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ortugal tem dos níveis mais baixos de violência na Europa, segundo um relatório da Agência para os Direitos Fundamentais da União Europeia, noticiava a Lusa em fevereiro de 2021. Mas qual é a situação no nosso país em mais detalhe? E qual a atividade de uma associação como a APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima), nomeadamente com as escolas? Quais os principais tipos de violência praticada em Portugal, de acordo com os vossos dados e a vossa experiência? As estatísticas falam-nos sempre sobre os crimes que são mais reportados. Nem sempre os crimes são reportados. Mas as estatísticas referem-se à criminalidade participada e alvo de queixa ou do conhecimento das autoridades policiais. Relativamente a estas estatísticas, podemos considerar as estatísticas da APAV, como podemos considerar o Relatório Anual de Segurança Interna, que está disponível na Internet. E, relativamente ao ano de 2020 (ainda não foram divulgados os dados de 2021), a violência doméstica contra cônjuges ou análogo a cônjuge é o crime mais participado. Depois, seguem-se os furtos em veículo. Há uma
série de crimes patrimoniais que aparecem, também nas estatísticas da APAV, como os crimes que mais ocorrem, furtos, etc. As burlas informáticas têm crescido bastante nos últimos anos. Tudo o que é cibercrime tem vindo a ganhar mais visibilidade e tem sido mais praticado, sendo que as situações de burla são de facto muito frequentes. E, depois, uma série de outros crimes contra as pessoas, ameaças, coação, ofensas à integridade física, etc. Relativamente às estatísticas da APAV, a realidade é mais ou menos esta também. O nosso relatório estatístico também está disponível online. A APAV é uma entidade que as pessoas reconhecem muitas vezes pelo seu trabalho com as vítimas de violência doméstica, embora a APAV preste apoio a pessoas vítimas de todos os tipos de crime. É verdade que as nossas estatísticas mostram ainda um número muito grande de pessoas que nos procuram por serem vítimas de violência doméstica. Sendo que no Relatório Anual de Segurança Interna é contra cônjuges ou análogo a cônjuge, (nós, nos números que temos, não aparece uma distinção), há também situações de violência doméstica que ocorrem com filhos, etc. Para além disso, há alguns crimes que não aparecem no Relatório Anual de
Segurança Interna, e que nas nossas estatísticas (obviamente são números mais pequenos), têm algum destaque, nomeadamente os crimes sexuais contra crianças e jovens. Isso tem a ver também com o trabalho que a APAV tem desenvolvido neste âmbito. Que evolução tem havido nesta área? A evolução depende da forma como a analisamos. Os números da APAV crescem todos os anos. Isso não tem necessariamente a ver com um aumento da criminalidade, tem a ver com um aumento da procura de apoio. E, nesse aspeto, nós reparamos que as pessoas cada vez mais procuram serviços de apoio, procuram ajuda, informação e, como tal, os números têm crescido. Relativamente à criminalidade em geral em Portugal, a criminalidade violenta tem vindo a diminuir. Relativamente ao ano de 2020 o relatório é um bocadinho atípico, e há uma descida de todo o tipo de criminalidade participada, mas penso que isso terá a ver também com as questões do confinamento e da pandemia. Que reflexos têm os crimes em família, que são tão preponderantes, nas crianças e jovens e, como tal, na escola? Relativamente àquilo que é a
Informação
IJornalistaI
ESCOLA
• Sofia Vilarigues
Escola Informação falou com Joana Menezes, Coordenadora dos Serviços de Apoio à Vítima de Lisboa da APAV, que apontou que a criminalidade violenta tem vindo a diminuir no nosso país. Destacou projetos e trabalho com escolas e salientou que a APAV trabalha no apoio a pessoas vítimas de todo o tipo de crimes.
Violência Escola/Sociedade
“A APAV faz muito trabalho de colaboração com as escolas”
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Digital