Escola Informação Digital Nº 33, novembro/dezembro 2021

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Mas se a escola não for assim, poderá ser diferente • Lígia Calapez e Sofia Vilarigues

Centenário Paulo Freire

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“Aqui se escreverão novas histórias”, é a frase que se lê à entrada da Escola Secundária Camões onde, dia 13 de novembro, se realizou a conferência “Paulo Freire - Educação como Prática de Liberdade”. Mais uma “história” a juntar a muitas outras, numa escola em que a cultura é uma prioridade e a Liberdade um princípio.

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conferência foi parte de um programa mais vasto – promovido no quadro do 3º Fórum Liberdade e Pensamento Crítico(1) – e que englobou uma exposição em torno de “Paulo Freire: Educação, Cidadania e Diversidade” e um belo momento cultural, com a fantástica atuação do Grupo Coral Juvenil da Universidade de Lisboa, e ainda Mabel Cavalcanti, Marcelo Morais e Eddie Motta. Aqui damos breve nota das intervenções dos conferencistas.

O inédito viável na atualidade da educação

“A escola, nós sabemos que é uma instituição muito antiga já, que se

propõe, como diria Wanderley Geraldi, promover um ritual de passagem dos analfabetos para os alfabetizados. Isto diz muitíssimo pouco. Mas assim ficou a escola durante muitos anos, até que, na década de setenta do século passado, de repente o mundo científico acordou para a denúncia do papel que a escola estava a ter no mundo”, afirmou Luiza Cortesão, do Instituto Paulo Freire de Portugal, numa intervenção em torno da “Educação como Prática de Liberdade”. “E essa denúncia fez-se através de uma enorme produção académica, de pessoas extremamente lúcidas na sua análise”. Fez-se a denúncia do papel da cumplicidade da escola na reprodução da estratificação social. E da escola como uma entidade que é um aparelho ideológico do

Estado. Houve uma onda de denúncia na Europa, mas não só na Europa. Já antes, no Brasil, Paulo Freire, nos anos 60, “faz a espantosa experiência de Angicos, em que conseguiu alfabetizar trabalhadores em cerca de 40 horas”. Esta iniciativa de Paulo Freire, seguida do começo de um plano de educação nacional, acarretou-lhe, no regime de ditadura que entretanto se abateu sobre o Brasil, a prisão e o exílio. “E ele foi para a Bolívia e para o Chile, onde pegou em toda a riqueza axiológica da sua ação e elaborou o esboço da Pedagogia do Oprimido”, contou a oradora. “Nesta onda de denúncia do papel de colaboração da escola na reprodução da estratificação social, Paulo Freire, depois da de-


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