Revista Agro DBO - Ed 56 - Junho/2014

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Plano Agrícola e Pecuário 2014/2015 MAIS INVESTIMENTO E SEGURANÇA PARA O AGRONEGÓCIO CONTINUAR CRESCENDO JUNTO COM O BRASIL.

Para que o agronegócio continue produzindo bons resultados para todo o país, o Governo Federal está lançando o Plano Agrícola e Pecuário 2014/2015. São R$ 156,1 bilhões em créditos para fortalecer o produtor rural brasileiro. Com o Plano Agrícola e Pecuário 2014/2015, estão disponíveis mais recursos para custeio, comercialização e investimento, além de melhores condições de acesso ao crédito e atualização dos preços mínimos de vários produtos. O plano também oferece atenção especial ao médio produtor, além de mais incentivos para infraestrutura, logística, irrigação, inovação e desenvolvimento sustentável.

Produtor rural: fale com o gerente do seu banco e saiba como ter acesso aos créditos e benefícios do Plano Agrícola e Pecuário 2014/2015. Para mais informações: 0800 704 1995 | facebook.com/minagricultura | agricultura.gov.br


Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

G O V E R N O

F E D E R A L

Conheça as novidades para o produtor rural Atenção especial ao médio produtor pelo Pronamp Taxas de juros vantajosas Aumento no volume de recurso Maior valor financiável

Avanços para infraestrutura e logística Redução de custos e mais eficiência na produção e no abastecimento Fortalecimento dos programas de armazenagem Novas e melhores alternativas de escoamento da safra

Mais incentivos para inovação e tecnologia Melhores condições para a avicultura, suinocultura, pecuária de leite e hortigranjeiros Maior abrangência de investimento e maior volume dos limites para irrigação Fortalecimento dos programas Inovagro e Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC)

Promoção e fortalecimento do setor de florestas plantadas Instituição de políticas públicas específicas Estímulo ao aumento da produtividade e da área plantada Ampliação da participação de pequenos e médios empreendedores florestais

Incrementos para a pecuária de corte Mais estímulos para processos de engorda e aquisição de matrizes e reprodutores bovinos para possibilitar maior oferta de carne

Melhorias no programa de Seguro Rural Aperfeiçoamento dos produtos ofertados Revisão do zoneamento agroclimático e das áreas prioritárias

Confira nas tabelas abaixo as Condições de finanCiamento de Cada programa

lIMItE dE CrÉdIto/ BENEFICIÁrIo

PraZo MÁXIMo

CarÊNCIa

taXa dE JuroS

Pronamp

R$ 10,55 bilhões

R$ 660 mil

2 anos

Não tem

5,5%

Outros

R$ 101,45 bilhões

R$ 1,1 milhão

2 anos

Não tem

6,5%

rECurSoS ProGraMadoS

lIMItE dE CrÉdIto/ BENEFICIÁrIo

PraZo MÁXIMo

CarÊNCIa

taXa dE JuroS

R$ 6,34 bilhões

R$ 385 mil

12 anos

2 anos

5,5%

R$4,5 bilhões

R$ 2 milhões (1)

15 anos

6 anos

4,5% (2) 5% (3)

Procap-Agro

R$ 500 milhões

R$ 50 milhões

6 anos

2 anos

6,5%

Procap-Agro Capital de Giro

R$ 2,55 bilhões

R$ 60 milhões

2 anos

6 meses

8%

Prodecoop

R$ 1,25 bilhão

R$ 100 milhões

12 anos

3 anos

6,5%

PCA

R$ 3,5 bilhões

Não tem

15 anos

3 anos

4%

Moderfrota

R$ 3,5 bilhões

Não tem

8 anos

2 anos

4,5% (7) 6% (8)

PSI Cerealistas

R$ 1 bilhão

Não tem

15 anos

3 anos

5%

investimento ProGraMa Pronamp ABC Integralização de Cotas-Partes

PSI Rural

R$ 4,5 bilhões

Não tem

10 anos

3 anos

4,5% (7) 6% (8)

Inovagro

R$ 1,7 bilhão

R$ 1 milhão

10 anos

3 anos

4%

Moderagro

R$ 550 milhões

R$ 800 mil (4)

10 anos

3 anos

6,5%

Moderinfra Agricultura Irrigada

R$ 300 milhões

R$ 2 milhões (5)

12 anos

3 anos

4%

Moderinfra

R$ 250 milhões

R$ 1,3 milhão (6)

12 anos

3 anos

6,5%

R$ 3 bilhões

Não tem

6 anos

18 meses

TJPL + 2,7%

Modernização e reforma de armazéns

ProRenova Rural e Industrial

(1) Limite para plantio comercial de florestas: R$ 3 milhões/beneficiário (2) Produtores rurais com renda bruta anual até R$ 1,6 milhão (3) Produtores rurais com renda bruta anual acima de R$ 1,6 milhão (4) Limite para crédito coletivo: R$ 2,4 milhões

rECurSoS ProGraMadoS

ProGraMa

(5) Limite para crédito coletivo: R$ 6 milhões (6) Limite para crédito coletivo: R$ 4 milhões (7) Produtores rurais com renda bruta anual até R$ 90 milhões (8) Produtores rurais com renda bruta acima de R$ 90 milhões

Custeio


Sumário

30 Fitossanidade

Calejados no combate aberto contra doenças e pragas, os cotonicultores enfrentam agora uma nova ameaça: a chegada da mancha-alvo.

34 Entrevista

Vice-presidente da Anfavea, Milton Rêgo elogia o decreto presidencial que desobriga o emplacamento de trator que não circula por estradas.

36 Logística

Aiba, Icofort e governo da Bahia reabrem a hidrovia do rio São Francisco com um carregamento de caroço de algodão entre Ibotirama e Petrolina

42 Safra

Apesar do clima ruim em algumas regiões e de problemas fitossanitários, os agricultores obtêm bons resultados na safra 2013/14.

46 Agrishow

Confira as principais novidades em tecnologia e lançamentos de máquinas e implementos agrícolas apresentados na feira este ano.

20 54 Café

Estudos econômicos mostram que sombrear e consorciar o cafezal com outras espécies (macadâmia, por exemplo) pode trazer resultados positivos

Matéria de capa 56 Tecnologia Aumento da resistência Caipiras “disponibilizam” aos produtores rurais e à população em geral

de ervas daninhas a herbicidas assusta produtores rurais, empresas fabricantes de agroquímicos e pesquisadores. Segundo consenso entre eles, é hora de repensar as técnicas de manejo utilizadas no país.

técnicas e procedimentos ancestrais, consagrados pelo uso no campo.

Artigos 8 – Rogério Arioli discorre sobre os riscos do uso indiscriminado de OGMs 28 – Décio Gazzoni explica por que os biocombustíveis são mais vantajosos 66 – Fábio Lamonica sugere alguns cuidados na venda de imóvel arrendado

Seções Do leitor.............................................................. 7 Ponto de Vista................................................... 8 Notícias da terra.............................................10 Política................................................................33

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Análise de mercado......................................58 Novidades no campo...................................60 Biblioteca da terra..........................................62 Calendário de eventos.................................64



Carta ao leitor

A

matéria de capa desta edição, “Luta inglória”, do repórter Ariosto Mesquita, é de deixar meio mundo estupefato. Arrancar ervas daninhas na enxada e à mão como consequência da espantosa disseminação dessas plantas resistentes aos herbicidas à base de glifosato é algo assustador na agricultura de escala que se pratica no país. Mas é isso que vêm fazendo produtores no Mato Grosso do Sul, em centenas de hectares cultivados com soja e milho, para evitar que a população de ervas resistentes se torne um complicador ainda mais sério. Uma questão, então, pode ser levantada: por que não se lançaram variedades de sementes GMs sensíveis a outros herbicidas? Talvez não seja possível, neste momento, perceber que a burocracia (brasileira e internacional) tenha sua parcela de responsabilidade nessa questão, afora outros entraves, onde se poderia colocar concorrência predatória, inércia da pesquisa agrícola e dos sistemas de assistência técnica aos produtores, além de irresponsabilidade de muitos agricultores, por exemplo, no plantio de soja-soja na safra-safrinha, sem rotação de culturas. O tudo pelo lucro não pode prevalecer nesse comportamento, em nosso modo de entender a agricultura. De outro lado, onde está a pesquisa, oficial e privada, na questão da introdução de novas cultivares, especialmente em soja e milho, resistentes às outras marcas de herbicidas. Cadê a soja da Basf-Embrapa? Ainda em processo de registro nos países importadores europeus? Nesta edição ainda, destaque para a reportagem “São Francisco, olhai por nós”, autoria do jornalista José Maria Tomazela, um relato notável da burocracia e também da inércia dos políticos para tomar decisões, eis que os problemas de logística se agravam. Nosso “mau humor”, se o leitor assim entender, se estende aos descaminhos inexplicáveis da Agrishow, a maior feira agrícola do Brasil, que se consolida como feira especialista de máquinas, se moderniza, porém realiza-se com poucas e raras dinâmicas, e ainda ausência das empresas, ou presença muito tímida, especialmente dos setores de agroquímicos e de fertilizantes e de outras tecnologias importantes e necessárias para que se obtenha aumentos de produtividade tão necessários. Na reportagem desta edição mostramos os lançamentos de máquinas, implementos e tecnologias feitos na feira, mas registramos neste espaço as indevidas idiossincrasias mercadológicas dessas empresas, cujas ausências não se justificam, eis que feiras são espaços regionais para demonstração, e a maior das feiras brasileiras não registra quase nada sobre os temas citados. Aos que desejarem manifestar suas opiniões, sugerimos enviar e-mail para redacao@agrodbo.com.br Richard Jakubaszko

é uma publicação mensal da DBO Editores Associados Ltda. Diretor Responsável Demétrio Costa Editor Executivo Richard Jakubaszko Editor José Augusto Bezerra Conselho Editorial Décio Gazzoni, Demétrio Costa, Evaristo Eduardo de Miranda, Hélio Casale, José Augusto Bezerra e Richard Jakubaszko Redação/Colaboradores Ariosto Mesquita, Décio Luiz Gazzoni, Fábio Lamonica Pereira, Gustavo Paes, Hélio Casale, José Maria Tomazela, Marcos José Perdoná, Marianna Peres, Miguel Biegai Jr e Rogério Arioli Silva Arte Editor Edgar Pera Editoração Edson Alves e Célia Rosa Coordenação Gráfica Walter Simões Marketing/Comercial Gerente: Rosana Minante Departamento Comercial Andrea Canal, Marlene Orlovas, Tereza Helena Virginia e Vanda Motta Circulação Gerente: Edna Aguiar ISSN 2317-7780 Impressão Log&Print Gráfica e Logística S.A. Capa: foto de Ariosto Mesquita DBO Editores Associados Ltda Diretores: Daniel Bilk Costa, Odemar Costa e Demétrio Costa Rua Dona Germaine Burchard, 229 Perdizes, São Paulo, SP 05002-900 - Tel. (11) 3879-7099 redacao@agrodbo.com.br www.agrodbo.com.br

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Do Leitor ção a diversas instituições de pesquisa e extensão rural do estado de São Paulo. O leitor Sylmar Denucci, diretor do DSMM – Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes do município de Águas de Santa Bárbara, é um dos personagens da reportagem em questão. Suas declarações constam do texto de Tomazela, da contestação da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo (através de sua Assessoria de Comunicação) à informações veiculados na referida matéria e da tréplica do jornalista, rebatendo os argumentos da Secretaria (leia a respeito na seção Do Leitor da edição de abril).

atualizada no mercado e permitem orientar melhor meus clientes. Adriana Cristina Tomé Oliveira Piumhi PARANÁ Eu li uma vez a revista e já me interessei em assiná-la. É indispensável para quem busca estar atualizado em relação ao agronegócio. Carlos Zuanazzi Espigão Alto Iguaçu

MATO GROSSO A Agro DBO é a melhor revista sobre a agricultura brasileira, trazendo informações confiáveis e atuais, de interesse dos leitores Cássia Rafaella Brito Lucas do Rio Verde MINAS GERAIS Revista bastante completa quanto às novidades do agronegócio, muito clara e objetiva. Renan Zampiroli Monte Carmelo A revista é show com artigos técnicos, voltados realmente ao produtor e consultor e contrapondo-se a outras que são mais comerciais, apenas produtos de empresas. Leandro da Silva Almeida Uberlândia Sou proprietária de um escritório de assessoria administrativa e financeira voltado à área rural. A revista Agro DBO traz matérias muito interessantes, que ajudam a me manter

Composite

RIO DE JANEIRO Acho a Agro DBO uma ótima revista no ramo agrário, tanto para profissionais, produtores, estudantes e pesquisadores, pois traz informações tecnológicas, científicas e do agronegócio. O conteúdo da revista é muito bom. Ismael Fernando Schegoscheski Campos dos Goytacazes

Lendo, na Agro DBO de março, edição nº 53, o texto sobre o clima louco, deparei-me com uma afirmação de que o sol está em baixa atividade (p.46). Segundo a Nasa (http:// solarscience.msfc.nasa.gov/images/ Cycle22Cycle23Cycle24big.gif), certamente estamos numa fase de baixa atividade solar (ciclo 24), mas nessa baixa estamos justamente em pico de atividade solar (http://solarscience.msfc.nasa. gov/predict.shtml), com maior presença de manchas solares, o que significa que menos raios cósmicos (com efeito nucleadores de gotas de chuva) conseguem entrar na atmosfera, podendo resultar em menos chuva (aspecto apresentado no livro Manejo Ambiental Agrícola). Essa maior atividade tenderá a se reduzir a partir de final de 2015, segundo gráfico da Nasa, e que ocorre em ciclo de 10-11 anos. Veja os gráficos nos endereços indicados acima. Odo Primavesi São Carlos

SANTA CATARINA Muito bom conteúdo, de fácil entendimento. Nei Zeni Meleiro SÃO PAULO Prezado Tomazela. Espetacular sua contundente resposta à ridícula, vergonhosa e mentirosa carta enviada por nossa secretaria contrapondo-se à sua excelente reportagem. Um grande abraço. Sylmar Denucci Avaré NR: O e-mail acima, como seu teor indica, foi encaminhado ao jornalista José Maria Tomazela, autor da reportagem “Institutos sucateados”, publicada na edição de março da Agro DBO, na qual denuncia o descaso oficial em relaC

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AgroDBO se reserva o direito de editar/resumir as mensagens recebidas devido à falta de espaço. K

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Ponto de vista

Goleada no campo Uso generalizado de OGMs traz contratempos aos agricultores em termos econômicos, em pragas e ervas daninhas resistentes. Rogério Arioli Silva *

As lagartas adquirem status importante nas lavouras

* O autor é engenheiro agrônomo e produtor rural em Mato Grosso

E

m tempos de campeonato mundial de futebol quem anda dando de goleada nas lavouras do interior do país são as lagartas. Elas têm atacado as mais diversas culturas em diferentes pontos do território nacional levando intranquilidade e, sobretudo, prejuízos aos produtores rurais. Interessante observar que muitas das biotecnologias comercializadas como supressoras e até mesmo controladoras dessas pragas estão tendo um desempenho muito aquém do esperado. Embora esse assunto tenha permanecido na pauta das discussões dos últimos meses – a própria Agro DBO abordou o tema em março do ano passado –, não se vislumbra, por parte das empresas, nenhuma sinalização no sentido de reparar as perdas dos agricultores que pagaram pela tecnologia. A ga-

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nância e o lucro desmedido estão falando mais alto. Quando um novo evento biotecnológico é comercializado, sua precificação não segue as leis normais do mercado, onde se consideram custos de produção mais margens de lucro. A definição do valor da nova tecnologia baseia-se na redução de custos que a mesma se propõe a oferecer ao potencial usuário. Nessa conta, a grande parte da redução dos custos é embolsada pela empresa que lança a novidade, geralmente restando para o produtor apenas uma maior facilidade no manejo da cultura. Parece muito injusto não é mesmo? Mas é a lei da selva que prevalece e é isso o que tem acontecido. A situação torna-se ainda mais injustificável quando o evento proposto e, cobrado antecipadamente, não obtém no campo a “performance” que a propaganda anunciou.

Nesse caso o prejuízo fica apenas no bolso do produtor que investiu numa nova opção biotecnológica e, mesmo assim, precisou pulverizar sua lavoura com inseticidas, além de perder produtividade com o ataque das lagartas. Primeiro, a culpa dessa ineficiência foi debitada aos produtores que não teriam utilizado a tecnologia de maneira correta, deixando de implantar as áreas de refúgio. Posteriormente, observou-se que não foi bem isso que aconteceu e sim a quebra de resistência das pragas, abreviando a vida útil do evento biotecnológico. No ano de 2006, em Porto Rico, já se tinha conhecimento da resistência das lagartas a determinados eventos, entre eles o Bt (Bacillus thuringiensis). Igualmente, no Meio-Oeste americano esta resistência voltou a aparecer, o que deveria ter provocado uma responsabilidade maior das empresas que a lançaram. Não se trata de questionar esse importante avanço no controle de pragas, todavia, não é justo que os produtores paguem por algo que não atinge o objetivo a que se propõe. É inegável que o desenvolvimento de novas moléculas e de novas biotecnologias custa milhões de dólares. Entretanto, a pressa em recuperar os investimentos feitos tem levado as empresas a prometerem o que nem sempre podem cumprir. Quando a redução de custos não acontece é injustificável que o produtor sofra sozinho esse ônus, pois cada pulverização de inseticidas custa no mínimo R$ 50,00 por hectare. Se as empresas


querem de fato abocanhar parte da receita do produtor então que garantam a tecnologia e a cobrem no final da safra, após esta se mostrar viável economicamente. Muitos produtores pagaram caro pelas sementes de milho Bt e, além da necessidade de pulverizar as lavouras, gastando a mesma coisa que gastariam se optassem por sementes convencionais, as lavouras sofreram o ataque das pragas em intensidade semelhante. Quando problemas acontecem, inúmeras questões são levantadas, entre elas a situação climática – onde os dias nublados afetariam o desempenho das proteínas de resistência das plantas, além da necessidade da rotação de híbridos e dos eventos biotecnológicos dentro da mesma propriedade. Detalhes técnicos sobre as características das áreas de refúgio, como ciclo, época de plantio e distância, também são questionados, além da própria capacidade técnica das propriedades rurais no sentido de implantarem o MIP (Manejo Integrado de Pragas) com a devida eficiência. Percebe-se uma tentativa evidente de responsabilizar apenas o produtor rural pela ineficiência da nova tecnologia.

Embora as lagartas tenham desempenhado os papéis principais quando se fala em quebra de resistência no campo, o aumento no aparecimento de invasoras resistentes aos principais herbicidas disponíveis no mercado também é fator de extrema preocupação. Na década de 1990, quando a tecnologia RR (Roundup Ready) chegou ao mercado, muito se falou na redução de custos que haveria para os produtores. Hoje se sabe que essa redução aconteceu apenas em algumas situações e atualmente ela inexiste, em função da necessidade

glifosato, tendência que acontece através da utilização constante nas lavouras de produtos com o mesmo modo de ação, repetidas vezes. Essa resistência está diretamente ligada à capacidade natural e herdável que alguns indivíduos possuem de sobreviver e reproduzir-se quando expostos a produtos que lhes seriam tóxicos. A pesquisa possui inúmeras recomendações técnicas que auxiliam no combate a essa resistência, embora nem sempre este assunto seja tratado com a devida importância por parte da cadeia produtiva.

O prejuízo fica apenas no bolso do produtor que investiu numa opção biotecnológica. de aumento das doses, frequência e preços do produto. O IMEA (Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola), ao divulgar seus dados de custos de produção, demonstra que atualmente são similares os custos da soja transgênica em relação à convencional. Além da perda dessa vantagem econômica, os usuários da tecnologia RR hoje sofrem com o aumento da resistência de inúmeras espécies de invasoras ao princípio ativo do

Esses aspectos se revestem de grande importância, entretanto, como o produtor paga antecipadamente pela biotecnologia, é somente ele quem fica no prejuízo quando esta se torna ineficiente. A verdade é que mesmo essas novas tecnologias oferecidas, apesar de serem extremamente importantes para a agricultura, possuem uma vulnerabilidade alta e não é justo que apenas uma das partes assuma os prejuízos decorrentes dela.

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Notícias da Terra Safra I

Conab eleva estimativas

O

8º levantamento da Conab, divulgado em maio, indica produção de 191,2 milhões de toneladas de grãos na safra 2013/14, quantidade 1,4% maior (2,6 milhões de toneladas a mais) em relação à temporada passada (188,7 milhões t). Comparativamente ao 7º levantamento, representa incremento de 600 mil t. Em termos percentuais, os destaques foram o feijão, que deve crescer 26,8% (+ 752,6 mil t), chegando a 3,6 milhões t; e o trigo, com 24,5% (+ 1,35 milhão t), atingindo 6,9 mi-

Safra II

IBGE iguala a partida com a Conab

A

quarta estimativa do IBGE sobre a safra 2013/14, anunciada em maio, aponta produção de 191 milhões de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas, 1,5% superior à da temporada anterior (188,2 milhões t) e 0,8% acima do previsto em abril (1,6 milhão de toneladas a mais em relação à terceira estimativa). A área plantada em 2014 deve alcançar 55,8 milhões de hectares, 5,3% a mais em relação à do ano passado (53 milhões) e 0,3% acima do projetado em abril (55,6 milhões). A soja, o arroz e o milho respondem por 91,2% da produção estimada e 85% da área prevista. A produção de soja deve crescer 6,3%; a de arroz, 7,7%; e a de milho deve cair 7,2%, comparativamente a 2013. Em relação ao tamanho das lavouras, a de soja crescerá 7,6%; a de arroz, 1,8%; e a de milho diminuirá 2,5. A pesquisa pode ser acessada pelo link www.ibge. gov.br/home/estatistica/indicadores/agropecuaria/1spa. 10 | Agro DBO – junho 2014

lhões t. Na sequência vêm a soja, com 6,2% (+ 5,1 milhões t) e 86,6 milhões t, e o arroz, com 6,9% (+ 812,6 mil t) e 12,6 milhões t, respectivamente. A produção de milho (primeira e segunda safras) deve cair 7,7%, ou seja, 6,3 milhões de toneladas a menos, totalizando 75,2 milhões t, contra 81,5 milhões t no ano passado. A área plantada com grãos deve chegar a 56,3 milhões de hectares, 5,1% maior que a da safra anterior (53,6 milhões ha). O levantamento foi feito de 22 a 25 de abril.

Safra III

Projeções por regiões

A

produção nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas apresenta a seguinte distribuição: Centro-Oeste, 78,8 milhões de toneladas; Sul, 72,1; Sudeste, 17,1; Nordeste, 18,1 e Norte, 5. Comparativamente à safra passada, o IBGE constatou incremento de 0,4% no Centro-Oeste, 51,2% no Nordeste e 0,6% no Norte, e redução de 1,3% no Sul e 13,4% no Sudeste. Mato Grosso segue à frente como o maior produtor de grãos do Brasil, com 23,7% de participação, à frente do Paraná (18,5%) e do Rio Grande do Sul (16%). Os três estados respondem por 58,2% da produção nacional prevista.

Safra IV

Variação por cultura

D

os 26 produtos pesquisados pelo IBGE, 15 apresentaram variação percentual positiva em relação ao colhido em 2013: mamona (356,4%), feijão 1ª safra (55,5%), algodão (23,5%), trigo (21,2%), café conilon (14,9%), cebola (13,9%), feijão 2ª safra (12,2%), mandioca (10,6%), arroz (7,7%), batata-inglesa 1ª safra (7,5%), soja (6,3%), sorgo (2,1%), laranja (1%), batata-inglesa 2ª safra (0,5%) e batata-inglesa 3ª safra (0,4%). Com variação negativa foram 11 produtos: amendoim 1ª safra (- 17,8%), café arábica (- 12%), milho 1ª safra (- 8,5%), triticale (- 7,6%), amendoim 2ª safra (- 7,2%), milho 2ª safra (- 6,2%), cacau (- 2,8%), aveia (- 2,5%), feijão 3ª safra (- 2,4%), cevada (- 2,3%) e cana-de-açúcar (- 0,2%).


Notícias da Terra Safra V

Inundação de soja

A

previsão é do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês): os dois maiores produtores de soja do mundo – EUA e Brasil – vão ampliar a área destinada à cultura na safra 2014/15. Se o clima não atrapalhar, os norte-americanos vão produzir 98,9 milhões de toneladas e o Brasil, 91. Se não houver problemas climáticos sérios, com quebra nos demais países produtores, a safra mundial ultrapassará a barreira das 300 mi-

lhões t, contra 284 milhões no ciclo 2013/14, puxando forte alta nos estoques globais. Segundo projeções do USDA, os chineses devem reduzir a importação de milho (de 4,5 milhões t no ano-agrícola 2013/14 para 3 milhões no ciclo 2014/15), mas aumentarão a de soja para 72 milhões t, ante 69 milhões na safra em curso. A China responderá por dois terços do total comercializado no mundo na próxima temporada.

Exportações I

Exportações II

C

S

Saldo de US$ 24,1 bilhões onforme números divulgados pelo Mapa, a balança comercial do agronegócio brasileiro fechou abril com superavit de US$ 8,1 bilhões – US$ 9,6 bilhões em vendas externas e US$ 1,4 bilhão em compras no exterior. O complexo soja (óleo, farelo e grão) liderou o ranking em valor embarcado, somando US$ 4,9 bilhões em arrecadação. O setor de carnes aparece em segundo lugar, com receita de US$ 1,4 bilhão. No quadrimestre, a balança agropecuária acumula saldo positivo de US$ 24,1 bilhões.

Recorde em abril egundo levantamento do MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o Brasil exportou 8,3 milhões de toneladas de soja (grãos) em abril, 32,5% acima do total embarcado em março. Foi o maior volume mensal já exportado. Até então, o recorde fora registrado em maio de 2013, com 7,9 milhões t. Na comparação com abril do ano passado, as remessas cresceram 15,3%. No acumulado de janeiro a abril de 2014, foram embarcadas 17,3 milhões de toneladas, 48,5% a mais em relação ao mesmo período de 2013.

VBP

Agropecuária de R$ 450,5 bilhões

O

Valor Bruto de Produção da agropecuária brasileira em 2014 foi estimado em R$ 450,5 bilhões, 2,4% acima do registrado no ano passado (R$ 440,1 bilhões). A agricultura participará com 66% do total e a pecuária, com 34%. A maior parte dos produtos agrícolas analisados apresenta valores superiores aos de 2013. “Em relação à pecuária, os resultados mais favoráveis vêm sendo alcançados pela carne bovina, com aumento de 17,2%, e pela suína, com 9,7%”, afirmou o Coordenador de Planejamento Estratégico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, José Garcia Gasques. A região centro-oeste deve fechar o ano com o maior VBP do país (RS$ 112 bilhões), seguida pelas regiões sul (R$ 109 bi), sudeste (R$ 107,9 bi), nordeste, (R$ 43 bi) e norte (R$ 17,9 bi). São Paulo deverá se manter como o estado de maior valor de produção (R$ 58 bilhões), à frente de Mato Grosso (R$ 56,3 bi). O VBP é atualizado mensalmente pela AGE/Mapa – Assessoria de Gestão Estratégica do Mapa com base nos levantamentos de safra da Conab e do IBGE. junho 2014 – Agro DBO | 11


Notícias da Terra Plano Safra I

Plano Safra II

A

D

Crédito de R$ 156 bilhões

Taxas de juros preocupam

nunciado em 19/5, o PAP – Plano Agrícola e Pecuário 2014/15 oferecerá R$ 156,1 bilhões em recursos, dos quais R$ 112 bilhões para custeio e comercialização e R$ 44,1 bilhões para investimentos. O valor representa alta de 14,7% sobre os R$ 136 bilhões disponíveis no plano anterior. O limite de financiamento de custeio foi ampliado de R$ 1 milhão para R$ 1,1 milhão por produtor, e o destinado à comercialização, de R$ 2 milhões para R$ 2,2 milhões. A obrigatoriedade da contratação do seguro rural nas operações de custeio agrícola feitas por médios produtores foi postergada para o dia primeiro de julho de 2015. Pelo Pronamp – Programa de Apoio ao Médio Produtor Rural, estão programados R$ 16,7 bilhões para as modalidades de custeio, comercialização e investimentos. O valor é 26,5% superior aos R$ 13,2 bilhões da safra 2013/14. Os limites de empréstimo para custeio passaram de R$ 600 mil para R$ 660 mil e os de investimento, de R$ 350 mil para R$ 400 mil.

Plano Safra III

Moderfrota volta à cena

U

ma das novidades do PAP foi a revitalização do Moderfrota, com taxas de juros reduzidas de 5,5% para 4,5% e financiamento para aquisição de máquinas agrícolas novas. No caso do Moderinfra, os limites de crédito individuais passaram de R$ 1,3 milhão para R$ 2 milhões e os coletivos, que abarcam projetos de infraestrutura elétrica, instalação de reservatórios de água e sistemas de irrigação nas propriedades, de R$ 4 milhões para R$ 6 milhões.

12 | Agro DBO – junho 2014

e maneira geral, o PAP 2014/15 foi bem recebido pelas lideranças do agronegócio, exceto quanto à questão dos juros. As taxas foram estabelecidas em 4% para armazenagem, irrigação e inovação tecnológica (5% no crédito de armazenagem para cerealistas); 5% para práticas sustentáveis; 5,5% ao médio produtor; e de 4,5% a 6% para financiamento de máquinas e equipamentos agrícolas. A taxa de juros média foi fixada em 6,5%, alta de um ponto percentual em relação ao PAP anterior. De acordo com a assessoria econômica da Farsul – Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul, o aumento de um ponto percentual na taxa de juros custará R$ 890 milhões aos produtores rurais brasileiros. “O gasto para contratação dos R$ 89 bilhões previstos para custeio e comercialização a taxas controladas passará de R$ 4,895 bilhões para R$ 5,785 bilhões, comprometendo a competitividade da agropecuária nacional”, disse o presidente do Sistema Farsul, Carlos Sperotto, recomendando ao produtor muita austeridade ao analisar as linhas que contratará, a fim de evitar endividamento.

Plano Safra IV

Silvicultura no PAP

O

governo federal pretende instituir a Política Nacional de Florestas Plantadas e estimular o setor com investimentos em pesquisa, assistência técnica, extensão rural e crédito específico, a exemplo do que ocorre no âmbito do Plano ABC – Programa Agricultura de Baixa Emissão de Carbono, que financia em até 15 anos a implantação e manutenção de florestas comerciais. A participação do Brasil no comércio mundial de produtos com origem em florestas plantadas é de 3% atualmente, majoritariamente com a exportação de celulose de fibra curta. A PNFP tem como propósito básico ampliar esta participação e diversificar a base produtiva, reduzindo a pressão sobre as florestas nativas. Outra prioridade é a atração de investimentos para o segmento, através de fundos de pensão, células de crédito florestal, seguro rural e isenção de impostos para uso de resíduos florestais.


Notícias da Terra Agricultura familiar I

Plano Safra de R$24,1 bilhões

O

montante de recursos destinado ao Plano Safra da Agricultura Familiar 2014/15, anunciado pelo governo em 26/5, é 14,8% superior ao da temporada passada (R$ 21 bilhões). A taxa de juros nos financiamentos para custeio e investimento foi mantida entre 0,5% e 2% ao ano,

dependendo da linha de crédito – para os médios e grandes agricultores, o custo do subsídio subiu de 5,5% para 6,5% ao ano. Na ocasião, também foi assinado o decreto que cria a Anater, lançada linha de crédito para o semi-árido, microcrédito para a agricultura agroecológica e divulgadas altera-

ções para a contratação do Proagro mais, que prevê garantia de receita e limite de cobertura de até R$ 20 mil. O Proagro mais será obrigatório, para evitar a necessidade de renegociação de dívidas do setor. Ao produtor caberá pagar 2% sobre o valor agregado do seguro.

Agricultura familiar II

Pagamento adicional aprovado

O

pagamento do chamado Bolsa Estiagem foi prorrogado para dezembro, conforme medida provisória publicada no Diário Oficial da União de 6/5/2014. O benefício de R$ 80 mensais é destinado a agricultores familiares que vivem em municípios em situação de emergência ou calamidade pública reconhecida pelo governo federal. Ao todo, 1.519 municípios do Nordeste brasileiro e do Norte de Minas Gerais estão em situação de emergência, conforme a Sedec - Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, Cerca de 10,7 milhões de pessoas foram afetadas.

Seguro

Alerta aos produtores rurais

A

Aprosoja-MT recebeu inúmeros relatos de associados pressionados a contratar seguros de produção ao buscar financiamento para custeio da safra. Diante disso, distribuiu comunicado geral informando que a contratação de seguro não é obrigatória e que notificaria extrajudicialmente o banco (ou bancos) responsável (responsáveis) de que a prática é abusiva – trata-se, segundo entendimento da entidade, de venda casada, o que é ilegal. A Aprosoja recomenda ao produtor ficar atento ao trâmite burocrático, verificar os documentos, especialmente as autorizações de débito, questionar as taxas constantes do contrato, prestar atenção ao valor de cobertura da apólice, aos casos em que o seguro cobrirá perdas e aos casos em que o seguro não cobrirá as perdas – cláusula esta chamada de “riscos excluídos” ou “excludentes”. O produtor tem o direito de buscar outras cotações de seguro, tanto na mesma instituição como em outras seguradoras. Caso opte por não contratar o seguro, sua operação de crédito não poderá sofrer nenhum dano, como atrasos, cancelamento, aumento das taxas, redução dos valores aprovados, ou indução de venda de outros produtos da entidade financeira. junho 2014 – Agro DBO | 13


Notícias da Terra Café I

Produção: 44,6 milhões de sacas

C

onforme o segundo levantamento da Conab, divulgado no mês passado, a produção nacional de café (arábica e robusta) deve alcançar 44,6 milhões de sacas de 60 quilos neste ano, 9,3% abaixo (4.585 sacas a menos) do obtido na temporada passada (49,2 milhões). A Conab aponta quebra de 15,8% no arábica devido à seca no início do ano, redução na área plantada e estragos provocados por geadas no Paraná. Em contrapartida, a safra de conilon crescerá 13,5% graças à renovação dos cafezais, produtivi-

dade maior e condições climáticas favoráveis no Espírito Santo. Do total nacional previsto, 32,2 milhões de sacas (72,3%) serão de arábica e 12,3 milhões (22,7%), de conilon. Maior produtor de café do Brasil, Minas Gerais vai colher 22,7 milhões de sacas. Maior produtor de conilon, o Espírito Santo tem safra estimada em 9,4 milhões de sacas. A área plantada (arábica e conilon) no país deve abarcar 2,3 milhões de hectares, 1,9% inferior à da safra passada (44 mil hectares a menos).

Café II

Reajustes salariais impactam custos

O

boletim “Ativos do Café”, elaborado pela CNA – Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil em parceria com a Ufla – Universidade Federal de Lavras, mostra que o custo de produção do cafeicultor brasileiro aumentou 3,9% no primeiro bimestre do ano. No que diz respeito ao café arábica, subiu 3,4%; no conilon, 5,7%. No primeiro caso, o aumento médio no COE – Custo Operacional do Café relacionado com reajus-

Café III

Recursos à disposição

O

Funcafé – Fundo de Defesa da Economia Cafeeira avisa: os produtores ainda podem contar com recursos de R$ 112 milhões para financiar as operações de colheita. Este valor, disponibilizado em 2013, é da linha de financiamento de custeio, que pode ser contratada até o mês que vem. Os interessados devem procurar as instituições financeiras contratadas pelo Ministério da Agricultura.

14 | Agro DBO – junho 2014

tes salariais chegou a 2,7%, com oscilações devido ao maior ou menor emprego de mão-de-obra. Em Manhumirim (MG), por exemplo, o COE subiu 4,1%. Em Luís Eduardo Magalhães (BA), região com lavoura totalmente mecanizada, 1,1%. Em relação ao conilon, alcançou 3,5%, com maior percentual (6,1%) em Jaguaré (ES). Nas demais regiões do Espírito Santo, os aumentos salariais apresentaram impacto menor na formação do COE (3,1%).

Café IV

Consumidor paga o pato

O

s preços do grão para a indústria subiram mais de 100% desde dezembro, de acordo com a Abic – Associação Brasileira da Indústria de Café. Segundo o diretor-executivo da entidade, Nathan Herszkowicz, no final de 2013 as indústrias pagavam R$ 220,00 pela saca de 60 quilos. No mês passado, os preços variaram de R$ 420 a R$ 470,00. Em abril, bateram na casa dos R$ 500,00. “A indústria não suporta aumento tão expressivo da matéria-prima, que corresponde a 60% do preço final do café”, disse, justificando a alta. Resultado: o valor nas gôndolas dos supermercados deve ser reajustado entre 20% e 35% ao longo de 2014. “As empresas que não tinham estoques de matéria-prima sofreram um impacto maior, sendo necessário um ajuste mais significativo nos valores do produto final”, disse ele. Mesmo com o aumento do preço no varejo, a expectativa da Abic é de que a demanda continue em alta. A estimativa é encerrar o ano com consumo 3% a 4% superior ao de 2013.


Notícias da Terra Empresas

Milenia agora é Adama A Adama Agricultural Solutions é a nova marca mundial do grupo antes conhecido como Makhteshim Agan, com faturamento superior a US$ 3 bilhões em 2013, o que o coloca como sétimo maior grupo do setor agroquímico. O nome Milenia Agrociências permanece na rotulagem dos produtos nos distribuidores até o segundo semestre deste ano, quando começará um processo gradativo de troca para Adama, respeitando as regras regulatórias brasileiras. A empresa, focada em oferecer soluções simples e eficientes para o agricultor, tem subsidiárias em 45 países, mais de 4.500 colaboradores e vendas para 120 países. Fazem parte do portfólio de produtos, fungicidas, herbicidas, inseticidas, regula-

dores de crescimento, tratamento de sementes e produtos não agrícolas. Na década de 50, duas empresas israelenses, Makhteshim e Agan, associaram-se para fornecer produtos para proteção de cultivos aos agricultores ao redor do mundo. Em 2011, a Makhteshim Agan promoveu uma fusão com a ChemChina, empresa estatal, que opera na indústria química e agroquímica. Hoje, a Adama é controlada na proporção de 60% ChemChina e 40% Holding IDB. Nos últimos anos, a companhia iniciou unificação de todas as marcas do grupo, culminando na adoção da nova marca Adama. Em 1970 foi fundada a Herbitécnica, com sede em Londrina (PR). Três anos após a sua fundação, tor-

nou-se uma das maiores revendas de defensivos agrícolas do país. Em 1975, a empresa montou a sua primeira unidade fabril. Para crescer, em 1998 a Herbitécnica uniu-se à Defensa, da cidade de Taquari (RS). A fusão originou a Milenia Agrociências, consolidando a expansão. Em 2001, a israelense Makhteshim Agan adquiriu totalmente a Milenia Agrociências. Ainda em 2011, a Makhteshim Agan foi adquirida pela ChemChina. No Brasil, a Adama – cuja pronúncia e “adamá” – possui duas fábricas, em Londrina e em Taquari (RS). No Brasil a Adama tem como presidente o engenheiro agrônomo Rodrigo Gutierrez. O nome Adama, do hebraico, significa “terra” ou “solo”.

junho 2014 – Agro DBO | 15


Notícias da Terra Fitossanidade II

Fitossanidade I

C

A Spodoptera resiste

1 – As plantas de

cultivares não Bt

da área de refúgio onforme declarações do minisdevem estar no tro Neri Geller, da Agricultura, máximo a 800 m de o Mapa vai elaborar uma portaria distância das plantas em parceria com empresas do setor de lavouras Bt privado sobre áreas de refúgio para culturas que utilizam tecnologia Bt. Cultivares não Bt “Queremos que esteja em vigor já Cultivares Bt na próxima safra”, afirmou. Tais áreas ainda não são regulamentadas no 800 m Brasil e necessitam de parâmetros 2 – Para obedecer federais, inclusive para fiscalização. a essa regra, o plantio da área De acordo com o diretor do Denão Bt pode ser partamento de Sanidade Vegetal do feito no perímetro Mapa, Luis Eduardo Rangel, a intenda lavoura ou em ção é que sejam adotadas regras sefaixas, dentro da melhantes às utilizadas nos Estados área de cultivo Unidos e na Austrália, mas com padrões adaptados à realidade brasilei3 – Em área de pivô ra. “Há estimativas de que, sem macentral, o refúgio nejo adequado, algumas tecnolopode ser feito gias poderão ser perdidas em até três em faixas ou em parte da área anos. Isto é muito ruim para a indústria e para o agricultor”, diz Rangel. Ilustrações Alexandre Esteves/Embrapa Milho e Sorgo

Fitossanidade III

Emergência no Maranhão

O

Ministério da Agricultura decretou estado de emergência fitossanitária no Maranhão devido à infestação maciça de lagartas do gênero Helicoverpa. Como ocorreu nas demais regiões sob emergência, a decisão tem como propósito liberar a importação e uso de agroquímicos que contenham benzoato de emamectina, substância considerada eficaz no combate à praga, e acelerar a implantação de outras medidas de controle e fiscalização. Publicada no Diário Oficial da União de 16/5, a portaria tem validade de um ano e abrange as regiões leste e sul do estado – justamente as áreas de Cerrado onde se concentram a produção de grãos. Anteriormente, o Mapa decretara estado de emergência fitossanitária em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Piauí, Bahia e Minas Gerais.

C 800 m

800 m

800 m

Portaria para refúgio

orroborando a tese de Rangel, as lagartas do gênero Spodoptera estão fazendo a festa nas lavouras de algodão de Mato Grosso e outras regiões produtoras do Centro-Oeste. Aliás, não só elas, mas também outras espécies de lagartas, como a H. armigera, além do bicudo, da mosca-branca, de ácaros e pulgões e, mais recentemente, da mancha-alvo, doença comum na soja, que, ao que tudo indica, migrou para os algodoais (NR: leia “Nova ameaça ao algodão” nesta edição). Segundo Álvaro Salles, diretor executivo do IMAmt – Instituto Mato-grossense do Algodão, a Spodoptera está causando dor de cabeça aos produtores devido ao aumento de insetos resistentes ao evento Cry1F, que no milho tem o nome de Herculex e no algodão, Wide Strike (WS). “Esta é uma tecnologia muito boa, mas estamos perdendo a briga”, lamenta. Salles recomenda muito cuidado nos tratos culturais. “É fundamental seguir todas as orientações sobre manejo e criação de áreas de refúgio, caso contrário perderemos uma tecnologia atrás da outra”.

Curso

Fitossanidade à distância

E

stão abertas até o dia 30 deste mês de junho as pré-inscrições para o MBA em fitossanidade realizado pelo IAC – Instituto Agronômico de Campinas em parceria com a Andef - Associação Nacional de Defesa Vegetal. O curso começa em agosto e tem duração de um ano e meio, distribuído em 14 módulos de 40 horas-aula cada, totalizando 560 horas. As aulas serão realizadas à distância e a cada cinco módulos há uma semana de aula presencial e avaliação, na sede do IAC, em Campinas.Ao término do MBA, o aluno deve apresentar também trabalho de conclusão de curso. O link para as inscrições é www.eadiac.com.br/pre-inscricao.php.

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Notícias da Terra Fitossanidade IV

Estamos livres da lagarta

A

Cydia pomonella, mais conhecida como lagarta da maçã, entrou para a história como o primeiro inseto-praga erradicado no Brasil, conforme anúncio feito no mês passado pelo ministro da Agricultura, Neri Geller. Uma das mais danosas pragas da pomicultura, a “Cydia” é capaz de dizimar pomares inteiros. Além da maçã, ataca outras fruteiras, como pera, marmelo e noz europeia. Frutas de caroço, como pêssego, ameixa, damasco, cereja e nectarina são hospedeiros alternativos ou secundários. A espécie foi detectada pela primeira vez no país em 1991. A última captura data de novembro de 2011. Segundo o coordenador técnico do Programa Na-

cional de Erradicação da Cydia Pomonella, Adalecio Kovaleski, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, a praga foi introduzida a partir de fruta importada infestada. O problema, agora, é o monitoramento. Como disse o diretor-executivo da ABPM – Associação Brasileira de Produtores de Maçã, Moisés Lopes de Albuquerque, “é preciso estabelecer requisitos fitossanitários tecnicamente viáveis para que a fruta importada não reintroduza a praga e voltemos a ter a Cydia dormindo embaixo de nossa cama’”. Com a erradicação desta espécie de lagarta, o Brasil economizará R$ 40 milhões anuais em agroquímicos, segundo estimativas.

Pesquisa I

Revolução no campo

D

e acordo com a 6ª edição da pesquisa sobre comportamento e hábitos de mídia do produtor rural brasileiro, divulgada no mês passado pela ABMR&A – Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio, 39% dos entrevistados usam regularmente computador e internet. O resultado representa aumento de dez pontos percentuais em relação à pesquisa realizada pela entidade há 10 anos - na época, eram 29%. Comparativamente ao levantamento efetuado nos anos 1988/99, a expansão é significativa: na ocasião, somente 3% dos produtores rurais acessavam a web. A adesão à internet é ainda mais relevante quando se compara os percentuais relacionados às mídias tradicionais. A televisão continua na liderança – 95% dos produtores rurais veem TV, embora esse número tenha caído três pontos. No rádio, a queda foi maior ainda: de 80% para 70%. O índice referente a leitura de jornal, de 34%, se manteve praticamente inalterado. No caso das revistas dirigidas ao setor agropecuário, ficou em 23%, um ponto a menos.

Pesquisa II

Ave usa algodão com pesticida para eliminar parasita

C

ientistas norte-americanos e equatorianos desenvolveram um método curioso para ajudar tentilhões-das-galápagos, aves endêmicas das Ilhas Galápagos, famosas por inspirarem Charles Darwin a criar a teoria da evolução (elas tem bicos diferentes uns dos outros, adaptados ao tipo de alimento prevalente na ilha de onde provêm) a se livrar de moscas parasitas. Os cientistas simplesmente colocaram bolas de algodão com microgramas de permetrina (pesticida usado no combate à piolhos em pessoas) nas proximidades dos ninhos. Os pássaros pegavam pedaços os chumaços com seus bicos e os incorporavam aos ninhos, matando as larvas, sem prejudicar seus filhotes. Os pesquisadores demonstraram que a quantidade de larvas reduziu para ao menos a metade com a “metodologia”. Nos ninhos em que o peso do algodão com pesticida chegava a um grama, quase todos ficaram completamente livres do parasita. A descoberta foi publicada na revista Current Biology, pertencente ao grupo anglo-holandês Elsevier, maior editora de literatura médica e científica do mundo, com sede em Amsterdam, na Holanda. junho 2014 – Agro DBO | 17


Notícias da Terra Transgênicos

Ganhos socioeconômicos com OGMs

E

studo da consultoria inglesa PG Economics, abrangendo 17 anos de uso de OGMs em vários países, mostra que as culturas geneticamente modificadas favorecem a adoção de práticas sustentáveis, proporcionando melhorias na produtividade e na renda do agricultor. De acordo com o documento, denominado GM Crops: global socio-economic and environmental impacts, se a biotecnologia não estivesse disponível para os 17,3 milhões de agricultores que a utilizaram em 2012, a manutenção dos níveis de produção global teria exigido plantações adicionais de 4,9 milhões de hectares de soja, 6,9 milhões de milho, 3,1 milhões de algodão e 0,2 milhão de canola. Economicamente, a biotecnologia agrícola é um bom investimento,

Renda

Trabalho informal no campo

L

evantamento do Dieese – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, baseado em pesquisa do IBGE realizada em 2012, mostra que, dos 4 milhões de trabalhadores rurais assalariados no Brasil, 60% (cerca de 2,4 milhões) atuam na informalidade, com rendimentos menores que os formais. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE, 78,5% dos trabalhadores rurais assalariados informais têm rendimento médio mensal de até um salário mínimo (R$ 622,00 à época da pesquisa). Sem amparo legal, eles não têm direitos trabalhistas e previdenciários como aposentadoria, auxílio-doença, pensão por morte, férias, descanso semanal remunerado, 13º salário, hora extra, licença-maternidade e paternidade, aviso-prévio, FGTS e seguro-desemprego.

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segundo os pesquisadores. Globalmente, produtores receberam US$ 3,33 (R$ 7,35) em média para cada dólar investido em sementes transgênicas em 2012 – os agricultores de países em desenvolvimento receberam US$ 3,74 (R$ 8,26) por dólar investido e os dos países desenvolvidos, US$ 3,04 (R$ 6,71). “Os resultados mais expressivos em produtividade e ganhos ambientais ocorreram nos países em desenvolvimento, onde muitos agricultores têm recursos escassos e cultivam pequenas áreas”, disse Graham Brookes, diretor da PG Economics e coautor do relatório. O retorno econômico líquido para os que adotaram cultivares GM em 2012 foi de US$ 18,8 bilhões, equivalente a um aumento médio de renda de US$ 117/hectare.

CAR

Agricultores têm um ano para se cadastrar

O

decreto que regulamenta os programas de regularização fundiária e estabelece o CAR – Cadastro Ambiental Rural foi publicado no Diário Oficial da União de 5/5/2014. Quem possui imóvel rural tem um ano a partir desta data para cadastrar suas terras. A inscrição e o registro são gratuitos e devem conter a identificação do possuidor do imóvel rural, comprovação da propriedade ou posse e planta georreferenciada da área do imóvel. De acordo com o decreto, os proprietários rurais de-

verão informar a localização das áreas de reserva legal (20% para áreas de campo, 35% no Cerrado e 80% em regiões de florestas nativas) e áreas de preservação permanente (que podem contar como reserva legal e cujo tamanho depende da proximidade com os rios), além das áreas de uso consolidado, de uso restrito e de servidão administrativa. O CAR é obrigatório a todos os produtores rurais, mesmo para aqueles que já estavam em conformidade com a lei ambiental anterior.



Capa

Luta inglória As ervas daninhas resistem cada vez mais às aplicações de herbicidas à base de glifosato. Segundo especialistas, é preciso reavaliar as técnicas de manejo de resistência. Ariosto Mesquita

Ariosto Mesquita 20 | Agro DBO – junho 2014

Cultivo de sorgo no Distrito Federal com alta infestação de capim-colchão e pé-de-galinha


Fotos: Ariosto Mesquita

dutividade. As RRs trouxeram comodidade ao produtor, facilitando o manejo, reduzindo as aplicações de herbicidas e, consequentemente, o custo de produção. Com o surgimento de ervas daninhas resistentes ao glifosato, este conforto parece ter chegado ao fim. A capina manual relatada na coluna à esquerda é um dos procedimentos adotados pela família Nogueira como prevenção a eventuais infestações. Na propriedade deles, o plantio de soja e milho é feito em sucessão, dentro de uma área cultivável de 700 hectares. Eles entendem como inviável economicamente a aplicação de outro herbicida para conter o aparecimento pontual de ervas daninhas nas lavouras, argumentando que o aumento no custo de produção reduziria sensivelmente a margem de lucro. “Neste caso, não compensa investir em outra aplicação. É preferível vigiar, arrancar e queimar como prevenção a uma infestação disseminada que, aí sim, poderia complicar demais a produtividade da lavoura”, explica Murilo Zandonadi Nogueira. Esta postura, segundo ele, é apoiada tanto em conhecimento empírico quanto técnico. Murilo é administrador rural e cursa agronomia. O restante da família segue o mesmo perfil profissional. O pai é técnico agrícola, Rafael é agrônomo e Luan está concluindo o ensino médio para seguir igual caminho. A capina manual de invasoras não é um procedimento isolado. Faz parte de um mix de controle de plantas daninhas de aplicação sistemática no sítio Campo Verde, que inclui manejo de herbicidas de diferentes mecanismos de ação, plantio de milho consorciado com braquiária (ou cultivo de braquiária Altamir Nogueira

N

os últimos três anos, a rotina após o plantio é a mesma para o agricultor Altamir Nogueira e seus três filhos, Murilo, Rafael e Luan, proprietários do sítio Campo Verde, em Indápolis, distrito de Dourados, no centro-sul de Mato Grosso do Sul: pegar a velha enxada para arrancar e destruir os pés de capim-amargoso que insistem em florescer em meio às lavouras de soja e milho, mesmo depois da aplicação de herbicida. Parece coisa do passado, considerando toda a tecnologia agrícola disponível atualmente, mas não é. A “estratégia” tem se tornado cada vez mais necessária – é indicada por especialistas para ajudar a prevenir, com eficiência e economia, a disseminação de algumas plantas invasoras, boa parte das quais adquiriram resistência aos produtos químicos criados, justamente, para eliminá-las. Entidades como Esalq/USP e Embrapa contabilizam atualmente no Brasil 31 biótipos de espécies vegetais resistentes a herbicidas, ou seja, plantas que sobrevivem e se reproduzem mesmo com a aplicação correta de agroquímicos nas doses recomendadas para controlar as respectivas populações. Cinco tipos de ervas daninhas já são comprovadamente resistentes ao glifosato, herbicida responsável pelo sucesso das sementes geneticamente modificadas (transgênicas) no Brasil, que impulsionaram a agricultura nacional nos últimos 16 anos. São três espécies de buva (Conyza bonariensis, Conyza canadenses e Conyza sumatrensis), o capim-amargoso (Digitaria insularis) e o azevém (Lolium multiplorum). Enquanto isso, vem aumentando o número de plantas na lista de suspeitas de resistência ao glifosato e a outras moléculas, mas ainda em fase de estudo, portanto sem comprovação científica. De acordo com relatório do Serviço Internacional para Aquisição de Biotecnologia Agrícola (ISAAA, na sigla em inglês), divulgado em fevereiro deste ano, o Brasil é o segundo maior país em área plantada com transgênicos, com 40,3 milhões de hectares, ou seja, 23% da área total ocupada com OGMs no planeta. Perde apenas para os Estados Unidos, que cultivam 70,3 milhões de hectares (40% do plantio mundial de transgênicos em 2013). Oficialmente, os transgênicos receberam autorização de plantio no Brasil em 2005, mas desde o final da década de 1990 a chamada “soja Maradona” (as sementes eram, em grande parte, contrabandeadas da Argentina) já vinha sendo cultivada clandestinamente na região sul do país. O glifosato funciona como um herbicida sistêmico (eliminando qualquer tipo de planta). As sementes transgênicas carregam justamente uma modificação genética para resistir ao glifosato, que chegou ao Brasil com o nome de Roundup pelas mãos da Monsanto – a empresa norte-americana também introduziu as primeiras variedades transgênicas no país, responsáveis, segundo muitos, por uma revolução em pro-

Os irmãos Murilo e Juan, com ajuda do amigo João Gabriel Klepa, à caça de ervas invasoras em plantação de soja.

junho 2014 – Agro DBO | 21


Capa

Everton Zanatta mostra uma touceira de capim-amargoso arrancada em área de milho safrinha em Dourados (MS)

solteira), lavagem periódica do maquinário agrícola, além da limpeza dos carreadores da propriedade, às margens da rodovia MS-276, que liga Dourados a Deodápolis, e nas áreas de divisas. O zelo no controle preventivo de plantas invasoras é tão intenso que chega a ser executado fora da porteira. “Já entramos de 100 a 200 metros dentro de

propriedades vizinhas para arrancar capim-amargoso. Caso a gente não faça isso, as sementes, que são bastantes leves, acabam sendo levadas pelo vento para dentro de nossas terras”, explica Murilo. As medidas adotadas deram resultado. O sítio Campo Verde é considerado modelo de eficiência na contenção de plantas daninhas resistentes. “A buva apareceu na safra 2011/12 e sumiu com o manejo de herbicidas. O capim-amargoso está presente, mas sob controle. Além deles, temos tido problemas com o capim-camalote. Ele tem uma semente mais pesada que a do capim-amargoso e o vento não leva tanto, mas quando entra na área o glifosato não o afeta em absolutamente nada”, diz Murilo. Os procedimentos de controle adotados pelos Nogueira, logicamente, trouxeram impacto financeiro. “Mantivemos nossa produtividade, mas o custo com aplicações de herbicidas aumentou em mais de 20% nos últimos três anos”, calcula. O manejo adotado no sítio Campo Verde não é replicado em boa parte das propriedades da Grande Dourados, considerada a mais importante região agrícola do Mato Grosso do Sul, envolvendo 11 municípios. Em época de segunda safra, o milho toma conta das lavouras, restando um reduzido espaço para outras culturas, incluindo a polêmica soja safrinha (os especialistas contestam a validade agronômica e riscos sanitários do plantio de soja sobre soja). Com a ajuda e orientação do técnico agrícola, produtor e empresário Everton Holtermann Zanatta, a equipe da Agro DBO circulou por fazendas e sítios nas imediações de Dourados e constatou um descontrole generalizado sobre plantas invasoras. “Não bastasse a resistência de plan-

Programa de proteção A empresa norte-americana Monsanto, pioneira em sementes transgênicas e responsável pela colocação do glifosato no mercado mundial, admite que foi surpreendida pela velocidade da seleção de plantas resistentes ao herbicida no Brasil, em especial, do capim amargoso. “Ele veio do Paraguai, entrando pelo Mato Grosso do Sul e se disseminando a uma velocidade mais rápida do que a gente esperava”, admite a gerente de Estratégia de Proteção de Cultivos da empresa no país, Geórgia Palermo. A partir da detecção do problema, a multinacional anunciou medidas de prevenção e controle para os agricultores. Há três anos lançou o Sistema Roundup Ready Plus (RR Plus), conjunto de programas de manejo de plantas daninhas que combina a utilização de herbicidas, associados às boas práticas agrícolas para as culturas de soja e milho.

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Dentro do RR Plus, a Monsanto oferece o Programa de Agricultores Acompanhados, para suporte aos agricultores. “Temos um grupo de agrônomos especificamente destinado para orientação no controle das plantas daninhas e os primeiros resultados foram fantásticos”, garante a executiva. As amostras foram colhidas no ciclo 2011/12 e, na safra seguinte, a empresa alegou que, dos casos comprovados de infestação, 70% eram derivados de falhas de manejo, não de resistência. Palermo admite que o manejo orientado de plantas daninhas envolve custo adicional para o agricultor. Os valores, entretanto, dependem de cada caso. “Está muito ligado ao tamanho da área, do que foi feito no passado, do produto utilizado e do grau de facilidade de acesso a este produto. No entanto, variações entre R$ 10,00 a R$12,00 por hectare são facilmente compensadas pela produtividade“, garante.


A palhada ajuda a controlar as ervas daninhas porque reduz o oxigênio no solo e a incidência de luz, dificultando a germinação.

tas daninhas aos herbicidas, sobretudo ao glifosato, muitos produtores simplesmente relaxam no manejo. Com isso, quem leva a pior são seus vizinhos que trabalham corretamente, pois muitas sementes dessas invasoras acabam transportadas pelo vento”, afirma. Zanatta mostrou inúmeras áreas com invasão de capim-amargoso (na lista oficial de resistência ao glifosato) e de outras ervas com alta infestação, algumas cujo comportamento diante do herbicida ainda está sob estudo científico. Dentre elas o falso-rhodes (Chloris distichophylla), o capim-camalote (Rottboelia exaltata L.F.) e a vassourinha (Borreria verticillata). Também foram observadas inúmeras tigueras de soja, indício de manejo descuidado. Caso seja uma planta transgênica, ela é naturalmente resistente ao glifosato. Portanto, deve-se buscar orientação quanto ao herbicida a ser utilizado para sua eliminação antes do início do período de vazio sanitário. Em áreas ocupadas por soja safrinha foram observadas partes infestadas com capim-marmelada (Brachiaria plantaginea), invasora que já foi grande problema na cultura de soja no início dos anos 1980 (cultivo convencional) e que agora começa a apresentar certo grau de tolerância ao glifosato. Manejo com palhada Próxima à propriedade dos Nogueiras, a fazenda Nova Esperança, com 120 hectares de área de lavoura, encontrou no consórcio milho-braquiária uma boa solução para a redução da pressão das plantas infes-

tantes. O sistema é adotado em metade (60 hectares) da área plantada com milho segunda safra e tem previsão de cobrir toda a lavoura na safrinha 2015. Além de limitar consideravelmente qualquer ação de invasoras dentro da área de milho, o consórcio vislumbra fundamentalmente a proteção da safra de verão. Após a colheita do cereal, o que sobra é uma palhada consistente que manterá o solo coberto até o plantio da oleaginosa, que deverá ser feito sobre a palha. A presença da braquiária em sistemas de plantio direto na palhada reforça a qualidade e eleva a quantidade do material que protegerá o solo. A produtividade média na propriedade é de 60 sacas/ha de soja e 120 sacas/ha de milho. Na área sem consórcio, os proprietários aplicam de forma mais sistemática um grupo de herbicidas – glifosato + 2,4 D + gramoxone (paraquat) – entre a colheita do milho e o plantio da soja. A expectativa é de que a buva, que apareceu em 2013, não surja este ano. Este modelo de cobertura de palha, utilizando ou não o consórcio, também pode ser adotado em regiões onde, por questões climáticas, se trabalha apenas com a safra de verão. É o caso da fazenda Santa Clara, de 240 hectares, no Distrito Federal. Depois da colheita do milho verão, a palha resultante fica sobre o solo e a área é deixada em pousio até o plantio da próxima safra (este ano será soja), que acontece a partir de outubro. “O plantio direto ajuda bastante no controle de invasoras, uma vez que a palha, ao reduzir a difusão de oxigê-

Pulverização na fazenda Nova Esperança, que adotou consórcio milho-braquiária como meio de conter a pressão das invasoras.

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Capa “O que assusta não é a perda de eficácia do glifosato, mas a rapidez com que as invasoras adquiriram resistência à tecnologia”

Área de pousio após colheita de milho: a palhada inibe germinação de invasoras antes da semeadura de soja.

nio no solo e a incidência de luminosidade, dificulta a germinação de eventuais sementes”, explica o agrônomo da Emater/DF, Marconi Moreira Borges. No entanto, não se deve atribuir ao plantio direto todo o peso do manejo. “Evidente que o sistema por si só não controlará tudo, mas diminui consideravelmente os riscos de infestação”, observa. Além da proteção pela palhada, o plantio direto também colabora no ma-

nejo de plantas invasoras porque exige menos intervenção no solo, uma vez que o cultivo sobre a palha prescinde do revolvimento da terra. “Ele exige cerca de 40% a menos de trânsito de máquinas agrícolas na lavoura, reduzindo o risco de transporte de sementes de uma área para outra”, lembra Borges. A prática já provou: o uso seguido de um mesmo herbicida ou de produtos com o mesmo mecanismo de ação em uma determinada área resulta na seleção de plantas resistentes cuja população, com o tempo, passa a dominar a área. “Isso já aconteceu no passado com outros herbicidas e agora retorna com o glifosato, o que é muito grave, pois nele estão vinculados perto de 90% da produção de soja do Brasil”, afirma o pesquisador da área de Plantas Daninhas da Embrapa Soja, Fernando Storniolo Adegas. Projeção feita pelo CIB – Conselho de Informação sobre Biotecnologia para a safra 2013/14 indica que a soja e o milho transgênicos ocuparão, respectivamente, 91% (27 milhões de hectares) e 81% (13 milhões de hectares) de toda a área cultivada com estes grãos no Brasil. O fato de o produtor pagar pela tecnologia transgênica e ainda aumentar seus custos com aplicações de outros herbicidas e sistemas de prevenção e controle é um encargo inaceitável, mas inevitável no momento, segundo Adegas. Para ele, o custo de produção só se estabilizará no momento em que houver maior concorrência no mercado de tecnologias transgênicas: “Hoje, a diversidade é mínima, o mercado é praticamente dominado pela Monsanto, mas, na medida em que novas empresas aportarem suas tecnologias, a tendência será de mais equilíbrio para o agricultor”.

Trajetória anunciada O engenheiro agrônomo, consultor e produtor rural no Tocantins, Daniel Glat, colunista da Agro DBO (Leia OGMs: como proteger melhor, na edição de maio), com passagem pela DuPont Pioneer e outras empresas do setor, não se assusta com os relatos e comprovação de resistência de plantas ao glifosato. “Este herbicida até que suportou bastante, pois foi utilizado praticamente sozinho durante quase 15 anos, desde as primeiras lavouras de soja Maradona no Sul do Brasil”, avalia. O problema, segundo ele, é que durante todo este tempo a cadeia produtiva não se preparou para esta resistência: “O controle agora tem de ser feito também com antigos herbicidas, o

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que implica em aumento de custos e na inevitável perda da vantagem econômica da tecnologia RR.” Glat lembra ainda que os preços em alta no mercado internacional – sobretudo da soja – dão “oxigênio” para toda a cadeia. “Caso voltássemos a patamares de anos anteriores, com redução média do preço atual entre 30% e 40%, teríamos sérios problemas”. Com relação a alternativas ao agricultor, salienta que o momento permite que ele faça opção entre as sementes modificadas geneticamente e as convencionais, mensurando a relação entre custo de produção e a produtividade final. “Acredito que as sementes RR ainda são vantajosas, mas a decisão cabe a cada agricultor”.


Em sua opinião, enquanto isso não acontece, uma alternativa para minimizar custos é priorizar a prevenção de infestações. “Quando é exigido o controle de áreas já infestadas, o gasto fica entre quatro a cinco vezes superior àquele dispensado com medidas preventivas”, calcula o pesquisador. Sobre opções para rotação de herbicidas (um dos procedimentos que ele recomenda para manejo de infestantes), Adegas lembra que a escolha deve ser avaliada caso a caso, pois depende das necessidades que, quase sempre, são bem específicas. “Para o controle de plantas de folhas largas, o dicamba e o 2,4D são opções”, exemplifica. Além da rotação de herbicidas, ele também sugere a adoção das seguintes medidas de controle: monitoramento do trânsito de máquinas agrícolas na propriedade; execução de rotação de culturas; prevenção das infestações localizando, arrancando e destruindo plantas isoladas no campo; e fazer a opção, sempre que possível, pelo plantio direto. Cuidados essenciais Sobre custos de controle, o agrônomo Germison Tomquelski, pesquisador de pragas e plantas daninhas da Fundação Chapadão, sediada em Chapadão do Sul (MS), tem números aproximados, inclusive para o manejo da buva, invasora que até bem pouco tempo era encontrada apenas no Sul do Basil e agora está se disseminando pelo Centro-Oeste. “Quando o problema está instalado, a buva exige em torno de R$ 50,00/ha só em custo de herbicida; para o controle do capim-amargoso, o valor pode chegar até a R$

Infestação de buva em lavoura de soja do Rio Grande do Sul e germinação de soja tiguera em área de milho no Mato Grosso do Sul.

160,00/ha”, revela. Preocupada com a disseminação de plantas resistentes ao glifosato, a Fundação Chapadão vem orientando os agricultores do Mato Grosso do Sul e demais estados onde atua (Mato Grosso, Goiás e Pará) a eliminar o cultivo às margens de rodovias e carreadores, mantendo a área limpa ou protegida, a exemplo do que faz a família Nogueira. “Estamos solicitando que não se aplique glifosato nas margens das estradas e, sim, que a área seja roçada ou fechada com grama. Onde tem braquiária não tem buva nem capim-amargoso”, salienta o diretor executivo da Fundação Chapadão, Edson Pereira Borges, lembrando que muitos agricultores plantam fora da porteira, nas áreas limítrofes às estradas. A ideia é que estes espaços (chamados de faixa de domínio e que não são de propriedade do produtor rural) funcionem como barreiras protetoras. Para o engenheiro agrônomo e professor da Universidade de Passo Fundo (RS), Benami Bacaltchuk, as características das sementes geneticamente modificadas continuam as mesmas. Ele não se surpreende com a perda de eficiência de herbicidas à base de glifosato. O que o assusta é a velocidade de ocorrência, o curto espaço de tempo em que as ervas daninhas adquiriram resistência às tecnologias transgênicas. Por isso, defende a necessidade de debates e troca de informações a respeito dentro da cadeia produtiva, o que inclui, obviamente, os agricultores. Não há, em sua análise, como culpar exclusivamente as empresas de tecnologia ou os produtores rurais. “Acredito que ambos os grupos de atores têm culpa em igual junho 2014 – Agro DBO | 25


Capa Soja e milho GM ocuparão, respectivamente, 91% e 81% das áreas destinadas ao cultivo destes grãos no Brasil, na safra 2013/14. forma. Houve eficiência nas advertências sobre o uso do herbicida? Creio que não. Mas resta saber até onde as informações induzem os agricultores brasileiros. Muitos adotam tecnologias por influência de vizinhos, amigos, parentes ou vendedores. São poucos os que transformam em rotina a visita a um escritório de extensão rural ou assistência técnica de cooperativas ou sindicatos. Outros até o fazem, mas transferem a execução para empregados e não acompanham o processo”, analisa. Depois de participar de um workshop sobre “Comunicação e Desenvolvimento Sustentável” na AgroBrasília, realizada no mês passado, Bacaltchuk avaliou o ciclo vicioso que começa a se institucionalizar na agricultura: mais tecnologia, mais aplicações, mais custo de produção. “Muitos ganham com isso, mas nem sempre são os produtores. Certamente uma nova cultivar, uma nova tecnologia, um novo equipamento ou um novo químico interessam primeiramente aos detentores das propriedades destes conhecimentos. Não creio que as instituições privadas investem em conhecimentos sem antecipar objetivos econômicos diretos”, diz.

Plantas resistentes ao glifosato Buva (Conyza bonariensis) Buca (Conyza canadenses) Buva (Conyza sumatrensis) Capim-amargoso (Digitaria insularis) Azevém (Lolium multiplorum) Fonte: Fernando Adegas (Embrapa Soja)

Plantas suspeitas de resistência Falso-rhodes (Chloris distichophylla) Capim-camalote (Rottboelia exaltata L.F.) Vassourinha (Borreria verticillata) Capim-marmelada (Brachiaria plantaginea) Corda-de-viola (Ipomoea sp.) Leiteira (Euphorbia heterophylla) Capim-colchão (Paspalum plicatulum) Capim-pé-de-galinha (Eleusine indica) Picão-preto (Bidens pilosa L.) Trapoeraba (Commelina benghalensis) Guanxuma (Sida rhombifolia L.) Fontes: relatos de pesquisadores, agrônomos e produtores

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Fábio Yoshia Kagi lembra que o produtor rural tem à sua disposição nove grupos de ação de herbicidas

Por outro lado, o agrônomo cita o conforto e a comodidade gerados pela coalizão tecnológica transgênicos/glifosato: “O produtor encontrou na soja resistente a este herbicida (com glifosato) a vantagem de necessitar de menos esforço para produzir. É muito mais fácil pulverizar uma vez uma plantação com um produto químico do que capiná-la uma safra inteira”. O gerente de educação da Andef – Associação Nacional de Defesa Vegetal, Fábio Yoshia Kagi, lembra que o produtor tem à sua disposição nove grupos de ação de herbicidas. “Caso ele continue priorizando um determinado herbicida, é sinal de que é funcional e bom, caso contrário o substituiria”, observa. Responsável técnico da associação, Kagi ainda não se sente à vontade (está há pouco mais de dois meses na função) para avaliar se houve eficiência ou não no processo de orientação técnica para o agricultor brasileiro no que se refere à correta utilização do glifosato. “Não discuto o passado”, alega. O diretor executivo da Andef, Eduardo Daher, discute: “Este herbicida foi um espetáculo mercadológico no Brasil, tanto é que existem 56 tipos diferentes de glifosatos registrados no Brasil.” O que vem limitando a eficiência tecnológica nas cadeias agrícolas, segundo ele. é a burocracia brasileira em liberar a utilização de novas moléculas. “Em 2008, tivemos 11 novos princípios ativos aprovados. Em 2009 esse número caiu para oito e, em 2012, para apenas um. Paralelamente, a indústria não parou de inovar. Enquanto o governo freia a velocidade da qual o Brasil precisa, quem fica prejudicado é o produtor agrícola”. A Andef foi criada e é mantida por empresas de defensivos agrícolas que, juntas, representam 629 marcas comerciais no país.



Biocombustíveis

Emissões evitadas Estudo indica que o uso de etanol e biodiesel é saudável ao meio ambiente e provoca maior impulso à economia interna do país. Décio Luiz Gazzoni *

U

* O autor é engenheiro agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja, e membro do Conselho Editorial da Agro DBO.

m estudo por mim re­ alizado objetivou efe­ tuar um balanço en­ tre as emissões efeti­ vamente verificadas com o uso de biocombustíveis (etanol hi­ dratado, etanol anidro e biodie­ sel), em veículos da frota brasi­ leira, bem como estimar as emis­ sões evitadas, em função do uso de biocombustíveis como suce­ dâneos de derivados de petró­ leo (gasolina A e diesel), no perí­ odo compreendido entre 2000 e 2011. O mesmo estudo estimou, em três cenários, as emissões dos biocombustíveis e as emissões evitadas por seu uso. Os cenários se diferenciavam pela manuten­ ção do apoio atual (BAU), incen­ tivo moderado (PRO) ou agres­ sivo (SUS) do Governo Federal ao sistema de PD&I das cadeias de biocombustíveis, à sua produ­ ção e uso, bem como à adequa­ ção da infraestrutura de trans­ porte da matéria prima e dos biocombustíveis. Para elaborar os estudos fo­ ram utilizados dados de diversas fontes, mormente o licencia­ mento de novos veículos, a es­ timativa de frota do período, o consumo de combustíveis e bio­ combustíveis e seus parâmetros físicos e químicos, bem como as emissões líquidas avaliadas pelo ciclo de vida, sob o con­ ceito well to wheel, significando toda e qualquer emissão havida ao longo da cadeia, desde antes do plantio da matéria prima, até a combustão no motor. Para ela­ borar as projeções foram usados

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Emissões de CO2

documentos oficiais do Governo Federal para estabelecer parâ­ metros que permitissem fixar uma frota e um consumo de combustível, em termos de equi­ valente energético, comum a to­ dos os cenários. Posteriormente foram formuladas as premissas que determinariam a parcela de mercado que ocuparia cada combustível ou biocombustível,

em função das políticas públicas e demais incentivos. Os resultados da série his­ tórica mostraram que a intro­ dução dos veículos flex fuel, que permitem a operação do motor com qualquer proporção de mistura de gasolina C e eta­ nol hidratado, a continuidade da política de mistura de álcool anidro à gasolina A, bem como

Hipôteses de emissões de CO2


a implementação do mandato de mistura de biodiesel ao die­ sel, foram fundamentais para os ganhos ambientais do período. Entre 2000 e 2011, as emissões evitadas com etanol hidratado alcançaram 159 Mt (milhões de toneladas) de CO2; as emissões evitadas pelo uso de etanol ani­ dro montaram a 135 Mt de CO2; e o biodiesel contribuiu com emissões evitadas no volume de 16 Mt CO2, totalizando 310 Mt de CO2, que seriam lançadas na atmosfera na ausência do uso de biocombustíveis. Nos três cenários estudados foi utilizado um modelo mate­ mático para estimar as emissões que seriam evitadas entre 2011 (linha base) e 2020, que foram: a) cenário BAU – 546 Mt de CO2, sendo 301Mt de etanol hidrata­

do, 178 Mt de etanol anidro e 67 Mt de biodiesel; b) cenário PRO, com 618 Mt de CO2, sendo 337 de etanol hidratado, 176 de eta­ nol anidro e 105 de biodiesel; e c) cenário SUS – 759 Mt de CO2, sendo 471 de etanol hidratado, 156 de etanol anidro e 132 de biodiesel. Neste último cenário,

de suporte à inovação tecnológi­ ca, à produção sustentável de bio­ combustíveis e à infraestrutura de transportes de matéria prima e biocombustíveis, tanto maior será o volume das emissões evita­ das no setor de transporte brasi­ leiro, e maior o impulso à econo­ mia interna do país.

Com boas políticas públicas é possível reduzir as emissões de CO2 dos automóveis estima-se a necessidade de 2,8 Mha (milhões de hectares) adi­ cionais de cana-de-açúcar, para produção de etanol e 6,2 ML de óleo vegetal, além de 1,5 Mt de sebo adicionais, para produção de biodiesel. Em conclusão, quanto maior o incentivo das políticas públicas

Exemplares da publicação (Série Documentos 344 – Ba­ lanço de emissões de dióxido de carbono por biocombustíveis no Brasil: histórico e perspec­ tivas). podem ser solicitados à Embrapa Soja pelo email cnpso. vendas@embrapa.br ou pelo te­ lefone 43 3371-6119.

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Fitossanidade

Nova ameaça ao algodão Não bastassem as lagartas, o bicudo, a mosca-branca, os pulgões e a ramulária, os produtores têm mais uma preocupação: a mancha-alvo. Gustavo Paes

N

o início do mês passado, a Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Chapadão, sediada no município sul-mato-grossense de Chapadão do Sul, identificou pela primeira vez no estado a ocorrência da mancha-alvo, doença provocada pelo fungo Corynespora cassiicolaem, em lavouras de algodão. A doença vem tirando o sono de produtores e pesquisadores. Além dos estragos provocados na lavoura, não existem agroquímicos registrados no Brasil para controle do fungo – na soja, sim, mas não no algodão. A mancha-alvo foi relatada pela primeira no Brasil em 1976, numa plantação de soja do Paraná. De lá para cá, sua área de incidência foi

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se ampliando safra após safra, em consequência do aumento da semeadura de cultivares suscetíveis. Hoje, é encontrada em praticamente todas as regiões de cultivo de soja do país e em outras culturas. A mancha-alvo, também chamada de mancha de corynespora, infecta uma ampla gama de hospedeiros, passando por hortaliças e fruteiras – ataca, inclusive, algumas plantas espontâneas. A doença é relativamente recente em algumas espécies vegetais, configurando um novo desafio para culturas de interesse agronômico, como é o caso da cotonicultura. No algodão, a mancha-alvo foi registrada pela primeira vez em 2005, em Campo Verde (MT). Na ocasião, foi considerada doença se-

cundária na cultura, sem grande impacto econômico. “Era apenas um pequeno relato, de pouco mais de uma lauda, falando basicamente sobre os sintomas, sem comprovação”, diz o pesquisador Alfredo Riciere Dias, responsável pelas pesquisas em doenças do algodoeiro na Fundação Chapadão. O primeiro relato em algodoais no Mato Grosso do Sul foi feito há três anos numa área da Fazenda Minuano, em Chapadão do Sul. A descoberta foi feita pelo engenheiro agrônomo André Luís da Silva, responsável pelo departamento técnico do Grupo Schlatter, que cultiva cinco mil hectares de algodão na safra de verão e dois mil na safrinha. na região dos Chapadões, na fronteira de Mato Grosso do Sul com Goiás (abrange áreas


res não conhecem os sintomas da doença e é bem possível que ela esteja presente em suas lavouras”, afirma Dias. Recentemente, houve um relato de incidência grave da doença no município de Luís Eduardo Magalhães, no oeste da Bahia. O pesquisador e diretor-executivo da Fundação Chapadão, Edson Pereira Borges, visitou a região e confirmou a ocorrência. “A doença que eu vi lá era mancha-alvo”, garante Borges. No entanto, a Abapa – Associação Baiana dos Produtores de Algodão assegura que não houve registro da doença no algodão, apenas na soja.

Infestação típica em folha de algodoeiro: as marcas características da mancha-alvo facilitam a identificação.

Alfredo Ricieri Dias

dos dois estados). Tão logo notou as manchas, André acionou os pesquisadores da Fundação Chapadão. Eles então coletaram amostras para exame e as encaminharam ao Laboratório de Fitopatologia da UFMS – Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, onde o engenheiro agrônomo Gustavo de Faria Theodoro confirmou os sintomas, mas não pode realizar o Postulado de Koch (multiplicação da doença em laboratório para estudo e certifica-

ção). Na safra 2012/2013, novos casos de suspeita da doença foram registrados no mês de abril nas Fazenda Minuano e Nova França, esta localizada no município de Costa Rica. Na safra 2013/14, o problema se repetiu nas mesmas propriedades, com dois agravantes. Primeiro, os sintomas foram detectados mais cedo – em março. Segundo, a área afetada cresceu. O fungo começou a se espalhar pelos algodoais e chegou ao município de Chapadão do Céu, no Sudoeste de Goiás. “A doença vem crescendo a cada safra. Há três anos, surgiu em um ou outro talhão. No ano seguinte, numa área maior e, nesta temporada, já foi detectada em nossas seis fazendas”, confirma André. Ele não tem um levantamento preciso dos prejuízos provocados pela doença nas propriedades do grupo Schlatter, mas calcula que venha infectando 20% das lavouras. “A mancha é bastante agressiva e provoca desfolha severa em algumas áreas. Isso é muito preocupante, porque não tínhamos esse problema nas lavouras de algodão”, salienta. A área cultivada com a pluma nos Chapadões é de cerca de 45 mil hectares. “Atualmente, a mancha-alvo já foi detectada em dez propriedades da região. Ainda não é possível precisar a área total infestada porque muitos produto-

Enfim, a comprovação Diante da proliferação da doença, a Fundação Chapadão notificou o Ministério da Agricultura através do chefe de fiscalização de sanidade vegetal do Mapa em Campo Grande (MS), Ricardo Hilman, que encaminhou as amostras ao Agronômica – Laboratório de Diagnóstico Fitossanitário e Consultoria, baseado em Porto Alegre (RS). Ao concluir os trabalhos de análise morfológica do material, o Agronômica comprovou, finalmente, que se tratava, sim, do fungo Corynespora cassicola. “As estruturas são bem características e os sintomas, bem típicos”, ressalta o diretor técnico do laboratório, o engenheiro agrônomo Valmir Duarte. Hilman informou que a orientação aos produtores é ficar alerta em relação à doença, principalmente pela inexistência de defensivos agrícolas registrados no Mapa. Segundo ele, existem produtos que, segundo os fabricantes, podem combater o fungo, mas eles não têm aprovação dos Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente nem da Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. “Existem moléculas capazes de controlar a doença, mas elas ainda não foram registradas”, declara. “Cabe às indústrias fazer os procedimentos para autojunho 2014 – Agro DBO | 31


Fitossanidade

Fotos André Luís da Silva

Cotonicultores e pesquisadores reivindicam estudos de eficácia agronômica e liberação de agroquímicos para controle da doença

Duas visões de um dos sintomas da presença da mancha-alvo: a desfolha rápida.

rizar a utilização de produtos nas áreas cultivadas”, completa Hilman. O diretor-executivo da Fundação Chapadão, Edson Borges, endossa a posição de Hilman. É preciso, segundo ele, que as empresas fabricantes interessadas adquiram autorização do Mapa para realizar estudos de eficácia agronômica de produtos. Ele reivindica também agilidade na liberação de produtos para controle da doença. “Nós estamos com mais um caso grave de doença no algodão e necessitamos de pesquisas e produtos para combater o problema a tempo, antes de grandes prejuízos no campo ou que a cultura seja inviabilizada”, alerta. Os cotonicultores sofrem com uma série de pragas e doença, incluindo lagartas (principalmente as dos gêneros Helicoverpa e Spodoptera), o bicudo, a mosca-bran-

O pesquisador Alfredo Riciere Dias alerta: “A manchaalvo pode se tornar uma ameaça muito séria para a cotonicultura”.

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ca, pulgões e ácaros. No momento, pelo menos em Mato Grosso do Sul, a principal doença da cultura algodoeira é a mancha de ramularia (Ramularia areola), cujo custo de controle é alto. Nos Chapadões, são necessárias ao menos sete aplicações de fungicidas específicos para este fungo – são eficientes no caso da ramulária, mas de nada adiantam no controle da mancha-alvo. Por meio de observações nestas áreas, em nenhuma houve redução da severidade de mancha-alvo com o emprego dos produtos agroquímicos comumente utilizados na cultura algodoeira”. Sugestões de controle Riciere Dias frisa que, já que pouco se sabe a respeito da doença nos algodoais, é extremamente importante que os cotonicultores façam monitoramento da área atingida para identificar quais talhões e propriedades apresentam a incidência da mancha-alvo. “Sugiro também fazer rotação de culturas, evitar espaçamento reduzido e alta densidade de plantas e utilizar o regulador de crescimento a fim de obter plantas de menor altura, entre um metro e 1,2 metro, pois estes fatores impedem a formação de microclima favorável ao desenvolvimento dos patógenos”. A mancha-alvo se espalha com rapi-

dez se encontrar as condições climáticas ideais, como temperaturas amenas (entre 18ºC e 22ºC) e longos períodos (entre 16 e 44 horas) de umidade relativa. A disseminação a curtas distâncias é feita principalmente pelo vento, enquanto a longas distâncias é normalmente associada a sementes infectadas. O patógeno pode sobreviver em restos culturais, sementes contaminadas e em plantas hospedeiras. Os sintomas são caracterizados por lesões pontuais de coloração parda e halo amarelo. Com a evolução, são constatadas manchas grandes circulares, de cor castanha, formando anéis concêntricos de coloração mais escura. No centro da lesão, formam-se pontos. “Se a folha for observada na contraluz, a gente vê a figura de um alvo, daí a explicação para o nome da doença”, ensina Dias. Inicialmente, os sintomas da doença são observados nas folhas do terço inferior do algodoeiro, podendo ocorrer também nas brácteas. “A doença tem um poder feroz de causar desfolhamento muito rápido no algodão, com danos consequentes à maçã, que não tem seu enchimento correto. Se a maçã não se desenvolve corretamente, a produtividade cai. A mancha-alvo pode se tornar uma ameaça muito séria para a cotonicultura brasileira”, adverte o pesquisador.


Política Embrapa Cerrados pede socorro

“R

ecentemente o governo do Distrito Federal (GDF) nos surpreendeu com uma decisão que lamentavelmente marcará o início do fim da Embrapa Cerrados, caso seja concretizada. O GDF solicitou a desocupação de uma área de 300 ha (equivalente a 20% do nosso campo experimental), às margens da rodovia BR 020 e que vem sendo utilizada em pesquisas há exatos 35 anos, para a construção de um residencial populacional com 4.900 unidades habitacionais”. Esse apelo é parte

de um comunicado dessa unidade da Embrapa. “Na petição pedimos que isso não seja realizado”, enfatizam. E finalizam: “Estamos precisando da ajuda de todos!! Por favor, nos ajudem a coletar o maior número possível de assinaturas. A petição da Embrapa está na internet: http://www.avaaz.org/po/ petition/Governo_do_Distrito_Federal_Secretaria_de_Habitacao_ do_Distrito_Federal_Pedimos_ aos_nossos_governantes_uma_visao_estrate/?nkBPyhb.

Definição de trabalho escravo é imprescindível definição clara, objetiva e abA solutamente cristalina do que será escrito na lei como sendo trabalho escravo ou análogo à escravidão é imprescindível para a segurança jurídica do agronegócio e outros setores produtivos, como, por exemplo, construção civil, segmento de infraestrutura, indústria têxtil, entre outros, no Brasil. A afirmação é do presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Gustavo Diniz Junqueira, ao comentar a aprovação pelo Senado, em maio último, da Pro-

posta de Emenda Constitucional (PEC) que determina, entre outras coisas, a expropriação de propriedades rurais flagradas com trabalho escravo. “O legislador precisa entender a dinâmica de trabalho no campo e não impor restrições urbanas ou industriais a uma realidade completamente diferente, criminalizando assim, de modo subjetivo, gente séria que trabalha pelo País.” Conforme Junqueira, “num país democrático, qualquer cidadão tem garantido o seu direito de defesa.”

Ambientalismo egundo o Instituto MatoO -grossense de Economia Agropecuária (Imea), Sorriso

(MT) deve produzir quatro milhões de toneladas de grãos na safra 2013/2014. O município é considerado a capital nacional do agronegócio. “Nós não temos estrutura mínima para transportar toda essa produção. Precisamos viabilizar com urgência outro sistema, seja ele ferroviário ou hidroviário e melhorar as vias rodoviárias”, assinala o Imea. Para o engenheiro florestal, Elói Antônio Brandão, do Imea, a produção de Sorriso poderia ser maior, não fosse a morosidade dos órgãos ambientais. “Só para se ter ideia da calamidade que vivemos, analisei nos últimos cinco anos, as emissões de LAUs (Licença Única Ambiental) pela Sema. Foram emitidas 350 licenças por ano. Se considerarmos que há mais de 140 mil propriedades rurais no MT para serem licenciadas, o Estado vai demorar 378 anos para licenciar todo o território mato-grossense”, comentou o engenheiro.

Sucos mentirosos Lei dos Sucos, de 1974, foi revogada em 2012. Ela obrigava os fabricantes de sucos e refrigerantes a usar A um mínimo de 10% de suco ou polpa, nas embalagens que prometiam sucos “naturais” de cada fruta. Com a queda da lei, o mercado anda ao gosto dos marqueteiros enganadores das indústrias de sucos, e aí surgem

expressões criativas, e não proibidas, como “suco tropical”, “suco artificial” e outras inadequações. Os produtores de frutas perdem com isso, sobra-lhes apenas o chamado mercado de mesa, para degustação das frutas “in natura”, mercado que se reduz ano a ano, pois as consumidoras preferem as comodidades das caixinhas/garrafas prontas para uso, pois não sabem descascar laranjas, como declarou uma à televisão, recentemente. De fato, o Idec, Instituto de Defesa do Consumidor, analisou 31 marcas de sucos e néctares no início de 2014, e apenas duas estavam em conformidade legal, continham sucos naturais equivalentes ao divulgado nas embalagens. As demais marcas continham suco de menos, ou apenas água, açúcar, conservantes, acidificantes e aromatizantes. Não estaria na hora dos fruteiros registrarem as marcas de suas frutas, e cederem gratuitamente o uso dos nomes apenas aos vendedores de sucos verdadeiros? junho 2014 – Agro DBO | 33


Entrevista

Emplacamento de tratores desatolou

A

gro DBO conversou com Milton Rego, vice-presidente da Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, sobre o polêmico assunto, e que anda “enguiçado” há mais de uma década. Como se sabe, desde a implantação do Código Brasileiro de Trânsito, na primeira metade do século XX, tratores e máquinas agrícolas sempre foram deixados de lado. Na reforma do código vigente, em 1997, quando se criou, por exemplo, o sistema de pontuação nas carteiras de habilitação, novamente o problema ficou sem regulamentação, e sem emplacamentos. Foi uma lei que “não pegou” para os tratores, mas a frota cresceu e os problemas também, na medida em que o tráfego de máquinas nas estradas já é notável, especialmente durante os picos de safras. No início de maio 2014 o Congresso Nacional aprovou por acordo de lideranças um projeto que desobrigava os tratores do registro e licenciamento, mas este foi integralmente vetado pela Presidência da República. Na sequência, a presidente Dilma Rousseff editou e publicou a Medida Provisória nº 646 (ver box), que põe um fim a essa polêmica e debatida questão. Richard Jakubaszko

Agro DBO – Saiu publicada no Diário Oficial, de 27 de maio último, a Medida Provisória 646, definindo o futuro registro e licenciamento de tratores e máquinas agrícolas fabricadas a partir de 1º de agosto de 2014, integrando, indiretamente, essa categoria de equipamentos ao Código Nacional de Trânsito. Como o Senhor avalia isso? Milton Rego – Como uma alternativa de bom senso. A discussão sobre esse tema estava equivocada e dava a entender que a regulamentação que está em processo tornaria obrigatório o licenciamento de máquinas agrícolas. Deixe-me fazer um pequeno histórico, já que isso está se estendendo já há mais de 10 anos. Todas as vezes que uma máquina precisava ser emplacada – e essa necessidade é dada pelo Código Brasileiro de Trânsito, não pela regulamentação sobre a qual está se fazendo toda essa celeuma – era necessário fazer um “atalho” nos procedimentos do Renavam, a famosa Transação 207. Esse atalho, que possibi34 | Agro DBO – junho 2014

litava fraudes, foi cancelado em 2012, ao mesmo tempo em que se criava um novo processo de registro. Esse processo (portarias 130 e 137 e a Resolução 14/98) começa a ser operacional no ano que vem. Em cima dessa regulamentação – que é uma regulamentação apenas – é que se criou toda a discussão. Agro DBO – A desobrigação de renovação das licenças, conforme previsto na MP, não traz perigo de futuras maracutaias? Milton Rego – Esse é um decreto novo e precisamos avaliar como será efetivado, mas não vejo antecipadamente problema algum. É importante que as informações de propriedade sejam atuais, por exemplo, pois o objetivo é trazer mais segurança jurídica ao proprietário, diminuir os custos de financiamento e de seguros e dar aos governos informações importantes para políticas públicas. Já o licenciamento garante que os equipamentos cumpram as normas de segurança fundamentais para o deslocamento em estradas e vias públicas.

Agro DBO – Para efeitos estatísticos sobre a frota atuante, como seria desejável, o Governo Federal e os estaduais terão de esperar mais 20 anos, já que a MP obriga o licenciamento apenas para as máquinas novas? Milton Rego – Talvez mais do que isso. Já vi várias estatísticas sobre a frota que, para tratores, varia entre 550 e 850 mil tratores. Gostaria de ter uma visão absolutamente clara dessa frota, mas isso é um projeto que temos que construir. Essa MP não garante isso, uma vez que o registro não será obrigatório para todos, mas apenas para aqueles equipamentos que transitem em vias públicas. Agro DBO – E a frota antiga, a que está em uso, fica livre de qualquer fiscalização e penalização futura? Milton Rego – Isso é normal em qualquer mudança de legislação sobre itens mínimos dos veículos. Estabelece-se uma linha de corte e começa-se a adotar novos padrões.


De qualquer forma, penalizações serão devidas apenas para veículos que trafeguem em via pública. Agora, precisamos pensar em como garantir que todos os veículos estejam de acordo com as legislações de segurança e emissões por exemplo. Agro DBO – É um bom exemplo o de Minas Gerais, e de outros estados, que já anunciaram que não cobrarão IPVA dos produtores para licenciar tratores e máquinas? Milton Rego – Sem dúvida. As máquinas agrícolas e de construção não podem ser mais tributadas, são bens de capital e, como qualquer investimento, aumentam a produtividade da economia. Como qualquer investimento, elas devem ser desoneradas e não tributadas. Isso é bom para o país e vai ao encontro de uma modernização da nossa economia.

Para entender MEDIDA PROVISÓRIA Nº 646 Altera a Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997, que institui o Código de Trânsito Brasileiro. A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 62 da Constituição, adota a seguinte Medida Provisória, com força de lei: Art. 1º A Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997 – Código de Trânsito Brasileiro, que passa a vigorar com as seguintes alterações: “Art. 115 – § 4º Os tratores e demais aparelhos automotores destinados a puxar ou a arrastar maquinário agrícola de qualquer natureza ou a executar trabalhos agrícolas e de construção ou de pavimentação são sujeitos, desde que transitem em vias públicas, ao registro e ao licenciamento na repartição competente. § 8º Os tratores e demais aparelhos automotores destinados a puxar ou a arrastar maquinário agrícola de qualquer natureza ou a executar trabalhos agrícolas, licenciados na forma do § 4º, não estão sujeitos à renovação periódica do licenciamento. “Art. 144 – Parágrafo único. O trator de roda e os equipamentos automotores destinados a executar trabalhos agrícolas poderão ser conduzidos em via pública também por condutor habilitado na categoria B. Art. 2º Não é obrigatório o registro e o licenciamento para o trânsito em via pública de tratores e demais aparelhos automotores destinados a executar trabalhos agrícolas, a puxar ou a arrastar maquinário agrícola de qualquer natureza, fabricados antes de 1º de agosto de 2014. Art. 3º Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 26 de maio de 2014 Dilma Rousseff

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Logística

São Francisco, olhai por nós. Parceria público-privada reativa a hidrovia com um carregamento de caroço de algodão, partindo de Ibotirama (BA) rumo a Petrolina (PE). José Maria Tomazela

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s três barcaças que partiram no dia 9 de maio do porto de Ibotirama, no oeste da Bahia, vencendo as águas do rio São Francisco em direção a Petrolina (PE), a uma distância de 671 km, cumpriam mais que a missão de entregar no destino 2,6 mil toneladas de caroço de algodão. O comboio seguiu preparado para mostrar ao governo e à sociedade que navegar é preciso. E que o transporte hidroviário pode ser a ferramenta que mudará o cenário agrícola da região, hoje dependente do escoamento da produção em caminhões por estradas não só ruins, como perigosas. Para ser levada por terra, a mesma carga ocuparia 100 carretas. No Brasil, com seus rios largos e caudalosos, empurrar cargas rio acima ou rio abaixo não é tão fácil quanto se imagina. Não por acaso, menos da metade do nosso poten-

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cial hidroviário é explorado atualmente e, onde existe uma estrutura razoavelmente adequada para a passagem dos comboios com cargas, elas estão subutilizadas. O exemplo é o próprio São Francisco: embora navegável desde Pirapora (MG) até Juazeiro e Petrolina, no encontro do estado da Bahia com o de Pernambuco, numa extensão de 1.371 quilômetros, apenas a partir de Ibotirama é que a navegação comercial se torna viável, ou seja, menos da metade do potencial. Ainda assim, as operações e manobras necessárias para driblar toda sorte de obstáculos que se antepõem aos comboios tornam o custo da hidrovia tão ou mais oneroso que o caro transporte rodoviário. É o que afirma Marcelo Teixeira, diretor de logística da Icofort, empresa dona do algodão e do comboio lançado ao rio no início de maio. Segundo ele, uma característica dessa hidrovia

é ter apenas uma eclusa e mais de 300 km de navegação no remanso de um lago. Em tese, isto a tornaria bastante competitiva nos aspectos de velocidade e agilidade de navegação, uma vez que haveria apenas um desmembramento na eclusa de Sobradinho. Na prática, diz ele, ocorre o contrário. “Devido ao assoreamento em diversos trechos e alguns pedrais, temos que desmembrar mais vezes o comboio e também reduzir a velocidade de navegação para evitar colisões com obstáculos.” Além disso, como as boias sinalizadoras e as placas de identificação do canal são retiradas por ribeirinhos, o alto risco impede que seja feita a navegação noturna. “Considerando todos esses aspectos, o tempo de navegação que poderia ser de cinco dias, tem sido em torno de dez.” Toda essa maratona de problemas resulta numa equação impensá-


Fotos Icofort/Divulgação

vel em se tratando de uma hidrovia. “Atualmente nossos custos no transporte pela hidrovia estão mais caros que o rodoviário em 20%”, afirma Teixeira. O algodão produzido em dezenas de municípios do oeste baiano não é o único produto da região que pode ser transportado pela água. A Aiba – Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia estima que o potencial de cargas possíveis de utilizar a multimodalidade tendo como eixo principal a hidrovia do São Francisco supere os cinco milhões de toneladas, em especial as cargas do agronegócio. Isso representaria retirar da malha rodoviária 140 mil veículos, reduzindo os custos logísticos. O presidente da Aiba, Julio Buzato, diz que a redução do frete é o principal atrativo do São Francisco como meio de escoamento da produção. Para transportar mil toneladas de produtos pela hidrovia, gasta-se cinco litros de combustível por quilômetro, enquanto o mesmo volume levado por via rodoviária exige 96 litros. Um comboio tem capacidade para carregar pelos rios 6 mil toneladas de carga, volume correspondente ao de 50 carretas de 40 toneladas. O custo de implantação de um quilômetro de hidrovia é de US$ 30 mil, enquanto o quilômetro rodoviário custa US$ 450 mil – 15 vezes mais. A hidrovia viável será um estímulo e tanto para ampliar a produção agrícola e atrair projetos de avicultura, suinocultura e bovinocultura para a região, acredita. “Com a ampliação da fronteira agrícola em novas áreas de cultivo fica exposto o gargalo logístico que estamos vivenciando, principalmente nas rodovias e portos do país”, diz Buzato. “A hidrovia do São Francisco a partir de Ibotirama teria o efeito de conectar a região produtora do oeste da Bahia com a região consumidora no Nordeste do país e o fluxo inverso de insumos agrícolas e outros”, acrescenta.

A redução no frete é o principal atrativo do rio São Francisco como meio de transporte

É essa ligação que interessa à Icofort e levou a empresa a investir numa estrutura com três empurradores, 13 barcaças e dois rebocadores, além do único dique flutuante do São Francisco. A companhia alugou o porto existente em Ibotirama, onde construiu dois armazéns com capacidade de cinco mil toneladas. Em Petrolina, a empresa utiliza o porto para o transbordo do caroço de algodão até a planta industrial que fica em Juazeiro (BA). O porto da cidade baiana ainda não está adaptado para operação, por falta de estrutura de armazenagem e praça de pesagem, equipamentos em processo de licitação. Aposta a longo prazo A Icofort tem uma fábrica em Luís Eduardo Magalhães e outra em Juazeiro, além de participação numa terceira em Guanambi, todas na Bahia. O caroço de algodão é processado para produção de torta e farelo usado em rações, óleo refinado para consumo humano e óleo também para fabricação de biodiesel. O línter – lã de celulose que envolve o grão – é exportado para Japão e China. Na safra de 2012/13, a empresa transportou 52 mil toneladas de caroço de algodão pela hidrovia e 20 mil pelo modo rodoviário. O transporte poderia ser todo feito pela hidrovia, mas as condições do rio não permitem. Na cheia, o leito é longo e regular, com grandes estirões de na-

vegação. No período de estiagem, o canal se desenvolve entre bancos de areia móveis, formando travessões que acarretam dificuldade de manobras para embarcações tipo comboio integrado. Devido às dificuldades de navegação, na safra 2013/14, foram transportadas 24 mil toneladas – menos da metade – pela hidrovia, enquanto o transporte rodoviário aumentou para 30 mil toneladas. De acordo com Teixeira, a opção pela estrada só não foi mais ampla porque, embora o modal rodoviário tenha vantagem na velocidade do atendimento, a região não possui frota de caminhões estabelecida e as condições das rodovias são precárias. “No caso da hidrovia, conseguimos ter melhor controle mantendo um fluxo constante e com estoque regulador no porto de Ibotirama. Além deste aspecto, temos melhor segurança no transporte e reduzimos a emissão de poluentes”, diz. Ele lembra que o transporte rodoviário consegue operar numa relação de 30 toneladas por km/litro de diesel, enquanto no hidroviário é de 268 t/ km/l. “Se a hidrovia tiver uma manutenção continuada no canal de navegação e a retirada dos pedrais existentes, teremos uma redução de 20% em relação ao frete rodoviário, situação que não ocorre hoje.” O custo do transporte representa 22% do custo total do algodão processado pela Icofort. A emjunho 2014 – Agro DBO | 37


Fotos Icofort/Divulgação

Logística

A Aiba calcula que o potencial de cargas tendo a hidrovia do rio São Francisco como eixo supere cinco milhões de toneladas

presa está próxima da margem do rio São Francisco e, em condições normais de navegação, teria condições de ampliar a frota, formar mão de obra para operar na hidrovia e atender a demanda de potenciais clientes de cargas, como produtores rurais, avicultores, polo gesseiro, mineração e indústria cimenteira. Seria possível ampliar a capacidade industrial da empresa em Juazeiro e colocar em prática

a construção de uma indústria às margens do rio na região de Ibotirama/Muquém do São Francisco. Em sentido oposto, a Icofort avalia a possibilidade de abandonar a atividade de navegação, caso não seja implementado um plano de dragagem continuada e feito o derrocamento de alguns trechos já conhecidos, como Rodeadouro, Curralinho, Meleiro e Cabeça-Levantada. “Se a empresa desmobili-

zar estes investimentos, não haverá mais no rio equipamentos para executar a navegação comercial. Teremos de dispensar 60 profissionais diretamente envolvidos na operação e aí será o fim da navegação no Rio São Francisco”, afirma Teixeira. O titular da Seinp – Secretaria Estadual da Indústria Naval e Portuária, Carlos Costa, disse que a retomada da hidrovia é fundamental para o desenvolvimento do agrone-

A Unitapajós começa a acelerar Projetos tocados pela iniciativa privada avançam também em outras frentes na criação de rotas hídricas para a exportação de grãos. No dia 25 de abril, a Bunge inaugurou em conjunto com a Amaggi, uma das pioneiras no transporte hidroviário de grãos na região norte do Brasil, o complexo portuário Miritituba – Barcarena, que envolve a Estação de Transbordo, em Miritituba, no oeste do Pará, e o Terfron – Terminal Portuário Fronteira Norte, localizado em Barcarena, próximo de Belém, no leste do estado. O investimento, de R$ 700 milhões, foi em sua maior parte suportado pela Bunge e gerou uma nova empresa de navegação, a Unitapajós. Pela nova rota, os grãos das regiões produtoras

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do Centro-Oeste, especialmente do meio-norte mato-grossense, seguem por caminhão pela BR163 até a estação de transbordo, em Miritituba, distrito de Itaituba percorrendo uma distância de 1,1 mil quilômetros. No terminal, a carga é colocada em barcaças que navegam pelo rio Tapajós, passam pelo estreito de Breves, e chegam ao terminal Fronteira Norte, na Vila do Conde, em Barcarena, em um percurso de mil quilômetros vencido em três dias. No Terfron, a carga será armazenada para posterior embarque em navios graneleiros rumo ao exterior. O transporte está sendo realizado por uma frota de 50 barcaças e dois empurradores. A previsão é transportar 2 milhões

de toneladas de grãos este ano e, a partir de 2015, com a incorporação de mais 40 barcaças e um empurrador, atingir a plena capacidade de 4 milhões de toneladas. As barcaças são equipadas com cobertura rígida de alumínio, tecnologia nova no Brasil. A Amaggi, do Grupo André Maggi, opera há 17 anos um dos principais corredores hidroviários do país, o Madeira-Amazonas, por onde escoa 2,8 milhões de toneladas de grãos por ano. Soja e milho produzidos no nordeste do Mato Grosso e em Rondônia são embarcados no terminal de Porto Velho (RO) e seguem pelo rio Madeira até Itacoatiara, já no rio Amazonas. Os produtos são, depois, embarcados em navios para o mercado externo.


gócio baiano. “O estado está ciente dessa importância e disposto a trabalhar junto com o governo federal, empresários e produtores para otimizar a cadeia produtiva, construindo a logística para escoamento da produção.” Segundo ele, para enfrentar a falta de navegabilidade, o governo federal se comprometeu a investir na desobstrução dos pontos críticos do rio. Um estudo detalhado do rio que está em curso permitirá investimentos na retirada das pedras e desobstrução do curso a partir de 2015. Segundo o secretário, este ano as condições de navegação foram agravadas pela pior seca das últimas cinco décadas. A profundidade média se reduziu para até 1,80 metro. Ele relata que a Seinp, junto com a Codevasp – Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e o DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes contrataram um corpo de engenheiros do exército americano com experiência na área de revitalização de grandes rios para dragar onze pontos do São Francisco, considerados gargalos à navegação. Em agosto de 2013, teve início a obra de dragagem de Pirapora a Ibotirama, serviço que inclui o monitoramento ambiental. Já o governo da Bahia iniciou a reforma do terminal de Juazeiro, faltando o término da batimetria para a homologação da unidade portuária. O governo federal incluiu a hidrovia do São Francisco entre as ações prioritárias do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, alocando R$ 420 milhões que estão sendo aplicados em estudos e projetos, além de obras de desassoreamento, derrocamento de pedrais e sinalização. As obras estão em fase de licitação e envolvem a dragagem de 5 milhões de metros cúbicos e o

Icofort/Divulgação

O custo de implantação de um km de hidrovia é de US$ 30 mil, enquanto o km de estrada custa US$ 450 mil – 15 vezes mais.

derrocamento de 300 mil metros cúbicos. O esforço de empresas e produtores do oeste da Bahia para viabilizar a hidrovia no São Francisco também encontra justificativa nas condições precárias da malha rodoviária que atende a região. As principais rodovias estão esburacadas, sem acostamento e cheias de obstáculos, além de terem trechos sem pavimentação. De acordo com Julio Buzato, o Ministério dos Transportes já se comprometeu a pavimentar a BR-430, no município de Bom Jesus da Lapa, porque será através dela que as commodities chegarão à hidrovia. Os trechos pavimentados, além de estarem esburacados, são sinuosos e sem acostamento. A BR-242, que liga a região a Salvador, tem trechos sem pavimentação em Luís Eduardo Magalhães e, onde é asfaltada, está cheia de buracos. Já a BR-135, que percorre o oeste

A hidrovia tem apenas uma eclusa, o que torna a navegação mais rápida, portanto mais competitiva.

Além do frete, há outra razão para investir nas hidrovias: de maneira geral, as estradas são ruins.

baiano de norte a sul, possui muitas porções em terra que, no período de chuvas, ficam intransitáveis. Outro gargalo para a produção de grãos do oeste baiano é o acesso aos portos. Grande parte da produção ainda é escoada de caminhão principalmente para o porto de Santos (SP), a uma distância de 1,6 mil quilômetros. Pelo hidrovia do São Francisco, os grãos poderiam atender indústrias do Nordeste ou serem exportados através do Porto de Suape (PE). A expectativa dos produtores é de que o avanço na construção da Fiol – Ferrovia da Integração Oeste Leste, que vai da cidade de Figueirópolis, no Estado de Tocantins, até Ilhéus, no sul da Bahia, possibilite a criação de um corredor de exportação para os agricultores baianos. A ferrovia se estende por 1,1 mil quilômetros em território baiano e será integrada ao Porto Sul, em Ilhéus, que tem obras em andamento – recentemente foi dada licença ambiental para o aprofundamento do canal de atracação. Mais hidrovias O mais recente estudo sobre o sistema hidroviário brasileiro feito pela CNT – Confederação Nacional do Transporte, mostra que o modal foi responsável pelo transporte de 81 milhões de toneladas de cargas em 2013. O Brasil possui 41.635 quilômetros de vias navegáveis, contudo apenas 50,3% (20.956 km) são economicamente navegadas. Das doze regiões hidrográficas que compõem a malha hidrográfica, apenas seis apresentam dados de transporte de carga – bacia Amazônica, Tocantins/Araguaia, Paraná, São Francisco, Paraguai e Atlântico Sul. As hidrovias da Amazônia são de longe os principais corredores de cargas do país, com 51,6 milhões de toneladas/ano, seguidas pelo sistema Tocantins-Araguaia, com 22,3 junho 2014 – Agro DBO | 39


Logística

milhões, segundo a CNT. Distante em terceiro lugar aparece o sistema Tietê-Paraná, com 6 milhões de toneladas anuais. O estudo mostrou as vantagens do transporte hidroviário quando comparado a outros modais no Brasil. Um comboio de quatro chatas e um empurrador leva 6 mil toneladas, volume correspondente à carga de 2,9 comboios ferroviários com 86 vagões de 70 toneladas e à de 172 carretas rodoviárias (35 t cada). O consumo para levar uma tonelada por 100 km é de 4,1 litros de óleo diesel na hidrovia, 5,7 litros na ferrovia e 15,4 litros na rodovia. O estudo divulgado pela CNT mostra ainda que, apesar de ter a maior bacia hidrográfica do mundo, com 41,6 mil quilômetros navegáveis, o Brasil investe pouco no transporte hidroviário. Para cada mil quilômetros quadrados de rios e lagos, o país dispõe de 2,5 quilômetros de infra-estrutura para navegação, enquanto a Argentina tem praticamente o dobro. Na Alemanha, país que é referência nesse modal, são 20,9 quilômetros. Promessas para o futuro Um plano do governo federal pretende elevar para 120 milhões de toneladas até 2031 a capacidade de transporte hidroviário com investimentos de R$ 17 bilhões em obras e adequações das hidrovias e R$ 9 bilhões para a adequação da frota. A malha hidroviária pode passar dos atuais 6,5 mil quilômetros para 9,5 mil quilômetros de hidrovias operacionais, segundo o PHE – Plano Hidroviário Estratégico do Ministério dos Transportes. O diagnóstico avaliou a situação dos rios, a navegabilidade, os aspectos socioambientais e a análise econômica dos projetos. De acordo com o diretor do Departamento de Planejamento e Avaliação da Política de Transportes do Ministério, Francisco Luiz Baptista 40 | Agro DBO - junho 2014

Costa, o governo reconhece a necessidade de dar mais eficiência às hidrovias do país. O estudo abrangeu todas as hidrovias que já acomodam fluxos de carga igual ou superior a 50 mil toneladas anuais: Amazonas/Solimões e Negro, Madeira, Tapajós e Teles Pires, Tocantins, Araguaia, São Francisco, Parnaíba, Tietê e Paraná, Paraguai e Hidrovias do Sul (Taquari, Jacuí e Lagoa dos Patos). Em um primeiro momento, segundo Costa, o governo planeja investir recursos nas hidrovias que permitam o escoamento da produção agrícola do interior do país, de forma a descongestionar os portos do Sul e Sudeste. Nesse caso, as hidrovias prioritárias são a do Tocantins, de Marabá até a foz; Tietê-Paraná-Parnaíba, entre São Simão (GO) e Salto (SP); Paraguai, entre Cáceres (MT) e Corumbá (MS), até a Argentina; e Brasil-Uruguai, na Lagoa dos Patos e rios Jacuí e Taquari (RS). Em 2013, o escoamento de uma tonelada de produtos agropecuários das lavouras até o porto no Brasil custou em média US$ 92, valor muito superior ao gasto por países que produzem e concorrem com o produtor brasileiro no mercado internacional: US$ 23 por tonelada nos Estados Unidos e US$ 20 por tonelada na Argentina. De acordo com o consultor Luiz Antonio Fayet, da CNA – Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, que apresentou os dados no I Simpósio Hidrovias, realizado na primeira quinzena de maio em Brasília, isso ocorre porque o principal meio de escoamento ainda é o transporte rodoviário. No ano passado, 60 milhões de toneladas de soja e milho produzidas acima do Paralelo 16 – linha imaginária ao sul do equador, que no Brasil passa próxima do Distrito Federal, abrangendo, portanto, partes dos territórios de Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Piauí,

Fotos Aiba/Divulgação

Um comboio de quatro chatas leva 6 mil t, correspondente à carga de 2,9 trens com 86 vagões ou à de 172 carretas de 35 t cada uma.

Algodão irrigado e milho, duas das culturas mais importantes da Bahia, escoadas basicamente por estradas vicinaiis e rodovias.

Maranhão e Rondônia –, foram transportadas de caminhão para os portos do Sul e Sudeste. Durante o mesmo ano, o movimento total de importação e exportação no Porto de Paranaguá, no Paraná, somou 46 milhões de toneladas. Fayet defendeu a criação de novas rotas hidroviárias de escoamento para reduzir custos e garantir renda para as economias produtoras. Ele destacou a mudança geográfica da produção agropecuária do Brasil: nos últimos anos, a fronteira agrícola expandiu-se do Centro-Oeste para o Norte, mas os principais portos continuam no sul e no sudeste. Boa parte dos 80,3 milhões de toneladas produzidas na porção central e norte do território viaja de caminhão por até dois mil quilômetros para chegar aos portos. O maior potencial hidroviário, no entanto, está exatamente na região menos dotada de portos, segundo ele.



Safra

E não é que vingou! Apesar de problemas climáticos e alta incidência de doenças e pragas, a safra 2013/14 cresceu. Soja e algodão salvaram a lavoura, literalmente.

Marianna Peres

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temporada está terminando, virando mais uma página do agronegócio brasileiro. Não foi a safra dos sonhos dos agricultores – alto custo e pouca produtividade – mas, apesar dos fatores que interferiram no volume ofertado, o saldo final é de expansão, tímida, mas expansão. Apesar dos investimentos em tecnologia e do otimismo do ministro da Agricultura, Neri Geller, que aposta em 195 milhões de toneladas (a Conab previu 191,3 milhões de toneladas, contra 188,6 no ciclo 2012/13), a produtividade ficou a desejar e o crescimento é fru-

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to da evolução espacial. Os problemas climáticos – ora seca prolongada ora chuvas excessivas – e os estragos provocados por doenças e pragas corroeram as projeções e o consolidado ficou aquém do potencial investido, para desalento dos agricultores. Que o diga Leonildo Bares, produtor em Sinop, município situado a 503 quilômetros ao norte de Cuiabá (MT), e personagem da revista Agro DBO em outubro do ano passado. Na ocasião, ele disse, com orgulho, que mesmo com chuvas regulares na região e com todo o insumo comprado à vista – com

dinheiro próprio –, não plantaria soja precoce, como muitos o fizeram, porque a perda de produtividade não compensaria o risco. Bares resistiu, mesmo vendo a ação das plantadeiras vizinhas. “Eu faço de tudo para não errar”, disse na ocasião. Passados nove meses, reavaliou o que disse: “Fiz tudo certo, mas deu tudo errado”. Das 40 mil sacas de soja estimadas em outubro, apenas 32 mil foram de fato colhidas. Bares, em todo caso, não errou; apenas não deu sorte. Como explica, 60% dos 750 hectares cultivados com a oleaginosa foram cobertos com a TMG RR 9144 e 40% com a


Case IH/Divulgação

RR 132 mas, ao invés de rendimentos de 72 sacas/ha, como esperava, fechou a safra com médias de 48 sacas, porque a 9144 rendeu pouco. “Há anos cultivo a 9144 com boa produtividade, mas a chuvarada de dezembro desestabilizou a lavoura, grande parte cultivada com ela. Minha soja estava linda, uniforme, quem viu não acreditou que ela perdesse a produtividade. Errei na estratégia, mas jamais poderia ter evitado as perdas, mesmo minimizando riscos e erros”. Ele não plantou antecipadamente para não perder cerca de 5 sacas por hectare, mas deixou de colher 8 mil sacas

por conta da variedade que o desapontou. “Aqui na região, a maior parte dos produtores aplica cerca de 90 a 110 pontos de fósforo e eu apliquei 132. Tive três talhões de 70 sacas, mas, na média, ficou em 48 sacas; no ano passado, foram 54”. Com oito mil sacas a menos, Bares foca agora no ganho pelo preço. Por comprar insumos com recursos pessoais e ter uma estrutura própria de transporte, não depende das vendas antecipadas. Ele tem em mãos 7,4 mil sacas para comercializar, metade das quais é lucro – a outra metade empata os custos de produção. No ano passado, a média de cotações foi de R$ 49,00. Neste ano, varia entre R$ 51,00 e R$ 52,00. Ele pondera que, no mesmo período, o custo de produção passou de 19 sacas para 21 sacas/ ha. Em meados de maio, obteve R$ 54,50 em um lote de 3,5 mil sacas. “É com essas médias que tenho de descontar a alta do custo de produção e as sacas que não colhi”. Se a safra 2014/15 começasse hoje, Bares estaria preparado para plantar. Já comprou todos os insumos necessários e descarta o uso, novamente, da 9144. “Como compro à vista e de forma antecipada, consigo descontos bons e, no final da safra, o que produzo gera de 30% a 35% de margem, um valor quase não visto entre os outros colegas. Faço gestão empresarial e, por isso, evito riscos desnecessários; não posso errar. Se eu devesse a bancos, tradings e tivesse mais da metade da produção vendida antecipadamente, certamente este ano teria sido muito ruim, mas acabou sendo um ano bom porque o que vale é o resultado financeiro, mesmo quando tudo não sai como o planejado”. Os pesquisadores do Imea – Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária chamam à atenção para alta nos custos no estado. Pela primeira vez, os insumos ultrapassaram a casa dos mil reais por hectare, com o custo total atingindo R$ 2,34 mil/ha, alta de 23% sobre o

ciclo anterior. Para 2014/15, há indicadores de novo recorde, ao redor de R$ 3 mil/ha, majorando em mais 24% o custo. “A elevação mais expressiva está no preço das sementes e dos defensivos de um modo geral, até mesmo devido às elevações do dólar entre estas datas”, disse a analista Daniele Siqueira. A grande vilã nesse cenário de alta, segundo ela, foi a chuva intensa e constante, que desencadeou outros problemas. “Com as chuvas, as aplicações ficaram prejudicadas e, com isso, tivemos um elevado índice de ataque de ferrugem. As pragas também tiveram um papel importante nestas perdas”, disse.

Leonildo Bares: “O que vale é o resultado financeiro, mesmo quando tudo não sai como o planejado”.

Custos crescentes De uma estimativa inicial de 54 sacas no passado, a produtividade fechou em 52 sacas/ha no estado. Entre a expectativa inicial e o realizado, os pesquisadores do Imea destacam a quebra moderada na soja devido à estiagem e ao calor no início do ano. “Não acreditamos em produção de 90 milhões de toneladas, mesmo quando considerada a safrinha. De todo modo, o recorde de produção foi garantido pelo aumento na área plantada, que já era esperado desde meados de 2013”, afirma Daniele. Em Mato Grosso, a área destinada à safrinha de soja cresceu cerca de cinco, seis vezes mais, e estima-se a cobertura de 120

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Safra

Case IH/Divulgação

O custo da safra em Mato Grosso atingiu R$ 2,34 mil/ha, alta de 23% sobre o ciclo passado. Em 2015, deve chegar a R$ 3 mil/ha.

Apesar dos problemas, a safrinha em 2014 tende a ser melhor que a de 2013, em rentabilidade.

mil hectares. No milho, confirmou-se a redução da área de verão (por conta da relação soja/milho, que fez muitos produtores plantarem menos milho e mais soja) e queda da produtividade em alguns estados devido à combinação de calor e falta de chuva no início de 2014. “A área de milho safrinha não caiu tanto quanto se esperava inicialmente, pois os preços reagiram no início do ano. Ainda estão longe do ideal, mas sinalizam que a rentabilidade da safrinha 2014 tende a ser um pouco melhor que a de 2013, quando o forte recuo dos preços levou até a situações de prejuízo em parte do estado. Surpresas boas e ruins Considerando a situação nos demais estados produtores, a surpresa ruim não foi tanto a queda na produção de grãos por calor e estiagem no início do ano, mas a localização da quebra. As áreas que, tradicionalmente, sofrem mais com a estiagem no verão, como o Rio Grande do Sul e o oeste do Paraná, foram menos afetadas do que Goiás, Minas Gerais e norte do Paraná, regiões onde as quebras são menos comuns. A surpresa boa, segundo consenso, foi a manutenção

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dos preços da soja em patamares elevados, mesmo durante a boca de safra no Brasil”. Conforme o diretor de Agronegócios da Aiba – Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia, Ernani Sabai, a safra estadual, especialmente a da soja, ficou muito abaixo do esperado, mas com a expansão do algodão, o ciclo fechará melhor que o do ano passado. “Plantamos soja com potencial para atingir 56 sacas/ha e nossa média fechou em 42,2, quebra de quase 20% devido à estiagem atípica no oeste baiano em vários momentos do desenvolvimento das lavouras”. No caso do milho, a expectativa era de 163 sacas/ha e a média ficou em 145. “Apostamos nossas fichas no algodão, uma cultura que quase não sofreu estresse hídrico. Plantado em dezembro, respondeu muito bem às inconstâncias do clima, até porque seu enraizamento é mais profundo quando comparado ao da soja, por exemplo. E como houve chuvas em maio, cremos em uma produtividade de 270 arrobas de pluma, podendo até superar este número, o que seria um recorde”. A Faeg – Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás acredita em uma produção total de cereais, fibras

e oleaginosas em torno de 17,3 milhões de toneladas no estado, resultado 2% inferior ao de 2013. “Mesmo com o aumento da área plantada, tivemos uma forte redução nas produtividades médias, levando ao resultado negativo. Em relação à expectativa inicial, a queda na produção está em torno de 10%”, destaca o consultor técnico Cristiano Palavro. Os agricultores sul-mato-grossense devem fechar a safra de grãos em 13,9 milhões de toneladas, incremento de 0,4% sobre o saldo anterior de 13,9 milhões. Como destaca o analista da Famasul – Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul, Leonardo Carlotto, devido às condições climáticas favoráveis, a oferta de milho deverá ampliar o saldo desta safra, ultrapassando as 7,8 milhões de toneladas de 2013. Ele frisa que, apesar da falta de estímulos para plantar milho, não houve queda de área e, sim, de investimentos. Para o algodão, a expectativa também é de boa safra. Questionado sobre os pontos negativos e positivos do ciclo, Carlotto declarou: “O bom foi a sustentação dos preços da soja e o ruim, a estiagem. De modo geral, além da expectativa positiva em relação ao


Case IH/Divulgação

Wanderlei Dias Guerra

milho, a safra saiu-se melhor que o esperado, porque a pressão, pânico e terror diante da Helicoverpa armigera não se confirmaram”. O Rio Grande do Sul também comemorou bons resultados ao confirmar a previsão de 30,2 milhões de toneladas de grãos, 1,6% maior que a do ano passado. “Tivemos um período de estiagem e calor de intensidade jamais vista, causando perdas de 70% em algumas regiões. Ainda que os prejuízos tenham ocorrido pontualmente, o calorão impôs aos produtores produtividades abaixo do esperado”, disse o economista-chefe da Farsul – Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul, Antônio da Luz, observando que a safra cresceu devido à expansão da área plantada, não em produtividade. Segundo ele, a principal surpresa – “muito ruim por sinal” –, foi o governo federal ter suprimido a TEC do trigo justamente quando os triticultores estavam colhendo, com o argumento de segurar a inflação. “Inflação se combate com política monetária restritiva, não atacando produtos individualmente. Ademais, o preço do pão e demais derivados de trigo não são correlacionados com o preço do cereal e, sim, com o custo de mão-de-obra, da energia elétrica, aluguéis, etc”, afirmou, lembrando que o preço do trigo despencou 14% e o do pão subiu 11% desde a supressão da TEC. “Es-

sas medidas não funcionam, apenas servem para capitalizar meia dúzia de moinhos que importam a maior parte de sua matéria-prima”. O jogo continua Para o Ministro da Agricultura, Neri Geller, a partida – já que estamos em plena Copa do Mundo – não está perdida e há potencial de expansão da produção no decorrer deste mês de junho. Ele aposta nas boas condições do clima no Centro-Oeste para aumentar ainda mais a produção de grãos, especialmente de milho segunda safra e do algodão. Embora a Conab tenha previsto safra de 191,2 milhões de

Helicoverpa em ação no milheto, uma das culturas com maior índice de infestação de lagartas do gênero em Mato Grosso.

Os cotonicultores estão preocupados com o aumento da resistência das lagartas do gênero Spodoptera à tecnologia WS.

toneladas, o ministro aposta em até 195 milhões. Conforme especialistas, é possível, sim, que o número final chegue perto disto.. No início de maio, o Imea revisou para cima suas projeções para Mato Grosso. O risco maior são as doenças e pragas. Assim como ocorreu há um ano – fato registrado pela Agro DBO – a presença da Helicoverpa armigera na segunda safra volta a pôr em risco a sanidade vegetal e a lucratividade da agricultura mato-grossense na temporada atual, mantendo-se como ameaça latente na safra 2014/15. A lagarta vem proliferando em várias culturas, especialmente no milheto, lavoura tida como “menos nobre” no estado – os níveis de investimento em tecnologia são inferiores, comparativamente aos dedicados à soja, milho e algodão. Em novo alerta, a CDSV – Comissão de Defesa Sanitária Vegetal do Ministério da Agricultura, mostra que a praga não apenas está presente no campo, como pior, vem se estabelecendo sobre as pontes verdes que vão se formando até o próximo ciclo. “Coletamos amostras de plantas com até 10 lagartas por metro quadrado. Desde maio do ano passado em Querência, município do leste de Mato Grosso, não mais tinha visto tamanha densidade populacional de Helicoverpa armigera”, exclama o coordenador da CDSV, Wanderlei Dias Guerra. Conforme o fiscal federal do Mapa, há registros de infestações de Helicoverpa no milheto em várias áreas do estado. Outra preocupação na segunda safra é a falta de resistência do milho Bt às lagartas, assim como ocorre no caso do algodão WideStrike, variedade transgênica que ocupa a maior parte da área plantada em Mato Grosso. Conforme balanço da CDSV, as lagartas do gênero Spodoptera vêm resistindo ao WS, exigindo mais e mais aplicações de herbicidas. Segundo Dias Guerra, as lagartas já sinalizam danos de cerca de 10% sobre a produtividade total em Mato Grosso. A festa continua. junho 2014 – Agro DBO | 45


Agrishow 2014

Tecnologias embarcadas se consolidam Máquinas de grande porte com sofisticado e criativo arsenal da informática pontuaram a maior feira agrícola brasileira. Richard Jakubaszko pré-candidatos à presidência e ao governo do estado de São Paulo.

Os drones tornaram-se a coqueluche da agricultura: “só se fala neles”, diz Alexandre Pedroso, da Embrapa São Carlos (SP).

O

público visitante da edição 2014 da Agrishow de Ribeirão Preto (SP), de 28 de abril e 2 de maio último, ultrapassou 160 mil pessoas, superando o registrado na edição anterior, e teve 800 expositores, com negócios da ordem de R$ 2,7 bilhões, valor maior que os 2,6 bilhões do ano anterior. “O que ouvimos dos expositores é que o número de máquinas vendidas foi menor, porém foram comer-

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cializadas máquinas de maior valor agregado, o que aumentou o faturamento”, explicou o presidente da Agrishow, Maurílio Biagi Filho. Biagi destacou as melhorias de infraestrutura realizadas nesta edição, como recuperação de poços artesianos e asfaltamento de algumas vias internas da feira. Para ele, além do aspecto financeiro, a Agrishow deste ano teve um ganho político significativo ao ser visitada pelos principais

Prêmio Brasil Agrociência Lideranças do agronegócio são unânimes em afirmar que, para o Brasil seguir avançando em produtividade e, assim, sustentar a liderança mundial conquistada é preciso investir em pesquisas aplicadas à agricultura. Para contribuir com esse processo, os organizadores da Agrishow lançaram o Prêmio Brasil Agrociência. “O objetivo é criar o equivalente a um ‘Nobel’ da agricultura brasileira”, afirma Biagi Filho. A premiação visa incentivar cientistas e pesquisadores, profissionais que já demonstraram competência para a construção de uma inovadora base científica e tecnológica de produção agropecuária no mundo tropical e subtropical, que levou o País a superar enormes desafios, como a conquista do cerrado e fez do Brasil uma referência mundial na agricultura. O prêmio será concedido anualmente – a primeira edição será entregue na Agrishow 2015 – a estudos nas áreas de fitotecnia, zootecnia, engenharia rural, economia rural e sustentabilidade. Para conferir alta credibilidade ao Prêmio, convidaram personalidades renomadas para constituir o Conselho de Notáveis, que será encarregado de julgar os projetos inscritos. O conselho tem como curador o ex-presidente da Embrapa, Silvio Crestana, e alguns ex-ministros da Agricultura, entre outras personalidades.


O prêmio para os vencedores atinge o valor de R$ 150 mil, cotizado entre as realizadoras da feira, que também formam a Comissão Organizadora da premiação. Tendências Conforme Agro DBO antecipou em edições anteriores, o mercado encontra-se em um período de introdução de tecnologias embarcadas nos equipamentos já existentes, além de melhorias e modernidades específicas nessas máquinas, tendência que se evidenciou nos últimos anos. A rigor, não houve nenhum lançamento de produto na Agrishow que “fizesse o queixo cair”, apenas avanços pontuais, apesar de importantes. Outra tendência se consolida, a de máquinas de grande porte, para atender agricultores com áreas maiores e com o objetivo de permitir plantar e semear dentro de prazos cada vez mais exíguos, em decorrência das janelas de tempo entre cada ciclo de safra e safrinha. A Embrapa, com diversas de suas unidades presentes na feira, lideradas por seu diretor-executivo Waldyr Stumpf Júnior, exibiu tecnologias consolidadas, nem sempre utilizadas, como a do MIP, Manejo Integrado de Pragas, e destacou a maior novidade dos novos tempos, os drones, através de um projeto desenvolvido pela pesquisa nacional. A seguir, o leitor encontrará os principais destaques que vimos na Agrishow 2014. Jumil – A empresa de Batatais (SP) encerrou este ano com vendas 5% superiores ao evento do ano passado. As novidades apresentadas foram o Sistema Easy Tech, um controlador de alta tecnologia e de fácil manuseio, utilizado para melhorar a eficiência das plantadoras, e ainda da Colhedora de Milho JM 370 G, única de uma linha com tecnologia axial. “O Sistema Easy Tech é um controlador desenvolvido pela Jumil para ser acoplado às plantado-

ras que trabalham especialmente em áreas com dificuldade de acesso ao GPS e regiões com carência de mão de obra qualificada. Além disso, com a nova tecnologia, foi possível substituir catracas, esticadores e correntes da transmissão de adubo e sementes por componentes elétrico-hidráulicos, com regulagens mais simples. Foi um sucesso entre os produtores!”, conta Patrícia Morais, diretora de marketing da Jumil. Massey – A Massey Ferguson lançou a MF 9895, marcando sua entrada na Classe VIII. Trata-se da colheitadeira axial com a maior taxa de descarga de grãos do mercado (150 l/s), proporcionando eficiência e produtividade, com alto desempenho para produtores de médio e grande porte. Outro lançamento da Massey foi o da plantadeira MF 500 Seed Pneumática, mais leve, econômica e versátil, garantindo que o agricultor disponha sempre da maior precisão para qualquer tipo de solo. A empresa exibiu também o trator-conceito Dyna-4, que está sendo desenvolvido para produção no Brasil e representa um projeto único, diretamente voltado ao aumento da produtividade no campo. A AGCO, holding detentora da marca Massey, anunciou seu novo recurso de suporte a clientes Massey e Valtra, o Fuse Contact Center, estratégia de conectivida-

Sistema Easy Tech da Jumil , indicado para áreas com difícil acesso a GPS.

de voltada a ajudar os usuários em ajustes e na operacionalidade dos equipamentos para a agricultura de precisão. O serviço está disponível diariamente das 4 as 23 horas e esclarece dúvidas sobre os produtos AGCO. Para acessar o Fuse Contact Center é só ligar gratuitamente 0800 761.8611. Prêmio Gerdau foi para a Massey – A colheitadeira MF 9895 conquistou o título “Novidade Agrishow Agricultura de Escala”, concedido pelo Prêmio Gerdau Melhores da Terra. A máquina vencedora foi avaliada por uma comissão julgadora que afirmou que a MF 9895 possui soluções como: minimização da possibilidade de paradas no processamento por obstrução no processo de trilha e as melhorias no desempenho dos sistemas de separação; limpeza e fluxo de ar, que resultam em grãos com menos impurezas e danos mecânicos, entre outros diferenciais do equipamento como mais opções de velocidade em operação

Colheitadeira MF250 coloca a Massey na classe VIII e ganha o Prêmio Gerdau Melhores da Terra, categoria novidade da Agrishow

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Agrishow 2014 A rigor, não houve lançamentos de máquinas ou tecnologias na Agrishow que “fizessem o queixo cair”, apenas avanços pontuais. e em trânsito, autolimpeza do sistema de arrefecimento e automação de tarefas que até então cabiam ao operador. A comissão julgadora avaliou que a MF9895 oferece rapidez na descarga de grãos e facilidade em seus controles operacionais, regulagens e manutenção. Prêmio Gerdau anuncia ganhadores da Agrishow

Abaixo trator Linha T7 da New Holland, com 3 m de bitola, e, na foto inferior a Valtra entra com Challenger de esteiras para menor compactação.

New Holland – Para o vice-presidente da New Holland, Alessandro Maritano, a estratégia da marca está na renovação de duas linhas de tratores em 2014 no portfólio de maquinário – modelos T6 e T7. “Estamos apostando na agricultura do país, ampliando nossa linha de máquinas e equipamentos que são fundamentais para o avanço da agricultura nos países latinos-americanos. Alinhados a isso, os produtores também investem em tecnologia de ponta e conforto para atuar na lavoura. Trouxemos duas linhas de tratores com modelos novos de potência intermediária e uma novidade de enfardadora para o segmento de biomassa e para os grandes produtores”, destaca Maritano. Linha de tratores T6 - Projetados para atender pequenos e médios produtores brasileiros, os três modelos da nova linha de tratores T6 da New Holland foram os lançamentos na Agrishow. A nova linha é composta pelos modelos T6.110, T6.120 e T6.130, com 110, 120 e 130 cv, respectivamente, com três opções de transmissão: 8x8 com reversor mecânico; e 8x8 e 16x8, ambos com reversor hidráulico. Com versões em plataforma e cabine, o peso dos tratores é de até 6120 kg, o que proporciona uma boa relação peso/potência, permitindo a operação de implementos com economia de combustível. Linha de tratores T7 - A New Holland ampliou a linha T7 em 2014 com seis novos modelos. Com mais design e funcionalidade para aumentar a produtividade, a marca traz para a linha T7 três modelos na versão mecânica e outros três na versão SemiPowershift; esta possibilita, dentro da gama de transporte, trocas automáticas de

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marchas. Fabricados na planta da New Holland em Curitiba (PR), os modelos são fáceis de operar e comportam tecnologia acessível com mais conforto e comodidade para o operador. As características dos modelos da linha T7 são tecnologia de transmissão, alto nível de agricultura de precisão com Intellview IV(computador de bordo) e piloto automático. As máquinas vêm com design moderno e capô frontal com os faróis cat eyes (novo conjunto ótico para melhorar a iluminação). Enfardadora BigBaler 1290 – Para se manter como referência mundial em equipamentos de fenação e oferecer ao produtor as melhores soluções, a marca levou à Agrishow a enfardadora BigBaler 1290, com configurações que se adequam a todo o tipo de aplicação, tanto para a produção de feno e pré-secado quanto para o recolhimento da palha de cana-de-açúcar. Valtra – A marca exibiu número recorde de lançamentos na Agrishow 2014. A Série A de tratores Geração II, em 5 versões, de 66 cv, até 96 cv, apresenta sistema de injeção com bomba em linha, que proporciona menor consumo de combustível e baixo custo de manutenção, e um novo sistema de fixação dos radiadores com trilhos, que facilita as limpezas periódicas. Já a Série A Fruteiro tem quatro modelos: de 66 cv, a 95 cv – sendo este o mais potente trator do segmento, já mostrado pela Agro DBO na edição de abril último. Ainda em tratores, mas na linha pesada, a atração da Valtra foi o trator de esteira Challenger MT775E, que chega ao mercado com potência de 405 cv e tem como diferencial o Sistema Mobil Trac. O sistema reduz o índice de patinagem em 10%,


e proporciona melhor aderência, gerando um desempenho superior comparado ao de máquinas do mesmo porte com pneus. Outro destaque da linha pesada é o modelo BH180, na versão Geração III. Essa linha foi lançada no ano passado com os modelos BH de 137 até 210 cv. O BH180 vem com todas as novidades da Geração III, cabine HiComfort, novo sistema Hidráulico HiFlow II de bomba de vazão variável com 170 litros por minuto, a maior vazão do mercado, equipado com motor AGCOPower 620DS que trabalha com Diesel ou Biodiesel B100, ou seja, até 100% de Biodiesel. Outra novidade da Valtra foi o lançamento da BC8800 – colheitadeira de alta performance, que apresenta a melhor relação litros de diesel por t entre as máquinas classe VIII do mercado brasileiro. O equipamento conta com um inovador mecanismo de limpeza de multiestágios, que garante mais agilidade e a qualidade dos grãos. A plantadeira HiTech Seed, com distribuição pneumática acoplada ao equipamento, evita danos às sementes e permite melhor germinação para uma lavoura mais uniforme. Os implementos da série SEED atendem os agricultores que preferem fazer adubação a lanço, não utilizando adubo na semeadura em linha. Com isso, a máquina não precisa de reservatório de adubo e sobra mais espaço para o reservatório de sementes, que é maior nesta máquina. Com um reservatório maior e a máquina mais leve, a HiTech Seed ganha maior autonomia de plantio, semeando mais hectares por dia. A Valtra exibiu ainda o Challenger Spinner, distribuidor de fertilizantes para usuários que desejam maior produtividade. O Spinner, possui chassi Flex Frame, e está configurado para trabalhar com alto rendimento em grandes áreas. O distribuidor de fertilizantes tem alta capacidade de traba-

lho e, dependendo das condições do terreno e da taxa de aplicação, pode trabalhar a até 40 km/h. Case traz o conceito Efficient Power A Case apresentou o conceito Efficient Power, ou Potência Eficiente, um conjunto de soluções para o aumento da produtividade e eficiência energética, visando atender produtores profissionais que avaliam os detalhes técnicos e financeiros de suas lavouras e planejam seus investimentos com foco na redução dos custos de produção e rentabilidade. O destaque para esse conceito são os motores e transmissões inteligentes com tecnologias, como Common Rail, a injeção eletrônica que garante a precisão no tempo, quantidade e pressão da entrega de combustíveis, possibilitando uma combustão ainda mais eficiente, e o sistema APM de gerenciamento automático de potência e marcha, ambos disponíveis nos tratores Puma e Magnum. As tecnologias combinadas podem gerar economia de combustível de até 20% em determinadas situações. Tratores Farmall - A Case apresentou três novos tratores da tradicional família Farmall. Os modelos Farmall 110A, 120A e 130A chegam para atender as necessidades dos produtores profissionais que buscam máquinas que demandam força, aliada ao conforto e à facilidade de operação para o dia a dia nas lavouras. Atualmente, a linha conta com outros três modelos: Farmall 60, 80 e 95 cv.

GTS – A tradicional empresa de Lages (SC), especialista em plataforma de colheita de milho, lançou a carreta graneleira Upgrain 18.000 com capacidade de carga de 24.000 litros. Tem capacidade de descarga de 200 sacas por minuto, peso de 5.350 kg e requer tratores acima de 160 cv para ser tracionada. Segundo técnicos da GTS, a Upgrain substitui duas carretas convencionais com a mesma capacidade de carga. Itália quer parcerias com o Brasil As exportações de tratores e máquinas agrícolas da Itália para o Brasil, de acordo com dados do Instituto Italiano de Estatística, passaram de 17,1 milhões de euros em 2008 para um valor de 37,2

Valtra também entra na Classe VIII de colheitadeiras

Linha Farmall da Case tem potência e tração

Tratores Puma - Com os modelos 140, 155, 170 e 185, os tratores da linha Puma trazem tecnologias, conforto e economia, antes só disponíveis nos equipamentos de alta gama. Com duas versões de motor (eletrônico para transmissão semipowershift e mecânica para transmissão sincronizada). junho 2014 - Agro DBO | 49


Agrishow 2014 A EIMA International, uma das maiores exposições de máquinas agrícolas do mundo, será em Bolonha de 12 a 16 novembro 2014.

Carreta graneleira da GTS, que vale por duas convencionais

milhões de euros em 2013, um crescimento em seis anos de quase 120%. É sobretudo a vasta gama de componentes e de tecnologias embarcadas que favorece a difusão das máquinas Made in Italy nas diversas regiões agrícolas do Brasil. A federação dos fabricantes italianos de máquinas, a FederUnacoma, esteve presente na Agrishow para promover de forma conjunta as empresas italianas, e para divulgar a realização da EIMA International, uma das maiores exposições de máquinas agrícolas do mundo, que terá lugar em Bolonha de 12 a 16 novembro próximo, já em sua 41ª edição. A FederUnacoma antecipa que a EIMA 2014 ocupará 300 mil metros quadrados de área total, acolherá cerca de 1.800 expositores de 40 países, e receberá cerda

de 200 mil visitantes. Na Agrishow 2014 um dos expositores, a Idromeccanica Bertolini, originária da Reggio Emília, próximo a Bolonha, exibiu seus componentes, entre eles bombas redutoras, fabricadas em polipropileno, para pulverização de agroquímicos e fertilização foliar, que não sofrem ação de corrosão. São máquinas para pronta entrega no Brasil, e de baixo valor em relação a equipamentos completos, cujas importações brasileiras são dificultadas por altas taxas aduaneiras enquanto não houver acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. Stara – Considerada como o grande lançamento de empresa, a carreta agrícola Reboke 12000 TSI realiza tratamento instantâneo de Italianos querem parcerias com o Brasil, mas o Mercosul ainda trava os negócios

Bertolini, da Itália tem completa linha de bombas redutoras em polipropileno

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sementes, proporcionando maior agilidade e praticidade no plantio. Possui 3 reservatórios com capacidade de 35 litros cada um, sendo dois para agroquímicos e um outro, térmico, para inoculantes. Consolidando sua alta tecnologia em agricultura de precisão a Stara lançou também o Topper 5500 VT, sistema para controle de aplicações a taxas variáveis de adubos. Miac - A Indústrias Reunidas Colombo, conhecida como Miac, lançou a colhedora de mandioca, a Maniva 2LR, com duas linhas e possui exclusivo sistema de eliminação da cepa da mandioca e ainda dispositivo para ensacar em bags. Outro lançamento da Miac foi a colhedora de batatas CBC-150R, que é operada por tratores de baixa potência, de até 100 cv. A colhedora tem ainda caçamba com lona amortecedora e descarga por esteiras, e é equipada com pneus de alta flutuação e rodas esterçantes. Kuhn anunciou a compra da Montana - Presente em dois estandes, a francesa Kuhn anunciou no antigo estande da Montana na Agrishow a compra dos ativos da empresa paranaense. Conforme Mário Wagner, presidente da Kuhn, “o portfólio de autoprope-


lidos da Montana fortalece ainda mais a posição da Kuhn, especialmente na agricultura de escala comercial no Brasil”. Com a aquisição da Montana, a Kuhn passa a ofertar ao mercado um sistema completo, do plantio à colheita. A Kuhn terá agora 3 fábricas na América Latina, uma no Brasil, e outra na Argentina, ambas da marca Montana, e uma da antiga Metasa, em Passo Fundo (RS), adquirida em 2005. Landforce é a nova linha de tratores da Landini - A italiana Landini, atuante há mais de 130 anos no mercado mundial de tratores, esteve na Agrishow, agora separada da Montana, com quem teve parceria até o ano passado. Em março último assinou protocolo de instalação da sua nova fábrica com o governo do estado de Minas Gerais.

Carreta Stara faz tratamento instantâneo de sementes na lavoura

O LandForce é um trator equipado com transmissão 12x12 com reversor mecânico sincronizado e bloqueio do diferencial traseiro acionado por um interruptor no espaço do operador, tendo como opcional o super-redutor. Sua tomada de força é independente, com potência de

103 cv e duas velocidades 540/1000 rpm. Plataforma do trator com ótima ergonomia sendo as alavancas de acionamento da transmissão nas laterais, levantador hidráulico com capacidade de elevação de 5000 kg, acionamento mecânico e 2 válvulas de controle remoto.

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Agrishow 2014 Nos pneus radiais há indicativos de avanços na busca por maior produtividade, redução de custos e menos compactação do solo. Landini vai ter fábrica própria no Brasil, no estado de Minas Gerais

Colhedora de mandioca da Miac.

John Deere lança Série S de colheitadeiras – Nova tecnologia dá ao produtor a possibilidade de terminar a colheita até sete dias antes do previsto. Os modelos altamente tecnológicos da nova Série S de colheitadeiras John Deere foram os

destaques da empresa. Mais eficientes, as máquinas realizam o trabalho em um curto espaço de tempo. As colheitadeiras da linha S possuem cabine com novo desenho, mais espaço interno, itens de conforto – como frigobar – e ampla

visão das laterais e plataforma. Junto ao monitor de controle Command Center, pode ser acionada a tecnologia Haverst Smart, que diminui a perda de grãos e regula automaticamente a velocidade de operação, resultando em máxima produtividade.

Radiais reduzem compactação Titan Pneus – E empresa exibiu lançamentos que passam a integrar o portfólio da marca Goodyear Farm Tires. Recomendada para aplicação em eixos livres de transbordo, implementos agrícolas e eixos trativos de caminhão de transbordo, a linha Superflot conta com o lançamento do Superflot Radial 600/50R22.5. O modelo é de alta flutuação e contribui para a redução da compactação do solo.

A tecnologia Low Sidewall (LSW), presente em pneus de costado (flanco) menor, foi outra novidade da Titan na Agrishow. A inovação acompanha a demanda mundial por máquinas maiores e de maior potência, que exigem um conjunto roda/pneu mais adequado, capaz de evitar a vibração quando submetido a velocidades baixas ou a torques altos, movimentos conhecidos como

road lope e power hop, respectivamente. Os pneus desenvolvidos a partir da tecnologia LSW têm como característica principal ajudar na diminuição da deformação da lateral do costado do pneu (causa principal de desconforto ou balanço), mantendo o operador confortável, evitando ou diminuindo o galope, um tipo de vibração que acomete a máquina agrícola. Pirelli exibiu radial para transborders de cana-de-açúcar

Titan tem ampla linha de radiais com a marca Goodyear

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Michelin fez testes de compactação: à esquerda, sulco de pneu convencional; no meio, radial comum, e, à direita, a menor compactação com o Ultraflex.


Outro diferencial importante oferecido em toda a Série S é o Sistema Interativo de Ajuste, equipamento que oferece sugestões para diminuir a perda, aumentar a qualidade do grão ou alterar a condição de palha. Todas essas adequações podem ser feitas de maneira automática ao aceitar as recomendações da máquina. Segundo Rodrigo Junqueira, diretor de Vendas da John Deere, “com a Série S, o produtor consegue colher até 390 hectares ao ano, o que representa uma rentabilidade 28% maior”. Os modelos ainda contam com transmissão automática ProDrive, que não necessita troca de marchas com velocidade máxima até 40 km/h. Stihl - Entre as novidades da Stihl, a Motosserra MSE 170 e o Perfurador de solo BT 130, que estavam à venda na feira. Lançamento mundial, um dos principais Michelin – Testes comparativos com pneus agrícolas, auditados pela Fundação Vanzolini, indicam que a tecnologia radial da Michelin, com os novos pneus Ultraflex, reduz a compactação e economiza combustível. Nesses testes, realizados em Itatiba (SP), a empresa mostrou que, comparados aos pneus convencionais, com câmaras, os radiais Ultraflex compactam cerca de 33% menos o solo e economizam aproximadamente 28% de combustível. Apenas 5% dos pneus agrícolas vendidos no Brasil são radiais, enquanto na Europa esse número chega a 87%. Graças a essa tecnologia a Michelin informava durante a Agrishow que garante aos clientes “um produto de alta durabilidade, capaz de reduzir a compactação no solo ao mesmo tempo em que economiza combustível, e reduz custos de manutenção”, conforme Christian Mendonça, diretor da empresa.

diferenciais da motosserra elétrica MSE 170 é ter duas voltagens – 127 V e 220 V, além de ser mais ergonômica e oferecer mais atributos de segurança, facilitando o trabalho de marcenaria e corte de lenha. Já o perfurador de solo BT 130 possui alto rendimento e produtividade, além de baixo nível de ruí-

do e de emissão de gases. Equipado com o motor 4-Mix, fácil de operar, possui sistema antivibratório, freio protetor de perna que oferece conforto e segurança. Além deles, também foram apresentados o Soprador Costal BR 430, a Motopoda HT 70 K e os cortadores de palma PC 70 e 75.

Pirelli - A marca italiana lançou os novos pneus radiais de alta flutuação para transbordo de cana-de-açúcar. Complementando a gama de produtos agrícolas da Pirelli, o HF85 tem como diferencial a tecnologia voltada para compostos radiais, diferente da já conhecida linha HF75. Entre as principais características dos produtos, destacam-se o alto índice de carga, a baixa compactação do solo, a baixa rumorosidade e a capacidade de autolimpeza.

A John Deere deu show no lançamento da Série S de colheitadeiras

A Pirelli desenvolveu esta nova linha de pneus com foco na safra de 2015, portanto, quem compareceu à Agrishow teve oportunidade de conhecer de antemão as novidades que só serão disponibilizadas no mercado a partir do ano que vem.

Trelleborg, mostrou radial de baixa flutuação e menor compactação

Pneus Trelleborg - A marca sueca levou para a Agrishow a linha de pneus Progressive Traction, que possui uma nova banda de rodagem com garras duplas, lançada na feira Agritechnica 2013, em Hannover, na Alemanha, onde ganhou o prêmio Máquina do Ano. Essa tecnologia da Trelleborg é um pneu radial de banda larga que compacta ainda menos do que o radial convencional, e que possui um desenho exclusivo na banda de rodagem que reduz a patinação e proporciona maior poder de tração.

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Café

Cafezal consorciado com macadâmia

Sombrear e consorciar o cafeeiro já foram temas polêmicos no passado, mas hoje há estudos econômicos para sua aplicação. Marcos José Perdoná *

Fotos: Marcos José Perdoná

Cultivo consorciado de café e nogueiramacadâmia.

D

esde 1990 os relatórios do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) alertam sobre possíveis mudanças no clima do planeta. O quinto, e mais recente relatório, divulgado em março de 2014, em Yokohama, no Japão, aponta para reduções significativas nas áreas de café, nos principais estados produtores brasileiros, mesmo nos panoramas mais otimistas do anunciado aquecimento global. Independentemente de assertividade ou ceticismo em relação aos

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enunciados do IPCC, veranicos ocorrem, como ocorreu no verão de 2013/2014, prejudicando sobremaneira a cafeicultura. O cafeeiro arábica desenvolveu-se em condições de sub-bosque nas florestas da Etiópia e do Sudão, no continente Africano. Estas regiões apresentam clima ameno e, por esse motivo, regiões com faixas de temperaturas médias que variam entre 18 a 22º C são consideradas as mais adequadas ao cultivo do café. Temperaturas elevadas prejudicam o desempenho vegetativo do cafeeiro e podem provocar amarelecimento e “escaldadura” nas folhas. O desempenho reprodutivo também pode ser afetado com má formação dos botões florais (“estrelinhas”), morte do embrião (“coração negro”) e abortamento precoce de frutos.

Países como Etiópia, Indonésia, Nova Guiné, México, Nicarágua, Costa Rica, El Salvador, Peru, Panamá e Guatemala utilizam árvores para sombrear seus cafezais e conseguir condições mais favoráveis ao desenvolvimento e produção. Já no Brasil, o cultivo a pleno sol (chamado de café solteiro) é a principal modalidade utilizada, porém, com a elevação das temperaturas, a arborização passa a ser uma importante alternativa para diminuir os efeitos danosos do calor aos nossos cafezais. As principais vantagens relatadas no sombreamento dos cafezais são: atenuação das temperaturas (menor incidência de escaldadura e geadas); atenuação dos ventos; redução da bienalidade de produção; menor incidência da seca de ponteiros e da cercosporiose;


Médias das produtividades das safras de 2012 e 2013 de café e nogueira-macadâmia, em lavouras com 6 anos, em três sistemas de cultivo (café solteiro, macadâmia solteira e consórcio entre elas), com e sem irrigação, em Dois Córregos (SP). Sistema de cultivo

Café (sc/ha)

Nogueira-macadâmia solteira – sequeiro

-

Café solteiro sequeiro Nogueira-macadâmia solteira – irrigado

22,8 -

Noz em casca (kg/ha) Renda Bruta* (R$/ha) 761,6

3.351,04

-

6.999,60

1.931,4

8.498,16

Consórcio sequeiro

26,1

931,5

12.111,30

Café solteiro irrigado

53,1

-

16.301,70

Consórcio irrigado

48,5

1.820,4

22.899,26

* Considerando o preço de venda da saca de café beneficiado de R$ 307,00, e da noz macadâmia em casca de R$ 4,40. Fonte: O autor.

menor ataque de bicho mineiro; presença de controladores naturais de pragas e doenças; redução da infestação de plantas daninhas; maior ciclagem de nutrientes; obtenção de cafés com bebida mais suave; melhor utilização da mão de obra na entressafra e manutenção da biodiversidade. Recomenda-se a arborização com espécies florestais de alto valor econômico, especialmente no caso de pequenas propriedades rurais, pois o ingresso de recursos extras, provenientes da árvore sombreadora, pode melhorar a viabilidade econômica e a sustentabilidade da cafeicultura. Nesse sentido, a arborização ou cultivo consorciado do café com macadâmia é utilizada por alguns produtores de São Paulo e Minas Gerais, desde a década de 1970. Efeitos benéficos à cultura do café foram comprovados por pesquisas que

registraram uma redução média de 72% na incidência de ventos e de 2,2º C na temperatura máxima do ar, no consórcio café-macadâmia. As nogueiras-macadâmia são árvores nativas das florestas tropicais da Austrália. A árvore é de porte alto e bem encopada, chegando a atingir 20 metros de altura. Sua amêndoa é muito valorizada. O quilo da noz em casca varia entre R$ 3,50 a 5,00 ao produtor e produtividade de até 10.000 kg

Representação esquemática do consórcio de plantas de café (círculos menores) e nogueira-macadâmia (círculos maiores).

Cafezal em produção sombreado com macadamia

por hectare são citadas com frequência na literatura. Diversos arranjos podem ser elaborados, desde que mantenham um stand mínimo de plantas para cada uma das culturas e possibilite a mecanização das operações. Pesquisadores da APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios) sugerem que se usem cafeeiros de porte baixo no consórcio, com espaçamentos para os cafeeiros de 0,6 a 0,7m entre plantas e 3,5 a 3,7m entre linhas e, para as macadâmias, de 4,7 a 5,6m entre plantas e 10,5 a 11,1m entre linhas, conforme mostra o esquema gráfico. O plantio das culturas pode ser simultâneo, ou ainda, pode-se plantar macadâmia em áreas onde já exista o cultivo do café solteiro, tornando-se uma alternativa para substituição de lavouras pouco produtivas. O cultivo consorciado reduz os efeitos econômicos danosos causados pela bienalidade da produção do cafeeiro e pela oscilação dos preços no mercado, pois os ingressos dos recursos provenientes da venda da macadâmia acontecem anualmente, melhorando a renda (ver tabela). Além disso, as colheitas de café e macadâmia ocorrem em épocas distintas, melhorando o aproveitamento da mão de obra, em especial, nas pequenas propriedades. Assim, considerando a possibilidade do aquecimento global, mudanças climáticas ou eventuais veranicos prolongados, o consórcio café x macadâmia – associado a outras tecnologias, como a irrigação – além de aumentar a rentabilidade dos cafeicultores, oferece ainda uma alternativa de medida mitigadora às condições climáticas adversas à produção cafeeira, favorecendo a permanência da cafeicultura nas tradicionais regiões produtoras de cafés do Brasil. * O autor é doutor em engenharia agronômica e pesquisador científico da APTA – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios.

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“Tecnologia”

Dicas de caipiras Por vezes isolado de soluções prontas e modernas, o produtor rural brasileiro é obrigado a ser criativo, quase sempre a baixo custo. Hélio Casale * n Como desatolar um trator

Trator atolado é encrenca na certa. Precisa de outro pra desatolar, nem sempre disponível. Uma prática inteligente é acorrentar um galho de árvore na roda do pneu traseiro, e deixar sobrar uns 25 cm de cada lado do pneu. O galho ou tronco deve ter a espessura de um braço de homem adulto, na meia altura entre punho e cotovelo. Por o trator pra andar, ele vai sair do atoleiro de primeira, com um leve pinote.

n Controle de pragas de grãos armazenados – milho em palha

* O autor é engenheiro agrônomo, cafeicultor, e membro do Conselho Editorial da Agro DBO.

Uma receita das mais simples e eficaz é utilizada por Ubirajara Venâncio da Costa, administrador da Estância Santo Antônio da Montanha, em Inconfidentes (MG). É especialmente indicada para pequenos e médios produtores. Colher o milho, igualar a seca no terreiro e depois guardar em paiol ou quarto, da seguinte maneira: fazer camadas de mais ou menos 30 cm de espigas e jogar sal grosso (de gado) por cima, cerca de 1 kg de sal para cada 50 a 60 kg de milho em espigas. Fazer nova camada e colocar mais sal e assim por diante, até completar a carga do cômodo. Carunchos e traças simplesmente não se desenvolvem nesse ambiente. Essa receitinha protege a colheita do estrago pelos insetos e pode ser empregada com facilidade, livrando os agricultores do emprego e do custo dos defensivos.

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n Controle de ácaros em fruteiras

Ácaros são pequeninas aranhas que têm hábito sugador ou raspador. O controle dessa praga é dos mais difíceis, pois são muito rápidos na multiplicação e se deslocam com facilidade, principalmente nas folhas dos ramos mais novos, fazendo um belo estrago. Controle simples e barato se faz empregando o Indumel – melaço de cana em pó preparado para alimentação animal, que além da sacarose e da levulose, contém também fósforo, potássio, cálcio, magnésio, cobalto, cobre, ferro, iodo, manganês, sódio e zinco, todos esses nutrientes devidamente balanceados e em pequenas quantidades. Empregar o Indumel diluído em água de boa qualidade faz uma barreira física (goma arábica) que impede a movimentação dos ácaros dentro das plantas e inviabiliza a multiplicação dos mesmos. Junto ou separadamente de outros nutrientes ou mesmo defensivos, o emprego do Indumel é tiro e queda.

n Controle de piolhos em galinheiros

Da noite para o dia, quando se vai ao galinheiro, os piolhos começam a subir pelos pés, pelas mãos, incomodando demais. Coceira e mais coceira, podendo até sangrar. Para controle dos piolhos, empregar o Oxifertil 60:30, produto a base de Óxido de Cálcio e Óxido de Magnésio, fabricado pela Belocal, na região de Arcos (MG). Esse produto é empregado como corretivo de solo e tem PRNT da ordem de 178. Esparramar o pó por todo o galinheiro e a abrasividade simplesmente liquida com os penetras, devolvendo a tranquilidade aos animais e aos cuidadores/recolhedores de ovos.


n Cheiro forte em estábulo ou curral

É comum se encontrar leiterias e estábulos com forte cheiro de fezes misturada com urina. Esse odor nada mais é que o desprendimento de amônia causando o forte cheiro. Para sequestrar a amônia, uma velha recomendação do Prof. Eurípedes Malavolta era para que a cada semana se aplicasse 200 gramas de gesso agrícola ou superfosfato simples em pó sobre o esterco, ou antes, e depois do início da lavagem do piso. A amônia se combina espontaneamente com o íon sulfato encontrado nesses produtos dando o Sulfato de Amônio, produto sem cheiro. Material fica sem cheiro e enriquecido.

n Controle de ratos

Quem já tocou uma boiada por estrada de terra deve ter observado a preferência dos animais por ocasião da passagem de um rio ou córrego, onde antes encontram uma poça d’água. Bebem na poça de água suja e quente e deixam a água limpa e fria. A água quente estimula o desenvolvimento das bactérias do rumem, o que dá uma sensação de saciedade maior aos animais.

Bicho excomungado que surge de um dia para outro, causando estrago nos alimentos, trazendo doenças, atraindo cobras. Para manter o mais baixo nível populacional é recomendado o emprego de sementes de feijão trituradas em liquidificador e deixadas em pequenos montinhos em cantos estratégicos. Receita da Dna. Maria Antonieta Tiso de Miranda, de Três Pontas (MG). Vale um lembrete – os ratos têm uma memória, já estudada, de 34 dias. Assim sendo, quando se colocar o feijão triturado, colocar no maior número de locais possíveis, de maneira a pegar o maior número de ratos. Matou, matou, não adianta colocar novamente. Somente depois de 40 dias voltar a fazer o controle. Nota: em paiol que o milho recebeu sal em camadas, como indicado acima, não se encontra ratos.

n Acidez da água e eficácia da aplicação

n Cicatrização rápida de pisaduras e cortes

n Engordando boi com água quente

Aplicar, apliquei. Matou, não matou. Essa conversa é muito comum no meio rural. Poucos se dão conta de medir o pH da água e ajustá-lo para receber os produtos, sejam eles defensivos, estimulantes, herbicidas, reguladores de crescimento/maturadores. Para cada produto, um pH diferente. Vai aplicar o íon glifosato, o pH ideal é 4. Vai aplicar o maturador Etrhel, o pH é 3. Não se trata apenas de economia, mas de racionalização e redução de agressão ao meio ambiente. Na bula das embalagens é obrigatório citar o pH ideal de cada produto.

Não é raro se observar em animais de lida as famosas pisaduras, que são verdadeiras escaras com a carne exposta, limitando o uso do animal. Quanto mais cedo renovar a pele, tanto melhor. Para isso, pulverizar uma mistura de folhas de Guaçatonga trituradas, coadas e diluídas em soro fisiológico. Aspergir sobre a machucadura e contar as horas para a recuperação.

Nota da redação: quem tiver soluções criativas mande aqui pra nós na redação da Agro DBO que a gente divulga: redacao@agrodbo.com.br

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Análise de mercado

Já vimos este filme De tão grande, a produção norte-americana de milho sempre impacta o mercado, brecando eventuais movimentos de alta. Mas há saídas.

A

té meados de maio, o mercado de milho estava se desenrolando de forma previsível, em viés de baixa. A produção dos EUA na safra 2014/15 vai se desenhando para ser, ao menos, “regular”. Ou seja, o potencial de produção deles é tão grande que uma safra média (nem estamos falando de safra cheia) já joga os preços para patamares mais baixos do que os que vimos nos últimos dois anos. O plantio estava ocorrendo de forma regular, próximo dos 90% em 37,1 milhões de hectares estimados. Diferentemente do que ocorreu na temporada passada, quando houve um atraso forte no plantio (que eles recuperaram em uma semana de

tempo bom), dessa vez a semeadura transcorria sem nenhum grande atravesso. A umidade do solo estava boa e as previsões climáticas do NOAA e do IRI, instituições confiáveis, indicavam chuvas e temperaturas normais para a região do “corn belt”. E se tudo vai ser normal, a produção deles pode chegar a 353,9 milhões de toneladas. É muito milho! Tudo bem que eles destinem grande parte da produção para o etanol e tenham um monstro consumo para rações, exportações e tal e coisa. Mas volto a repetir: É muito milho. Está lá na página 12 do último relatório de oferta e demanda do USDA, pra quem quiser ver, que os estoques finais deles mais do que dobraram

em relação ao apertado ano-safra de 2012/13, passando de 20,9 para 43,8 milhões t. E reza a cartilha do mercado que, quando os estoques aumentam, os preços caem. E é verdade mesmo. Em 2012/13, no auge da preocupação com a estiagem, chegamos a ver milho acima de US$ 8,00/bushel. Agora, com a safra 2014/15 sendo plantada a todo vapor, os preços do contrato de dezembro (contrato driver do milho) estão ao redor de US$ 4,80/bushel. A realidade veio à marteladas. Ok, Miguel, mas e pra frente? Bom, dentro dessas cotações de US$ 4,80/bushel no contrato de dezembro, está “embutido” certo prêmio, um risco de clima. Mesmo com clima

SOJA – Os sojicultores vivem fase crucial no que diz respeito às estratégias de produção e negócios. No Brasil, estão finalizando a safrinha e cuidando dos preparativos para a safra 2014/15, que deverá ser maior e mais cara. Nos EUA, a colheita seguia de vento em popa em maio e, que tudo indicava na ocasião, a produção também crescerá neste ano, inflando os estoques e derrubando os preços, cujo comportamento, mais do que nunca, dependerá da demanda mundial.

* Em 16/5, o Indicador Cepea/Esalq/BM&FBovespa registrou R$ 70,03 por saca de 60 kg, posto Paranaguá, descontado o prazo de pagamento pela taxa CDI/Cetip.

TRIGO – As cotações recuaram na primeira quinzena de maio, pressionadas pelo aumento da oferta no mercado doméstico – muitos aproveitaram os preços bons para liquidar lotes remanescentes. A demanda dos pecuaristas por farelo cresceu e ainda falta muito para a entrada da nova safra. O clima vem favorecendo o desenvolvimento das lavouras no Brasil e na Argentina, que devem produzir mais este ano, impactando os preços a partir de julho e agosto.

* Em 16/5, o Indicador Cepea/Esalq registrou R$ 826,47 por tonelada, mercado disponível, à vista (o valor a prazo é descontado pela taxa NPR), posto Paraná.

ARROZ –

As cotações no mercado interno subiram na primeira quinzena de maio, permanecendo, porém, na casa dos R$ 36,00. Segundo levantamento do Cepea, as vendas em volumes pequenos no Rio Grande do Sul ajudaram a sustentar os preços. Externamente, o mercado trabalha com perspectivas de forte redução nas importações chinesas em 2014 (compensadas por aumento na produção doméstica), o que pode derrubar os preços mais à frente.

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* Em 16/5, o Indicador Arroz em Casca Esalq/Bolsa Brasileira de Mercadorias – BM&FBovespa registrou R$ 36,45 à vista por saca de 50kg, tipo 1, posto indústria Rio Grande do Sul.


Fonte: Cepea – www.cepea.esalq.usp.br

Análise de mercado normal, o mercado coloca um pouquinho de risco somado ao preço dos contratos futuros. E na medida que o tempo vai passando e esse risco vai caindo, vai sendo retirado dos preços. Caso isto aconteça, o contrato de dezembro pode buscar os US$ 4,50 ou até mesmo US$ 4,30/bushel. Então alguns dizem: “Ah, mas aí ninguém vende, o produtor vai quebrar.” Isso pode até ser verdade para a realidade do produtor brasileiro. Mas o americano não tem o menor constrangimento em vender milho a US$ 4,50/bushel ou menos. Primeiro, porque a logística para escoamento é barata, baseada em hidrovias e ferrovias. Segundo, porque ele já vem construindo uma média de venda boa há tempos, para o contrato de setembro e dezembro/14. Vender a níveis menores não vai ser uma catástrofe, apenas abaixa um pouco a média. Por lá, já existe uma “cultura de hedge” estabelecida. Felizmente, aqui no Brasil os produtores já estão mudando o perfil nesse sentido, especialmente a nova geração.

Hoje, com esse cenário, o melhor a ser feito é vender uma parcela do milho físico (verão e safrinha) e comprar uma trava de alta na bolsa, em tamanho equivalente, com risco e custo limitado. O que o produtor brasileiro ganha com isso? Simples: se o mercado subir, participará da alta como se ainda tivesse o milho físico. Mas se o preço cair, apenas terá perdido o valor gasto na com-

* Em 16/5, o Indicador Cepea/Esalq registrou R$ 193,74 centavos de real por libra-peso.

ALGODÃO – A proximidade da colheita vem pressionando as cotações para baixo. Ao final da terceira semana de maio, os preços acumulavam queda de quase 4% em relação ao valor registrado ao final de abril. Os negócios refluíram porque a indústria, abastecida para produção imediata. preferiu postergar as aquisições. Na área internacional, os EUA anunciaram incremento de 12,3% na safra 2014/15 e recomposição de 39% nos estoques, o que vai impactar ainda mais os preços.

* Em 16/5, o Indicador Café Arábica Cepea/Esalq registrou R$ 426,71 por saca de 60 kg, bica corrida, tipo 6, bebida dura para melhor, posto cidade de São Paulo.

CAFÉ – Os preços oscilaram em maio, reagindo no final do mês. Em 28/5, uma quarta-feira, o Indicador Cepea/Esalq do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, fechou a R$ 406,10, alta de 1,48% em relação à quarta anterior. No acumulado do mês, o recuo era de 13,7% naquela data. A colheita começou a se intensificar na segunda quinzena de maio e deve pressionar os preços para baixo, especialmente se a quebra prevista na safra não for tão grande quanto o anunciado.

* Em 16/5, o Indicador Açúcar Cristal Cepea/Esalq registrou R$ 51,60 por saca de 50 kg, com ICMS (7%), posto São Paulo.

AÇÚCAR – As cotações mantiveram-se em relativa estabilidade na primeira quinzena de maio, acompanhando tendência observada em março e abril, mês de abertura da safra 2014/15. No ciclo passado, 45,2% da cana colhida na região Centro-Sul foi destinada ao açúcar e, neste, o percentual estimado é de 44%. A safra será, mais uma vez, alcooleira. Não bastasse tal opção, a oferta de cana deve cair, empurrando os preços para cima. A médio e longo prazos, a tendência é altista.

MILHO – Os preços continuaram em trajetória de queda na primeira quinzena de maio. No curto prazo, a demanda aquecida pode até reverter esta tendência. Especialistas acreditam, porém, que a previsão de boa disponibilidade do grão no 2º semestre e o avanço da colheita da safrinha pressionarão as cotações para baixo. A reação, se houver, dependerá do volume a ser exportado e, consequentemente, do excedente interno.

* Em 16/5, o Indicador Esalq/BM&FBovespa registrou R$ 28,35 por saca de 60kg, descontado o prazo de pagamento pela taxa CDI/Cetip.

pra da trava de alta, vendendo o milho antes de cair. Fale com seu corretor sobre “call spreads” ou trava de alta, que ele vai te explicar melhor como que dá pra fazer isso, sem sustos e sem complicação. Miguel Biegai Jr Analista e Trader de derivativos agrícolas e cambiais na Granopar Corretora de Mercadorias

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Novidades no campo Soja RR para a região do Mapito

A Embrapa Soja e a Fundação de Apoio à Pesquisa do Corredor de Exportação Norte lançaram a cultivar transgênica BRS Sambaíba RR, indicada pras a regiões conhecidas como REC 1 (Sul do Maranhão, Sudeste do Piauí e Norte do Tocantins) e REC 2 (Nordeste do Maranhão). Nos ensaios a campo, a Sambaiba RR apresentou rendimento médio de 3.700 kg/ha para a região de indicação REC 501 e de 3.400 kg/ha para a REC 502. Além do gene de resistência às plantas daninhas, a nova cultivar carrega a rusticidade do material convencional do qual derivou – a BRS Samambaia – característica importante para as regiões de fronteira agrícola que apresentam baixa fertilidade em solos ainda não corrigidos.

Aplicativo para smartphones e tablets

Trator cortador de grama

A Husqvarna está lançando no mercado brasileiro o LGT2654, seu novo modelo de trator cortador de grama, com três lâminas de corte, grande desempenho e autonomia, conforme a empresa. Compacto, simples de operar e confortável, conta com piloto automático e tecnologia TrioClip – que permite a coleta, a reciclagem ou descarte lateral da grama cortada. Segundo a Husqvana, o LGT 2654 é ideal para uso rural em áreas de até 60 mil m². Seus principais dados técnicos são: potência de 26 Hp, largura de corte de 137 cm, motor KohlerCourage SV735 e produtividade média de 6 mil m²/h.

De fácil navegação, o aplicativo “FMC Agrícola” oferece conteúdo e informação de forma simples e interativa. “A grande novidade é que agora todos poderão acessar informações sobre produtos FMC como bulas, FISPQ (Fichas de Informação de Segurança de Produtos Químicos) e fichas de emergência dos nossos produtos”, ressalta a gerente de comunicação da empresa, Fernanda Teixeira. Com base nos manuais técnicos produzidos pela FMC e pesquisadores parceiros, o aplicativo recém-lançado amplia o serviço de identificação de culturas, pragas e insetos. Mais completo e moderno, está disponível gratuitamente na Google Play e na App Store.

Controle de percevejos em lavouras de soja e arroz

A Unidade de Proteção de Cultivos da Basf reforçou seu portfolio com o lançamento do Fastac Duo, voltado para o controle de percevejos nos cultivos de soja e arroz. Composto pelos ingredientes ativos acetamiprido e alfacipermetrina, o produto é eficaz no combate ao percevejo-do-colmo (Tibraca Iimbativentris), praga responsável por grandes danos nas lavouras de arroz irrigado do Rio Grande do Sul. Tanto na produção de sementes de soja como na de arroz, os percevejos causam perda de poder germinativo e vigor das sementes.

Aproveitamento de resíduos

A Sansuy aproveitou a Expofrisia – Exposição Agropecuária de Carambeí (PR), realizada no mês passado, para apresentar seu vinibiodigestor modular compacto, idealizado para aproveitamento de resíduos e geração de energia. Segundo a empresa, tudo pode ser aproveitado de modo eficiente e prático, desde dejetos de bovinos, suínos, aves e outros, passando por resíduos de processamentos de produtos agrícolas, sobras de refeições, esgotos domésticos, etc. “O vinibiodigestor oferece soluções ambientais adequadas, com excelente custo-benefício e fácil instalação”, diz a Sansuy em comunicado distribuido à imprensa. Módulos podem ser instalados lado a lado, adaptando-se aos espaços disponíveis na propriedade.

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Novidades no campo Resistência a nematoides

A Embrapa Cerrados apresentou na AgroBrasília, realizada no mês passado em Brasília (DF), uma nova cultivar de soja não transgênica – a BRS 7980 –, que se destaca, entre outras qualidades, pela sanidade radicular. “Ela funciona como antibiótico do solo”, explica o produtor de sementes Luiz Fiorese, proprietário da empresa Sementes Quati, parceira da Embrapa. A BRS 7980 possui resistência múltipla aos nematoides do cisto (raças 1, 3 e 5), aos nematoides causadores de galhas Meloidogyne javanica e M. incognita, e à podridão radicular de fitóftora, causada pelo fungo Phytophthora sojae. Adicionalmente, é tolerante ao nematoide Pratylenchus spp.

Desperfilhador de bananeiras

Lançado na 3ª Mostra de Máquinas e Inventos para Agricultura Familiar, realizada de 8 a 10 de maio em Pelotas (RS), o desperfilhador por roto-compressão tem eficiência 20,4% maior na eliminação de perfilhos (brotos), se comparado à “Lurdinha”, ferramenta popular utilizada por produtores de banana com o mesmo propósito. Em testes realizados em Presidente Figueiredo (AM), apenas 0,73% de uma mostra de 1.000 perfilhos removidos voltaram a brotar – o percentual de rebrotamento com a “Lurdinha” chegou a 22,5%. O novo equipamento, desenvolvido por pesquisadores da Embrapa Amazônia Ocidental, funciona apenas com a força muscular do operador, prescindindo de qualquer tipo de energia complementar, como baterias ou eletricidade. Porém, ainda não está disponível para comercialização. A Embrapa está licenciando empresa(s) interessada(s) em fabricá-lo.

Solução da yara para fertirrigação

Também presente na AgroBrasília, a Yara lançou o YaraRega, produto desenvolvido para fertirrigação. Composto por nitrogênio, potássio, fósforo e micronutrientes, é voltado principalmente às lavouras de milho semente e milho doce, culturas tradicionais no Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais. “Por ter sido desenvolvido especialmente para uso em fertirrigação em pivôs centrais, o YaraRega possibilita a oferta segura dos nutrientes necessários para a cultura via cobertura, sem risco de perda por volatilização, além de não causar corrosão e danos às máquinas”, afirma Harley Sales, representante da empresa.

Acaricida para citros da arysta

A Arysta iniciou em 13 de maio um circuito de eventos pelo interior da Bahia e de São Paulo para apresentar o OBNY, acaricida de alta performance, com formulação inédita. Trata-se de um novo grupo químico e novo ingrediente ativo, com modo de ação único no mercado, eficaz, segundo a empresa, para o controle de todas as fases do ácaro da leprose, com longo período residual de controle. “Este é um importante diferencial, pois permite flexibilidade de aplicação em diferentes épocas do ano. É um novo conceito de manejo de ácaros, que irá auxiliar a citricultura nacional a alcançar maior produtividade, qualidade e rentabilidade”, afirma o gerente de produtos e mercados da empresa, Eduardo Figueiredo.

Manejo de tocos de árvores

Novidade da Vermeer, o destocador SC30TX destaca-se, segundo a empresa, pela agilidade, facilidade de operação e produtividade. “Um operador experiente pode retirar um toco de árvore de 40 a 50 cm de diâmetro em menos de 20 minutos”, afirma Lucas Zimmer, gerente do segmento de meio ambiente da Vermeer. “É a metade do tempo que levaria um operador menos capacitado”, complementa. Montado sobre esteiras, o SC30TX transita com facilidade em terrenos complicados. Apresenta uma série de mecanismos de segurança para proteger o operador e a máquina, além do chamado giro zero – pode girar sem sair do lugar –, ao contrário dos modelos com pneus, que precisam se movimentar para girar. Um dispositivo evita que o motor perca a potência de 27 hp, necessária para operar até 30 cm abaixo da linha do solo.

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Biblioteca da Terra Coleção botânica online

Secador Barra do Choça

Constituição, classificação quanto ao ambiente e função formam a base conceitual da publicação Morfologia da Raiz de Plantas com Sementes, primeiro volume da Coleção Botânica da Esalq – Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz, de Piracicaba (SP), assinada pelos biólogos Marcílio de Almeida e Cristina Vieira de Almeida. Os interessados podem podem acessá-la gratuitamente no endereço eletrônico www.esalq.usp.br/biblioteca/EBOOK/ morfologia_raiz.html. Também podem imprimi-la, parcial ou totalmente, desde que façam a citação bibliográfica da obra, voltada prioritariamente a pesquisadores, professores e alunos de biologia, agronomia, engenharia florestal e áreas afins de ciências biológicas.

O Comunicado Técnico nº 5 da Embrapa Café ensina a fabricar um secador rotativo intermitente, também chamado de “Barra do Choça” em homenagem ao município baiano de Barra do Choça, cuja atividade econômica depende basicamente da cafeicultura – a região abriga uma das maiores concentrações de cafeicultores de base familiar no Brasil. Seu uso prescinde de grande área de terreiro para a présecagem. Ou seja, os frutos podem vir direto do lavador (café natural), do descascador ou do desmucilador (cereja descascado) para secagem mecânica quando as condições climáticas não forem favoráveis à pré-secagem em terreiro. Caso o produtor opte por secagem com ar natural em silos-secadores, o equipamento funciona como pré-secador. É simples, barato. usa pouca energia e pode ser fabricado em oficinas modestas. O Comunicado Técnico nº 5 Secador Rotativo Intermitente: Projeto, Construção e Usos está disponível para download em www. sapc.embrapa.br

Teoria e prática

A nona edição, revista e atualizada, do livro Conservação do Solo traz noções teóricas e aplicações práticas sobre preservação nas diferentes regiões do país. Seus autores – os pesquisadores José Bertoni e Francisco Lombardi Neto – partiram do pressuposto de que os leitores têm conhecimento básico de pedologia e hidrologia. A publicação pretende ordenar o conhecimento científico a respeito, suprir eventuais dúvidas e servir, eventualmente, de guia para melhor utilização do solo. Com 355 páginas, custa R$ 34,00. Os interessados pode adquiríla através do site www.editoraufv.com.br

Guia de geoinformação

A Embrapa lançou mais um exemplar da coleção “500 Perguntas 500 Respostas”, desta vez sobre geotecnologias e geoinformação, temas até recentemente restritos ao campo das pesquisas. O número crescente de satélites e a ampliação da capacidade de processamento e armazenamento de dados acabaram por popularizar as geotecnologias. Dados de sensores remotos e sistemas de informações geográficas hoje são ferramentas comuns no campo. Editado em parceira pela Embrapa Monitoramento de Satélites e Embrapa Informação Tecnológica, custa R$ 20,00. Com 248 páginas, pode ser comprado através do site www.embrapa.br/livraria, do e-mail livraria@ embrapa.br ou do telefone (61) 3448-4236.

Produção certificada

O Imaflora – Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola apresenta o livro A Busca pela Sustentabilidade no Campo – Dez anos da Certificação Agrícola no Brasil, organizado pelo gerente de certificação agrícola da ONG, Luis Fernando Guedes Pinto. Acessível via internet, a publicação registra a experiência da organização desde sua fundação, há 18 anos. Mostra, em resumo, que a certificação produz benefícios para a sociedade ao direcionar a atividade agrícola para o caminho da sustentabilidade. O livro pode ser baixado gratuitamente na página eletrônica www.imaflora.org.

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Calendário de eventos

JUNHO

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Expocafé 2014 – De 4 a 6

22

Workshop Sobre a Cadeia Sucroenergética – De 22 a

Fazenda Experimental da Epamig (Rodovia MG 167) – Três Pontas (MG) Site: www.expocafe@cafeeditora.com.br

24 – Anfiteatro Dr. Urgel de Almeida Lima (Esalq/USP) – Piracicaba (SP) Fone: (19) 3429-4132 E-mail: hugotbioenergia@yahoo.com.br

5

27

da Bienal Cicillo Matarazzo – São Paulo (SP) – Site: www.biobrazilfair.com.br E-mail: biobrazilfair@francal.com.br

Convenções Arquiteto Rubens Gil de Camillo – Campo Grande (MS) – Fone: (16) 3203-3341 – Site: www. conbea.org.br – E-mail: sbea@sbea. org.br

Bio Brazil Fair/Biofach América Latina/10ª Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia – De 5 a 8 – Pavilhão

24

Fispal Café/9ª Feira de Negócios para o Setor Cafeeiro – De 24 a 27 – Expo Center Norte – São Paulo (SP) – Site: fispalcafe. com.br – E-mail: visitante.fc@btsmedia.biz

JULHO

10

Expo Azeite 2014/8º Festival do Azeite/Exposição e Encontro Internacional da Cadeia Produtiva da Olivicultura – De 10 a 11 – Palácio das Convenções do Anhembi – São Paulo (SP) Site: www.expoazeite.com.br E-mail: info@expoazeite.com.br

16

EnerSolar/3ª Feira Internacional de Tecnologias para Energia Solar – De 16 a 18

Centro de Exposições Imigrantes São Paulo (SP) – Fone: (11) 5585-4355 Site: www.enersolarbrasil.com.br E-mail: cipa@cipanet.com.

16

Simpósio Desafios da Fertilidade do Solo na Região do Cerrado De 16 a 18 – Goiânia (GO) Fone: (19) 3417-2138 Site: www.simposiocerrado.com E-mail: smposiocerrado@gmail.com

64 | Agro DBO – junho 2014

Conbea/43º Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola – De 27 a 31 – Centro de

AGOSTO

1

Agrifam 2014 – Feira da Agricultura Familiar e do Trabalho Rural – De 1 a 3 – Recinto de Exposições José Oliveira Prado – Lençóis Paulista (SP) – Fones: (14) 2106-2800 ou (14) 21062828 Site: www.agrifam.com.br E-mail: contatos@agrifam.com.br

3

30º CNMS/Congresso Nacional de Milho e Sorgo/ I Simpósio sobre lepidópteros comuns a milho, soja e algodão De 3 a 7 – Salvador (BA) Sitel: www.esa-comunicacao.com.br/ abms/cnms2014/

6

11º Seminário Nacional de Resíduos Sólidos

De 6 a 8 – Fiocruz/Campus da UnB Brasília (DF) – Fone: (21) 2277-3915 E-mail: katia.bela@abes-dn.org.br

12

9º Simpósio Brasileiro de Captação e Manejo de Água de Chuva – De 12 a 15 Feira de Santana (BA) Site: www.acquacon.com.br/9sbcmac E-mail: 9sbcmac@acquacon.com.br

22/7 – Conafe/11º Congresso Nacional de Pesquisa de Feijão – De 22 a 24 – Centro de Eventos – Londrina (PR) – Fone: (43) 3025-5223 – E-mail: conafe2014@ fbeventos.com Tecnologias para a Sustentabilidade da Cultura do Feijão. Este é o tema central do 11º Conafe, evento realizado a cada três anos, cujo objetivo é debater temas científicos e inovações tecnológicas relacionadas com a cadeia produtiva do feijão, uma das cinco culturas mais importantes do país, ao lado da soja, do milho, do arroz e do trigo. O Brasil é maior produtor e consumidor de feijão do mundo. Na pauta dos trabalhos, constam palestras e debates sobre sistemas de produção e armazenamento, conservação e fertilidade do solo, manejo integrado de pragas, doenças e de plantas invasoras, melhoramento genético, biotecnologia, mecanização, irrigação e consumo. Coordenado pelo Iapar - Instituto Agronômico do Paraná, o evento deve reunir cerca de mil pessoas.

12

6º Congresso Brasileiro de Mamona/Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas – De 12 a 15

Universidade do Parlamento Cearense Fortaleza (CE) – Fone: (83) 3182-4380 Site: www.cbmamona.com.br E-mail: cnpa.cbm@embrapa.br

17

47º Congresso Brasileiro de Fitopatologia – De 17 a 22

Centro de Eventos – Londrina (PR) Fone: (43) 3025-5223 E-mail: cbfito2014@fbeventos.com

18

4º Congresso Andav/Fórum & Exposição – De 18 a 20

Transamérica Expo Center – São Paulo (SP) – Fone: (11) 3893-1352 E-mail: inscricao@congressoandav.com.br

19

SLAC 2014/Simpósio Latino Americano de Canola – De 19 a

21 – Embrapa Trigo – Passo Fundo (RS) E-mail: falecom@abrascanola.com.br

24

XXIII Congresso Brasileiro de Fruticultura – De 24 a

29 - Cuiabá (MT) – Fone: (65) 36211314 – E-mail: fruticultura2014@ industriadeeventos.com.br

26

22ª Fenasucro – Feira Internacional de Tecnologia Sucroenergética De 26 a 29 – Centro de Eventos Zanini – Sertãozinho (SP) Site: www.fenasucro.com.br E-mail: fenasucro@reedmultiplus.com.br

30

Expointer 2014 – 37ª Exposição Internacional de Animais, Máquinas, Implementos e Produtos Agropecuários – De 30 a 7/9 – Parque de Exposições Assis Brasil – Esteio (RS) – Fones: (51) 3288.6225 ou (51) 3288.6223 Site: www.expointer.rs.gov.be E-mail: expointer@agricultura.rs.gov.br


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junho 2014 – Agro DBO | 65


Legislação

Arrendar e o direito de compra O colunista informa quais os cuidados necessários a se tomar quando se pretende vender imóvel rural que esteja arrendado. Fábio Lamonica Pereira *

N

os contratos de arrendamento de imóvel rural, disciplinado pelo Estatuto da Terra (Lei 4504/64) e seu respectivo Regulamento (Decreto 59566/66), há questões que merecem ser analisadas com cuidado, especialmente a que diz respeito ao direito de preferência na aquisição, em caso de venda, da propriedade arrendada. Na verdade, a Lei que trata do arrendamento rural foi elaborada com o objetivo de proteger o arrendatário, observando a função social de preservação do trabalho, da produção de alimentos e da proteção à dignidade da pessoa. Na venda de propriedade rural arrendada, o arrendatário tem a preferência na compra, conforme o Estatuto da Terra: “No caso de aliena-

Quanto à notificação do arrendatário, a lei não exige, porém o ideal é que seja feita por meio de Cartório de Títulos, de forma que não haja dúvidas quanto ao conhecimento da proposta de compra e venda, respeitado o prazo já citado para o exercício do direito. Outra questão diz sobre a “igualdade de condições”. Ou seja, não adianta notificar, informando determinada proposta e, posteriormente, formalizar a venda em condições mais benéficas. Neste caso, o arrendatário poderá questionar judicialmente a transação e, se depositar o valor segundo as condições de venda realmente negociadas, adquirir o imóvel. O ideal é que o contrato de arrendamento seja registrado na matrícula do imóvel. Contudo, ainda

O ideal é que os contratos de arrendamentos sejam registrados na matrícula do imóvel.

*O autor é advogado, especialista em Direito do Agronegócio

ção do imóvel arrendado, o arrendatário terá preferência para adquiri-lo em igualdade de condições, devendo o proprietário dar-lhe conhecimento prévio da venda, a fim de que possa exercer o direito de perempção dentro de 30 dias, a contar da notificação judicial ou comprovadamente efetuada, mediante recibo”. Com isso, é importante a análise da legislação e a de sua interpretação e aplicação pelo judiciário. Inicialmente, é preciso conferir a caracterização do contrato, se feito em arrendamento ou parceria, no momento de sua elaboração. Caso seja de parceira, não cabe direito de preferência.

66 | Agro DBO – junho 2014

que não registrado, o arrendatário pode exercer o direito de preferência. Quando houver mais de um arrendatário para a mesma área, a questão é mais complexa. Qualquer um dos arrendatários poderá exercer o direito de preferência, ou seja, todos devem ser devidamente notificados. Contudo, tal direito somente poderá ser exercido sobre a totalidade da área arrendada. Em caso de ausência de notificação, ou de notificação irregular que não atenda às determinações legais, o arrendatário terá o prazo de seis meses, contados do registro da escritura pública de compra e venda, para depositar o preço de

venda e exercer o seu direito, judicialmente, de aquisição do imóvel. Vale ressaltar que é comum a formalização de transações de compra e venda de propriedades rurais por meio de instrumento particular, pela impossibilidade ou opção de assinar a escritura pública em data futura, o que prorroga a insegurança de um negócio efetivado sem as observâncias legais. Além disso, é comum que da transação conste um valor quando da elaboração de contrato particular de compra e venda e outro valor, significativamente menor, quando da escritura pública de compra e venda. Tal prática é utilizada com o objetivo de redução dos impostos devidos. Nesse caso, o entendimento adotado pelo Superior Tribunal de Justiça é o de que o valor a ser depositado para que seja exercido o direito de preferência é o que consta da escritura pública. Ou seja, o risco para o vendedor e para o terceiro comprador é muito grande. Além da ilegalidade perante o fisco, abre-se uma janela que permite ao arrendatário exercer seu direito de preferência por valor menor que o efetivamente transacionado. Ainda que o arrendatário seja notificado e a transação concluída pelo valor constante da notificação, havendo registro de escritura pública em que conste valor menor que o da notificação, a porta para exercer o direito de preferência estará aberta e as partes, proprietário e terceiro adquirente, poderão sofrer grandes prejuízos. O arrendatário, por sua vez, poderá ser beneficiado com a aquisição da área por uma pechincha.




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