa no Show Rural, Divania de Lima. O interesse maior, salienta a pesquisadora, recai sobre as variedades de soja e milho. Mesmo assim, os visitantes do estande poderão conhecer várias outras tecnologias. Produtores de trigo poderão conhecer o novo programa para rastreabilidade digital do cereal. O e-rastrear é utilizado para identificar a pro-

cedência de produtos e disponibilizar as informações sobre a qualidade e o manejo adotado na produção. O programa tem como principais objetivos a produção de alimentos seguros e com qualidade, a organização de informações, a segregação de produtos com características diferenciadas, a promoção da confiança de consumidores, o atendimento a requisitos de programas de controle de qualidade e a certificação. É uma tecnologia disponível para produtores, cooperativas, moinhos e indústrias de alimentos. Uma das novidades da Embrapa para quem trabalha com viveiros é o coletor solar para desinfecção de misturas de solos, estercos e adubos, que será apresentado na Unidade Didática de Agroecologia. O equipamento, desenvolvido pela Embrapa Meio Ambiente, utiliza a energia solar para eliminar fungos patogênicos, bactérias e sementes de plantas daninhas dos substratos que serão usados para o plantio de mudas em recipientes como sacos plásticos, vasos ou bandejas. Um tecnologia extremamente simples, barata e que pode ser construída pelo próprio usuário.

fevereiro/2013 - Agro DBO |23


Capa De acordo com os promotores, a essência da feira não são as vendas, mas a oportunidade de o produtor rural se atualizar.

Novidades em aplicativos móveis Além da linha de tratores, colheitadeiras e implementos, a Massey Ferguson apresenta no Show Rural Coopavel o sistema de telemetria AGCOMMAND. Nesta edição do Show Rural Coopavel o sistema chega às plataformas IOS dos dispositivos móveis paranaenses. O aplicativo móvel, desenvolvido para produtores agrícolas que já utilizam, ou desejam adquirir sistemas de gerenciamento de telemetria AGCOMMAND, melhora o acompanhamento do desempenho das máquinas em campo, agilizando e facilitando trabalhos de manutenção preventiva, evitando assim perdas de produtividade no campo. O download do aplicativo poderá ser feito gratuitamente por portadores de iPhones/iPads que tenham adquirido ou não o sistema de telemetria. O aplicativo oferecerá uma versão demonstrativa para os empresários que desejam conhecer o sistema e sua efetividade nas lavouras. Todas as informações para acompanhar a eficiência da máquina podem ser visualizadas por meio do aplicativo, inclusive remotamente. Além de monitorar a máquina, o sistema permite a geração de relatórios que podem identificar, quantificar e endereçar problemas de logística e operação. O programa ainda possibilita determinar parâmetros de operação e ajustar alertas por mensagem em celular caso o equipamento trabalhe fora dos padrões estabelecidos.

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Caminhão 8700, da Agrale, ideal, segundo a empresa, para a utilização no escoamento da produção agricola e serviços rurais.

dade do agricultor: a SP Grafic Total, capaz de semear vários tipos de culturas em diversas condições e espaçamentos. O implemento conta com sistema independente de adubo e semente construído na forma de pantógrafo, o que permite acompanhar a desuniformidade do terreno. Com isso, a semente e o adubo fiquem depositados onde o cliente desejar sem sofrer interferência. Segundo o coordenador de marketing da Baldan, Adilson Doniseti Batista, o equipamento pode ser fornecido com sistema de distribuição de semente a ar (pneumático). O implemento será apresentado oficialmente no Show Rural Coopavel e percorrerá todas as feiras agrícolas do país. Outra novidade da Baldan para 2013 é a Fertiliza 9000, utilizada na distribuição de corretivos de solos e adubos. O equipamento já sai de fábrica pronto para receber equipamentos de agricultura de precisão nas versões 9000, cuja capacidade de carga é de 6 metros cúbicos (m3). Já a versão 12000 comporta 8 m3, sendo este o maior modelo da categoria. A plantadeira Marathon é um lançamento da Kuhn após cinco anos de pesquisa e testes em cinco países, sendo eles Ucrânia, Cazaquistão, África do Sul, Austrália e Rússia. O implemento foi desenvolvido para trabalhar com alta velocidade, podendo chegar até 12 km/h, segundo a empresa, mantendo a homogeneidade no plantio. Além da velocidade, a plantadeira possui sistema pneumático que mantém a regularidade no plantio da semente por metro linear. Ela pode ser configurada nas versões de 27, 31 e 35 linhas. A plantadeira articulada para o cultivo de grão grosso (milho, soja, algodão, sorgo, girassol, entre


outros) é um equipamento desenvolvido especialmente para trabalhar em áreas de plantio direto, atendendo principalmente as regiões com topografia plana. Trabalha com sistema de distribuição pneumático e transmissões eletro-hidráulicas com cabos, monitoradas via GPS. Com isso, a tecnologia garante a abertura ou a interrupção do fluxo de grãos a cada linha, guiando o trator e permitindo que a regulagem de quantidade de grãos por hectare seja efetuada de dentro da cabine de operação. Na versão mais poderosa, de 35 a 31 linhas, o reservatório comporta capacidade de 4230 litros de calda e 3385 quilos de sementes, proporcionando uma autonomia de até 180 hectares no plantio de milho, garante o responsável por Produto da Kuhn do Brasil, Fábio Souilljee. Os discos de corte do implemento são de 22 polegadas e o sistema de abertura é realizado em 15 segundos, enquanto o fechamento em 20 segundos. Já as rodas e os pneus estão preparados para suportarem cinco toneladas. Suas três turbinas são propulsionadas por motores a óleo com fluxo contínuo. O único cilindro hidráulico individual é o do cabeçalho, onde o fluxo do óleo não passa pelo bloco, portanto, não necessita de fluxo contínuo. Para facilitar o acoplamento hidráulico entre o trator e a máquina utiliza-se um sistema exclusivo de engate rápido com bloco, não permitindo a inversão dos comandos. A Kuhn traz também uma nova semeadora para o Show Rural Coopavel, a NEO, com 13 e 17 linhas. O produto é feito para grãos finos, como o arroz e o trigo. Desenvolvida e fabricada na unidade brasileira da empresa, o novo equipamento tem alta tecnologia embarcada e será integrante do portfólio mundial da companhia. O implemento ganha com produtividade de trabalho devido ao design do reservatório de metal para adubo e semente. Com a divisória móvel, é o produtor que decide quanto quer de semente e de adubo, não a máquina. Não sobra adubo na caixa, pois há fluxo contínuo. Segundo Serro, pode-se ajustar a capacidade da semente e adubo conforme a dosagem. “Isso reduz o número de paradas devido a sincronia no esvaziamento dos reservatórios. Mantém o fluxo contínuo na descida da semente e adubo, evitando o acumulo no fundo do reservatório”, garante o engenheiro. A NEO não utiliza recâmbio de engrenagens manual. O acerto é “Just in time”, ou seja, o operador apenas precisar regular a dosagem por meio de uma manopla na caixa variadora, sendo uma regulagem limpa. Essa tecnologia evita a perda de tempo na regulagem anterior ao início do plantio, além de permitir uma amplitude maior de dosagem: variando de 0,5 quilo a 1.000 quilos de semente e adubo por hectare. Com o Distribuidor Flex é possível plantar com qualquer adubo e dosar sementes miúdas, como pastagem, tudo no mesmo distribuidor. Esse novo sis-

Adubadeira NEO, da Kuhn, configurada para vários tipos de culturas e solos.

tema é uma criação mundial desenvolvida pela Engenharia do Grupo Kuhn. Outra característica desta máquina é o sistema de regulagem estática, gerando conforto e segurança para regular a máquina parada, diminuindo a perda de tempo e maximizando a tarefa do plantio. A NEO pode ser configurada com linhas pantográfica e pneus estreitos para o cultivo do trigo e da canola, por exemplo, ou com linhas pivotadas e pneus largos para ser empregada na cultura do arroz. Escoamento da produção Embora os tratores sejam os carros-chefe da Agrale no segmento agrícola, a indústria de Caxias do Sul apresenta como novidades os caminhões 8700, 10000 e 14000 com tecnologia Euro V. Segundo o diretor de vendas da empresa, Flávio Alberto Crosa, robustez e economia com alta performance são características que se destacam nos caminhões Agrale. “São ideais para a utilização no escoamento da produção agrícola e em serviços rurais.” O painel de instrumentos dos caminhões conta com computador de bordo que fornece importantes informações para o motorista, como consumo instantâneo, médio e por 100 km, além de autonomia e nível de combustível no tanque. Outras novidades são os faróis, lanternas e luzes de direção em LED, vidros e espelhos com acionamento elétrico, novo sistema de ar-condicionado e o exclusivo Daytime Running Light, dispositivo de acendimento automático dos faróis mesmo durante o dia. A linha de caminhões Agrale Euro V possui motor com PBT entre 8.700 kg e 22.000 kg. fevereiro/2013 - Agro DBO | 25


Artigo

Demandas que a fartura produz Nosso colunista alerta: sem investimentos em infraestrutura, grande parte da riquezas colhidas no campo serão perdidas na estrada. Rogério Arioli Silva *

T

ornou-se costumeiro o anúncio de safras recordes que, ano após ano, são festejadas pelos governos como exemplo de robustez e potencialidade nacionais. A se confirmarem as projeções da Conab, o Brasil ultrapassará as 180 milhões de toneladas na safra atual, superando em 8,6% a de 2011/12. Uma rápida análise da evolução na área plantada, produção e produtividade de apenas duas culturas, soja e milho, demonstra haver clara evidência do potencial que ainda hiberna em muitas regiões do país. Existindo mercado e preços remuneradores, as notícias de grandes safras certamente continuarão fazendo parte da rotina, consolidando a tecnologia tropi-

nos últimos anos disseminou-se por todas as regiões produtoras. O milho, por outro lado, obteve grande parte de seu crescimento creditado ao cultivo da segunda safra na região centro-oeste do país. Saiu de de 13,23 milhões de hectares na safra de 2002/03 para 14,76 milhões no atual ciclo (aumento de 11,6%). A produção, por sua vez, cresceu 51,73% saindo de 47,41 (safra 2002/03) para 71,94 milhões de toneladas (estimativa para 2012/13). Este aumento reflete ganho de produtividade superior a 35% em apenas uma década, passando de 3.585 kg/ha para 4.873 kg/ha, apesar de estar muito aquém dos rendimentos das lavouras norte-americanas (em torno de 10.500 kg/ha).

Enquanto a produção brasileira de grãos aumenta o chamado custo Brasil, que deveria cair, sobe.

* O autor é engenheiro agrônomo e produtor rural em Mato Grosso

cal brasileira e levando tranquilidade às populações assombradas pelo fantasma da inanição. Segundo a Conab, a soja, na safra de 2002/03, ocupava área de 18,47 milhões de hectares e atingiu neste ciclo 27,24 milhões de hectares, o que significa um crescimento de 47,5%. Melhor do que isso, apenas o aumento de produção, que passou de 52 para 82,6 milhões de toneladas, perfazendo um incremento de 58,9% no mesmo período (uma década). Observa-se, portanto, ganhos significativos de produtividade, apesar do aparecimento da ferrugem asiática, doença que

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Analisando estes dois importantes grãos (soja e milho) observa-se que, na última década, houve um incremento de aproximadamente 60 milhões de toneladas. A produção, cada vez maior, passa pelas mesmas estradas e mesmos portos de uma década atrás. Este fato e seus desdobramentos econômicos atingem de maneira cruel os produtores rurais brasileiros, abocanhando grande parte da renda que poderia ser utilizada para incrementar ainda mais o volume produzido. Atualmente, a saca de milho encontra-se cotada em R$ 33 no porto de Paranaguá e em R$ 17 na região

norte do Mato Grosso. Esta diferença de quase 100% compromete quem utiliza o cereal para alimentação animal, notadamente os criadores de aves e suínos da região Sul do país, ao mesmo tempo em que afeta a rentabilidade dos produtores de grande parte do Centro-Oeste. Dados divulgados pela Confederação Nacional do Transporte revelam que na última década os portos brasileiros receberam recursos da ordem de R$ 3,1 bilhões, o que foi insuficiente. Nos próximos anos estão previstos pelo governo federal R$ 60,6 bilhões em investimentos portuários – a maioria oriunda da iniciativa privada, o que talvez amenize a defasagem existente. Entretanto, devem andar simultaneamente a estes investimentos questões importantes como o alto custo da mão de obra, a precariedade dos acessos aos portos, além da burocracia e tributação excessivas. Todos estes fatores fazem parte do já conhecido “custo Brasil”, lembrado ciclicamente, cada vez que as safras se tornam mais abundantes. Embora os recordes de safras sejam comemorados por todos, é importante a certeza de que, ao não acontecerem os investimentos necessários em infraestrutura, concomitantemente com o aumento das safras, boa parte desta riqueza brasileira se perderá no meio do caminho, o que lembra aquele sábio pensamento: “Vergonha maior do que não saber administrar a escassez é não saber administrar a fartura”.



Soja

A safra da incerteza

Clima instável e problemas sanitários inesperados, como a infestação de lagartas da maçã, marcaram o início da safra 2012/13. Marianna Peres

O

ano de 2012 ainda nem tinha virado, mas alguns agricultores de Mato Grosso já estavam com os dois pés em 2013. Em plena semana do Natal, iniciaram a colheita da nova safra brasileira de soja. Em pouco mais de 90 dias – o que se pode chamar de um investimento de curtíssimo prazo –, os mato-grossenses plantaram e começaram a colher, mantendo a pole position da sojicultora do hemisfério sul. No entanto, a euforia da largada durou pouco. A irregularidade do clima impôs aos produtores uma nova dinâmica de trabalho, adaptada às condições da ocasião. Afinal, não cho-

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veu o quanto e quando deveria lá atrás e agora, no início da colheita, as chuvas vieram travestidas de invernadas, com água constante e vários dias seguidos de tempo nublado, deixando todo mundo preocupado com a possibilidade de quebra decorrente do ataque de pragas e doenças e perdas na qualidade do grão. Até o dia 17 de janeiro, todas as regiões produtoras de Mato Grosso, com exceção da nordeste, colocaram as máquinas em campo, colhendo 2,8% da área prevista para o atual ciclo, de 7,89 milhões de hectares. Mesmo 11,6% maior do que a área anterior, o ritmo seguiu a pegada de 2012. As mais adian-

tadas eram a médio norte e oeste, responsáveis por mais de 51% da produção mato-grossense de soja: 39,24% e 13,79% respectivamente. O produtor Fernando Pozzobon, com propriedades em Sorriso, Ipiranga do Norte e Vera, no médio-norte do estado, foi um dos primeiros a acionar as colheitadeiras, no dia 26 de dezembro. Colheu soja superprecoce enquanto o clima permitiu, e plantou o que deu de milho e algodão como opções de segunda safra. Ele não revelou a área plantada, mas registrou média de 47 a 50 sacas por hectare, volume satisfatório, em sua opinião, em se tratando de variedades mais precoces, que devido ao ciclo mais


curto e maior sensibilidade aos fatores externos, rendem um pouco menos em relação às variedades mais tardias. Mesmo com a média dentro das perspectivas, Pozzobon estava apreensivo até meados de janeiro. Ficou mais de uma semana sem poder entrar na lavoura, seja para colher, aplicar químicos no combate às pragas e doenças, ou para plantar a segunda safra. Do dia 10 ao dia 18, ficou literalmente de braços cruzados, com um olho no céu, à espera de uma trégua de São Pedro, e o outro na soja, que via brotar da própria vagem. As lavouras dessecadas, no ponto de colheita e que ficam por cerca de quatro a cinco dias sob umidade e ou chuvas, costumam rebrotar na vagem que carrega os grãos. Como dizem os produtores, brotando no pé. No cronograma do produtor, nesta semana em que esteve parado, era para ter atingido 10% da área colhida, o que consequentemente, garantiria janelas de plantio mais firmes a sua segunda safra. “A cada dia sob chuvas in-

cessantes a deterioração dos grãos que estão no ponto de colheita aumenta. O grau de ardidos cresce, a depreciação na hora de entregar o grão amplia as perdas que podem ser significativas na hora de fechar o real custo de produção, receita versus despesas”. Dentro de um escalonamento de plantio e colheita, para que não haja congestionamento e soja passando do ponto de extração, Pozzobon previa concluir os trabalhos em meados de março, já que deu início ao plantio em 23 de setembro do ano passado. “Mas com as invernadas que registramos neste ano, é o clima quem vai ditar o ritmo dos trabalhos no campo”. No começo da safra, a maior preocupação do produtor é com a qualidade da soja que ele terá em mãos, já que a umidade e a possível explosão da ferrugem asiática – que encontra nas chuvas as condições ideais de disseminação – podem comprometer o peso e as características do grão. Em relação ao atraso no cultivo do milho segunda safra, Pozzobon diz que ainda está dentro da janela. O melhor período para o plantio do cereal, no estado, vai até meados de fevereiro. Janela no céu Elso Pozzobon, tio de Fernando, que também tem propriedade em Sorriso, município com a maior área plantada de soja do mundo, com 600 mil hectares, conta que em oito dias seguidos não teve uma hora de sol sobre suas lavouras. Ficou até o dia 15 de janeiro esperando “uma janela no céu” para colher os 120 hectares que estavam prontos para as máquinas, correndo o risco de apodrecer, caso os trabalhos fossem adiados mais uma vez. Elso, assim como Fernando, ampliou área, seja por meio de arrendamentos ou conversão de pastagens e incorpora-

ção de superfícies antes destinadas ao arroz. “Temos um cronograma para cumprir e quando o tempo fecha e atrasa os trabalhos, corremos o risco de ter uma colheita estrangulada e, em casos mais graves, deixar de fazer a segunda safra como o planejado”. Elso cultivou 3,8 mil hectares, ante 3,2 mil da safra passada. A área mais antiga tem históricos de produtividade em 60 sacas e as porções mais novas, migradas da pastagem, têm expectativa de 45 a 47 sacas. “Esse período chuvoso sempre faz o produtor de Mato Grosso refém, mas, em geral, temos chuvas distribuídas de dezembro a março. Em dezembro, houve veranicos e agora parece que está chovendo tudo que esteve represado”. Em Sapezal, onde foram semeados os primeiros hectares da nova soja brasileira, o agricultor Claudio Schechelli ficou parado até o dia 18 de janeiro, de olho nas nuvens sobre sua propriedade, a fazenda Nossa Senhora Aparecida. Segundo seu planejamento, cerca de mil hectares, dos 13 mil cultivados com soja, deveriam ter dado lugar ao milho safrinha. Ele lembra que as invernadas não apenas impedem a colheita da oleaginosa e o cultivo do milho e algodão segunda safra, mas também o mane-

Entre outros problemas, Fernando Pozzobom viu botar soja na própria vagem, em alguns talhões de sua lavoura.

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Soja Houve inúmeros registros de ataque de lagartas e insetos típicos da sojicultura, mas também migrados do algodão e do milho.

jo das lavouras, inviabilizando o bom desenvolvimento das variedades de ciclo tardio. “Sob chuva, não podemos aplicar fungicidas ou inseticidas porque a água vai lavar a planta e, literalmente, levar tudo pelo ralo. Se não tratamos, ficamos mais vulneráveis, justamente num momento extremamente favorável à ferrugem asiática. Com o tempo nublado, as plantas não fazem a fotossíntese, e tudo isso leva à perda de produtividade. Se a planta está em desenvolvimento, as chuvas ajudam, mas o tempo encoberto, não. Se a lavoura foi dessecada, a umidadee as águas levam o grão à

perda de qualidade e, logicamente, de valor”. Em Campo Novo do Parecis (396 quilômetros ao norte de Cuiabá), a constância das chuvas também deixou o produtor Alex Utida de braços cruzados do dia 11 ao dia 17 do mês passado. Como seus colegas, não colheu, não pôde plantar a segunda safra e tãopouco tratar a lavoura. “O que me preocupa é que com casos da ferrugem asiática confirmados, as invernadas estão retendo as pulverizações e a má distribuição das chuvas vem de fato tirando o sono de qualquer um”. Ele frisa que os Wanderlei Dias Guerra

Lavoura em e stágio de desenvolvimento. A ferrugem não explodiu quando as plantas emergiram, como se temia, mas pode impactar a colheita, dependendo do clima vigente.

Técnicos da Fundação MT, em vistoria às lavouras de soja, grande parte das quais afetadas por pragas e doenças.

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primeiros hectares colhidos, tanto em Campo Novo como em Sapezal, revelam uma safra precoce de rendimento ruim. “A precoce se colhe com 90 dias, algo muito curto, mas elas são extremamente sensíveis ao clima. Temos médias de 50 sacas e estamos colhendo cerca de 40”. Utida classifica esta safra como a do ciclo das disparidades. Choveu para uns e para outros, não. Quem precisou de chuvas no início do plantio não teve, e agora que não precisa, está sendo prejudicado pelas precipitações. “É uma safra do contra e marcada pela severidade do ataque das lagartas!”, exclama. E essas realidades diferentes, como frisa, não permitem traçar qualquer estimativa do que será a safra mato-grossense. “Aquela explosão de ferrugem anunciada para lavouras em estádios R1, por exemplo – devido à alta população de soja guaxa com o fungo da doença viável, mesmo durante os 90 dias de entressafra – não aconteceu, mas o clima está permitindo que a explosão venha a ocorrer doravante e por não estar descartada, é que não podemos ter ideia do que será de fato esta safra”. Ele destaca que onde não choveu, houve registros do ataque de lagartas, insetos próprios da sojicultora, como


também migrados do algodão e do milho. “Isso nos impressionou muito. Onde a praga proliferou, o ataque foi severo. Como elas não gostam de chuvas, quem teve esta praga corre o risco de ter ferrugem porque não consegue pulverizar fungicida e todos esses problemas vão impactar o peso, a qualidade e o retorno financeiro do grão”. Utida cultivou 6,1 mil hectares de soja, sendo um quarto com precoce, metade com variedades de ciclo médio e o quarto restante com soja mais tardia. A expectativa é a de encerrar os trabalhos até o dia 10 de março. Ano atípico Em Nova Mutum, a 269 quilômetros de Cuiabá, a situação era a mesma para o produtor Alfredo Horn. Proprietário da fazenda Dois Irmãos, Horn pode ser considerado pequeno produtor para os padrões superlativos de Mato Grosso. Plantou 400 hectares, mas convive com os mesmos problemas dos mega grupos e grandes sojicultores: a falta de chuva no plantio e o excesso que ameaça a colheita. Gaúcho de Cruz Alta, Horn chegou ao estado em 1978 e lembra que em 1990 bateu seu recorde de

Água empoçada entre área de soja tardia, em primeiro plano, e pronta para a colheita, ao fundo. Como disse o produtor Alex Utida, “esta é a safra das disparidades: choveu para uns e para outros, não”.

produtividade (69 sacas), numa época em que a sojicultora caminhava para a profissionalização. “Naquela época, não tínhamos a tecnologia embutida nas sementes e nas práticas de manejo, mas também não tínhamos preocupação com a ferrugem ou pragas. A ferrugem chegou mais de uma década depois ao estado. Era plantar e colher”, lembra. No ano passado, ele obteve média de 57 sacas por hectare. Agora, prefere não fazer projeções. “Foi um ano agrícola atípico. Plantei no início de outu-

bro e faltou chuva. Tenho certeza que parte da minha produção vai ter quebra de produtividade, vejo isso como certo, mesmo antes de colher”, afirma. O empresário Elton José Emanuell, coordenador do grupo Bom Jesus, que detém lavouras de milho, soja e algodão, além de uma empresa sementeira e uma beneficiadora de algodão, apresenta um panorama geral das condições da soja no estado neste início de colheita: “Ao sul, a soja vem mostrando bom desempenho com-

O ataque das lagartas O vice-presidente da Aprosoja/MT para o médio-norte do estado, Naildo Lopes, frisa que, há 19 anos na região, foi a primeira vez que viu uma infestação de lagartas no nível ocorrido nesta safra, especialmente da falsa-medideira e da lagarta da maçã. Produtor e agrônomo, ele ficou especialmente preocupado com a migração da lagarta da maçã – do algodão para a soja. O pesquisador e gestor da Fundação MT, Fabiano Siqueri afirma que se trata de uma adaptação natural. “Na falta de milho, por exemplo, uma praga típica do cereal pode infestar a soja e, embora seja a mesma praga, em plantas diferentes a dinâmica muda totalmente. No milho, a lagarta está sempre exposta, o que torna o controle mais fácil. Já na soja, ela fica escondida.

A Fundação MT, segundo ele, está desenvolvendo pesquisas desde que se detectou o problema, fazendo ensaios para adequar as doses de controle. “ Sabemos que, no caso da soja, as doses devem ser maiores em relação ao trato habitual no milho, por exemplo. Estamos fazendo a pesquisa no sentido de trazer a recomendação ao produtor e assim, tornar esse combate mais simples, rápido e eficaz”, diz Siqueri. Em sua opinião,, a adaptação das lagartas é uma consequência da intensidade da agricultura que se pratica no estado. “Consequência do modelo que adotamos, e não do advento dos transgênicos, como vem sendo citado. As pragas que ficam na soqueira do algodão logo encontram a soja e ali seadaptam e vice e versa”.

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Soja Alguns produtores vem usando misturas não recomendadas de moléculas, em sub-doses, na tentativa de controlar as lagartas. médias de 50 sacas e casos de até 57 por hectare. No médio norte, onde a seca foi mais prolongada, a produtividade da superprecoce declinou ante o ano passado em cerca de cinco sacas, passando de 50 a 51 sacas/ha para 45 a 46 sacas. Perspectivas melhores As lavouras mais tardias têm perspectivas melhores e podem recuperar a produtividade, dependendo das condições climáticas. No entanto, esse mesmo clima será determinante para a explosão da ferrugem asiática e, por isso, há atenção redobrada com as plantas de ciclo mais longo. Espero que tenhamos boa janela para as aplicações de agora em diante e com isso obter boa performance”. O grupo Bom Jesus planta no médio norte, na região do Parecis e no sul de Mato Grosso. Foram cultivados nesta safra 130 mil hectares com a oleaginosa, sendo 32 mil apenas com a superprecoce. Ele também ficou surpreso com a severidade do ataque das lagartas, especialmente com a mudança de

hospedeiro, as espécies originalmente comuns no algodão e no milho passaram a atacar a soja. “Acredito que está havendo um desequilíbrio do ambiente, porque umas eram canibais das outras e não estão mais no ambiente, podendo impor uma perda de até 30% nas lavouras. As lagartas comem a ponteira da soja, o que dificulta o crescimento num primeiro momento, e depois, na formação do grão, o destroi. São insetos que acompanham a lavoura do começo ao fim.“ Com essa migração dos insetos de espécies diferentes ,o controle se tornou difícil, feito por tentativas, já que não há uma receita para atacá-los”. O coordenador da Comissão de Defesa Sanitária Vegetal da Superintendência Federal de Agricultura de Mato Grosso, Wanderlei Dias Guerra, lembra que pragas como lagartas, mosca branca e lagartinhas, ocorrem em veranicos – insetos são favorecidos pelos veranicos. Mas existem agravantes que podem piorar a

incidência dos ataques para as próximas safras. Em Campo Novo do Parecis, Guerra constatou que há misturas de diferentes moléculas, feitas por técnicos e até grônomos, em sub-doses, para tentar controlar as lagartas. “Os piretróides têm grande poder de devastação da flora benéfica, o que pode provocar umaresistência séria nesses insetos. As misturas de vários produtos para tentar controlar as lagartas através de portaria ministerial, porque você pode potencializar uma molécula e é possível que nesta mistura se produza uma terceira molécula da qual não se sabe os efeitos sobre o ambiente e o homem. Estamos atentos para essas ocorrências, mas infelizmente, no desespero, os tanques de misturas têm sido realidade no estado”, adverte o coordenador. Ainda em dezembro, uma equipe técnica da Aprosoja percorreu o estado para verificar a incidência de plantas de milho voluntárias, resistentes ao glifosato, em meio às lavouras de

Panorama nacional A empresa Agroconsult revisou para cima as projeções para as safras 2012/13 de soja e milho no país, indicando novos recordes e divulgou seus números no início da segunda quinzena de janeiro. A produção de soja foi ampliada em mais 900 mil toneladas, chegando a 84 milhões de toneladas. A de milho passou para 74,7 milhões de toneladas, com o milho verão alcançando 37,2 milhões de toneladas e o safrinha, 37,5 milhões de toneladas, superando a safra principal. Chuvas regulares que favoreceram muito a cultura do milho durante a fase crítica de desenvolvimento, em sua maior parte, levaram a Agroconsult a revisar as estimativas de produtividade para a região sul do país e São Paulo. No oeste do Paraná, segundo maior produtor de grãos do país, 55% das

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lavouras de soja estavam em maturação e parte delas foi colhida na primeira quinzena de janeiro. No Sul do Mato Grosso do Sul, as chuvas irregulares prejudicaram o desenvolvimento das lavouras super precoces, mas as precoces e tardias apresentavam bom desenvolvimento com previsão de boas produtividades. As lavouras de milho verão de Goiás, Minas Gerais, Bahia, Piauí e Maranhão sofreram com a estiagem. Embora poucas lavouras tenham sido afetadas durante o período de pendoamento, o estresse hídrico prejudicou o desenvolvimento, levantando dúvidas quanto ao potencial produtivo da safra. As estimativas de produtividade nesses estados, que apontavam aumento, foram revisadas e agora indicam estabilidade em relação à safra passada.


soja. Segundo o diretor técnico da instituição, Nery Ribas, esta situação foi constatada em áreas de soja semeadas após a colheita do milho de segunda safra com diferentes híbridos. “Alguns produtores tiveram mais problemas em reboleiras e outros em extensas áreas”. Ele explica que as possíveis causas do aparecimento das plantas voluntárias de milho seriam a mistura vinda na semente e a polinização do milho “não-RR” por híbridos RR cultivados em áreas próximas. No caso, a Aprosoja orienta a utilização, além do glifosato, de uma aplicação de graminicida. Soja sobre soja Dias Guerra registrou na região de Campo Novo do Parecis o cultivo de uma segunda safra de soja. O produtor colheu a precoce e semeou a oleaginosa novamente. “Não temos ainda um retrato dessa situação em todo o estado, mas de antemão sabemos que as perspectivas de mercado – demanda e preços firmes – norteiam o produtor nesta decisão, decisão essa que é um grande risco para si e seus vizinhos, já que a soja sobre soja aumenta a pressão da ferrugem e leva à perda de sensibilidade do fungo ao fungicida”. Para o presidente da Aprosoja/Brasil, Glauber Silveira, o ciclo 2012/13 mal começou e já pode ser taxado de “a safra da incerteza”. Ela foi iniciada sob a expectativa de recorde (de mais de 82 milhões de toneladas de soja), levando o Brasil a assumir a posição de maior produtor de soja do mundo. “ É claro que esperamos superar os Estados Unidos, mas, pelo que temos visto no campo, pode ser que ainda não assumamos a liderança mundial agora”, adverte. O analista de grãos e cereais do Imea, Cleber Noronha, é mais otimista. Segundo levantamento do instituto, foi a mais cara safra de soja já plantada em Mato Gros-

Colheita em Lucas do Rio Verde, município pioneiro no plantio de soja precoce eno estado de Mato Grosso.

so. O atual ciclo ficou 15,5% mais caro em relação ao anterior, ao passar de uma média ponderada de R$ 1,65 mil por hectare para R$ 1,90 mil. Neste mesmo período, a saca – considerando o preço disponível de janeiro – passou de R$ 39,05 para R$ 50,79, sendo este último o melhor preço registrado nos últimos cinco janeiros. Os investimentos têm seu lado positivo, segundo ele, levando o produtor a prestar mais atenção às lavouras, especialmente no trato contra a ferrugem asiática e outras

doenças. “O alto custo e os adicionais advindos de replantios que se fizeram necessários e das aplicações extras, seja de inseticidas, seja de fungicidas, podem garantir mais uma safra recorde, mas não a safra mais rentável”. De maneira geral, produtores, técnicos e analistas acham que ainda é cedo para fazer qualquer afirmação taxativa sobre os ganhos e perdas desta safra. Números reais, mais próximos da realidade, só mesmo entre fevereiro e meados de março. fevereiro/2013 – Agro DBO | 33


Citricultura

A nova fronteira da laranja Produtores paulistas migram para Mato Grosso do Sul em busca de terras mais baratas e de bom suporte, livres de pragas e doenças. Ariosto Mesquita

Pastagem e pomar da fazenda Paraíso, no município de Três Lagoas, em Mato Grosso do Sul

W

aldomiro Sgo­bi tem laranjais nas cidades paulistas de Catanduva e Monções, mas prevê o declínio da atividade em São Paulo enquanto aposta no futuro da citricultura no Mato Grosso do Sul. Residente em Paraíso (SP), ele integra um grupo de agricultores que está, aos poucos, implantando áreas de citricultura em propriedades sul-mato-grossenses fugindo de pragas, doenças e do alto preço das terras em São Paulo. De acordo com levantamento feito pela consultoria Informa Economics FNP, o preço médio do hectare

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no estado de São Paulo era de R$ 18.360,00 entre setembro e outubro de 2012. No mesmo período, o hectare no Mato Grosso do Sul custava R$ 6.892,00. Nas áreas específicas de cultivo de frutas cítricas, a diferença também é grande. Na região de Ribeirão Preto, a terra agrícola com laranja tinha o preço médio de R$ 23.200,00/ha. Enquanto isso, áreas de pastagem de alto suporte nos municípios de Três Lagoas e Aparecida do Taboado, ambos em Mato Grosso do Sul, estavam cotadas a R$ 8 mil o hectare – as de baixo suporte valiam cerca de R$ 5,2 mil/ha. E são justamente

as terras destes municípios, localizados no chamado Bolsão Sul-Mato-Grossense, as que mais atraem os citricultores paulistas. A Informa EconomicsFNP considera pastagens de alto suporte aquelas de mais fácil adaptação ao cultivo, cuja lotação possa alcançar mais de uma UA/ ha (unidade animal por hectare) – o que equivale a mais de 450 kg de animais por hectare. São classificadas como área de baixo suporte as pastagens com capacidade de lotação média na casa de 0,6 UA/ha. Em função disso, nos últimos cinco anos produtores paulistas estão adquirindo


Agro DBO. Além dos laranjais, Sgobi possui 2.100 bovinos da raça nelore e mestiços. Em 1989, quando adquiriu a fazenda, começou com três mil cabeças de gado. Em 2007, entrou com a laranja e investiu R$ 2 milhões na cultura, culminando com a implantação de um sistema de irrigação por gotejamento alimentado por um poço semi-artesiano com capacidade de vazão de 50 mil litros/ hora. Como reservatório, mantém um tanque com capacidade para armazenar 280 mil litros de água. Nos 110 hectares cultivados com laranjas, ele planta capim marandu (também conhecido como braquiarão) nas ruas que separam as linhas de cultivo. A estratégia é aumentar a fertilidade do solo. Depois de crescida, a forrageira passa pela capina e todo o material resultante é jogado junto aos pés de laranja, elevando a concentração de material orgânico. Como proteção contra intempéries naturais, planta uma linha de quatro quilômetros de jambolão – espécie conhecida como jamelão, jalão, azeitoma-preta, guapê e outros nomes – no entorno do laranjal. Mesmo considerando que 2012 não foi lá um dos melhores

ou arrendando áreas para a implantação de pomares no Bolsão, região tradicional na pecuária de corte, atividade que, no entanto, vem perdendo espaço para a silvicultura (o leste de Mato Grosso do Sul abriga hoje as duas maiores unidades industriais de celulose do Brasil: Eldorado Brasil e Fibria, ambas no município de Três Lagoas ), cana-de-açúcar e agora, gradualmente, para a laranja.

anos para a citricultura brasileira, Sgobi garante que, em Mato Grosso do Sul, seus laranjais empataram com a boiada em rentabilidade: “Conseguimos tirar em cada uma das duas atividades uma média de R$ 400,00 de faturamento líquido por alqueire/ano”. O valor equivale a R$ 166,66/ha (considerando 01 alqueire paulista = 2,4 hectares). Isso justifica o fato dele não seguir a maioria dos produtores da região, que arrenda parte de suas terras para o plantio de eucalipto por parte das indústrias de celulose. No entanto, não descarta a possibilidade: “Por enquanto, estão remunerando em R$ 1 mil o alqueire (R$ 416,66/ ha); se dobrarem este valor, vou começar a pensar”, avisa. Em São Paulo, ele arrenda 140 hectares para cana-de-açúcar, recebendo

Waldomiro Sgobi: “Meus resultados aqui (em Mato Grosso do Sul) já são 20% superiores ao que eu colhia em São Paulo”.

Laranjal afetado por doenças, praticamente abandonado no município de Mogi Mirim (SP).

Fotos: Aristo Mesquita

Resultados superiores O objetivo é a produção de frutas de melhor qualidade, com menor custo e riscos reduzidos. “Meus resultados aqui já são 20% superiores ao que eu colhia em São Paulo”, calcula Sgobi. Ele cultiva 42 mil pés de laranjas natal e valência em 189 hectares, no município paulista de Monções) e 18 mil pés em 104 hectares em Catanduva, também em São Paulo. Em Mato Grosso do Sul, dispõe de 110 hectares irrigados com 40 mil pés da variedade pera-rio (mercado de mesa) na fazenda Paraíso, de 2.500 hectares, em Três Lagoas, onde recebeu a reportagem da

fevereiro 2013 – Agro DBO | 35


Citricultura

Desperdício em São Paulo: em tempos de crise, às vezes é melhor deixar as frutas no chão do que colher e vender.

anualmente R$ 1.458,00/ha. O razoável faturamento com a laranja veio, segundo ele, nos três primeiros meses de 2012, quando conseguiu comercializar a caixa (de 40,8 kg) a um preço médio de R$ 12,00 em Três Lagoas. Em seguida, o valor despencou. “Em novembro e dezembro entreguei a caixa por R$ 6,00, já colocada no caminhão”, conta. “De uma produção de quase 40 mil caixas, joguei fora perto

de 15 mil para que os pés não sentissem e pudessem ser liberados para suportar nova carga de laranja. Se não fosse o primeiro trimestre, teria trabalhado no vermelho”. Seu custo de produção é de aproximadamente R$ 8,00 por caixa. Apesar de ligeira recuperação de preços em janeiro (quando passou a vender a caixa de 40,8 kg por até R$ 10,00), Sgobi entende que 2013 ainda será “apertado”, mas não

perde o otimismo: “Teremos mais um ano de baixa pelo excesso de produção anterior, mas isso deve ser equalizado em médio prazo”. Pragas e doenças trouxeram perdas de até 30% em 2012 nos seus laranjais em São Paulo. “Isso é uma média para todos os citricultores paulistas”, garante. No entanto, Sgobi admite que o negócio ainda compensa. “Tenho contrato com a Cutrale para fornecimento de laranja mediante remuneração de US$ 5,00 (cerca de R$ 10,00)”, revela. Dessa forma, teria de ter outras vantagens para investir em citros no Mato Grosso do Sul. A principal, segundo ele, é a sanitária. “Aqui na fazenda Paraíso estamos bem isolados. Somente pessoas devidamente interessadas e autorizadas são recebidas. No pomar, só entram eventuais convidados e quem efetivamente trabalha, mais ninguém. Nossos funcionários usam perneiras, óculos, pulverizadores e equipamentos. Quem sai de um lugar para outro tem de trocar de roupa”, explica. Sgobi planeja manter esta espécie de barreira sanitária para conter o greening, considerada a pior doença da citricultura e que ainda não foi registrada no Mato Grosso do Sul. Seu esforço, ao que parece, vem sendo compensador.

Vilões em São Paulo Das principais doenças que assolam os pomares paulistas, o greening está presente em 6,91% das plantas e o cancro cítrico em 1,39% da área cultivada. Os percentuais foram divulgados no final de 2012 pelo Fundecitrus – Fundo de Defesa da Citricultura, – entidade sem fins lucrativos criada e mantida por citricultores de São Paulo. Independente dos índices, o que mais chama a atenção, no entanto, é o avanço, em níveis preocupantes, das doenças da citricultura. No caso do greening, o número de plantas afetadas aumentou 82,8% em relação a 2011 quando 3,78% dos pés apresentavam os sintomas característicos. O Fundecitrus revelou ainda que 64,1% dos talhões de laranja possuem pelos menos uma planta com a doença. Já a incidência do cancro cítrico aumentou 39% em um ano. Caso se tome por base o índice de talhões contaminados em 2009

36 | Agro DBO – fevereiro 2013

(0,14%), este crescimento passa a ser de 893%. O greening é causado pela bactéria Candidatus liberibacter sp, originária da Ásia. O primeiro relato da doença no Brasil aconteceu em 2004. Ela provoca a desfolha da planta e o definhamento dos ramos. Os frutos crescem de forma irregular e acontece sempre um volume grande de queda. Dados do governo paulista indicam que, somente no primeiro semestre de 2012, cerca de dois milhões de pés de laranja foram erradicados no estado como medida para tentar conter a disseminação da doença. O cancro cítrico também traz danos significativos. A bactéria causadora – Xanthomonas axonopodis pv. Citri – deforma e lesa as folhas, os frutos e caules. Como é resistente e consegue sobreviver em diversos ambientes por vários meses, pode ser disseminada por uma série de vetores, inclusive o homem.


Os citricultores paulistas perderam, em média, 30% da produção de laranja no ano passado, por causa do greening e de outras doenças. Ele não esconde o orgulho de mostrar suas frutas, todas bem formadas, sem lesões, com suco doce e abundante. Sobre o futuro da citricultura, acredita que deve cair significativamente a área plantada em São Paulo, com deslocamento da atividade para outras regiões. “Já temos muita migração para Minas Gerais, onde 10 milhões de pés de laranja foram plantados pelas indústrias de prosuco; para o Mato Grosso do Sul, tenho informações de que mais gente está chegando. Eu mesmo pretendo ampliar de 40 mil para 150 mil pés meu cultivo aqui em Três Lagoas em um prazo máximo de dois anos”, garante.

empresários no cultivo de laranja no estado também leva em conta questões tributárias. “Para entrar em Mato Grosso do Sul, cada caixa de laranja de São Paulo foi tributada em 2012 em R$ 1,50, em média; como já estamos aqui dentro, não temos este custo”, explica Pinheiro. Outro fator que vem pesando a favor é a ampliação do mercado no Centro-Oeste, aonde algumas cidades vêm crescendo em ritmo asiático já há alguns anos. Segundo ele, a produção também vai ser comercializada em Goiás, Rondônia e Mato Grosso. Além deste investimento com seu sócio, João Luis Scholl mantém cultivos próprios em São Paulo. Em Santa Fé do Sul, próximo à divisa com Mato Grosso do Sul, possui 500 hectares com laranja pera, laranja lima e ponkan. No município de Ubirajara, no noroeste paulista, são 250 hectares com laranjas pera, valência e moricote. Scholl também produz em São Paulo mudas

Alguns produtores, como Scholl e Barrotti, estão investindo em cultivo irrigado

Fotos: Aristo Mesquita

Arrendamento Os citricultores João Luis Scholl e Giovane Barrotti também decidiram seguir o mesmo caminho de Sgobi. A única diferença é que, ao invés de adquirirem terras, optaram em arrendar parte da fazenda São Domingos, de 1.089

hectares, no município de Aparecida do Taboado, também no Bolsão Sul-Mato-Grossense. Em 300 hectares irrigados com quatro pivôs os dois iniciaram em 2010 o plantio de 154 mil pés de laranja pera-rio e seis mil pés de ponkan – variedade de tangerina originada da espécie Citrus reticulata. Como a área era anteriormente ocupada com culturas de soja, milho e feijão, foi necessária uma ligeira correção do solo, feita com calcário, gesso e torta de filtro (parte do bagaço da cana com adubo químico). A primeira safra será colhida a partir de abril deste ano, com previsão de 100 mil caixas (40,8 kg cada), conforme garantiu o gerente do empreendimento, José Roberto Pinheiro. “Passados os primeiros quatro anos do plantio, nossa expectativa é atingir uma produtividade de até três caixas por planta/ ano”, diz. Além da questão sanitária e do preço diferenciado para arrendamento, a aposta dos dois

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Citricultura

de diversas variedades de citros para indústrias. São, em média, 1,5 milhão de unidades/ano em um viveiro em São José do Rio Pardo, próximo a Campinas e à divisa com Minas Gerais. Apenas 50% das frutas colhidas na propriedade de Ubirajara seguem para industrialização. O restante, segundo ele, é de mesa. Dessa forma, tenta fugir da parca remuneração oferecida pelo mercado de sucos. Em

ano passado, passa a 4% este ano e pode crescer muito mais”, salienta. Além disso, o preço de terras também faz a diferença em favor de Mato Grosso do Sul. “Em apenas setenta quilômetros de distância que separam Santa Fé do Sul (SP), de minha área de laranja em Aparecida do Taboado (MS), os valores variam entre 30% a 40%”, revela. Seu custo de produção é bastante flutuante. Nos seus 500 hectares cultivados em Santa Fé do Sul ele calcula entre R$8,00 e R$10,00 por planta (incluindo despesas de coleta e de frete). Lá, sua produtividade é, em média, de três caixas/planta. Para a área arrendada no Mato Grosso do Sul, ele estima que o custo fique na faixa entre R$ 6,00 e R$ 7,00 por planta. Sobre o arrendamento, o citricultor acredita que fez um bom negócio. Pelo contrato de 16 anos ele paga ao proprietário 10% do valor do que vir a ser produzido. Em contrapartida, recebeu, sem qualquer custo, os quatro pivôs para irrigação. Segundo Scholl, caso tivesse de adquirir o maquinário teria de investir algo perto de R$ 1,6 milhão – R$ 10,00 por planta. Segundo o produtor, a tendência é que mais citricultores atravessem Fotos: Aristo Mesquita

Laranja paulista à venda na beira da estrada, em Borda Mata (MG).

Santa Fé do Sul, recebia em janeiro deste ano R$ 13,00 pela caixa de 40,8 kg de laranja “na árvore”, ou seja, o comprador paga este valor e ainda é responsável pela coleta e pelo transporte. Já as laranjas voltadas para produção de suco não estão com preço compensador. “Recebo R$ 6,00 a caixa colocada na indústria e mais participação”, diz. Esta “participação” resulta em comissão por venda média anual superior a R$ 1,5 milhão em sucos no mercado exterior ou em taxação caso este desempenho seja inferior. “Definitivamente não é um bom negócio no momento”, ressalta. Por isso mesmo Scholl aposta em fruta de mesa e no mercado do Centro-Oeste. “Quando voltar a investir, farei isso no Mato Grosso do Sul”, garante. Só o fato de não haver no estado foco de doenças como o cancro cítrico e greening já o deixa bastante animado. “Não há tradição de cultivo de citros e, portanto, não tenho vizinhos com este problema e que poderiam contaminar minha área de cultivo”, afirma. Em São Paulo, na sua área de produção em Ubirajara, teve em 2012 uma quebra de 2% em função do greening. “Parece pouco, mas se foram 2%

Capim marandu entre linhas de laranjeiras e pé de ponkan: citricultura sul-matogrossense ainda é pequena, mas vem crescendo rapidamente.

38 | Agro DBO – fevereiro 2013


Ao invés de comprar, muitos produtores estão preferindo arrendar terras no entorno do estado de São Paulo para o cultivo de frutas cítricas. o Rio Paraná e se estabeleçam no Mato Grosso do Sul. “Tenho um amigo que já montou um pivô também no município de Aparecida do Taboado para irrigar 125 hectares de laranja”, conta. Sobre o risco de este fluxo acabar por trazer as pragas e doenças que assolam os laranjais paulistas, Scholl é otimista: “vamos continuar bem isolados, mesmo com mais produtores chegando; o estado é muito grande e há muita terra para trabalhar”. Desafio pela frente Ainda livre de doenças como o cancro cítrico e greening, o estado de Mato Grosso do Sul terá dificuldades em manter este status sanitário enquanto não forem tomadas medidas rígidas de controle. Quem

faz este alerta é o fiscal federal agropecuário Dilter Rigolon, responsável pelo serviço de sanidade vegetal da superintendência local do Ministério da Agricultura. Sua preocupação se justifica, sobretudo, pelo fluxo constante de pequenos caminhões de venda ambulante e clandestina de mudas de citros. São veículos com placas de São Paulo que circulam por vários municípios do estado oferecendo mudas sem qualquer controle de procedência, sanitário ou fiscal. Segundo ele, a fiscalização é feita atualmente pela Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal. No entanto, não há fiscais suficientes para evitar, por exemplo, a venda de mudas clandestinas nos assentamentos espalhados por várias regiões.

Demanda retraída Detentor dos títulos de maior produtor mundial de laranja (26% da produção global) e de maior produtor e exportador de suco de laranja (56% e 85% do total, respectivamente), o Brasil amargou um ano ruim para a citricultura em 2012. Os números da Citrus BR – Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos por si só definem a dimensão da citricultura brasileira, mas o excesso de produção mundial diante de uma demanda retraída derrubou os preços e as indústrias reduziram as compras, fazendo com que milhões de frutas apodrecessem nos pés. Especialistas vêm trabalhando com uma expectativa de que a colheita do próximo ciclo (2013/14) some um total aproximado de 300 milhões de caixas, o que indicaria uma redução pró-

xima a 17% em relação à última safra (2012/2013) e de 30% em relação à anterior (2011/2012), quando o Brasil bateu seu recorde com 428 milhões de caixas. Para tentar minimizar prejuízos para os produtores, o governo federal adotou uma série de medidas ao final de 2012. Uma delas foi a realização de leilões com o objetivo de sustentar o preço da caixa de laranja no patamar de R$ 10,10. Até dezembro, perto de 26 milhões de caixas tinham sido arrematadas. Ainda no ano passado, o governo anunciou a prorrogação das dívidas dos citricultores e lançou uma linha especial de crédito para estimular a atividade. Também foi criada uma linha de financiamenti para a manutenção de pomares com limite de R$ 150 mil e juros de 5,5% ao ano.

Dilter Rigolon adverte para a necessidade de regulamentar a legislação, para organizar a fiscalização.

“Dessa forma fica difícil manter o status sanitário uma vez que, além da procedência duvidosa, estas mudas acabam sendo plantadas sem qualquer orientação técnica e trato adequado”, explica Rigolon. Números fornecidos pela agência de defesa sanitária local revelam que das 4.587 verificações de trânsito de vegetais feitas pela instituição em 2012, 146 foram ações específicas sobre comércio clandestino de mudas de citros. As operações resultaram na apreensão de 1.279 mudas. O fiscal do Mapa lembra que Mato Grosso do Sul conta com legislação específica, aprovada pela Assembleia Legislativa. “Porém, o texto ainda não foi regulamentado e isso dificulta muito o controle”, argumenta. Segundo ele, só com a regulamentação da lei serão definidos pontos importantes como valores de multas, destino do produto e material apreendidos além de prazos para recursos. “Hoje o que é apreendido é destruído, terminando por dar margem a ações judiciais”, conta. De acordo com o levantamento do IBGE de 2012 sobre produção agrícola por municípios, o estado contava com apenas 521 hectares de área plantada e colhida com laranja. São Paulo detinha quase 70% da produção nacional, com mais de 531 mil hectares plantados. A estimativa de Rigolon é de que o Mato Grosso do Sul tenha hoje pelo menos 800 hectares em plena produção. fevereiro 2013 – Agro DBO | 39


Marketing da terra

Em defesa do agro Richard Jakubaszko

O

s irmãos Peterson, um clã de rapazes de uma fazenda do Kansas, tornaram-se estrelas instantâneas quando seu vídeo chamado “Eu sou agro e eu cresço” - uma paródia da canção popular “eu sou Sexy e eu sei” - foi viral na internet. Como resultado de seus esforços de advogar uma agricultura inteligente, o trio recebeu excepcional destaque nos canais de TVs americanos. Sua criatividade está em exibição co-

com cerca de 12 milhões de visitas. Mostra a performance dos irmãos Peterson, valorizando com talento a produção do agro americano, e essa estranha mania dos produtores rurais de produzir alimentos. Antes do sucesso dos irmãos Peterson, um jovem e criativo coreano criou um vídeo com uma dança e uma música rítmica em língua local, que caiu no gosto do grande público mundial. O Youtube registra que a postagem já teve mais de 1 bilhão de aces-

Os irmãos Peterson valorizam com talento a produção de alimentos do agro americano mo Gangnam style, que pode ser acessado através dos links: www. youtube.com/watch?feature=player_ embedded&v=LX153eYcVrY ou no blog www.richardjakubaszko. blogspot.com.br/2013/01/os-irmaos-peterson-sucesso-total.html “O vídeo dos irmãos Peterson está ancorado no Youtube, e anda 40 | Agro DBO – fevereiro 2013

sos. Um sucesso espetacular chamado de Gangnan style, que bateu todos os recordes históricos de visitação na internet. Evidentemente que nos EUA não existe uma mentalidade urbana que acredita que o agronegócio seja a representação do que há de pior no capitalismo, como

parece ocorrer no Brasil, mas justamente não há por lá essa idiossincrasia, talvez porque quem trabalha com o agro aproveita boas oportunidades como essa para se mostrar aos urbanos a realidade rural. No Brasil, certas intelectualidades urbanas acham-se autossuficientes e parecem cuspir no prato em que comem. Nos EUA, são comuns ações de defesa das atividades do agro, seja por existir um forte sentimento associativo, em geral liderado pelo sistema cooperativista, e também porque faz parte da cultura dos americanos ter independência de ações e paternalismos governamentais. No Brasil, lamentavelmente, o cooperativismo ainda acredita que pode solucionar todos os problemas dos cooperados, e não se integra ao movimento associativo, deixando este enfraquecido em termos econômicos. Independentemente do associativismo, com tantas duplas caipiras, e a chamada mania nacional das duplas sertanejas, alguns desses artistas ganharam milhões e milhões de reais. Parte dos lucros alguns deles decidiram diversificar investimentos e andam atuando como empresários do agronegócio. O exemplo mais conhecido é da dupla Zezé e Luciano di Camargo, criadores de Nelore de elite. Será que a dupla não se prontificaria para render homenagens e créditos ao agro? Os amigos e conhecidos da famosa dupla sertaneja bem que poderiam incentivar isso. Teríamos assim um Gangnan style tipicamente tropical. Bem que o agro anda precisando disso.


ESTILO DE PLANTAR Traduzido do inglês pelo engenheiro agrônomo Fernando Penteado Cardoso, destacamos a letra da canção dos Irmãos Peterson. Somos os irmãos da Fazenda Peterson, onde estamos plantando e produzindo Nós adoramos a agricultura e queremos que o mundo saiba disso Plantar é um meio de vida com sabores muito diversos Somos os responsáveis pelas dádivas que Deus nos deu Por aqui na fazenda distante, Estamos na direção dos verdes tratores John Deere Por aqui na fazenda distante, Nós trabalhamos sob diversos climas Por aqui na fazenda distante, Estamos dando duro para ter seu alimento Por aqui na fazenda distante que é da família. A agricultura é tão importante para mim, (e também para você) HEI! Ela alimenta o mundo e vai continuar assim, Nós precisamos comer! Todos nós precisamos dos produtores para nos dar o que comer, comer, comer, comer... Trabalhando no estilo de plantar No Estilo de plantar Dar duro, duro, duro, duro, no estilo de plantar... Feeee...no, para nosso gado Dar duro, duro, duro, duro, no estilo de plantar Feeee...no, aqui do campo cultivado Dar duro, duro, duro, duro. Os produtores estão dando mais duro do que você pensa Mas isso acontece porque nosso trabalho é a nossa paixão Nós trabalhamos de sol a sol, dia após dia sem parar Como se trabalha para nosso Senhor e não para os homens Por aqui nesta fazenda distante Ficamos longe das luzes das cidades Por aqui nesta fazenda distante A zona rural é agradável e bonita Por aqui na fazenda distante Trabalhamos todos juntos, como uma família.

Por aqui na fazenda distante. Na fazenda da família. A agricultura é tão importante para mim (e também para você) HEI! Ela alimenta o mundo e vai sempre continuar assim, Nós precisamos comer! Todos nós precisamos que os produtores nos deem o que comer, comer, comer, comer... A agricultura é tão importante para mim, (e também para você) HEI! Ela alimenta o mundo e vai continuar assim, nós precisamos comer! Todos nós precisamos que os produtores nos deem o que comer, comer, comer, comer! Trabalhando no estilo de plantar Fe, fe, fe, fe, feno É isso que damos a nosso gado Para que cresçam gordos e fortes E então se torne alimento que nos faz viver bem por muito tempo Nossas colheitas de milho e de trigo Ajudam a ter uma dieta completa. Sem o trabalho de plantar Estaríamos todos morrendo de fome Você entende o que estou dizendo? Trabalhando no estilo de plantar Hei, hei, hei, hei, hei, hei... Hei, agradeça ao produtor! Hei, pelo alimento que você tem!

fevereiro 2013 – Agro DBO | 41


Política Projeto restringe uso de agrotóxicos

A

Câmara avalia proposta que proíbe a utilização e o estoque de uma série de agrotóxicos com suspeita de causarem danos à saúde e ao meio ambiente. A medida está prevista no Projeto de Lei 4412/12, do deputado Paulo Teixeira (PT-SP). Pela proposta, ficam banidos do País os produtos com os seguintes ingredientes ativos: abamectina, acefato, benomil, carbofurano, cihexatina, endossulfam, forato, fosmete, heptacloro, lactofem, lindano, metamidofós, monocrotofós, paraquate, parationa metílica, pentaclorofenol, tiram, triclorfom e qualquer substância do grupo químico dos organoclorados. Alguns desses agrotóxicos já foram proibidos pela Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Outros ainda estão no mercado, mas contam com restrições de uso, ou estão em fase de avaliação.

Segundo Teixeira, no entanto, “há evidências de que os produtos em fase de análise são altamente danosos à saúde humana”. Pela proposta, os produtos com glifosato como ingrediente ativo deverão ser reavaliados em até 180 dias após a publicação da nova lei. Até a análise dos possíveis danos causados pelo princípio, esses produtos serão classificados como extremamente tóxicos ou altamente perigosos, com consequentes restrições de uso. Estoques De acordo com o projeto, as pessoas que tiverem estoque desses produtos na data da publicação da nova lei deverão devolvê-lo aos fabricantes ou aos importadores, que serão responsáveis pelo seu descarte correto. Caso essas empresas não existam mais, o órgão de registro dos agrotóxicos deverá indicar a destinação necessária para cada produto.

O projeto foi apensado ao PL 713 que tramita na Câmara desde 1999. Agora, falta apenas a votação na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, onde a proposta original já tem parecer favorável do relator Pedro Uczai (PT-SC), pela constitucionalidade, juridicidade e técnica legislativa da Emenda da Comissão de Seguridade Social e Família, do PL 1388/99 e do PL 7564/06. Fonte: Agência Câmara de Notícias

Frete vai subir, no pico da safra

Os especialistas em transporte de cargas antecipam que os fretes vão subir entre 50% e 70% no pico da safra, entre março e abril próximos.

Desafio mundial contra a fome

E

m recente artigo publicado no jornal O Povo (Fortaleza, CE), João Bosco Monte, que é pós-doutor em Relações Internacionais, consultor internacional e colaborador do Instituto Lula, lembrou

42 | Agro DBO – fevereiro 2013

que a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) considera a fome e a desnutrição em nível mundial o principal risco à saúde, maior até do que a AIDS, a malária e a tuberculose juntas. Os números são impressionantes. Mais de um bilhão de pessoas dormem com fome todos os dias e João Bosco chama a atenção para o fato de que o combate à fome precisa entrar definitivamente na agenda dos governos pelo mundo. Para reflexão sobre este tema, reproduzimos abaixo tópicos do artigo: A FAO define segurança alimentar como o estado em que as pessoas

em todos os momentos têm acesso físico, social e econômico a alimentos suficientes e nutritivos que atendam as suas necessidades alimentares para uma vida saudável e ativa. Mais de um bilhão de pessoas passam fome; quase metade do mundo vive com menos de US$ 2.50 por dia e as mulheres são responsáveis pela produção de mais de 90% dos alimentos em muitos países. E justamente neste ponto gostaria de chamar a atenção para um dos maiores problemas na atualidade (talvez o maior) enfrentados pela população mundial: a insegurança alimentar.


“Eu estava errado sobre OGM” oi isso que disse o ambientalista Fferência Mark Lynas, em palestra na ConAgrícola de Oxford (Reino

Unido), em 3 de janeiro último. Mark Lynas pensou muito sobre OGMs, de milho especialmente, e ele mudou sua cabeça. Talvez nada seja mais revelador sobre o intelecto e caráter de uma pessoa do que alterar as ideias. Lynas, autor de três livros, incluindo “Seis graus: nosso futuro num planeta mais quente” é geralmente reconhecido como um dos fundadores do movimento anti-OGM em meados da década de 1990 e uma voz crítica da tecnologia OGM. Ele agora declara que estava errado. Na palestra, Lynas fez observações que começaram com um pedido de desculpas surpreendente. “Para o registro, aqui e antecipadamente, peço desculpas por ter passado vários anos criticando os transgênicos. Lamento também que iniciei o movimento anti-OGM em meados de 1990, e que dessa forma ajudei a demonizar uma opção tecnológica importante, que pode ser usada para beneficiar o meio ambiente,” disse Lynas. “Como um ambientalista e alguém que acredita que todos neste mundo têm o direito a uma dieta saudável e nutritiva de sua livre escolha, eu não poderia ter escolhido um caminho mais contraproducente. Agora lamento completamente.” “Então, eu acho que você vai estar se perguntando – o que aconteceu entre 1995 e agora e que me fez não só mudar minha cabeça, mas vir aqui e admitir isso? Bem, a resposta é bastante simples: descobri a ciência, e neste processo eu espero que tenha me tornado um ambientalista melhor.”

Foi uma admissão surpreendente de quem é pelo menos parcialmente responsável por muitos países proibirem ou retardarem a pesquisa e a produção de OGMs, como aconteceu no Brasil. Evidentemente que a reação contra Lynas tem sido previsível. Certamente ninguém com as credenciais de Lynas, com o comprometimento com uma causa tão importante como o ativismo ambiental, faria tal inversão na própria ideologia sem uma avaliação cuidadosa. Na verdade, diz Lynas, “mudei ao estudar os fatos sobre OGMs e aceitar a ciência”. Ele enfatizou: “Fiz algumas leituras, e descobri que uma de minhas crenças sobre OGMs acabou por ser pouco mais do que um verde mito urbano”. Lynas declarou que é mais provável

que alguém venha a morrer por ter sido atingido por um asteroide, do que ao consumir um alimento transgênico. Norman Borlaug, engenheiro agrônomo americano que ganhou o prêmio Nobel da Paz, em 1970, por ter criado a “Revolução Verde”, foi citado diversas vezes por Lynas, durante sua palestra. Entre outras, destaca que antes de sua morte, em 2009, Borlaug passou muitos anos fazendo campanhas contra aqueles que, por motivos políticos e ideológicos, se opunham à inovação moderna na agricultura. Para citá-lo: “Se os pessimistas conseguirem interromper a biotecnologia agrícola, eles poderão realmente precipitar a fome e a crise da biodiversidade global que eles vêm prevendo há quase 40 anos.”

Caem os preços dos fertilizantes

O

mercado de fertilizantes registrou queda de preços em janeiro e estão, em média, quase 3% mais baratos que os valores de dezembro, segundo levantamento da Scot Consultoria. O recuo de preços é causado pelo ritmo bastante lento de negócios nesta época do ano, mas, a partir de fevereiro, as ne-

gociações para as safrinhas devem ter início, voltando a movimentar o mercado. Outro motivo seria que as empresas desses produtos precisam liquidar os estoques de passagem. De acordo com a Scot Consultoria, os fertilizantes nitrogenados caíram 2,3%, os potássicos 4,2% e os fosfatados 1,8%.

fevereiro 2013 – Agro DBO | 43


Política Monsanto faz acordo sobre RR, Aprosoja fica de fora.

N

o fechamento desta edição (23 de janeiro), a Monsanto anunciou acordo com a CNA – Confederação Agricultura de Nacional e cerca de 10 federações estaduais, em que abre mão da cobrança de royalties sobre a soja RR1, que está sendo questionada na justiça pela Aprosoja e Famato. Segundo a Monsanto, o acordo assinado apoia a introdução de novas tecnologias para soja no Brasil, e representa passo importante para a introdução comercial da soja Intacta RR2 PRO no país. No dia 23 Aprosoja e Famato emitiram comunicado a imprensa, como segue: ​“Em Assembleia Geral, realizada em 22 de janeiro, a Famato, Sindicatos Rurais e Aprosoja, com a presença expressiva de produtores rurais de todas as regiões do esta-

do, decidiram, por unanimidade, não aceitar o acordo proposto pela empresa Monsanto referente à cobrança dos royalties da soja Roundup Ready (RR1) da soja”. “Só queremos que a Monsanto cumpra o que prevê a lei”, afirma Rui Prado, presidente da Famato. “Também no dia 22 de janeiro, a 4ª Câmara Cível do Tribunal

de Justiça do MT atendeu a um pedido da Famato e Sindicatos Rurais contra a Monsanto. A decisão garante o direito ao produtor mato-grossense de, caso haja o retorno da cobrança pela empresa, depositar em juízo os valores relativos ao pagamento de royalties pela tecnologia RR1 da soja, até o julgamento final da Ação Coletiva”.

Endosulfan proibido, mas já tem gente com saudades

O

jornalista Fabio Alvarenga, do INCT - Café e Polo de Excelência do Café, http://excelenciacafe.simi.org.br/ registrou no site da entidade que o pesquisador e entomologista da Epamig, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, Júlio César de Souza, avaliou os desdobramentos que a proibição do agrotóxico Endosulfan, em vigor a partir de 31 de julho de 2013, vai gerar na cafeicultura brasileira. “Os cafeicultores estão vivendo um sério problema. O Endosulfan é o único produto eficiente no controle da broca-do-café. Por ser muito tóxico, foi proibido de ser produzido e comercializado no país. Mesmo eficiente no controle de inúmeras pragas na agricultura, a tendência é que os inseticidas de tarja vermelha, sejam proibidos. Mas alguns são ainda muito importantes, como os inseticidas fosforados remanescentes no mercado”, disse o pesquisador.

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Júlio César afirmou que “os inseticidas substitutos que atuam contra a broca não apresentam a mesma eficiência do padrão endosulfan. Dois novos inseticidas, do grupo das Diamidas Antranílicas, de eficiência igual à do endosulfan, aguardam registro no Ministério da Agricultura”, explicou. O endosulfan é usado desde a década de 1970 e foi único inseticida eficiente no controle da broca-do-café (Hypothenemus hampeii). É um inseticida-acaricida usado também em soja, algodão e cana de açúcar. Agora, foi proibido pela Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária, por ser considerado um produto capaz de causar intoxicação na mão-de-obra envolvida em sua aplicação nas lavouras de café, principalmente com pulverizadores costais, em pequenas lavouras adensadas e também naquelas implantadas em topografia acidentada.

Em visita ao Setor de Cafeicultura da Universidade Federal de Lavras (UFLA), o entomologista explicou que a ocorrência do ciclo da broca (ovo, larva, pupa e adulto) nas sementes dos frutos pode causar prejuízos qualitativos e quantitativos no café produzido. “Os grandes prejuízos acontecem nas sementes. As larvas consomem as sementes e o produto perde qualidade, além da perda em peso. Quanto maior a infestação, menor será o peso. O Brasil exporta café e o produtor vai perder financeiramente. É importante que o produtor evite que aconteça o ciclo da praga nas sementes dos frutos. fazendo o monitoramento.”, explicou o pesquisador. Uma planilha de monitoramento pode ser obtida no site da Epamig por meio do link: http://www. epamig.br/index.php?option=com_ docman&task=doc_download&gid gid =857



Agricultura Familiar

Café com coragem 25 anos de pesquisas com pequenos agricultores derrubam mitos da Amazônia e mostram a viabilidade da agricultura na região Evaristo Eduardo de Miranda *

Terreiro de secagem de café robusta, no município de Machadinho d´Oeste (RO). É a principal cultura perene, geradora de renda da região.

O

s solos da Amazônia quando desmatados viram um deserto? Os projetos de colonização são predatórios? Todos os assentamentos são um fracasso? O pequeno agricultor é só uma ponte para a concentração de terras e de renda? Qual o papel da tecnologia na sustentabilidade da agricultura familiar? Há 25 anos, uma equipe da Embrapa estuda essas questões junto a 400 pequenos agricultores em Machadinho d´Oeste, Rondônia. Essa pesquisa já derrubou vários mitos sobre a agricultura familiar na Amazônia. E continua revelando dados surpreendentes.

Com a fé e com a coragem, no início dos anos 1980, milhares de famílias de pequenos agricultores buscaram, no sul da Amazônia, em particular no Estado de Rondônia, uma nova oportunidade de desenvolvimento. O governo federal organizou projetos de colonização agrícola ao longo da BR-364, graças ao seu asfaltamento. Agricultores, sem 46 | Agro DBO – fevereiro 2013

terra ou com muito pouca terra na origem, jogando com a sorte de suas famílias, migraram para essas áreas de assentamento, vindos, sobretudo, do Sul e do Sudeste (71%). Estradas perpendiculares à BR-364 foram abertas. E, por vezes, outros ramais secundários, conhecidos como travessões. Ao longo das estradas, cada trecho

de 250 metros podia ser apropriado por um agricultor, cuja situação fundiária era posteriormente regularizada pelo Incra - Instituto Nacional de Reforma Agrária. O tamanho dos lotes variava de 100 a 200 ha. Os produtores tinham o direito e o dever de desmatar 50% da área, até para serem regularizados. Em 1982, no âmbito do Programa Polonoroeste, apoiado pelo Banco Mundial, foi definido um projeto diferenciado de assentamento rural no Nordeste do Estado de Rondônia, em Machadinho d´Oeste, entre os municípios de Ariquemes e Jaru, distanciado cerca de 400 km da capital, Porto Velho, na bacia do rio Ji-Paraná. O projeto levou em consideração, na demarcação dos lotes, fatores como topografia, solos e rede hidrográfica. Seu plane-


jamento territorial – do qual participamos – previu áreas urbanas, um aeroporto, 10 núcleos de apoio ao desenvolvimento rural, bem como 17 blocos coletivos de reservas florestais. Ao invés de receberem 100 ha com direito a desmatar 50%, os lotes foram dimensionados em 50 ha. Os agricultores podiam até desmatar sua totalidade. Os outros 50 ha compunham as reservas florestais dos produtores rurais nos blocos coletivos, num total de mais de 68.000 ha, com diversos dispositivos para garantir sua preservação. A área de implantação do Projeto Machadinho era de 2.090 km2, com 2.934 lotes rurais destinados a colonos sem terras, divididos em 4 glebas. Ao contrário do que ocorre em muitas áreas de colonização e reforma agrária, o projeto avançou bem, no que pese sua implantação parcial. Em 1988, o Projeto Machadinho foi emancipado pelo Incra e transformou-se em município. Seus limites foram ampliados, novas áreas foram incorporadas, incluindo outros projetos de colonização e centros urbanos vizinhos. Com uma área atual de 8.556 km2 e mais de 35 mil habitantes, o município de Machadinho d´Oeste é um produtor de leite, café, grãos e tubérculos. Uma pesquisa diferenciada Uma pesquisa científica pioneira, multidisciplinar e de longo prazo, começou a ser de-

senhada em 1982, numa prospecção de campo realizada na região, com o apoio da Embrapa Rondônia. Entre 1984 e 1985, estruturamos um projeto científico de longo prazo (100 anos), com um grande número de agricultores in loco (350 a 450) a fim de compreender o processo real de implantação da pequena agricultura na floresta tropical úmida, as características dos sistemas de produção praticados, os problemas existentes e os principais impactos gerados. Em 1986, teve início o acompanhamento sistemático da colonização e da sua sustentabilidade, através do monitoramento por satélites do uso das terras e do levantamento em campo de cerca de 250 variáveis biofísicas, sociais, econômicas e agronômicas, em 463 lotes em Machadinho d´Oeste. Boa parte dos produtores chegavam sozinhos ao local. Viviam debaixo de lonas enquanto abriam pequenas clareiras para dar início à sua propriedade rural, no lote atribuído por sorteio. Vendiam um pouco de madeira, plantavam arroz, milho e feijão entre troncos derrubados e iam aos poucos construindo sua infraestrutura de produção e habitação. Enfrentando enfermidades, ataques de animais peçonhentos, acidentes com motosserras e enormes dificuldades. Após a primeira produção, traziam a família.

Exemplos de imagens de satélite utilizadas para monitorar a evolução anual de Machadinho d´Oeste desde 1986.

Estradas com difícil acesso eram o retrato dos primeiros anos.

No mapa se destacam Rondônia no Brasil, Machadinho no mapa de Rondônia, e a região de Machadinho.

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Agricultura Familiar

Instalações precárias e provisórias em Machadinho, 20 anos atrás: cinema e o hospital.

Muitos duvidaram de uma pesquisa cuja duração proposta seria de um século, a começar pelos próprios agricultores. Apesar da existência de trabalhos similares em outros países da Europa, que mesmo durante as duas grandes guerras mantiveram seus dispositivos de coleta de dados na área rural, houve também ceticismo do meio acadêmico. Já são 25 anos de acompanhamento regular, apesar das mudanças ins-

titucionais ocorridas na Embrapa, em Rondônia e em Machadinho d´Oeste. No início, em pleno período inflacionário, constituímos um fundo específico na Embrapa, através da captação de recursos financeiros com saldos de projetos que aprovamos e coordenamos. E o mantivemos aplicado no mercado financeiro, para uso prioritário nesse projeto sui generis, ao longo do tempo. Assim, o projeto de pesquisa tem sido conduzido, essencialmente com recursos de receita própria. O acervo de dados técnicos, agronômicos, ambientais, econômicos e sociais reunido sobre a agricultura familiar nessa região e sobre o papel da tecnologia na sua sustentabilidade é inédito. Não há nada similar na Amazônia. A pesquisa e seus bancos de dados deram origem a seminários, publicações técnicas e de divulgação; motivaram participações em congressos e em programas internacionais de pesquisa; apoiaram e suscitaram mestrados e doutorados, aqui e no exterior (www. machadinho.cnpm.embrapa.br). A inovação tecnológica dos pequenos agricultores e sua validação – No início dos anos 1980, não havia pacotes ou recomendações tecnológicas adequadas e suficientes para as condições ambientais e socioeconômicas de Machadinho d´Oeste. Apoiados em sua tradição

O acampamento de moradias e galpões de trabalho, a floresta ao fundo.

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agrícola familiar, os agricultores inovaram, testaram e deram início a um gigantesco experimento agropecuário, multilocal e multifatorial. Comparado à pesquisa agropecuária de campo experimental, um número infinitamente maior de combinações e espaçamentos entre café, cacau, seringueira e culturas anuais, por exemplo, foram testados em milhares de propriedades em Rondônia. O mesmo vale para todas as dimensões possíveis dos sistemas de produção agrícola: trabalho de solo, manejo de matéria orgânica, técnicas de controle de adventícias, rotações, manejo das pastagens e dos rebanhos, disposição espacial dos cultivos, consórcios e associações culturais, formas de conjugar pecuária e agricultura etc. A pesquisa detectou e sistematizou todos esses casos. Empiricamente, sucessos e fracassos foram avaliados e validados pelos agricultores e pelo mercado. Em face dessa realidade, nossa pesquisa buscou detectar, entre os pequenos agricultores, os sucessos generalizáveis e os exemplos passíveis de representar avanços sociais e ambientais. Em cerca de 10 anos de acompanhamento foram detectados 6 sistemas de produção agropecuária mais eficientes e diferenciados, desenvolvidos e adotados pelos produtores, com variações em função das famílias, de seu capital, da distancia ao núcleo urbano, da qualidade dos solos e outros fatores. A produção de café e a pecuária leiteira se consolidaram, além de uma significativa geração de alimentos de base (carne, ovos, milho, arroz, feijão, tubérculos, hortaliças e frutas) para autoconsumo e comercialização no mercado local. As atividades de exploração de madeira, de cacau e seringueira continuam existindo, em menor escala. O banco de dados estruturado sobre cada propriedade rural acompanhada pela pesquisa re-


O acervo de dados agronômicos, ambientais, sociais e econômicos reunidos sobre a agricultura familiar nessa região é inédito. úne histórias de sucessos e fracassos, de diversificação dos sistemas de produção, de profissionalização dos agricultores, dos impactos positivos da evolução da infraestrutura rural e da redução da influência negativa das chamadas “externalidades” sobre as atividades rurais. Os conhecimentos obtidos geraram um referencial sobre o desempenho dos diversos cultivos, as influências das políticas públicas para a região em termos de fomento, assistência, pesquisa, financiamento e de como os sistemas locais reagem às chamadas externalidades. O monitoramento forneceu elementos sobre a articulação entre os chamados níveis micro (estratégias locais) e macro (políticas públicas) para a sustentabilidade da agricultura na Amazônia. O grande número de informações sobre a pequena agricultura no Nordeste de Rondônia, seus sistemas de produção e suas tendências apontam para uma evolução lenta, mas positiva, da sustentabilidade agrícola na região. Os mitos pessimistas e as transformações agrícolas e rurais – Grandes transformações urbanas e rurais ocorreram na região, graças ao empreendedorismo de sua população. Contudo, às dificuldades iniciais, à falta de apoio efetivo dos governos federal e estadual somaram-se vozes pessimistas, em artigos e reportagens. Elas vaticinavam o desastre e o fracasso daquela iniciativa situada a mais de 300 km de distância do asfalto da BR 364 e trabalharam para minar ajudas mais efetivas aos produtores. Mais de 25 anos depois desses embates, vale a pena confrontar os mitos pessimistas, tão reiterados nos anos 1990, com dados da realidade atual.

O mito do abandono das propriedades rurais – Até o início dos anos de 1990 propagava-se o fracasso individual dos agricultores e o abandono dos lotes. Tomava-se por base, talvez, aventureiros que buscaram em Rondônia o lucro fácil na agricultura ou pessoas sem tradição rural. Em Machadinho d’Oeste, porém, passados 25 anos de monitoramento no campo e com imagens de satélite, a taxa de abandono dos lotes foi de apenas 13%. Entre as causas desse abandono estão, além das dificuldades da atividade agrícola naquele contexto, a morte prematura de agricultores, acidentes, a decisão de desenvolver outras atividades em área urbana ou outras oportunidades de trabalho mais rentáveis. Contudo, 87% dos lotes amostrados seguem explorados, e na maioria deles a sucessão familiar ocorreu naturalmente entre pais e filhos. Quase a totalidade dos agricultores entrevistados diz, há anos, que está melhorando de vida e não pensa em sair do lote. Mais recentemente, alguns declararam possuir

outros lotes, adquiridos graças à melhoria de sua renda proporcionada pelos sistemas de produção implantados. Outro indicativo desta melhoria é a valorização crescente da terra e dos lotes, dadas as benfeitorias realizadas. Estes indicativos mostram a tendência dos agricultores em comprarem mais lotes, e não a de vendê-los ou abandona-los. Acusar a agricultura familiar de predatória e identificar desmatamento com devastação ambiental, neste caso, realmente não procede.

A derrubada de mata foi autorizada, era necessária, e para uma boa causa.

Cafezais com robusta dominam a paisagem de Machadinho.

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Agricultura Familiar

Atualmente boas construções predominam, e lá chegou o Luz para Todos do Governo Federal.

Mecanização está presente em um número crescente de propriedades, e lavouras de grãos são comuns, como o milho.

O mito do pequeno agricultor destinado à miséria – Os pequenos agricultores se capitalizaram e vivem uma situação muito mais favorável do que a de sua origem. Mais da metade possui o título definitivo da terra. E cerca de 70% são proprietários pela primeira vez. No início do Projeto havia alta incidência de doenças como malária, diarreias, distúrbios digestivos e males de veiculação hídrica. Hoje, há uma baixa incidência de doenças na área rural, determinada pela melhoria da qualidade de vida dos agricultores, pelo aumento dos cuidados preventivos e pelo ganho de eficiência dos serviços de assistência à saúde, de transporte e de infraestrutura médico-hospitalar observado ao longo dos anos. Quase metade dos pro-

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dutores atualmente está na faixa etária de 35 a 57 anos e tem grau de instrução formal de pelo menos o ensino fundamental completo. As famílias dos produtores possuem em média quatro pessoas, sendo que a maioria possui em média três pessoas ativas, entre 15 e 65 anos. Muitos filhos de produtores profissionalizaram-se, vivem na cidade de Machadinho d´Oeste, enquanto outros seguem cursos universitários em Rondônia e em outros estados da Federação. Os pequenos agricultores dedicam a maior parte de seu tempo à propriedade. Cerca de 1/3 deles tem um bom padrão de capitalização. O perfil deste grupo é caracterizado pela produção de culturas anuais superiores à necessidade do autoconsumo,

com venda de excedente. São produtores integrados ao mercado, principalmente pela cultura do café. Têm a pecuária de leite como geradora de renda mensal e como ativo financeiro, de alta liquidez, pela venda de alguns animais durante o ano. A pesquisa estimou sua renda bruta agrícola anual em cerca de R$ 22.500,00 em 2008. A produtividade bruta do trabalho (R$/ ativo agrícola) era de R$ 8.000,00 ao ano ou R$ 671,00 por mês. Esse valor era superior ao salário mínimo regional que, em Rondônia, em 2008, era de R$ 415,00. Outro terço dos produtores está próximo de um salário mínimo por ativo agrícola por mês, sem contar a renda não monetária obtida pelo autoconsumo da produção e de trocas com vizinhos. Os demais produtores complementam sua renda por intermédio de rendas extra-agrícolas. O mito da concentração da terra através da pecuária de corte – Não houve concentração da terra, nem pecuarização, no sentido vaticinado por alguns, ou seja, os pequenos abrem a mata e através de dois a três ciclos econômicos as terras terminam se transformando em pastos limpos em mãos de grandes pecuaristas. Em Machadinho d´Oeste, em 25 anos, não houve concentração de terras. Os agricultores possuem áreas entre 30 a 50 ha. A área média dos lotes é de 45,5 ha. A área cultivada média é de 6,5 ha; 11,3 ha permaneceram com mata natural; 24,7 ha são pastagem e 2,8 ha estão em pousio ou são capoeiras. Das 7.200 pequenas propriedades existentes no município, 45% têm bovinos. Menos da metade. Os lotes acompanhados pela pesquisa possuem em média 27 vacas, 13 bezerros e um número menor de touros e garrotes. A quantidade média de vacas em lac-


Muitos duvidaram de uma pesquisa com duração prevista de um século tação é de aproximadamente 10, com uma produção média de 35 litros de leite, por dia. A aquisição dos animais foi feita com receita própria e a evolução crescente do plantel deve-se essencialmente à reprodução. Bezerros e garrotes são vendidos regularmente para locais de recria, fora do município. A pecuária existente é essencialmente leiteira. O mito da pobreza do solo que, desmatado, vira deserto – A fertilidade de qualquer solo amazônico fica comprometida quando se pratica uma agricultura do Neolítico. Não é o caso em Machadinho d´Oeste. Os sistemas de produção são diversificados. Mesmo utilizando poucos insumos, eles associam a pecuária com cultivos perenes (café, seringueira, guaraná, cacau, fruteiras, espécies florestais...), anuais (arroz, milho e feijão) e de ciclo longo (mandioca). Os rendimentos não são decrescentes, muito menos a ponto de levar ao abandono da atividade. Houve a consolidação da pecuária leiteira. Em 2008, só o laticínio de Machadinho d´Oeste recebia cerca de 40 mil litros de leite por dia, de 1.116 produtores. A produtividade média de leite gira em torno de 3,5 litros/ vaca/dia. Em todas as categorias do sistema de criação de bovinos há a utilização de insumos como sal mineral, vacinas e medicamentos. A Prefeitura Municipal contratou um técnico em zootecnia e os equipamentos necessários e mantém um programa gratuito de inseminação artificial, o que leva ao melhoramento genético progressivo do rebanho. O café é, há mais de 20 anos, a principal cultura perene fornecedora de renda em Machadinho d’Oeste. As principais culturas

associadas ao café são espécies florestais madeireiras e a seringueira devido às suas funções de sombreamento. A área média cultivada por lote com café é da ordem de 6,5 ha e a idade média dos plantios é de 9 a 10 anos. A produtividade média é de 460 kg por ha. Todo café produzido é do tipo robusta e é comercializado. O principal local de armazenamento é na propriedade. O mito da dependência crônica da pequena agricultura – A ajuda dos governos estadual e federal aos pequenos agricultores foi e é pouca até hoje. Cabe destaque o sucesso do Programa Luz para Todos que estendeu a eletrificação rural a mais de 75% das propriedades rurais. Com isso, generalizou-se o uso de bombas elétricas, geladeiras, freezers, televisão e diversos equipamentos agrícolas e domésticos dependentes de eletricidade. As bicicletas foram substituídas por motos e alguns veículos utilitários. Generalizou-se também o uso de telefones celulares. Dado o padrão de dispersão, o isolamento e as distancias geográficas na agricultura local, a telefonia celular tem sido de grande ajuda. O principal órgão financiador dos produtores é o Banco do Brasil. Pouco mais da metade dos produtores recebe alguma assistência técnica, pública ou privada através de cooperativas, sindicatos, ONGs, grupos religiosos e associações. Na sede municipal estão instaladas várias indústrias (madeireiras, moveleiras, de beneficiamento de cereais, de café etc.). O setor de comércio e serviços abrange todos os ramos de atividades com destaque para eletrodomésticos, confecções, autope-

Feirão Municipal, com boa oferta de produtos locais.

Telefonia fixa e portável para todos exige assistência técnica.

Bancos e lojas em Machadinho, projeto de assentamento emancipado, hoje um município com 35 mil habitantes.

Lojas de material de construção significam melhoria do padrão de moradia.

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Agricultura Familiar O empreendedorismo dos agricultores com tradição familiar no campo garantiu o desenvolvimento das propriedades e do município ças, informática, supermercados, hotelaria, bares e restaurantes, postos de combustíveis, escolas e lojas de insumos e produtos agrícolas, entre outros. Hoje com mais de 35 mil habitantes, o município de Machadinho d´Oeste está muito distan-

Galpão de máquinas, de um dos produtores, visitado pelo autor.

Visual das moradias de antes e de hoje mostram a evolução social e econômica.

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te das picadas abertas na mata para a instalação do processo de colonização agrícola no início da década de 1980. A consolidação diversificada do uso, da ocupação das terras e do negócio agrícola em Machadinho d´Oeste é muito diferente do deserto estéril e improdutivo que muitos profetizaram nos anos 1980 como sendo uma questão de pouco tempo. De colonos a munícipes: essa foi a trajetória de milhares de pequenos agricultores ao desenvolver a região e emancipar seu projeto de assentamento e colonização, hoje transformado em município. O empreendedorismo dos agricultores com tradição familiar no campo, sua experiência, sua capacidade de inovação e de uso de tecnologias garantiu o desenvolvimento das propriedades, da área urbana e do município como um todo. Assim como o agronegócio em vários estados da Amazônia, Machadinho d´Oeste mostra também a capacidade da pequena agricultura de gerar riquezas e desenvolver um território rural sustentável e produtivo. Ao mesmo tempo, o alcance territorial exacerbado da legislação ambiental vitimou os pequenos agricultores, colocou em xeque sua gestão coletiva das reservas florestais, ignorando a eficiência de sua preservação. Hoje, os blocos florestais coletivos servem à exploração extrativista e madeireira, gerando conflitos e disputas (incluindo assassinatos) entre exploradores vindos de fora. Enquanto a mudança de regras e prioridades dificultou o crédito e reduziu o fomento agrícola para os proprietários dos lotes. Apesar das novas adversidades, os agricultores e seus filhos ainda declaram a intenção de prosseguir

com a atividade agropecuária e abrem novas frentes, com piscicultura, apicultura, mecanização das lavouras e processamento de produtos agrícolas. E nossa pesquisa acompanha. A continuidade do projeto científico de um século foi assegurada, nos primeiros 25 anos, com recursos do fundo especificamente constituído para essa finalidade na Embrapa e graças ao interesse e à persistência do coordenador e seus colaboradores. A pesquisa prosseguirá em 2013 com a publicação de artigos e a edição de um livro, apesar das dificuldades institucionais que impediram realizar o monitoramento de campo, em 2012. Para a gente, que mora longe do lugar estratégico, é preciso muita força nas ideias! Com essa frase, no início da década de 1990, o agricultor Juarez F. dos Santos procurava explicar aos pesquisadores a razão de sua eficiência na implantação de seu lote na Gleba 2 de Machadinho d´Oeste. De lá para cá, a construção das hidroelétricas do Madeira (Santo Antônio e Jirau); a conclusão da ligação rodoviária com o Oceano Pacífico; o asfaltamento dos acessos a Machadinho d’Oeste via Jaru e Cujubim; a pavimentação da BR 163 até Santarém (a ser concluída em 2014); a evolução da infraestrutura de comunicação (telefonia celular); o aumento da oferta e o barateamento da energia elétrica trazem novos cenários para o desenvolvimento agroindustrial, urbano e rural na região. Como outros pequenos agricultores da Amazônia, o Sr. Juarez prossegue na força das ideias, mas agora já não está tão longe do lugar estratégico. * Colaborou João Alfredo de Carvalho Mangabeira, agrônomo, doutor em economia, pesquisador da Embrapa.


Artigo

Água na agricultura Nosso colunista, Décio Gazzoni, propõe uma “visão de futuro” capaz de preservar os recursos hídricos para uso no campo.

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uem está mais próximo das fontes de água preserva mais este recurso do que quem está longe das nascentes. É por isso que o campo preserva mais do que a cidade”. A afirmativa foi feita pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, no Fórum Exame de Sustentabilidade. Ela disse mais: “O Brasil é o único país com obrigação de manter áreas de preservação permanente (APP) para preservar a água”. A ministra continuou: “Os produtores estão recuperando as fontes de água, independentemente do Código Florestal”. E provocou: “O próximo passo é que os agricultores brasileiros sejam re-

brasileira, tida e havida como vilã ambiental. Muitas vezes o produtor rural é pintado como um predador do ambiente, parecendo que assim age apenas movido pelo prazer sórdido de destruir o meio em que vive e do qual depende. Destarte, é reconfortante uma autoridade governamental, responsável pela área ambiental, reposicionar o tema com clareza e ponderação. Mas a fala da ministra não tem o condão de obnubilar os enormes desafios referentes ao uso da água, na agricultura ou no meio urbano. Apesar de 70% da superfície do planeta ser constituída de água, apenas 0,007% do total é considerado como suprimento sustentável, disponível para

O aumento da população significa mais consumo e, eventualmente, mais desperdício.

* Décio Luiz Gazzoni é engenheiro agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja

conhecidos por esse diferencial em relação a seus concorrentes internacionais. Qual é o fator de competitividade que o produtor brasileiro vai ganhar nos próximos 20 anos? A ‘adicionalidade positiva’ do produtor brasileiro precisará ser reconhecida”. Finalizando, a ministra chamou a atenção para os vieses estereotipados, vigentes na percepção social “A água não vem do duto da Sabesp ou da Cedae, assim como a galinha não é um frango congelado no supermercado, o que surpreende muitas crianças hoje”. Em primeiro lugar, e acima de tudo, muito obrigado, ministra, em nome da agropecuária

uso, conforme o Conselho Mundial da Água, No médio prazo, o aumento da população e da renda significam mais consumo e, eventualmente, mais desperdício. Uma torneira pingando gasta 40 litros de água por dia. Então imagine que os pingos de apenas 10% das torneiras das residências brasileiras desperdiçam um bilhão de litros de água por dia, 365 bilhões ao ano! Embora a agricultura irrigada seja apenas caudatária no agronegócio brasileiro, a água é fundamental para a agricultura. Com a mudança do padrão climático, no bojo de mudanças globais, diversas regiões do Brasil têm enfrentado secas intensas

e frequentes, ou fortes chuvas extemporâneas, Apenas nos últimos quatro anos, as safras de cana-de-açúcar e de grãos tiveram perdas expressivas, devido a irregularidades no fornecimento de água. Para conviver com um novo padrão climático, tecnologias de superação do problema devem ser desenvolvidas e implantadas, visando o melhor aproveitamento da água na agricultura, o que inclui a expansão do uso de agricultura irrigada, mas não descarta o melhor manejo do solo e da cultura e variedades tolerantes ao estresse hídrico. Essa visão de futuro mostra que, além do compromisso do agricultor em preservar a água para uso agrícola (ou mesmo urbano), impõe-se a necessidade de investimentos no desenvolvimento e adoção de inovações tecnológicas, que permitam à sociedade vencer mais este desafio. n fevereiro 2013 – Agro DBO | 53


Deu na imprensa

Feijão capitalista Xico Graziano *

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oa parcela da opinião pública acredita que a comida do povo vem do agricultor familiar, enquanto o agronegócio capitalista serve ao comércio exterior. Ledo engano. O equívoco nasce de uma ideia antiga, superada. Hoje manda a integração produtiva no campo. A começar do ciclo açucareiro colonial, no Nordeste, a historiografia consagrou distintas funções, e certa oposição, entre a grande propriedade rural, dominante, e a agricultura de subsis-

* Xico Graziano é agrônomo, foi secretário de Agricultura e secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo.

tência, que vivia em suas beiradas. Existia, realmente, um dualismo. Escritores famosos, como Caio Prado Jr., sempre descreveram a grande lavoura – o latifúndio ou a plantation – como aquela destinada à exportação, de açúcar, cacau ou borracha. Produzir alimento básico era coisa de pobre. Quando chegou o ciclo da mineração, no século 18, o deslocamento da população – a maio-

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ria escrava – rumo ao Sudeste, exigiu fortalecer a produção de alimentos. Desde os pampas gaúchos, dedicado à pecuária e ao seu valioso charque de carne, por todo o Centro-Sul surgiram novos agricultores, animados por atenderem o consumo interno criado nas atividades auríferas das Minas Gerais. Mais tarde, na economia cafeeira de São Paulo, já livre da escravidão, o colonato favoreceu o cultivo de gêneros alimentícios, seja entre as ruas do cafezal novo, seja em áreas destacadas da fazenda. Caminhava a economia livre. Mas a crescente demanda nas cidades brasileiras trouxe à tona a questão do abastecimento urbano. Em 1901, relatava Alberto Passos Guimarães – A Crise Agrária, 1978 -, quase 43% das importações brasileiras, em valor, representavam produtos básicos, incluindo feijão, fava, milho, arroz, banha e manteiga. Com escassez os preços elevaram-se, estimulando os pequenos agricultores. Plantar comida passava a oferecer lucro. A partir da grande crise mundial, dos anos 1930, a diversificação da economia brasileira, na cidade e no campo, aprofundou-se. Décadas depois, com o forte êxodo rural alargando as metrópoles, a necessidade do abastecimento nas periferias transformou definitivamente a agricultura de subsistência em próspero negócio. Além do tradicional arroz com feijão, os moradores do asfalto exigiam ovos, carnes, verduras e legumes, frutas, leite; aos roceiros bastava produzir e vender. Daí surgiram os Ceasas, sacolões, varejões e, claro,

os supermercados. Mudou a distribuição no varejo dos alimentos. Mudou também, e muito, o caráter da produção rural. Ela ganhou escala e tecnologia, cresceu em produtividade, integrou-se às agroindústrias, aprendeu a comercializar, buscou financiamento. O raciocínio guarda lógica: as cidades brasileiras jamais teriam sido abastecidas – e bem ou mal o foram – sem uma grande transformação ocorrida no campo. Que prossegue acelerada. “Há difrenças?” Nesse processo histórico, as análises dualistas sobre a agricultura perderam razão. Sim, existem ainda os tradicionais agricultores de subsistência, a maioria empobrecida no semiárido nordestino. Enfraqueceu-se, porém, com a modernização agrária a antiga oposição entre a grande e a pequena produção. Ambas, com tecnologia, passaram a ser regidas pela lucratividade do mercado, seja interno, seja externo. Assim, tornaram-se complementares, e muitas vezes se confundiram. Vejam alguns exemplos. Típica da velha família rural, a banha de porco acabou substituída na cozinha pelos óleos vegetais. O mais barato, de consumo popular, origina-se do esmagamento do grão da soja. Pois bem, no Paraná e no Rio Grande do Sul, grandes plantadores da oleaginosa, 90% da produção advém de agricultores familiares, ligados às grandes cooperativas exportadoras. Ou seja, a mesma agricultura que gera divisas garante a fritura na mesa. Sem distinção.


No café, a maior parte da safra brota das lavouras mineiras, grandemente ligadas às cooperativas. A Cooxupé, a maior delas, aglutina 12 mil cafeicultores, sendo 80% pequenos produtores rurais. Do embarque total de grãos nos pátios da cooperativa (2011), perto de 15% se destinou às torrefadoras do mercado interno; a grande parte seguiu exportada. Pequenos, juntos, ficam grandes. Em cada ramo da agropecuária nacional se pode verificar essa junção entre o agronegócio capitalista e a produção familiar, sendo difícil separar, no destino, o mercado interno do externo. Na cultura da cana, em que preponderam os grandes usineiros, cerca de 70% do açúcar se exporta, mas o etanol, que enche o tanque dos veículos,

dos pobres principalmente, fica aqui dentro. Quem produz frango, o agricultor familiar ou o agronegócio? Resposta fácil: ambos. As empresas frigoríficas representam grandes negócios, privados ou cooperativados; já os avicultores, a elas integrados, são familiares. E o feijão? A maioria da produção, é verdade, advém de pequenos produtores. Estes, entretanto, não se configuram mais como de subsistência, vendendo apenas o excedente. Que nada. Espelham agricultores altamente tecnificados. Nos Estados Unidos, sabe-se, a mecanização da agricultura provocou, ao mesmo tempo, o aumento da escala de produção e o fortalecimento da gestão familiar, preponderante por lá. Tal

processo se caracteriza, por aqui, especialmente em Mato Grosso, onde enormes fazendas produzem soja e milho, nas lavouras tocadas pelos próprios produtores e seus filhos. Negócios gigantes, familiares. Essas histórias mostram que ser familiar não necessariamente significa ser pequeno. E comprovam que pequeno agricultor pode, perfeitamente, participar do agronegócio, quer contribuindo para a exportação, quer alimentando o povo. Pode acreditar: inexiste oposição entre agricultura familiar e agronegócio. O feijão virou capitalista.

Publicado em 21-01-2013 no jornal O Estado de S. Paulo

Procuradoria Geral questiona trechos do Código Florestal no STF Em ações, procuradora-geral questiona a anistia concedida a quem degradou áreas preservadas

O

STF – Supremo Tribunal Federal vai ter de decidir se o novo Código Florestal está ou não está de acordo com a Constituição brasileira. A procuradora-geral da República interina, Sandra Cureau, encaminhou nesta segunda-feira, 21, três ações ao STF questionando artigos da lei que foi aprovada no ano passado. Na opinião de Sandra Cureau, entre os dispositivos inconstitucionais do código estão trechos que reduziram e extinguiram áreas que anteriormente eram protegidas. “A criação de espaços territoriais especialmente protegidos decorre do dever de preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais, de forma que essa deve

ser uma das finalidades da instituição desses espaços”, disse. Nas ações, a procuradora também questiona a anistia concedida a quem degradou áreas preservadas. Para ela, o código acaba com o dever de pagar multas e impede sanções penais. “Se a própria Constituição estatui de forma explícita a responsabilização penal e administrativa, além da obrigação de reparar danos, não se pode admitir que o legislador infraconstitucional exclua tal princípio, sob pena de grave ofensa à Lei Maior”, sustentou. Sandra Cureau pediu que o STF conceda liminares para suspender trechos do novo Código Florestal. Diante da relevância do tema, a procuradora também re-

quereu que o tribunal adote um rito abreviado na tramitação do processo. Se esse rito for aprovado, o julgamento definitivo dos processos poderá ocorrer mais brevemente. A votação pelo STF das ações sobre o Código Florestal deverá provocar bastante polêmica. Quando tramitou no Congresso, o projeto dividiu diversos setores da sociedade, como ambientalistas, ruralistas e acadêmicos. Como o STF pode declarar a inconstitucionalidade de trechos da lei, as discussões deverão voltar praticamente à estaca zero. Publicado em 21-01-2013 no jornal O Estado de S. Paulo

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Entrevista

Muito trabalho pela frente! Secretário de Política Agrícola diz que garantir linhas de crédito, renda e seguro agrícola adequados são os principais objetivos.

N

Antonio Araújo

eri Geller, 44 anos, agricultor e empresário, é gaúcho, nascido em Selbach, pequena cidade da colônia alemã, no Centro Norte do estado do Rio Grande do Sul, e migrou para Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso, em 1984. Nomeado em janeiro 2013 para a Secretaria de Política Agrícola do Mapa, Ministério da Agricultura, desenvolve atividades de plantio e comercialização de grãos, como soja e milho, em sua propriedade. É empresário no setor de combustíveis e foi vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do estado do Mato Grosso (Aprosoja/ MT), além de deputado federal nas legislaturas de 2007 e 2011, pelo PP/ MT. Exerceu ainda o mandato de vereador em Lucas do Rio Verde (em 1996 e foi reeleito em 2000). Sua indicação como Secretário de Política Agrícola, provocou claros sinais de aprovação dos ruralistas do Mato Grosso, que registram esperança no trabalho do amigo, afinal, não é todo dia que um produtor rural chega a um cargo desses. Casado, Geller tem 1 filho, e é torcedor do Internacional, portanto, trabalha sob as ordens do ministro Mendes Ribeiro, que é gremista. Direto e objetivo, Geller concedeu entrevista para a Agro DBO, onde mostra suas ideias e objetivos.

Agro DBO – Quais são os seus desafios ao assumir a Secretaria de Política Agrícola do Mapa? Geller – Implantar uma política agrícola definida para proteger a produção brasileira, contemplando as linhas de crédito, renda e seguro agrícola adequado ao produtor. Também será necessário contemplar ainda mais o setor pecuário, a partir de linhas específicas para atendê-los. Agro DBO – Como produtor rural, a sua visão mudou, depois de assumir o cargo de Secretário? Geller – Não mudou. Conheço o Ministério da Agricultura, a burocracia do poder público e as negociações políticas. É exatamente o que facilita: já estive do outro lado e sei das necessidades do setor agropecuário. Além das negociações, diretamente com a ponta, ou seja, os produtores, farei uma gestão integrada com os diversos órgãos do governo para viabilizar orçamento. Agro DBO – Como Secretário, existe a possibilidade de implementar alguma política que, de antemão, se saiba que não será do agrado dos produtores? Geller – As políticas de crédito voltadas para o setor rural são negociadas antes com os envolvidos e elaboradas a partir das necessidades do campo, não para atrapalhar. Há medidas de apoio governamental que podem ser adotadas mesmo se não forem reclamadas, pois são reconhecidas como necessárias para apoiar o agronegócio – como as reduções de taxas de juros de algumas modalidades de

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financiamento no meio da safra, por exemplo. Agro DBO – O que deve melhorar / mudar / evoluir no Seguro Agrícola, em sua opinião como Secretário? Geller – Aumentar os recursos e regionalizar as demandas por setor. É necessário garantir valores maiores para subvenção do seguro agrícola para atender mais produtores e garantir políticas diferenciadas, pois há segmentos mais dependentes, como o da maçã. Agro DBO – De que forma o Secretário, e o Mapa, podem influir nas decisões do Governo Federal, para que a logística – transportes e armazenamento – atenda as necessidades dos produtores rurais? Geller – Dialogando com a Casa Civil e os Ministérios da Fazenda

e dos Transportes, mostrando os gargalos para a produção brasileira e o que isso representa para a economia do país. É necessário dar continuidade a obras que permitirão maior facilidade de escoamento de produção agrícola e até mesmo de outros setores, como indústria e serviços. Relativo à armazenagem, o Ministério da Agricultura já vem preparando um plano nacional específico, que identifique os locais com déficit de armazenamento e apoie as construções de armazéns. Esta, inclusive, é uma questão de segurança alimentar. Agro DBO – Desses problemas, quais as áreas e regiões prioritárias, em sua opinião? Geller – Em relação aos transportes, o Centro-Oeste tem uma dificuldade maior por estar mais distante dos portos, mas as demais

regiões também terão atenção especial. A respeito da política agrícola, é preciso focar na questão do seguro no Centro-Oeste e Sul. Para todas as regiões, serão negociados mais recursos para investimento, custeio e sustentação de preços. Agro DBO – O Brasil é hoje líder mundial em produção de grãos, especialmente soja e café. Somos o celeiro do mundo, isso é bom ou é ruim? Por quê? Geller – É ótimo. O objetivo é tornar o Brasil o maior exportador mundial de alimentos. Isso dá estabilidade à economia – com aumento da oferta interna, à balança comercial e garante comida na mesa dos brasileiros e de toda a população mundial. É uma questão até estratégica, tornar o país uma referência como grande produtor e com qualidade. Teremos muito trabalho pela frente.

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Análise de mercado

Ora doce, ora não baixista. O açúcar e sua infindável briga por território contras as pressões sazonais de 2013/14. No momento, o etanol é a bola da vez nas usinas brasileiras.

o

mercado físico de açúcar iniciou 2013 com movimento limitado de vendas para produto de menor coloração. As usinas têm se voltado ao embarque de produto com preço já acertado ainda no quarto trimestre de 2012. A recente desvalorização das cotações no mercado internacional manteve sob pressão de ajuste negativo os valores da saca de 50 kg de produto de menor coloração. A primeira quinzena de janeiro foi um período crítico, marcado pela perda de suportes. No mercado físico, o açúcar perdeu a linha dos R$ 49,00 passando a oscilar na faixa dos R$ 48,00. Em Nova York o açúcar bruto perdeu supor-

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te e passou a oscilar abaixo da linha dos US$ 18,50. De maneira geral, a precificação da safra 2013/14 tem começado a ganhar força com a proximidade do início da safra. As cotações em Nova York já perderam claramente o canal lateral entre o suporte de US$ 18,70 e a resistência de US$ 19,74 que vinha sendo mantido desde novembro. A próxima briga por território fica para algo abaixo dos US$ 18,50 e acima dos US$ 18,00 até o final do primeiro semestre de 2013. Este patamar mínimo deve ser atingido até o fim do primeiro trimestre de 2013. Estas oscilações refletem as pressões sazonais da safra 2013/14

que se encontram cada vez mais próximas e inevitáveis. Assim como Leônidas, que ao enfrentar os persas, sabia não haver volta da Batalha das Termópilas, também os agentes do mercado de açúcar sabem que, com a inevitável chegada da safra 2013/14 (com suas 600 milhões de toneladas de cana), o suporte dos US$ 19,00 ou US$ 20,00 em Nova York não será um território tão facilmente retomado em curto ou médio prazos. Porém, nem tudo são espinhos neste grande oceano revolto que é o mercado. No lado fundamental a situação mostra alguns sinais de alterações. Apesar da OIA - Organização Internacional do Açúcar

SOJA – As cotações, no início de janeiro, variaram de acordo com a situação específica das principais regiões produtoras. No Sul, permaneceram relativamente firmes, graças aos estoques baixos, decorrentes da seca de 2012. No Centro-Oeste, despencaram com a entrada da nova safra, mas voltaram a subir, já que boa parte da produção foi comercializada ainda no campo. Em meados de janeiro, as projeções indicavam tendência estável no curto prazo e baixista a seguir.

*Em 18/1, o Indicador Cepea/Esalq/BM&FBovespa registrou R$ 75,73 pela saca de 60 kg, posto Paranaguá, descontado o prazo de pagamento pela taxa CDI/Cetip.

TRIGO – De maneira geral, os preços na primeira quinzena de janeiro se mantiveram estáveis, em patamares acima do registrado no mesmo período, no ano passado. O mercado ficou sossegado no período. As empresas compradoras já tinham se abastecido no final de 2012 – por isso, os negócios não fluíram. Segundo analistas entendem, a tendência é altista, por causa da baixa disponibilidade do grão na América do Sul e em outras regiões produtoras.

*Em 18/1, o Indicador Cepea/Esalq registrou R$ 780,80 pela tonelada, mercado disponível, à vista (o valor a prazo é descontado pela taxa NPR), posto estado do Paraná.

ARROZ – A commodity virou o ano em baixa. De maneira geral, as cotações recuaram na primeira quinzena de janeiro, pressionadas pela proximidade da colheita da safra 2012/13, a partir de meados de fevereiro e início de março, conforme a região produtora. A comercialização seguiu reduzida tanto para o arroz depositado nos armazéns das indústrias quanto para o arroz “livre” (armazenado nas propriedades rurais). No curto prazo, a tendência é baixista, segundo analistas do setor.

*Em 18/1, o Indicador Esalq/Bolsa de Brasileira de Mercadorias – BM&FBovespa registrou R$ 34,37 à vista pela saca de 50 kg, tipo 1, posto Rio Grande do Sul.


Análise de mercado

Fonte: Cepea – www.cepea.esalq.usp.br

indicar que espera aumento no superávit mundial da commodity, ao redor de 6,2 milhões de toneladas, a Índia começa a dar sinais de que vai fraquejar na safra 2012/13. O país asiático figura ao lado do Brasil como o segundo maior player mundial no mercado e tem indicado que produzirá volume bem menor do que informado no final do ano passado, considerando os relatórios do USDA. Para as usinas brasileiras, esta é uma vital oportunidade expansionista no mercado internacional. Isto porque as indústrias indianas vêem o Brasil como um importante e competitivo fornecedor da commodity. A importância da ampliação dos mercados internacionais pelas usinas brasileiras fica ainda mais acentuada quando levamos em conta a debilitada demanda mundial derivada do fraco crescimento dos Estados Unidos e da transição do modelo de crescimento chinês, o qual deixará de ser um grande exportador e se voltará

mais ao crescimento da demanda interna. Quanto ao Europa? Bem, a Europa é melhor deixar de lado Um segundo fator que deve oferecer suporte aos preços do açúcar na faixa dos US$ 18,00 é a redução da produção brasileira, em favor do etanol. O biocombustível tem encontrado mercado crescente nos Estados Unidos desde o quarto trimestre de 2012, e essa tendência deve ser fortalecer ainda mais em 2013. A demanda norte-americana, porém, refluir em seguida. A crescente produção de petróleo norte americano resultante do desenvolvimento das técnicas de perfuração horizontal e fraturamento hidráulico (fracking) deverão reduzir cada vez mais a participação do biocombustível brasileiro nos Estados Unidos a partir de 2014. Mas isto já é tema para outro assunto. Maurício Muruci Analista da CMA/Safras&Mercado

*Em 18 1, o Indicador de Preços do Algodão Cepea/Esalq registrou R$ 180,24 por centavos de real por libra- peso.

ALGODÃO – Ao contrário do que ocorreu com o arroz, as cotações da pluma viraram o ano em alta, atrelada, no caso, ao crescimento das demandas interna e externa. Segundo estimativas, a nova safra será 1/3 menor do que a do ciclo anterior, empurrando os preços para a cima ou, pelo menos, mantendo-os em patamares altos. O cenário atual, com pouca oferta no mercado no curto e médio prazos, cria expectativa de alta nos próximos meses, favorecendo os agricultores.

*Em 18 1, o Indicador Café Arábica Cepea/Esalq registrou R$ 350,40 pela saca de 60kg líqüido, bica corrida, tipo 6, bebida dura para melhor, posto cidade de São Paulo.

CAFÉ – O retorno das chuvas no sudeste do país em meados de janeiro, época em que a umidade é fundamental para o desenvolvimento das lavouras, trouxe alívio aos cafeicultores. Em relação aos preços futuros, alguns analistas apostam em certa estabilidade a médio prazo: 2013 é ano de baixa produção (considerando a bianualidade característica da cultura) , favorecendo a manutenção das cotações em níveis mais altos, em relação à dezembro de 2012.

Em 18/1, o Indicador de Preços Esalq/BM&FBovespa registrou R$ 32,60 à vista pela saca de 60 kg, descontado o Prazo de Pagamento pela taxa CDI/Cetip.

MILHO – A quebra da safra nos EUA no ano passado ajudou a sustentar os preços até agora. Em janeiro, o mercado registrou muita oscilação nas cotações – a demanda externa pressionava para cima e a previsão de colheita farta no verão, para baixo. Nas duas primeiras semanas de 2013, o Brasil exportou 1,4 milhão de toneladas, média diária de 177,6 mil toneladas. É um número expressivo, segundo especialistas. No médio prazo, porém, a tendência é de baixa nos preços.

AÇÚCAR – Na primeira quinzena de janeiro, as cotações caíram 3,3%, segundo levantamento do Cepea. Em 2012, o preço médio do açúcar cristal no mercado paulista foi o menor desde a safra de 2009/10, devido à oferta abundante. Nos últimos anos, as safras foram mais “açucareiras” do que “alcooleiras”. A tendência para 2013, porém, é de inversão. As usinas vai priorizar o etanol (a demanda internacional aumentou muito), favorecendo os preços do açúcar.

*Em 18 /1, o Indicador Cepea/Esalq – São Paulo registrou R$ 48,60 pela saca de 50Kg de açúcar cristal, com impostos, sem frete.

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Novidades no campo Resistência aos nematoides

Soja preta no prato

No final do ano passado, a TMG apresentou duas novas cultivares de soja - a TMG 4182 e a TMG 4185 – resistentes aos nematoides de cisto, parasitas responsáveis por grandes danos às lavouras. Segundo Antônio Ferreira, coordenador de desenvolvimento de mercado da empresa, a incidência dos vermes pode causar perdas de até 10 sacos por hectare. “Apesar do mercado proporcionar várias tecnologias para a soja, faltava variedades com resistência para várias raças de nematoides”, disse Fereira. A cultivar TMG 4185 é resistente aos nematoides de cisto das raças 1, 3, 4, 6, 9, 10 e 14. Possui moderada resistência as raças 2 e 5. A TMG 4182 é resistente aos nematoides de cisto das raças 1, 2, 3, 4, 5, 6, 9, 10 e 14.

Repolho roxo

Último lançamento da Isla Sementes, o repolho híbrido roxo Star Red apresenta como principais características a tolerância à umidade no campo, folhas firmes e resistência ao transporte. De cabeça compacta de ótima qualidade e sólida, internamente, possui como diferencial a precocidade. Segundo a empresa, possui ampla adaptabilidade de cultivo. A Isla comercializa as sementes em pacotes Longa Vida, latas e envelopes de 10 gramas. A compra pode ser realizada pelo site www. isla.com.br, pelo televendas 0800 709 5050, através dos representantes e distribuidores Isla ou em agropecuárias e supermercados em todos os estados do Brasil.

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Duas novas linhagens de soja para alimentação humana, desenvolvidas pela Epamig em parceria com a Embrapa e a Fundação Triângulo, estão em fase final de testes em cinco propriedades na região do Triângulo Mineiro. Através de cruzamentos genéticos, os pesquisadores buscam variedades com sabor mais suave, sementes de maior tamanho e elevado teor de proteína. Visualmente, as duas linhagens pouco diferem das variedades convencionais, exceto pela tonalidade – a cor preta deriva da alta concentração de antocianina, antioxidade natural capaz, segundo cientistas, de reduzir os efeitos dos radicais livres no organismo e retardar o envelhecimento. Tão logo encerrem os experimenos, a nova cultivar (ou ambas) ganhará um nome, passará por testes sensoriais e de análise mercadológica, e só então será lançada no mercado nacional.

conilon de Maior qualidade

O Incaper – Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural deve lançar duas novas variedades clonais de café conilon (Coffea canefora) este ano, cujas características são: maior produtividade, maior tolerância a doenças, grãos maiores e, sobretudo, maior qualidade final do produto. Pela primeira vez nas pesquisas de melhoramente genético, o Incaper já realizou testes sensoriais dos clones no laboratório da empresa Conilon Brasil, que fica no município de Jaguaré (ES). Nesta etapa de avaliação, os provadores pontuaram em dez quesitos: fragrância/ aroma; sabor; salinidade/acidez; amargor/doçura; sensação na boca; equilíbrio; conjunto; retrogosto; uniformidade; e limpeza.


Novidades no campo Frutas às pencas

No final do ano passado, a Embrapa lançou sete novas cultivares de frutas. A última delas, já na virada do ano, foi a BRS Passos, variedade de limão tahiti cuja principal característica é a produção elevada na entressafra (julho até novembro), com adequado manejo de adubação para esta finalidade. No Distrito Federal, região de grande produção e consumo, a oferta de limas ácidas cai em até 80% na entressafra. Uma caixa de tahiti já chegou a ser vendida por até R$ 80,00 no período – para efeito de comparação, na safra o preço é de cerca de R$ 5,00. Conforme os pesquisadores, a BRS Passos é boa alternativa para a agricultura familiar, já que, mesmo em áreas pequenas, é lucrativa, podendo ser produzida em consórcio com outras culturas, inclusive hotaliças. As borbulhas para viveiristas estão disponíveis desde janeiro no escritório da Embrapa em Petrolina, cujo telefone de contato é (87) 3862-2839.

Mais vitamina C na praça.

A Embrapa Agroindústria Tropical lançou em dezembro, em Ubajara (CE), a aceroleira BRS 366 Jaburu, desenvolvida em parceria com a empresa Nutrilite, que tem como objetivo a exploração comercial de vitamina C. A nova cultivar rende até 100 kg de acerola por planta anualmente, o que representa 57 toneladas por hectare/ano. “A BRS Jaburu produz 20% a mais do que a segunda aceroleira mais produtiva do mercado, que é a cultivar Mineira”, diz o pesquisador Francisco Vidal Neto. Outras vantagens da nova cultivar, segundo ele, são a boa adaptação, tanto na colheita mecanizada quanto na manual, e a pequena incidência de pelos nas folhas, o que favorece o manuseio. “É vantajoso, em termos de manejo, pois normalmente a aceroleira tem muitos pelos nas folhas, provocando urticárias em quem realiza a colheita”, explica o pesquisador.

Magna e Vitória

A Embrapa Uva e Vinho apresentou duas cultivares nos locais onde o processo de validação de cada uma foi iniciado: a BRS Magna, para elaboração de sucos, foi lançada na sede da Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop (MT), e a BRS Vitória, uva de mesa sem sementes, em Marialva (PR), durante a festa da uva local. Em 2013, ambas serão lançadas nas outras regiões de cultivo recomendado. Assim, a Magna será apresentada em São Paulo, na Serra Gaúcha e no vale do submédio São Francisco. A Vitória, também em São Paulo e vale do submédio São Francisco, além de Minas Gerais. A comercialização de gemas será feita através do escritório de Campinas (SP) da Embrapa Produtos e Mercado, a partir de julho. Os produtores interessados no material propagativo deverão fazer reserva por meio do site www. campinas.spm.embrapa.br.

passo a passo

A produção de material propagativo na Embrapa segue percurso definido: depois da validação das novas variedades, a empresa lança editais para viveiristas e/ou produtores de sementes dispostos a obter licenciamento da empresa para a produção e comercialização de mudas. Para informações mais detalhadas sobre as diversas cultivares, onde encontrar material propagativo e a partir de que data as sementes, mudas ou gemas estarão disponíveis, os interessados devem acessar a página de Negócios de Cultivares da Embrapa Produtos e Mercado no seguinte endereço: www.embrapa. br/cultivares.

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Biblioteca da Terra Fruticultura protegida

A figueira, dissecada.

Organizado pelos professores Sarita Leonel e Aloísio Costa Sampaio, ambos agrônomos, a publicação aborda aspectos econômicos, biológicos e culturais da figueira, descrita em muitas passagens bíblicas como árvore sagrada. Os autores fazem uma revisão bibliográfica completa, demonstrando a importância da planta ao longo da história da humanidade -– da família Moraceae, gênero Ficus, existem mais de 700 variedades de figueiras no mundo. Originária da Ásia Menor, era considerada pelos povos antigos como símbolo de honra e fertilidade. Acredita-se que tenha sido introduzida no Brasil pelos colonizadores portugueses, por volta de1532. A exploração econômica se expandiu somente a partir de 1910, quando a variedade de maior apelo comercial (Ficus carica) começou a ser cultivada na região de Valinhos, em São Paulo. A publicação integra a coleção Propg e-book, do Programa de Edição de Textos de Docentes e Pós-graduados da Unesp. Até 2011, o programa editava apenas livros impressos para comercialização em livrarias. Desde o ano passado, as obras vem sendo oferecidas somente em formato digital. O livro “A Figueira” está disponível para download gratuito (ou impressão sob demanda) em www.editora.unesp.br

62 | Agro DBO – fevereiro 2013

O livro reúne resultados de pesquisas sobre cultivo protegido de bananeira, figueira, macieira, mamoeiro, morangueiro, pessegueiro e videira. No Brasil, essa tecnologia vem sendo usada em larga escala em horticultura e floricultura, mas ainda é incipiente em fruticultura. Nos últimos anos, porém, aprimoraram-se estudos com o objetivo de fornecer informações básicas sobre a condução adequada em sistemas de cobertura com plástico. Segundo os autores – Geraldo Chavarria e Henrique Pessoa dos Santos –, o sistema permite a produção em estações do ano que eram consideradas inviáveis sob manejo, além de melhorar a qualidade do produto final. O livro custa 20 reais e pode ser adquirido na Livraria da Embrapa através do site www.embrapa.br/liv, pelo telefone (61) 3448.4236 ou pelo e-mail sct.vendas@embrapa.br

Agricultores esquecidos

Lançado no final do ano passado, o livro “Do rural invisível ao rural que se reconhece: dilemas socioambientais na agricultura familiar” concentra-se no mundo da agricultura familiar. Organizado pelos pesquisadores Angela Duarte Damasceno Ferreira, Alfio Brandenburg e Hieda Maria Pagliosa Corona, inclui um banco de dados dos agricultores das áreas estudadas, além de trabalhos de espacialização por meio de iconografia e mapeamento. Embora a pesquisa de campo tenha se limitado à região metropolitana de Curitiba (PR), as conclusões, segundo os pesquisadores, refletem o que acontece em outras regiões do pais e demonstram que a dinâmica e diferenciação dos sistemas agrários são influenciadas por aspectos ecológicos do meio, aspectos sociais, culturais e econômicos da sociedade e como esta acessa as políticas públicas ou define suas estratégias em função delas. O livro custa 30 reais e pode ser comprado através do site www.editora.ufpr.br

Pequenas Frutas

Organizado pelos pesquisadores Luís Eduardo Corrêa Antunes e Alexandre Hoffmann, o livro 500 Perguntas 500 Respostas – Pequenas Frutas traz informações sobre a rotina de produção e processamento das chamadas “pequenas frutas” – designação genérica para uma ampla e variada grama de espécies frutíferas de clima de temperado, como amora-preta, mirtilo, framboesa, uva muscadínea, etc, de clima sub-tropical ou tropical (seriguela, physalis, murici, pitanga, cajá, uxi, pitomba e tantas outras). Resultado de um trabalho conjunto de pesquisadores e técnicos da Embrapa Clima Temperado, da Embrapa Uva e Vinho e de instituições parceiras, a publicação custa 12 reais e pode ser adquirida através do site www.embrapa.br/liv; telefone (61) 3448.4236 ou e-mail sct.vendas@embrapa.br.



Calendário de eventos

FEVEREIRO

19

CPF2013/XXXVI Congresso Paulista de Fitopatologia

De 19 a 21 – Instituto Biológico de São Paulo (SP) – Site: www.infobibos.com/ cpfito.

21

23ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz

12

III Sigera/Simpósio Internacional sobre Gerenciamento de Resíduos Agropecuários e Agroindustriais De 12 a 14 – São Pedro (SP) E-mail: sigera2013@gmail.com

13

SPMec2013/III Simpósio Paulista de Mecanização em Cana-de-Açúcar

De 21 a 23 – Centro de Eventos de Restinga Seca – Restinga Seca (RS) Fone: (55) 3261-1078 -Site: www. colheitadoarroz.com.br – E-mail: abertura@colheitadoarroz.com.br

De 13 a 14 – Centro de Convenções Prof. Dr. Ivaldo Melito – Jaboticabal (SP) – Fone: (16) 3203-3341 E-mail: spmec2013@gmail.com

25

20

Tropical Fusarium/ Workshop Lavras 2013

De 25 a 1/3 – Universidade Federal de Lavras – Lavras (MG) - Site: www.dfp. ufla.br/tfw2013

MARÇO

4

Expodireto Cotrijal 2013/ Feira internacional

De 4 a 8 – Parque de Exposições de Não-Me-Toque (RS) – Fone: (54) 33323636 - E-mail: expodireto@cotrijal. com.br

7

Expo Umuarama/39ª Exposição Agropecuária, Industrial e Comercial de Umuarama De 7 a 17 – Parque de Exposições Dario Pimenta Nóbrega – Umuarama (PR) – Fone: (44) 3621-9500 – Site: www.expoumuarama.com.br – E-mail: srumuarama@srumuarama. com.br

11

14º Agrocafé/14º Simpósio Internacional do Agronegócio Café De 11 a 13 – Hotel Othon Palace – Salvador (BA) – Fone: (71) 2102-6600 E-mail: contato@gt5.com.br

64 | Agro DBO – fevereiro 2013

Fenincafé 2013/XVIII Feira Nacional de Irrigação em Cafeicultura, XVIII Encontro Nacional de Irrigação da Cafeicultura no Cerrado, XV Simpósio de Pesquisa em Cafeicultura Irrigada. De 20 a 22 – Pica-Pau Country Club Araguari (MG) – Fone: (34) 3242-888 E-mail: fenincafe@hotmail.com

20

13ª Expoagro Afubra

De 20 a 22 – Rincão del Rey (BR-471, Km 143 – Rio Pardo (RS) – Site: www.afubra.com.br E-mail: expoagro@afubra.com.br

20

Show Agrícola 2013

De 20 a 24 – Rodovia SC 471, Km 13 (trevo) – Palma Sola (SC) – Fone: (49) 3652-0152

27

Fenamilho Internacional/ Feira Internacional do milho

De 27 a 5/5 – Parque de Exposições Siegfried Ritter – Santo Angelo (RS) – Fones: (55) 3313-8757 e/ou (55) 3312-1237 e-mail: fenamilho@ fenamilhointernacional.com.br

Show Rural Coopavel – De 4 a 8/2 – BR 277, Km 577 – Cascavel (PR) – Site: www.showrural. com.br

Um dos mais importantes eventos agrícolas da América Latina, o Show Rural Coopavel será realizado este ano de 4 a 8 de fevereiro em Cascavel, no Paraná. Promovido pela Coopavel Cooperativa Agroindustrial, tem como principal objetivo a difusão de tecnologias voltadas ao aumento de produtividade em pequenas, médias e grandes propriedades rurais. As principais empresas mundiais de pesquisa e de equipamentos lançam novos produtos e tecnologias na Coopavel. Primeira das grandes feiras agrícolas do Sul/ Sudeste do país, atualmente em sua 25ª edição, é uma espécie de farol do agronegócio nacional, antecipando as tendências do setor a cada ano.

ABRIL

2

Intermodal South América/19ª Feira Internacional de Logística, Transporte de Cargas e Comércio Exterior De 2 a 4 – Transamérica Expo Center São Paulo (SP) – Fone: (11) 4689-1935 – Site: www.intermodal.com.br

4

ExpoLondrina/Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina De 4 a 14 – Parque Governador Ney Braga – Londrina (PR) Fone: (43) 3378-2000 – Site: www.srp. com.br - E-mail: srp@srp.com.br

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Tecnoshow Comigo 2013

De 8 a 12 – Centro Tecnológico Comigo – Rio Verde (GO) – Fones: (64) 3611-1650 e/ou (64) 3611-1524 Site: www.tecnoshowcomigo.com.br

10

Simpósio Mineiro de Ciência do Solo

De 10 a 12 – Universidade Federal de Viçosa – Viçosa (MG) – Fone: (31) 38392632 – E-mail: simpósio@gmail.com

15

Parecis SuperAgro/6ª Feira Tecnológica de Negócios do Parecis De 15 a 18 – Parque de Exposições Odenir Ortolan (BR 364, Km 873) – Campo Novo do Parecis (MT) – Site: www.parecissuperagro@com.br – E-mail: contato@parecissuperagro.com.br

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Agrishow 2013/20ª Feira Internacional de Tecnologia em Ação

De 29 a 3/5 – Ribeirão Preto (SP) – Fone: (11) 3060-5041 - Site: www.agrishow.com.br – E-mail: comunicação@reedalcantara.com.br


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fevereiro 2013 – Agro DBO | 65


Legislação

Operações de hedge Dicas para o produtor rural aperfeiçoar sua atuação no mercado, de forma a minimizar os riscos da atividade agrícola e potencializar os ganhos. Fábio Lamonica Pereira *

A

s operações de hedge, através das quais é possível “travar” o valor de venda por meio de contratos firmados junto a empresas que comercializam produtos rurais, incluindo cooperativas agropecuárias, ou a própriaa BM&F&Bovespa, pode ser de grande valia para o agricultor. Este tipo de instrumento permite definir antecipadamente o valor que ele receberá, de maneira que não sofra com as oscilações do mercado. O que se deve buscar é o compromisso de entrega de parte da produção suficiente para a liquidação dos custos e que

da a fim de que os riscos assumidos não gerem problemas ao invés de soluções. Na prática, os instrumentos mais comumente utilizados são Cédulas de Produto Rural com entrega física ou com liquidação financeira e contratos de compra e venda de produtos agrícolas com estipulação de entrega futura. Vale destacar que, via de regra, instrumentos de “opção”, geralmente assinados para o fim de autorizar, por determinado tempo, posterior assinatura de contrato de compra e venda futura não geram direito quanto ao valor do produto dele constante. Isto signi-

É sempre possível recorrer ao judiciário para reparar os abusos cometidos por credores

*O autor é advogado, especialista em Direito do Agronegócio

permita determinada margem de lucro. De toda sorte, o agricultor não deve se comprometer com a entrega de produtos acima de sua capacidade, contando que suas lavouras poderão sofrer com perda de safra em decorrência de estiagens, ou excesso de chuvas ou com o ataque de fungos, etc. A cobertura estipulada pela apólice de seguro é um bom indicativo da quantia que está “garantida” e que pode ser, com maior tranquilidade, objeto de entrega futura. Ainda assim, pode ocorrer que, na data da entrega da produção combinada, o agricultor não tenha o produto, ao menos em sua totalidade, para o cumprimento da obrigação. Por isso, a contratação de hedge é importante, mas deve ser cuidadosamente analisa-

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fica que o agricultor não pode se amparar em termo de opção, sem que haja assinatura efetiva de contrato, para pretender exigir o pagamento de determinado valor pelos produtos agrícolas a serem entregues. Na verdade, muitos agricultores utilizam a troca de produtos, ou seja, adquirem insumos e assinam determinado título com compromisso de entrega de produtos rurais em troca. Neste caso, deve-se conferir se os valores dos insumos adquiridos são compatíveis com os dos produtos prometidos, uma vez que é muito comum a imposição, por parte do credor, de promessa de entrega de produtos em excesso por parte do produtor. Além disso, em caso de troca de produtos, é im-

portante constar do próprio título a identificação das notas fiscais e respectivos valores dos insumos vinculados, de forma que a operação seja transparente e segura para ambas as partes. Em todas as situações, é necessário atentar para a contratação formal da operação, com assinatura das partes e retenção de uma via para comprovação futura. As disposições contidas em contratos de compra e venda devem ser verificadas, especialmente quanto à fixação da data de entrega ou pagamento futuro, bem como aquelas que determinem o pagamento de juros e multa para o caso de descumprimento da obrigação, uma vez que, não raro, credores impõem cláusulas abusivas para o caso de descumprimento do contrato. É certo que a lei permite a estipulação de encargos moratórios e de perdas e danos para tais contratos, porém há limitações e estas devem ser observadas. Quanto à quitação de tais instrumentos, o agricultor deve exigir os respectivos recibos ou documentos que comprovem, sem dúvidas, que a obrigação assumida foi cumprida em sua integralidade, a fim de evitar possíveis, e desagradáveis, questionamentos futuros. Com isso, o planejamento, incluindo o cuidado com os instrumentos de hedge disponíveis no mercado, é essencial para reduzir os riscos e potencializar os ganhos na atividade agropecuária, sendo possível recorrer ao judiciário a fim de afastar abusos cometidos por determinados credores.




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