Sumário
28 Manejo
Produtores da região de Maracaju (MS) ganham produtividade plantando milho consorciado com capim após a soja
34 Tecnologia
Pesquisadores desenvolvem produtos capazes, segundo eles, de nutrir as plantas sem a necessidade de usar fertilizantes nitrogenados
41 Expointer
Uma das atrações da Expointer, o Prêmio Gerdau Melhores da Terra destaca máquinas e equipamentos agricolas inovadores
42 Café
Programa de adubação modular mostra a importância do monitoramento da lavoura com análise de solo e de folhas
22 46 Fitossanidade
Matéria de capa
Tudo pronto para o plantio da safra 2013/14 de grãos, que começa no final deste mês em Mato Grosso. Grande parte dos agricultores investiu pesadamente em tecnologia, como forma de garantir renda nesses tempos bicudos de custos altos de produção.
Pelo menos dez, entre centenas de pragas exóticas rondam a agricultura brasileira e podem entrar no país a qualquer momento
Artigos 8 – Décio Gazzoni critica o excesso de burocracia governamental 19 – Rogério Arioli prega a necessidade de agregar valor à produção agrícola 20 – Daniel Glat alerta para a necessidade de criar mercado para o milho 52 – Roberto Berwanger avalia o uso de inoculantes no lugar dos nitrogenados 66 – Fábio Lamonica relaciona cuidados fundamentais na compra de imóveis
Seções Do leitor............................................................. 4 Ponto de vista.................................................. 8 Notícias da terra............................................10 Marketing da terra........................................50
Política...............................................................54 Calendário de eventos................................57 Análise de mercado.....................................58 Novidade no campo....................................60 Biblioteca da terra.........................................65 setembro 2013 – Agro DBO | 3
Do Leitor durante seis meses até a implantação em todos os nossos negócios, que passou a se chamar MIPC – Manejo Integrado de Produção com Redução de Custos). Tenho muito orgulho em fazer parte dos assinantes dessa importante revista, porque há a certeza de estar frente a frente com informações de última geração. Silvia Suzuki Nishikawa São Gotardo
GOIÁS Excelente material de leitura para os profissionais de agronegócios em geral, produtores rurais e empresários do segmento. Rafael Altrão Neubauer Jataí MARANHÃO Sou atacadista de máquinas agrícolas. Muito importante a revista Agro DBO. Marcelo Gomes Campelo São Luis MATO GROSSO Uma revista muito interessante, que traz notícias importantes para o homem do campo e profissionais da área. Odenir Giombelli Junior Sinop MINAS GERAIS Parabéns pelo aniversário de um ano da Agro DBO. Tenho a coleção desta importante revista, desde quando se chamava DBO Agrotecnologia, e, com as inovações geradas pela Agro DBO, ela se tornou uma revista de vanguarda, com temas relevantes, abordados de formas técnica e prática, gerando pesquisa, perspectivas e respostas a um dos profissionais mais importantes do mundo, o produtor de alimentos. Fico na expectativa de receber a revista, agora mensalmente, e sempre há temas para discussões em mesa redonda com a diretoria desta tri “S” agronegócios. Um dos temas abordados há três anos, após a leitura da revista, foi o manejo integrado de produção, programa este estudado
4 | Agro DBO – setembro 2013
Um show. Aguardo ansiosamente pelos exemplares. Estar por dentro das atualidades do setor para mim é muito importante, e a Agro DBO é indispensável. Daniella Christina P. Lino Martinho Campos PARÁ Muito informativa e de grande valia para a profissão. Ana Carolina Hackbarth Novo Progresso
NR: a leitora é agrônoma. Como diretor técnico da Sagri (Secretaria de Estado da Agricultura), acho de excelente qualidade as informações contidas na revista. Paulo Amazonas Pedroso Belém PARANÁ A revista atende os interesses dos produtores rurais e os mantêm informados para melhor tomada de decisão. Leoquídio Miguel Dahmer Toledo Objetiva, informativa e esclarecedora. Sérgio H. Oliveira de Camargo Londrina PERNAMBUCO Muito boa. Trabalho no Ministério da Agricultura e preciso estar sempre atualizado com informações agropecuárias. José Juvino de Araújo Recife PIAUI É de uma singularidade impar as colocações do engenheiro agrônomo Rogério Arioli Silva (na seção Ponto de vista, edição de agosto) – e, principalmente, naquilo referente ao fisiologis-
mo e apadrinhamento político, que, na maioria das vezes, ocasiona o colapso das instituições públicas no Brasil. É o que ainda ocorre com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agraria (Incra), onde tarefas não afetas ao órgão, baixa capacidade de realização de projetos e baixos salários nos leva a impressão de que o órgão nada produz ou quando o faz os resultados são medíocres. Precisamos repensar nossas Instituições urgentemente e, com a criação da Anater, esperamos soluções práticas e eficientes e que não sejam somente mais uma forma de agrado a políticos sem comprometimento com a coisa pública. Rubens Vieira Cardoso, Teresina É uma revista atualizada e dinâmica, com informações relevantes para o setor produtivo. Traz informações pertinentes para produtores, pesquisadores e estudantes. Fernando Silva Araújo Corrente RIO GRANDE DO SUL Prezados amigos da Agro DBO. A Fenata (Federação Nacional dos Técnicos Agrícolas) reconhece a importância deste veículo para todo o meio agrícola. Gostaríamos de acompanhar os seus conteúdos mês a mês. Há algum tempo, recebemos exemplares da publicação, e, mais recentemente, nos foi encaminhado um artigo da edição de julho de 2013, intitulado “Averbação de Reserva Legal”, escrito pelo advogado Dr. Fábio Lamonica Pereira. Percebemos que existe na Agro DBO um protagonismo em relação à atualização constante em relação aos temas que dizem respeito também aos Técnicos Agrícolas, categoria que representamos nacionalmente. Por estas razões, pedimos que seja realizado o envio mensal de dois exemplares de sua publicação para a nossa entidade. Também requisitamos o envio imediato dos exemplares do que vocês entenderem como sendo as edições mais recentes da revista para o nosso endereço, conforme explícito abaixo. Mais uma vez, felicitamos toda a equipe pelo excelente trabalho. Atenciosamente. Mário Limberger Presidente da Fenata Porto Alegre
SANTA CATARINA Excelente nível técnico, diversidade de conteúdos e métodos precisos para se usar no dia-a-dia do campo, sempre com informações fundamentais e esclarecimentos para o setor agrícola. Felipe de Mattia Curitibanos Ótima revista, com informações atualizadas para quem está envolvido com empresa rural. Felipe Furlin Zardo Videira Excelente revista, principalmente por trazer atualizações do mundo do agronegócio neste dia-a-dia tão competitivo e profissional da agricultura atual. Renata Sasso Nunes Xanxerê SÃO PAULO Sou estudante de agronomia pela Esalq, li e me interessei muito pela matéria sobre desperdício (edição de julho). Gostaria de saber onde encontra-
ram os dados para o gráfico da página 32 que compara a capacidade estática e a produção de grãos nacionais de 1991 a 2013. Procurei no site da Conab e não encontrei. Ficaria muito grata se me informassem a origem dos dados, pois estou fazendo meu TCC sobre o assunto. Manoela S. Begas Piracicaba NR: O gráfico em questão foi apresentado pelo doutor André Luís Duarte Goneli, professor adjunto da UFGD – Universidade Federal da Grande Dourados, no painel “Detalhamento dos Aspectos Práticos da Classificação de Grãos”, durante o I Simpósio de Pós Colheita do Mato Grosso do Sul, realizado na cidade de Dourados (MS) entre os dias 5 e 7 de junho de 2013. Ele ocupa o terceiro slide de sua apresentação e é creditado à “Conab, 2013”. Diversificada e com bom conteúdo técnico. Carlos Eduardo M. S. Bueno Vera Cruz
13a CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DATAGRO SOBRE AÇÚCAR E ETANOL O Maior Evento do Calendário Sucroenergético Mundial Diversificação, Biotecnologia e Logística - na rota do futuro
Só queria registrar que a edição de agosto da Agro DBO, que acabo de ler, está muito elegante, em termos gráficos, e muito rica em conteúdo editorial. Parabéns. Rogério Ruschel São Paulo Muito boa. Inovadora. Daniel Pane São Carlos TOCANTINS Muito interessante, não apenas para pessoas relacionadas à área de agronomia, mas para qualquer pessoa que tenha interesse em saber o que se passa no campo, e sobre tecnologias. Lilian Oliveira do Amaral Porto Nacional AgroDBO se reserva o direito de editar/resumir as mensagens recebidas devido à falta de espaço.
Serão debatidos os principais desafios e as oportunidades do setor sucroenergético, entre eles: SAFRA BRASIL - AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO NO BRASIL EM 2013/14 E PERSPECTIVAS PARA 2014/15 A VISÃO DO MERCADO MUNDIAL PELA LENTE DOS TRADERS LOGÍSTICA - INOVAÇÕES E DESAFIOS ETANOL NOS EUA BIODIGESTÃO DE RESÍDUOS AGRÍCOLAS, NOVA FRONTEIRA ENERGÉTICA
21 e 22
Outubro, 2013
São Paulo
Tradução Simultânea
+ 700 participantes
+ 40 palestrantes
Alguns palestrantes e debatedores já confirmados:
Evento Técnico do Sugar & Ethanol Dinner Brasil 2013
PETER BARON
Organização Internacional do Açúcar Patrocinadores
+ 33 países
BOYDEN GRAY
Embaixador norte-americano para UE Realização/Curadoria
RICARDO DORNELLES
ELIZABETH FARINA
Ministério de Minas e Energia
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JULIO FONTANA
Rumo Logistica
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setembro 2013 – Agro DBO | 5
Carta ao leitor
A
presentamos na Agro DBO informações e análises inéditas e relevantes na presente edição. Na matéria de capa, “Campo transgênico”, a jornalista Marianna Peres registra o expressivo avanço dos OGMs nas lavouras de soja e milho, na próxima safra de verão, sendo de 92% entre a oleaginosa. Tudo isso pela busca antecipada de reduzir custos de produção. Mas a safra 2013/14 esquenta motores com olhos e ouvidos atentos nos preços dessas commodities, que andam instáveis como nunca. Em outra matéria de fôlego, “Tecnologias e milagres”, mostramos as novidades nas tecnologias de bioestimulantes, biofertilizantes, aminoácidos, extratos de alga e enraizadores, classe de produtos que se torna a quintessência dos agricultores para a conquista de relevantes e necessários ganhos de produtividade. Dentre as novidades, há uma que se destaca, apesar de ainda carecer de comprovação em testes de campo, como as dos aminoácidos, e também bactérias especiais, que teriam competência de mostrar às plantas o caminho das pedras para que elas consigam sequestrar da atmosfera o N de que necessitam, sem o uso de fertilizantes nitrogenados. Como isso acontece, a ciência ainda não sabe; o importante é que as plantas parecem saber. Na reportagem do jornalista Glauco Menegheti, “O perigo mora ao lado”, um assustador alerta sobre as pragas e doenças quarentenárias, que habitam em países vizinhos, eis que nossas fronteiras são secas e porosas, permitem trânsito livre das mesmas, e seus acessos serão facilitados por eventos com expressiva afluência de turistas, como a Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpíadas, em 2016. Na matéria “Nova palhada”, do jornalista Ariosto Mesquita, boas novas, com a descoberta de práticas criativas no plantio direto, através da ILP, Integração Lavoura Pecuária, que permitem ganhos de produtividade em lavouras de soja e milho, com base em manejo, no Mato Grosso do Sul. Como contrapeso, nossos colunistas e articulistas técnicos esbanjam categoria e competência na análise de diversos temas de absoluto interesse dos agricultores profissionais que a Agro DBO possui como leitores. Assim, como costumamos afirmar aqui na redação, informação é um bem tangível e mensurável, vale muito a quem a recebe. Por isso mesmo, desde a edição anterior, Agro DBO passa a ser distribuída apenas pelo sistema de assinatura paga. Nesta edição o assinante recebe um boleto nominado, com oferta especial a quem já é nosso leitor habitual. Se desejar continuar a receber Agro DBO, todo mês, com informação “chique no úrtimo”, na porta de casa, é só passar no banco e acertar as contas. Aos leitores que desejarem manifestar suas opiniões sugerimos enviar e-mail para redacao@agrodbo.com.br Richard Jakubaszko
é uma publicação mensal da DBO Editores Associados Ltda. Diretor Responsável Demétrio Costa Editor Executivo Richard Jakubaszko Editor José Augusto Bezerra Conselho Editorial Décio Gazzoni, Demétrio Costa, Evaristo Eduardo de Miranda, Hélio Casale, José Augusto Bezerra e Richard Jakubaszko Redação/Colaboradores Ariosto Mesquita, Daniel Glat, Décio Luiz Gazzoni, Fábio Lamonica Pereira, Glauco Menegheti, Marianna Peres, Roberto Berwanger e Rogério Arioli Silva. Arte Editor Edgar Pera Editoração Edson Alves e Célia Rosa Coordenação Gráfica Walter Simões Marketing Gerente: Rosana Minante Departamento Comercial Naira Barelli, Andrea Canal, Marlene Orlovas e Vanda Motta Circulação Gerente: Edna Aguiar ISSN 2317-7780 Impressão Log&Print Gráfica e Logística S.A. Capa: Foto José Medeiros DBO Editores Associados Ltda Diretores: Daniel Bilk Costa, Odemar Costa e Demétrio Costa Rua Dona Germaine Burchard, 229 Perdizes, São Paulo, SP 05002-900 - Tel. (11) 3879-7099 redacao@agrodbo.com.br www.agrodbo.com.br
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Ponto de vista
Cabresto curto Nosso colunista critica o excesso de burocracia governamental no Brasil, capaz de travar o desenvolvimento econômico do país. Décio Luiz Gazzoni *
E
m visita a um laboratório de pesquisa nos EUA, eu trabalhava com um colega americano quando quebrou uma coluna de um cromatógrafo, em meio a uma bateria de análises. Minha reação instintiva foi imaginar que todo o trabalho estava perdido. Até efetuar uma licitação – se é que já não houvera outra similar no mesmo ano – e voltar a operar o equipamento, demoraria 6-8 meses. Surpresa: vi o colega erguer o telefone, ligar para um fornecedor e, em menos de duas horas, voltamos a trabalhar.
ais”. Era meia noite, cansado, paguei o taxista, peguei o recibo, guardei – e marchei com o valor! Diversas explicações são aventadas para a excessiva burocracia do serviço público brasileiro. Suspeita-se da herança cartorial ibérica; analistas falam em criar dificuldades para valorizar a função ou vender facilidades; especula-se que seja fruto do excesso de pessoal em funções intermediárias, que criam controles para justificar o emprego. Recentemente, os controles se tornaram mais rígidos, na tentativa – acertada, em teoria – de reduzir a corrupção
“Os órgãos de assessoramento e auditoria tornaram-se feitores do administrador”
* O autor é engenheiro agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja.
Em outra viagem, custeada pelo USDA, perguntei ao diretor se deveria entregar a ele os canhotos dos tíquetes aéreos. Ele não entendeu. Insisti e ele me perguntou: “Para quê eu iria querer os seus tíquetes?” Respondi: “Para comprovar que viajei – afinal, no Brasil temos que fazer isto”. Incrédulo, o americano retrucou: “Mas você está aqui na minha frente!” Em contrapartida, há tempos fiz uma viagem custeada por um órgão federal brasileiro. Entreguei todos os tíquetes, porém a companhia aérea, erroneamente, informou que eu não havia voado em determinado trecho intermediário, entre duas escalas. Foram meses de relatórios e discussões para não ter que devolver o valor da passagem ao governo, mesmo tendo ela sido usada. Em outra viagem me foi recusado o ressarcimento de um recibo de táxi por constar “seçenta re-
8 | Agro DBO – setembro 2013
e os desvios de dinheiro público. Se a corrupção não diminuiu, as atribulações dos gestores honestos cresceram em forma logarítmica. O Jornal da Ciência (www. jornaldaciencia.org.br/impresso/ JC738.pdf) publicou um desabafo-denúncia do Dr. Gilberto Câmara, ex-gestor do INPE, intitulado Perspectivas do Fundo do Poço, sobre o que ele denomina “tiranossáurica burocracia brasileira”. E vaticina: “Não há futuro para os institutos do MCTI no sistema de administração pública direta”. As mazelas descritas não são prerrogativas do INPE ou do MCTI, permeiam todo o sistema de inovação no Brasil. Suas consequências: atraso tecnológico, dependência do exterior, restrições ao desenvolvimento do Brasil, menos emprego, menos renda, etc. O Dr. Câmara aponta uma inversão de valores, em que as au-
ditorias e consultorias jurídicas se sobrepõem aos objetivos e metas do governo e aos anseios da sociedade brasileira. Diz ele: “O que o Brasil quer do Inpe é que sejamos capazes de cumprir missões: construir satélites, produzir pesquisa de qualidade, fazer boa previsão do tempo, monitorar o meio ambiente com eficácia. Para servir bem ao Brasil, temos de ter metas claras com prazos e recursos bem definidos”. E completa: “O Inpe chegou ao fundo do poço. Estamos paralisados pelo medo. Os órgãos de assessoramento e auditoria, que deveriam ser apoios essenciais do gestor público, tornaram-se feitores do administrador. Não basta estar certo. É preciso fazer do jeito que os outros querem. Só que esses outros não têm a menor responsabilidade em produzir novas teorias científicas, novos sistemas, novos satélites”. Ou, no âmbito agrícola, novas variedades, novas formas de cultivo ou de controle de pragas. A burocracia estatal alcança também as empresas privadas. Registrar um agrotóxico no Brasil demora, em média, quatro anos, de acordo com os fabricantes. O custo da demora vai para a conta do agricultor. As exigências para pesquisa com os mesmos agrotóxicos é de tal ordem, que grande parte do desenvolvimento poderá ser realizado em outros países, deixando só o que for obrigatório para ser executado no Brasil. O leitor pode ter certeza que parcela razoável da falta de crescimento recente da nossa economia pode ser explicada pelo excesso de burocracia governamental.
Notícias da Terra Safra I
Conab confirma recorde
A
produção nacional de grãos no período 2012/13 foi de 186,15 milhões de toneladas, 12,1% acima do obtido na safra 2011/12 (166,20 milhões), de acordo com o 11º levantamento da Conab, divulgado em agosto. Segundo técnicos da instituição, o aumento se deve, sobretudo, às culturas de soja e milho segunda safra, que apresentam crescimento de área de 10,7 e 17,6%, res-
pectivamente. A produção de soja aumentou de 66,38 para 81,46 milhões de toneladas (22,7%) e a de milho 2ª safra, de 39,11. para 45,14 milhões (15,4%). A produção total de milho cresceu 10%, passando de 72,98 para 80,25 milhões de toneladas. A área cultivada com grãos no Brasil alcançou 53,27 milhões de hectares, 27,72 milhões dos quais ocupados por lavouras de soja.
Safra II
Safra maior do que o previsto
A
sétima estimativa do IBGE sobre a safra 2012/13 de cereais, leguminosas e oleaginosas, fechada em julho, totalizou 187,9 milhões de toneladas, 16,1% superior aos números de 2012 e 1,2% maior do que o previsto em junho (185,7 milhões de toneladas). A área a ser colhida em 2013, de 52,8 milhões de hectares, apresenta acréscimo de 8,2% frente à área colhida em 2012 (48,8 milhões de hectares) e aumento de 195.451 hectares das estimativas anteriores (0,4%). As três principais culturas (arroz, milho e soja) representam 92,1% da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas respondem por 85,9% da área a ser colhida.
Safra IV
Distribuição por regiões
C Safra III
Saldo comparativo positivo
E
ntre os vinte e seis produtos pesquisados pelo IBGE, 16 apresentaram variação positiva na estimativa de produção em relação ao ano anterior: trigo (33,4%), soja (23,7%), sorgo (23,2%), feijão 2ª safra (20,0%), aveia (19,8%), milho 2ª safra (19,6%), triticale (12,8%), amendoim 1ª safra (11,9%), feijão 3ª safra (11,0%), cevada (10,3%), cana-de-açúcar (10,3%), milho 1ª safra (3,8%), arroz (2,9%), batata-inglesa 2ª safra (2,6%), batata-inglesa 1ª safra (2,5%) e cacau (2,4%).
10 | Agro DBO – setembro 2013
Com variação negativa foram dez produtos: mamona em baga (-41,2%), algodão herbáceo (-30,6%), batata-inglesa 3ª safra (-15,9%), café/ conilon (-14,5%), amendoim 2ª safra (-11,9%), mandioca (-9,5%), cebola (-8,3%), laranja (-5,6%), café/ arábica (-4,4%) e feijão 1ª safra (-3,2%).
onsiderando as regiões em que se divide o país, o volume da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas apresenta a seguinte distribuição, segundo o IBGE: Centro-Oeste, 77,7 milhões de toneladas; Sul, 73,7 milhões; Sudeste, 19,6 milhões; Nordeste, 12,3 milhões e Norte, 4,6 milhões. Comparativamente à safra 2011/12, houve incremento de 9,8% no Centro-Oeste, 33,5% no Sul, 2,0% no Sudeste e 3,3% no Nordeste. Na região Norte, a produção deve cair 3,1%. O estado de Mato Grosso manteve a liderança no ranking nacional dos produtores de grãos, com participação de 24,4%, seguido pelo Paraná (20,2%) e Rio Grande do Sul (15,7%). Os três estados devem colher 60,3% da produção nacional prevista.
Notícias da Terra VBP
Lavouras valorizadas
O Safra V
USDA revisa produção
O
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) reavaliou para baixo a produção norte-americana de soja, estimada em 88,58 milhões de toneladas, 4,49 milhões a menos do que o esperado pelo mercado. A produção mundial deve cair de 285,89 milhões para 281,72 milhões de toneladas e os estoques globais, de 74,12 para 72,27 milhões de toneladas. As estimativas para as safras brasilei-
ra e argentina foram mantidas em 85,0 milhões e 53,5 milhões de toneladas, respectivamente. No que diz respeito ao milho, o USDA prevê produção global de 957,15 milhões de toneladas, 2,69 milhões a menos do que o projetado anteriormente. Os Estados Unidos devem colher 349,6 milhões de toneladas, abaixo, portanto, do previsto em julho (354,35 milhões), o Brasil, 72 milhões (mesmo número de julho) e a Argentina, 27 (idem).
VBP – Valor Bruto de Produção das lavouras brasileiras deve alcançar R$ 275,89 bilhões em 2013, valor 10,8% maior que o do ano passado, segundo estimativas da AGE/Mapa – Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura. Entre as culturas, o milho e a soja se destacam com 43% do VBP estimado para este ano, totalizando R$ 118,7 bilhões. Também tiveram aumentos expressivos culturas como laranja, cana-de-açúcar, batata-inglesa, fumo, tomate, trigo, arroz, banana e feijão. “O desempenho desses produtos deve-se à combinação de preços favoráveis e quantidades produzidas, o que contribui para o crescimento do valor da produção agrícola”, disse José Garcia Gasques, coordenador geral de Planejamento Estratégico do Mapa
Exportações I
Por enquanto, tudo bem.
O
saldo da balança comercial do agronegócio brasileiro cresceu 10,2% no acumulado de janeiro a julho de 2013, atingindo US$ 49 bilhões frente aos US$ 44,5 bilhões registrados mesmo período do ano passado.Conforme estudo da CNA – Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)os resultados positivos vêm sendo sustentados especialmente pelas vendas externas do complexo soja. Nos primeiros sete meses do ano, o segmento faturou US$ 21,3 bilhões, 11,4% a mais em relação à receita obtida no mesmo período em 2012. O documento ressalta, porém, que as condições favoráveis ao crescimento da produção de soja nos EUA deverão pressionar para baixo as cotações internacionais do produto nos próximos meses”.
Exportações II
Pouca luz no fim do túnel
A
China é o maior importador de produtos agrícolas brasileiros, à frente da União Europeia. De janeiro a julho, o mercado chinês absorveu 26,5% das exportações brasileiras e o mercado europeu, 21,9% dos produtos agropecuários do país. A OCDE – Organiza-
ção para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico acredita que os países emergentes – motores da economia mundial durante a crise financeira – devem desacelerar seu ritmo de crescimento no decorrer dos próximos meses”. As economias da China, Brasil e Índia continuam perdendo força, levando os governos locais a buscarem estratégias políticas para estimular o crescimento. setembro 2013 – Agro DBO | 11
Notícias da Terra Tecnologia
Safra transgênica
S
egundo estimativas da con sultoria Céleres, 92,4% das lavouras de soja na safra 2013/14, cujo plantio será iniciado na segunda quinzena deste mês, serão transgênicas (a propósito, leia matéria na página 22). Elas vão cobrir 26,9 milhões de hectares, atingindo níveis semelhantes aos da Argentina e dos Estados Unidos. No caso do milho GM, o índice deve chegar a 81,4%, o que significa 12,9 milhões de hectares plantados. De acordo com o relatório, a área total cultivada com variedades transgênicas no Brasil deverá totalizar 40,3 milhões de hectares, 7,3% maior ante o plantio do ano anterior. A adoção da biotecnologia por região mostra crescimento expressivo no chamado Mapitoba (sul do Maranhão e do Piauí, norte do Tocantins e oeste da Bahia). O estado de Mato Grosso segue, porém, na liderança do ranking por estados, com 10,7 milhões de hectares de variedades GM e expansão de 9,2% frente a safra passada. Na sequência, vem o Paraná (7,2 milhões de hectares e alta de 5,6%) e o Rio Grande do Sul (5,6 milhões de hectares e crescimento de 2,0%).
Fertilizantes
Campo fértil
A
s vendas de fertilizantes totalizaram 2,99 milhões de toneladas em julho, 14,5% acima do negociado em junho, conforme balanço da Anda – Associação Nacional para Difusão de Adubos. No comparativo com julho do ano passado foram entregues 14,2% mais fertilizantes.
No acumulado de janeiro a julho deste ano, as vendas chegaram a15,14 milhões de toneladas, 5,5% a mais em relação ao mesmo período de 2012. A expectativa do setor é de recorde nas vendas de adubos no Brasil este ano, com 31 milhões de toneladas de adubos.
Negócios I
Aporte de US$ 100 milhões
A
Dow AgroSciences anunciou investimentos no Brasil de US$ 100 milhões para a criação de uma unidade de beneficiamento de sementes em Luís Eduardo Magalhães (BA), um laboratório de pesquisa e desenvolvimento em biotecnologia no município de Cravinhos (SP) e um centro de pesquisa em melhoramento genético em Sorriso (MT). A América Latina foi responsável por 28% do volume de vendas globais da companhia no ano passado. Entre 2007 e 2012, as vendas de sementes da empresa cresceram 30% no mundo.
Negócios II
Parceria na Bahia
O
Cade – Conselho Administrativo de Defesa Econômica aprovou joint venture entre a SLC Agrícola, uma das maiores produtoras de algodão, soja e milho do Brasil e a trading japonesa Mitsui.
12 | Agro DBO – setembro 2013
Anunciada no início de julho, a joint venture investirá 70 milhões de reais numa área arrendada de 22 mil hectares em São Desidério, no oeste baiano, para plantar grãos e algodão.
Notícias da Terra Cana II
Canaviais em expansão
A
Cana I
R$ 600 milhões em prejuízos
N
o final de julho, as geadas cobriram 106 mil hectares de canaviais em Mato Grosso do Sul, causando prejuízos de R$ 600 milhões, segundo balanço da Biosul – Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul. Em volume, foram perdidas quatro milhões de toneladas, levando a entidade a revisar sua projeção para a safra 2013/14, an-
tes calculada em 44,1 milhões de toneladas e agora, abaixo de 40 milhões. O valor inclui perda de qualidade. O índice de ATR – Açúcares Totais Recuperáveis, que, no ciclo 2012/13, foi de 136,8 por tonelada de cana, deve cair para 127 por toneladas. O levantamento não inclui os efeitos das geadas de meados de agosto.
Geadas arrasam lavouras s geadas de julho e agosto, especialmente as registradas em 23 e 24/7 provocaram prejuízos de R$ 728,8 milhões aos triticultores do Paraná, conforme levantamento da Seab – Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, além de grandes estragos em cafezais (leia a respeito na página na seguinte). Segundo projeções, a quebra deve impactar fortemente o mercado,
Cana III
Subvenção para o Nordeste
O
Trigo
A
safra 2013/14 de cana-de-açúcar deve chegar a 652 milhões de toneladas, 10,7% maior que a do ciclo anterior (588,92 milhões), conforme a Conab. As estimativas indicam aumento na área de corte (de 8,49 para 8, 80 milhões de hectares) e recuperação da produtividade média das lavouras em 6,8% devido à renovação de 968, 4 mil hectares de canaviais e à normalização das condições climáticas, sobretudo no Centro-Sul, principal região produtora. A Conab prevê aumento na produção de açúcar (de 38,34 milhões para 40,97 milhões de toneladas) e de etanol (de 23,64 bilhões para 27,17 bilhões de litros). Quanto ao etanol anidro, destinado à mistura com a gasolina, deverá passar de 9,85 bilhões para 12,02 bilhões de litros. No caso do hidratado, utilizado nos veículos “flex-fuel”, de 13,79 bilhões para 15,16 bilhões de litros.
num ano de escassez internacional e aumento da dependência do Brasil das importações, que agora devem passar de 70% do consumo nacional, estimado em 10,8 milhões de toneladas. O Paraná seria o maior produtor nacional em 2013, mas agora pode ficar atrás do Rio Grande do Sul, que também sofreu com a onda de frio que assolou o Sul, mas em fase diferente da lavoura.
Diário Oficial da União de 15/8 publicou medida provisória do governo federal autorizando a liberação de R$ 148 milhões para 17 mil agricultores prejudicados pela maior seca dos últimos 50 anos no Nordeste do Brasil. Cada produtor receberá R$ 12 por tonelada de cana fornecida às usinas na safra 2011/12. “A liberação da subvenção é sempre bem-vinda, mas o problema é que a equipe econômica do governo federal demorou quase três meses para efetivá-la”, afirmou Alexandre Andrade Lima, presidente da União Nordestina dos Produtores de Cana. setembro 2013 – Agro DBO | 13
Notícias da Terra Café I
Café II
Apoio à cafeicultura
A
estocagem (R$ 1,1 bilhão); custeio (R$ 650 milhões); aquisição de café (R$ 500 milhões); contratos de futuros e opções (R$ 50 milhões); recuperação de cafezais danificados (R$ 20 milhões) e capital de giro (R$ 800 milhões). Paralelamente, o Banco do Brasil anunciou recursos de R$ 1,6 bilhão para financiar a estocagem e a aquisição do grão pelo preço mínimo, além do capital de giro para compra do produto por indústrias de torrefação e moagem.
Deral Divulgação
presidente Dilma Rousseff anunciou em 6/8 o lançamento de contratos de opção de venda para três milhões de sacas de café com preço fixado em R$ 346,00 e vencimento em março de 2014, atendendo assim demanda de produtores em meio à forte queda nos preços internacionais. Além dos contratos de opção, foram destinados R$ 3,1 bilhões provenientes do Funcafé – Fundo de Defesa Economia Cafeeira para as seguintes etapas de produção:
Pacote aprovado
D
e maneira geral, as lideranças do setor aprovaram as medidas de apoio do governo federal à cafeicultura brasileira, porém, com ressalvas.“Ainda que tenha demorado muito a acontecer, estamos satisfeitos. Alguns pontos poderiam ter saído melhores, como o preço para os contratos de opção, que acabou fixado em R$ 343. Infelizmente, não alcançamos a marca de R$ 360, como havíamos solicitado, mas de uma forma geral, o pacote é um grande avanço e atendeu ao que vínhamos pleiteando como ações emergenciais há alguns meses”, declarou o diretor da FAEMG – Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais e presidente da Comissão de Café da FAEMG, Breno Mesquita. Apesar do pacote satisfatório, ele reivindicou política específica para dar mais competitividade à cafeicultura de montanha e, entre outros problemas do setor produtivo, solução para o endividamento dos cafeicultores, que classificou como “crônico”.
Café III
IBGE mantém projeções
Café IV
Geadas derrubam a safra
U
m milhão de sacas de 60 kg deixarão de ser colhidas em 2014 devido às geadas no Paraná, segundo estimativas da Seab – Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento. Na região norte, que concentra 83% da área de café do estado, as geadas comprometeram 60% da produção estimada. Em alguns municípios como Apucarana, Mandaguari e Grandes Rios, o índice chegou a 90%, conforme o presidente da Associação de Cafés Especiais do Norte Pio-
14 | Agro DBO – setembro 2013
neiro do Paraná, Luiz Roberto Saldanha Rodrigues. “A geada pegou as plantas com tecido novo. Alguns produtores terão que fazer poda e outros, a erradicar”. Apesar do impacto das geadas de julho, a safra atual não terá redução drástica. Os grãos estavam em fase de maturação. A última previsão – de 1,7 milhão de sacas – deve ser mantida pela Seab. Com 60% das lavouras colhidas, a colheita terminará no final deste mês de setembro.
E
m seu último levantamento de safra, realizado em julho, o IBGE prevê colheita de 2.850.081 toneladas de café este ano, o equivalente a 47,5 milhões de sacas de 60 kg. A produção nacional de arábica deve alcançar 2.202.403 toneladas (36,7 milhões de sacas), 0,6% acima das projeções de junho. No que diz respeito ao conilon, as estimativas indicam 647.678 toneladas (10,8 milhões de sacas). E estado do Espírito Santo, maior produtor de conilon do país, deve colher 488.168 toneladas (8,1 milhões de sacas).
Notícias da Terra ITR
Declaração até o final do mês
A
berto em 19 de agosto, o prazo para entrega da Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural de 2013 vai até 30 de setembro corrente. Quem não declarar ficará impedido de tirar a Certidão Negativa de Débitos, documento indispensável para regis-
tro de compra ou venda de propriedade rural e para a obtenção de financiamento agrícola. A declaração deve ser feita por meio do Programa Gerador da Declaração do ITR, relativo ao exercício de 2013, disponível no site da Receita Federal (www.receita.fazenda.gov.br).
ADA
Prazo de entrega também em 30/9/2013
O
proprietário rural também deve entregar até 30 de setembro o ADA – Ato Declaratório Ambiental, documento com o qual pode comprovar a existência de áreas de interesse ambiental na propriedade. Tais áreas são classificadas como “não tributáveis”, isentas, portanto, do ITR. São de interesse ambiental APPs – Áreas de Preservação Permanente, RLs – Reservas Legais, RPPNs – Reservas Particulares do Patrimônio Natural, áreas de interesse ecológico, de servidão ambiental, áreas cobertas por floresta nativa e alagadas para constituição de reservatório de usinas hidrelétricas. Para entregar o ADA, o interessado deve preencher um formulário eletrônico do Sistema ADAWeb, que pode ser acessado no site do Ibama (www.ibama.gov.br).
Contrabando
Defensivos piratas
D
Máquinas
Bons resultados no campo
A
s vendas de máquinas agrícolas cresceram 3,4% em julho, em relação a junho, somando 7.612 unidades. De janeiro a julho, a alta foi de 28%, com 48.746 unidades negociadas, conforme dados da Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores. Na avaliação da entidade,
as safras recordes de grãos no Brasil colaboraram para o incremento nas vendas, assim como o PSI – Programa de Sustentação de Investimentos, prorrogado até o final do ano. As exportações alcançaram 328,2 milhões de dólares em julho, 13% a mais sobre junho e 51,3% sobre julho de 2012.
e janeiro a julho deste ano, a Polícia Federal apreendeu 19,5 toneladas de defensivos agrícolas contrabandeados. No acumulado de 2001 a 2013, foram 481,2 toneladas, de acordo com o Sindag – Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola. Muitos produtores utilizam defensivos piratas porque são mais baratos. O Sindag alerta, porém, para os riscos à saúde do aplicador e ineficiência no controle de pragas e doenças, já que, supostamente, têm baixa qualidade. Segundo levantamento da entidade, cerca de 10% dos agroquímicos utilizados no Brasil são contrabandeados e/ou falsificados. Nos seis primeiros meses de 2013, os estados que mais apreenderam produtos ilegais foram: Rio Grande do Sul (8.568 kg), Minas Gerais (4.446 kg) e Mato Grosso (3.686 kg). setembro 2013 – Agro DBO | 15
Notícias da Terra Fitossanidade I
Pragas derrubam 11% da produção de algodão Estudo preliminar realizado nas regiões produtoras de algodão, abrangendo nove estados, apontou perda média de 11% na produção, ocasionada pelo ataque de pragas. “O custo de controle se situou em cerca de R$ 1.570,00 por hectare na safra 2012/13, contra R$ 1.260,00 na safra 2011/2012, significando aumento de 25%. Do total, 46% se devem às ações contra a Helicoverpa armigera”, afirmou o entomolo-
gista e pesquisador José Ednilson Miranda, da Embrapa Algodão. A cotonicultura exige uma série de medidas preventivas desde o início do ciclo produtivo. Entre as mais utilizadas, o controle químico representa 25% dos custos. Se esses gastos já eram altos antes do aparecimento da H.armigera, agora passam a por em risco a sustentabilidade da atividade. Esta espécie de lagarta e o bicudo ocupam
as primeiras posições no ranking de pragas de maior impacto econômico na cultura. Há outras, como a falsa-medideira, o pulgão, ácaros, o percevejo marrom e a mosca-branca. Não bastassem as conhecidas, os produtores tem de ficar atentos à possibilidade de entrada no país de pragas exóticas, como aconteceu com a H. armigera (OBS: leia “O perigo mora ao lado”, na página 46 desta edição).
Fitossanidade II
Nematoides em manejo integrado Um dos painéis de maior destaque do 31º Congresso Brasileiro de Nematologia, realizado no mês passado em Cuiabá (MT), foi o que tratou da utilização de nematoides no combate a outras pragas, como a Helicoverpa armigera, por exemplo. Segundo relatos, a técnica de controle integrado de pragas com nematoides vem sendo empregada na Europa e nos Estados Unidos há pelo menos 30 anos. No Brasil, as pesquisas não têm 10 anos. Um dos participantes do congresso, o pesquisador alemão Ralf Ehlers, afirmou que o controle é eficaz nos 15 dias que compõem a fase de solo da lagarta, quando entram em ação os nematoides entomopatogênicos, os que têm capacidade de matar insetos.
Fitossanidade III
Polêmica sobre mortalidade de abelhas Em audiência pública realizada em Brasília, no mês passado, o representante da CNA – Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, Leonardo Machado, cobrou provas científicas da relação entre o uso de neonicotinoides (agroquímicos usados no combate à pragas em lavouras de soja e algodão) e a 16 | Agro DBO – setembro 2013
mortalidade de abelhas, no fenômeno conhecido como DCC – Desordem do Colapso das Colônias. Segundo Leonardo Machado, não há comprovação direta de causa e efeito. Em sua opinião, as medidas tomadas pelo Ibama, restringindo a utilização dos neonicotinoides, podem trazer grandes pre-
juízos ao agronegócio brasileiro. Ele lembrou que, na cultura da soja, tais produtos são essenciais para o controle de percevejos. A CNA estima que a manutenção das restrições pode gerar perdas de aproximadamente R$ 6 bilhões por ano, considerando apenas o valor da produção agrícola.
Notícias da Terra Desafio Cesb
Inscrições abertas Pela primeira vez, o Cesb – Comitê Estratégico Soja Brasil estipulou uma meta para os participantes do Desafio Nacional de Máxima Produtividade Safra 2013/14: alcançar a marca de 115 sacas/ha e superar o recorde de produtividade de soja da competição, em poder de Hans Jan Groenwold (foto abaixo), produtor na região de Castro, no Paraná, com 110,55 sacas (leia “Pecuarista campeão, na edição de agosto de Agro DBO). “Nosso objetivo ao estabelecer esta meta é incentivar os sojicultores a ultrapassar barreiras e inovar nas técnicas de cultivo, a fim de que outras práticas sejam descobertas e contribuam para o aumento da produtividade no país”, afirma Orlando Martins, presidente do Cesb, instituição composta por 16 membros e oito entidades patrocinadoras: Syngenta, Basf, Pioneer, TMG, Monsanto, Sementes Adriana, Agrichem e Instituto Phytus. Para participar da competição, produtores e técnicos devem realizar a inscrição no site www. cesbrasil.org.br até o dia 15 de janeiro de 2014.
Queimadas
Alerta geral contra incêndios Anualmente, o Brasil registra mais de 200 mil queimadas e incêndios florestais. Parte destes focos, alguns dos quais gigantescos, em termos de área alcançada, são computados como queimada agrícola, prática tradicional no meio rural, utilizada para controle de pragas, limpeza de áreas para plantio, renovação de pastagens e colheita da cana-de-açúcar. De um lado, elas facilitam a vida dos agricultores, trazendo benefícios a curto prazo. Do outro, destroem a biodiversidade, afetam a dinâmica dos ecossistemas, aceleram os processos de erosão do solo, deterioram a qualidade do ar, provocam danos à saúde, ao patrimônio público e privado. As queimadas que ocorrem nesta época do ano, visam, supostamente, o plantio da safra de verão, que se inicia no final de setembro no Centro-Oeste e
outubro em outras regiões produtora de grãos. Agrônomos, técnicos, pesquisadores, dirigentes de associações de classe, alertam para os riscos potenciais. A falta de chuva prolongada neste período deixa o solo ressecado e a vegetação em latência, facilitando o surgimento de focos de incêndio, muitas vezes sem condições de controle. Foi o que aconteceu no final de agosto em Dourados (MS). Um canavial próximo ao trevo de acesso à cidade de Laguna Carapã, na BR-463, pegou fogo e as chamas se alastraram para o outro lado da rodovia, gerando novos focos em sucessão. Um homem – não identificado até o fechamento desta edição – morreu queimado, segundo as primeiras informações, e várias propriedades rurais foram atingidas, antes que os bombeiros conseguissem controlar os incêndios. setembro 2013 – Agro DBO | 17
Artigo
O caminho é agregar valor Produzir matérias-primas longe dos centros de consumo tem sido um desafio imenso e, em alguns momentos, inviável economicamente. Rogério Arioli Silva *
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* O autor é engenheiro agrônomo e produtor rural em Mato Grosso
m anos normais, quando as produtividades das culturas de segunda safra ocorrem dentro das médias esperadas e inexistem quebras significativas nos países produtores de grãos, torna-se comum que os preços de alguns produtos agrícolas brasileiros situem-se abaixo dos custos de produção, notadamente aqueles produzidos em regiões de fronteira agrícola. Este ano, com a recuperação da safra de milho dos Estados Unidos e a alta produção brasileira, o cereal foi cotado abaixo do preço mínimo de garantia em alguns estados do Centro-Oeste. Em casos assim, é necessária a intervenção governamental através da PGPM – Política de Garantia dos Preços Mínimos como forma de garantir uma receita mínima a quem corre os riscos da produção. Embora venha sendo aprimorada a cada ano que passa, esta garantia de preço mínimo nem sempre atinge a totalidade dos agricultores. Muitos não possuem armazéns e até mesmo por desconhecimento, excesso de burocracia ou incapacidade administrativa, não conseguem se habilitar ao recebimento do prêmio de escoamento (Pepro). Também é corriqueiro compradores, ao saberem dos leilões governamentais, depreciarem ainda mais o preço, aumentando suas margens de maneira gananciosa, distorcendo as leis do mercado. O agricultor, ao necessitar vender o produto para cumprir compromissos, acaba aceitando a defasagem. Faz parte do jogo e, embora
18 | Agro DBO – setembro 2013
as intervenções do governo tentem corrigir estas distorções, nem sempre conseguem. Produzir matérias-primas de baixo valor agregado longe dos centros de consumo num país continental como o Brasil tem sido um desafio imenso e, em alguns momentos, até inviável economicamente. A falta dos transportes intermodais que se apresentariam menos onerosos e mais competitivos associada à restrita capacidade de investimentos por parte dos governos resulta na incapacidade de se modificar essa realidade. Buscar a agregação de valor nas matérias-primas transformando-as em produtos mais nobres e,
portanto, mais valorosos, é prática recomendável sob todos os pontos de vista. Em meados de agosto, a tonelada de milho era cotada em Mato Grosso a R$ 180,00, enquanto o preço da carne de frango, a mais barata das proteínas animais, valia aproximadamente R$ 4.200,00 por tonelada (t). A um custo de R$ 300,00/t de frete até o porto é fácil observar-se o impacto do valor da rubrica “transporte” em cada um dos produtos. Considerando que as fontes proteicas para elaboração das rações também são produzidas na região central do Brasil, como no caso dos farelos de soja e tortas de algodão e girassol, cotados a
R$ 1.080,00/t, R$ 550,00/t, e R$ 400,00/t, respectivamente, conclui-se que a transformação dessas matérias primas em proteína animal é quase uma questão de segurança nacional, tal sua importância e necessidade. Ao analisar os preços de carnes mais caras como a suína, cotada a R$ 5.800,00/t, e a bovina, a R$ 10.000,00/t, fica ainda mais evidente a importância do incentivo à implantação de novos projetos de integração associados a plantas frigoríficas na região Centro-Oeste. Certamente, não existe no mundo nenhuma outra região que produzirá proteína animal a preços mais competitivos do que essa. As plantas atualmente em operação já evidenciam essa realidade. Pelo lado da oferta de empregos, as vantagens da agregação de valor representadas pela agroin-
dustrialização tornam-se ainda mais estratégicas. A agricultura, isoladamente, possui uma capacidade limitada de gerar empregos e, além do mais, a tendência no uso de maquinário cada vez maior no campo acaba liberando mão de obra, gerando desemprego e exclusão social. Através de um pro-
uma vez que sua arrecadação de impostos será acrescida pela própria agregação de valor dos produtos, criando um círculo virtuoso de crescimento e rentabilidade. E, finalmente, lucrará todo o país, pois produtos de maior valor tornarão a balança comercial mais superavitária. Além disso, a exportação
“É preciso redobrar esforços no sentido de promover a implantação de agroindústrias” cesso robusto de industrialização boa parte dessa mão de obra será utilizada, reduzindo a pressão sobre os programas sociais governamentais que tornam milhares de trabalhadores reféns de auxílios que deveriam ser momentâneos, mas acabam se tornando perenes. Também se beneficiará significativamente o próprio governo
das riquezas nacionais entre elas os nutrientes do solo e a água, obterão valores mais remuneradores a todos os brasileiros. É preciso, portanto, que se redobrem os esforços no sentido de promover a implantação de novos programas para transformar esses grãos, de preços aviltados, em produtos de alto va lor comercial.
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setembro 2013 – Agro DBO | 19
Artigo
Soja e milho na real Se não aumentarmos a demanda pelo milho nacional, não há como sustentar uma produção anual de 80 milhões de toneladas. Daniel Glat *
E
stamos prestes a começar o plantio da safra 2013/14 com um misto de apreensão e esperança, mas sem a euforia de um ano atrás. A chegada da tecnologia Intacta na soja é a grande novidade da safra, e a Helicoverpa, mosca branca e ferrugem, as grandes ameaças técnicas. O algodão deve voltar a crescer, recuperando pelo menos parcialmente a grande área perdida nos dois últimos anos. A área de soja deverá crescer de 5% a 7% embalada pela alta do dólar, pela baixa do preço do milho, e pela esperança de que o plantio
do área de milho para safrinha. Para essa, ainda é cedo um prognóstico, mas acredito que a área em 2014 se mantenha ou até volte a crescer, não só devido à sua viabilidade técnica, econômica e agronômica, mas também pela expansão que ocorre em novas áreas do Brasil Central. As imagens de montanhas de milho estocadas a céu aberto no MT são os sinais mais claros dos grandes estoques de milho no país, ainda que mal distribuídos geograficamente. O “problema” do milho foi o grande crescimento de produtividade nos últimos anos, que,
O “problema” do milho foi o grande crescimento de produtividade nos últimos anos
* O autor é engenheiro agrônomo, consultor e produtor rural em Tocantins.
tardio nos EUA e as chuvas abaixo do normal possam reduzir a produção americana e sustentar preços CBOT. Aqueles que compraram insumos até junho não sentiram o impacto negativo da alta do dólar no preço dos insumos, mas poderão usufruir do efeito positivo do mesmo nos preços da soja em reais. Porém, diferente do ano passado nessa época, até agora uma menor parte da soja 2013/14 foi fechada, estando os produtores, portanto, ainda vulneráveis a uma queda do dólar nos próximos meses ou a uma boa safra americana que, nesse momento, na quarta semana de agosto, ainda está indefinida. Quanto ao milho verão, a tendência é de diminuição de área, entre 10% e 15%, com produtores assustados com a queda dos preços nos últimos meses, ou transferin-
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somado a um aumento de área safrinha, maior que a queda de área da safra verão, levou o Brasil de uma produção de 55 milhões de t na safra 2010/11 para mais de 80 milhões, na safra 2012/13! Só que a demanda interna, ainda que crescente, não conseguiu acompanhar esse ritmo de crescimento na produção. Em termos de exportação, as mais de 16 milhões de t exportadas no segundo semestre de 2012, e as mais de 8 milhões de t exportadas no primeiro semestre de 2013 foram muito favorecidas pela grande seca na safra americana de 2012. Com uma safra normal nos EUA em 2013, e a precariedade de nossa logística, não sei se conseguiremos manter em 2013 o nível de 20 milhões de t de exportação alcançados em 2012, mesmo com o expressivo volume
do primeiro semestre. E aí a conta é simples; os estoques de passagem dos últimos anos vinham por volta de 5 milhões de t; em 2012 já fechamos com estoques maiores, por volta de 8 milhões de t; assumindo produção anual de 2012/13 de 80 milhões t e consumo interno + perdas por volta de 52 milhões, e se exportarmos, por exemplo, 18 milhões de t em 2013, fecharemos o ano com estoque de passagem por volta de 18 milhões de t. Seria um recorde histórico, que certamente traria enorme pressão nos preços de milho em 2014. Em outras palavras, para o Brasil manter um nível de produção de 80 milhões de t anuais de milho daqui pra frente, sem derrubar demais os preços internos, uma ou mais das seguintes alternativas são imprescindíveis: a primeira é o desafio de nos firmarmos como um exportador de mais de 20 milhões de t anuais, mesmo em ano de safras normais nos EUA; a segunda é aumentamos mais rapidamente o consumo interno de milho para alimentação animal, incluindo maior utilização, dentro da propriedade, como silagem de planta inteira ou de grãos; e a terceira, que acredito ser a maior oportunidade, é através do uso de milho para etanol, em usinas “flex” para cana e milho, principalmente nos pólos mais distantes do MT e do MAPITOBA. O fato é que, se não aumentarmos rapidamente a demanda pelo milho nacional, interna e externamente, não teremos como sustentar uma produção anual de 80 milhões de t, que dirá então de continuar a crescer.
José Nedeiros
Capa
Soja GM A safra 2013/14 começa a ser plantada este mês com um recorde à vista: o de maior nível de tecnologia já empregado no Brasil. Marianna Peres
P
elo sétimo ano seguido, o Brasil vai ampliar a área plantada com soja e pelo terceiro ano consecutivo, a de milho, aproximando-se de inéditos 30 milhões de hectares cultivados. Pela primeira vez na história, 92% da área destinada à soja no país estará coberta com variedades transgênicas, segundo projeções da Céleres Consultoria. Considerando todos os grãos, os agricultores brasileiros vão semear 40,3 milhões de hectares, 7,3% acima da área total na safra passada, conforme estimativas da Conab. Em ano de pragas em alta e renda em baixa como 2013, investir pesadamente em biotecnologia talvez seja a melhor das
22 | Agro DBO - setembro 2013
opções para garantir a rentabilidade da lavoura ao final do ciclo que se inicia agora, segundo técnicos e produtores rurais. É a opinião, por exemplo, do catarinense Pedro Vigolo, radicado em Sorriso, a 460 quilômetros ao norte de Cuiabá, em Mato Grosso. Vigolo quer voltar ao seu recorde de produção: 70 sacas/ha. Para isso, além de um bom pacote tecnológico e sem dosar fertilizantes, decidiu apostar tudo em apenas uma variedade transgênica, a TMG 132, que, bem escalonada e com ajuda do clima, poderá levá-lo à média de 70 sacas dos anos anteriores – a exceção foi, justamente, a safra 2012/13, com 66 sacas/ha, queda atribuida ao ataque
José Medeiros
de lesmas. Sim, ele não teve grandes problemas com a Helicoverpa e outras pragas, mas com lesmas, moluscos que se alimentam dos brotos ou das bordas das folhas, comprometendo o desenvolvimento das plantas e a produtividade da lavoura. Como muitos o fizeram, Pedro Vigolo apostou também na alta do dólar e antecipou as compras de sementes e fertilizantes. “Creio que a maioria dos produtores tenha escapado da alta do dólar, que veio forte e, pelo visto, vai se manter em altos patamares”. Em sua opinião, os agricultores brasileiros não têm mais
como economizar no pacote tecnológico, mesmo considerando a possibilidade de a moeda americana despencar no ano que vem, justamente no momento em que mais precisarão dela – na hora de vender a produção, após a colheita. “Tenho de continuar produzindo mais e mais, senão não fico na atividade. Somos obrigados a investir cada vez mais em tecnologia”. Questionado sobre sua expectativa de renda, Vígolo alega que nem sabe ainda do resultado no ciclo 2012/13. “Só quando vender o milho recém-colhido”, ressalva. Quanto a 2014, “só no final de janeiro, quando terminar de colher”. Mesmo com uma área de médio porte, considerando os padrões mato-grossenses, Vigolo pertence ao time dos “altamente tecnificados”, não apenas pelos bons índices de produtividade, bem acima da média estudual (de 50 sacas/ha), mas pelo perfil da propriedade, dividida em bovinocultura, milho e feijão, além da soja. Se o mercado futuro não se mostrar lucrativo para o milho segunda safra, ele tem como opção plantar milho pipoca e crotalária. A estimativa de custo operacional 16% mais caro em Mato Grosso nesta safra – deve passar de R$ 1,5 mil no ciclo anterior para R$ 1,77 mil agora – levou o produtor Guarino Fernandes, de Sapezal (470 quilômetros a noroeste de Cuiabá) a tomar decisão oposta à de Vigolo, adiando as compras ao máximo e economizando na aquisição de insumos. Em relação a sementes, porém, vai usar três cultivares RR de ponta (Monsoy 9144, TGMs 132 e 133) em 500 hectares de lavoura, 100% transgênica. Pela primeira vez desde 1984, quando deixou Rancharia (SP) rumo a Sapezal, ele nunca tinha retardado tanto a compra dos insumos. Até 15 de agosto, a um mês do fim do período de vazio sanitário, quando o plantio da soja é liberado, ele não havia comprado nada, nem uma saca de semente. Dispunha de orçamentos para cloreto de potássio, adubos e formulados, mas não havia fechado negócios e tão pouco comercializado qualquer volume da sua safra no mercado futuro. Apesar da pressão do dólar, Guarino disse ter se dado bem. Como Mato Grosso está às vésperas do início do plantio, as revendas de produtos agropecuários aliviaram os preços. Afinal, se não venderem até agosto, não venderão mais. Resultado: ganhou 10% de desconto. Ao contrário de anos anteriores, em que adquiria os pacotes tecnológicos das revendas a prazo, comprou à vista, via cooperativa. “Espero conseguir mais 10%, pelo menos, ao final das transações, para compensar a alta de 16% do custo entre safras”. Contente com sua nova estratégia para a soja, ele reclamava, porém, do impasse diante de suas 10 mil sacas recém-colhidas de milho, “estocadas“ a céu aberto – em meados de agosto, a saca estava cotada entre R$ 8,00 e R$ 9,00, contra custo de produção entre R$ 14,00 a R$ 15,00. Guarino pedia chuvas para meados deste mês de setembro, em condições de começar a plantar setembro 2013 - Agro DBO | 23
Capa
A área semeada com soja em todo o país deve totalizar quase 30 milhões de hectares
soja na virada para outubro, mas, ao mesmo tempo, temia as águas. “Tenho de tirar todo esse milho do relento antes que comece a chover e ainda não sei onde guarda-lo, nem como fazer isso”. O desenho de uma safra com custo 16% superior ao do último ciclo e preço 10% inferior ao travado no mercado futuro, na comparação entre 2012/13 e 2013/14, chegou a suscitar a possibilidade de uma safra mais enxuta e mais ‘pobre’ no estado, onde muitos produtores abririam mão de grandes investimentos em adubos e fertilizantes para usar ao máximo a poupança do solo bem tratado das últimas safras. Em entrevista à Agro DBO, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, disse que não espera por uma safra econômica, mesmo porque o governo federal estima um saldo ao final do ciclo de 190 milhões de toneladas de grãos, projeção conservadora, em sua opinião. Pessoalmente, aposta em 206
Pedro Vigolo, para quem os agricultores brasileiros não têm mais como economizar em tecnologia, sob pena de não subsistir na atividade.
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milhões. “Disponibilizamos mais recursos públicos e, com isso, mais dinheiro para custeio, especialmente ao médio produtor, o que possibilita tomar os recursos e negociar direto na trading, na revenda”. Geller acredita que, apesar dos custos altos e da incógnita do frete no período de colheita, o produtor mato-grossense, pelo seu nível de organização, vai conseguir travar preços e garantir margens de lucro razoáveis. Para a nova safra, o volume de recursos para o financiamento rural é de R$ 136 bilhões, 18% a mais em relação à safra 2012/13. Tendência de produção O presidente da Aprosoja/MT – Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso, Carlos Fávaro, prevê uma safra de alta tecnologia sob custo de produção maior, em função dos defensivos. “O produtor vai investir em novas cultivares, como a Intacta (da Monsanto), e se munir de um arsenal de químicos para garantir produtividade e renda”, frisa. “Parece contradição expandir área em um momento de renda comprometida, mas quem está ampliado a lavoura é o produtor capitalizado, que aguenta um possível revés. Ele ganhou na valorização imobiliária porque transformou uma terra de pastagem degradada em uma terra agricultável. Só a valorização do imóvel dele paga, talvez, eventual frustração na rentabilidade da safra. Ele está apostando no ganho imobiliário, porque a fazenda valorizou”. No entanto, Fávaro avisa que essa estratégia só vale para os capitalizados. “Para os desavisados, aqueles que acreditam que a situação vai melhorar e ficam gastando e investindo sem saber se podem ou não fazer isso, lembro que este é um ano de canja de galinha. Muitos estão calcariando área sem pensar no momento e, talvez para esses, a conta fique
Diferentemente dos mato-grossenses, os produtores de grãos do sul do país estão mais confiantes em relação à rentabilidade negativa, aumentando o endividamento”. Na opinião do presidente da Aprosoja Brasil, Glauber Silveira, o pacote tecnológico previsto para esta safra é maior do que o de ciclos anteriores. “Há dois meses tínhamos a soja a R$ 60 no disponível e, naquele momento, o produtor já estava compondo o seu pacote. O fertilizante passou de R$ 460,00 para R$ 580,00, mas, como o produtor comprou na época de alta da soja, ele manteve seu planejamento. Esse pacote está muito bem feito”. O diretor da Céleres Consultoria, Anderson Galvão, endossa a opinião de Glauber: “Mais do que qualquer agricultor, o mato-grossense sabe que precisa produzir cada vez mais e, para tanto, deve empregar mais e mais tecnologia. É uma tendência de produção. Traz resultados, reduz custos com manejo de agroquímicos e amplia o rendimento por hectare”. Conforme levantamento divulgado no início de agosto pela Céleres, a área semeada com soja em todo o país deve totalizar 29,2 milhões de hectares na safra 2013/14, crescimento de 4,8% em relação à safra anterior. A produção nacional deve atingir 85,2 milhões de toneladas, estabelecendo um novo recorde de produção, assumindo condições normais de produtividade. “Embora existam temores quanto à sustentação das cotações ao longo de 2014, de acordo com a sinalização dos preços negociados na Bolsa de Chicago (CME/ CBOT), a saúde financeira construída ao longo das últimas safras e a rentabilidade prevista para a safra 2013/14 seguem estimulando os produtores brasileiros a expandir o cultivo da oleaginosa”, resume Galvão. Realidades distintas Mato Grosso será o estado com maior expansão de área, com acréscimo de 515 mil hectares, ou 40% dos 1,3 milhão adicionados no país, seguido por Goiás (+125 mil) e Maranhão (+115 mil). Em Mato Grosso, como explica Galvão, “o processo de conversão de pastagens, sobretudo no Vale do Araguaia, foi por nós detectado como o principal fator de crescimento da área cultivada com soja”. Em 2013/14, a área semeada no estado deve totalizar 8,3 milhões de hectares. Na região sul do país, a soja deve capturar alguma área de milho verão, além de áreas remanescentes de pastagens. O estudo traz ainda uma perspectiva do que será a renda com a sojicultora no país. Considerando a simulação de paridade de exportação de soja com base em abril/ maio de 2014, com preços em Chicago num patamar próximo de US$ 12 por bushel – padrão de medida norte-americano, que equivale a cerca de 27 quilos –, a margem operacional bruta com a produção de soja no Brasil deve ficar numa patamar médio de R$ 578,00/
Comparativo da Monsanto: soja convencional (à esq., na foto) e soja Intacta (dir.)
Guarino Fernandes vive um dilema: torce por chuva para plantar soja mas teme as águas por causa do milho ainda ao relento.
ha. A melhor margem do Centro-Oeste está prevista para Goiás, com R$ 460,00, à frente de Mato Grosso (R$ 409,00) e Mato Grosso do Sul (R$ 234,00). Para a Bahia, a previsão excede a média nacional: R$ 591. A região sul do país deve obter as maiores médias: R$ 859,00 no Paraná, a maior de todas, e R$ 610,00 no Rio Grande do Sul. Galvão explica que a safra 2013/14 sofre um movimento de inércia. “É como uma locomotiva em alta velocidade; não dá para parar de repente, mesmo que os preços em CBOT tenham passado de US$ 14,50/US$ 15 para US$ 12,50, ou seja, 10% menores”. Diferentemente dos mato-grossenses, a queda nos preços futuros da soja não assustou – até meados de agosto, pelo menos – os produtores do sul do país, oeste da Bahia e de Goiás. Para esses, a perda de fôlego nas cotações foi compensada pela alta do dólar. A primeira dezena de agosto fechou com a moeda norte-americana acumulando valorização de mais de 17% no ano. O Deral – Departamento de Economia Rural do Paraná, por exemplo, contabilizava no mês passado os resultados da safra 2012/13, afetada por chuvas
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Capa Os agricultores baianos apanharam muito da H. armigera e do bicudo na safra passada e agora querem recuperar o prejuízo em junho e geadas no final de julho, que atingiram em cheio as lavouras de inverno. “Ainda estamos contabilizando os prejuízos e concluindo as estimativas da nova safra. Contudo, existe uma tendência muito forte de manutenção da área de soja e milho nos mesmos moldes do que ocorreu na safra verão 2012/13”, explica Francisco Carlos Simioni, chefe do Deral. Otimismo no Sul Para Emerson da Silva Nunes, coordenador técnico de culturas anuais da Cocamar Cooperativa Agroindustrial, cuja atuação se dá em 54 municípios do norte e noroeste do Paraná, a expectativa é de que a área cultivada no estado aumente cerca de 2% na próxima safra, ao passar de 624 mil/ha para 636 mil, apenas com a soja. “No milho a previsão é bastante indefinida, pois dependerá de como andará o mercado na hora de plantar”. A Cocamar vê a próxima safra com otimismo. “Os problemas com custos não ficaram evidentes em nossa região, uma vez que nossos cooperados anteciparam em até 80% a compra de insumos, a campanha de vendas do pacote tecnológico ocorreu em maio, época em que o dólar estava mais baixo, e não houve reflexo nos preços dos insumos. Além disso, os preços das commodities estavam em alta. Quem apostou em pagamento à vista conseguiu bom custo de produção”. Na última safra, cerca de 97% da área semeada da Cocamar recebeu plantas GM e, para esta safra, ficará em 99% ou até 100%. “Prova do nível de
Emerson Nunes, da Cocamar, enxerga perda de margens na lavoura, mas o cenário permanecerá positivo.
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tecnificação do paranaense e que ele está acreditando na safra. O surgimento de novas pragas, doença e plantas daninhas resistentes aos herbicidas aumenta o custo de produção e reduz as margens do produtor”. Em relação à renda, Nunes também enxerga perda de margens, mas o cenário permanecerá positivo. “A rentabilidade da soja safra 2012/13 foi de R$ 1,73 mil por hectare e há previsão de que para a safra 2013/14 fique muito próxima deste valor, em torno de R$ 1,70 mil, isto caso a soja permaneça no valor médio de R$ 60 a saca. No Rio Grande do Sul, depois de uma safra de recuperação neste ano, a previsão é consolidação e recordes. A Farsul – Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul acredita em produção de 13 milhões de toneladas de soja, a maior já vista. Em 2013, a previsão é fechar em 12,60 milhões. “O cenário de céu de Brigadeiro não está límpido, mas também não está nublado”, observa o economista-chefe da entidade, Antônio da Luz, numa referência à conjunção atual de preços futuros mais baixos e da escalada do dólar. “A taxa de câmbio está criando um cenário perigoso; o produtor não é especulador para ficar esperando o dólar subir e assumir mais riscos, como o de ficar esperando altas para travar a produção. Se a cotação a R$ 2,40 é boa, leva a saca para mais de R$ 70, vai e trava. O medo é o de que ele plante a R$ 2,40 e, na hora de colher e vender, a taxa esteja em R$ 2,10. Já estamos fazendo uma safra mais cara, justamente pelo efeito do câmbio, mas seguimos focados no aumento da produção com injeção de tecnologia”. Da Luz sugere aos produtores procurar mecanismos de proteção, pois o diferencial de ganho atualmente está no câmbio. “Se essa alta do dólar fosse em fevereiro, estaríamos felizes porque aumentaria o valor da saca e não o custo, como está acontecendo agora. Logística, pragas e recomposição de estoques não são novidades, são a parte ruim que contamina a renda. Quem melhor souber trabalhar o câmbio, com travas, principalmente, é quem mais vai ganhar dinheiro neste ciclo novo”. Em Goiás, a nova safra também segue com perspectiva de mais um recorde, conforme o assessor técnico da Faeg – Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás, Cristiano Palavro. Entre as novas tecnologias, destacam-se as novas gerações de milho BT, combinados ou não com a tecnologia RR (Roundup Ready). No caso da soja, a grande expectativa é a tecnologia BT lançada recentemente pela Monsanto, a Intacta RR2 PRO, que, segundo a empresa, oferece bom controle sobre as principais lagartas da cultura, inclusive com supressão da Helicoverpa armigera, grande vilã da última safra. Na Bahia, os produtores voltam ao campo a partir de outu-
Ensaio de soja Intacta RR2 PRO, da Monsanto, que estréia oficialmente na safra 2013/14
bro com a vontade de superar números e recuperar os prejuízos decorrentes do clima e do ataque de lagartas. O vice-presidente da Aiba – Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia, Celestino Zanella, afirma que não haverá economia no preparo do solo, nem na condução das lavouras. A sojicultora deve ganhar mais 10% de área e atingir 1,35 milhão/ha, ante 1,28 milhão da safra 2012/13. O milho deve avançar 10%, como reflexo natural da rotação de cultura feita na região. Mesmo para os cotonicultores, que sofreram com a infestação de lagartas e perderam lucratividade por excesso de oferta no mercado mundial, as estimativas são de expansão de 10% a 15% da área, devendo saltar de 270 mil/ha para 330 mil. “Apanhamos muito da Helicoverpa e do bicudo. Juntas, eles levaram cerca de 150 arrobas de algodão. Foram necessárias 36 aplicações, sendo 19 para a lagarta e o restante, contra o bicudo, mas fechamos uma safra com maior conhecimento sobre o combate às duas pragas. Ficamos sabendo que, quanto mais o manejo envolver controle químico e biológico, maior será o resultado. O manejo integrado de pragas, até então esquecido, foi e será retomado. Somos otimistas, empreendedores e aprendemos sempre com cada realidade”. Tecnologia contra pragas Para muitos produtores e pesquisadores, a grande expectativa e, torno da safra 2013/14 – além da margem financeira ao final da colheita –, gira em torno da Intacta RR2 PRO, que, após duas safras cultivadas em campos experimentais, chega ao mercado com a promessa de controlar as quatro lagartas que afetam a soja – lagarta-das-maçãs, broca das axilas, a lagarta da soja e a falsa medideira –, de tolerância ao glifosato e supressão à H. armigera. Para esta safra, estão sendo ofertados 2,8 milhões de sacos de sementes de Intacta, quanti-
dade suficiente para cobrir 2,5 milhões de hectares. O pesquisador da Embrapa Soja, Amélio Dall’Agnol, não enxerga grandes diferenças entre o ciclo recém-encerrado e próximo, no que diz respeito ao emprego de tecnologia. Na sua avaliação, o diferencial é, justamente, a Intacta. “A utilização do pacote tecnológico completo disponibilizado para a soja é uma necessidade sine qua non para quem quiser continuar plantando soja e competindo no mercado. Todos os fatores de produção precisam ser usados com eficiência. Amadores não mais têm vez na produção agrícola. Os produtores de soja vão preferir plantar variedades transgênicas. Quem tiver acesso à nova soja transgênica da Monsanto, certamente vai lançar mão dela”. O pesquisador Adeney de Freitas Bueno, também da Embrapa Soja, defende o plantio da Intacta como um auxílio, não a solução para todos os problemas. “Uma nova tecnologia Bt (novos eventos) pode corrigir e melhorar essas deficiências da soja Bt de primeira geração. Entretanto, a Intacta está sendo liberada em “primeira mão” no Brasil e não se esperam novos eventos em um curto espaço de tempo. Por isso, caso não plantemos o refúgio de 20%, o sucesso dessa tecnologia estará ameaçado pela pressão de seleção a insetos resistentes à planta Bt”. A gerente de Biotecnologia de Soja da Monsanto para o Cerrado, Suzeti Ferreira, afirma que o produto é eficaz, mas é importante não descuidar do monitoramento integrado. A longo prazo, a expectativa da empresa é que na safra 2015/16 haverá 106 variedades com tecnologia Intacta para atendera as necessidades do produtor brasileiro. “Temos novas biotecnologias em estudo, mas todas fundamentadas na plataforma da Intacta. Além das lagartas, são muito demandadas pelos produtores ferramentas contra a ferrugem, mosca branca e mofo branco, por exemplo”. setembro 2013 - Agro DBO | 27
Manejo
Nova palhada Consórcio com capim não prejudica resultado do milho e ainda permite crescimento de cinco sacas por hectare na safra de soja Ariosto Mesquita
Extensas áreas cobertas de palha compõem a paisagem no sudoeste de Mato Grosso do Sul antes do plantio da soja
N
o ciclo 2010/11 o produtor Roberto de Oliveira Silva Júnior, da fazenda Estância Maracaju, em Maracaju (MS), obteve produtividade média de 49 sacas por hectare de soja e de 82 sacas/ha de milho, grão cultivado após a colheita da oleaginosa. Na safra seguinte (2011/12) estes números subiram para 53 sacas/ha e 97 sacas/ha, respectivamente. Este ano, as médias foram de 57 sacas/ha de soja e de 112 sacas/ha de milho segunda safra. Esta escalada vertiginosa de resultados em sua propriedade espelha, na verdade, uma conquista de inúmeros agricultores e pesquisadores da região.
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Depois de 10 anos de estudos e de oito anos de plantio comercial, o Sudoeste do Mato Grosso do Sul comemora a “descoberta” do que vem sendo chamada de “nova palha” ou “segunda geração de palhada para plantio direto”. O elemento principal no processo é o consórcio de milho com capins (geralmente braquiárias), plantado logo depois da saída da soja. Apesar de não ser uma novidade, este sistema ainda estava em fase de ajustes e, durante algumas safras, interferiu negativamente em alguns resultados – havia competição entre as plantas –, mesmo garantindo uma boa proteção de solo para o cultivo da soja.
Foram necessários estudos ao longo de oito safras para se chegar ao patamar atual: média de cinco sacas de soja a mais (em relação à palha de milho solteiro) quando cultivada após consórcio milho/ capim. Nas áreas com consórcio, a produtividade média da oleaginosa foi de 57 sacas/ha e nas áreas apenas com palhada de milho solteiro, de 52 sacas/ha. “Tivemos de aprender muito, pois no início as quantidades de capim foram muito altas; com o tempo, fomos ajustando as cargas até chegar ao patamar de não interferência na produção de milho e também de elevação dos resultados com a leguminosa”, explica o diretor da
Fundação MS, Renato Roscoe. O consórcio é utilizado por produtores também interessados em três safras anuais – soja, milho segunda safra e carne (engorda de bovinos) – através da integração lavoura-pecuária (geralmente uma área é ocupada dois anos por lavoura e dois anos por pastagens). Agora, o plantio conjugado de milho e capim tornou-se a grande alternativa para quem pretende trabalhar exclusivamente na obtenção de duas boas safras agrícolas. A introdução dos capins junto com o milho safrinha possibilitou aos agricultores, que não têm interesse em ciclos de pecuária, inserir mais palha no seu sistema. Forma-se, portanto, uma proteção de solo mais intensa com maior volume de matéria orgânica. “Isso permite um nível superior de atividade biológica, formação de poros, melhor estruturação da lavoura e ciclagem de nutrientes, além de elevada infiltração e retenção de água”, explica Roscoe. Isso, segundo o pesquisador, também explica o ganho obtido com a soja, plantada diretamente sobre esta palha mais encorpada: “No plantio em sucessão, a leguminosa encontra um solo bastante receptivo para seu desenvolvimento e seu cultivo
fica mais tolerante a déficits hídricos, além de garantir melhor aproveitamento dos nutrientes; e começamos a observar isso também com o próprio milho”. Para o diretor da Fundação MS, a aplicabilidade da “segunda geração de palhada para plantio direto” não fica restrita ao sudoeste do Mato Grosso do Sul. “Há um grande potencial praticamente para todo o Centro-Oeste, onde se faz a chamada safrinha de milho; nas regiões onde não se planta o milho como segunda safra uma possibilidade é o semeio do capim solteiro após a soja, com o objetivo de fornecer alguma cobertura de solo com palhada e matéria orgânica no sistema”, sugere. Carga adequada A Fundação MS avalia que o pastejo na área de consórcio entre a colheita do milho e o plantio da soja não interfere no resultado da palhada para a leguminosa, mas o fato é que muitos optam em não introduzir o gado, apostando apenas na safra de verão (soja) e de inverno (milho). “Na realidade, muitos produtores são tipicamente agricultores e não têm interesse ou oportunidade para aproveitar as gramíneas para o pastejo. Não
Roberto S. Junior conseguiu aumento de 15 sacas/ha de milho sobre a safra passada ao adotar o plantio conjugado
Área de experimentos do consórcio em Maracaju, com 50% a mais de sementes de braquiária.
é simples aproveitar essas áreas se a fazenda não tiver uma estrutura de pecuária já instalada ou um vizinho com quem se possa fazer uma parceria”, esclarece Roscoe. De acordo com a engenheira agrônoma Renata de Azambuja Silva Miranda, não há registro de diferenças em estudos e no plantio comercial da soja entre áreas de consórcio utilizadas ou não para pastejo. “É apenas uma questão de opção do produtor”, salienta. Ela, que é pesquisadora do Setor de Fertilidade do Solo da Fundação MS, garante que a Fundação não trabalha este ponto como variável. “Os números que temos mostram que o rendimento com a soja é idêntico nas duas situações.” A Fundação MS ainda não possui uma avaliação estatística da utilização do plantio direto com milho solteiro e consórcio milho/capim com e sem pastejo. Seu diretor, entretanto, estima que perto de 80% dos agricultores do município de Maracaju, representando cerca de 100 mil hectares de lavoura, adotem hoje o consórcio. O nível progressivo de produtividade obtido pela fazenda Estância Maracaju é um exemplo prático de que a carga adequada de capim também beneficia e eleva os resultados com o milho. Na sesetembro 2013 – Agro DBO | 29
Manejo
O produtor Ake Van Der Vinne, o “Chico Holandês”, um dos precursores da ILP na região de Maracaju.
gunda safra deste ano, Silva Júnior conseguiu aumentar em 15 sacas/ ha a média obtida em 2012. Ele consorciou 100% de sua lavoura. Em 1.365 hectares plantou milho com Brachiaria ruziziensis e faltou espaço em seus silos (capacidade para 80 mil sacas) para armazenar tantos grãos. Dessa forma, teve de buscar nos silos bag a alternativa para guardar parte da colheita que ele preferiu ainda não comercializar. Inicialmente adquiriu uma dezena das grandes bolsas brancas, cada uma a um custo de R$ 1,4 mil e capacidade para 3.200 sacas. Quando cultivava milho solteiro, sua produtividade variava entre 60 a 70 sacas/ha. Este ano bateu em 112 sacas/ha. Em sua propriedade a carga de sementes de capim está ajustada
Caminhão despeja carga de milho na moega. Sem espaço nos armazéns, os grãos são retirados e depois acondiconados em silos-bag.
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atualmente para dois quilos/hectare (recomendação da Fundação MS). Em alguns pequenos pontos ele ainda chegou a experimentar uma carga de até quatro quilos/ hectare, mas notou que o capim inibiu o desenvolvimento do milho. “Desde 2008 eu trabalho com consórcio de milho/braquiária, mas só nos últimos dois anos conseguimos estabelecer o equilíbrio ideal obtendo desempenho superior com a soja; em relação a 2011, conseguimos na colheita de 2013 oito sacas a mais por hectare”, conta o agricultor. Silva Júnior reservou uma pequena área de consórcio para engordar 200 cabeças de gado, mas foi surpreendido por problemas climáticos. “Minha preocupação é fazer duas boas safras de grãos anualmente. Boi é complemento. Este ano, com a geada intensa em julho, não houve oferta suficiente de comida após a saída do milho; tive de usar bastante quirera de milho e núcleo para suplementar”, conta. O produtor elenca pelo menos seis vantagens da presença ajustada do capim no sistema: “ajuda a descompactar a terra; garante mais umidade no solo; colabora para conter nematoides; reduz a entrada de plantas daninhas, sobretudo a buva; funciona como uma espécie de isolante térmico e aumenta a matéria orgânica do solo;”. Ele conta que nos
últimos cinco anos o índice de material orgânico em suas terras subiu de 1% para 3%. O consórcio também funciona como uma espécie de protetor contra intempéries climáticas. Durante as geadas do mês de julho, nas áreas onde o milho ainda não havia sido colhido, a braquiária ficou protegida e garantiu maior volume de massa para cobertura. “O sistema é minha salvação contra os veranicos”, comenta o agricultor, se referindo aos períodos entre 10 e 15 dias de estiagem durante os meses chuvosos, muito comuns no sudoeste do MS. Silva Júnior garante ainda que a “nova geração” de palhada só foi viabilizada com ajustes também nos períodos de plantio e colheita dos grãos, graças à utilização de variedades de boa e média precocidade. “Antes começava a colher o milho entre final de julho e início de agosto; este ano, comecei em 10 de junho. Dessa forma a braquiária ganhou pelo menos mais 45 dias de luz intensa para encorpar e oferecer mais massa para o plantio direto da soja a partir da segunda quinzena de setembro”, revela. Pioneirismo A região de Maracaju é uma das pioneiras na integração lavoura-pecuária e em plantio direto no Centro-Oeste. “Nossas referên-
A região de Maracaju (MS) é uma das pioneiras na adoção da Integração Lavoura-Pecuária e do plantio direto no Centro-Oeste cias aqui são a Fundação MS e o produtor holandês Ake Van Der Vinne”, ressalta Silva Júnior. Ele se refere ao imigrante europeu, conhecido carinhosamente na região como “Chico Holandês”, considerado um dos precursores da ILP – integração lavoura-pecuária e talvez um dos primeiros a cultivar – comercialmente e em escala – soja diretamente sobre área de pastagem no Brasil. Vinne chegou a Maracaju em 1972 e começou a trabalhar em 100 hectares de terras onde cultivava soja e milho. Em 1976 passou a engordar bois na entressafra em regime de semiconfinamento. No final da década de 80 do século passado ele fez as primeiras experiências plantando
soja diretamente sobre a palhada de pastagem. Hoje sua história é repleta de recordes de produtividade. Passou a ser conhecido também por sua preocupação em adotar procedimentos de produção sustentável, quando nem se imaginava que isso se tornaria um consenso ambiental. Além da fazenda Cabeceira, de 900 hectares, em Maracaju (75% para lavoura e 25% para pecuária de ciclo completo) ele conta com mais 1.580 hectares no Amapá para cultivo de grãos (soja, milho e arroz e áreas de ILP). Além disso, é comum Vinne se deslocar pelo Brasil convidado como participante de debates em feiras e congressos e para apresentação de
painéis sobre plantio direto, sistemas integrados e consórcio milho/ capim. A Fundação MS, por sua vez, aprofundou cientificamente o trabalho de Vinne – que também contou com a colaboração de seu patrício e também agricultor Kriyn Wielemaker. Através de pesquisas e difusão tecnológica, a empresa – mantida pela Famasul – Federação de Agricultura e Pecuária de MS, OCB/MS – Organização das Cooperativas Brasileiras em Mato Grosso do Sul e Aprosoja/MS – Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul – ajudou a divulgar informações e técnicas sobre plantio direto, ILP e alternativas para cobertura de solo no inverno.
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Tecnologia
Tecnologias e milagres Ciência mostra avanços notáveis em nutrição das plantas e ainda produtos que podem substituir os fertilizantes nitrogenados. Richard Jakubaszko
Solenidade de abertura do V Fórum Abisolo, em Ribeirão Preto (SP).
C
om frequência regular surgem tecnologias para uso dos agricultores que fazem tantas e incríveis promessas que o santo acaba desconfiando. Cada vez mais, os agricultores ficam ressabiados de gastar tempo, energia e muito dinheiro ao apostar nessas ofertas milagreiras. No passado não muito distante, vendiam-se adubos foliares como instrumentos excelentes para aumentar a produtividade, mas mostraram-se ineficientes e foram logo apelidados de “água de batata”. Mais recentemente, apareceu no mercado a tal da tecnologia do calcário líquido, que se comprovou ineficaz para corrigir a acidez dos solos. Mas a indústria de fertilizantes organominerais, apesar do
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passado colocado em dúvida, evoluiu em todos os sentidos. Amadureceu comercialmente, e também tecnicamente, e agregou tecnologia à seriedade. Deixou a má imagem no passado. De fato, a indústria renovou-se e começa a dar a volta por cima. Mostra um dinamismo tecnológico surpreendente com as novas moléculas e fórmulas disponíveis, contendo algas, aminoácidos, microelementos e outras substâncias que, adotadas pelos agricultores, mostram-se notáveis pelos excepcionais resultados agronômicos apresentados. Prova dessa exuberância comercial e maturidade tecnológica foi a realização do V Fórum Abisolo, juntamente com a 1ª Fertishow, eventos que aconteceram em Ribeirão Preto (SP)
entre os dias 21 e 23 de agosto último, organizado pela consultoria BBAgro, e do qual Agro DBO foi um dos apoiadores. O fórum teve a participação de diversos palestrantes especialistas, que evidenciaram a evolução do conceito de nutrição das plantas no segmento de fertilizantes foliares e bioestimulantes, colocando este setor na vanguarda das tecnologias disponíveis para que a agricultura brasileira possa aumentar a produção de alimentos através da melhoria das produtividades. Tudo isso sem milagres, mas com muita tecnologia. A mostra da 1ª Fertishow teve destaques entre expositores, como as empresas Produquímica, Agrichem, BioSoja, Aminoagro, Agrária, Itale, Fortgreen, Ubyfol,
Agroplanta, Geociclo, Acadian Seaplants, Rigrantec, entre outras. Os fertilizantes orgânicos, organominerais, biofertilizantes, condicionadores de solo e substratos para plantas crescem, em média, 15% ao ano, conforme revelou o presidente da Abisolo, empresário Roberto Levrero, durante entrevista coletiva no V Fórum Abisolo. Estima-se a existência de 300 empresas no mercado, das quais 68 são associadas da Abisolo, e que representam 80% dos negócios setoriais. Do total de fertilizantes consumidos no País - cerca de 30 milhões de toneladas de NPK e outros - o segmento da Abisolo representa 10% do mercado. Por ser composto majoritariamente por empresas de capital nacional, já há evidências da entrada de capital estrangeiro no setor através de fusões e incorporações. Muitas empresas se preparam para enfrentar forte concorrência externa, através de investimentos expressivos em desenvolvimento tecnológico e inovação. O fim dos fertilizantes nitrogenados? A possibilidade de que seja o início do fim dos fertilizantes nitrogenados foi aventada há algum tempo por José Guerra, 73 anos, espanhol, escultor, um autodidata como biólogo e empresário, residente no Brasil há mais de 30 anos, e presidente da LBE Biotecnologia, empresa de São José (SC), próximo a Florianópolis, que está no mercado há mais de 20 anos com diversos produtos à base de aminoácidos e outros compostos. Guerra visitou a redação da Agro DBO, na véspera da abertura do Fórum Abisolo, e afirma ter descoberto um sistema de sintetizar os aminoácidos usando a mesma via de sínteses que as plantas. Diz ele que “a única coisa na terra que sintetiza aminoácidos são as plantas. O homem faz alguns, no estômago, mas é incapaz de
produzir uma proteína sequer”. Um dos sonhos de Guerra com a bioquímica seria o de “facilitar as plantas para absorverem o nitrogênio existente na atmosfera, já que temos 79% de nitrogênio no ar, e, com isso, se eliminaria a necessidade de usar fertilizantes nitrogenados, em gramíneas e leguminosas“. “O solo é tudo igual, muda só a composição, argilosa, arenosa, mas o fato é que a bioquímica é um milagre no uso das moléculas carbonatadas. Então, mais de vinte anos atrás, aprendi como se podia sintetizar grupos de aminoácidos, usando moléculas de produtos orgânicos, e não quebrando as moléculas”, revela Guerra. E ele acrescenta ainda que “tudo que eu tinha lido nega isso. Lehninger, um bioquímico muito respeitado, escreveu isso no seu famoso livro Bioquímica. Nesse livro afirma que é impossível, partindo de diversos precursores, fazer uma proteína inteira. Ninguém acredita nisso no mundo inteiro, mas é possível. Eu as produzo às toneladas, tenho 72 aminoácidos. Porém, o que acontece? Depois que produzi os aminoácidos, depois que tinha feito essa loucura, eu não sabia o que fazer com eles... Nesses anos todos, estudei muito, aprendi que é muito importante observar as plantas, com muita atenção, e os fenômenos que a bioquímica delas produz são com fatores simples”. Guerra informa que “montei uma empresa aqui no Brasil, e venho trabalhando nisso, por amor e hobby, porque a microbiologia do solo se enriquece, porque tenho uma ferramenta na mão, uma molécula, que nos permite trabalhar, mandando informação na célula mitocôndria, de onde se produzem as informações genéticas”. Guerra revela interesses de empresas em seu produto: “sou escultor, mas não sou tonto, e eu sabia que poderiam me chamar de milagreiro, e então eu não escrevo nada
José Guerra exibe folhas de fumo: tratada e não tratada com os aminoácidos do Green Factor.
sobre o que fiz, e não faço propaganda. Eu pego pesquisadores, gente de universidade, dou os produtos e digo a eles, provem”. O empresário diz que possui laudos de universidades, da Embrapa e de vários institutos de pesquisa. Tudo isso porque não se reconhece oficialmente essa tecnologia ou a ciência dos aminoácidos. “Por isso os meus produtos, e até mesmo o Green Factor, estão registrados como adubo foliar, classe A, como orgânicos, sem toxicidade, é o que a legislação atual permite”, explica Guerra. “Tudo que temos feito na LBE Biotecnologia a gente pega e faz testes com órgãos oficiais para termos resultados. Temos vários produtos nessas condições. É assim que trabalhamos. Temos também o PT1, ao qual se seguiram outros e agora o PT4, são enraizadores de plantas, mas são aminoácidos, e não fertilizantes, são os
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Tecnologia
Roberto Levrero, presidente da Abisolo, entusiasmo com o sucesso técnico do V Fórum.
produtos mais vendidos da empresa, há 12 anos, e fomos os primeiros a tratar sementes no Brasil, em trabalhos com a Embrapa, 20 anos atrás, tudo isso sabendo que se colocássemos nutrição para a semente ela teria arranque e desenvolvimento melhor já no seu início de vida. Mas a qualquer pessoa que solicite, nós fornecemos os aminogramas, todos feitos por órgãos oficiais”, diz Guerra. A competitividade comercial do novo produto, segundo Guerra, é que “com 5 litros de produto
nós substituímos uma tonelada de ureia. Um custa R$ 1.200,00 reais, e o Green Factor, 5 litros custa R$ 325,00, sem contar a complicada logística da distribuição da ureia. O Green Factor ainda não está no mercado definitivamente, mas estamos distribuindo para produtores interessados em testá-lo. Não teríamos capacidade industrial para atender a enorme demanda, por isso precisamos de parceiros”. Resumindo, Guerra diz que “o problema é que sou mais pesquisador do que empresário. Gosto do que estou fazendo, gosto de fazer coisas, não sei ficar quieto. Tudo o que fiz na minha vida, especialmente no trabalho do laboratório, foi copiar e me inspirar na natureza, esse é o truque da vida.
Vender a empresa, não, nunca, seria como vender um filho, e filho não se vende. Preciso de dinheiro, sim, para ter mais máquinas, preciso de um parceiro, de uma empresa grande, do governo, para dar economia de escala na produção de produtos, que deixarei como legado para a humanidade. O interessante nisso tudo é que como é uma questão muito importante, algo terá de acontecer”. Pela importância implícita e explícita das afirmações de José Guerra, Agro DBO levou o assunto para debate com alguns especialistas presentes ao V Fórum Abisolo, explicando a eles a teoria da assimilação do nitrogênio atmosférico pelas plantas, apresentada por Guerra. (ver box)
Teoria da assimilação do nitrogênio atmosférico pelas plantas O “Os aminoácidos são os tijolos mágicos da vida” Alexis Carrel - Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina (1912), conforme Wikipédia.
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Alanina
A grande estabilidade da molécula biatômica de N2 determina sua “inércia” química e explica a dificuldade do seu processo de redução. Em laboratório ou na indústria, o homem consegue a redução do N2 a NH3 com catalisadores de Fe e Mo a elevadas temperaturas e pressões pelo procedimento de Haber-Bosh. Já nas plantas, em simbiose com o rizóbio, a enzima responsável por esse processo é a nitrogenase, que requer, além do poder redutor, energia em forma de consumo de ATP. No complexo enzimático da nitrogenase, devido à presença de Mo, a ferrodoxina é quem propriamente catalisa a redução do N2. O processo se baseia na separação do N do ar por intermédio de uma reação enzimática onde
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existe um doador, um transportador e um receptor, o que quer dizer que, com determinados catalisadores metálicos e enzimas de diferentes radiantes, pode-se aproveitar a entrada do carbono na planta para fazer uma separação e assimilação do nitrogênio pela mesma. Nas observações em testes na LBE, ficou evidente que, com a aplicação do produto Green Factor, a planta não necessita de fontes de nitrogênio e, no caso da soja, não foi feita associação com rizóbios, ou seja, a soja não se utilizou dessa via para absorção do nitrogênio que necessita, e por isso entendeu-se que a via utilizada pela planta para a assimilação do nitrogênio sustenta a teoria de que essas plantas estão tendo como fonte de N o que existe na atmosfera. Nesse caso, o aproveitamento do N em seu estado molecular não seria diferente do metabolismo com associação ao rizóbio, ou seja, a reação se daria através de um processo assimilativo via enzimática na formação de ADP – ATP usando os metais (Mo, Fe e Mg) juntamente com os aminoácidos procedentes da fotossíntese. O contato da empresa para solicitar amostras do produto é: LBE Biotecnologia (48) 3258.1725 ou pelo site www.lbe.com.br ou pelo e-mail lbe@lbe.com.br
“Se os aminoácidos se comprovarem eficientes, podem preparar o Prêmio Nobel de Química a esse empresário; ele botou o ovo em pé”. Opiniões de especialistas Sobre o Green Factor, o engenheiro agrônomo e pesquisador do IAC – Instituto Agronômico de Campinas, Dr. Heitor Cantarella, revela-se cético sobre a possibilidade da aplicação de aminoácidos permitirem a fixação de N2 por plantas e a substituição de fertilizantes nitrogenados. “Pelo que se conhece, a fixação biológica de N2 (FBN) em organismos ocorre pela ação de nitrogenases – enzimas não encontradas em plantas. As especulações sobre o suposto efeito do Green Factor não encontram suporte na literatura especializada. A FBN é estudada por muitos especialistas ao redor do mundo. Se há algum efeito da aplicação do Green Factor deve ser por algum outro mecanismo. Essas inferências sobre substituição de fertilizantes nitrogenados pela aplicação de alguns quilogramas de aminoácido não ajudam o setor, ao contrário, lhe tiram credibilidade”. Entretanto, Cantarella afirma também que “se isso for verdadeiro e se comprovar, pode preparar o Prêmio Nobel de Química a esse empresário, ele botou o ovo em pé”. Já o engenheiro agrônomo Hélio Casale, cafeicultor em Minas Gerais, consultor em propriedades agrícolas, e integrante do Conselho Editorial da Agro DBO, afirma que “o espanhol José Guerra não parece ser maluco, ou milagreiro. Ando testando um produto da italiana Valagro em minha propriedade há 2 anos, à base de extrato de algas e aminoácidos, e tenho obtido resultados fantásticos, tendo inclusive substituído aplicações de ureia e adubação orgânica à base de esterco de galinha poedeira . Um outro produto que testei, da espanhola Bioibérica, composto de 18 aminoácidos
Hélio Casale testou muitos produtos em seu cafezal, e acredita na revolução dos aminoácidos.
extraídos das tripas de porcos mostrou em testes de campo aumento no volume de grãos de café e em peso da ordem de 22%. O que a gente precisa saber, apenas, é: quais são os aminoácidos, e ver um aminograma de perto”. Gilberto Pozzan, agrônomo e
Espantosos 12 melões em 2 pés, tratados com os aminoácidos da LBE.
diretor da Agrichem, considera que “todas as novidades que estão chegando ao mercado, algas, aminoácidos, bioestimulantes, possuem um futuro brilhante na agricultura. Cada produto vai depender da formulação de cada empresa, mas todas têm um potencial, e cada uma com ação específica. Cabe às empresas mostrarem que essas tecnologias dão resultado agronômico”. Bioestimulantes nunca foram o forte da Agrichem, e Pozzan informa que “temos um extrato de algas, um produto 100% natural, que não possui nenhum aditivo sintético, que é um dos líderes do mercado”. Sobre o Green Factor, Pozzan argumenta que “seria importante saber em que estágios da planta esses aminoácidos agem, e se isso será importante em todo o ciclo da planta”. Se ela só faz clorofila, e quando, porque não sabemos o final, vamos precisar testar, precisamos saber qual é o aminoácido para dar essa cor verde de que se fala. Colocado sobre a ótica da substituição de fertilizantes nitrogenados, é um ovo colocado em pé, pois tem benefícios ambientais, custa mais barato, e tem vantagens na logística de transporte”. O professor Dr. Guilherme Canella Gomes, engenheiro agrônomo do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, órgão do ministério da Educação, que proferiu palestra no V Fórum Abisolo, sobre a tropicalização de novas tecnologias para nutrição mineral de plantas, é de opinião, após um curso de pós-doutorado na Espanha, na área de fertilidade das plantas, que a Espanha está à nossa frente nessa tecnologia. Conforme Canella, “a questão é que eles se deslumbram com o tamanho do nosso mercado, e aí querem trazer setembro 2013 – Agro DBO | 37
Tecnologia
Gilberto Pozzan, da Agrichem, e também diretor da Abisolo, põe fé nos biofertilizantes e bioestimulantes.
pronto o pacote tecnológico deles, que não é adequado ao nosso clima tropical. O milho deles demora quase 8 meses para produzir, e nós nesse tempo fazemos mais de duas safras. Temos que fazer acertos nessas tecnologias, não apenas de doses, mas até mesmo nas formulações. Entretanto, precisamos saber como esses bioestimulantes mexem
no metabolismo das plantas, sejam eles aminoácidos, extratos de algas, bioenraizadores ou bioflavonoides”. “A grande dificuldade é a matéria prima desses produtos. Algumas empresas chegam até nós com algumas composições com promessas milagrosas, e quando analisamos essas formulações, o que deveria ter, conforme prometido nos rótulos, não existe dentro da embalagem”, diz Canella.. Canella comenta que uma das coisas interessantes, observadas na prática dos testes de campo, é que o uso de vários bioestimulantes ao mesmo tempo, dá respostas melhores; por exemplo, aminoácidos com extrato de algas e flavonoides, reguladores de crescimento com pentóis etc. “Tudo isto porque o metabolismo da planta é muito complexo”, revela Canella. “Cada bioestimulante vai atuar num segmento específico, e no Brasil ainda entendemos muito pouco disso tudo. Até pouco tempo, no Brasil se falava em aminoácidos como simples quelatizantes, mas os aminoácidos são uma matéria nobre, e eram tratados como um produto simples qualquer”, diz Canella. E complementa: “para produzir um aminoácido se parte de qualquer fonte proteica, pois um aminoácido é uma unidade fundamental de formação das
A cor verde do pé de milho tratado com o Green Factor é destaque, bem como o número de espigas por pé.
38 | Agro DBO – setembro 2013
proteínas. Qualquer fonte proteica pode ser hidrolisada, se quebra esse material e daí se obtém os aminoácidos. Tudo isso pode ser obtido em laboratório, das plantas ou de matéria orgânica, por exemplo, como resíduos de peixes ou porcos, de onde se obtém aminoácidos de excelente qualidade”. Como especialista na área, Canella acrescenta que “os aminoácidos têm nitrogênio na sua composição, e quando se coloca uma dose a mais nas folhas, a planta vai metabolizar esse material, que vai degradar e aproveitar esse nitrogênio. Essa é uma das grandes vantagens de se trabalhar com uma linha de bioestimulantes com aminoácidos”. Portanto, diz Canella, “tem muito fundamento e verossimilhança o caminho escolhido pela LBE. Esse é um mundo fascinante, tem uma evolução muito grande, e cada vez que a gente recebe de fora novas tecnologias é um cabedal de informações que a gente tem de correr atrás, é muito dinâmico, a cada 6 meses dobra o conhecimento”. Algas Conforme Ricardo Casiuch, Gerente Nacional da Acadian Seaplants, a empresa é canadense, atua no mercado desde 1981, antes era uma divisão da FMC Cor-
As perdas de produção chegam até 75%, sendo que 65% estão relacionadas a problemas abióticos, e 10% por problemas bióticos. poration. A Acadian coleta algas do gênero Ascophyllum nodosum, em uma faixa ampla do litoral canadense, e faz extratos deste gênero, com funções bioestimulantes. É uma empresa com 4 fábricas no Canadá, e está presente em 70 países do mundo, considerada a líder mundial na produção de extratos de algas Ascophyllum nodosum, sempre como bioestimulantes, o único produto da empresa. A cientista de Desenvolvimento de Mercado Ana Alves, da Acadian, engenheira agrônoma com doutorado em fisiologia, diz que “o uso das algas leva as plantas a um novo padrão hormonal, elas estimulam as plantas a um melhor enraizamento, a uma emergência homogênea das plantas, e quando aplicada na fase reprodutivas das plantas estimula a uma melhor floração, ao melhor desenvolvimento de frutos, a uma melhor granação e enchimento de grãos nas vagens, e recentemente nós observamos indução de resistência ao estresse, em condições de salinidade ou de falta de água”. Palestras no V Fórum Abisolo O Dr. José Carlos Polidoro, pesquisador de Fertilizantes do Solo e Tecnologias de Fertilizantes da Embrapa Solos, na palestra sobre “Fertilizantes Organominerais: Aspectos Tecnológicos e Mercadológicos” citou alguns fatores determinantes que alavancam o mercado de fertilizantes organominerais. Até 2005, as entregas eram destinadas a mercados especializados, como horticultura e jardinagem. Após 2006, houve ampliação do mercado para produção de grãos, fibras e cana-de-açúcar. “Os motivos para essas mudanças foram o aumento dos
preços das commodities, trazendo uma relação de troca positiva para o agricultor, e também a imagem dos fertilizantes organominerais de eficiência agronômica aumentada”, explica. De acordo com Polidoro, é esperado um significativo aumento da produção nacional de fertilizantes organominerais de 3,5 milhões para 8 milhões de t/ano até 2015 e para 15 milhões de t até o ano de 2020. “Isso representa uma grande oportunidade para quem tem a matéria prima orgânica, principalmente de resíduos”, conclui. Nutrição foliar reduz perdas A palestra “Nutrição Foliar – Fatos e Realidades”, proferida pelo professor Dr. Tadeu Inoue, da Universidade Estadual de Maringá (PR), destacou a evolução da produção de grãos de soja no Brasil desde 1976 até 2011. O palestrante mencionou a importância de se investir em tecnologias para melhorar as condições do solo e das plantas para diminuir as perdas da produção. “Estima-se aproveitamento de 25% da produção total de soja no País. As perdas de produção chegam até 75%, sendo que 65% estão relacionadas a problemas abióticos, como clima e fertilidade do solo, e 10% por problemas bióticos, como pragas e plantas daninhas”, afirma. Por esse motivo, o objetivo do fornecimento de nutrientes via foliar é corrigir, complementar e suplementar a nutrição da planta, favorecendo seu equilíbrio nutricional. O entendimento da fisiologia e demanda nutricional da planta e sua interação com o ambiente é primordial, deve ter um acompanhamento técnico. “A nutrição foliar é uma realidade, basta a posicionarmos corretamente”, argumenta.
Guilherme Canella Gomes: o metabolismo das plantas é muito complexo, temos de estudar mais.
Ana Alves e Ricardo Casiuch, da Acadian Seaplants: entusiasmo com os extratos de algas.
Tecnologias de aplicação A palestra ministrada pelo professor Dr. Marcelo da Costa Ferreira, da UNESP/Jaboticabal (SP), debateu as “Tecnologias de Aplicação de Fertilizantes – Solo e Folha”. A tecnologia, segundo Ferreira, visa distribuir um produto fitossanitário ou fertilizante num determinado alvo ou área de tratamento. Essa distribuição varia em função da espécie cultivada, estágio de desenvolvimento do cultivo, de fatores edáficos e climáticos. O uso das ferramentas de mapeamento, GPS, gerenciamento
setembro 2013 – Agro DBO | 39
Tecnologia A Universidade de Nottingham diz ter descoberto a técnica que permite às culturas de grãos habilidades para capturar nitrogênio do ar das aplicações, implicam em um maior grau de acerto, significam maior uniformidade na área de tratamento, melhor aproveitamento dos recursos da produção, melhor relação de benefício e custo da aplicação nos cultivos e desenvolvimento da cultura. “O alinhamento dos conhecimentos de fisiologia vegetal e fitotecnia com a tecnologia de aplicação, contribuirão para o desenvolvimento sustentável do agronegócio brasileiro, uma vez que proporciona o uso mais racional de recursos naturais e financeiros”, finaliza. Enraizamento em planta de arroz, testemunha versus Green Factor
40 | Agro DBO – setembro 2013
Mais tecnologias e milagres Não bastasse a “ameaça” tecnológica dos aminoácidos e en-
zimas aos fertilizantes nitrogenados, outra novidade chegou da Inglaterra: o pesquisador Dr. Edward Cocking, da Universidade de Nottingham, garante ter descoberto uma tecnologia que permite que todas as culturas de grãos do mundo capturem o nitrogênio do ar, acabando com a dependência dos fertilizantes nitrogenados. A tecnologia insere bactérias fixadoras de nitrogênio nas células das raízes das plantas, e o pesquisador garante ter descoberto uma cepa específica de bactérias fixadoras de nitrogênio na cana de açúcar. A universidade já licenciou a tecnologia para a empresa Azotic Technologies, que agora vai ao mercado.
Máquinas
Gerdau premia inovação A 31ª edição do Prêmio Melhores da Terra apresentou vencedores na Expointer 2013, destacando as melhores tecnologias em equipamentos Marcela Caetano
Cycloar conquistou prata na premiação
S
ob coordenação de Renato Levien, professor e doutor em agronomia pela Unesp Universidade Estadual Paulista, que substituiu Luiz Fernando Coelho de Souza, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul depois de 30 anos, a 31ª edição do Prêmio Gerdau Melhores da Terra apresentou os 10 vencedores de 2013 nas categorias Novidade, Pesquisa e Desenvolvimento, Destaque e Agricultura Familiar. A divulgação dos vencedores e entrega dos prêmios foi realizada durante a Expointer, em Esteio (RS). Na edição deste ano, o prêmio contou com 709 inscritos. A Kuhn do Brasil, de Passo Fundo (RS), recebeu o troféu ouro entre os concorrentes da Agricultura de Escala pela Semeadora Pneumática Quadra Venta. O produto inova por propor um novo uso para o sistema pneumático, empregado na distribuição de sementes, especialmente para a cultura do arroz irrigado. “A tecnologia é inédita para sementes. Neste caso, a semente chega do dosador ao solo por ar comprimido”, esclarece Levien, ao justificar a escolha do equipamento como vencedor.
O troféu prata ficou com a Indústria de Implementos Agrícolas Vence Tudo, de Ibirubá, RS, pela semeadora-adubadora articulada Macanuda Fertilizante. A semeadora suspende a distribuição de sementes e fertilizantes ao fazer o reconhecimento de áreas que já tenham sido semeadas, o que evita desperdício. Enquanto a categoria Novidade avaliou os equipamentos lançados na mostra, na categoria Desenvolvimento foram analisadas máquinas já em uso. Para tanto, foram percorridos 43.334 quilômetros e entrevistados 314 usuários em 226 municípios do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e Bahia. Na categoria Destaque, que recebeu 27 inscrições, o troféu ouro da Agricultura de Escala ficou com a plataforma para colheita de milho Bocuda, também da Vence Tudo, de Ibirubá (RS). O equipamento destacou-se pela simplicidade na operação, boa relação custo-benefício e pela reduzida perda na colheita. “Sempre tem perdas, mas o importante é que fiquem próximas do aceitável”. Segundo Levien, esse limite ideal seria de duas sacas/ha no milho e uma saca /ha na soja. A redução na perda de grãos também garantiu reconhecimento para a Cycloar – exaustão e aeração de silos, da Provent do Brasil Metalúrgica, de Curitiba (PR), segundo lugar na categoria. O equipamento de exaustão e aeração proporciona um ambiente favorável à conservação dos grãos, evitando a deterioração por pragas e fungos, ao contri-
buir para a manutenção da temperatura adequada no local. A categoria Pesquisa e Desenvolvimento recebeu a inscrição de 648 trabalhos científicos. “Desenvolvimento de um sistema para colheita de mandioca”, de Paulo Roberto Abreu Figueiredo, engenheiro agrônomo do Iapar – Instituto Agronômico do Paraná, foi premiado entre os pesquisadores. Entre os estudantes, “Sistema de aquisição de baixo custo de combate à ferrugem alaranjada da cana-de-açúcar”, foi o destaque. O autor é Alex Guedes, pós-graduando na Universidade de Londrina (PR). Áreas de Pesquisa Levien destacou o manejo de solo entre as áreas que merecem destaque dos pesquisadores e indústrias na agricultura. “Engloba tudo: novas variedades, como fazer com a mecanização, se a máquina está compactando o solo ou não”, salientou o coordenador da comissão julgadora. Segundo ele, porém, a água é o principal foco. “Faltou água, não tem produção nem produtividade. Com o plantio direto houve uma melhoria do armazenamento da água no solo, por outro lado pode estar havendo uma compactação. Então, não cessa nunca a necessidade de pesquisar”, finalizou. Na categoria Agricultura Familiar o troféu ouro foi para o Trator Estreito cabinado 1155 da Agritech Lavrale, de Indaiatuba (SP), e prata para o Encanteiador de Discos e Lâminas para Acabamento do Terreno, da Metalúrgica Quatro Irmãos, de Camaquã (RS). setembro 2013 – Agro DBO | 41
Café
Manejo da fertilidade O programa de adubação modular prega sistema de produção monitorado com análise de solo e de folhas, onde nada é estático. Hélio Casale *
C
* O autor é engenheiro agrônomo e cafeicultor.
afeeiro é planta originária da Abissínia que se deu bem com o clima e o solo brasileiros. Cafeeiro é a planta que justifica, e bem, o aforismo – as plantas, em geral, vão muito melhor quanto mais distante do local de origem. Introduzido no Brasil pelo estado do Pará, veio descendo, derrubando matas, abrindo estradas, criando comunidades, escolas, estradas de ferro, abrindo o sertão de ontem. Nesse trajeto, o motivo principal foi sempre a busca de terras com elevada fertilidade natural. À medida que o solo ia se esgotando, procurava-se por terra nova. Atualmente o plantio está mais concentrado no estado de Minas Gerais, responsável por mais de 50% da produção
42 | Agro DBO – setembro 2013
nacional, ocupando terra de boa fertilidade natural e, principalmente, as terras de Cerrado reconhecidamente pobres em nutrientes, mas ricas em características físicas e climáticas. Atualmente, a nutrição dos cafeeiros não é mais dependente da fertilidade natural do solo; é montada pelos cafeicultores com base em dados de pesquisa oficial e oficiosa. Os fatores de produção, do ponto de vista físico, químico e biológico, são 52 e, dentre as diferentes atividades de rotina, a nutrição equilibrada é fator primordial para se conseguir produtividade econômica. O programa anual de fertilização da lavoura é elaborado com dados das produções anteriores, dados da produção estimada,
resultados de análise de solo, resultados de análise de folhas e o aspecto visual da lavoura. Como o solo onde os cafeeiros estão implantados é estático, ou seja, não é revolvido por qualquer motivo, os adubos não são enterrados. As amostras de solo devem ser tiradas a cada dois anos, em profundidades de 0 a 10 cm e 20 a 40 cm, desprezando-se a faixa intermediária que vai de 10 a 20 cm. Na primeira faixa (de 0 a 10 cm) se reconhece a presença dos adubos residuais e na segunda (de 20 a 40), o efeito da acidificação natural ou provocada. Com esses números, se monta um plano de adubação corretiva – calagem, gessagem, fosfatagem. Interessante amostrar na mesma profundidade,
Doses para macronutrientes, em kg/ha. Módulo de 10 sacas beneficiadas Nitrogênio
Fósforo
Potássio
Magnésio
MO %
mg P/kg
K% CTC
Mg% CTC
SO4
< 15
15 a 40
> 40
< 10
10 a 20
> 20
<2
2a4
>4
<6
6 a12
>12
< 10
10 a 20
> 20
1ª
20
20
20
20
10
0
30
30
30
20
10
0
15
10
0
2ª
20
20
20
0
0
0
30
30
20
0
0
0
15
10
0
3ª
30
20
20
0
0
0
20
20
10
20
10
0
0
0
0
4ª
30
20
0
0
0
20
0
0
0
0
0
0
0
0
Total
100
80
20
10
0
100
80
60
40
20
0
30
20
0
Adubações
60
Enxofre
Observações: 1 – Fósforo extraído pela resina, pode ser parcelado, se conveniente; 2 – K % da CTC > 6 – dispensa adubação com potássio; 3 – Mg% da CTC em solos ácidos aplicar calcário com mais de 12% de MgO quando o teor na análise for menor que 12; 4 – 1ª adubação fixa, as demais modificáveis em função da análise de folhas, reavaliação da safra e o olho do dono.
no meio da área adubada e no centro das entrelinhas, lembrando que o cafeeiro tem raízes que ocupam todo o espaço entre plantas. A cada amostragem, o mesmo homem, a mesma ferramenta, o mesmo critério analítico. O programa de adubação modular, desenvolvido pelo professor Eurípedes Malavolta e pelo engenheiro agrônomo José Perez Romero mostra claramente o valor de um sistema de produção devidamente monitorado com análise de solo e de folhas, onde nada é estático, tudo é dinâmico, onde tudo pode ser mantido, aumentado, reduzido, postergado, ou mesmo suprimido. Os princípios básicos do método são os seguintes, para os macronutrientes:
1. Avaliação da safra pendente e análise do solo, para fornecer as doses a empregar em kg/ ha; 2. As doses totais poderão ser mantidas, aumentadas, reduzidas, postergadas ou até mesmo suprimidas, em função dos resultados das analises de folhas e reavaliação da safra pendente. 3. A dose inicial de nitrogênio é baseada no teor de matéria orgânica encontrado no solo. As demais adubações podem ser eventualmente corrigidas, com os resultados das análises de folhas. 4. Potássio e magnésio, em função do teor encontrado na CTC – Capacidade de Troca Catiônica do solo. 5. Para cada situação encontrada, as doses podem variar de um máximo até zero, ou seja, dose a empregar é a que dará a maior
e melhor resposta econômica. Na tabela acima, sugestões para adubação com macronutrientes, podendo-se visualizar as bases do programa de adubação modular desenvolvido por esses dois grandes nomes da agronomia nacional. Na tabela abaixo, sugestões para adubação com micronutrientes: Os princípios básicos do método para os micronutrientes são os seguintes: 1. Avaliação da safra pendente e análise do solo fornecem as doses a usar por ha; 2. As doses totais podem ser mantidas, aumentadas, diminuídas, postergadas ou mesmo suprimidas, em função dos resultados das análises de folhas e reavaliação da safra.
Doses para micronutrientes, em kg/ha Módulo de 10 sacas beneficiadas Adubações
Boro
Manganês
Zinco
< 0,3
0,3 – 0,6
> 0,6
< 10
> 10
<1
1a4
>4
1ª
0,5
0,5
0
5
0
2
1
0
2ª
0,5
0
0
0
0
0
0
3ª
0,5
0
0
0
2
1
0
4ª
0,5
0
0
0
0
0
0
Total
2
0
5
0
4
2
0
0,5 1
Observações: 1 – Boro – água quente; 2 – Boro acima de 80 g/dm³ nas folhas dispensa adubação com boro no solo e nas folhas; 3 – Manganês e Zinco extraídos preferencialmente pelo método de Mehlich.
setembro 2013 – Agro DBO | 43
Café Interpretação dos resultados de análise de folhas Faixas de variação nos teores foliares em cafezais com produção média entre 30-40 sacas beneficiadas por hectare Folhas recém-amadurecidas Elementos
Meses Jan-Fev
Mar-Abr
Mai-Jun
Jul-Ago
Set-Out
Nov-Dez
Gramas/quilo na matéria seca
Cafezal bem manejado, com plantas bem nutridas, de acordo com o programa anual de fertilizaçao da lavoura.
A essas ferramentas, se devem acrescentar os resultados das análises de folhas. Na tabela ao lado, os resultados podem ser interpretados a cada dois meses. Essa tabela foi produzida pelo programa de pesquisa e desenvolvimento com café do grupo Gomes de Almeida Fernandes, em sua fazenda Ipanema, de Alfenas (MG). O programa de pesquisa foi capitaneado pelo professor Malavolta e pelo engenheiro agrônomo José Peres Romero, sendo secretariado por mim. Cada faixa de teores corresponde à média de 44 amostras de folhas, coletadas sistematicamente a cada dois meses em 11 diferentes glebas de Mundo Novo, Catuaí e Bourbon. Foram mais de sete anos para disponibilizar esses resultados. Na página seguinte estão as 13 principais relações entre nutrientes, chamadas de relações fisiológicas. Tais relações foram selecionadas pelo professor Malavolta para facilitar a interpretação dos dados e como ele mesmo nos dizia, “colocar o dedo na ferida”, ou seja, rapidamente definir a causa ou as causas do problema. Por outro lado, trabalho do professor Malavolta, José Laércio Favarin e José Sebastião Machado da Silveira sobre a composição de flores, ramos e frutos de duas diferentes variedades de café, o Catuaí e o Mundo Novo, revelam a impor-
44 | Agro DBO – setembro 2013
Nitrogênio
28-31
26-31
28-31
26-29
28-32
28-32
Fósforo
1,7-1,9
1,5-1,9
1,4-1,9
1,2-1,6
1,4-1,6
1,6-1,9
Potássio
22-25
19-24
20-24
16-19
22-25
24-31
Cálcio
10-13
15-18
12-14
11-16
13-19
12-15
Magnésio
2,7-3,5
3,6-4,0
3,4-4,0
2,8-3,3
3,2-4,1
3,1-3,8
Enxofre
1,8-2,3
2,1-2,4
1,8-2,1
1,5-1,8
1,9-2,4
1,6-23
Miligramas/quilo na matéria seca Boro
50-60
60-80
50-70
40-70
50-60
50-80
Cobre
10-15
10-15
10-15
10-15
10-15
10-15
Ferro
120-200
110-200
200-400
250-300
250-350
120-250
Manganês
100-150
100-200
110-180
110-250
170-240
170-200
Molibdênio
0,100,15
0,100,15
0,100,15
0,100,15
0,100,15
0,10-0,15
Zinco
10-20
12-20
10-20
8-12
10-18
10-15
Relações fisiológicas N/P
15-18
14-21
15-22
16-24
17-23
15-20
N/K
1,1-1,4
1,1-1,6
1,2-1,5
1,4-1,8
1,1-1,4
0,9-1,0
N/S
12-17
11-15
13-17
14-19
12-17
12-14
N/B
467-620
325-517
400-620
371-725
467-640
350-640
N/Cu
18673100
17333100
18673100
17332900
18673200
18673200
P/Mg
0,5-0,7
0,4-0,5
0,4-0,5
0,4-0,6
0,3-0,5
0,4-0,6
P/Zn
85-190
75-158
70-190
100-200
78-160
107-190
K/Ca
1,7-2,5
1,0-1,7
1,4-2,0
1,0-1,7
1,1-1,9
1,6-2,6
K/Mg
6-9
5-7
5-7
5-7
5-8
6-10
K/Mn
146-250
95-240
111-218
64-172
92-142
120-440
Ca/Mg
2,8-4,8
3,7-5,0
3-4
3,3-5,7
3,2-5,9
3,1-4,8
Ca/Mn
67-130
75-180
67-127
44-145
54-112
60-214
Fe/Mn
0,8-1,2
0,5-0,5
1,1-3,6
1-2,7
1-2
0,6-3,6
Observação: não foi observada diferença estatística entre os resultados das diferentes cultivares.
Os princípios básicos de trabalho na lavoura incluem manejo de mato, água e plantas e adubação logo após o término da colheita. Principais relações entre nutrientes Relações
O porque
N/P
O nitrogênio como purina ou pirimidina (base nitrogenadas) e fósforo como ácido fosfórico, com proporções fixas nos ácidos nucleicos (DNA e RNA)
N/K
Nitrogênio e potássio estão juntos em vários processos relacionados com vegetação e crescimento. Sem nitrogênio, o potássio não funciona e vice – versa
N/S
As proteínas são formadas de unidades chamadas aminoácidos. Alguns aminoácidos como, por exemplo, cisteina, cistina, metionina, taurina, contém enxofre. Todas as proteínas vegetais possuem aminoácidos
N/B, N/Cu
O aumento na absorção do nitrogênio provoca maior crescimento, o que pode acarretar diluição na concentração N/Cu e N/B, consequentemente aumentam as relações N/B e N/Cu.
P/Mg
O magnésio é indispensável para a absorção do fósforo. Nas reações em que há armazenamento ou transferência de energia contida em compostos de fósforo há sempre participação do magnésio
P/Cu, /Fe, P/Mn, P/Zn
Excesso de fósforo provoca deficiência de cobre, ferro, manganês e zinco.
K/Ca, K/Mg, K/Mn
Excesso de potássio inibe a absorção do cálcio, magnésio e manganês.
Ca/Mg, Ca/Mn
O cálcio é essencial para absorção do magnésio e todos os demais elementos, entretanto seu excesso causa diminuição na absorção de vários cátions como potássio, magnésio, manganês e alumínio tóxico.
Fe/Mn
Excesso de ferro provoca diminuição na absorção do manganês e excesso de manganês causa diminuição na absorção do ferro.
tância do magnésio no pegamento das flores. Os dados permitiram as seguintes conclusões: 1. As flores do cafeeiro constituem forte dreno temporário de nutrientes variáveis de acordo com a cultivar; 2. Acúmulo de magnésio nas flores dos cultivares Catuaí e Mundo Novo representam 52% em relação ao total extraído pelas plantas (flores, folhas e ramos); 3. A adubação do cafeeiro deve começar antes do florescimento. Atualmente, de um modo geral, vem sendo feitas cerca de 8 a 10 análises de solo para cada
análise de folhas. Tempos virão e espero que não demore muito, para que essa situação se inverta, quando poderemos ter uma cafeicultura mais produtiva e econômica. Finalizando, com os princípios básicos de trabalho na lavoura cafeeira: 1. Manejo dos matos – manejar os matos de maneira a manter o solo sempre recoberto de matos mortos ou semimortos, com o objetivo de reduzir a erosão superficial e a de impacto ao mínimo; regular a temperatura do solo a
Monitorando o sistema (correção adubações de solo pela análise foliar)
ponto de estimular o maior desenvolvimento do sistema radicular; manter a biodiversidade vegetal positiva no mais alto nível, manter ou aumentar o teor de matéria orgânica no solo. 2. Manejo das águas – manejar a água caída das chuvas ou da irrigação, de maneira a cuidar para que cada gota seja lentamente cedida para as plantas, evitando qualquer estresse que cause a interrupção do crescimento normal das mesmas. 3. Manejo das plantas – investir anualmente em podas, para manter plantas com hastes produtivas. Introduzir o Sistema Safra Zero que reequilibra a estrutura das plantas, renova o sistema radicular e baixa custos substancialmente. 4. Medir intensamente cada uma das etapas do processo produtivo, de maneira que as atitudes sejam tomadas, conhecidas as causas da situação, pois quem não mede, não controla. 5. Iniciar a primeira adubação de solo logo após o término da colheita de cada talhão. setembro 2013 – Agro DBO | 45
Fitossanidade
O perigo mora ao lado Cientistas listaram 600 pragas quarentenárias, 10 das quais já atacaram lavouras de países vizinhos e podem entrar no Brasil. Glauco Menegheti
A
cultura do algodão, de manejo mais trabalhoso e custo quase três vezes superior ao da soja, ficou ainda mais complicada e cara. A safra 2012/13 entrou para história da cotonicultura brasileira pela sucessão de problemas fitossanitários e acabou virando caso de polícia. A infestação maciça da Helicoverpa armigera, espécie de lagarta até então desconhecida no Brasil, surpreendeu técnicos e produtores, abrindo espaço para questionamentos de todos os tipos, inclusive à suspeição de bioterrorismo – algo que explicaria sua introdução no país. O turismo de negócios e de lazer avança no mundo, bem como o comércio exterior. Apesar da riqueza gerada, esse fluxo de mer46 | Agro DBO – setembro 2013
cadorias e pessoas pode também representar ameaças e prejuízos poucas vezes testemunhados na história da agricultura brasileira, pois podem carregar invasores indesejáveis, como as pragas das lavouras. O exemplo mais pungente é o da Helicoverpa armigera, que, na safra passada, a primeira em que se manifestou, impôs prejuízos calculados em R$ 2 bilhões e está já espalhada pelo país. Pois estas ameaças foram mapeadas num estudo recente, realizado pela SBDA – Sociedade Brasileira de Defesa Agropecuária e Embrapa. A relação revela ameaças a diferentes culturas e modelos de produção, incluindo produtos da agricultura comercial à familiar. A seleção das pragas considerou a probabili-
dade de ocorrer a invasão e a relevância econômica das plantações que podem ser atacadas, segundo Marcelo Lopes da Silva, pesquisador da Embrapa que participou do estudo. Ele ressalta, porém, que o número de pragas consideradas quarentenárias – com real possibilidade de entrar no país – é muito maior. “O Brasil reconhece cerca de 600 pragas quarentenárias e não sabemos como combater a maioria delas. Precisamos de inteligência na defesa sanitária”, afirma. Destas, dez principais pragas ganharam destaque, ainda não identificadas no Brasil, mas que já infestaram lavouras nos países vizinhos. “São ameaças fitossanitárias, insetos, fungos, vírus, nematóides de difícil identificação, porque na maioria das
vezes são micro-organismos, que só podem ser vistos com microscópio”, explica o diretor substituto do DSV/ Mapa – Departamento de Sanidade Vegetal do Ministério da Agricultura, Carlos Artur Franz. Os critérios para o desenvolvimento do estudo foram os de proximidade geográfica, que caiu por terra com a chegada, na safra passada, da lagarta H. armigera, que ocorre na Oceania e Europa. “A maior ameaça não se dá pela proximidade”, pondera Franz.
rística de surgirem num ponto do planeta e se espalharem rapidamente, causando fortes danos. A necrose letal do milho, exemplifica, surgiu no Quênia em 2012, dizimando de 50% a 80% da produção do cereal. E as pragas, muitas vezes, são de difícil identificação. O caso da Helicoverpa armigera é bastante emblemático, no sentido de que as semelhanças com lagartas já existentes no país provocou confusão entre os pesquisadores que se debruçaram a identificar qual era exatamente aquela ameaça, como ela surgiu no país. Segundo Marcelo, a praga só pôde ser identificada por meio de decodificação de DNA, pois visualmente era praticamente idêntica à Helicoverpa zea. Mas a semelhança se restringe à aparência. “A H. armigera é muito mais danosa.” Ela ataca várias culturas e não existem inseticidas eficazes registrados no país para o seu combate.
O trabalho de identificação levantou um alerta: o Brasil é bastante vulnerável. Primeiro, por questões geográficas: possui no mínimo 100 pontos de ingresso e 34 aeroportos internacionais. Além disso, ao contrário do Hemisfério Norte, que produz apenas na primavera/verão, há produção no campo o ano todo, leia-se alimento e local seguro para reprodução. Soma-se à condição logística desfavorável a falta de verba e de pessoal para defesa. Recentemente, o Mapa sofreu contingenciamento de mais de R$ 150 milhões. “O nosso país está em crescimento, há dificuldade em estruturar controle, que existe, mas que está longe do ideal”, admite Franz. Hoje, segundo o servidor do Mapa, a média de idade do pessoal que atua no DSV é de 50 anos. O ministério autorizou a contratação, via concurso público, de 115 fiscais federais agropecuários, cujo edital ainda nem foi publicado, mas esse número não cobre nem as vagas por aposentadoria em 2013. De acordo com Marcelo Silva, o levantamento serve para montar uma referência a políticas de vigilância sanitária. Em 2010, o Ministério da Agricultura fez uma demanda à Embrapa para que houvesse essa classificação. A intenção é atualizar o estudo, pois o risco de pragas varia a cada ano. As pragas quarentenárias, conforme diz, têm a caracte-
Estragos provocados pela H. armigera em algodoeiro
Fiscalização e prevenção A mutabilidade característica dos insetos-praga é um desafio constante para a pesquisa. A ferrugem do trigo existe desde os tempos bíblicos, mas uma raça – a Ug99 – é capaz de matar as plantas com o gene de resistência Sr 31, que cobre 100% do trigo plantado no Brasil. Outra praga entre as 10 destacadas no levantamento da Embrapa e da SBDA com uma raça já introduzida no Brasil é a mosca branca da raça Q. Desde 1999 a raça B está por estas plagas e já é controlada por inseticidas do grupo dos neonitocinóides, mas a Q é resistente. Atualmente ela não está no país, mas poderá representar um risco ao se cruzar com a raça B. A mosca da carambola, uma praga extremamente prejudicial à fruticultura, entrou em 1996 pelo Suriname. Hoje ela está confinada ao Amapá e a Roraima, graças a um programa oficial do Ministério da Agricultura para impedir o trânsito e promover a erradicação da praga. “Se chegar ao Nordeste, na região setembro 2013 – Agro DBO | 47
Fitossanidade
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
Com o incremento do comércio mundial e do trânsito de pessoas, cresce a possibilidade de chegada de pragas exóticas no país.
Bactrocera, gênero sob o qual se abrigam centenas de espécies de moscas-de-frutas, muitas ainda não identificadas nos pomares brasileiros.
Fotos Embrapa
Estufa na Estação de Quarentena do Cenargen, em Brasília.
de fruticultura para exportação, vai causar grandes prejuízos”, observa o pesquisador. Em sua avaliação, é necessário ter maior consciência de fiscalização nas fronteiras. Segundo a pesquisadora e consultora Regina Sagayama, nos últimos dez anos ocorreu uma curva ascendente de introdução de pragas no Brasil. Elas entraram, sobretudo, pela região norte do país. Além de a fiscalização ser mais ineficiente nesta região, existe um trânsito intenso de pessoas vindo da Ásia. “Difícil fazer uma avaliação se o Brasil está no rumo certo ou errado. Acredito que os órgãos oficiais fazem o melhor possível dentro das condições disponíveis. Mas penso que deveria haver maior envolvimento da pesquisa como aliada dos serviços oficiais e também maior conscientização do setor privado quanto à importância
48 | Agro DBO – setembro 2013
de prevenir a entrada e disseminação de pragas (educação sanitária)”, considera a pesquisadora. Um dos itens fundamentais no trabalho de prevenção à entrada de pragas no país é a quarentena vegetal, que vem sendo desenvolvida pela Embrapa há quatro décadas. Para enfrentar um quadro de demanda reprimida, a empresa de pesquisa está criando nova unidade, a Quarentena Vegetal, que contará com uma área de 1400 m² para quarentenários em Brasília. Segundo a pesquisadora Abi Marques, a unidade deve entrar em funcionamento a partir de 2014 com uma equipe formada de 29 pesquisadores, analistas e pessoal de apoio. “As atuais instalações, do Cenargen – Centro Nacional de Pesquisa de Recursos Genéticos e Biotecnologia, ficaram pequenas. Se antes atendíamos apenas a demandas internas, agora também atuamos para terceiros”, explica a pesquisadora, que trabalha com quarentena vegetal há mais de 20 anos. Entre os que recorrem ao Cenargen, estão empresas privadas, universidades, entre outros que importam materiais genéticos. Na estrutura da nova unidade da Embrapa, serão construídos laboratórios que abrigarão oito especialidades: fungos, vírus, bactérias, nematóides, insetos, ácaros, plantas infestantes e cultura de tecidos. O objetivo é analisar o material vegetal em trânsito para verificar se está contaminado com organismos nocivos ao agronegócio nacional. Segundo Abi, o prédio foi concebido para atender ao fluxo de material e amostras, iniciando por salas de recebimento, documentação e registro, inspeção, contagem e separação de amostras, que depois vão para os laboratórios. Ao final do processo, as sementes e outros materiais de propagação, isentos de contaminação ou já tratados, seguem para os solicitantes
já embalados. O importante, em sua opinião, é que a estrutura vai propiciar que as sementes que estão sendo examinadas e as que estão sendo liberadas não ficarão no mesmo espaço. Esse procedimento atende não somente às normas para instalações quarentenárias, como às Normas do Sistema de Qualidade adotadas pela Embrapa para os laboratórios que emitem laudos de análise. AS 10 PRAGAS DO APOCALIPSE 1. Pulgão da soja – A praga com po-
tencial devastador é capaz de reduzir em até 50% a produção de soja. Até o final do século passado, estava restrita a algumas regiões da Ásia. Em 2000, foi encontrado nos EUA. No Brasil, a região Sul poderia ser a mais afetada. Locais de ocorrência: Canadá, EUA, China, Indonésia e Tailândia.
2. Mosca Branca raça “Q” – Ainda não foi registrada no Brasil, mas oferece real perigo às lavouras. Isso porque é resistente aos inseticidas do grupo de neonicotinóides, de amplo uso no Brasil e pode se misturar às raças de moscas-brancas já existentes. A “raça Q”, porém, não é praga quarentenária no Brasil. Locais de ocorrência: México, Estados Unidos, Canadá, Holanda, França, Espanha, Marrocos, Egito, Israel, China e Japão. 3. Necrose letal do milho – Uma
variante muito agressiva dessa doença apareceu no Quênia em 2012, dizimando as plantações daquele país. Devido à importância do milho para o Brasil, esta é uma doença que mereceria maior atenção por parte das autoridades brasileiras. Atualmente não é considerada uma praga quarentenária no Brasil. Locais de ocorrência: EUA e Quênia.
Fotos Dirceu Gassen
Bemisia, pulgões e mosca-branca, pragas comuns nas lavouras brasileiras
4. Monilíase do cacaueiro – Do-
ença que pode reduzir em até 80% a produção de cacau. Até 2010, afetava apenas lavouras situadas à oeste da Cordilheira dos Andes, mas já foi encontrada à leste. Para especialistas, é ainda mais agressiva do que a vassoura-de-bruxa, que quase devastou as lavouras brasileiras anos atrás. Locais de ocorrência: Venezuela, Colômbia e Peru.
5. Amarelecimento letal do coquei-
ro – O Brasil possui uma rica flora de palmeiras e biomas formados por babaçu e carnaúba, que poderiam ser fortemente impactados pela doença. A praga leva ao amarelecimento dos coqueiros e palmeiras e causa
a morte da planta. Locais de ocorrência: Caribe e África. 6. Striga – Trata-se de uma planta parasita que liga suas raízes diretamente às raízes de outras plantas, sugando a seiva absorvida, especialmente nas lavouras de milho. A Striga produz muitas sementes, pequenas e leves, que são facilmente dispersadas pelo vento. Locais de ocorrência: EUA, Guiana e Ásia. 7. Ferrugem do trigo – Atualmente, 90% do trigo plantado no mundo e 100% do trigo plantado no Brasil têm uma mesma base genética para resistir à ferrugem, o gene Sr31. Em 1999 foi encontrada uma nova raça
Registros de novas pragas no Brasil ao longo do período de 1901 a 2013
de ferrugem, batizada de Ug99, capaz de infectar de forma agressiva e matar plantas de trigo que possuem o gene Sr 31. Essa raça se espalhou pela África e chegou à Ásia, dispersada pelo vento. Locais de ocorrência: África e Leste da Europa. 8. Mosaico africano da mandioca
– Encontrada em países da África e Ásia, esta é uma doença de potencial devastador e facilmente disseminada pelas moscas-brancas. A entrada desta praga é uma ameaça à agricultura familiar em todo o Brasil – especialmente no Nordeste, onde a produção é pouco tecnificada. Locais de ocorrência: África subsaariana e Oriente Médio.
9. Ácaro chileno das fruteiras – Praga de fruteiras que surgiu no Chile e já chegou à Argentina. Pode reduzir a produção de uvas em até 30% e afeta também as lavouras de kiwi e citros. Sua introdução no Brasil levaria à imposição de barreiras fitossanitárias para exportação de frutas frescas. Locais de ocorrência: Chile e Argentina. 10. Xanthomonas do arroz – Bactéria que provoca a mais devastadora doença do arroz existente na Ásia. Estima-se que apenas no Japão, 25% da produção seja perdida por causa da doença. Já existem registros da ocorrência dessa doença em alguns países da América do Sul. Locais de ocorrência: Peru, Índia, China, Ja pão, Tailândia e Filipinas.
setembro 2013 – Agro DBO | 49
Marketing da terra
O marketing dos outros A grande maioria dos problemas do produtor rural brasileiro decorre da ausência de uma entidade que seja representativa. Richard Jakubaszko
A Torre de Babel representa a incapacidade de comunicação entre os seres humanos
M
arketing, conforme já registramos em outros textos desta seção ao longo de quase 10 anos, é a arte de se agregar valor a um produto ou serviço, pela capacidade de se estabelecer diferenciais competitivos, seja por ações de marketing, seja pela política associativa. O que se deve entender na ciência do marketing é que pode ser exercida de forma inadvertida pela sociedade consumidora em favor desses produtos ou serviços produzidos por outros. Explicando melhor essa teorização, caberia dizer que atores integrados na cadeia do agronegócio podem ser os agentes promotores desse marketing para agregar valor à pro-
50 | Agro DBO – setembro 2013
dução de alimentos no Brasil-Central. Ou seja, na vida, no marketing, ou mesmo no futebol, se a gente não faz gol tem a chance de levar um e perder o jogo. Como os produtores rurais brasileiros praticam a omissão de fazer marketing, e também as práticas políticas, através de ações associativas, correm o risco permanente de eternizar perdas, especialmente pela ação de setores como o legislativo brasileiro, do Governo Federal, ou de questões como tendências políticas e econômicas que ocorrem mundo afora. Vejamos alguns problemas do agronegócio, todos eles exemplos exacerbados pela omissão dos produtores rurais em ter participação num associativismo que seja representativo da classe: 1 – O atual Código Florestal será um eterno exemplo das perdas políticas dos produtores rurais. O confisco de terras, destinadas como Reserva Legal, sem contar as APPs, de 20% a até 80%, conforme a região, é um estatuto que ocorre por falta de resistência dos produtores rurais, e pela ausência de ações políticas exercidas através de uma associação representativa dos produtores. 2 – falta de infraestrutura e logística, em especial no transporte rodoferroviário e ausência de capacidade de armazenamento dos alimentos produzidos, com destaque para o Brasil Central, além de portos caros, ineficientes e sem estrutura. Enquanto não houver pressão política, forte e constante, os avanços serão sempre lentos, postergados de ano para ano, e até relegados ao próximo governo, sempre para depois das eleições, quando o ciclo se reinicia. Não
apenas os produtores perdem renda, mas o Brasil como um todo perde, com redução nas exportações, perda de negócios e preços reduzidos. 3 – causa espanto a afirmação de um consultor de mercado, que repercutiu na internet e em alguns jornais, de que o Brasil possivelmente terá de importar soja agora em setembro ou outubro. Por que isso? Exportamos demais? Ou o consumo interno de soja aumentou tanto assim? Se a importação efetivamente ocorrer, que ninguém se iluda, os preços vão subir, mas em benefício dos americanos e argentinos, pois demonstra total descontrole dentro do país que é hoje o maior exportador de soja do mundo. O assunto é mais grave ainda do que a importação de etanol de milho americano que realizamos em 2012, para atender o consumo interno, no país que tem a maior frota de carros flex do mundo. Faltaram interlocutores dos produtores nessa questão. 4 – A questão das reservas indígena a que se assiste no Brasil Central, mas também no Sul do País, requer posições fortes e postura profissional, em termos políticos, principalmente, mas com ações junto ao Legislativo Federal e ao Judiciário. Não há segurança jurídica ou legislativa. Há produtores que possuem terras adquiridas por seus antecedentes junto ao Governo Federal, coisa de 70 ou 90 anos atrás. Correm risco de serem desapropriados sem direito a indenização pela terra, exceto pelas benfeitorias. Poucos políticos atrevem-se a defender os produtores rurais nesse assunto, até porque o Governo Federal e seus agentes na área indígena ou fundiária,
como Funai e Incra, parecem jogar a favor de outras torcidas, ou, no mínimo, lavam as mãos. Se os próprios produtores rurais não tomarem iniciativas, as áreas indígenas e as de quilombolas vão crescer, e que ninguém tenha dúvidas disso. 5 – Cresce de forma absurda a burocracia exigida para a atividade rural, especialmente na questão ambiental e também na área trabalhista. A pressão da burocracia vai continuar com a chamada transformação dos produtores rurais em pessoas jurídicas, o que exigiria dos produtores a contratação de funcionários na área contábil, além de suporte jurídico, com expressivo aumento de custos administrativos. A qualquer momento um órgão qualquer do governo pode passar a exigir dos produtores rurais alguma obrigatoriedade, tipo “emplacamento” das máquinas agrícolas, e lá vem mais
burocracia e muitas taxas adicionais. E quem defende os produtores nessas situações? Nem há quem fale em nome dos produtores, mostrando as idiossincrasias da burocracia. Urge uma posição dos produtores em termos associativos de representatividade da categoria. É o marketing mínimo que os produtores poderiam fazer. Dentro dessa questão há um paradoxo, inexplicável como todas as contradições humanas: no Sul e Sudeste do País o cooperativismo prevalece como forma de apoio dos produtores. Mas nessas regiões não existe associativismo relevante, exceto as que representam culturas específicas, como batata, frutas, alho, que lutam com a falta de recursos por terem poucos associados. No Brasil Central, os produtores optaram por não ter cooperativas, mas uma associação forte, como a Aprosoja, e lu-
tam através dela para defender seus direitos. É importante lembrar que a grande e esmagadora maioria desses produtores são originários do Sul do País, e provavelmente mudaram seus posicionamentos no transcorrer da viagem de migração. Daí o paradoxo a que nos referimos, ou estavam errados antes ou estão errados agora. Nesta seção da Agro DBO, o Marketing da Terra, desde o início, acreditamos que somente a união das cooperativas com uma associação, desde que seja uma entidade nacional representativa, poderia propiciar aos produtores rurais a segurança jurídica, política e comercial de que necessitam para trabalhar. Sugerimos pensar a respeito, debatendo o assunto com outros produtores e líderes do setor. Sozinho não se chegará a lugar nenhum. Esse é o marketing que beneficia somente os outros.
setembro 2013 – Agro DBO | 51
Artigo
Competitividade agrícola Nitrogênio biológico pode substituir, parcial ou totalmente, dependendo da cultura, o uso de fertilizantes nitrogenados. Roberto Berwanger Batista*
Raízes de soja inoculadas. Os nódulos abrigam bactérias capazes de captar e converter nitrogênio do ar
A
,,
ssociações e entidades brasileiras unem forças em projetos de pesquisas para promover o conhecimento, uso e valorização da técnica de FNB – Fixação Biológica de Nitrogênio entre os agricultores do país. O objetivo dessa difusão é aumentar o uso do nitrogênio biológico, de modo a substituir, parcial ou totalmente, os fertilizantes nitroge-
nados. Com uma economia anual em torno de US$ 7 bilhões ao país, de acordo com Embrapa Soja, o uso da FBN também atende a necessidade global de suprir o crescente aumento populacional e a necessidade cada vez maior de produção de alimentos. No processo de fixação biológica, o nitrogênio atmosférico, que se encontra em forma não utilizável pelas plantas, é transformado, por
bactérias em formas bioquímicas que atenderão às necessidades nutricionais das culturas. Em alguns casos a bactéria e a planta formam um sistema simbiótico, com beneficio mútuo para ambas. Na cultura da soja a bactéria utilizada no processo de fixação é a do gênero Rhizobium, que compreende pelo menos 30 espécies. A bactéria é adicionada ao sistema solo-planta por
Custo e benefício Nas últimas décadas o conhecimento sobre bactérias em gramíneas evoluiu de forma extraordinária. Houve uma seleção rigorosa de cepas para fazer a conversão do nitrogênio no solo, no interior das raízes ou em outros tecidos vegetais. Paralelamente, foram realizadas descobertas sobre o potencial das bactérias do gênero Azospirillum, que, por associação, contribuem para o aporte do nitrogênio nas gramíneas. No Brasil, estima-se que o uso dos inoculantes contendo as estirpes selecio-
52 | Agro DBO – setembro 2013
nadas de Azospirillum brasiliense (ao lado, raízes de arroz inoculado com A. brasiliense) pode resultar em uma economia estimada de US$ 2 bilhões por ano. Esse cálculo pode ser feito a partir da reposição parcial do fertilizante nitrogenado
inoculada
não inoculada
requerido por culturas como o milho e o trigo, junto com a eficiência de sua utilização pelas plantas e o preço médio tradicional dos fertilizantes no mercado nacional (US$1 por kg de N). De acordo com a Embrapa Meio Ambiente, cerca de 30% das emissões de dióxido de carbono resultante das atividades humanas vêm da agricultura, incluindo-se nessa conta as emissões indiretas do desmatamento e das mudanças no uso da terra, além da produção de fertilizantes e a refrigeração de alimentos.
doses X 1.000
Produção de inoculantes (soja + feijão) – Empresas ANPII
meio dos produtos denominados inoculantes. O exemplo de maior impacto econômico para o país é a soja. O Brasil é um dos países com melhor uso eficiente da FBN. Os 27 milhões de hectares ocupados pela sojicultura nacional utilizam quase que exclusivamente esta tecnologia, com um consumo insignificante de fertilizante químico nitrogenado. Essa tecnologia é um dos fatores preponderantes para a competitividade da soja brasileira, pois significa uma economia para o agricultor, o país e o ambiente como um todo. Na cultura do feijão, a técnica ainda está em processo de aprimoramento, mas os resultados apresentam rendimentos correspondentes ao dobro da média nacional. Isso pode gerar economia anual de US$ 500 milhões, de acordo com o Programa ABC – Agricultura de Baixo Carbono, criado pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento como parte dos compromissos do Brasil para reduzir as emissões de carbono, com metas definidas e estabelecidas em Copenhague, durante a COP-15 em 2010. Um dos seis pilares do programa estabelece meta para incrementar o uso da tecnologia de FBN em diversas culturas por todo o território nacional. Em áreas de primeiro ano de cultivo de leguminosas, o papel da FBN é fundamental para o sucesso da cultura. É preciso tomar todos os cuidados para uma perfeita implantação da bactéria no solo,
como utilizar o dobro da dose de inoculante recomendada. Em anos de plantio sucessivo da mesma cultura, com as bactérias já implantadas no solo, o inoculante também proporciona sensíveis aumentos de produtividade. No Brasil, as pesquisas indicam aumento médio de 8% na produtividade da soja se tais cuidados forem tomados. Sustentavelmente, a técnica minimiza o impacto dos fertilizantes nitrogenados sobre o meio ambiente, resultando em menor poluição da água, por exemplo, facilitando o sequestro de carbono. Estudos desenvolvidos por pesquisadores da Embrapa Cerrado indicam que a fixação de 90 milhões de toneladas de nitrogênio equivale ao sequestro de quase 1 bilhão de toneladas por ano, enquanto o processo industrial que transforma o N2 atmosférico em NH3 demanda por volta de seis barris de petróleo por unidade fixada. Dessa forma, a inoculação de bactérias fixadoras de nitrogênio é uma tecnologia extremamente importante para a cultura, de custo baixo, e que melhora a qualidade do ambiente, reduzindo a emissão dos gases de efeito estufa. O processo de FBN não despende energia, não polui e enriquece o solo com nitrogênio, que será aproveitado na cultura seguinte. * O autor é diretor técnico da Microquímica e presidente da ANPII – Associação Nacional dos Produtores e Importadores de Inoculantes
setembro 2013 – Agro DBO | 53
Política SRB critica aparelhamento político do Mapa
Cesário Ramalho Silva, desagradam as mudanças políticas no Mapa.
A
SRB, Sociedade Rural Brasileira, presidida por Cesário Ramalho Silva, emitiu nota para a imprensa, mostrando descontentamento com as recentes mudanças de cargos no MAPA. Diz a nota:
“O Ministério da Agricultura vem sendo alvo de um processo de aparelhamento político marcado pela substituição de profissionais de caráter técnico e com respeitável trajetória na pasta por indivíduos ligados a grupos econômicos específicos”. “Esta manobra, que atinge principalmente o segundo escalão do Mapa, fere a autoridade do Mapa, e retira da pasta a autonomia para selecionar o seu próprio grupo de técnicos”. A nota continua: “Apesar de recentemente termos tido ótimos ministros, o desmantelamento da pasta da Agricultura ao longo dos anos é latente. A verdade é que o
Mapa vem perdendo autonomia, função estratégica, poder político, e recursos, e as recentes trocas acentuam ainda mais esta delicada situação. Profissionais que estão sendo substituídos foram, por exemplo, responsáveis por conquistas de mercados internacionais para produtos agrícolas brasileiros”. “A saída destes profissionais compromete acordos já existentes, e ameaça futuros. Isso porque o aparelhamento político coloca nos cargos pessoas sem bagagem técnica. O Ministério da Agricultura não pode ficar à mercê de grupos de interesse, devendo servir a todo o agronegócio brasileiro, e consequentemente ao País.”
No comunicado divulgado pela Aprosoja, o acordo é referente à ação judicial movida contra a Monsanto, devido à cobrança indevida de royalties, desde 2010, sobre a tecnologia Roundup Ready (RR1). Segundo as cláusulas, a Famato desiste do processo, e em troca a Monsanto concede um bônus de R$ 18,50 re-
ais no custo dos royalties da nova tecnologia Round Ready 2 Pro, durante quatro anos. A variedade de soja tem o valor inicial de R$ 115 por ha, e com o bônus o produtor pagará R$ 96,50 por ha. Apesar da anuência da Aprosoja, os produtores podem optar, individualmente, por aceitar ou rejeitar o acordo.
Aprosoja
A
Aprosoja – Associação de Produtores de Soja e Milho, após Assembleia Geral com os produtores associados, em 8 de agosto último, deu anuência oficial ao acordo firmado entre a Monsanto, a Famato – Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso e os Sindicatos Rurais de MT.
Congresso Abag
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ealizado na primeira semana de agosto, o XII Congresso da Abag, em São Paulo, parecia, em algumas palestras, um chororô nacional sobre a não importância aparente que o governo federal tem aplicado ao agronegócio. Houve acusações de omissão e de incompetência, especialmente nas questões de logística e infraestrutura, tema de fundo do Congresso. Entre palestras e homenagens nosso colaborador e amigo Alfredo Scheid Lopes, engenheiro
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Alfredão, como é carinhosamente chamado, agradeceu as homenagens.
agrônomo, professor emérito da Universidade Federal de Lavras, MG, recebeu o prêmio Norman Borlaug pela realização de sua notável obra em fertilidade dos solos. Outro agrônomo homenageado foi Cristiano Simon, que por mais de duas décadas foi diretor executivo da Andef.
Alho com dumping
O
s deputados federais Valdir Colatto (PMDB-SC) e Nelson Marquezelli (PTB-SP), juntamente com o presidente da Anapa, Associação Nacional dos Produtores de Alho, Rafael Corsino, estiveram reunidos com o secretário executivo da Camex, Câmara de Comércio Exterior, André Alvim de Paula Rizzo para tratar do antidumping do alho importado da China. A intenção do setor é a revisão e a posterior renovação do antidumping, a ser imposto ao alho chinês. A não renovação pode ocasionar riscos e prejuízos para a produção brasileira. O processo se encontra agora em fase técnica, mas ainda em setembro, o Departamento de Defesa Comercial, da SECEX/ MDIC deverá emitir seu parecer.
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Logo após, o processo será enviado à Camex, que dará a decisão final. “Essa revisão representa segurança jurídica aos produtores para que continuem a plantar, garantindo, de forma leal, uma concorrência com o produto importado”, afirmou o deputado Colatto. A consequência final da medida seria a extinção da cultura no Brasil, uma cadeia que é o sustento de mais de 3 mil famílias da agri-
cultura familiar e gera 33 mil postos de trabalho no Cerrado”, ressaltou o presidente da Anapa, Rafael Corsino. O dumping é a prática comercial que consiste em uma ou mais empresas de um país venderem seus produtos por preços extraordinariamente abaixo de seu valor justo para outro país. Esta técnica é utilizada também como forma de ganhar quotas de mercado.
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Política A AENDA, estupefata.
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Associação de Empresas Nacionais de Defensivos Agrícolas registrou em seu relatório mensal de agosto algumas impropriedades e imbecilidades legislativas: Alimento com agrotóxicos utilizados – O PL 6446/2008 do Dep. Sarney Filho (PV/MA) obriga as indústrias de alimentos a incluírem nos rótulos informações sobre todos os tipos de agrotóxicos, medicamentos e substâncias similares empregados na fabricação dos produtos de origem vegetal e animal colocados à venda. O PL foi aprovado na Comissão de Defesa do Consumidor, após parecer favorável do Relator Dep. Ricardo Izar (PSD/SP). Uma emenda substitutiva do Relator determina que, se os produtos forem vendidos a granel ou in natura diretamente ao consumidor, as informações deve-
rão constar dos recipientes e nos documentos fiscais. Fertilizantes – O PL 5166/2013 do Dep. Fed. Adrian Ramos (PMDB/RJ) propõe que fertilizantes, corretivos, inoculantes e bioferfilizantes passem também por exigências da Saúde e do Meio Ambiente, assim como os agrotóxicos.
Justiça Federal manda Anvisa entregar dossiê – A Fersol não conseguiu ainda obter todo o material do processo do banimento do Metamidofós. Faltam páginas, e a empresa alega que nestas páginas estariam provas do vício ou ilegalidade do processo. Em recente decisão a Justiça Federal determinou à Anvisa que entregue o dossiê completo.
Academia Nacional de Agricultura
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uís Carlos Guedes Pinto, diretor geral de Seguros Rurais do Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre, tomou posse em 15 de agosto último, como membro da Academia Nacional de Agricultura. Mantida pela SNA – Sociedade Nacional de Agricultura, com sede no Rio de Janeiro, e presidida pelo ex-ministro Roberto Rodrigues, a academia é um fórum permanente que reúne líderes do setor rural brasileiro para debater e trocar experiências sobre projetos e propostas de políticas pú-
blicas para o setor. Guedes Pinto foi ministro da Agricultura no governo Lula e também preside o Conselho de Administração da Bolsa Brasileira de Mercadorias. Além de Guedes Pinto, são membros da academia Marcus Vinícius Pratini de Moraes, Antônio Delfim Netto, Pierre Landolt, Jório Dauster, João Carlos Meirelles, Ibsen de Gusmão Câmara, Rubens Ricupero, Israel Klabin, Fábio de Salles Meirelles, Elizabeth Farina, entre outros.
Regulamentação do Seguro Rural
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ma precipitação burocrática. Foi assim que o coordenador de Seguro Rural, Mapa, Ministério da Agricultura, Vicente de Paula Diniz, avaliou a publicação (no Diário Oficial da União de 19 de agosto) e posterior anulação (no dia 20 de agosto) da regulamentação para operacionalização da oferta de subvenção ao prêmio do Seguro Rural.
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Biblioteca da Terra Atlas Brasil 2013
Classificação de solos
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A Embrapa apresenta a 3ª edição, revista e ampliada, do livro Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS), uma das publicações mais vendidas da instituição. Resultado da parceria entre a Embrapa Solos, responsável pelo conteúdo técnico, e a Embrapa Informação Tecnológica, a obra condensa e atualiza o conhecimento científico e a pesquisa prática sobre os solos brasileiros. O SiBCS está estruturado em seis níveis categóricos (ordem, subordem, grande grupo, subgrupo) e classes. O novo sistema de classificação inclui revisão de conceitos, hierarquização dos solos, novos atributos, chaves de classificação e atualização da nomenclatura. O livro custa R$ 13,30. Para comprá-lo é necessário acessar a página da Livraria Embrapa: www.embrapa.br/liv.
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PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento lançou o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, disponível na internet (www.pnud.org.br). O documento, também conhecido como Atlas Brasil 2013, avalia e categoriza os dados do censo demográfico do IBGE pela ótica do desenvolvimento humano. O material foi elaborado em parceria com o Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e pela Fundação João Pinheiro a partir de informações do Censo de 2010.O Atlas é uma ferramenta de democratização das informações sobre os municípios brasileiros, útil tanto para os gestores públicos quanto para a sociedade em geral. O estudo é composto por mais de 180 indicadores de variáveis socioeconômicas, que apoiam a análise do IDHM, partindo de temas como demografia, educação, renda, habitação, trabalho e vulnerabilidade. A consulta pode ser feita pelo site www.atlasbrasil.org.br, em cuja plataforma é possível selecionar o município e os dados de seu interesse, criar mapas e gráficos e baixar as demais informações do Atlas.
Análise de território e políticas
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O Nead/MDA -Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural do Ministério do Desenvolvimento Agrário produziu, em parceria com a Esalq, o livro Análise Territorial e Políticas para o Desenvolvimento Agrário, disponível para download no site www.nead.gov.br > seção Publicações > Série NEAD Estudos. A obra não é comercializada. Sua versão impressa é enviada gratuitamente a bibliotecas de universidades, centros e grupos de pesquisa, movimentos sociais e demais instituições que trabalham com o tema. Para solicitar um exemplar, a instituição interessada deve enviar email para neadcomunica@gmail.com
Cooperativas: estudo de caso
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O livro aborda a participação das cooperativas paranaenses na dinâmica da modernização da agricultura nacional. O autor, Sérgio Fajardo, centra sua análise no caso da Cocari – Cooperativa Agropecuária e Industrial, de Mandaguari (PR). Entre outros itens, ele avalia a estratégia – relativamente comum entre as cooperativas brasileiras – de custear a modernização com recursos públicos. “Se, por um lado, o financiamento traz crescimento e fortalecimento às cooperativas, por outro pode desencadear uma crise. Foi o que aconteceu com a Cocari, que, por excesso de endividamento, teve de se desfazer de benefícios e serviços sociais aos associados”. Com 148 páginas, a obra custa R$ 44,90 e pode ser adquirida através do site www.loja.livraria dapaco.com.br ou em livrarias especializadas.
Novidades do amendoim
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A Embrapa lançou a 2ª edição do livro O Agronegócio do Amendoim no Brasil, atualizando as informações geradas em mais de 50 anos de pesquisa. Entre outros temas, a publicação trata de mercado, genética, ecofisiologia, manejo, colheita e pós-colheita, controle de doenças, manejo de insetos-praga e aspectos nutricionais. Quatro novos capítulos abordam as propriedades bioquímica e funcional do amendoim, o potencial no segmento de agroenergia, máquinas e implementos agrícolas e aproveitamento dos subprodutos na alimentação animal. Com 585 páginas, custa R$ 48,00 e pode ser encomendado através do site www.embrapa.br/liv
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Análise de mercado
Safra (ainda) alcooleira A indústria proriza o etanol, mas o mix de produção pode mudar. Se o dólar continuar alto, o açúcar ganhará espaço, favorecendo os preços.
S
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egundo dados da Unica – União da Indústria de Cana-de-Açúcar, o volume de cana processado pelas unidades produtoras da região Centro-Sul do Brasil atingiu 46,34 milhões de toneladas nos primeiros 15 dias de agosto, 4,72% acima do registrado na mesma quinzena de 2012.(44,25 milhões/t). Desde o início da atual safra (até 16/8), a moagem somou 315,10 milhões/t, aumento de 20,68% em relação ao mesmo período do ano passado. Conforme o CTC – Centro de Tecnologia Canavieira, a produtividade agrícola totalizou 86,50 toneladas/ha de cana na primeira metade de agosto. No acumulado desde o
início da safra, alcançou 85,32 toneladas/ha, contra 78,38 computadas em idêntico período de 2012. A quantidade de ATR – Açúcares Totais Recuperáveis atingiu 137,96 kg/t de cana, alta de 3,35% em relação aos 133,49 kg apurados na quinzena passada. No acumulado da atual safra, a concentração de ATR chegou a 127,77 kg/t de matéria-prima, ante 126,55 kg/t no mesmo período do último ano. Da quantidade total de cana-de-açúcar moída na primeira metade de agosto, 47,76% destinou-se à produção de açúcar. Desde o início da safra, a proporção de matéria-prima direcionada à fabricação de açúcar também segue abaixo
dos índices passados: 43,66% neste ano, contra 48,68% e 47,13% em 2012 e 2011, respectivamente. Para o Diretor Técnico da Unica, Antônio de Pádua Rodrigues, a recente mudança na taxa de câmbio ajudou a recuperar os preços do açúcar no mercado internacional e alterou a atratividade do produto frente ao etanol, mas não o suficiente para alterar drasticamente o mix de produção em prol do açúcar. “Isso porque a flexibilidade das unidades produtoras é limitada neste período da safra, caracterizado por maior moagem e ATR,” explicou Rodrigues. Ou seja, a safra continua mais alcooleira do que açucareira. Assim, a produção de etanol
Trigo –
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As cotações entraram em agosto em alta, influenciadas por estoques baixos, dificuldades de importação (a alta no dólar encareceu as aquisições) e pouca disponibilidade do produto internamente. No leilão de venda do governo, realizado em 11/8, a disputa entre compradores inflou as cotações. No âmbito global, as notícias de problemas climáticos nos EUA pressionaram ainda mais as cotações para cima. A tendência permanece altista.
* Em 19/8, o Indicador Cepea/Esalq registrou R$ 971,60 por tonelada, mercado disponível, à vista (o valor à prazo é descontado pela taxa NPR), posto Paraná.
ALGODÃO – Os preços subiram bastante na primeira quinzena de agosto, considerando o patamar no final de julho, e cresceram mais um pouco no final da quinzena, quando o USDA divulgou relatório reduzindo a safra norte-americana na temporada 2013/14. No entanto, caíram no final do mês, influenciadas pela queda nas cotações externas da pluma. Com isso, compradores e vendedores se retraíram, a espera de uma definição do mercado.
* Em 19/8, o Indicador Cepea/Esalq registrou R$ 226,87 centavos de real por libra-peso.
ARROZ – O mercado interno permaneceu estável em agosto. Os indicadores do Arroz em Casca Esalq/Bolsa Brasileira de Mercadorias-BM&FBovespa de 31/7 (R$ 34,72) e 19/8 (R$ 34,56) mostram pequena queda no período, mas, de maneira geral, as cotações não se alteraram muito. Boa parte dos orizicultores permaneceu na moita, na expectativa de alta no mercado interno, já que o dólar valorizado limita as importações do produto.
* Em 19/8, o Indicador Arroz em Casca Esalq/Bolsa Brasileira de Mercadorias – BM&FBovespa registrou R$ 34,56 à vista por saca de 50kg, tipo 1, posto indústria Rio Grande do Sul.
Análise de mercado alcançou 1,95 bilhão/l nos primeiros 15 dias de agosto, 1,10 bilhão dos quais de hidratado e 858,23 milhões, de anidro. A de açúcar totalizou 2,91 milhões/t, contra 3,03 registradas na mesma quinzena de 2012. Embora o açúcar seja mais rentável para as usinas, em relação ao etanol, os preços não vêm reagindo a ponto de influir no mix. Segundo estimativas da Organização Internacional do Açúcar, o excedente global é de, aproximadamente, 10 milhões de toneladas na temporada 2012/13, pressionando fortemente as cotações para baixo, embora posições vendidas no final do mês passado na Bolsa de Nova York tenham contribuído para sustentar os preços globais. Nas últimas três safras, a parcela de cana destinada ao etanol vinha caindo e, na safra 2012/13, chegou a ser de 50,46% da produção. Conforme a Unica, na safra atual o combustível deve consumir 57,10% da produção de cana-de-açúcar, cujo incremento se deve, em grande parte, à
parcela necessária para atender o aumento do percentual de etanol misturado à gasolina, autorizado pelo governo – a mistura foi ampliada de 20% para 25% em maio, o que demanda 2,3 bilhões de litros por safra. Analistas de mercado acreditam, porém, que o mix de produção no Brasil pode mudar rapidamente, em função do câmbio. Se o dólar continuar alto, o açúcar poderá ganhar espaço, favorecendo os preços. O etanol é destinado basicamente ao mercado interno, embora as exportações venham crescendo. O grosso da produção de açúcar, ao contrário, é voltado à exportação. Se a paridade cambial perdurar nos patamares observados em agosto, a rentabilidade obtida com açúcar vai melhorar, diferentemente do que aconteceu no início da safra, quando o dólar estava baixo e remunerava mais que o açúcar. É provável que a safra de cana-de-açúcar continue alcooleira ao fechar o ano, mas não muito. O açúcar pode empatar o jogo.
* Em 19/8, o Indicador Café Arábica Cepea/Esalq registrou R$ 289,76 por saca de 60 kg, bica corrida, tipo 6, bebida dura para melhor, posto cidade de São Paulo.
CAFÉ – O arábica obteve expressivas altas nos preços na primeira quinzena de agosto, interna e externamente, devido à previsão de chuvas, frio intenso e geadas fortes nas principais regiões produtoras do Brasil. O Indicador Cepea/Esalq do tipo 6, bebida dura para melhor, posto em São Paulo, registrou R$ 289,76 em 19/8. Segundo analistas, os fundamentos, de maneira geral, são baixistas, influenciados por grandes safras e estoques altos.
açúcar – As exportações continuaram remunerando melhor que as vendas internas em agosto. Na primeira quinzena, as alimentícias e empacotadoras saíram às compras no mercado interno para garantir novos lotes. Em 19/8, o Indicador Açúcar Cristal Cepea/Esalq (mercado paulista) fechou a R$ 43,24/saca de 50 kg. Na semana seguinte, os preços reagiram um pouco, permanecendo, porém, abaixo da média das últimas safras. No final do mês, a depreciação da moeda brasileira frente ao dólar melhorou a oferta, favorecendo os negócios. Analisas acreditam que, no curto prazo, a demanda pode ajudar a sustentar as cotações.
* Em 19/8, o Indicador Açúcar Cristal Cepea/Esalq registrou R$ 43,24 por saca de 50 kg, com ICMS (7%), posto São Paulo.
Fonte: Cepea – www.cepea.esalq.usp.br
MILHO –
* Em 19/8, o Indicador Esalq/BM&FBovespa registrou R$ 23,62 por saca de 60kg, descontado o prazo de pagamento pela taxa CDI/Cetip.
A soja continuou atrapalhando o mercado do milho em agosto. Muitos produtores com soja armazenada se dedicaram mais aos negócios com a oleaginosa, aproveitando a alta do dólar, esfriando, por tabela, as vendas internas de milho. Mesmo assim, as cotações do cereal subiram na segunda quinzena do mês, na esteira da valorização da moeda americana e recuperação nas cotações internacionais. A demanda global indica sustentação dos preços.
* Em 19/8, o Indicador Cepea/Esalq/BM&FBovespa registrou R$ 72,51 por saca de 60 kg, posto Paranaguá, descontado o prazo de pagamento pela taxa CDI/Cetip.
soja – As cotações apresentaram altas sucessivas no mercado doméstico em agosto, pequenas, porém, consistentes, impulsionadas pela valorização do dólar frente o real e pelos aumentos nos preços externos da oleaginosa e derivados. Os baixos estoques mundiais de passagem e as projeções do USDA, reduzindo a oferta norte-americana neste ano também pressionaram os preços para a cima. No curto prazo, a tendência é altista.
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Novidades no campo Trator Agrale na Expointer
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Uma dos principais fabricantes de máquinas agrícolas do país, a Agrale lançou na Expointer o trator 5105 4X4, ampliando sua oferta de modelos da linha 5000 da empresa. O modelo apresenta novo design, com capô basculante, motorização turbo MWM de 105 cv de potência, transmissão 10x2 de série, com opcionais 12x12 com inversor de marchas e 20x4 com super redutor, cabine com ar-condicionado, direção escamoteável e telescópica e sistema hidráulico de alta vazão, que incorpora válvula de vazão contínua de série. A empresa apresentou também seus tratores da linha 500, como o compacto 575.4, modelos da linhas 4000 e da linha 6000, a exemplo do BX 6.110.
Nova uva preta de mesa
Manipulador telescópico agrícola
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A Embrapa aproveitou uma tarde de campo realizada no mês passado em Jales, no noroeste de São Paulo, para lançar a BRS Núbia, uva preta de mesa com sementes. “A nova cultivar tem entre seus principais atributos a uniformidade de cor e necessidade menor de mão-de-obra no cultivo”, diz o pesquisador João Dimas Garcia Maia, um dos coordenadores do Programa de Melhoramento Genético de Uva da Embrapa Uva e Vinho. A BRS Núbia apresenta cachos de 450 gramas, em média, bagas de 24 por 34 mm, produtividade entre 25 e 30 toneladas/ ha, textura firme, teor de açúcar de 16° a 20° brix, altos níveis de polifenóis e boa fertilidade. Resultante do cruzamento entre as cultivares Michele Palieri e Arkansas 2095, é recomendada para as regiões de Petrolina (PE), Marialva (norte do Paraná) e Jaíba (norte de Minas Gerais), além de Jales.
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Gigante britânica do setor de máquinas para construção civil, a JCB traz para o mercado brasileiro o manipulador telescópico agrícola 531-70, um dos destaques da empresa na 36 ª Expointer – Exposição Internacional de Animais, Máquinas, Implementos e Produtos Agropecuários, realizada de 24 de agosto e primeiro de setembro em Esteio (RS). Utilizando variados acessórios (garfo, garras, guinchos ou caçamba, por exemplo) o operador manuseia materiais como calcário, big bags, silagem, feno, gesso e outros no preparo do solo, na lavoura, durante a colheita, em armazéns, no transporte de produtos, em várias situações, enfim. “A robustez, economia de combustível e design moderno, associados à gama de acessórios que podem ser acoplados à máquina, garantem versatilidade e alta produtividade do equipamento tanto na agricultura quanto em pecuária”, diz Fabrício Abe, gerente de produtos agrícolas da JCB.
Plantas bem nutridas
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Lançamento da Stoller, o Hold tem como diferencial a redução de etileno, hormônio causador de estresse em vegetais. Em condições normais, o etileno é benéfico em algumas etapas da vida das plantas, como na maturação dos frutos. Em concentrações elevadas – o que acontece em casos de estresse -, ele compromete o desenvolvimento radicular e o sistema nutricional das plantas, acelera o envelhecimento e queda de folhas; e induz o abortamento (queda) de flores e frutos, entre outros problemas. O Hold ajuda a controlar ou inibir a produção de etileno, melhorando a condição fisiológica e nutricional das plantas. É um produto indicado para várias culturas, especialmente soja, algodão, feijão, trigo, café, uva e hortaliças.
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Novidades no campo Proteção contra a larva-alfinete
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A Monsanto lançou oficialmente duas novas tecnologias para o cultivo de milho. A VT PRO 3 RIB, voltada à proteção da raiz da planta contra a Diabrotica speciosa (larva alfinete), é destinada às lavouras de verão do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e sul de São Paulo. A VT PRO MAX RIB, à segunda safra no sul do país e áreas de verão e segundo safra no Centro-Norte do Brasil. Ambas possuem ação contra pragas alvo na cultura do milho e solução de refúgio completo na sacaria (RIB Completo). A tecnologia VT PRO 3 RIB apresenta duas proteínas Bts para o controle das principais lagartas da parte aérea da planta e uma proteína Bt específica contra a larva alfinete, praga que se alimenta das raízes do milho, diminuindo a capacidade de absorção de água e nutrientes e reduzindo o potencial produtivo da lavoura.
Nova variedade de arroz
Pente fino nos alimentos
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A BASF lançou a cultivar Guri Inta CL durante o VIII Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, realizado em Santa Maria (RS). Tolerante aos herbicidas Only e Kifix para o manejo químico do Arroz Vermelho, a Guri reduz o acamamento (planta deitada) e proporciona estabilidade de produção. Segundo informações da empresa, também se mostrou eficiente em testes de cocção (cozimento) promovidos por indústrias de beneficiamento de arroz do Rio Grande do Sul. Os estudos para a implantação da cultivar foram iniciados há quatro safras, baseados nos pilares do Sistema de Produção Clearfield: sementes certificadas, uso dos herbicidas Only e Kifix e o Programa de Sustentabilidade do Sistema. “Preservamos a tecnologia com essa proposta de manejo e viabilizamos a produção nas melhores áreas“, esclarece Eduardo Gobbo. gerente de Marketing Cultivos Cereais Sul da BASF.
Pesquisadores da Embrapa Instrumentação, sediada em São Carlos (SP), desenvolveram equipamento de ressonância magnética que permite identificar a quantidade de açúcar em alimentos ou se foram adulterados. Num supermercado, o consumidor poderá saber se uma fruta, por exemlo, está doce ou não, antes de levá-la para casa. O aparelho mede a composição química de um alimento e pode ser ajustado para avaliar o teor de álcool em bebidas ou o de gordura em carnes, embutidos, nozes, queijos, etc. Enfim, numa gama enorme de produtos, inclusive naqueles embaladas em plásticos (uma maionese, por exemplo) ou vidros (molhos de saladas). A limitação da tecnologia são os pacotes metálicos, latas e embalagens tetra pak, que impedem a leitura do conteúdo do alimento.
Controle de ponto no campo
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A Dimep promete acabar com um problema recorrente no meio rural: registrar o ponto de funcionários que trabalham em locais sem energia elétrica. Muitas vezes, a informação é anotada à mão em caderneta ou digitada em notebooks. Em qualquer caso, o risco de erro é grande. A Dimep oferece como opção duas soluções em relógio de ponto móvel movidos à bateria, sem necessidade de carregamento elétrico: o Miniprint Bus, que pode ser instalado dentro de veículos de transporte, e o Miniprint Box, para empregadores que não querem limitar a instalação a um veículo. Ambos registram horários por meio de identificação biométrica ou código de barras, dispõem de sistema de comunicação via GPRS – General Packet Radio Service – e emitem. tickets impressos, garantindo o registro a empregadores e empregados.
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Novidades no campo Robô com aptidão agrícola
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O estudante Rafael C.B. Sampaio, da EESC – Escola de Engenharia de São Carlos (SP), desenvolveu um software capaz de fazer um robô aéreo quadrirrotor executar manobras complexas com baixo consumo de energia (bateria). Construído em fibra de carbono, o robô pesa um quilo. Possui quatro hélices independentes, sistema de comunicação sem fio, GPS, bússola e câmera de alta definição. Para o professor Marcelo Becker, orientador do projeto desenvolvido por Rafael, o futuro de aplicações robóticas na área agrícola é promissor, especialmente no Brasil. “A cada dia está mais difícil de conseguir mão de obra qualificada no campo e, em propriedades de grande porte, onde a agricultura de precisão deve dominar o cenário, o uso de sistemas robotizados para atividades de monitoramento, coleta de amostras e diagnósticos deve crescer muito nas próximas décadas”.
alfaces resistentes ao mildio
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A Nunhems, unidade de sementes da Bayer CropScience, apresenta a linha de alface MultiLeafs (MultiBlond 3, de coloração verde clara; MultiGreen 3, verde escura; e Red Flash, roxa), composta por sementes híbridas, melhoradas geneticamente, de forma a propiciar resistência a quase todas as raças do Mildio (doença causada pelo oomiceto Bremia lactucaemildio). Segundo Viniciuis Bueno, gerente de vendas da empresa, são variedades de fácil desfolheamento, sabor suave e consistência crocante, maior durabilidade nas gôndolas de supermercados ou na geladeira do que as alfaces convencionais. “A linha Multileafs é recomendada para plantio em espaçamento mais adensado (20x20 ou 15x15 cm), o que aumenta em até 50% o número de pés da verdura por hectare, maximizando a mão de obra e, consequentemente, a rentabilidade do produtor”, diz ele.
Nova linha de óleos pesados
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A Shell iniciou em agosto a distribuição da nova linha Rimula, formada por seis produtos, entre os quais o óleo semissintético R5 LE, anunciado nesta seção em julho. A apresentação está sendo feitas em encontros com distribuidores de todo o país, o último dos quais previsto para o final deste mês de setembro. A nova linha apresentou alto desempenho em testes com 12 marcas de veículos e em mais de 25 milhões de quilômetros de estradas nas mais diversas condições, segundo comunicado da empresa. Dentro do novo portfólio Shell Rimula, dois produtos foram desenvolvidos com pacotes de aditivos para atender os requisitos dos novos motores Euro 5: o Shell Rimula RT 4L e o Shell Rimula R5 LE. O RT 4L oferece, segundo a empresa, melhor desempenho em veículos de qualquer tipo e idade. O R5 LE é o primeiro semissintético do mercado para motores de última geração.
Pneus de alta performance
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Estreante na Fenasucro – 20º Feira Internacional de Tecnologia Sucroenergética, realizada no mês passado em Sertãozinho (SP), a Titan Pneus do Brasil apresentou durante o evento pneus radiais da Goodyear Farm Tyres para tratores de alta potência e uma novidade da linha Titan OTR (a medida 17.5-25 16 lonas em aplicação L-3, modelo Titan ND LCM), indicado para aplicação em pás carregadeiras. Conforme Leandro Pavarin, gerente de vendas da empresa, a construção radial proporciona maior área de contato com o solo e, por isso, minimiza a compactação, poupando o equipamento e oferecendo economia de combustível mínima de 7%. “Esse pneu (no caso, ele se referia ao DT924 – ao lado, na foto) foi desenvolvido para resistir fortemente a cortes e picotamentos, apresenta maior rendimento por hora trabalhada, menor resistência ao rolamento, maior tração e maior índice de velocidade e carga”.
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Negócios Um guia de anúncios para facilitar as compras e aprimorar a produtividade da fazenda.
ANUNCIE Ligue 11 3879-7099. Descontos especiais para programações.
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Negócios Um guia de anúncios para facilitar as compras e aprimorar a produtividade da fazenda.
ANUNCIE Ligue 11 3879-7099. Descontos especiais para programações.
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Calendário de eventos
setembro VI Sintag/ Simpósio 4ª Exposição Nacional de 9 11 Internacional de Tecnologia de Híbridos de Orquídeas Aplicação De 9 a 11 – Universidade Estadual de Londrina – Londrina (PR) Site: www.sintag2013.com.br
9
8º Espaço Café Brasil/Feira Internacional de Café
De 9 a 12 – Expominas – Belo Horizonte (MG) E-mail: contato@espacocafebrasil.com.br
Frutal/20ª Semana 9 Internacional de Fruticultura, Floricultura e Agroindústria De 9 a 12 – Centro de Eventos do Ceará – Fortaleza (CE) Site: www.frutal.org.br
15
3º CBPFH/ Congresso Brasileiro de Processamento de Frutas e Hortaliças
De 15 a 19 – Centro de Convenções Luis Eduardo Magalhães – Ilhéus (BA) E-mail: cbphh2013@gmail.com
Congresso Brasileiro 16XVIII de Sementes
De 16 a 19 – Centro de Convenções Centro Sul – Florianópolis (SC) Fone: (43) 3025-5223 – E-mail: cbsementes2013@fbeventos.com.br
De 11 a 13 – Parque de Feiras e Exposições Wanderley Agostinho Burmann – Ijuí (RS) Site: www.expoijuifenadi.com.br E-mail: secretaria@aciijui.com.br
XXIII Conird/Congresso 13 Nacional de Irrigação e Drenagem De 13 a 18 – Luís Eduardo Magalhães (BA) Fone: (71) 2102-6600 Site: www.conird.com.br E-mail: conird@gt5.com.br
14
X Encontro Brasileiro de Substâncias Húmicas
De 14 a 18 – Embrapa Arroz e Feijão (fazenda Capivara) – Santo Antônio de Goiás (GO) Fone: (62) 3533-2107 E-mails: cnpaf.xebsh@embrapa.br ou cnpaf.xebsh@gmail.com
Congresso Brasileiro 2046° de Fitopatologia
De 20 a 25 – Centro de Convenções da Universidade Federal de Ouro Preto – Ouro Preto (MG) Fone: (31) 3552-3700 E-mail: rpd@rpdconsultoria.com.br
2º Congresso Sul-Americano 24 13ª Conferência de Agricultura de Precisão 21 Internacional Datagro e Máquinas Precisas sobre Açúcar e Etanol De 24 a 26 – Parque da Expodireto Cotrijal – Não-Me-Toque (RS) E-mail: apsul2013@hotmail.com
OUTUBRO
De 21 a 22 – Hotel Grand Hyatt São Paulo (SP) Fone: (11) 4191 6994 E-mail: conferencia@datagro.com.br
ABTCP 2013/46º Congresso e 8 Exposição Internacional de Celulose e Papel
SBIAgro 2013/IX 21 Congresso Brasileiro de Agroinformática
De 8 a 10 – Transamérica Expo Center – São Paulo (SP) Site: www.abtcp2013.org.br
De 21 a 25 – Cuiabá (MT) www.ufmt.br/sbiagro2013 E-mail: sbiagro2013@ic.ufmt.br
23/9 – VIII Congresso Brasileiro de Biossegurança/ VIII Exposição de Equipamentos e Dispositivos de Biossegurança – De 23 a 27 – Bahia Othon Palace Hotel – Salvador (BA) – Fone: (71) 2102-6600 – Site: www.anbio. org.br/congresso Riscos e benefícios dos cultivos transgênicos, alternativas tecnológicas à disposição do agricultor, os desafios da biotecnologia, o uso crescente de OGMs nas lavouras. Esses serão alguns dos temas em discussão no VIII Congresso Brasileiro de Biossegurança, promovido pela ANB – Associação Nacional de Biossegurança. A programação é abrangente – envolve cientistas, pesquisadores e técnicos em áreas correlatas, como prevenção de danos à saúde em ambiente hospitalar, ataque terrorista com substância tóxica ou experimentos com células-tronco. A biotecnologia aplicada à agricultura será, porém, um dos capítulos de maior destaque, em função das novidades e lançamentos do setor. As inscrições devem ser feitas via internet até 20/9/2013 (e-mail: inscricoes@gt5.com.br). Após esta data, apenas no hotel, durante o congresso.
congresso Brasileiro 2939º de Pesquisas Cafeeiras De 29 a 1/11 – Espaço Cultural da Urca – Poços de Caldas (MG) Fone: (35) 3214-1411 – E-mail: contato@fundacaoprocafe.com.br
NOVEMBRO Internacional 58ºde Congresso Bioenergia De 5 a 7 – Centro de Exposições Imigrantes – São Paulo (SP) E-mail: contato@bioenergia.net.br
Congresso Brasileiro 62ºCBE/ de Eucalipto De 6 a 7 – Centro de Exposições Imigrantes – São Paulo (SP) Fone: (27) 3324-5986 E-mail: cbe@ congressoeucalipto2013.com.br
CBA/Congresso 19XXVIII Brasileiro de Agronomia De 19 a 22 – Centro de Eventos Pantanal – Cuiabá (MT) Fone: (65) 3315-3052 E-mail: cba2013@aeamt.org.br
Seminário Nacional 2612º de Milho Safrinha
De 26 a 28 – Universidade Federal da Grande Dourados – Dourados (MS) – Fone: (67) 3416-9740 E-mail: cpao.milho-safrinha-2013@ embrapa.br
Renex South America/ 27 Feira Internacional de Energias Renováveis De 27 a 29 – Centro de Eventos da FIERGS – Federação da Indústria do Estado do Rio Grande do Sul – Porto Alegre (RS) – Fone: (41) 3027-6707 – Site: www.renexsouthamerica.com.br
setembro 2013 – Agro DBO | 65
Legislação
Compra de imóvel rural Na teoria, a aquisição parece ser uma tarefa fácil, mas de fato não é. Há muito a ser considerado e vale a pena levantar alguns pontos. Fábio Lamonica Pereira *
I
dentificada a localização do bem, inspecionada a área e verificada a posse, é preciso solicitar ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) uma certidão que ateste os acontecimentos dos últimos vinte (ou trinta) anos envolvendo diretamente o imóvel (a existência de hipoteca, por exemplo), o que fica registrado no livro 2. Além da referida certidão, o CRI também mantém registros relativos a acontecimentos que digam respeito indiretamente ao imóvel (a existência de bens apenhados localizados no imóvel, por exemplo), permanecendo registrado junto ao livro 3, o que também deve ser solicitado. De posse de tais certidões, já é possível identificar diversas e preciosas informações que nortearão as negociações.
ção do imóvel. Deve-se atentar para as certidões extraídas de bancos de dados de empresas como a Serasa, as quais concentram dados de abrangência nacional e são relevantes para uma demonstração geral acerca das condições em que o proprietário se encontra perante o mercado. As certidões referentes às ações distribuídas perante a justiça estadual, tanto as da localidade em que se situa o imóvel quanto as relativas ao local de residência do proprietário são essenciais. Veja que a existência de determinada ação contra o proprietário (situação, diga-se, comum) não é motivo para desistência do negócio. Deve-se analisar, cuidadosamente, o processo a fim de verificar-se do que se trata e qual o risco imediato e futuro para o
“A análise minuciosa dos documentos leva à redução dos riscos inerentes ao negócio”.
*O autor é advogado, especialista em Direito do Agronegócio
A verificação das transações anteriores é de extrema importância, até mesmo pelo fato de que havendo algum vício no passado a validade do negócio presente poderá ser afetada. A atenção deverá ser redobrada caso a propriedade do bem já tenha sido transferida por meio de venda judicial. Outras informações geralmente negligenciadas dizem respeito aos registros junto ao Cartório de Títulos e Documentos. Neste caso, poderão ser encontradas informações diversas que digam respeito ao proprietário e seu imóvel, como por exemplo, contratos de arrendamento, que geram o direito à preferência, por parte do arrendatário, na aquisi-
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negócio. Da mesma forma, deve-se atentar para as certidões da justiça federal (que concentram especialmente as causas relativas a tributos) e as da justiça do trabalho. Em regra, nestes casos, os credores têm preferência quanto à satisfação de seu direito em relação às demandas que correm na justiça estadual. Também é prudente que sejam solicitadas as certidões relativas a feitos criminais. Isso porque, além de fornecer informações importantes acerca do caráter do vendedor, revelará a existência de condenações que podem implicar, por exemplo, no pagamento de multas, e que podem influenciar a transação. A verificação acerca do georre-
ferenciamento (o que garante a inexistência de sobreposição de terras, por exemplo) da área é fundamental, mesmo porque em caso de inexistência ou pendência do respectivo processo, o CRI não procederá a qualquer tipo de registro, relativo à venda, na matrícula do bem. Não se pode esquecer das certidões ambientais que são de extrema relevância ante o fato de que o comprador se responsabiliza pelo cumprimento da respectiva legislação vigente, mesmo que não tenha sido o responsável pelas pendências existentes na área. Tratando-se de bem imóvel de valor expressivo, como ocorre no caso de áreas rurais, é corrente que as partes ajustem pagamentos anuais em até cinco anos. Mesmo que a lei preveja o instrumento público como regra, é comum que as partes firmem contratos particulares de promessa de compra e venda para fins de formalização do negócio, prevendo que a competente escritura seja lavrada somente após o pagamento final do preço. Todavia, o mais seguro para o comprador (procedimento nem sempre aceito pelos vendedores) seria a imediata formalização por meio de escritura pública de venda e compra condicionada a liquidação total dos pagamentos de acordo com as condições ajustadas, sob pena de resolução do negócio, mediante inclusão de cláusula resolutiva expressa. Esses são, pois, alguns dos pontos (há diversos outros) que devem ser observados quando da compra de um imóvel rural, sendo que a análise minuciosa dos documentos leva à redução dos riscos inerentes ao negócio.
CAIXA E ROD TOR URAL. A NOVA PARCERIA DO CAMPO. Agora o agronegócio também vai poder contar com o apoio da CAIXA. Chegou a opção de crédito que você, produtor rural, tanto precisava: o Crédito Rural CAIXA. Porque é investindo no seu sucesso que a CAIXA incentiva o crescimento de um dos setores mais importantes da nossa economia. É a CAIXA impulsionando a economia rural e apoiando os produtores e suas cooperativas. Faça parte desta nova parceria. Acesse creditoruralcaixa.com.br e saiba mais. CAIXA. A vida no campo pede mais que um banco.
Paula Fernandes e Almir Sater
caixa.gov.br SAC CAIXA: 0800 726 0101 (informações, reclamações, sugestões e elogios) Para pessoas com deficiência auditiva ou de fala: 0800 726 2492 Ouvidoria: 0800 725 7474 Crédito sujeito a análise e condições sujeitas a alteração sem aviso prévio.