PE
LO
ANETA PL
Educação para o Desenvolvimento em meio escolar – algumas aprendizagens • CIDAC
Entender o mundo, ler a realidade e sobre ela agir são desideratos expressos do sistema educativo bem como de vários setores da sociedade civil, nomeadamente das organizações que atuam no campo da Educação para o Desenvolvimento (ED)
ESCOLA
Informação
A
28
Digital
ED tem um percurso histórico plural, abarcando diversas visões e léxicos(1). Tem, porém, um traço central: a promoção de uma visão crítica sobre os processos que cada pessoa vivencia, individual e coletivamente, desde a realidade local à global, que lhe possibilita ler o mundo através da lente da complexidade e das interdependências e lhe confere um substrato para agir. O CIDAC – Centro de Intervenção para o Desenvolvimento Amílcar Cabral(2) – trabalha há várias décadas em ED, em diferentes contextos e dimensões, incluindo o meio escolar. A interlocução com o sistema formal de ensino tem sido feita ora diretamente com educadores/as e professores/as, na perspetiva de atores multiplicado-
res, fomentando o trabalho entre pares e a (auto) formação, bem como na formação inicial e contínua; ora em contexto escolar, em intervenções pontuais ou sistemáticas, cruzando com os currículos disciplinares ou intervindo nos espaços não-letivos. Esta interlocução duradoura com vários atores, muitas vezes em parceria com outras organizações, tem suscitado diversas reflexões(3), nomeadamente em torno de duas dimensões que nos parecem relevantes: a intervenção em espaços não-letivos e a relação entre escolas e organizações da sociedade civil (OSC).
Intervenção em espaços não-letivos
Nas intervenções em ED, em meio escolar, temos privilegiado os espa-
ços não-letivos por se encontrarem fora das obrigações curriculares e de alguns dos marcadores do sistema educativo como a verticalidade entre educador/professor/a e aluno/a, a presença obrigatória, ou a avaliação. Nessa perspetiva, possibilitam maior liberdade temática e metodológica, principalmente o recurso a abordagens de educação não-formal, que caracterizam o nosso trabalho em ED. Mas como são vistos e vividos estes espaços? E como são vistas as propostas educativas para esses espaços? Da nossa interlocução com os atores escolares, percebemos que são vistos como espaços fluídos, mais ligados à cidadania, à participação, à possibilidade de transformar a Escola - em contraste com os espaços letivos, que têm uma estrutura e gestão mais rígidas e que conduzem a um saber