Revista Agro DBO - Ed 36 - Agosto/2012

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Sumário

18 Tecnologia

As máquinas do futuro chegam às feiras e exposições e daí vão para as revendas com velocidade espantosa

28 Entrevista

O Código Florestal, o Plano Safra, o Comitê do Agronegócio, a nova Emater são temas da conversa da Agro DBO com o ministro Mendes Ribeiro.

42 Sustentabilidade

Os pesquisadores Aluísio Granato de Andrade e Tiago de Andrade Chaves apresentam ações de manejo do solo para evitar a erosão

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Matéria de capa Produtores de milho conseguem produtividade recorde com o emprego de alta tecnologia, elevando o status do grão ao mesmo patamar da soja entre as commodities agrícolas brasileiras.

48 Melhores da Terra

O coordenador do Prêmio Gerdau, Luis Fernando Coelho de Souza, explica os conceitos que nortearam a escolha dos equipamentos vencedores.

50 Soja

Carlos Fávaro descreve as transormações no Centro-Oeste a partir da introdução do cultivo do grão na região, na década de 1970.

Artigos 12 - Fábio Lamônica escreve sobre alienação de imóvel rural arrendado 26 - Rogério Arioli avalia as razões do intervencionismo argentino. 52 - Everson del Fabbro e o novo secador de grãos da Kepler Weber 66 - Daniel Glat relaciona os motivos para a explosão do milho safrinha

Seções

Cartas.....................................................6 Ponto de vista.....................................8 Política................................................. 10 Notícias da terra.............................. 14 Marketing da terra.......................... 40

Tendências........................................ 54 Vitrine.................................................. 56 Deu na imprensa............................ 58 Agenda............................................... 62 Biblioteca da terra........................... 64 agosto 2012 – Agro DBO | 3


Nota da redação Agro DBO Ano 9, Nº 36

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arece uma revista nova, e em parte ela é. Mas a Agro DBO já surge no número 36, marcando com roupa nova e periodicidade mensal a sequência natural da DBO Agrotecnologia, que entrou em seu nono ano de circulação com a edição que precedeu a Agrishow. Como Agro DBO, ela conserva a essência da linha editorial focada principalmente na agricultura tecnificada, ampliando o número e variedade de reportagens e artigos técnicos, com colunas especializadas e o panorama das notícias mais relevantes para o setor. A ampliação e melhoria da revista, lançada pela DBO Editores em 2004, começou a ser planejada no final de 2011, depois que uma pesquisa com leitores apontou uma avaliação altamente positiva para o conteúdo e linguagem da DBO Agrotecnologia, além da preferência por recebê-la mensalmente, mesmo com pagamento pela assinatura. Dessa forma, a Agro DBO estreia com dois trunfos essenciais para o futuro de qualquer publicação: leitores e conteúdo de seu interesse. São mais de 10 mil leitores cativos, que preencheram detalhado formulário de pedido formal de assinatura, aprovando a qualidade jornalística e técnica da publicação. Do número 1, lançado em março-abril de 2004, ao 35, de março-abril de 2012, DBO Agrotecnologia teve em Richard Jakubaszko o responsável, como editor e publisher, por abrir o caminho sobre o qual a DBO Editores, de consolidada liderança no segmento pecuário com as revistas DBO e Mundo do Leite, pretende construir uma plataforma igualmente sólida na comunicação com o meio agrícola. Na nova etapa que se inicia, de conteúdo mais rico e circulação mensal, Richard, como editor executivo, terá a seu lado outro destacado profissional da área, o editor José Augusto Bezerra, 13 anos de revista Globo Rural, três deles como Diretor de Redação. Da dupla Richard – Tostão, pois é assim que José Augusto é conhecido, e de seus colaboradores, pode-se esperar edições cada vez mais afinadas com a extraordinária evolução da agricultura brasileira. Apoio de peso à competência interna também virá do Conselho Editorial, outra novidade da Agro DBO, cuja missão abrangerá a avaliação crítica e sugestões para balizar o caminho da revista rumo a uma posição de destaque na comunicação especializada para o setor. O Conselho será constituído por quatro renomados profissionais das ciências agrárias, o professor Luiz Fernando Coelho de Souza, Décio Gazzoni, Evaristo Eduardo de Miranda e Hélio Casale, todos engenheiros agrônomos. Boa leitura e sejam todos bem-vindos à Agro DBO!

é uma publicação mensal da DBO Editores Associados Ltda. Diretor Responsável Demétrio Costa Editor Executivo Richard Jakubaszko Editor José Augusto Bezerra Conselho Editorial Décio Gazzoni, Demétrio Costa, Evaristo Eduardo de Miranda, Hélio Casale, José Augusto Bezerra, Luiz Fernando Coelho de Souza e Richard Jakubaszko Redação/Colaboradores Aluísio Granato de Andrade, Antônio Sérgio Souza, Carlos Fávaro, Daniel Glat, Décio Gazzoni, Fábio Lamônica Pereira, José Maria Tomazela, Luiz Fernando Coelho de Souza, Rogério Arioli da Silva e Tiago de Andrade Chaves Arte Editor Edgar Pera Editoração Edson Alves e Sergio Escudeiro Coordenação Gráfica Walter Simões Marketing Gerente: Rosana Minante Departamento Comercial Gerente: José Geraldo S. Caetano Vendas: Andrea Canal, Heliete Zanirato, Marlene Orlovas, Naira Barelli, Sérgio Castro e Vanda Motta Circulação Gerente: Edna Aguiar Impressão Log&Print Gráfica e Logística S.A. Capa: Foto ACS–Ministério da Agricultura

Demétrio Costa

DBO Editores Associados Ltda Diretores: Daniel Bilk Costa, Odemar Costa e Demétrio Costa Rua Dona Germaine Burchard, 229 Perdizes, São Paulo, SP 05002-900 - Tel. (11) 3879-7099 redacao@agrodbo.com.br www.agrodbo.com.br

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18 de Agosto

diA nAcionAl do cAmpo limpo

A comemoração é hoje, mas as futuras gerações vão comemorar os resultados por muito tempo.

O campo está em festa! Há 10 anos, teve início o programa brasileiro de logística reversa de embalagens vazias de defensivos agrícolas, que hoje é referência para diversos setores e países. O compromisso dos agricultores, canais de distribuição, fabricantes e do poder público faz com que 94% das embalagens vazias plásticas sejam retiradas anualmente do meio ambiente. Ou seja: motivo é o que não falta para celebrar a construção de um planeta melhor. Saiba mais: inpev.org.br. Realização:

Centrais de recebimento de embalagens vazias.

Apoio*:

Abag, Aenda, Andav, Andef, Aprosoja, CNA, OCB, Sindag

*AssociAção BrAsileirA do Agronegócio (ABAg), AssociAção dAs empresAs nAcionAis de defensivos AgrícolAs (AendA), AssociAção nAcionAl dos distriBuidores de insumos AgrícolAs e veterinários (AndAv), AssociAção nAcionAl de defesA vegetAl (Andef), confederAção nAcionAl dA AgriculturA (cnA), orgAnizAção dAs cooperAtivAs BrAsileirAs (ocB) e sindicAto nAcionAl dA indústriA de produtos pArA defesA AgrícolA (sindAg).


Cartas

SP

Por favor, repassem a minha admiração ao Dr. João Kluthcouski pelo excelente artigo sobre os produtores rurais na edição nº 35 (acima, a capa). Nestes meus bons anos de roça, em que envelhecemos com alegria, nunca vi nada cair do céu, exceto a chuva, que é bem-vinda, e granizo. Saudações e parabéns. Engº Agrº Jorge Hasegawa Campinas Muito bom o artigo “A absoluta incoerência e incompatibilidade da economia verde e de baixo carbono com a economia real”. Muito sensato. Eng. Agr. Luciana Bittencourt Pfaffenbach Assistente de Planejamento EDA General Salgado Venho através desta solicitar o envio de exemplares da revista DBO Agrotecnologia

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para a Biblioteca da Faculdade de Tecnologia de Pompeia FATEC Shunji Nishimura. A FATEC Shunji Nishimura oferece curso superior de tecnologia Mecanização em Agricultura de Precisão.Atualmente a FATEC conta com 400 alunos. Agradecemos antecipadamente pela sua colaboração. Alberto I. Honda Diretor executivo Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia Pompeia R. Programamos o envio de 10 exemplares de cada edição da revista para a Biblioteca da FATEC Shunji Nishimura, para servirem de consulta aos alunos. BA A revista DBO Agrotecnologia é um excelente instrumento de comunicação, principalmente para a área rural. Técnico agrícola Carlos Augusto Araújo Santos Barreiras PR Assuntos bem escolhidos e pertinentes ao agro. Também a qualidade e elaboração das matérias são muito bem feitas. Engenheiro agrônomo Gaspar Copanski Filho Maringá RS

Muito informativa. Terá bom aproveitamento na Secretaria da Agricultura e Meio Ambiente. Prefeitura de São Martinho Faço sugestão de a nova Agro DBO criar uma seção voltada para a gestão

financeira das propriedades. Seria um tópico interessante para administração do negócio agrícola. O agricultor precisa aprender a fazer conta e não ficar culpando o governo, o clima, o vizinho, a lagarta, etc. Ewerton Marcuzzo São Gabriel R. Obrigado Ewerton, anotamos a sugestão, que é bem-vinda e oportuna. CE Muito importante a revista e de conteúdos bem interessantes, que ajudam o agricultor retirar da terra seus sustento, mantendo o equilíbrio com a natureza. Mônica de Mesquita Fontinele Sobral MG Uma fonte de informações bastante interessante. Robson Novaes de Souza Jaíba PA A revista está sempre em dia com os temas atuais e as tendências das cadeias produtivas e de vários produtos agropecuários, com atualizações de novas tecnologias, contribuindo para esse setor que é de grande importância para o país. Jadson Silva Feitosa Hidrolândia AgroDBO se reserva o direito de editar/resumir as mensagens recebidas devido à falta de espaço.



Ponto de vista

Agricultura + 20 Afinal, a que veio a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável? Com a palavra, Décio Gazzoni:

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assada a Rio+20, com resultados muito aquém das expectativas, cabe confrontar o desempenho da agricultura com os objetivos da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. A Conferência original (Eco-92) ambicionou um porvir vinculando crescimento e proteção do ambiente, o desenvolvimento sustentável. A Rio+20 deveria efetuar um balanço das duas últimas décadas, e propor novas metas ou novas diretrizes.

biodiesel, outra contribuição da agricultura pós Eco-92, substituindo 7,8 GL de diesel. De 2000 até 2011 foram consumidos 95 GL de etanol hidratado e 75 GL de anidro. Resultado: nos últimos 12 anos, devido à menor emissão dos biocombustíveis, 235 Mt de CO2 deixaram de emporcalhar a atmosfera e de prejudicar a saúde dos brasileiros. Ao tempo da Eco-92, 1 litro de diesel produzia 25 kg de grãos. Hoje, o mesmo litro produz entre 105 e 175 kg de grãos, fruto de tecnolo-

Que setor emite mais gases de efeito estufa na atmosfera, o campo ou a cidade?

Décio Luiz Gazzoni é engenheiro agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja

No interregno, a agricultura brasileira mudou para melhor. Em 1992, em 35 milhões de hectares (Mha) produzimos 66 milhões de toneladas (Mt) de grãos (1,88 t/ha). Em 2011, em 51 Mha foram 163 Mt de grãos (3,26 t/ha). Entre as duas Conferências, a produtividade aumentou 73%! O incremento foi de 44% para o arroz, 72% para o milho, 48% para soja e 64% para o trigo. Mais alimento na mesma área significa dezenas de bilhões de árvores não derrubadas. Dito de outra forma, desenvolvimento sustentável. Em 1992, eram 1,3 Mha com plantio direto (4% da área). Em 2012, são 32 Mha (75% da área), que cresce a cada ano, reduzindo em 66% o gasto de diesel. Em 2011, poupou-se 1,34 bilhões de litros (GL) de diesel, deixando de emitir 3,59 Mt de CO2. Foi implantado o programa de

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gias sustentáveis e maior produtividade. Em 1992, eram 70 litros de diesel para produzir uma tonelada de soja. Hoje, meros 9 litros! Isto é sinônimo de sustentabilidade. Em 20 anos, o consumo de água para produzir 1 kg de arroz irrigado caiu de 4.000 para 1.300 litros, perto do limite teórico, pois 1 kg de grãos necessita 1.000 litros de água de chuva ou de irrigação. Já temos até usinas de cana em que a água circula em circuito fechado – consumo zero! Até a Eco-92, a cada ano 20 toneladas de terra fértil eram lavadas de cada hectare com plantio convencional. Em tempos de Rio+20, o plantio direto reduziu em 96% a perda. Segundo a Cetesb - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, no estado de São Paulo o setor de uso e ocupação do solo foi o único que não emitiu, mas

retirou gases da atmosfera: entre 1995 e 2008, foram sequestrados 33,5 Mt de CO2. Santa Eficiência Sustentável! Por outro lado, em um artigo recente (Cities and greenhouse gas emissions: moving forward), Daniel Hoornweg, pesquisador do Banco Mundial, afirma que 80% das emissões de gases de efeito estufa ocorrem nas áreas urbanas. E que, se as 50 maiores cidades do mundo fossem um país, suas emissões seriam as terceiras mais importantes, após China e EUA, um quadro que se agrava com o tempo. Para usar um exemplo exclusivamente urbano, em Belo Horizonte (MG) as emissões alcançaram 3,18 Mt de CO2 em 2007. Este valor é 22% superior ao ano de 2000, um crescimento anual de 2,96%. No estado de São Paulo, em 2005, os transportes contribuíram com 84,7% das emissões, a indústria com 13,7% e a agropecuária com 1,6%, segundo a Cetesb. Os combustíveis fósseis emitiram 56 Mt de CO2 em 1990 e 79 Mt em 2008, um crescimento de 39% (1,85% ao ano). Ou seja, o agricultor teve um currículo de bom comportamento para mostrar na Rio+20, uma agricultura mais sustentável. Pode-se dizer o mesmo de outros setores? Os números disponíveis indicam que não. Portanto, estimado leitor, reflita sobre os números que apresentei e lembre-se deles quando vier à tona mais uma discussão sobre quem prejudica e quem preserva o ambiente no Brasil.



Política Soja: se melhorar, estraga.

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Lavoura de soja cruzada

om os preços da soja batendo recordes, acima de US$ 17.00 por bushel, o Rabobank alerta para a possibilidade de intervenções governamentais nos mercados fora dos EUA, com o objetivo de garantir o abastecimento e conter pressões inflacionárias. A seca que castiga o Corn Belt americano na atual safra de milho e soja não tem previsão para acabar. O problema se agrava porque com os mais baixos estoques finais de safra da história. Com a queda na produção americana há receios de um necessário racionamento significativo na demanda. O Rabobank estima que a cotação média do milho será de US$ 8.00 por bushel no atual trimestre, justamente devido à seca. Para a soja, a projeção do banco para o trimestre é de preço médio em torno de US$ 17.00 por bushel. No momento, as cotações pressionam fortemente o setor de proteína animal. Mas isso pode mudar se a seca persistir. E mudaria mais ainda se ocorrerem intervenções governamentais, ou seja, a política entra no jogo. Veja o que acontece quando os governos interferem no mercado lendo o artigo do colunista Rogério Arioli, à página 26 desta edição.

Transportes: mais caro e demorado.

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om a entrada em vigor da lei trabalhista nº 12.619, de 30/4/2012, vai aumentar o tempo de transporte de grãos para os portos. É o que prevê o Imea – Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária. De acordo com a nova legislação, a jornada de trabalho do motorista profissional não pode ultrapassar oito horas diárias. Um exemplo é um caminhão que vai de Rondonópolis (MT) rumo ao porto de Paranaguá (PR). Antes da lei, esta viagem levava três dias. Com a lei, o prazo aumentará, pois o caminhoneiro deverá descansar por mais tempo. O valor do frete na primeira semana do mês de julho compa-

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rado com o mês de junho aumentou 19,3%, em média, para todos os destinos saídos de Mato Grosso. Os maiores aumentos ocorreram nos fretes intermunicipais. Para se transportar grãos de Sorriso a Alto Taquari e Campo Novo do Parecis a Rondonópolis ocorreu um aumentou de 36,4%, 31,6%, respectivamente. Os fretes com destino aos portos de Santos e Paranaguá também tiveram altas significativas. Na rota Sorriso – Santos, o valor por tonelada está R$ 205, aumento de 5,4% no mês. Já o trajeto entre Campo Novo do Parecis – Porto Velho (RO) está custando R$ 110 por tonelada, apontando aumento de 7,8% no mês.

Afinal, o que é trabalho escravo?

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eita a votação, em segundo turno, da Proposta de Emenda a Constituição 438/2001, PEC do trabalho escravo. O deputado federal Valdir Colatto (PMDB/SC) diz que o trabalho escravo deve ser punido, porém afirma que o texto da PEC é incompleto. Colatto destaca que o grande problema é a falta de conceituação do que é trabalho escravo. “Não podemos permitir que fiscais do Ministério do Trabalho façam a interpretação que quiserem sobre o assunto. Temos que ter uma definição clara e que contemple os dois lados, principalmente no que remete a trabalho degradante e jornada exaustiva”, afirmou. “É difícil uma propriedade no Brasil conseguir cumprir todas as exigências impostas pela Normativa. O documento exige, por exemplo, que o produtor tenha um banheiro para cada dez funcionários, azulejo na cozinha e mujito mais, apenas para citar alguns itens. Quem vai conseguir cumprir com 255 exigências?”, questionou Colatto, acrescentando que é inadmissível que um produtor perca sua terra por não ter azulejo no banheiro, por exemplo.



Legislação

Alienação de imóvel rural arrendado O Estatuto da Terra dá ao arrendatário o direito de, em igualdade de condições com terceiros, adquirir o imóvel arrendado. Fábio Lamônica Pereira*

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or vários motivos, cresce o número de proprietários de área rurais que optam pela formalização de contratos de arrendamento ao invés de explorar suas áreas diretamente. Diversos grupos, de pequenos a grandes, têm investido altas cifras na exploração agropecuária por meio deste tipo de ajuste. Há vantagens como o recebimento de renda pré-estabelecida em determinada época do ano, desde que se estipule a outorga de garantias bem como seja exigida,

rendatário o direito de, em igualdade de condições com terceiros, adquirir o imóvel objeto de arrendamento. Dessa forma, o proprietário é obrigado a obedecer alguns princípios a fim de que a transação de venda seja bem sucedida. Assim, o proprietário deverá notificar o arrendatário da proposta de venda a terceiro, informando detalhadamente em quais condições o imóvel está sendo ofertado. Após a notificação formal, mediante notificação judicial ou de outra forma devidamente comprovada,

É imprescindível que as transações de compra e venda sejam minuciosamente analisadas

*O autor é advogado, especialista em direito do agronegócio.

por exemplo, a contratação de seguro compatível com a exploração da área. Este tipo de contrato, mesmo transmitindo benefícios e comodidade, pode, no entanto, tornar-se um verdadeiro tormento se não observados os critérios legais, especialmente em caso de alienação do imóvel objeto de arrendamento. Primeiramente, deve restar claro que a alienação do imóvel não altera as condições do arrendamento vigente, sendo que o adquirente passa a ser o detentor dos direitos do antigo proprietário. O Estatuto da Terra (Lei 4504/64) e seu respectivo Regulamento (Decreto 59566/66), que tratam da matéria, estendem ao ar-

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preferencialmente por registro no cartório de títulos e documentos competente, o arrendatário terá o prazo de trinta dias para exercitar o direito de aquisição do imóvel. A questão está justamente no fato de que muitos proprietários não formalizam a necessária notificação ou não o fazem do modo correto. Também não é aceita a cláusula contratual que estabeleça a renúncia por parte do arrendatário ao direito de preferência legalmente assegurado. Caso haja infração às determinações legais, o arrendatário tem o direito de, no prazo de seis meses a contar da transcrição do ato no registro imobiliário, depositar o preço de venda e adquirir o imóvel pa-

ra si mediante a propositura da respectiva ação judicial. Considerando que as vendas de imóveis rurais são ajustadas a prazo em pagamentos anuais e que a escritura pública de compra e venda geralmente é assinada e registrada somente após a quitação total do preço, a transação realizada sem a observância dos requisitos legais fica sujeita a intervenção do arrendatário, mediante decisão judicial, por longo período. Já se discutiu judicialmente sobre a necessidade de registro do contrato de arrendamento na matrícula do imóvel a fim de que o direito de preferência pudesse ser exercido pelo arrendatário. Tal exigência, todavia, restou afastada, considerando que a Lei (Estatuto da Terra) protege o arrendatário e admite até mesmo o contrato de arrendamento não escrito. O STJ – Superior Tribunal de Justiça já decidiu até mesmo sobre a possibilidade de o arrendatário exercer o direito de preferência na aquisição de imóvel objeto de venda judicial em hasta pública, em que não houve a devida notificação que observasse as determinações legais. Conclui-se que, ante a proteção legal estendida ao arrendatário, é imprescindível que as transações de venda de imóveis rurais objeto de arrendamento sejam minuciosamente analisadas a fim de que as partes não sejam surpreendidas com intervenções judiciais inesperadas que visem à anulação do ato.



Notícias da terra Plano Safra

Crédito de R$ 115,2 bilhões para a agropecuária

E

xpansão do volume de crédito e do seguro rural, redução dos ju­ ros na contratação dos financiamen­ tos, apoio ao cooperativismo, ao mé­ dio produtor rural e à agricultura fa­ miliar. Estas são algumas das medidas relacionadas no Plano Agrícola e Pe­ cuário 2012/2013. Os recursos totais, de R$ 115,2 bilhões, superam em 7,5% o montante ofertado no ano passado. A seguir, as principais medidas: Custeio e comercialização: am­ pliação dos limites de financiamento No caso do custeio, elevação do limi­ te de R$ 650 mil para R$ 800 mil por produtor. Na comercialização o au­ mento foi de R$ 1,3 milhão para R$ 1,6 milhão. Seguro rural: as subvenções ao prêmio passou de R$ 253 milhões na safra 2011/12 para R$ 400 milhões na safra 2012/13, uma elevação de 58%. O aumento do limite de enquadra­ mento do médio produtor no Pro­ agro passou de R$ 150 mil para R$ 300 mil, uma ampliação de 100%. Is­ so significa uma elevação do valor se­ gurado pelo governo, considerando os dois instrumentos, o seguro rural e o Proagro, de R$ 9 bilhões para R$ 16 bilhões. Instrumentos de apoio à comercialização dos produtos: para os pro­

Agricultura familiar

Crédito de R$ 22,3 bilhões no mês passado, o Pla­ Lliarançado no Safra da Agricultura Fami­ 2012/2013 prevê R$ 22,3 bi­

dutos amparados por AGFs – Aqui­ sições do Governo Federal, o plano prevê o aumento dos preços mínimos vigentes para vários produtos. Cooperativismo: elevação do li­ mite de financiamento de R$ 60 mi­­­ lhões para R$ 100 milhões por co­ operativa, através do Prodecoop; e de R$ 25 milhões para 50 milhões pelo Procap-Agro. Médio produtor: o Pronamp – Programa Nacional de Apoio ao Mé­ dio Produtor Rural teve reduzidas a taxa de juro de 6,25% para 5% ao ano e ampliado o volume de recursos pa­ ra custeio, de R$ 6,2 bilhões para R$ 7,1, um aumento de 15% sobre a sa­ fra anterior.

lhões para a safra atual. Segundo o Mi­ nis­ tro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, serão libera­ dos 18 bilhões de reais para inves­ timento e custeio, por meio do Pro­ naf – Programa Nacional de Forta­ lecimento da Agricultura Familiar. O plano amplia os valores de cré­ dito oferecido e a garantia de com­ pras por parte do governo. Para o PAA – Programa de Aquisição de Alimentos, que prevê compras pe­ la Conab para os estoques nacio­ nais, os recursos serão de R$ 1,1 bi­ lhão. Os limites de crédito do Pro­ naf Floresta passaramm de R$ 20 mil ao ano por agricultor para R$ 35 mil. O programa tem por obje­ tivo financiar, entre outras ativida­ des, o manejo florestal. Para o Pnae - Programa Nacio­ nal de Alimentação Escolar, o va­ lor destinado às compras de produ­ tos da agricultura familiar por es­ colas públicas passa a ser de R$ 1,2 bilhão. Agora, cada produtor ru­ ral poderá vender até R$ 20 mil em produtos por ano às escolas públi­ cas, mais que o dobro do valor an­ terior, R$ 9 mil.

Preços agrícolas

Laranja derruba índice

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VBP – Valor Bruto da Produção das principais lavouras do país foi calcula­ do em R$ 213,5 bilhões, ou seja, 2,85% me­ nor do que o obtido no ano de 2011. Segundo o coordenador da Assessoria de Planejamento Estratégico do Ministério da Agricultura, José Garcia Gasques, dos 18 produtos pesquisados, apenas cinco apre­ sentaram aumento do VBP, entre os quais o algodão (37,4%); a cebola (5,7%); o feijão (10,6%); o milho (16,8%) e a soja (3,3%).

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Gasques chama atenção para alguns produ­ tos que tiveram impacto negativo neste ano, é o caso da laranja, que teve queda de 50,3% no valor da produção. “Embora a produção estimada neste ano seja praticamente igual a do ano passado, a redução de preços da laranja, da ordem de 50,5% em relação ao ano passado, provocou essa queda do valor”, explica. O cálculo do VBP foi feito com base nos levantamentos de safra realizados no mês de junho.


Diagnóstico

Receita para o desenvolvimento

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tecnologia é o aspecto mais importante para explicar o aumento da produção de grãos no País. Esta é a principal conclusão do estudo do relatório do pesquisador Eliseu Alves, da Embrapa, encaminhado ao Ministério da Agricultura. De acordo com o estudo, cerca de 500 mil estabelecimentos com acesso a tecnologias modernas são responsáveis por 86,65% de toda a renda agrícola (no caso, o pesquisador tomou como base o último censo agrope-

cuário, do IBGE, e a a renda agrícola em 2006, quando iniciou a pesquisa). Naquele ano, 3,9 milhões de propriedades que ficaram à margem da modernização responderam por 13% da produção. “Somente a adoção de tecnologia pode desconcentrar a renda e gerar bem estar nos campos. Terra sem este fator preponderante não melhora a vida de ninguém”, afirmou Eliseu Alves. Os principais fatores para o crescimento da produção de grãos foram, respectiva-

mente, a tecnologia (50,6%), a mão-de-obra (31,3%) e a terra cultivável (18,1%). As medidas de apoio do Governo Federal para modernização do setor agrícola começaram na década de 1970. As estratégias estão focadas, desde então, em tecnificar a agricultura, além de desconcentrar a renda agrícola e manter a população no meio rural. Recentemente, a preservação ambiental também passou a ser prioridade governamental.

Expansão versus preservação lhões de hectares em 2011 para 174 milhões em 2030, o que sig­ nificará ao menos 7,4 milhões de hectares para outras culturas. “Esta nova dinâmica do uso da terra, acentua o trabalho, acar­ retará ainda na redução cada vez maior do desmatamento líqui­ do. Além disso, com a aprovação do novo Código Florestal, o Bra­ sil deverá recuperar entre 10 mi­ lhões a 30 milhões de hectares de Áreas de Preservação Permanen­ te no período. Evolução das principais culturas agrícolas até 2030 Produção (mil toneladas)

Mato Grosso insiste na saída pelos rios

S

Tecnologia

A agricultura brasileira mante­ rá seu avanço com base no aumen­ to de produtividade. O desafio se­ rá conciliar a expansão da produ­ ção com o uso simultâneo de prá­ ticas agrícolas conservacionistas que economizem recursos naturais e emitam menos carbono. Este é o principal destaque do estudo “Agri­ cultura de baixo impacto: cons­ truindo a economia verde brasi­ leira”, do Icone – Instituto de Estu-­ dos do Comércio e Negociações Internacionais. Até 2030, os principais produ­ tos agrícolas terão aumento de pro­ dução (veja tabela ao lado) e a ex­ pansão da área agrícola ocorrerá basicamente sobre pastagens ho­ je degradadas. Segundo o relatório, é factível esperar a transformação de 30 milhões de hectares deterio­ rados em novas áreas produtivas. Além disso, a intensificação da pe­ cuária também liberará novas áreas para a agricultura. A área de pastagens, segundo o documento, cairá de 182 mi­

Logística

2011

2020

2030

Milho

35.926

42.619

49.573

Milho Safrinha

21.588

27.756

39.185

Soja

75.324

92.281

117.953

Farelo de Soja

27.800

33.502

40.532

Algodão

5.188

5.743

7.100

Arroz

13.613

13.685

16.201

Feijão

2.388

2.453

3.175

Feijão 2º Safra

1.372

1.966

2.909

Trigo

5.882

6.751

7.490

Fonte: Outlook Brasil; Cenário 2030 feito pelo Instituto de Estudos do Comércio e Negociações internacionais - ICONE com base no Brazilian Land Use Model - BLUM

ai ano, entra ano, e os gargalos no transporte continuam atra­ vancando o escoamento da produ­ ção agrícola brasileira, principal­ mente no Centro-Oeste. Uma das soluções – reivindicação antiga dos produtores rurais da região – é a im­ plantação de hidrovia no rio Telles­ -Pires, capaz de reduzir o custo do frete em R$ 2 bilhões por ano, com­ parativamente ao que se gasta com transporte rodoviário. Transporte fluvial foi o tema básico do Simpósio Hidrovias do Norte de Mato Grosso, realizado no mês passado em Brasília. O Bra­ sil tem cerca de 13 mil quilômetros de hidrovias sendo utilizadas re­ gularmente. Segundo Adalberto Tokarski, Superintendente de Na­ vegação Interior da Antaq–Agên­ cia Nacional de Transportes Aqua­ viários, é possível duplicar este po­ tencial com obras de derrocamento e dragagem nos rios. No Brasil, as hidrovias transportam apenas 4% das cargas nacionais. O país tem 63 mil quilômetros de rios, dos quais 43 mil são navegáveis, mas 27,5 mil ainda não têm sido efetivamente utilizados. A hidrovia é o caminho mais barato para o escoamento da produção agrícola do país. agosto 2012 – Agro DBO | 15


Notícias da terra Grão moca

Não jogue as sementes fora

N

a época de semeio das sementes de café, sempre surge a duvida, que, apesar­ dos constantes esclarecimentos, ainda persiste, na forma da indagação que um produtor nos fez recentemente: “Estou semeando mas encontrei muitos grãos roliços, no meio das minhas sementes que adquiri. Estou querendo jogar estas sementes fora. O que devo fazer?” Nossa resposta é a seguinte. O seu grão roliço, na verdade é o chamado grão moca. Veja que os grãos de café podem ter o formato chato ou moca. O grão chato tem uma face mais plana e a outra convexa (abaulada), enquanto o grão moca tem o formato arredondado. Mas nada contra os gordinhos. O grão-semente moca tem embrião normal, idêntico aquele do grão chato. Por isso ele vai dar origem a plantas semelhantes àquelas oriundas das sementes chatas. Na germinação elas se equivalem. A presença de grãos moca é normal e aceita até a proporção de 5-10% em uma variedade. As sementes moca podem ser semeadas sem problemas, pois reproduzem plantas normais da variedade escolhida. O seu formato nada tem a ver com sua capacidade genética. J.B. Matiello e S.R. Almeida, da Fundação Procafé

16 | Agro DBO – agosto 2012

Consumo

Mais e melhores cafés

E

stimativas da Abic–Associação Bra­sileira da Indústria de Café in­ dicam que o Brasil pode conquistar o posto de maior consumidor mundial de café até o fim deste ano, desbancan­ do os Estados Unidos. Levantamento da entidade mos­ tra que, além de beber mais café, os brasileiros estão optando por grãos do tipo fino, de maior valor de mer­ cado. No entanto, para que as proje­ ções se confirmem, é necessário que o ritmo de crescimento no consumo nacional se mantenha na faixa de 4% a 5% ao ano e que a tendência de es­ tagnação nos EUA não se altere. Vi­ ce-líder no que diz respeito ao con­ sumo, o Brasil é o maior produtor

mundial do grão. Em 2011, o consu­ mo interno foi de 19,7 milhões de sa­ cas, com crescimento de 3,11%, ante 1,5% da média mundial. Dados da Abic mostram que o há­ bito de consumir o café fora de casa cresceu cerca de 307%, graças ao nú­ mero de cafeterias, que chegou a 3,5 mil unidades no país. Paralelamente, as indústrias estão investindo na me­ lhoria da qualidade e o consumidor está reagindo a esta oferta diferencia­ da, como cafés tradicionais, superior e gourmet. O mercado de cafés espe­ ciais está em alta no Brasil, crescen­ do em torno de 15% ao ano, de acor­ do com a BCSA–Associação Brasilei­ ra de Cafés Especiais.

Concurso

Arapoti vence desafio regional

O

engenheiro agrônomo Ely de Azambuja Germano Neto, pro­ prietário da fazenda Mutuca, em Arapoti (PR), venceu o Desafio Re­ gional Sul de Máxima Produtivida­ de 2011/2012, promovido pelo Cesb– Comitê Estratégico Soja Brasil. Ely colheu 103,11 sacas de soja por hectare na gleba dedicada ao de­ safio, mais que o triplo da produtivi­ dade média estimada para a região de 32,4 sc/ha. Ely atribui os bons re­

sultados principalmente à rotação de culturas e à construção do solo, ano a ano. “As áreas mais antigas possuem melhores condições, pois estão sendo melhoradas há mais tempo. Vencedor do concurso na região Sul, Ely obteve o segundo melhor re­ sultado em todo o país. O campeão nacional foi Demétrio Guimarães Pereira, da Fazenda Serrana, em Correntina (BA), com 108,7 sacas de soja por hectare.


OGM

Agrotóxicos

A

O

O feijão nosso de cada dia provado em setembro do ano passado pela CTNBio - Co­ missão Técnica Nacional de Bios­ segurança, o primeiro feijão trans­ gênico brasileiro (resistente ao mosaico dourado), deve começar a ser multiplicado a partir deste mês nas principais regiões produ­ toras. Ao que tudo indica, só deve chegar ao mercado em 2015. Se­ gundo o governo, não será cobra­ do royalty do feijão.

Educação

FATEC Shunji Nishimura

F

oi criada em Pompéia (SP), em abril último, a FATEC Pompéia, nascida em 2012 a partir da Fun­ dação Shunji Nishimura de Tecno­ logia, entidade mantida pelas em­ presas do Grupo Jacto desde 1982. A FATEC tem cursos gratuitos de mecanização em Agricultura de Precisão desde 2009, com dura­ ção de 3 anos, e já em sua 5ª turma, com 40 vagas no período da ma­ nhã e 40 à noite. Inscrições para o vestibular seletivo no site www.ves­ tibularfatec.com.br

Feira

Compradores a postos

O

setor de frutas e hortaliças tem um compromisso importante pela frente: a Fruit Attraction,que será realizada este ano de 24 a 26 de outubro em Madri, na Espanha. Em sua última edição, a feira re­ cebeu 18.473 visitantes de 91 paí­ ses, a maioria dos quais profissio­ nais com alto poder de decisão em suas respectivas empresas.

Destinação de embalagens s produtores rurais brasileiros recolhem cerca de 94% das em­ balagens vazias de agrotóxicos, se­ gundo levantamento efetuado pelo Instituto Nacional de Processamen­ to de Embalagens Vazias (inpEV), ONG responsável pela destinação fi­ nal do material. As embalagens de agrotóxicos são obrigatoriamente recolhidas des­ de 2002. A nova legislação fede­ ral determinou a responsabilida­ de da destinação final de embala­ gens vazias para o agricultor, o fa­ bricante e o revendedor. Cada elo da cadeia tem a sua função. An­ tes da legislação, as embalagens eram enterradas ou queimadas. De acordo com a nova regra, o produtor deve lavá-las e perfurá­

-las para evitar a reutilização. Esse recipiente pode ficar armazenado na propriedade por no máximo um ano. O revendedor tem a obriga­ ção de indicar os postos de recolhi­ mento na nota fiscal e o fabricante de recolher e dar a destinação final ao material. A fiscalização é rígida pelas leis de agrotóxicos e de cri­ mes ambientais. As multas podem chegar a R$ 20 mil no caso de não cumprimento a legislação.

Carnaval

Basf apóia Escola de Samba

A

unidade de Proteção de Culti­ vos da Basf anunciou no mês passado patrocínio da empresa ao desfile da Unidos de Vila Isabel, tradicional agremiação do carna­ val carioca. No carnaval do ano que vem, a escola de samba abor­ dará a importância da agricultu­ ra brasileira sob o tema “A Vila canta o Brasil celeiro do mundo – água no feijão que chegou mais um...”, dando ênfase ao potencial agrícola brasileiro frente à cres­ cente demanda mundial por ali­ mentos e energia. Durante a cerimônia, a Uni­ dade de Proteção de Cultivos da BASF apresentou o vídeo “O Plane­ ta Faminto 2 – Um Novo Capítulo”, uma sequência do vídeo “Um Pla­ neta Faminto e a Agricultura Bra­ sileira”, divulgado pela empresa em 2010. No novo vídeo são feitas comparações entre a média de con­ sumo de alimentos em países como

a China, Estados Unidos e no Bra­ sil. O objetivo da BASF com a peça e o patrocínio é levar informação qualificada sobre o segmento, bem como desmistificar a visão urbana, por vezes distorcida, existente em relação ao papel do agricultor. O vídeo “O Planeta Famin­ to 2 – Um Novo Capítulo” já es­ tá disponível no website da unida­ de Proteção de Cultivos da BASF (www.agro.basf.com.br), no canal oficial da BASF Agro no Youtube, e nos perfis da empresa no Face­ book e no Twitter.

agosto 2012 – Agro DBO | 17


Tecnologia

Colheitadeira Braud, da CNH, máquina polivalente que colhe uva, café, azeitona e até laranja. Nas horas vagas vira pulverizador ou faz outros tratamentos culturais

Agrotecnologias de

hoje e do futuro Acentua-se uma tendência de as empresas de máquinas disporem de equipamentos cada vez maiores e mais potentes Richard Jakubaszko

A

s agrotecnologias do futuro chegam às feiras e agrishows e daí vão para as revendas de máquinas agrícolas com uma velocidade espantosa. São adotadas por alguns agricultores que perderam o medo do aparentemente indecifrável e complicado admirável mundo 18 | Agro DBO – agosto 2012

novo da informática. A profusão de lançamentos feitos pelas empresas de máquinas agrícolas, nacionais ou multinacionais, mostra um ritmo difícil de acompanhar e de poder comparar em detalhes sobre quais delas trariam maiores benefícios a cada produtor. As novidades, surgidas dois ou três anos atrás,

podem sair do mercado no ano seguinte, seja porque receberam modernizações, seja por não terem sido aprovadas pelos clientes. Se a isso acrescentarmos as evoluções das tecnologias embarcadas, invariavelmente compostas pela informática, existem enormes desafios aos agricultores para saber se efe-


tivamente compraram um equipamento “chique-no-úrtimo”, e que irá solucionar com eficiência seus problemas nas lavouras. A tendência de lançamentos nesse ritmo frenético encontra explicação no mercado, pois estamos em tempos de commodities com bons preços, e com variação cambial mais positiva. Com isto os agricultores estão indo às compras, especialmente nas feiras de técnicas agrícolas, como a Agrishow de Ribeirão Preto, realizada entre abril e maio últimos, que mais uma vez bateu recordes de vendas. Comparando-se a Agrishow do ano passado com a deste ano, verifica-se que é generalizado o uso das tecnologias embarcadas. A agricultura de precisão, nesse sentido, é a grande vitoriosa, na medida em que tratores, colheitadeiras, plantadeiras-adubadeiras e pulverizadores autopropelidos dispõem de softwares específicos para proporcionar eficiência com espantosa agilidade. De outro lado, acentua-se uma tendência de as empresas de máquinas disporem de equipamentos cada vez maiores e mais potentes. Num primeiro momento, a explicação para esse fato seria simplista de se dizer que é para atender as necessidades de agricultores com áreas gigantes de plantio. A lógica de marketing das empresas, entretanto, demonstra que atender necessidades de mercado específicas de alguns produtores, ou de algumas regiões, parece predominar nas estratégias de cada fabricante, com o objetivo de crescer em vendas e manter participação de mercado. Assim, se um trator gigante de 500 cv substitui cinco tratores médios, está na mesma relação o fato de um pulverizador autopropelido com 25 metros de barra substituir de 7 a 10 pulverizadores de barra tracionados por tratores pequenos e médios. Nesse ritmo de grandeza as colheitadeiras também sofreram

expansão na capacidade de colheita, bem como as plantadeiras e adubadeiras, pois necessitam ser cada vez maiores para poderem cobrir áreas extensas de plantio, manejo ou colheita. É assim que a agricultura brasileira parece indicar como vai aumentar a produção, e ao mesmo tempo caminha na busca de uma economia de escala para grandes áreas, conquistando simultaneamente melhoria da produtividade e redução de custos, pois um trator gigante de 350 ou 500 cv tem necessidade de apenas

A plantadeira Exacta da Jumil tem o incentivo de Rubens Morais, que ouviu os pleitos de seus clientes

O Jacto tem no pulverizador automotriz Uniport 3030 garantia de liderança de mercado

A Massey reforça linha de colheitadeiras para tentar a liderança do segmento

19


Tecnologia As empresas de máquinas estão atentas a problemas como falta de mão de obra para trabalho no campo, especialmente de gente qualificada para operar máquinas com computadores de bordo. A fabrica argentina PLA tem linha competitiva de pulverizadores autopropelidos

Massey está presente na linha de tratores pesados com o MF8600

um operador de cada vez, enquanto cinco tratores médios precisam de cinco operadores, e em ambos os casos estão descontadas as turmas das horas extras noturnas. Pode-se concluir, assim, que as empresas de máquinas estão atentas a problemas como falta de mão

de obra para trabalho no campo, especialmente de gente qualificada para operar máquinas com computadores de bordo. De outro lado, debate-se a quase inexistência de prestadores de serviços com aluguel de máquinas e mão de obra especializada, a chama-

Agricultura familiar

O

s produtores de peque­ no porte, chamados de agricultura familiar, não foram esquecidos pelas indústrias de máquinas, e diversos tratores e equipamentos de pequeno porte se destacaram nos lançamentos deste ano, feitos pela Agrale e pela Agritech, fabricante dos tratores Yanmar e empresas, como a Case, John Deere, New Holland, Massey Ferguson e Valtra.

20 | Agro DBO – agosto 2012

da terceirização de serviços. No Brasil, calculam os fabricantes, esse mercado é da ordem de 5%, enquanto na Argentina supera os 70% dos clientes de máquinas comercializadas. Com os lançamentos de máquinas de grande porte, provavelmente haverá uma tendência à ociosidade dessas máquinas, possibilitando o início de um mercado contínuo de prestação de serviços. Janelas de plantio Curiosas e interessantes são ainda as soluções que aparecem para resolver problemas que antes não foram questionados pelos fabricantes ou mesmo os especialistas de máquinas. Tratam-se das diferenças de áreas de plantio entre as safras de verão e safrinha. Historicamente, as chamadas safras de verão sempre tiveram áreas muito maiores do que a sa-


frinha, mas essa diferença tende a se reduzir com os lançamentos das máquinas de grande porte. O gargalo das safrinhas, a bem da verdade, sempre esteve na pequena janela para o tempo de plantio, de cerca de duas ou três semanas, entre a colheita da safra e o plantio da safrinha. Plantava-se nesse período o que era possível, e a terra não plantada ficava em pousio. Evidentemente que esse problema é mais sentido entre produtores de grandes áreas, mas os produtores de múltiplas áreas médias, porém fracionadas, por vezes alguns quilômetros de distância uma da outra, sofriam do mesmo problema da janela de plantio, visto que para o transporte das máquinas de uma lavoura para outra demandava tempo, além de logística muito bem planejada, pois inclui carregar e descarregar algumas das máquinas nos caminhões e há muita gente envolvida no processo. Num primeiro momento as máquinas autopropelidas – tratores, pulverizadores e colheitadeiras – solucionaram parcialmente o problema, e assim as plantadeiras-adubadeiras se tornaram as responsáveis pelo gargalo.

to muito pesado, difícil ou impossível de ser tracionado mesmo por tratores de 300 cv. A plantadeira da Jumil, afora isso, pode ser dobrável em 3 seções, semelhante aos sistemas dos pulverizadores autopropelidos, o que facilita a montagem/ desmontagem, e o transporte de uma para outra lavoura, seja em cima de um caminhão, seja transportada pelo próprio trator, em virtude de seu baixo peso. Equipamentos inteligentes A lista de equipamentos inteligentes lançados neste ano é quase A John Deere briga forte pelo mercado de tratores pesados, com a linha 9 mil de 460 cv

Santal tem imagem de marca e tradição na cana de açúcar

Máquinas de hoje O lançamento da plantadeira Exacta Terra da Jumil, de Batatais, SP, uma portentosa máquina de plantar, com custo aproximado de R$ 400 mil reais, e que cobre 29, ou 33 ou 39 linhas de cada vez, torna viáveis safrinhas com maior área de plantio. Questionado sobre a mudança de hábitos e de logística dos produtores de grãos, que teriam de passar a aplicar adubação em operação à parte, especialmente a lanço, Rubens Dias de Morais, presidente do Conselho de Administração da empresa, disse que a plantadeira da Jumil atende um pleito de muitos agricultores que desejavam ter capacidade maior de plantio, além de agilidade, sem os inconvenientes de um equipamenagosto 2012 – Agro DBO | 21


Tecnologia Historicamente, as chamadas safras de verão sempre tiveram áreas muito maiores do que a safrinha, mas essa diferença tende a se reduzir com os lançamentos das máquinas de grande porte.

Case mantém liderança de mercado nos tratores pesados, agora em disputa por todos os concorrentes

inesgotável. Inclui, por exemplo, um veículo aéreo não tripulado para a captura de imagens aéreas georreferenciadas de alta resolução, cujos serviços são oferecidos pela empresa de geotecnologia Santiago & Cintra. Definido o pla­ no de voo, o Swinglet CAM decola, realiza a missão e pousa automaticamente, podendo ter sua

Colheita com precisão, sem erros

22 | Agro DBO – agosto 2012

posição, altitude e comportamento operados apenas com alguns cliques do mouse. Entre os premiados do tradicional Prêmio Gerdau Melhores da Terra, anunciados na Agrishow, está o distribuidor de adubo orgânico líquido especial para vinhoto da Mepel. Graças à pesquisa e desenvolvimento de novas tecnolo-

gias, o vinhoto, um subproduto da fabricação do álcool e do açúcar, vem sendo transformado de elemento poluidor do meio ambiente em fertilizante. A John Deere lançou no corrente ano, em que comemora 175 anos de sua fundação, a colheitadeira de grãos S680, o trator 9460R de 460 cv e a nova plantadeira-adubadeira para grãos. Os tratores 9R possibilitam um nível de produtividade nunca antes visto no campo brasileiro, permitindo o uso de plantadeiras ou de implementos de preparo de maior porte, sem comprometer o desempenho do mesmo. Paulo Herrmann, diretor de Vendas América Latina, ao ser questionado pela redação da Agro DBO, sobre como ficariam os produtores rurais de médio porte, na medida em que produtores de agricultura familiar também estão sendo atendidos, e ainda os chamados produtores gigantes, com os lançamentos das indústrias de máquinas, admitiu que “há uma zona cinzenta” nesse segmento de usuários. Tratores em expansão A John Deere apresentou os novos modelos da série 8R. Esta série oferece duas opções de potência para os agricultores, 260 cv e 335 cv, dispondo de configurações para cana-de-açúcar ou grãos. O principal diferencial da Série 8R é a sua tecnologia. Os modelos 8260R e 8335R podem ser equipados com suspensão dianteira independente, rodados duplos nos dois eixos e luzes de xenon. Além disso, oferecem um ambiente digno ao operador de um carro de luxo, com piloto automático, computador de bordo, assento


com suspensão a ar e sistema de som com conexão Bluetooth. Para a colheita e tratos culturais A nova colheitadeira S680 da John Deere oferece alta performance na colheita com qualidade superior de grãos. Conta com um tanque graneleiro com 14 mil litros de capacidade e alta taxa de descarga, que alcança 135 litros /segundo, tanque de combustível de 1250 litros e as vantagens da utilização da Plataforma Hydraflex Draper de 40 pés, como a flexibilidade da barra de corte e o rendimento operacional 10% superior ao sistema convencional de sem-fim. Outro lançamento, o Distribuidor Autopropelido 4940 DRY BOX para a distribuição de sólidos, é equipado com um motor de 9 litros de 6 cilindros e 340 cv de potência, cabine com excelente visibilidade da operação aliada ao sistema de iluminação HID (xenon). Especial para a cana Os equipamentos destinados às operações nos canaviais da

John Deere incluem a linha de tratores preparados para as operações dessa cultura. São cinco modelos na série 6J, com motores que vão de 125 cv até 180 cv. A linha canavieira ganhou ainda três lançamentos, com os modelos 7195J, o 7210J cabinado, e o 8335J, com 335 cv, que oferece

o recurso do ILS (Independent Link Suspension). São duas as colhedoras de cana John Deere, a 3520 e a 3522. A 3520 apresenta características como divisores de linha com ajuste de inclinação interna que favorecem a colheita em canaviais de alta produtividade. Já o modelo

Colhetadeira de grãos John Deere linha 8680 tem alta perfomance

Máquinas do futuro

A

Valtra mostrou aos jornalistas na Agrishow, através de um vídeo, um ambicioso projeto da empresa para a agricultura do futuro. Desenvolvido na Finlândia, é um conceito revolucionário, o ANTS, que terá diferenciais revolucionários, como a cabine com visão panorâmica, computador de bordo, sistema de rodagem inteligente, emborrachado, expansível e com largura de bandas variáveis, para uso em solos leves ou pesados, evitando a compactação, e acoplamentos hidráulicos especiais para todos os tipos de implementos, além de comandos especiais que facilitarão as manobras nas áreas

irregulares em bordas de plantio. O ANTS não é um protótipo, mas um conceito, conforme explicam os técnicos da Valtra, poderá até mesmo nem ser fabricado, mas apresenta, além de tendências, soluções que permitiriam a um produtor ter apenas um trator, ao invés de 4 ou 5, que é leve, mas com potências escalonadas surpreendentes. É uma máquina única geradora de potência que reúne diversas outras máquinas, seja pulverizador ou colheitadeira, como módulos acoplados. O ANTS tem tração e potência hidráulica e elétrica, e por ser modular poderá ter 3 eixos, 8 rodas e saídas de potência de 200, 300 ou

400 kW, a serem usados conforme as necessidades. Tem flexibilidade a todos os combustíveis, poderá usar bateria, diesel, biodíesel ou etanol. A cabine é rebaixada, para segurança de acesso, e toda a hidráulica é a base de água. Tudo isso permitiria redução de investimentos para os produtores.

agosto 2012 – Agro DBO | 23


Tecnologia As indústrias de máquinas e implementos agrícolas aproveitam a fartura do agronegócio brasileiro e importam todos os equipamentos possíveis, seja da Europa ou Estados Unidos.

Trator de esteiras New Holland TK 4060 de 101 cv

3522 tem o diferencial de colher duas linhas de cana em espaçamentos reduzidos ou combinados. No segmento de soluções para a colheita houve atenção especial da Massey Ferguson em 2012. Com colheitadeiras axiais, convencionais e híbridas o reforço no portfólio contempla novos rotores para as máquinas axiais, novas plataformas de corte para grãos e novas opções nos modelos de colheitadeiras convencionais. As máquinas com maior capacidade de colheita da Massey Ferguson, MF 9690 ATR II e MF 9790 ATR II recebem a segunda geração dos rotores de tecnologia avançada (ATR, na sigla em

24 | Agro DBO – agosto 2012

inglês), que são os mais longos do mercado. Com a novidade, as máquinas classes 6 e 7, respectivamente, respondem com ainda mais produtividade para a lavoura. As máquinas seguem sendo pioneiras no acionamento hidrostático do rotor. A característica garante a manutenção de uma rotação constante selecionada, independente das oscilações do motor ou da alimentação. Com estes recursos, a trilha e a separação são realizadas de maneira uniforme. O sistema não tem embreagens, polias ou correias, proporcionando uma operação mais simples. Outros destaques para 2012 são as novas plataformas de corte de grãos DynaFlex 8250. Elas são mais leves, com menor número de componentes móveis, e exclusivo acionamento das caixas de navalhas por cardã (gerando até 400% mais torque), que reduzem custos de manutenção e aumentam a durabilidade. Além disso, inovações no sistema de corte e flexibilidade permitem o trabalho nas mais variadas condições de terreno e culturas. Também como novidade, está a MF 5650 Hydro. Com transmissão hidrostática, a colheitadeira oferece conforto e agilidade nas manobras, e é apresentada em duas versões. Na versão SR, indicada para a cultura do arroz irrigado, a máquina é pioneira no conceito híbrido de processamento de grãos utilizando a separação por rotores. A Valtra consolidou seu pioneirismo tecnológico com a entrada no segmento de tratores acima de 300 cv com a Série S. Os modelos S293 e S353 de alta potência chegam ao mercado brasileiro com itens que se destacam. Entre eles o câmbio AVT (AGCO

Variable Transmition), que difere das tecnologias de mudanças de marcha automáticas conhecidas no mercado. Essa transmissão inteligente busca o equilíbrio entre a potência e torque do motor de acordo com a força exigida pela transmissão, otimizando o consumo de combustível. A AGCO, acionista majoritária da Massey e Valtra, exibiu também na Agrishow as colheitadeiras Santal, marca que foi incorporada e será mantida em evidência pela empresa. Na CNH New Holland, segundo o vice-presidente para a América Latina, Bernhard Kiep, a Agrishow serviu de palco para o lançamento das novidades tecnológicas. “Estamos em um período do país em que a produção agrícola cresce a cada ano e isso se deve muito à nova gestão aplicada no campo. Por isso, hoje buscamos variedades em tamanho de máquinas e tecnologias de ponta para acompanhar as exigências do mercado de agronegócio dos produtores brasileiros”. A expectativa para o mercado gira em torno dos lançamentos da CNH, que trabalha para oferecer uma solução completa para o mercado brasileiro. Dentre essas novidades, estão as linhas de tratores de baixa potência TDF e TK, que devem atender principalmente o setor fruteiro, e os gigantes T9, que alcançam até 560cv – o maior em operação na América Latina – e que são destinados a grandes áreas. Em colheitadeiras, o lançamento das CR5080 e CR9080 chega para completar a linha de colheita de duplo rotor e torna a série CR a mais completa do mercado, seguindo a liderança da convencional série TC.


Cabines de tratores e colhetadeiras possuem hoje computadores de bordo, conforto e visibilidade

Com as semeadoras a CNH fechou parceria com a Semeato, líder em implementos agrícolas, e passa a oferecer alta tecnologia para plantio direto. “Em princípio, serão oferecidas nove linhas de semeadoras, com mais de 30 modelos com diferentes configurações”,

destaca Carlos d’Arce, diretor de Marketing da empresa. A New Holland apresentou também a série de colhedoras polivalente Braud. A máquina, que hoje trabalha na América Latina principalmente na colheita de uva deve, no Brasil, atender a deman-

A nota dissonante Gilberto Zamcopé, presidente da Montana Pulverizadores, de São José dos Pinhais, PR, anunciou que a empresa está instalando uma planta industrial na Argentina, devido aos custos mais baixos de produção naquele país, e para manter competividade tanto no Brasil como no Mercosul e também nas exportações dos autopropelidos e demais equipamentos da empresa para os EUA, Ásia, Europa e África. Como empresa nacional, Zamcopé argumenta que “a Montana não tem a mesma flexibilidade das multinacionais do setor de máquinas agrícolas para importar e exportar equipamentos”. Zam­ copé destacou que o chamado “Custo Brasil”, que incorpora alto

volume de impostos, mais o desequilíbrio cambial do Real, que anda muito valorizado, obriga as empresas brasileiras e mesmo multinacionais a importar diversos equipamentos sofisticados de todas as partes do planeta, a custos muito mais baixos, e com isso “exportamos empregos” pa­ ra outros países.

da por colhedoras de café. “Esta máquina pode ser adaptada para colher uva, café, azeitona ou laranja, além de ter capacidade de atuar colhendo, pulverizando e fazendo o trato das plantas”, ressalta d’Arce. Enquanto as máquinas do futuro não chegam ao mercado as indústrias aproveitam a fartura do agronegócio brasileiro e importam todas as máquinas possíveis, seja da Europa ou dos EUA, embaladas por um câmbio ainda favorável à importação. Mais do que isso, todas as grandes empresas do setor montam esquemas de logística apropriados para atender reposição de peças aos clientes, mesmo que eles estejam em lugares longínquos, especialmente para aqueles que detêm as máquinas de alta potência e capacidade de trabalho. Se uma peça provocar a parada da máquina, seja no plantio ou na colheita, e a reposição não for imediata, os prejuízos podem ser irreparáveis. Como pilheriou um gerente de logística, “nesses casos a gente tem de entregar a peça, mesmo que não haja estrada trafegável para chegar à fazenda, se necessário nós entregamos peças até de paraquedas”. agosto 2012 – Agro DBO | 25


Artigo

Os descaminhos de uma grande nação “A Argentina demonstra na prática a enorme possibilidade que os governos possuem de atrapalhar a competitividade de um país” Rogério Arioli Silva*

Governo argentino abocanha 35% dos impostos sobre a soja plantada no país

A

*O autor é engenheiro agrônomo e produtor rural em Mato Grosso

Argentina é um país que merece ser estudado profundamente. Saiu de uma posição extremamente pri­vilegiada no passado para protagonizar o triste exemplo de como um povo pode sucumbir aos seus próprios devaneios. A história mostra que no início do século passado Buenos Aires era a principal cidade das Américas, ficando atrás apenas de Nova York e Chicago, nos Estados Unidos. Construiu seu metrô em 1913, mais de meio século antes de São Paulo, e surgia como a capital cultural da América do Sul, ostentando riqueza numa rota virtuosa de prosperidade e desenvolvimento com justiça social. Até meados do século passado, a Argentina era credora internacional e preparava-se para empreender um fantástico crescimento

26 | Agro DBO – agosto 2012

econômico como fornecedora de alimentos aos países destroçados pela segunda guerra mundial. Porém, ao embarcar na onda do populismo conduzida pelo presidente Juan Domingo Perón, do Partido Justicialista, alçado ao poder no final da década de 1940, aquele país imergiu numa aventura da qual até hoje ainda não conseguiu desvencilhar-se, a despeito do seu elevado nível cultural. O Peronismo aplicou um receituário de medidas que acabaram por boicotar expressivo desenvolvimento econômico e social, que parecia irreversível à época. Investimentos maciços em armas de guerra, como forma de angariar o apoio dos militares, aumentos consideráveis de salários e benefícios sociais, objetivando conquistar os sindicatos, e farta dose de xenofo-

bia fizeram parte das errôneas opções daquela época. Em decorrência daquelas práticas resultou uma queda significativa do investimento estrangeiro e o arrefecimento do processo de industrialização. Também fizeram parte daquele período o excessivo culto à personalidade do presidente Juan Domingo Perón e sua mulher, Evita, apregoado até nos livros escolares da época. Em 1955, um levante militar derruba o governo e Perón se refugia na Espanha. Em 1973, retorna do exílio, em 1974 elege-se novamente pre sidente, vindo a falecer no ano seguinte e deixando como sucessora sua segunda mulher, Isabelita. Esta governa até 1976, quando, em novo golpe, os militarem assumem o poder, praticando crimes característicos dos regimes de exceção. A partir de 82, logo após a desastrosa invasão das Malvinas pelo último dos generais-presidentes, Leopoldo Galtieri, numa ânsia fratricida de aumento de popularidade, a ditadura teve seu final, saindo pela porta dos fundos da história. No ano seguinte a Argentina volta a ser uma democracia, nas mãos do presidente Raul Alfonsín. Sucederam-se vários governos e, independentemente de sua origem doutrinária, o ideário populista que tanto mal já fez aos argentinos continua impregnado em sua epiderme, como se fosse uma espécie de maldição auto-imposta pelas viúvas de Perón.


A crença de que os inimigos externos são os responsáveis pelo sucesso ou fracasso econômico dos países foi um dogma que já fez muito sucesso aqui no Brasil e ainda permanece como verdade incontestável naquele país. Resultam disto os sentimentos belicosos contra inimigos imaginários e capitalistas selvagens de além-mar. Estes fatos evidenciaram-se recentemente quando a Presidente Cristina Kirchner reclamou novamente a posse das Malvinas e expropriou as ações da YPF sob pretexto do “interesse público”. Enquanto isso, nada se faz para enfrentar os verdadeiros problemas internos. Até mesmo na agricultura, onde a Argentina foi naturalmente abençoada com solos de altíssima fertilidade natural e proximidade geográfica dos portos de escoamento, a competitividade

não se consolida. O governo é o principal sócio do produtor argentino, ficando com grande parte do seu lucro. As “retenciones” (impostos sobre commodities) abocanham 35% da soja, 25% do milho e 23% do trigo e comprometem a atividade agrícola platina, que já é praticada por 70% de arrendatários.

US$ 1000,00/ha, semelhante ao do estado do Mato Grosso. Fatos como este demonstram a enorme possibilidade que os governos possuem de atrapalhar a competitividade de um país, algo que também é observado por aqui, através da crescente cobrança de impostos e do decrescente investimento em infraestrutura. Embora

Principal sócio do produtor rural argentino, o governo fica com grande parte do lucro. Arrendamento este que também se constitui num custo altamente significativo, hoje em torno de US$ 500,00/ha. Deste modo, parte-se de um custo de produção de soja, por exemplo, de US$ 300,00/ha e acrescenta-se o valor do arrendamento, mais as retenciones, atingindo-se um valor de aproximadamente

atualmente o Brasil encontre-se em situação econômica melhor do que a Argentina, é importante que os descaminhos trilhados pelo vizinho e tradicional rival futebolístico sirvam de lição, para que alguns rumos sejam constantemente aferidos pelos brasileiros que possuem poder de decisão.

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Entrevista

Um ministro político no Ministério da Agricultura “Plano Safra é o maior da história. Teremos os juros mais baixos da história e o novo seguro agrícola para dar tranquilidade aos produtores”.

O

ministro da Agricultura Jorge Alberto Mendes Ribeiro Filho é um político, formado em direito, e se autodefine como um “caminhador”, sempre aberto ao diálogo. Deputado Federal reeleito por 5 legislaturas (PMDB/RS), pertence a tradicional família de políticos no Rio Grande do Sul, e assumiu o Mapa - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento em agosto de 2011, durante o acalorado debate sobre o Código Florestal. Acabou reconhecendo, em junho de 2012, após o anúncio do novo código, sobre os vetos e sanção presidencial, feitos através de uma Medida Provisória, que “foi o código do equilíbrio e do bom senso que a sociedade esperava, atendeu parcialmente a todos no que era possível, após muitas negociações”, para expressar seu credo como político de que o diálogo é a melhor maneira de a sociedade encontrar soluções que contentem a todos. A seguir, trechos da entrevista concedida pelo ministro à Agro DBO, em seu gabinete, no final de julho: Agro DBO – O peso da agricultura no PIB nacional é cada vez maior. O senhor acha que o Plano Safra recém-lançado atende as reivindicações do setor? Ministro Mendes Ribeiro – O Plano Safra tem uma política de crédito extremamente eficiente, mas é preciso que ela seja uma política de Estado do ponto de vista de dar segurança ao produtor rural. Tenho o seguro agrícola como um avanço dos mais significativos. O Plano Safra é o maior plano da história. Temos juros muito baixos e ainda o seguro para dar tranquilidade aos produtores, porque irá ressarcir os produtores pelos danos climáticos, caso eles venham a ocorrer, e parte dos lucros cessantes, o que até hoje não acontecia. Esse meu otimismo leva em conta, principalmente, a redução da taxa de juros na tomada dos emprésti-

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mos de 6,75% para 5,5%, além do aumento do volume de recursos à disposição dos produtores rurais. Com mais dinheiro no campo, ao todo são R$ 115,2 bilhões disponibilizados pelo Plano Agrícola e Pecuário 2012/13, o governo projeta aumentar a capacidade produtiva e conquistar novos mercados para a agricultura e pecuária brasileira. Segundo a própria presidente Dilma Rousseff, isso é praticamente comprar com juro zero. Agro DBO – Ainda sobre o Plano Safra, quais são, em sua opinião, as medidas de maior impacto para a agricultura? Mendes Ribeiro – Inegavelmente o seguro, mais os juros baixos. O estímulo ao agronegócio é estratégico para o governo pela importância que o setor tem sobre o Produto Interno Bruto (PIB) brasi-

leiro. Para evitar uma retração ainda maior do PIB, o governo busca reanimar a economia por meio do setor que, no ano passado, foi responsável por 38% de tudo o que o Brasil exportou. Agro DBO – A criação da uma Agência de Assistência Técnica e Extensão rural é uma reivindicação antiga dos agricultores, desde que o antigo sistema Emater começou a definhar. Em que estágio está a criação da “nova” Emater e como ela vai funcionar? Mendes Ribeiro – Nós vamos ter a Agência de Assistência Técnica e Extensão Rural, e não uma empresa, como era antes, aí poderemos ter um instrumento e uma política diferenciada, porque tem uma situação jurídica específica e pode-se atuar com instrumentos diferenciados. O que precisamos é de uma política nacional de assistência técnica, para poder dar sustentação e também divulgar os resultados dos trabalhos de pesquisa feitos pela Embrapa. É uma falta que nós precisamos suprir. Agora, a política de crédito a juros mais baixos irá dar apoio para investimentos dos produtores, como silos, irrigação, etc., apesar de ainda não haver crédito para construção de estradas vicinais, por exemplo. Agro DBO – A nova Emater vai ficar sob o chapéu de qual ministério, Mapa ou MDA? Não haverá conflito de interesses?


Mendes Ribeiro – No momento que a nova Emater existir, ela deverá ser independente, como agência, para atender o governo e aplicar suas políticas públicas. O Ministério do Desenvolvimento Agrário tem a sua própria rede de assistência técnica para pequenos produtores, o Mapa é que ficou sem essa estrutura. Agro DBO – Justifica-se a existência de dois ministérios (Mapa e MDA) para a agricultura? Há quem defenda a fusão de ambos sob o argumento de que todos os agricultores são produtores batalhando para produzir mais e gerar mais riquezas para o país. Qual é a opinião do senhor a respeito? Mendes Ribeiro – Quando o governo de Fernando Henrique Cardoso criou o MDA o fez por algum

motivo. Não será porque o Mapa não estava cuidando bem dos pequenos agricultores? Quem sabe? Hoje, eu diria que os dois ministérios trabalham juntos, e trabalham bem, e eu percebo, como ministro da Agricultura, que a agricultura está ganhando, e muito. Que bom! O Brasil tem dois ministérios para cuidar da agricultura, que melhoraria se tivesse três... Agro DBO – Como político, qual é o desafio de liderar um ministério não-político, mas técnico? Mendes Ribeiro – Política sem gestão desanda. Eu sou um político e homem público por excelência. Tento sempre obter o consenso, sou um “caminhador”, tenho votos há 5 legislaturas como deputado federal em todo o estado do Rio Grande do Sul, tenho eleito-

res entre todos os tipos de produtores rurais, seja de arroz, feijão, fumo, seja no Norte e no Sul. Gosto muito da agricultura, é apaixonante, ela me fascina, e sempre fui um generalista, aprendi a gostar do estado. As pessoas urbanas não têm noção do que seja agricultura, e por isso há muito preconceito contra o agricultor. Como político tenho a capacidade e a experiência de ouvir, e depois de ouvir, de entender os problemas dos produtores e tentar resolver as situações, participar dos processos. Vamos criar o Conselho de Agricultura (o Comitê Estratégico do Agronegócio, lançado em 23/7). Será uma forma de debater com um grupo de pessoas, de líderes do setor, e enfrentarmos os gargalos de forma conjunta, todo mundo participando desse processo. Eu quero agosto 2012 – Agro DBO | 29


Entrevista O Comitê Estratégico do Agronegócio vai aglutinar lideranças e empresários do meio rural, gente de dentro e de fora do setor. enfrentar e solucionar problemas na Conab, por exemplo, dando um choque de gestão, como nós já estamos fazendo, no órgão que pratica a política de armazenamento e de abastecimento. Percebo a Conab com uma capacidade extraordinária de estabelecer relações com as cooperativas, de agregar valor aos produtos rurais, o que não vinha sendo feito. Agro DBO – Em sua opinião, o agronegócio tem interlocutores representativos? Mendes Ribeiro – É verdade, no todo da agricultura não há lideranças, mas há certa representatividade. Por isso é que vamos estabelecer o Conselho de Agricultura.

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O conselho será composto pelo ministro e por lideranças setoriais e empresariais do setor produtivo rural, entre os quais se destacam Roberto Rodrigues, Allyson Paolinelli, Pratini de Moraes, e outros, gente de dentro e de fora do agronegócio, para opinar e avaliar sobre as medidas mais necessárias ao setor. Vamos ampliar o diálogo do ministério com as cadeias produtivas, os produtores e os empreendedores do setor rural, construindo uma agenda estratégica para o nosso agronegócio. Esse mix cultural eu pretendo que dê uma nova perspectiva às políticas públicas do Governo Federal, para que o setor seja ouvido e respeitado. Vamos ouvir os políticos do setor, e,

como político que sou, vou examinar os problemas e tomar atitudes que o setor requer. Além disso, o Comitê contribuirá na fixação de diretrizes, indicadores e metas de desempenho do agronegócio. Agro DBO – Qual foi o seu maior desafio como ministro, até agora? Mendes Ribeiro – Meu maior desafio aqui no ministério, até agora, foi o de provar que não vale a pena brigar, mas dialogar, desanuviar os caminhos, e com todos debater fórmulas de como encontrar soluções certas, para que se tenha um novo clima. No Mapa temos técnicos altamente competentes para nos auxiliar nessa árdua tarefa.



Capa

A safrinha virou safrĂŁo

Agricultores brasileiros adotam tecnologias de ponta e batem recorde de produtividade, igualando-se aos melhores produtores americanos. JosĂŠ Maria Tomazela (texto) e Sidney Fujivara (fotos)

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Colheitadeiras descarregam grãos em Capão Redondo (SP), região onde, antes, predominavam cultivos de feijão e milho-verão.

ela primeira vez nas últimas três décadas, a safra brasileira de milho vai render mais toneladas do que a da soja, fato inédito na história recente da produção de grãos no país. De acordo com o último levantamento da Conab, divulgado em julho, a produção total de milho na safra 2011/2012 vai chegar a 69,48 milhões de toneladas, 21% a mais do que na safra anterior, enquanto a de soja ficará em 66,37 milhões de toneladas. O resultado se deve ao crescimento de 60,9% na produção do milho “safrinha”, que alcança 34,57 milhões de toneladas, 13,08 milhões a mais do que na última safra. A safrinha já se igualou à safra de verão e, se mantiver o ritmo de crescimento, passará a ser a principal colheita de milho do país – deixou de ser opção para rotação de culturas e cobertura do solo para se posicionar como um importante negócio. A grande virada acontece em Mato Grosso, maior produtor nacional de soja. O plantio da safrinha atingiu área de 2,62 milhões de hectares, 42,9% acima da anterior. A produção passou de 7,25 milhões de toneladas para 12,64 milhões, segundo a Conab. Assim, a segunda safra de milho mato-grossense vai responder por 37% da safrinha nacional, uma participação sem precedentes. O milho desbancou a soja em municípios de forte tradição sojeira, como Sorriso e Lucas do Rio Verde, e transformou o empresário Eraí Maggi Scheffer, dirigente do grupo Bom Futuro e conhecido como “o rei da soja”, no maior produtor nacional de milho, com uma “safrinha” de 77 mil hectares. Líder na produção nacional de milho, o Paraná deve produzir 16,8 milhões de toneladas, sendo 10,3 milhões na segunda safra. Com o aumento de 66,5% na produção, a safrinha atual registra o maior volume desde a década de 1970. A boa performance da cultura vai fazer com que o milho responda sozinho por 53,3% de toda a produção de grãos do estado. De acordo com o Secretário da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara, o ótimo desempenho da safrinha deve compensar as perdas ocorridas com a soja, que teve a produção afetada por fatores climáticos. O gerente comercial da Coodetec – Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola, Marcelo da Costa Rodrigues, atribui o crescimento da safrinha, entre outros fatores, aos investimentos em tecnologia, à mudança no zoneamento da soja em 2011, com a liberação do plantio a partir de 20 de setembro – até então o vazio sanitário se estendia até o final desse mês –, e ao emprego de sementes precoces da oleaginosa. “Colhida mais cedo, a soja libera a área para o plantio da safrinha de milho num momento de menor risco, explica. “Nesta safra, à época da semeadura o grão tinha preços atraentes, o que levou o produtor a buscar híbridos de melhor resposta, com mais tecnologia agregada.” Segundo Rodrigues, 65% da área da segunda safra foram plantados com híbridos Bt de alta tecnologia, 15% a mais do que na safrinha anterior. O especialista vê espaço agosto 2012 – Agro DBO | 33


Capa “A biotecnologia é a grande ferramenta para produzirmos mais alimentos sem precisar abrir novas áreas de cultivos” Sidney Fujivara afirma que o planejamento e o monitoramento das áreas são fundamentais para o sucesso das lavouras

para um crescimento ainda mais expressivo já que a busca por sementes de maior produtividade por hectare não pára de crescer. “A experiência tem mostrado que, depois que o produtor passa a conviver com tecnologia mais alta, ele não retrocede. Se o preço do grão cai, ele pode até reduzir a área plantada, mas não abre mão da produtividade que conquistou.” Novo perfil Há pouco mais de dez anos, o sudoeste paulista, maior região produtora de milho de São Paulo, só plantava a safra de verão. A região era também a maior produtora de feijão do estado e o milho entrava no sistema

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Área de pesquisa em parceria com empresas: a família Fujivara fez o primeiro campo de milho geneticamente modificada na região.

de rotação com a leguminosa. Porém, nos últimos anos uma praga conhecida como mosca branca mudou o sistema de plantio da região. A mosca branca é o vetor do vírus do mosaico dourado, que causa grandes prejuízos nas lavouras de feijão, chegando a inviabilizar o cultivo em determinadas épocas. Atraídos pela rentabilidade da soja, os produtores passaram a compor uma nova grade de plantio para incluir a cultura, alterando o perfil da agricultura local. A segunda safra do milho também passou a ganhar espaço. Hoje, para muitos agricultores, a área da safrinha já supera a da safra de verão. O produtor e engenheiro agrônomo Sidney Hideo Fujivara, de Capão Bonito, no sudoeste paulista, tradicionalmente planta milho de verão, mas a partir de 2005 passou a experimentar o milho safrinha na região. Segundo Sidney, vários fatores melhoraram o desempenho da safrinha, como o desenvolvimento de híbridos mais tolerantes às doenças, uso de fungicidas, biotecnologia, entre outras. “Na nossa região, o plantio deve ser feito no máximo até 15 de fevereiro. Depois disso, a cultura torna-se de alto risco devido ao frio”, diz. No ano passado, as lavouras foram atingidas por geadas no início de junho, comprometendo muito a produtividade e a qualidade do grão. “Quanto mais cedo o milho safrinha é plantado, melhor a produtividade e menor o risco, por isso é fundamental fazer a cultura da soja mais precoce, usando material com o mesmo potencial produtivo”, ensina. Foi o que ele fez em sua propriedade. A soja super precoce produziu 4% menos que as varidades precoces, mas o produtor ganhou de 10 a 20 dias para o início do plantio do milho safrinha. Tanto que, en-


quanto os pés dessa gramínea já verdejavam o solo antes ocupado pela soja super precoce, na área ao lado a soja precoce ainda estava por colher. “Esse ganho de tempo representa fugir de uma geada do cedo, pegar um período mais chuvoso e de temperatura mais alta, o que certamente interferirá na produção.” . Na cultura do milho, o controle de pragas e doenças no campo, o uso de máquinas e equipamentos com recursos de precisão, a pesquisa com população de plantas adequadas à época de plantio e à quantidade de nutrientes no solo completam os cuidados que passaram a ser rotinas implantadas na propriedade. De acordo com Sidney, o planejamento e monitoramento das áreas são fundamentais para o sucesso das lavouras. Mesmo antes de realizar a dessecação pré-plantio os seus técnicos já fazem o levantamento das pragas existentes na área para tomar as decisões quanto ao manejo de controle. Segundo ele, o percevejo barriga verde é hoje uma das principais pragas da cultura do milho. A espécie causa danos irreversíveis na planta em estágios iniciais, por isso o seu controle deve ser realizado de forma preventiva. Se for encontrada uma alta população da praga, é preciso realizar uma aplicação de inseticida no pré-plantio. Também é recomendada a aquisição de sementes tratadas industrialmente para o controle não só do percevejo, mas também de outras pragas iniciais como, por exemplo, as vaquinhas e as lagartas. De acordo com Sidney, houve uma mudança de postura do produtor frente à segunda safra do milho. Por ser uma cultura de maior risco, era habitual investir menos na lavoura, tanto em adubação quando no controle fitossanitário. O crescimento na importância da safrinha passou a justificar inclusive maior investimento em irrigação. Na sua propriedade, a estrutura à base de canhões auto-propelidos e pivôs tem potencial para irrigar

Pendões destacam no milharal em Capão Redondo, região onde se planta milho safrinha mais cedo, para escapar da geada.

boa parte das lavouras. “O regime de chuvas na região é bom, mas não se pode ficar à mercê de São Pedro”, diz o empresário rural. Sidney lembra que o milho-verão é mais produtivo, mas isso não tira a importância da safrinha. Na primeira safra que ele colheu no final de janeiro deste ano, o caderno de campo apontava picos de produtividade de 248 sacas (14,8 toneladas) por hectare, fechando com média de 195 sacas. No verão, ele adota o plantio adensado, com até 80 mil plantas por hectare. Na safrinha, com população de plantas entre 60 e 65 mil, a produção média atinge 120 sacas por hectare, mas Fujivara vê potencial para chegar a 160. Para ele, a possibilidade de fazer duas lavouras importantes dentro do mesmo ano abre grandes perspectivas para a agricultura da região. Engenheiro agrônomo, filho de imigrantes japoneses que aportaram no Brasil em 1929, Sidney toca a fazenda com o irmão e sócio Sérgio Fujivara. A família está em Capão Bonito desde 1949 e destacou-se, inicialmente, pela produção de batatas – atividade mantida até hoje. Do portfólio de culturas dos irmãos, fazem parte ainda feijão, trigo e sorgo. Sidney é aficionado pela pesquisa e fã confesso da biotecnologia. Em 2008, a Monsanto fez em sua propriedade o primeiro campo de milho modificado geneticamente na região. A partir da adoção desta tecnologia, a lagarta do cartucho, a lagarta da espiga e a broca da cana passaram a ser controladas com facilidade, proporcionando, além de mais tranquilidade, ganhos expressivos de produtividade. Desde 2011, Sidney vem testando híbrido de milho com tecnologia Roundup Ready tolerante aos herbicidas Roundup e tecnologia Liberty Link de tolerância a herbicidas formulados com Glufosinato de Amônia. “A biotecnologia é a grande ferramenta para produzirmos mais alimentos sem precisar de novas áreas”, diz. agosto 2012 – Agro DBO | 35


Capa O milho é uma cultura de custo mais alto e que demanda muita tecnologia, mas motiva pela rápida resposta aos investimentos.

Ele aguarda com grande expectativa os novos eventos de biotecnologia, por exemplo, o milho adaptado para um maior aproveitamento da adubação nitrogenada – mais produção com menos adubo. Ele conta que a tecnologia para maior tolerância à seca está perto de ser comercializada nos Estados Unidos. Em 2005, Sidney tomou a iniciativa de fazer os primeiros testes para controle de doenças na cultura do milho em suas lavouras comerciais. Até então não havia comprovação sobre a viabilidade técnica e econômica para controlar as doenças fúngicas que se sabiam presentes na lavoura. A prática resultou em resultados surpreendentes com plantas mais vigorosas e sadias até a colheita e com ganhos significativos na produtividade. “Ajudamos a desenvolver a tecnologia do fungicida para o milho, que se tornou obrigatória nesta região, alavancando a produtividade como um todo.” O produtor viaja regularmente aos Estados Unidos para acompanhar a evolução da agricultura americana e trazer subsídios para o Brasil. Numa das viagens, conheceu equipamentos desenvolvidos para pulverização do milho alto (estágio de pendoamento) e trouxe a idéia. O pulverizador, numa plataforma sobre eixos elevados, foi desenvolvido e lançado por uma indústria nacional com base nas sugestões e necessidades do agricultor para controlar as doenças na cultura do milho. Hoje o foco principal do agrônomo e produtor é o aperfeiçoamento em gestão de pessoas. A alta tecnologia empregada nos equipamentos demanda uma mão de obra especializada que é disputada por diversos setores, com isso o investi36 | Agro DBO – agosto 2012

Lavoura tratada, metade com fungicida (à esq.), metade sem tratamento. Aldecir Terol afirma que a safrinha retribui em produção o que o agricultor dá para ela.

mento na capacitação dos colaboradores virou uma necessidade no campo. “O desafio não é só formar técnicos eficientes, mas desenvolver uma política de benefícios aos funcionários que gere comprometimento para melhorar a produtividade e reduzir a rotatividade”, avalia. Quanto às perspectivas futuras, apesar dos excelentes preços da soja, Sidney não descarta o plantio da cultura do milho de verão, pois aposta numa recuperação dos preços da gramínea em função da redução da área de plantio no Brasil para esta safra, redução da produtividade dos EUA devido à estiagem e alta demanda no consumo mundial do grão. Além destes fatores, também conta a paixão pela cultura, assinala: “O milho é uma cultura de custo mais alto e que demanda tecnologia, mas motiva pela sua resposta ao investimento; é desafiadora e ao mesmo tempo prazerosa a expectativa na hora de avaliar o peso da balança na colheita”. Mais adubo O milho safrinha vem batendo recordes de produtividade também em outras regiões do país. O produtor Aldecir José Terol, de Maracaju (MS), está colhendo 150 sacas (9 toneladas) por hectare em área de 600 hectares que recebeu mais de meia tonelada de adubo por hectare, além de uma aplicação de nitrogênio por avião. Na região, os produtores costumam aplicar 250 kg de adubo por hectare no milho de segunda safra. “A safrinha é assim, o que você dá para a planta, ela retribui em produção”, diz o agricultor.


Terol conta que o clima desta safra foi um dos melhores que já viu: “Não tivemos, no ciclo todo, mais do que 12 dias sem chuva. Também não ocorreu geada, nem calor demais.” O único contratempo foi um vento forte, em maio, quebrando parte das plantas, “senão íamos bater em 200 sacas por hectare”, comenta. Nas regiões produtoras de Mato Grosso do Sul, o milho de segunda safra ultrapassou em muito a área cultivada com esse grão na época tradicional. O próprio Terol já não planta milho de verão desde que se mudou de Santa Helena, no Paraná, na década de 80. Todas as áreas disponíveis são ocupadas pela soja. Ele explica que, em parte, a alta produtividade de milho que vem conseguindo se deve à qualidade da terra. Uma parte dos dois mil hectares de cultivo próprio é composta da chamada terra amarela, um afloramento de aquífero com solo úmido que dispensa irrigação. Nessa faixa estão assentados quase 400 hectares de área altamente produtiva. Terol diz que irrigar ali é “chover no molhado”. Outros 1,7 mil hectares que cultiva são de terras arrendadas, em regiões com histórico de chuvas regulares. Quando se faz necessário, ele usa canhões auto-propelidos para “matar a sede” das plantas. Mesmo nas áreas novas, que não receberam adubação forte em safras anteriores, a produtividade se mantém acima de 110 sacas por hectare. Aldecir Terol costuma dizer que a boa produção não se deve à sorte. “Ninguém colhe sem investir.” Aldecir tem o irmão Aldair como sócio e ambos já encaminharam os filhos para dar continuidade ao negócio. Alexandro, filho de Aldair, e Helen Carolina, filha de Aldecir, formaram-se em agronomia para assessorar os pais na produção. Marcos Vinícius, de 22 anos, filho de Aldecir, e Fernando, outro filho de Aldair, estão na lida do campo com os pais.

Segundo Terol, a produtividade do milho que vem conseguindo se deve, entre outros motivos, à qualidade da terra.

Na próxima safra, a família planeja ampliar para cinco mil hectares a área de produção do milho com novos arrendamentos e construir o primeiro armazém próprio. Hoje, os Terol sofrem para armazenar a produção. “Vamos começar com uma estrutura para 100 mil sacas e aumentar aos poucos.” Cerca de 90% da produção será entregue à cooperativa Lar, de Medianeira (PR), com a qual a família mantém parceria. Até o início de agosto, 65% da safra de milho tinham sido comercializados a preços entre R$ 17,50 e R$ 20,50 a saca. Aldecir calculava o custo de produção em 74 sacas por hectare. “Estamos com uma margem boa. As coisas estão indo bem”. Produção turbinada Estudos conduzidos por pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo, sediada em Sete Lagoas (MG) mostram ser possível elevar a produtividade das atuais 4,5 toneladas por hectare para 14 toneladas por hectare utilizando técnicas sustentáveis. Conforme José Carlos Cruz, da área de fitotecnia da empresa, levantamentos feitos a partir de 2009 em 1.095 lavouras de milho registraram

Exportação em alta Análises de mercado divulgadas em julho estimavam que as exportações de milho do Brasil podem atingir um recorde este ano, superando a melhor marca da história do país, obtida em 2007. No início de julho, o relatório do Departamento de Agricultura norte-americano (Usda) apontava redução na produção do cereal nos Estados Unidos, cujas as lavouras foram afetadas por onda de calor. A elevação nas cotações do milho repercutiu favoravelmente no mercado brasileiro. A consultoria Agroconsult calcula em 12,2 milhões de toneladas as exportações deste ano, superando o recorde histórico de 10,9 milhões de toneladas em 2007, segundo dados do Ministério da Agricultura. “Essa alta no mercado vem a calhar neste momento em que os produtores estão com a colheita em andamento, pois a tendência é ter um volume maior de milho

destinado à exportação”, avalia Cleber Noronha, analista de grãos do Imea – Instituto Matogrossense de Economia Aplicada.. Já para a Abramilho – Associação Brasileira de Produtores de Milho, com a queda na produção da Argentina e dos Estados Unidos, principais fornecedores do grão no mercado mundial, o Brasil deve exportar este ano pelo menos 12 milhões de toneladas, contra 9,5 milhões de toneladas em 2011. De acordo com o presidente da Abramilho, Alysson Paolinelli, o ingresso da China entre os países importadores do milho brasileiro deve turbinar os negócios. A previsão é de que este ano os chineses comprem 5 milhões de toneladas, mas a perspectiva é de negócios ainda mais promissores no futuro. Em sua opinião, as compras vão se acelerar com o fim da colheita da segunda safra.

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Capa A máxima produtividade resulta em maior rentabilidade quando associada à sustentabilidade e à otimização no uso de insumos

rendimentos superiores a 12 toneladas por hectare em 326 propriedades, sendo que a maior produtividade foi de 16,53 toneladas. “Alta produtividade não é algo que se alcança em uma única safra. É uma meta que se atinge gradualmente, ao longo dos anos, e por meio de ações que busquem, principalmente, melhorias do ambiente produtivo”, diz. Segundo Cruz, áreas de alta produtividade têm em comum o manejo que prioriza a produção de material orgânico, promovendo maior teor de matéria orgânica no solo, e boa qualidade operacional em todas as atividades. Isso significa realizar operações precisas no tem-

Alguns agricultores conseguem hoje até 15 toneladas por hectare

po oportuno, usar insumos de alta qualidade, de forma racional, e gerenciar com eficiência todo o processo, ensina. Para ele, a máxima produtividade resulta em maior rentabilidade quando associada à otimização no uso de insumos e à sustentabilidade. “É muito comum verificar situações em que fertilizantes, especialmente o fósforo e o potássio, são aplicados acima da quantidade técnica recomendada. Também é comum o uso excessivo de inseticidas e fungicidas, onerando o custo de produção e comprometendo a saúde do produtor e o meio ambiente”, reforça. O pesquisador constatou que um fator comum entre agricultores que detêm recordes de produtividade é a habilidade em identificar e manter um ambiente altamente produtivo no solo explorando o sinergismo entre as várias tecnologias. O sistema de plantio direto, por exemplo, deve ser resultado da correta sucessão de culturas, envolvendo inclusive o consórcio do milho com forrageiras, a chamada integração lavoura-pecuária. A aplicação de nutrientes precisa ser baseada em diagnóstico obtido através da análise do solo e da expectativa de produtividade da cultura. Cruz considera a semente o insumo responsável por 50% do rendimento final da lavoura. A escolha do cultivar adequado não é algo simples: na safra 2011/12, os produtores tiveram à disposição 316 cultivares convencionais e 173 transgênicas, com predominância de híbridos simples (60,32%) e triplos (20,04%), de maior potencial. Cerca de 60% das sementes plantadas tanto na safra como na safrinha são híbridos simples de alto potencial genético. O plantio de milho feito na época correta afeta diretamente a produtividade da lavoura. O atraso

Rumo ao centro Novas fronteiras agrícolas para o milho e outros grãos estão se formando no Maranhão, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Piauí, Bahia, Goiás e Amapá. De acordo com o coordenador da Assessoria de Planejamento Estratégico do Ministério da Agricultura, José Garcia Gasques, as áreas na região guardam características apropriadas para a agricultura moderna. São terrenos planos e extensos, solos potencialmente produtivos, com boa disponibilidade hídrica e clima propício, com dias longos e elevada intensidade de sol. A mais importante limitação, segundo Gasques, é a falta de logística para o abastecimento de insumos e para o escoamento da produção. À precariedade do transporte terrestre e à falta de ferrovias e hidrovias, somam-se a distância dos portos e a limitação na oferta de serviços financeiros e de comunicação. O gerente comercial da Coodetec, Marcelo da Costa Rodrigues,

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percebe um claro movimento de migração da lavoura do milho para essas regiões. Ele prevê que, nos estados do Sul, a safra do milho verão tende a perder área, não apenas pela maior produção da safrinha, sobretudo em função da competição com a soja. “Mesmo com a boa cotação do milho, o produtor ainda tem um ganho maior por hectare com a oleaginosa”, explica. Para Rodrigues, o milho apenas se mantém na região sul por conta da demanda gerada pelo consumo de ração nas granjas de aves e suínos. As cooperativas e empresas avícolas dão incentivos para o plantio da safra verão. Ele considera que a vocação do milho produzido no centro-oeste é a exportação. “O Brasil está se firmando como país exportador e esse é um fator que pode acelerar o crescimento da cultura no eixo central do País, mas é preciso ajustar a logística”, recomenda.


A cultura do milho no Brasil atingiu patamar de produtividade semelhante ao dos Estados Unidos.

no plantio dificulta o controle de pragas e plantas daninhas, além de aumentar a ocorrência e a severidade de doenças, sendo apontado como um dos principais responsáveis pela baixa produtividade, principalmente do pequeno e médio produtor. O levantamento da Embrapa Milho e Sorgo mostrou que, entre produtores que alcançaram rendimentos de grãos superiores a 8 toneladas por hectare, 65% utilizaram uma densidade de semeadura superior a 65 mil plantas por hectare e cerca de 30% utilizaram uma densidade superior a 70 mil plantas por hectare. Embora a adoção de sementes de milho Bt tenha mudado drasticamente o manejo das lagartas na cultura do milho, a prática não elimina a necessidade de manejo de outras pragas através do controle químico. O monitoramento das populações invasoras evita um ônus desnecessário no custo de produção e protege o ambiente e as pessoas. Adicionalmente, o milho OGM traz como benefício uma redução significativa de micotoxinas no milho estocado, reduzindo perdas e diminuindo os custos de armazenagem. De acordo com o pesquisador, os produtores precisam atentar para outros fatores que afetam a produção, como a altitude. Já existem híbridos adaptados para produzir acima de 12 toneladas de grãos em áreas de baixa altitude. O engenheiro agrônomo Cláudio de Miranda Peixoto, diretor de marketing e regulamentação da Pioneer Sementes, avalia que nas últimas duas ou três últimas safras, a cultura do milho experimentou um novo patamar de produtividade, só antes alcançado por países considerados desenvolvidos e detentores de alta tecnologia, como os Estados Unidos. “Hoje, no Brasil, é comum encontrarmos produtores com médias acima de 10.000 kg/ha e até 12.000 kg/ha, chegando a patamares de 15.000 kg/ha”, diz. Para ele, o maior desafio das empresas de sementes e das que desenvolvem tecnologia para as lavouras, era fazer acontecer no campo o que antes só acontecia nos ensaios. “Essa aproximação ou igualdade dos resultados de pesquisa com os resultados de lavouras vem acontecendo principalmente após a correta adoção das tecnologias disponíveis, tanto em sementes, quanto em máquinas e no manejo das lavouras”, explica. Peixoto destaca o profissionalismo dos agricultores na adoção de práticas que proporcionam maior nível de respostas e segurança aos híbridos atualmente comercializados. “Toda esta cadeia de geração, difusão e adoção de tecnologia só é possível graças ao planejamento das empresas do setor do agronegócio, em especial a do setor de sementes, por meio de seus programas de melhoramento, rede de testes, capacidade de análise das informações e um trabalho crescente de parcerias com os órgãos de pesquisa, cooperativas, associações, fundações de pesquisa, consultorias e profissionais da assistência técnica, tendo como foco principal o agricultor”. agosto 2012 – Agro DBO | 39


Marketing da terra

O freguês sempre tem razão Richard Jakubaszko

O

aforismo praticado pelos padeiros lusitanos jamais foi contestado pelos especialistas da mercadologia, comprovando-se como verdade insofismável. Entretanto, no mundo contemporâneo, tanto a mídia de massas, especialmente TVs e jornais, e adeptos de interesses comerciais tentam desmontar e distorcer a realidade. A tentativa de desconstrução dessa verdade encontrou respaldo nas afirmações dos ambientalistas de que o consumidor comum rejeitaria adquirir produtos que contribuíssem para a poluição ambiental ou que trouxessem perigo à sua saúde. Essas “ameaças” categóricas, causaram receios entre produtores rurais, o que é natural. Três exemplos recentes comprovam que o consumidor não obedece a essa ótica ambientalista, ou não lê jornais e nem assiste TVs, ou ainda, o que é mais provável, definitivamente, não está nem aí para tais questões ambientais. Se não, vejamos:

1º- – As sacolas plásticas de supermercados. Conforme divulgado exaustivamente na mídia, os supermercadistas paulistas realizaram acordo político com o Governo do Estado de São Paulo para acabar com o fornecimento das mesmas aos clientes. A mídia ambientalista aplaudiu a iniciativa. Implantada a ideia houve uma reação crítica da sociedade, e as donas de casa protestaram de forma veemente (sem sequer apelar para a realização de passeatas) com a ausência das sacolinhas, mais ainda por terem de comprar outras sacolas, também de plástico (mas chamadas de biodegradáveis...). Revelou-se, no episódio, que a “meritória” intenção dos supermercadistas nada tinha de in-

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teresse na questão ambiental, mas apenas de reduzir custos e aumentar lucros. A proibição foi revogada em junho último, e ninguém reclama mais.

2º- – Temos a paridade do etanol versus gasolina. Há um consenso antigo de que o etanol deve custar no máximo de 65% do preço da gasolina para tornar-se vantajoso do ponto de vista econômico, mesmo tendo a vantagem de ser muito menos poluente. O etanol transmite mais potência ao veículo, mas consome mais por km percorrido, ou melhor, é mais esbanjador do que a gasolina. Desde 2011 assistimos no Brasil a uma guerra comercial do etanol versus gasolina que seria cômi-

ca, não fosse trágica. Os usineiros afirmam que o Governo sustenta preço artificial baixo da gasolina. Já o Governo acusa os usineiros de não investirem nos canaviais, o que ocasionou queda de produção, e de provocarem a anormalidade de fornecimento, para ter aumento dos preços do etanol. Na última entressafra os preços do etanol estiveram em 80% da paridade com a gasolina. Mesmo com a possibilidade de proporcionar visível benefício ambiental às cidades onde vive, o consumidor não quis saber de conversa, aderiu ao uso da gasolina, mesmo que essa não transmita tanta potência aos seus HPs. No jogo de empurra, o Governo Federal reduziu de 25% para 20% a adição de etanol à gasolina. Sobrou etanol no mercado, os preços caíram, mas os investimentos continuam baixos, e aguarda-se a próxima entressafra, quando a guerra deve continuar. O consumidor não está nem aí para a questão ambiental.

3º- – Os ambientalistas brigaram muito para tornar obrigatório o uso do triângulo amarelo com um ameaçador “T” em seu interior, nas embalagens de alimentos. Através de legislação tornou-se isso obrigatório no Brasil. Na visão idealizada


dos ambientalistas o consumidor recusaria esses produtos, e os agricultores deixariam de comprar sementes GMs, liquidando com as empresas fornecedoras. A Europa, em recados através da mídia acrítica, exige do Brasil o fornecimento de alimentos não OGMs, mas jamais se dispôs a pagar um centavo a mais, comprovando a hipocrisia do discurso. Pois vem da Europa outro exem­plo da palavra final do consumidor. Para observar consumidores em uma situação real, pesquisadores da Universidade de Otago (Nova Zelândia), montaram barracas de frutas em ruas de 6 diferentes países: Bélgica, França, Alemanha, Nova Zelândia, Suécia e Reino Unido. As tendas vendiam morangos, uvas e cerejas que apresentavam 3 rótulos diferentes: “orgânico, certificado Biogrow” (produto que fortalece a planta), e “baixo resíduo, produzido em área potencial para conservação” e “100% livre de defensivos, geneticamente modificado». Se os clientes perguntavam sobre as frutas GM, os fornecedores explicavam que continha genes que faziam a planta produzir seu próprio inseticida natural. Na verdade, todas as frutas tinham a mesma origem. Nas barracas de frutas, os frutos GM foram os mais escolhidos. Com pequena redução na condição de preços, o fruto GM foi a escolha mais popular ou a segunda mais popular em 3 dos 5 países europeus nas bancas de fruta, apesar de ser a opção menos popular em pesquisas de mercado convencionais nesses mesmos países. Depois de fazer as suas compras nas bancas, os clientes foram questionados sobre suas decisões. O preço foi um fator comum. Muitos clientes que compraram “orgânico” ou “baixo resíduo” disseram tê-lo feito por força do hábito, e alguns diziam que as frutas orgânicas pareciam

O freguês pode ser perverso com o meio ambiente, desde que leve alguma vantagem. melhor e mais saborosas. Mesmo tendo provado todas as frutas, alguns consumidores não acreditaram que todos os frutos eram os mesmos, com a mesma origem. Os resultados sugerem que pesquisas feitas anteriormente po­dem ter exagerado o grau de sentimento negativo em relação aos produtos GM. Os investigadores concluem que “a expectativa social” leva as pessoas a fazer escolhas diferentes em uma situação de pesquisa das que fariam em uma situação de consumo real. Em outras palavras, o consumidor pode escolher um produto mais barato, mesmo sendo GM, se acreditar que ninguém está olhando. Entretanto, em situação de resposta a um questionário, há o desejo de optar por algo socialmente aceitável. Os pesquisadores apontam que seu raciocínio foi inferido a partir dos comentários coletados. No entanto, acreditam que as descobertas mostram que os GMs serão mais aceitos pelos consumidores se forem mais baratos e suas vantagens (por exemplo, ausência de resíduos de pesticidas) forem claramente identificadas ou explicadas. Conclusão: a vontade do consumidor é soberana, pode até ser perversa, mas o freguês sempre tem razão. Revogam-se to-­ das as boas e más intenções em contrário. Fonte: European Commission – Science for Environment Policy

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Divulgação/Stora Enso

Sustentabilidade

Manejo contra a

erosão

Para evitar a degradação do solo é preciso planejar as atividades de acordo com as fragilidades e potencialidades da área explorada Aluísio Granato de Andrade (¹) e Tiago de Andrade Chaves(²)

O

(¹) Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Solos; (²) Engenheiro Agrônomo, consultor do programa Rio Rural-Pesagro-Rio

solo é a base de sustentação e desenvolvimento dos sistemas de produção agropecuários e ecossistemas naturais. Reverter o quadro de degradação, otimizar o uso dos solos com potencial para aumentar a produção agrícola, contribuir para a mitigação de impactos ambientais e desenvolver novos insumos e sistemas de produção capazes de promover a sustentabilidade ambiental, social e econômica são alguns dos desafios para o manejo e a conservação do solo e da água para os diversos am-

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bientes, usos e estado de degradação das terras brasileiras. O aumento de áreas degradadas em regiões anteriormente produtivas tem sido constatado em diferentes regiões do Brasil. A erosão se apresenta sob todas as suas formas (laminar, sulcos e voçorocas), levando solo, sementes, adubos e agrotóxicos para lagos e rios, até o mar. O resultado é a perda de produção e o empobrecimento dos agricultores; o assoreamento e a contaminação dos corpos hídricos e o desmatamento para abertura de novas áreas de produção, causando

Área exposta em São Franscisco de Assis (RS): empresa Stora Enso planta florestas para conter a devastação

perda da biodiversidade nos diferentes biomas brasileiros. Os primeiros registros de ações relacionadas ao controle da erosão no país são de 1713, ano em que o governo colonial emitiu decretos e cartas régias com o objetivo de pôr fim ao desmatamento indiscriminado por meio do fogo, que facilitava a exploração de ouro e prata ou para agricultura. Os estragos provocados pela grande seca que assolou a Bahia e o Ceará de 1791 a 1792 derivaram, em grande parte, da falta de práticas de conservação do solo. Em 1713, também ocorreu a primeira grande seca no Rio de Janeiro. Na época, os fazendeiros multiplicavam suas lavouras de café e, de maneira geral, não adotavam práticas conservacionistas, resultando em deslizamentos de encostas e assoreamento de rios.


Planejamento conservacionista – Para evitar a degradação do solo é necessário planejar as atividades de produção agropecuária de acordo com suas fragilidades e potencia-

Cupinzeiros são indicadores visuais de solos degradados

lidades, utilizando tecnologias capazes de reduzir a ação da erosão e promover a manutenção e/ou melhorias de suas propriedades, contribuindo para o desenvolvimento de sistemas de produção sustentáveis. Dentre as principais etapas relacionadas ao planejamento conservacionista da propriedade rural, destacam-se: • Preservação e recuperação das áreas de preservação permanente; • Divisão da área agricultável em glebas (zonas de manejo) de acordo com características do relevo, solos, uso, grau de degradação (tipo e frequência do processo erosivo) tamanho do talhão, distância dos recursos hídricos, em caso de áreas irrigáveis, etc.; • Diagnóstico do estado de conservação e/ou degradação do solo em cada uma das zonas de manejo visando observar a forma e a intensidade dos processos erosivos, coletar amostras de solo para avaliação da fertilidade, observar o uso e as práticas de manejo existentes e selecionar áreas e medidas prioritárias para contenção dos processos erosivos de locais críticos;

• Seleção de culturas e plantas de cobertura de acordo com a aptidão agrícola das terras, exigências climáticas das culturas e demandas de mercado; • Recomendação de práticas de conservação de solo e água, de aplicação de adubos e corretivos, de controle integrado de pragas e doenças e aproveitamento de resíduos. Em síntese, o planejamento conservacionista busca integrar a aplicação de práticas mecânicas, edáficas e vegetativas, conjugadas com o aproveitamento de resí­duos Divulgação/Embrapa Solos

Em 1844, após outra grande seca no estado, iniciou-se a restauração nas bacias dos rios Carioca e Maracanã. Posteriormente, entre 1861 e 1873, o major Manuel Gomes Archer foi responsável pela execução de ações de reflorestamento em morros degradados pela exploração do café, no que atualmente corresponde ao Parque Nacional da Floresta da Tijuca. Com o decorrer do uso da mecanização na agricultura e, principalmente, com a adoção de práticas como a aração e gradagem, sulcamento, encanteiramento ou plantio realizados morro abaixo, os problemas causados pela erosão se agravaram. Buscando conter o avanço desses problemas na região sul do Brasil, foram adotadas práticas mecânicas, como o terraceamento, sendo também incentivado o cultivo em nível ou em faixas. No início da década de 1870 é que se percebeu a importância de manejar adequadamente o solo, evitando expô-lo aos efeitos das chuvas intensas do clima tropical e subtropical que predominam no Brasil, assim como a relevância da microbacia hidrográfica como unidade natural de planejamento conservacionista. Agricultores e pesquisadores das mais variadas regiões do Brasil, após anos de muito trabalho, vem implantando, cada vez mais, práticas eficazes para evitar a destruição do solo pela erosão e a recuperar essas áreas, seja para fins de produção agroflorestal e/ou para recuperação do meio ambiente. Neste artigo, apresentamos, de forma sintetizada, ações de manejo, conservação e/ou recuperação.

Ronaldo Trecenti

As primeiras ações de combate à erosão no país são de 1713, quando o governo emitiu carta-régias com diretrizes de controle.

Gramíneas

recompõem as características físicas e químicas da área erudida

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Natércia Rocha

Sustentabilidade

Enxurrada

amplia estragos em terreno exposto pela voçoroca: exemplo de erosão muito forte

para propiciar a máxima proteção do solo. As práticas mecânicas visam ordenar e dissipar a energia das águas do escoamento superficial e promover a infiltração de água e a retenção de sedimentos, destacando-se entre elas o terraceamento, bacias de retenção, cultivo em nível, canais escoadouros e a subsolagem de áreas compactadas pelo superpastoreio, excesso de operações de mecanização e/ou preparo excessivo do solo. As práticas edáficas referem-se ao manejo da fertilidade com aplicação adequada de adubos e corretivos. As práticas vegetativas correspondem à seleção e ao manejo de plantas, em rotação, consórcio ou sucessão para fins de produção, proteção do solo, fixação biológica de nitrogênio, fornecimento de matéria orgânica, ciclagem de nutrientes e estruturação do solo.

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Este conjunto de práticas promove a preservação e/ou a melhoria da estrutura do solo, o aumento da infiltração de água e do conteúdo de matéria orgânica do solo, a ciclagem de nutrientes e a manutenção do solo sempre coberto, seja com cobertura viva ou com cobertura morta. Os sistemas de plantio direto, agroecológicos, agroflorestais, ILP (integração lavoura-pecuária) e ILPS (integração lavoura-pecuária-silvicultura) são bons exemplos de sistemas que contribuem para conservação e recuperação do solo. O sistema de plantio direto (SPD) juntamente com o terraceamento, quando necessário, tem garantido a produção de grãos e conservação de terras agrícolas em diferentes regiões brasileiras, especialmente no Sul e Centro-Oeste em sistemas de produção de grãos. Neste sistema foram eliminadas duas operações de preparo do solo (aração e gradagem), acarretando redução no uso

de combustível e maior resistência das culturas ao déficit hídrico, em função do maior armazenamento de água no solo. No SPD a mobilização do solo fica restrita somente na cova, sulco ou linha de plantio, é realizada a diversificação de culturas em rotação e/ou consórcio, utilizando além de espécies vegetais para produção econômica, outras plantas para formação de palhada (resíduos vegetais). Os princípios empregados no SPD juntamente com a adoção do manejo agroecológico desses sistemas garantem um fornecimento constante de matéria orgânica e nitrogênio, fundamentais para a construção da fertilidade do solo e ainda reduzem o impacto sobre o ambiente devido a substituição de agro-químicos por fertilizantes e defensivos naturais. O sistema de integração-lavoura-pecuária, seguindo os preceitos do SPD tem se mostrado uma


Os sistemas de plantio direto, agroecológicos e agroflorestais contribuem para a conservação e recuperação dos solos. alternativa para a recuperação de pastagens degradadas. Este sistema inclui a agricultura, em geral a produção de grãos, em rotação, consórcio ou sucessão com a pecuária na mesma área, ou a floresta, como no sistema ILPS. Uma alternativa que tem sido utilizada para recuperar solos degradados, são os sistemas agro-florestais, possibilitando uma ampla variedade de formas de uso da terra, onde árvores e arbustos são cultivados de forma interativa com cultivos agrícolas, pastagens e/ou animais. De acordo com a natureza e arranjo de seus componentes podem ser classificados em: • Silviagrícolas: árvores e/ou arbustos com culturas agrícolas; • Silvipastoris: árvores e/ou arbustos com pastagens e/ou animais; • Agrossilvipastoris: cultivo de árvores e/ou arbustos com culturas agrícolas, pastagens e/ou animais possibilitando uma ampla combinação de culturas anuais, perenes semi-perene e com criações de animais de portes variados. Diagnóstico do nível de degradação do solo – O nível de degradação pode ser definido a partir de um conjunto de indicadores, tais como: a taxa de cobertura vegetal e/ou de solo exposto, o grau de compactação do solo, a taxa de infiltração de água, o nível de fertilidade natural, a ocorrência de determinadas espécies vegetais e/ou a incidência de cupinzeiros, entre outros aspectos. A determinação da espessura do horizonte superficial (veja quadro ao lado) e posterior comparação com outros perfis de solos de áreas próximas com cobertura vegetal natural é uma forma prática de se inferir o estágio da erosão na área. Quanto menos espesso o horizonte superficial em comparação ao mesmo tipo de solo em condição natural, maior a degra-

dação causada pela erosão. De acordo com a frequência e a intensidade dos processos erosivos a erosão pode ser classificada em (IBGE, 2007): • Não aparente: o solo não apresenta sinais perceptíveis de erosão laminar ou em sulcos. • Ligeira: apresenta menos de 25% do horizonte A ou camada superficial removida pela erosão. Podem apresentar sulcos rasos que podem ser cruzados por máquinas agrícolas e que são desfeitos pelas práticas normais de preparo do solo. • Moderada: cerca de 25 a 75% do horizonte A removidos pela erosão na maior parte da área, apresenta frequentes sulcos rasos que não são desfeitos pelas práticas normais de preparo do solo. • Forte: o solo apresenta-se com mais de 75% do horizonte A removido, exceto em pequenas áreas entre os sulcos, e o horizonte B, já exposto, apresenta sulcos profundos (voçorocas) ocasionais e sulcos rasos muito frequentes. • Muito forte: o solo apresenta o horizonte A completamente removido e o horizonte B já bastante atingido por frequentes sulcos profundos (ravinas) e ocasionais sulcos muito profundos (voçorocas). • Extremamente forte: o solo apresenta os horizontes A e B completamente removidos, sendo que o horizonte C revela ocorrência muito frequente de sulcos muito profundos (voçorocas). O solo com essa classe de erosão é inadequado para fins agrícolas. Solos com classes de erosão forte a extremamente forte, possuem sérias limitações ao uso agropecuário. Ordenamento e dissipação da ener­gia das águas do escoamento superficial (enxurradas) – Para estabilização de áreas em estágio avançado de erosão, como ravi-

nas, voçorocas e deslizamentos de terra, recomenda-se, inicialmente, conduzir adequadamente as águas provenientes do escoamento superficial na área à montante de forma a reduzir sua velocidade, desviar das áreas erodidas e aumentar sua infiltração. Para isso recomenda-se o terraceamento e canais em desnível com bacias de captação, conjugados com cordões vegetados. A escolha da melhor técnica a ser utilizada deve levar em consideração características locais, como tipo de solo, declividade do terreno, disponibilidade de máquinas, intensidade das precipitações entre outros fatores. Para construção dos cordões de vegetação permanente devem ser selecionadas espécies vegetais com as seguintes características: perene,

Os horizontes O – Horizonte com predominância de restos orgânicos A – Horizonte mineral escurecido pela acumulação de matéria orgânica

E – Horizonte de cores claras, de onde as argilas e outras partículas finas foram lixiviadas pelas águas perculantes.

B – Horizonte de acumulação de materiais provenientes dos horizontes superiores, nomeadamente argilas. Pode apresentar cores avermelhadas, devido à presença de óxidos e hidróxidos de ferro. C – Horizonte constituído por material não consolidado

R – Rocha consolidada

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Sustentabilidade O plantio de leguminosas herbáceas e gramíneas de crescimento rápido ajuda a proteger o solo exposto em pouco tempo ou enxadão ou mecanizadas, com retroescavadeira por exemplo.

tidades de água das chuvas, torna-se necessária a construção de paliçadas para reduzir a velocidade de escoamento da água e reter parte dos sedimentos por ela transportados, o que vai permitir a estabilização do solo no local e a revegetação da área.

Cobertura inicial da área erodida – Após a realização das práticas mecânicas, como a construção de paliçadas e a reconformação de taludes e barrancos recomenda-se a aplicação de restos vegetais para a formação de cobertura morta sobre a superfície erodida até que as espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas implantadas se estabeleçam e garantam uma boa proteção ao solo. Para isto podem ser usados resíduos de origem vegetal disponíveis na região, dando preferência a materiais mais fibrosos, que vão recobrir o solo por mais tempo como: palhas, cascas, serragem e todo tipo de material disponível. Aliado a isto o plantio de leguminosas herbáceas e gramíneas de crescimento rápido vão dar proteção ao solo exposto em pouco tempo, além de melhorar as características físicas e químicas do solo. Recomenda-se selecionar espécies de leguminosas e gramíneas de acordo com o clima da região, podendo-se citar: Feijão de porco (Canavalia ensiformis), mucuna (Mucuna aterrina cv.), crotalaria (Crotalária juncea), guandu (Cajanus cajan), milheto (Pennisetum glaucum), aveia preta (Avena strigosa) etc.

Suavização dos barrancos – Em algumas áreas com classes de erosão forte e extremamente forte com ocorrência de locais com desmoronamentos de terra e voçorocamentos, apresentam barrancos com declividade acentuada com grande instabilidade, sendo necessário realizar a suavização dos barrancos para formar superfícies de maior estabilidade geotécnica. Esta estratégia possibilitará o plantio de espécies vegetais selecionadas para toda a área erodida e vai diminuir a ação da água no processo erosivo. Dependendo do volume de terra a ser mobilizado para a realização dos cortes e consequentemente suavização das partes íngremes da erosão, poderão ser realizadas operações manuais, com enxada

Gustavo Porpino/Embrapa Cerrados

Paisagem no Cerrado: extensas lavouras, poucas árvores e pastos degradadas

crescimento rápido, não invasora, sistema radicular extenso, resistência a pragas e doenças, adaptada a condições adversas de solo e as condições climáticas do local de implantação, formar barreira densa junto ao solo, além de ter potencial econômico para o produtor. Alguns exemplos de espécies adequadas para uso em cordões de vegetação permanente, são: Capim vetiver (Vetiveria zizanioides (L.) Nash), erva cidreira (Melissa officinalis), capim gordura (Melinis minutiflora P. Beauv.). Os espaçamentos entre cordões podem ser calculados da mesma forma que os terraços, pois com o tempo o acúmulo de sedimentos na parte superior dos cordões inicia a formação de terraços, que posteriormente podem ser terminados com uso de enxada. Para que o fechamento da vegetação seja o mais rápido o espaçamento ideal entre plantas é de 0,15 a 0,20m. Dentro de voçorocas, quando não for possível desviar o fluxo de água a sua montante, ou quando a mesma possui dimensões excessivas e recebem diretamente grandes quan-

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Revegetação das áreas erodidas – É importante lembrar que em toda área erodida a baixa fertilidade do solo predomina, e esta característica limitará o estabelecimento das plantas, desta forma, o uso de leguminosas fixadoras de nitrogênio, do grupo sucessional das pioneiras deve ser priorizado. Também é possível usar na revegetação espécies de interesse econômico, pois em alguns casos, a recuperação da área pode ser associada à formação de sistemas agroflorestais, o que irá depender do grau de degradação da área.



Artigo

Melhores da Terra Tecnologia: conjunto de conhecimentos e princípios científicos que se aplicam a um determinado ramo de atividade. Luiz Fernando Coelho de Souza*

Distribuidor de adubo orgânico líquido, da Mepel

A

*Engenheiro agrônomo, Coordenador do Prêmio Gerdau Melhores da Terra

tecnologia está no DNA desta revista, está nos resultados alcançados pela moderna agricultura e pecuária do país. Somente os avanços da tecnologia desenvolvida no mundo, através das universidades, das instituições de pesquisa, dos esforços público e privado, explicam números como 3,260 toneladas por hectare de grãos colhidos no Brasil em 2011 quando, 30 anos antes, apenas 30 anos o que não é nada em se tratando de agricultura a produtividade era de 1,280 t/ha. A tecnologia está nas sementes, nos insumos, nas técnicas de produção, nas máquinas e equipamentos agrícolas. Milhões de estudiosos, pesquisadores, técnicos, no mundo inteiro, entregam-se ao trabalho de desenvolver conhecimentos que alimentam a técnica capaz de oferecer melho-

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res resultados nos processos de produção, produtividade, redução da carga de trabalho humano, preservação do meio ambiente, bem estar social. A tecnologia é a tônica da Agrishow, uma feira que se orgulha em se constituir em vitrine onde são expostos, apreciados e discutidos os avanços tecnológicos mais importantes, voltados para a produção agrícola do mundo atual. Foi esta Feira, palco do Prêmio Gerdau Melhores da Terra em sua edição de número 30, que de maneira inovadora, analisou, julgou e premiou as máquinas e equipamentos agrícolas inscritos na Categoria Novidade Agrishow 2012 – Agricultura Familiar e Categoria Novidade Agrishow 2012 – Agricultura de Escala. Os equipamentos premiados são exemplos do emprego consequente da tecnologia aplicada não apenas na fabri-

cação dos diferentes produtos, mas essencialmente no conceito, na concepção, no significado e alcance dos resultados a serem obtidos na sua utilização. O Ouro da Categoria Novidade Agrishow 2012 – Agricultura Familiar foi concedido à Adubadeira Fertinox 1000E da Marispan, de Batatais (SP). O equipamento, simples em sua concepção e funcionamento, atende a uma demanda expressiva da agricultura familiar voltada para a produção do café. Este segmento responde, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, por 38% da produção nacional. São 275 mil propriedades que demandam equipamentos de porte e características específicas. Equipamentos capazes de operar em condições difíceis de desenho e topografia de lavouras, equipamentos de fácil regulagem,


Os equipamentos premiados nas diversas categorias são exemplos no conceito, concepção e alcance dos resultados precisão e operação. A tecnologia, neste caso, concentrou-se na possibilidade de menor raio de giro de cabeceiras, eficaz em cafezais situados em áreas pequenas e declivosas; na precisão da taxa de distribuição do fertilizante, na facilidade da operação. O Troféu Prata desta mesma Categoria, obedecendo a iguais princípios, foi para o Conjunto Familiar Campeira, uma máquina multiuso, constituída por uma ensiladeira e um triturador, equipamentos indispensáveis ao produtor rural familiar dedicado a produção leiteira e criação de animais. Também aí, o significado está nos 36,4 milhões de hectares voltados a produção de proteína animal no sistema Agricultura Familiar. É mais da metade da produção de leite, aves e suínos e 30% da produção de bovinos do país, segundo o último Censo Agropecuário Brasileiro. Em sua singeleza e funcionalidade o equipamento executa duas tarefas importantes na alimentação animal valendo-se de apenas um motor de acionamento. O produtor familiar dispõe assim, a baixo custo, de duas máquinas em uma. Na Categoria Novidade Agri– show 2012 – Agricultura de Escala, o Troféu Ouro foi conquistado pelo protótipo do Secador de Grãos Khronos. Neste caso a tecnologia, amparada no conhecimento e tradição na fabricação de secadores, atuou no sentido da funcionalidade, da eficiência e eficácia no processo de secagem de grãos, na redução do consumo de energia para o funcionamento, na preservação ambiental, na redução da carga de trabalho humano, na segurança, na qualidade do produto final. O Projeto contemplou todos os elementos envolvidos no pro-

cesso de secagem: sistemas automatizados com autoajuste, sem a interferência do operador; maior eficiência energética, reduzindo o consumo de lenha; redução dos níveis de ruído; redução da emissão de partículas na atmosfera; redesenho da torre com fluxo misto, mantendo homogênea a temperatura dos grãos, o que se traduz em qualidade de secagem; segurança para o operador. O Troféu Prata na Categoria Novidade Agrishow 2012 – Agricultura de Escala contemplou um equipamento que viabiliza a utilização da vinhaça concentrada e fertilizantes líquidos nas linha de plantio da cana de açúcar, o Distribuidor de Adubo Orgânico Líquido Especial para Vinhoto. É a tecnologia a serviço dos resultados, a tecnologia rompendo paradigmas. A distribuição na linha de plantio da vinhaça concentrada, ao invés da sua distribuição a lanço, diluída em água em toda a lavoura, representa não apenas grande economia nos processos de transporte e distribuição como resultados muito mais eficazes na fertilização da cultura e preservação ambiental. A água, resultado da concentração da vinhaça é reutilizada na usina (70% de aproveitamento), contribuindo eficazmente, também, para com o ambiente. O distribuidor é a parte final de um complexo constituído por torres de concentração da vinhaça cuja tendência é substituir, nas novas usinas e naquelas que não dispõem de canalizações nas lavouras, a distribuição a lanço. Embora ainda um processo relativamente caro devido a infraestrutura exigida nas usinas, sua tendência é multiplicar-se dadas as vantagens que proporciona. O distribuidor possui de 7 a 10 linhas de aplicação e pode trabalhar de

Anastácio

Fernandes Filho, presidente da Kepler Weber

forma ininterrupta, em faixas que atingem 10,5m de largura. À definição de Tecnologia con­­ tida no início do artigo, obtida no dicionário Aurélio, à luz dos exemplos citados, poderia se agregar: tendo como objetivos maiores a funcionalidade, a eficiência e eficácia de produtos e processos, a preservação ambien­t al, a redução da carga de trabalho humano, a melhoria da A qualidade da vida.

Adubadeira

Fertinox 1000 E, vencedora na categoria Novidade

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Artigo

Soja: fator de integração nacional e desenvolvimento. O desenvolvimento do Centro-Oeste tem dois grandes marcos: a construção de Brasília e a introdução da cultura da soja nos anos 80. Carlos Fávaro*

O

*O autor é produtor rural em Lucas do Rio Verde e presidente da Aprosoja

tema do VI Congresso Brasileiro de Soja, realizado pela Embrapa, em parceria com a Aprosoja – Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso, cai perfeitamente para o nosso estado: “Soja: fator de integração nacional e desenvolvimento sustentável”. Os números e a história não mentem. O desenvolvimento da região Centro-Oeste tem dois grandes marcos: a construção de Brasília, em 1960, e a introdução da cultura da soja a partir da década de 80. Na época da construção da capital federal, o Centro-Oeste representava menos de 1% do PIB nacional, com apenas três milhões de habitantes. O impacto da construção de Brasília na região foi imenso e na década de 80, o PIB dobrou, e a população pulou para nove milhões de pessoas. Após a chegada da soja até os dias atuais, a participação do Centro-Oeste no PIB nacional dobrou mais uma vez e a população acompanhou este crescimento. Não é à toa que a chamamos a soja de grão milagroso. A cultura foi a responsável pela mecanização nas lavouras brasileiras, pela modernização do sistema de transportes, pela profissionalização e incremento do comércio internacional, por expandir a fronteira agrícola brasileira, pelo fomento às pesquisas no setor agrícola, pela industrialização dos produtos e pela interiorização da população. Foi também um dos principais fatores para que mais carne chegas-

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se à mesa do brasileiro e o principal, que chegasse mais barata. Atualmente, o complexo soja é uma das principais fontes de divisas do país, representando 10% das exportações totais. Ainda precisamos considerar outros fatores que auxiliaram este desenvolvimento, como a criação da Embrapa, em 1973, e a construção de importantes rodovias federais, tais como a BR-163, a BR-070 e a BR-364, que proporcionaram a migração e ocupação de estados antes desabitados, no centro do país. Porém, a integração por si só não faria sentido se não fosse o modelo de desenvolvimento que a soja trouxe. Urbanização das cidades, descentralização da agroindústria nacional e aumento no número de empregos. A cultura da soja gera 1,5 milhão de empregos diretos e indiretos no Brasil. Em outras palavras: mais renda à população das regiões onde há lavouras deste grão tão pequeno, mas tão rico em tantos aspectos.

Para se ter uma ideia da contribuição da soja para o desenvolvimento sustentável do Brasil e, em especial, de estados como Mato Grosso, é só olhar os números históricos dos municípios mato-grossenses. Cidades como Campo Verde, Sorriso, Primavera do Leste, Rondonópolis, Nova Mutum, Sinop, Lucas do Rio Verde, Tangará da Serra, entre tantas outras, se desenvolveram com forte participação da soja na economia. E temos também exemplos assim em Goiás, como Jataí e em Mato Grosso Sul, como Chapadão do Sul. São cidades que possuem um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) acima da média nacional. Junto com o grão da oleaginosa vieram todos os benefícios agregados à sua produção, evidenciando como clusters podem se formar onde há lavouras do grão. Cuiabá, a capital de Mato Grosso, é um excelente exemplo de como os investimentos gerados no campo retornam para a cidade. A cidade é hoje um centro


de referência para o agronegócio e cresceu junto com os demais municípios, recebendo pessoas de todos os cantos do país e se transformando em uma cidade multicultura. Não é a toa que foi escolhida para ser uma das cidades-sede para a Copa do Mundo de 2014. E a soja também contribui para isto, pois com os recursos do Fethab, imposto recolhido em cima da comercialização da saca do grão, entre outros produtos, diversas obras de melhoria da infraestrutura viária da cidade estão sendo feitas. Só em 2011, o segmento soja contribuiu com quase R$ 107 milhões com o Fethab. É o segundo setor que mais contribui, ficando atrás apenas do óleo diesel.. Na área ambiental, a introdução de tecnologias e melhorias de gestão propiciou um ganho de 100% de produtividade nas lavouras nos últimos 30 anos, permitindo que pou-

pássemos 11 milhões de hectares, só na região Centro-Oeste. A Embrapa teve grande contribuição para isto. E com a chegada de uma unidade em Mato Grosso (a Embrapa Agrosilvipastoril, instalada no município de Sinop) conseguiremos avançar

no estado de Mato Grosso. Destaco como obras prioritárias, a Ferronorte até Rondonópolis, a FICO, até Água Boa, e posteriormente Lucas do Rio Verde, hidrovias como a do Juruena-Teles Pires-Tapajós e rodovias como a BR-163, até Santarém, no Pará, a

O terceiro marco de desenvolvimento virá com a implementação de novos projetos de logística ainda mais no aprimoramento e desenvolvimento de novas tecnologias, garantindo a produção de alimentos com redução de custos e impactos ambientais. Precisamos agora construir aquele que será o terceiro grande marco do desenvolvimento do Centro-Oeste. Nada me tira da cabeça que este novo período passa obrigatoriamente pela implementação de novos projetos logísticos, principalmente

BR-158 e a BR-080, que vão permitir conectar o estado aos portos do Arco Norte do país. A soja é, portanto, um fator de integração nacional e desenvolvimento sustentável. Estamos apenas começando a traçar essa história, muitas coisas boas ainda virão. Vamos acompanhar e nos certificar que teremos desenvolvimento sim, porém, sempre com muita responsabilidade e sustentabilidade.

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Artigo

Novo conceito em secagem de grãos Com o sistema, é possivel minimizar perdas na colheita, aumentar o período de armazenagem e preservar a capacidade de germinação. Everson Del Fabbro*

A

secagem é uma das etapas mais importantes no período pós-colheita e têm como finalidade retirar a umidade excessiva contida nos grãos. O sistema de secagem pode ser definido como um processo simultâneo de transferência de calor e massa (umidade) entre

grão, permitindo a armazenagem por períodos mais longos sem o risco de deterioração do produto; e preservação do poder germinativo por mais tempo. O processo de secagem, quando realizado de forma inadequada, pode causar degradação, aumentando a suscetibilidade a trin-

O equipamento é capaz de secar os vários tipos de grãos comerciais disponíveis no mercado o produto e o ar de secagem. As principais vantagens do processo são: antecipação da colheita, aumentando assim as possibilidades de cultivo de outras lavouras em sucessão; minimização das perdas no campo; maior qualidade do

cas ou mesmo quebra nos grãos, prejudicando e reduzindo sua qualidade. A nova linha de secadores Khronos, lançada este ano pela Kepler Weber, se apresenta ao mercado como um equipamento de alta performance, com sistema de au-

tomação no processo de secagem, autossuficiência e menor consumo energético. Atributos que proporcionam maior qualidade ao produto devido a preservação de seus atributos nutricionais e ganhos de lucratividade ao cliente. A linha Khronos oferece ao usuário uma gama de benefícios e diferenciais em relação aos equipamentos disponíveis no mercado, dentre os quais se destacam:

• Qualidade do grão: A nova for-

ma construtiva da torre de secagem resulta em um fluxo uniforme, permitindo que todos os grãos tenham contato por igual com o ar de secagem e evitando diferenças de temperatura na massa de grãos. Com a precisão do monitoramento da temperatura e eficiência da secagem, a massa de grãos do produto seco é homogênea, resultando num processo de secagem que finaliza num produto de mais qualidade e com maior preservação dos atributos nutricionais.

• Eficiência energética: O novo

*O autor é Gerente de Engenharia Kepler Weber

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secador de grãos tem consumo energético reduzido quando comparado aos demais, proporcionando ao usuário mais economia de combustível, maior lucratividade na safra, bem como redução dos impactos ambientais e dos custos operacionais.

• Autossuficiência na operação: Os ventiladores dedicados especifi-


Parâmetros de automação • Ajuste automático dos parâmetros de trabalho; • Sensores da temperatura de secagem; • Sensores da temperatura de massa do grão; • Processo automático de partida e parada dos motores; • Controle da descarga ativada automaticamente; • Assistência técnica remota; • Software para acompanhamento do secador à distância; Relatórios gráficos de

camente aos processos do conjunto garantem o desempenho adequado do equipamento, sem depender daregulagem do operador. O sistema de controle não permite que as temperaturas do grão ultrapassem o limite pré-estabelecido e, aliado ao sistema de gerenciamento do equipamento, controla a secagem de forma precisa. O controle da temperatura de combustão no queimador é realizado de maneira automática, através da temperatura de secagem. No caso de queimadores a lenha,

monitoramento;

• Histórico de operação; • Manual de operação (help) integrado ao sistema; • Identificação de anomalias nos motores; • Controle do ventilador de combustão; • Controle do ventilador da máquina de aspiração na entrada do produto; Monitoramento da umidade de saída; Alimentação automática de combustível.

• •

há um ventilador dedicado insuflando a quantidade de ar necessária para combustão, cujo controle é feito por um sensor de temperatura que garante níveis adequados para o combustível que está sendo utilizado.

Controle ambiental: Entre os itens opcionais, destaca-se o sistema de aspiração de particulados que, integrado ao equipamento, tem a função de remover as impurezas leves contidas no produto a ser seco antes do mesmo entrar no secador.

O tipo dos ventiladores utilizados e a instalação dos mesmos de forma enclausurada faz com que o nível de ruído seja muito inferior aos demais modelos disponíveis no mercado, eliminando assim a necessidade da instalação de sistemas específicos para atenuação de ruído. O ar utilizado na secagem é emitido ao ambiente após ter passado através de uma câmara de decantação, a qual tem por finalidade decantar o particulado mais pesado que o ar. O particulado coletado pelo aspirador de impurezas se junta ao decantado na câmara de exaustão, sendo coletado por um sistema de aspiração que o transporta para a queima na fornalha quando esta for à lenha, ou então para ensaque em um ciclone.

• Versatilidade:

Desenho esquemático do sistema de ventilação.

Devido à modularidade construtiva, é possível montar o equipamento com diferentes geradores de energia, além de secar os diversos tipos de grãos comerciais disponíveis no mercado, tanto para industrialização, consumo direto ou semente. Os acessos para operação são itens de série, disponíveis em todos os modelos de secadores desta linha. agosto 2012 – Agro DBO | 53


Tendências A análise do mercado

Produção comprometida Chuva extemporânea no período de secagem dos grãos nos terreiros afeta a qualidade do café. Preços devem subir neste semestre.

O

café produzido no Brasil na safra 2012/13 está estimado em 50,45 milhões de sacas beneficiadas, segundo levantamento realizado pela Conab. O perío­do chuvoso extemporâneo em junho, inicio do ano-safra de café, pegou os terreiros de secagem abarrotados de cafés recém colhidos, provocando a paralisação dos trabalhos de colheita e comprometendo a sua qualidade. Para Guilherme Braga, diretor geral do CeCafé – Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, ainda é cedo para se ter uma projeção em relação ao próximo ano-safra. “Porém estamos cautelosos quanto ao volume e à qualidade do café que será produzido em função

das fortes chuvas que vêm ocorrendo em regiões produtoras. Nesse caso, a variedade mais afetada seria a de café arábica, que possui maior valor agregado”, afirma o diretor-geral do CeCafé. Enquanto as exportações brasileira de café encerram o ano-safra 2011/2012 com redução de aproximadamente 5 milhões de sacas, o mês de junho, que tradicionalmente inunda o mercado com a entrada da safra de café brasileiro, apresentou uma redução de 31,1% no total de sacas exportadas em relação a junho do ano passado, fechando em 1.881.914 sacas. A receita registrada no ano-safra ficou em US$ 7,841 bilhões e o número de sacas exportadas fechou em TRIGO –

Em meados de julho, os contratos futuros do trigo nas duas principais bolsas norte-americanas atingiram o maior valor do ano. No Brasil, a tendência é de preços internos firmes até o ingresso da safra 2011/2012 no mercado, a partir de setembro. Conforme o Indicador Cepea/ Esalq, as cotações atingiram R$ 507,99 a tonelada, considerando o trigo tipo 1, à vista, na praça Paraná.

ALGODÃO – No mercado interno, os preços do algodão estavam em baixa no mês passado, devido ao avanço da colheita. Segundo projeções do Usda, a safra mundial deve ser 6,3% inferior à da temporada ainda em andamento. No curto prazo, os fatores baixistas devem continuar prevalecendo. Em 13 de julho, o Indicador Cepea/Esalq apontava 157,06 centavos de real por libra-peso.

ARROZ – A tendência é de recuperação dos preços neste semestre. As cotações da commodity despencaram no 1º semestre devido ao excesso de oferta. A injeção de R$ 1,1 bilhão pelo governo ajudou a sutestar os preços. Em 13 de julho, Indicador Cepea/Esalq apontava R$ 29,05, à vista, pela saca de 50 kg do tipo 1, posto RS, descontado o prazo de pagamento pela taxa NPR.

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29.768.744. Já o mês de junho apresentou uma queda de 43,3% na receita, se comparada à apurada no mesmo mês em 2011, atingindo US$ 407,785 milhões. Os estoques mundiais de café desapareceram em função da alta dos preços dos dois últimos anos enquanto o consumo mundial de café cresceu em ritmo constante. Levantamento da OIC – Organização Internacional do Café aponta que deve se manter crescimento de 1,5% ao ano, não sendo afetado pela desaceleração de algumas importantes economias . O próximo levantamento oficial da safra de café será divulgado pela Conab em setembro, quando será possível avaliar melhor os efeitos


Antônio Sérgio Souza

A análise do mercado

da estiagem ocorrida no início deste ano. Permanecem os fatores fundamentais para a cultura de café, como baixos estoques globais suficientes apenas para cerca de 3 meses de consumo. A partir do 2º semestre do ano, as cotações do café devem voltar a acelerar, refletindo as preocupações com o clima no Brasil, como os efeitos da estiagem do começo do ano sobre a produtividade da

café –

O Indicador Cepea/Esalq do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, posto na capital paulista, teve média de R$ 360,61/saca de 60 kg em junho, 5,8% inferior ao de maio. Considerando-se a temporada 2011/2012 (de julho/11 a junho/12), o Indicador registra média 6,2% superior da safra anterior. Em 13 de julho, o Indicador apontava R$ 407,17 por saca, descontado o prazo de pagamento pela taxa NPR.

safra, que será percebida no decorrer da colheita e com as possíveis perdas de qualidade em função das chuvas durante a colheita no cinturão produtor de café. Além disso, o mercado já começará a analisar a safra 2012/13, que será de bienalidade baixa no Brasil. Existe uma tendência de aumento dos diferenciais para cafés diferenciados, já que os exportadores precisam honrar seus embarques de

“fine cups” e não resta alternativa. Cerca de 73% do café produzido é consumido pelos países importadores e os 27% restantes são absorvidos pelos produtores. O Brasil responde por 15% do consumo mundial, 37% da produção mundial e por quase 30% das exportações. Antônio Sérgio Souza, jornalista e graduando em engenharia de alimentos pela UFV.

SOJA – Os preços mundiais devem permanecer firmes no longo prazo. A quebra na safra no Brasil e os recordes de exportação seguiram impulsionando as cotações do grão e dos derivados no mercado interno. Segundo o Indicador Cepea/ Esalq, em 13 de julho a cotação na praça Paraná atingiu R$ 72,17 pela saca de 60 kg, descontado o prazo de pagamento pela taxa NPR.

Fonte: Cepea – www.cepea.esalq.usp.br

Milho – A quebra na safra americana, afetada pela estiagem, ajudou a segurar os preços. Na Bolsa de Chicago (CME/CBOT), o vencimento Set/12 reagiu expressivos 19,6%, indo para US$ 6,2850/ bushel (US$ 247,43/t). Em 13 de julho, o Indicador Cepea/Esalq apontava R$ 25,50 pela saca de 60 kg, descontado o prazo de pagamento pela taxa CDI/Setip, base Campinas (SP). AÇÚCAR – As cotações devem manter a tendência de alta nos próximos meses devido à quebra da safra de cana-de-açúcar, prevista pela Unica. Mesmo que a demanda da China possa aumentar, a perspectiva para a commodity no longo prazo é baixista, por conta do excedente global. O Indicador Cepea apontava R$ 54,85 (com imposto) pela saca de 50 kg de açúcar cristal, posto São Paulo.

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Vitrine Novidades no campo Afrodite e Esmeralda

Divulgação/Iapar

▶ O Iapar – Instituto Agronômico do Paraná desenvolveu duas novas variedades de aveia branca: a IPR Esmeralda, forrageira, e a IPR Afrodite (abaixo, na foto), primeira cultivar granífera da instituição, destinada à produção de flocos, farinha e farelo. “A IPR Afrodite pode ser opção para rotação de cultura porque apresenta sistema radicular bem desenvolvido e ótima quantidade de palha, favorecendo o plantio direto da cultura de verão seguinte”, diz o pesquisador Carlos Riede. Segundo ele, a nova variedade tem boa resistência a nematoides, manchas foliares e ferrugem, boa tolerância ao alumínio tóxico e resistência ao acamamento. A IPR Afrodite é indicada para plantio no Paraná, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A IPR Esmeralda foi desenvolvida para uso na alimentação animal, manejo de cobertura de solo, plantio direto, rotação de culturas e controle de plantas daninhas. Suas principais características, conforme Riede, são a produção de matéria seca, alta capacidade de perfilhamento e rebrote e bom rendimento de sementes, além do ciclo precoce. Também é indicada para cultivo no Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul. As novas cultivares foram apresentadas durante os festejos comemorativos dos 40 anos do Iapar.

Tecnologia combinada

▶ A CTNBio – Comissão Técnica Nacional de Biossegurança aprovou a tecnologia GlyTol x LibertyLink, da Bayer CropScience, para a cultura do algodão. É a primeira tecnologia aprovada no Brasil para esta cultura com dois diferentes eventos integrados às sementes, que viabilizam, segundo a empresa, o controle de plantas daninhas por herbicidas com modos de ação diferentes. As duas tecnologias combinadas permitirão, o uso seletivo dos herbicidas glifosato e glufosinato de amônia (Liberty) nas lavouras, para o controle de plantas invasoras que competem diretamente com a cultura e comprometem a qualidade de pluma e produtividade dos algodoeiros. O algodão GlyTol x LibertyLink vai ampliar ainda mais as opções do cotonicultor brasileiro para o manejo das plantas daninhas. Além disso, a nova tecnologia integrará a linha de produtos da Bayer CropScience para a cultura e vem para reforçar ainda mais o trabalho da empresa no Brasil, com as sementes de algodão FiberMax, segmento que a Bayer CropScience é líder há alguns anos.

Semente de dupla aptidão ▶ A Biomatrix, do grupo Agroceres, lançou a primeira semente de milho transgênico de dupla aptidão, para produção de grãos ou silagem. As principais características da BM840 PRO são, de acordo o engenheiro agrônomo e gerente comercial da Biomatrix, João Vicente Pontes, alta produtividade, excelente sanidade foliar, de colmo e de grãos, e fácil adaptação nas mais variadas regiões do país. Híbrido de ciclo médio, de alto teto produtivo e grande uniformidade de espigas, obteve altos rendimentos em cultivos experimentais. Em fazendas do Sul de Minas Gerais, o incremento de produtividade chegou a casa dos 40% em relação aos demais híbridos usados comumente na região. “Esta semente foi desenvolvida para agricultura de alto investimento e marca a entrada da Biomatrix neste mercado”, diz Pontes. Segundo ele, o objetivo da empresa é trabalhar em todos os níveis de tecnologia.

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Novidades no campo Trator super compacto para café

▶ A Tramontini Tratores lançou na Expocafé, realizada em junho no município de Três Pontas (MG), o trator 1640SC, especial para as culturas do café e da uva. Com 40 CV de potência, o modelo oferece baixo centro de gravidade, grande estabilidade e segurança em terrenos acidentados, versatilidade de aplicação, alta produtividade, economia operacional e a melhor economia de combustível da categoria, segundo a empresa. Também oferece agilidade em espaços reduzidos e o menor raio de giro do mercado na faixa de potência, com 2.710 mm com aplicação do freio. “Investimos R$ 1,5 milhão em dois anos, no desenvolvimento e homologação do produto. Nosso objetivo é alcançar faturamento de R$ 8 milhões a R$ 10 milhões ao ano com este novo modelo”, explica Docelino Santos, gerente nacional de vendas da Tramontini. Mais jovem fabricante de tratores do Brasil e uma das que mais cresceram nos últimos anos, a Tramontini, com sede em Venâncio Aires (RS), direciona o novo produto para os cafeicultores de Minas Gerais e Espírito Santo, mas também aposta no sucesso do modelo junto aos produtores de uva. A empresa irá apresentá-lo na abertura da safra da uva 2012/2013, na região de Caxias do Sul e Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, e durante a Expointer, que ocorrerá entre 25 de agosto e 2 de setembro, em Esteio (RS). As primeiras unidades do novo trator devem ser entregues aos clientes a partir deste mês.

Piloto automático de alto desempenho ▶ A TeeJet Technologies, empresa com variado portfólio de produtos (desde pontas de pulverização para herbicidas, fungicidas e inseticidas, até equipamentos de GPS e outros produtos de agricultura de precisão), apresenta mais uma novidade: o UniPilot. Trata-se de um piloto automático de fácil utilização, capaz, segundo a empresa, de alavancar a produtividade na lavoura. O aparelho utiliza um robusto motor elétrico e um suporte universal para fixação. Pode ser utilizado numa ampla gama de veículos, como tratores, pulverizadores e colheitadeiras, com instalação muito simples, encaixado, por exemplo, na coluna do volante do veículo. O UniPilot é utilizado em conjunto com o GPS TeeJet Matrix Pro. O sistema dispõe de uma gama completa de direcionamento, incluindo o exclusivo modo “Próxima Linha”, que facilita a manobra de cabeceira, permitindo o operador encontrar a próxima linha da cultura e conduzir a máquina para a próxima passada.

secador móvel de grãos A Supergasbras lançou o secador móvel de grãos, movido a gás, que leva para as lavouras toda a estrutura necessária para fazer o beneficiamento da safra por um custo competitivo. O projeto, pioneiro no Brasil, reduz os custos de secagem. O sistema é transportado até a lavoura por carreta, junto a um tanque de gás LP. Os grãos são inseridos no equipamento, que faz a secagem por meio da queima do gás. É possível pesar, separar e ensacar a safra e pode ser usado em feijão, café, milho, trigo, arroz e soja. O secador móvel de grãos pode beneficiar até 2.000 sacas de feijão por dia e, em média, são usados 1/2 kg de gás LP/dia.

Pimenta gourmet ▶ A Isla Sementes lançou mais uma entre as 20 opções de pimenta que pretende colocar no mercado até o final do ano. A Pimenta Híbrida Alongada Doce Ibaté possui frutos longos, que medem até 30 centímetros, em formato cônico alongado e de coloração verde-escuro a vermelho. É uma planta de excelente capacidade produtiva, uniformidade entre os frutos e que se destaca pelo sabor e aroma adocicados. Segundo informações da empresa, possui boa conservação pós-colheita e elevada qualidade dos frutos. A novidade atende a um segmento

em crescimento no Brasil – o mercado gourmet – sendo utilizado principalmente no preparo de pizzas e como pimenta recheada. A Isla comercializa as sementes da Pimenta Hbrida Alongada Doce Ibaté, em caixa SuperPak, com selo de garantia e em latas. A aquisição pode ser realizada pelo site www.isla.com.br, pelo fone 0800 709 5050 ou nas melhores casas agropecuárias e supermercados de todo o Brasil.

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Deu na imprensa

As perspectivas da safra Coluna Econômica – Agência Dinheiro Vivo – Luís Nassif – 13/7/2012

S

e este ano a agricultura jogou o PIB para baixo, para o próximo ano as perspectivas são bastante promissoras, segundo Álvaro Schwerz Tosetto, gerente-executivo da Diretoria de Agronegócios do BB. Na safra passada, a seca atingiu fortemente estados do sul, especialmente Rio Grande do Sul e oeste de Santa Catarina e Paraná. Houve quebra da safra, em um momento de franco crescimento do crédito rural.

Mais que isso, há um cojunto de fatores prenunciando um ano de vacas gordas. O primeiro é o fator câmbio, com o dólar a R$ 2,00. Encarece parte dos insumos, especialmente nitrogênio, fósforo e potássio – mais da metade é importado, mas os preços são dolarizados. Por outro lado, impacta positivamente o preço final. Além disso, as condições internacionais são favoráveis. Há problemas pontuais na suinocultura – devido ao aumento dos preços da soja e milho –,

Mais que isso, há um conjunto de fatores prenunciando um ano de vacas gordas.

Foto: Divulgação/Iapar

Campo de aveia IPR Esmeralda

Só o Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor) liberou R$ 4,06 bilhões para a safra 2010/2011 e R$ 5,9 bi (47% a mais) para a safra 2011/2012.O crescimento do custeio (semente, adubo, defensivo etc.) cresceu 40%; o investimento (o que qualifica e garante ganhos de eficiência) 62%. Na nova safra, houve novo incremento de 20% em média, elevando os desembolsos a R$ 7,2 bi.

no arroz e na citricultura. E perspectivas bastante positivas para as demais culturas, especialmente a soja. No caso da soja, há baixa disponibilidade no mercado internacional, estoques baixos, safra americana com problemas climáticos e pressão altista nas bolsas. E o consumo chinês promete crescimento chines nos próximos anos, em parte graças ao que está ocorrendo com a suinocultura local. Parte relevan-

te ainda obedece a processos produtivos anacrônicos, com porcos soltos no pasto comendo restos de comida. Mas parte cada vez maior está se modernizando, seguindo os passos do modelo brasileiro. Nele, colocam-se milhares de matrizes confinadas, comendo ração à base de milho e de soja. Outro ponto relevante é o fato da frustração da última safra não ter deixado um estoque pesado de endividamento, graças ao seguro agrícola. No caso do Banco do Brasil, nos últimos anos houve grande incentivo para conjugar operações de crédito com seguro agrícola. Na região sul, sobe a mais de 70% o percentual de operações com algum tipo de seguro, ou privado ou do Proagro. O que sobra é o endividamento adicional, referente à renda do agricultor – já que o seguro cobre apenas os custos de produção. No momento, trabalha-se para estender o seguro para algum tipo de renda cessante. Há um piloto em andamento para a soja. Além do financiamento robusto, as tendências climáticas são favoráveis. Para este ano, no sudeste a perspectiva de clima indica tendência de El Niño, em que ocorrem chuvas acima da normalidade. Portanto, é baixíssimo o risco de repetir a seca deste ano. Com o front agrícola caminhando bem, tira-se das costas do PIB um dos fatores que jogou o crescimento para baixo este ano. E permite-se entrar em 2013 com o fortalecimento da renda agrícola e seus desdobramentos sobre a indústria como um todo. Há outras frentes a serem atacadas, especialmente o investimento em infraestrutura. Mas é possível que o trem de ferro comece a desenferrujar as rodas a partir dos próximos meses, permitindo andar em um ritmo melhor no próximo ano.

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Perigo na roça Xico Graziano* – Jornal O Estado de São Paulo – 24/7/2012

N

ovidade rural: o governo fe­ deral pretende criar uma agência para disseminar o conhecimento entre os agricultores. Democratizar o uso da tecnologia faz bem à agropecuária. Mas corre o risco de manipulação ideológica. Anunciada durante o lançamento do último Plano de Safra, o formato do novo órgão, todavia, por ninguém foi esclarecido. Mendes Ribeiro, ministro da Agricultura e Abastecimento, apenas adiantou que “a Embrapa faz as pesquisas e essa nova agência vai levar a assistência técnica ao produtor, trabalhando de forma articulada”. Boa ideia, a conferir. A Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) compõe um capítulo querido, e saudoso, na história da agricultura. O pioneirismo coube a São Paulo, que desde 1926 introduziu o fomento rural nas suas atividades públicas. Logo depois, a Escola Superior de Agricultura e Veterinária (Esav) de Viçosa (MG), atual universidade federal, organizou a primeira Semana do Fazendeiro (1929). Na década de 1940, o Ministério da Agricultura instalou País afora cerca de 200 “postos de mecanização” para demonstrar o avanço tecnológico na lide da terra. Começaram, depois, a surgir as Associações de Crédito e Assistência Técnica Rural (Acars), formando, nos Estados, um movimento organizado de apoio aos agricultores. Em São Paulo, o trabalho de Assistência Técnica e Extensão Rural tomou rumo próprio. As antigas Casas da Lavoura surgiram, espalhadas nos municípios, e desde 1967 passaram a ser aglutinadas na Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), que as rebatizou de Casas da Agricultura. Nelas se encontrava o suprassumo das novas práticas agrí-

colas. Quando nasceu a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em 1974, o governo federal quis assumir a liderança no processo de transferência de tecnologia, criando também a Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Embrater). O intuito era, com apoio das unidades estaduais – Ematers – tirar da prateleira os resultados da pesquisa agropecuária, pondo-os à disposição da massa dos agricultores. Com a assistência técnica propriamente dita seguiam também recomendações de natureza socioeconômica – a extensão rural -, voltadas para a promoção humana. Época de ouro da sociologia e da economia rural. Os extensionistas complementavam a visão produtivista, preocupando-se com os processos de mudança social, a educação, a higiene, a alimentação, a cultura. Qualidade de vida rural. Bons tempos. Nada suplantava o desejo profissional dos formandos das Ciências Agrárias de se dedicarem à assistência técnica oficial. Passar num concurso público da Cati, ou das principais Ematers, era um sonho a ser realizado, para ajudar o progresso tecnológico a vencer o atraso no campo. Os mais engajados politicamente achavam isso

revolucionário. Análise e correção do solo, adubação química, rações balanceadas, sementes melhoradas, irrigação, mecanização, era extenso o cabedal das principais ferramentas da modernização agrícola. A ordem era elevar a produtividade, integrar a produção, fortalecer o comércio, levantar a renda no campo. Anos dourados da revolução verde. Paradoxalmente, porém, tudo mudou. Quanto mais se modernizava a agropecuária, mais minguava o sistema nacional de Ater. A Embrapa brilhava, a Embrater empalidecia. Sem prioridades, esta acabou extinta em 1990 (governo Fernando Collor). Nos Estados, as Ematers sobreviveram capengando. Em São Paulo, a Cati se enfraqueceu. Profissionais da área perderam prestígio. Glórias no passado, futuro incerto. Ninguém explicou, ao certo, que razões levaram a essa triste decadência da Ater no Brasil. Três fatores ajudam a entendê-la. Primeiro, o forte crescimento das empresas de insumos modernos, atrapalhando a trajetória antes exclusiva dos agentes públicos na assistência ao campo. Segundo, o cooperativismo, pois ao reforçar o atendimento aos associados os liberou do apoio governamental. Terceiro, ao expandir-se o ensino superior, muitos profissioagosto 2012 – Agro DBO | 59


Deu na imprensa nais passaram a atuar concorrentemente nos escritórios particulares de planejamento rural. Parece, ademais, ter ocorrido certo descompasso entre a teoria e a realidade agrária. Enquanto aquela, acadêmica, permanecia tradicional, refletindo um tempo em que o engenheiro agrônomo precisava dar uma espécie de colherinha de Biotônico Fontoura na boca do caipira, a modernização capitalista trazia estímulos de mercado, obrigando o produtor rural a se modificar na marra. E, muitas vezes, a se mudar para a cidade, empurrado pelo êxodo rural. Surgiram de uns tempos para cá, na onda da valorização da agricultura familiar, novas formulações para a Ater. Recente legislação configurou-a junto ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, pois o drama da (má) qualidade produtiva nos assentamentos da reforma agrária passou a exigir especial atenção do governo. Acontece que, além das notórias deficiências da infraestrutura, é necessário vencer a inaptidão dos beneficiários, normalmente constituídos por desempregados urbanos. Não é fácil converter invasores de terras em prósperos agricultores. Qual a tarefa da nova Ater? Qualificar os assentados da reforma agrária e apoiar os agricultores familiares. Muito bem. Mas aí mora o perigo. Alguns agentes políticos que articulam a volta do sistema de assistência técnica visualizam a construção de uma “via campesina” para a agricultura, um caminho temerário que mistura ideologia esquerdista com romantismo bucólico. Isso significa, na prática, abrir as portas para que certas entidades, utilizando verbas facilmente desviáveis, elevem a dominação política sobre os miseráveis do campo. Seria trágico. Emancipação, e não subordinação, carece promover no campo. * O autor é agrônomo, foi secretário de Agricultura e secretário do Meio Ambiente do estado de São Paulo.

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Incra é denunciado

O

Ministério Público Federal (MPF) denunciou na Justiça Federal o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) como responsável por um terço do desmatamento da Amazônia. Procuradores da República ingressaram com ações civis públicas (ACPs) contra o órgão em seis estados por desmatamento ilegal em assentamentos da reforma agrária, nas quais apresentam, entre outros pedidos, o fim imediato das derrubadas. As ações foram ajuizadas em julho no Pará, Amazonas, Acre, em Rondônia, Roraima e Mato Grosso. Segundo o MPF, há um expressivo crescimento das derrubadas ilegais na Amazônia em assentamentos do Incra. Além do fim imediato das der­rubadas em áreas de reforma agrária, os procuradores pedem a proibição de novos assentamentos sem licença ambiental e a exigência des­se licenciamento para as áreas­ já criadas. No acumulado até 2010, segundo os dados do MPF, os 2.163 assentamentos do Incra na Amazônia foram responsáveis pela derrubada de

133,6 mil quilômetros quadrados de floresta, área equivalente a 100 vezes a cidade de São Paulo. “No total, de 2160 projetos válidos, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) detectou que 1511 encontram-se com mais de 20% de sua área desmatada, o que corresponde a 70% dos Projetos de Assentamento”, diz o texto das ações judiciais. Em mais da metade dos casos, a área desmatada já supera 50% do território total do assentamento. Além disso, os danos ambientais das derrubadas em áreas da reforma agrária chegam a R$ 38,5 bilhões, segundo cálculos do MPF, com base em valores de mercado de produtos madeireiros. Em 2008, uma lista do Ministério do Meio Ambiente (MMA) já apontava o Incra no topo do ranking dos 100 maiores desmatadores da Amazônia. As seis primeiras posições da lista eram assentamentos da reforma agrária, todos em Mato Grosso. Na ocasião, o Incra argumentou que as informações utilizadas pelo Ibama eram antigas e imprecisas. www.mpu.gov.br



Agenda Calendário de eventos

AGOSTO

6

11º Congresso Brasileiro do Agronegócio Sheraton São Paulo WTCHotel Av. Nações Unidas, 12.599 São Paulo (SP) Fone: (11) 3854-8060 www.abag.com.br

7

IX Congresso Brasileiro de Marketing Rural e Agronegócio De 7 a 8 – Transamerica Expo Center – São Paulo (SP) Fone: (11) 3017-6888 E-mail: atendimento@abmra.org.br

7

Agrinsumos Expo&Business/2ª Feira de Insumos, Serviços e Logística para o Agronegócio De 7 a 9 – Transamerica Expo Center – São Paulo (SP) www.agrinsumosexpo.com br E-mail: agrinsumos@ informagroup.com.br

15

Canacentro/1º Congresso do Setor Sucroenergético do Brasil Central De 15 a 16 – Sede da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) – Rua 67, nº 662, Setor Sul Goiania (GO) E-mail: canacentro@faeg.com.br

26

29º Congresso Nacional de Milho e Sorgo

De 26 a 30 – Centro de Convenções do Hotel Majestic – Águas de Lindóia (SP) Fone: (19) 3202-1754 www.milhoesorgo.com.br E-mail: mayara@apta.sp.gov.br/ aildson@apta.sp.gov.br

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28

Fenasucro & Agrocana – 20ª Feira Internacional da Indústria Sucroenergética e 10ª Feira de Negócios e Tecnologia da Agricultura da Cana-de-Açúcar

De 28 a 31 – Centro de Eventos Zanini – Av. Marginal João Olésio Marques, 3.563 Sertãozinho (SP) Fone: (16) 7815-1398 www. fenasucroeagrocana.com.br E-mail: info@reedalcantara. com.br

30

31ª Expoflora

De 30/8 a 23/9 Rodovia Campinas-Mogi Mirim, saída km 140 Holambra (SP) Fone: (19) 3802-1421 E-mail:expoflora@expoflora. com.br

SETEMBRO

11

III Encontro da Cadeia Produtiva da olivicultura

De 11 a 14 – Instituto Agronômico de Campinas Campinas (SP) www.apta.sp.gov.br/olivasp/ eventos.php?id=12

13

Ecoenergy/2ª Feira Internacional de Tecnologias Limpas e Renováveis para Geração de Energia

De 13 a 15 – Centro de Exposições Imigrantes São Paulo (SP) www.cipanet.com.br E-mail: cipa@cipanet.com.br

25 Expointer/35ª Exposição Internacional de Animais, Máquinas, Implementos e Produtos Agropecuários De 25/8 a 2/9 – Parque Estadual de Exposições Assis Brasil – Esteio (RS) Fone: (51) 3288-6200 www.expointer.rs.gov.br E-mail: expointer@seapa. rs.gov.br Uma das maiores e mais importantes exposições-feiras da América Latina, a Expointer apresentou resultados expressivos no ano passado: 456.365 mil pagantes, 834,7 milhões de reais em vendas de máquinas, 1,05 milhão na Feira de Agricultura Familiar e 2.147 animais comercializados. Cerca de 400 eventos foram programados este ano, entre os quais exposição e demonstrações técnicas de tratores, colheitadeiras e plantadeiras, fóruns, seminários, cursos e palestras, além do Prêmio Gerdau Melhores da Terra. Instituído há 30 anos, o Melhores da Terra premia os equipamentos mais eficientes do setor de máquinas e implementos agrícolas.

18

Fisa/Food Ingredients South America (16ª exposição e Congresso de Ingredientes Alimentícios

De 18 a 20 – Expo Center Norte São Paulo (SP) www.fi-events.com.br E-mail: fiaflora@uol.com.br

23

Fiaflora Expogarden/15ª Feira Internacional de Paisagismo, Jardinagem, Lazer e Floricultura

de 20 a 23 – Pavilhão de Exposições do Anhembi São Paulo (SP) www.exporgarden.com.br E-mail: fiaflora@uol.com.br

25

Frutal/19ª Semana Internacional da Fruticultura, Floricultura e Agroindústria

de 25 a 27 – Centro de Eventos do Ceará – Fortaleza (CE) www.frutal.org.br E-mail: geral@frutal.org.br

OUTUBRO

1

Encontro Panamericano da Associação Internacional de Anatomistas de Madeira (IAWA) De 1 a 5 – Dorisol Recife Grand Hotel – Recife (PE) www.iawa2012.com

9

ABTCP/45º Congresso e Exposição Internacional de Celulose e Papel De 9 a 11 – Transamerica Expo Center – São Paulo (SP) www.abtcp2012.org.br E-mail: abtcp@abtcp.org.br



Livros Biblioteca da terra Um novo olhar sobre o campo

D

Cuidados com o feijão

O

Centro Experimental do Instituto Biológico (IB-APTA), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, lançou o “Guia de Identificação de Doenças do Feijoeiro”, de autoria da pesquisadora Silvânia Helena Furlan. Com 109 páginas, abrange os seguintes capítulos: importância da fenologia, doenças da parte aérea, doenças causadas por fungos de solo, anomalia de causa desconhecida - “sarna” e deficiências nutricionais. “Esperamos que este guia venha auxiliar no diagnóstico das principais doenças da cultura e na aplicação de medidas viáveis de controle, minimizando assim as perdas decorrentes”, diz a pesquisadora. O reconhecimento de sintomas e sinais, bem como o estudo epidemiológico das doenças, permite minimizar os prejuízos ocasionados e viabilizar a produção, por meio do uso de medidas idealizadas dentro de um programa de manejo sustentável Os interessados em adquirir a publicação devem entrar em contato com a autora pelo e-mail silvania@biologico.sp.gov.br

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ividido em cinco seções, o livro “Agricultura de Precisão – Um Novo Olhar” é uma compilação dos 58 trabalhos apresentados na convenção da Rede de Agricultura de Precisão da Embrapa, realizada em novembro de 2011. Composta por 200 pesquisadores de 20 unidades da empresa e 15 unidades experimentais distribuídas nas regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país, além de parceiros diversos, a rede AP propõe, durante quatro anos, estabelecer conceitos de agricultura de precisão focada na sustentabilidade do sistema produtivo das culturas anuais de milho, soja, arroz, trigo, algodão, e culturas perenes e semiperenes como pinus, uva, pêssego, pastagem e cana de açúcar. Os cincos grandes tópicos que compõem o livro - Organização da Rede, Ferramentas para Agricultura de Precisão, Agricultura de Precisão para culturas anuais, Agricultura de Precisão para culturas perenes e semiperenes, Inovação em Agricultura de Precisão -

estão distribuídos nas 334 páginas da publicação, com ilustrações, gráficos, mapas e tabelas que ajudam a compreender o tema e tornar a leitura mais atraente. Ao final de cada um dos 58 capítulos o leitor encontra a referência completa dos autores. O livro está disponível para download gratuitamente no endereço www.macroprograma1.cnptia.embrapa.br/redeap2/ publicacoes/publicacoes-da-rede-ap/ capitulos

Como fazer seu próprio álcool combustível

D

ocente do Departamento de Engenharia Agrícola da UFV - Universidade Federal de Viçosa (MG), o professor Juarez de Sousa e Silva lançou o livro “Produção de álcool combustível na fazenda e em sistema cooperativo”, no qual defende o direito de o pequeno produtor fabricar etanol de cana-de-açúcar, a fim de atender às suas próprias necessidades e demandas das comunidades vizinhas. Atualmente em sua segunda reimpressão, o livro traz informações detalhadas sobre o processo de implantação de sistemas de produção de álcool combustível, utilizando a biomassa da cana-de-açúcar integrada com a produção de alimentos e criação de animais nas propriedades familiares. Editado pela livraria da Universidade Federal, tem 68 páginas, custa R$ 38,00 e pode ser adquirido através do telefone (31) 3899.3139


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Artigo

Receita de crescimento “O aumento da produtividade do milho deve-se à tremenda profissionalização e desenvolvimento técnico e gerencial do produtor” Daniel Glat•

O

aumento da produtividade na cultura do milho no Brasil tem sido vertiginoso. Para se ter uma ideia, há 20 anos atrás plantando13 a 13,5 milhões de hectares (ha) colhemos por volta de 30 milhões de ton.; nessa ultima safra plantando cerca de 14,5 milhões de ha (7.5% a mais) estamos colhendo por volta de 65 milhões de ton., ou seja, mais do que o dobro de 20 anos atrás. Esse aumento de produtividade se deu tanto verticalmente como horizontalmente; ou seja, não só o pico de produtividade dos melhores produtores brasileiros praticamente dobrou, como também as regi-

• Melhoria da qualidade do plantio

em termos de número de sementes por metro e distribuição na linha; Melhoria genética, com passagem de híbridos duplos e triplos para híbridos simples e simples modificados; Correção da acidez do solo e aumento da adubação fosfatada; Elevação das doses de N total para 100 a 150Kg /ha; Controle químico de pragas do solo via tratamento de sementes na propriedade e pulverizações foliares para lagarta do cartucho; Aumento da população final de plantas para 55.000-65.000pl/ha; Com esse pacote de manejo, os bons produtores de milho saíram dos 80/

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Bons produtores de milho saíram dos 80/100sc/ha para níveis de 130/150sc/ha

*O autor é engenheiro agrônomo, consultor e produtor rural no estado doTocantins

ões de alta produtividade de milho que eram poucas e localizadas hoje se espalham por quase todo Brasil agrícola tanto no verão como na safrinha. Podemos dividir esse crescimento da produtividade do milho em duas fases: do inicio dos anos 90 a meados dos anos 2000, quando a produtividade cresceu constante mais moderadamente e foi se espalhando por todo Brasil; e de uns 5 anos pra cá quando as produtividades de milho literalmente “explodiram” chegando aos níveis recordes de quase 15 t/ha no verão e 9 t/ha na safrinha nessa ultima safra! Do inicio dos anos 90 a meados dos 2000, os principais fatores incrementando a produtividade foram:

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100sc/ha para níveis de 130/150sc/ha. Nos últimos 5 a 6 anos, uma nova série de manejos e tecnologias vieram para alavancar ainda mais a produtividade do milho: A qualidade de plantio continuou a se aperfeiçoar com melhores equipamentos e monitoramento da opera ção. Introdução dos milhos Bts (sem dúvida, os danos da lagarta do car tucho e diatrea, mesmo pulverizando, eram maiores do que pensávamos na época!). Contínuo melhoramento genético acrescido à tecnologia dos genes nativos onde, por exemplo, genes de resistência à doenças tropicais, são introduzidos em materiais mais temperados e de maior potencial produtivo, e que assim po

• • •

dem ser plantados com mais se gurança no Brasil central. Incremento nos tratamentos de sementes, tanto pela introdução de novas moléculas, como pelo aumento do tratamento industrial mais padronizado. Redução do espaçamento entre linhas, de 90 cm para 45 a 55 cm, mantendo o espaçamento da soja, ou semi reduzido para 70-75 cm entrelinhas; Aumento da população final de plantas para 7 - 80 mil plantas por ha; Doses de N na faixa de 200 kg por ha ou mais. Uso de fungicidas na parte aérea das plantas. Qualidade operacional como to­­ do, muito incrementada pelo uso de GPS, monitores de operação e pela agricultura de precisão. Esse novo conjunto de tecnologias impulsionou mais ainda as médias dos bons produtores, hoje na casa de 12 a 15ton (200 – 250sc/ha) no verão, o que é igual a média dos melhores produtores americanos e argentinos! Todo esse progresso teve o valoroso e essencial aporte técnico e agronômico das instituições de pesquisas brasileiras e faculdades de agronomia, das empresas de insumos e equipamentos, e da vigorosa rede de agrônomos e consultores privados e de cooperativas espalhados pelo Brasil; Porém, acima de tudo, esse salto na produtividade do milho, assim como das demais culturas, deve-se principalmente à tremenda profissionalização e desenvolvimento técnico e gerencial do produtor brasileiro, hoje sem dúvida um dos mais tecnificados do mundo.

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