Mês de Julho n.º 1
Índice e destaques
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Índice
Destaques
Editorial……………………………3
As Nossas Sugestões Venha descobrir os nossos livros aconselhados!
As Nossas Sugestões……….4 Historias Narrativas………….5 Mistério na Floresta.…...5 Ao Limite…………………….22 Histórias Poéticas…………..42 A Friendly Angel..………..42 Coração Versus Razão…43 Coração Heroí……………..45 Energia………………………..46 Vazio e ?? Ghost in World……………………………..47 Diferentes mas iguais….48 Alma Poética Solidária…51 O Verdadeiro Significado da Palavra Amizade………..53 Untitled… Ausência de Resposta…………………………55 Palavras……………………….56 Eu Confesso…………………57 A Aspirante Felicidade…58 Um sítio sem Cores……..60 Agenda Literária……………..62
Histórias
Narrativas
- Ao Limite - uma história forte que revela uma realidade e com uma moral muito forte.
Histórias
Poéticas
- A Aspirante Felicidade – um poema intenso com um toque clássico e muito sentimento.
Ficha Técnica: Mês de Julho n.º1 via internet – e-book Editora e Proprietária: Marta Sousa Redacção: Marta Sousa, Vitor Figueiredo e Patrícia Lopes, Susana Pacheco Grafismo: Marta Sousa Interdita a reprodução para fins lucrativos ou comerciais dos textos e interdita a reprodução sem a indicação do respectivo nome do autor. Escrita Criativa
Editorial
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Se acabou de ver esta revista e está a perguntar “que raio de revista é esta?” ou “olha é a nova, o que terá de novo?”. Esta revista é mesmo nova não só na data de edição como em conceito, queremos ao divulgar histórias de novos talentos ou talentos escondidos de Portugal e queremos trazer ao leitor novas histórias todos os meses. Por agora, esta revista está dividida em quatro partes, As Nossas Sugestões, onde pode encontrar livros aconselhados, Histórias Narrativas, onde se encontram histórias de vários géneros, Histórias Poéticas, a parte da revista onde os textos líricos ganham forma onde os sentimentos são realçados e por fim a Agenda Literária onde pode encontrar os próximos lançamentos de livros. Espero que gostem e mandem as vossas opiniões e as vossas histórias para: asnossashistórias@hotmail.com. Queremos fazer uma revista de todos para todos! Ajude-nos a inovar! Marta Sousa
Crie aqui o seu espaço! Mande-nos a sua proposta para o e-mail: asnossashistórias@hotmail.com
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As Nossas sugestões
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Magic, the Gathering Toda a gente conhece ou pelo menos já ouviu falar do famoso jogo de cartas que faz sucesso: Magic, the Gathering. O que a maioria das pessoas não sabe é que são inspiradas em histórias de livros fascinantes! Estes livros transportam-nos para um mundo de fantasia onde a magia e força comandam e onde tudo é possível. Desafio todos os amantes da saga Harry Potter e livros de fantasia a ler pelo menos uma das trilogias destes livros. Cada história produzida geralmente vem em três livros por isso convido a ler a trilogia e não apenas um livro, aliás estas histórias costumam vender-se em pack´s de três pelo que se pode comprar os três numa vez. O que é difícil de fazer é conseguir encontrá-los à venda e os raros que se encontram estão escritos em inglês. As profecias de Nostradamus Um acelerado thriller onde mistérios sobre a história de Nostradamus e a cultura da comunidade cigana, que para muitos desconhecida, se envolvem. Deixando o leitor preso do inicio ao fim, mexendo com os nossos sentidos emocionando-nos com a vivacidade das personagens. Para os amantes de thriller, romances históricos e de descobrir e compreender novas culturas e por fim com um pouco ficção este é a livro recomendado. Um pequeno resumo para quem ficou interessado: Adam Sabir um escritor habituado a um estilo de vida de um escritor de sucesso começa a temer pela sua carreira e procura uma inspiração para continuar os seus romances históricos com base na história do famoso profeta Nostradamus e quando vê um anuncio suspeito no jornal pensa que pode ser uma solução para o seus problemas. Quando encontra o anunciante, este tem uma atitude incompreensível, Sabir fica desconfiado que aquilo foi nada mais que uma partida. Quando no dia seguinte ele vê a sua foto nos jornais como um possível assassino, Sabir começa a compreender que o seu encontro anterior foi o ínicio para todos os seus problemas. A partir desse momento Sabir começa uma viagem arriscada, onde não pode mais olhar para trás.
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Mistério na Floresta
A
maldiçoou-se a si própria por ter ideias tão idiotas. Isto era o que dava estar apaixonada. Iludir-se com ideias que não podiam ser reais, no entanto, não era a melhor
altura para pensar nisso agora. Estava no meio de uma pequena mata mas grande o suficiente para Ana perder-se, não tinha a mínima ideia como iria sair dali. A tarde já ia a meio e ela não podia fazer mais nada que seguir um caminho de terra batida e rezar com muita força encontrar alguém antes de anoitecer. Fora realmente tola, David fora sempre tão amável e por vezes dizia coisas que a faziam acreditar que poderia existir mais do que uma amizade entre eles, um dia. Talvez isso tivesse dado o impulso a Ana a desconfiar quando David começou a sair muito mais cedo do trabalho e quando ela lhe perguntou onde ele ia, e ele dissera com um sorriso enigmático que ia passear ao campo. Ela não suportou a curiosidade e a desconfiança. Pensando bem, ela parecia uma namorada ciumenta sem alguma razão. Quando deu por si tinha o coração devorado com dúvidas e imaginação de David com uma rapariga então ela só pensara que para bem ou para mal, ela tinha que saber! Mistério na Floresta
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6 O pior fora quando todas as suas imaginações tornaram-se realidade bem diante dos seus olhos. O que Ana não conseguia perceber era o porquê de se encontrarem num sítio tão recôndito. Ana tinha seguido David com máximo cuidado mas ele parecia apenas tão descontraído que nem parecia ter reparado, quando lá chegaram David deixou o seu carro na berma da estrada enquanto Ana escondia o seu no meio do mato mais atrás mas a pouca distância. Com medo de perder o resto de David, Ana correu apenas vendo David sem tomar conta do caminho e após vê-lo com outra rapariga, cujo único adjectivo que Ana conseguia encontrar para a descrever era linda, então com lágrimas a inundarem-lhe os olhos já não vira mais nada senão a necessidade de fugir dali enquanto eles não reparavam na sua presença. Enquanto ela ainda lutava contra a sua raiva e frustração ela reparou que ao fundo do caminho de terra batida estava um cão labrador, “ um cão muito pouco comum no campo” pensou ela. Ganhou um pouco de esperanças em encontrar alguém por perto. Começou por seguir o cão sem nunca sair do caminho de terra batida. O cão continuou a seguir mais um pouco o caminho e depois afastou-se um pouco e cheirou algumas ervas e depois reparou na presença de Ana. O olhar encheu-se de vida e começou a correr para
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7 Ana em alta velocidade até que saltou com todo o seu peso em cima de Ana. Ana pensou por momentos que ele ia a atacar mas quando deu por si ele só a tinha derrubado e estava muito satisfeito por lamber-lhe completamente a sua cara, de uma forma que Ana apenas podia descrever como nojenta. Dando-lhe festas e a tentar levantarse conseguiu conquistar um novo amigo. Ana preferia que o novo amigo fosse um homem ou uma mulher mas o cão devia ter a casa dos seus donos perto e mesmo senão tivesse sempre podia protegêla em casos extremos. O cão continuou a acompanhá-la ou ela a ele, pois ele não parava quieto. Ele parava para cheirar plantas ora enfiava o focinho na terra sem motivo nenhum ora corria feito um louco e lá ia Ana a correr atrás dele. Ana tentava evitar os mosquitos e mesmo assim estava constantemente a ser picada pelos amorosos bichinhos. Ana já estava exausta quando o cão saiu do caminho para perto de uma árvore que se encontrava não muito longe do caminho de terra batida. Ana ficou sem saber o que fazer: se devia ficar no caminho ou devia seguir o cão. Afinal de contas ninguém lhe garantia que aquele cão tinha dono mas com o cão ela sentia-se um pouco mais segura. Ela pensou que se seguisse o cão só até à árvore onde ainda conseguia ver o caminho e depois conduzir o cão de volta para o caminho de terra de batida, foi para perto da árvore onde o viu a
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8 desenterrar algo. Ana pensou que talvez fosse um osso, aliás desejou que fosse um osso e não uma coisa muito nojenta. Ana nunca iria suspeitar o que ali se encontrava. Os seus piores pesadelos (mesmo aqueles que ela ainda não tinha sonhado) tinham se realizado. A rapariga que há poucas horas tinha visto com David estava naquele momento a ser desenterrada pelo cão que há pouco tempo vira no caminho. Ela tinha uma faca enfiada no peito se não no lugar do coração muito lá perto. Enquanto o cão colocava o focinho em todo aquele sangue que tinha encharcado as roupas que estavam coladas ao corpo da rapariga morta. Ana não conseguiu aguentar. Ela vomitou na árvore ao lado até o corpo começar todo a tremer e a mente dela tornou-se branca, ela pura e simplesmente não conseguia pensar. Ela tinha deixado o telemóvel no carro ( outro acto muito inteligente da sua parte) e por mais que quisesse ela não conseguia chegar mais perto. Ela tentou chamar o cão mas foi em vão então desistiu e seguiu para o caminho de terra batida. Só pensava em chamar alguém. Alguém que a ajudasse a si e àquela rapariga. O cão ao ver ela a afastar-se sem ele ladrou e correu para o seu lado. Andaram, andaram e andaram. Pouco depois quando ela já estava quase a cair, aliás, quando ela caiu de joelhos apareceu-lhe
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9 uma casa ao fundo e o cão correu para a casa. Ana não conseguiu ver se alguém viu um cão sujo de sangue a correr e a ladrar para aquela casa e se alguém lhe abriu-lhe a porta pois todos os sentidos cederam perante o cansaço e os seus nervos debilitados.
Quando Ana acordou estava numa cama com um homem cerca de 35 anos e um rosto típico de agricultor. Este perguntou-lhe se estava bem com um olhar interrogativo na sua cara. Ao recuperar os sentidos Ana lembrou-se da importância do que tinha visto. - Ajude-me, pode ligar para polícia?! É que eu vi uma rapariga morta na mata! Por favor tem que me ajudar! O homem olhou-a ainda com mais espanto. - A senhora tem a certeza disso? – Perguntou ele incrédulo. - Claro que sim. Não viu as manchas de sangue no focinho do cão? Era dela. – Afirmou denotando a ideia lógica que comprovava o que dizia. - Bem, caso a senhora não tenha reparado também tem bastantes feridas em si e é fácil deduzir que o sangue que o seu cão tem nele deve ser o seu sangue. – Respondeu com o mesmo tom.
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10 Ana parou um pouco para pensar e para analisar o seu aspecto miserável. Após um breve segundo, abanou a cabeça como se a sacudir as ideias fúteis que lhe ocuparam a cabeça. - Não vale a pena discutir isso, eu posso levá-lo lá e depois o senhor chama a policia, está bem? - Não quer comer antes? Parece estar um pouco debilitada…E já agora poderá indicar-me o seu nome? – Apesar do seu ar robusto do homem ele falava mais calmamente que o empresário de uma prestigiada empresa. - O meu nome é Ana. Por favor! Acha que eu quero comer e conversar sabendo que está uma pessoa morta lá fora?! – refilou Ana, surpreendida com a atitude do homem. - Ela de morta já não passa, mas muito bem, vamos lá mas já é de noite ainda sabe onde é o sítio? Ana olhou para a janela. Não se via mais nada que o azulescuro do céu e a negridão da mata. Ana reconsiderou. - Muito bem, eu não vou mas pode levar o meu cão, de certeza que ele consegue farejar onde é…qual é mesmo o seu nome? - Rodrigo. Não, vamos amanhã. – Estava decidido. Ele não parecia estar a acreditar naquilo que Ana estava a dizer e isso estava a enfurecê-la.
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11 - Não, senhor Rodrigo pode até nem ir lá mas vai chamar a polícia. Está uma rapariga morta lá fora, não consegue ver isso?! – Indignou-se Ana. - Hum? Ai vou? E quem me diz que existe mesmo uma rapariga morta lá fora? E se houver quem me diz que não foi a Ana a assassina? Afinal de contas, o que faz aqui, sem carro, carteira ou telemóvel? Porque quer tanto que eu vá para a mata no escuro da noite? Quer que eu seja o próximo? Não. A senhora Ana fica aqui neste quarto até ser de dia e eu resolver ir ver disso. Ana não soube o que dizer. Perante a sua falta de defesa Rodrigo levantou-se da cadeira onde estava e saiu pela porta. Ela pura e simplesmente não conseguia explicar o tão idiota fora. Tudo isto só pela curiosidade de saber se David tinha alguém ou não. “ Será que foi ele que matou a rapariga?” O pensamento era horrível mas era a única explicação que podia fazer sentido, explicava o seu secretismo, o local onde se encontravam… mas não conseguia ver David, aquele colega amável que sempre fora tão gentil e atencioso com ela, como um assassino. Não. Deveria ter acontecido alguma coisa? Poderia ele também estar morto? Mais uma vez os nervos consumiam-na enquanto estava naquele quarto trancada. Era uma típica casa de campo, parecia ter saído daquelas revistas de decoração. Moveis em madeira escura,
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12 com uma combinação de móveis semelhantes, um guarda-vestidos, cómoda e um escrivaninha e ainda um cadeirão castanho e a cama da mesmo castanho que os outros móveis. Um quarto amplo bem tratado. “Feminino.” Foi a palavra que surgiu na cabeça de Ana. “Estranho”. Tudo com naprões brancos, colcha branca, cortinados brancos. Parecia que alguém adorava branco. Ana reparou que o cão, que agora era seu, estava lavado sem sangue em parte nenhuma e ela própria tinha outra roupa, uma camisa de dormir branca (mais branco) e que tinha pequenos pensos e ligaduras onde fizera feridas no campo. Ela mal acreditava que não tinha notado a fazê-las e que nem se lembrara do seu aspecto durante todo o tempo que estivera perdida na floresta. Ela, logo ela, que ligava imenso ao seu aspecto, levantou-se e viu-se no espelho do guarda-vestidos. Bem parecia que tinha andado à luta com alguém. Estava cheia de arranhões, desgrenhada com as unhas no estado completamente deplorável. Parecia uma Ana versão mendigo com uma camisa de dormir imaculadamente branca para contradizer toda a “mendiguez” dela. O cão tinha-se aninhado num tapete à frente da cama dela. Ela teria que lhe dar um nome eventualmente. Havia bolachas e leite em cima da cómoda. Enquanto comi-a algumas pensava como tudo aquilo parecia surreal. Olhou pela janela do quarto e viu a mata
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13 escura e viu algumas luzes por dentro desta. Seria que tivessem ido procurar a rapariga mesmo sem ela? Ana sentiu-se um pouco mais aliviada com este pensamento e assim conseguiu adormecer.
Quando acordou tinha o cão a lamber-lhe a cara e aninhado mesmo ao lado do seu corpo. Não era uma forma muito agradável de acordar, sem dúvida. O quarto onde dormiu estava cheio de luz cheirava mal dos dejectos que o seu cão tinha feito e o tapete onde este tinha dormido parecido um pouco roído. Levantou-se e reparou em algumas peças de roupa colocadas no cadeirão onde Rodrigo tinha sentado no dia anterior. Pegou nas roupas e pensou em ir à casa de banho reparou que a porta estava trancada. Lógico. Devia se ter lembrado disso. Bateu à porta e pediu para ir à casa de banho e esperou resposta. Nada. Voltou a bater e ouviu passos. Uma senhora de idade corcunda com cabelos muito negros abriu-lhe a porta, desejou-lhe os bons dias com um ar curioso mas nada perguntou. O cão quis segui-la para a casa de banho mas Ana não deixou. Arranjou-se o melhor que pôde apesar de achar o seu aspecto tinha muito a melhorar,
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14 conformou-se
com
a
possibilidade
de
estar
minimamente
apresentável. Ana pensou que ao sair da casa de banho teria a senhora a vigiá-la mas não. Ela tinha o corredor livre com portas de madeira fechadas, Ana sentiu uma curiosidade tola de saber o que estava por detrás daquelas portas. Pensou em fugir mas de nada adiantava mais valia estar ali do que perdida na floresta. Voltou para o seu quarto. Incrível como em quinze ou vinte minutos aquela senhora arrumou tudo. Ela ainda estava no quarto a colocar mais bolachas, leite e água. Quando Ana estava a entrar no quarto esta senhora começou a falar: - A menina tem que ficar por aqui, agora, senão o senhor Rodrigo vai ficar muito chateado. – Chegou-se perto de Ana e pousou a mão nas mãos de Ana. – E nós não queremos isso, pois não? Era incrível como certas senhoras poderiam ser aterradoras por vezes. - Eu espero aqui. – Respondeu Ana. Então a senhora idosa saiu sem dizer mais palavra num silêncio constrangedor. Ana sentou-se no cadeirão do quarto e o seu cão veio ter consigo, ela ficou a dar-lhe festas até Rodrigo entrar no quarto. - Bom dia Ana como está? – Cumprimentou-a ao entrar.
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15 “ Como acha que eu estou? Olha perdi-me, feri-me, encontrei uma pessoa morta, desmaiei, fiquei trancada neste quarto numa casa de um estranho e ainda fui chamada de assassina. Sim, realmente acho que estou nos meus dias de sorte!” pensou ironicamente Ana mas a sua resposta foi outra: - Bem, dentro dos possíveis. – Respondeu friamente. - Óptimo, ainda quer ir à procura da rapariga que acha que estava morta? – Perguntou com um sorriso a denotar a sua incredulidade. - Claro. – Respondeu Ana secamente. E assim foram. Ana notou que no bolso de Rodrigo uma faca de mato um tanto ou quanto assustadora. Ele reparou no seu olhar e justificou-se “ É para cortar o mato como é óbvio.” No caminho da saída, Ana teve uma breve oportunidade para olhar para as divisões da casa por onde passaram. Era como imaginava, uma típica casa de campo que parecia saída de uma revista de decoração. Tudo cheio de moveis de madeira escura, maciça, mesas e móveis ao estilo antigo, anos 50 mas de uma forma tão cuidada que o antigo parecia novo. Quando Ana saiu da casa perguntou-se se seria possível um dia voltar a encontrar o seu carro. Bem, esperariam pela polícia e depois poderia pedir para a levarem para casa, isto é, se não a levassem para a prisão… Afinal não tinha
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16 nenhuma prova que não tinha sido ela a fazer aquilo à rapariga. Não fora ela logo ninguém, por muito que não tivesse álibi ou outra coisa qualquer para provar a sua inocência, ninguém a podia acusar. Ela começou a indicar o caminho de terra batida a Rodrigo, com o cão que agora era seu sempre atrás de si. Ela confiava que o cão voltasse ao mesmo sítio, afinal não nenhum cão que não goste de desenterrar ossos. No caminho foi desconcertante o longo silêncio entre ela e Rodrigo, por vezes apenas interrompido pelo lavrar do cão, pelas suas corridas pedidos de festas e as suas pequenas pausas em que Ana tinha que o chamar. Finalmente chegaram lá, o cão como Ana esperava correu para o local. Rodrigo dirigiu-se também para o sitio e viu o cão a desenterrar, mexendo na terra e metendo o focinho na cara da rapariga, vestida de branco manchado de vermelho e com cara surpresa mas sem suspiro de vida. Ana aproximou-se pouco depois, viu Rodrigo agachado perto da rapariga. Quando chegou viu um Rodrigo diferente que conhecera no último dia. Ele soluçava, gemia e quando ergueu a cabeça parecia um louco a olhar para Ana. Ana sem perceber deu um passo para trás. Ele estava a balbuciar:
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17 - Foste tu que a mataste, não foi? Mataste-me a minha Silvana! Silvana! Silvana… Eu vou-te vingar! Ana naquele momento percebeu que aquela rapariga era alguém muito especial para ele, e que ele estava certo que tinha sido ela a matá-la! Olhou para o corpo moribundo e reparou que a faca que estava no peito da rapariga tinha desaparecido. Olhou para o cão e ele não a tinha nem nos arredores. Quando ia a olhar para Rodrigo para o tentar acalmar ele já estava de pé a avançar para ela devagar. -Rodrigo, não fui eu! Eu juro! Juro! NÃO FUI EU! – Gritou Ana desesperada com lágrimas nos olhos. Os olhos verdes de Rodrigo não pareciam ouvir mais nada que os sons da sua mente. Ele tirou a sua faca de mato e tentou de agarrar Ana, ela fugiu do alcance dele e começou a correr com milhares de pensamentos na sua mente. Sendo o principal “Como eu vou sair daqui?” Ele era um homem robusto corria muito mais do que Ana e depois de uns minutos, agarrou-a. Era agora que tudo ia acabar. Ele ergueu a faca ao nível do coração de Ana… e nesse momento o cão mordeu com todas as suas forças ao braço de Rodrigo e a faca caiu. Ana aproveitou para o empurrar e fugir e o cão depois de expulso do braço de Rodrigo fugiu com ela. Até o cão corria mais que ela. Rodrigo ficou agarrado ao braço à procura da sua faca.
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18 “ Ele deve acalmar agora” pensou Ana mas sem parar de correr. “ Ele não está a ser razoável. Mesmo que tenha sido alguém próximo dele não era preciso matar-me!” Agora corria com o coração a doer-lhe no peito, não podia parar, não queria parar. O cão corria à sua frente, ele realmente tinha sido o seu salvador. Enquanto olhava para o cão com estes pensamentos em mente, Ana chocou contra algo com toda a força da sua velocidade o que a fez cair. Desesperada levantou-se rapidamente, sem conseguir outro tipo de sensação que não o seu desespero, e olhou para onde tinha chocado, ela não podia acreditar no que via. Era nem mais nem menos, David desgrenhado mas não muito sujo. - Estás bem? O que fazes aqui, Ana? Porque não foste trabalhar hoje? – Ao dizer isto agarrou-a nos ombros. Parecia desesperado, talvez tanto quanto Ana. - Não posso explicar agora – disse Ana enquanto olhava para trás – falamos depois deixa-me ir! - Ir para onde? Para onde estás a ir? Onde está o teu carro?! O que se passa?!? - Sabes o que passa, David? Sabes?! É que eu tenho um louco atrás de mim e tu estás a agarrar-me, larga-me! – Reclamou Ana tentando recuperar o ar para a corrida. Assim que Ana disse “larga-
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19 me” David libertou-lhe os ombros, que antes segurava com força, como tivesse levado um choque eléctrico. Ana aproveitou para olhar para trás onde viu Rodrigo agarrado ao braço a correr parecendo um verdadeiro louco. No momento em que Ana volta o olhar para David para recomeçar a corrida vê este agarrado à faca que estava no peito de Silvana, a faca ainda estava coberta de sangue. Ana ficou petrificada. Rodrigo, entretanto, conseguiu alcançá-los e viu David e riuse alto, com o sorriso mais nervoso e histérico que Ana conseguia descrever: - Claro que só podias estar com esse gajo! – Gritou Rodrigo. – Todos vocês mataram a minha Silvana. A MINHA SILVANA! - Rodrigo, tu estás louco! A Silvana nunca foi tua! Ela era tua irmã! – Interveio David tentando acalmar Rodrigo. - Até pode ser! Mas é minha! Aliás por isso mesmo, ela é minha há muito mais tempo! Desde sempre cuidei dela e protegi-a e agora não vai ser excepção! – Avançou para David e Ana. David com rápidos reflexos, vira-se para Ana e indica-lhe um lado da floresta:
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20 - Ana, para ires para o meu carro é só seguires por aquela direcção quando eu tratar dele eu vou ter contigo e falamos. Agora vai! Foi no tempo perfeito Rodrigo chegou e atacou David no segundo a seguir de Ana ter corrido para meio do mato. Eles começaram uma luta com facas do mato semelhantes. Ana com o seu cão perto de si, parou e escondeu-se no meio dos arbustos quando ouviu David a falar: - Estás doente, tu é que a mataste!! E agora andas a acusar quem vês à tua frente! – gritou David enquanto se tentava esquivar dos ataques de Rodrigo. - Não! Não! Não! Não metas as culpas em cima de mim! Soubeste que ela só te usava para encobrir a nossa relação e por isso mataste-a! – acusou-o Rodrigo. Ana estava chocada, o seu cão começou a ladrar e a querer intervir na luta mas Ana impediu-o e começou a correr para a direcção que David tinha indicado. Correu, correu, correu e correu. Chegou à estrada e reparou que David tinha estacionado exactamente no mesmo sitio que o dia anterior. Ana viu o carro de David aberto mas não entrou nele. Foi à procura do seu carro colocou o seu cão nos bancos de trás e fugiu a toda a velocidade de todo aquele pesadelo.
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Passados alguns dias, a polícia judiciária apareceu e vedou toda a área da pequena mata, devido a uma chamada anónima. Encontraram uma jovem morta chamada Silvana Gonçalves com 27 anos e pela mata haviam vários sinais de luta mas não conseguiram encontrar a arma do crime.
Na empresa onde David trabalhava foi recebida uma carta de demissão e desde então a empregada Ana Pereira, conhecida pela “preferida de David”, nunca mais foi vista e nem entrou em contacto com nenhum dos seus colegas.
Marta Sousa
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Nota: Esta história contém violência e linguagem considerada chocante
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P
erdido em pensamentos nem reparou que, quando chegou ao ponto de encontro, David já se encontrava lá, quase esbarrando nele.
- Ui ‘tamos bonitos ‘tamos; o que é que te aconteceu, hein? –
Inquiriu despreocupadamente David. - Foram umas merdas lá na escola, e tu porque é que não apareceste hoje também? - Não me apeteceu só isso – David era um tipo calado, de estatura baixa para a idade e bastante moreno, mas esse não era o seu problema, o problema era a sua personalidade, ele era o que se chama, á falta de melhor palavra, um marrão, e não um marrão qualquer, ele era um marrão “old school” daqueles de óculos redondos feitos de massa e camisa de flanela aos quadrados, e ele sentia-se bem na sua indumentária que condizia perfeitamente com a sua maneira de ser, mas talvez precisamente por isso, David era gozado á força toda pela maioria dos colegas, que o insultavam e em alguns casos, mais do que aqueles que ele admitia, agrediam. Quer fosse por ser estudioso e, consequentemente ter melhores notas, ou Ao Limite
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23 pela sua forma de vestir, a verdade é que não haviam muitos colegas que gostassem ou sequer que falassem amigavelmente com ele, mas muitos eram aqueles que, sem razão aparente, se metiam com ele e tentavam minimiza-lo ou em qualquer que fosse a situação levar a melhor sobre ele, uma pena porque era realmente um bom rapaz, reservado, mas um bom tipo. - O Andrew anda aonde? – Perguntou David - Não vinha contigo? - Não, vai lá ter, ele é que traz as latas. - Então ‘bora despachar que ainda quero ver uma série nova que estreia hoje na TV – Disse David começando a caminhar á frente do amigo. “Foda-se que cromo do caralho, depois não queres que gozem contigo, preferes ir ver televisão do que estar com os amigos; mas vistas bem as coisas não sou melhor” – e afastando este pensamento disse apenas – Caminhemos então… Era costume deles – do David do Trevor e do Andrew – encontrarem-se os três várias vezes por semana para fazer tiro ao alvo numa mata, com umas armas que o irmão e o pai de David tinham trazido da guerra. Tudo tinha começado havia uns meses quando, o irmão deste voltara do Iraque e decidiu começar a coleccionar várias peças tal como fizera o seu pai antes dele.
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24 Secretamente, dando com as armas quando estavam sozinhos na casa e David e decidiram abrir uma porta fechada, decidiram logo que tinham de lhes dar um uso, fosse ele qual fosse, as armas eram demasiado apelativas para fingir que nunca as tinham encontrado, caçadeiras pistolas de pequeno e grande calibre algumas semiautomáticas e até – imagine-se – algumas granadas, tudo isto com doses saudáveis de munições a acompanhar. Apesar dos rapazes só perceberem de armas aquilo que tinham jogado em jogos do tipo “first person shooter” eram inteligentes e rapidamente descobriram que tipo de munições davam para que tipo de arma, apesar de alguns modelos serem bastante antigos. O local escolhido para fazer de carreira de tiro fora uma clareira numa mata não muito longe da casa dos três, onde desde há muito tempo se costumavam encontrar, era uma espécie de refúgio, um reduto onde só eles reinavam. Trevor, por ser o mais velho, fora voluntariado para fazer o disparo inaugural, todos eles nervosos, tremendo como varas verdes, e com traças do tamanho de águias na barriga. Quando Trevor finalmente reunira coragem suficiente para disparar sobre uma arvore incauta, o som do disparo fizera só rapazes dar um salto como se tivessem sido subitamente electrocutados e Trevor ficara branco e ofegante durante alguns minutos, mas por detrás da surpresa e do
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25 choque inicial, nos seus olhos, brilhava o entusiasmo e o fascínio, conseguia-se sentir a adrenalina no ar, e não demorou muito até, entre eles, acabarem as poucas balas que tinham trazido para o revolver, no final do dia extenuados pela excitação, combinaram logo outro encontro para dali a uns dias, desta vez cada um teria direito a escolher a sua arma, e fariam vários concursos de tiro ao alvo, garantindo muito mais diversão. Começaram por atirar em árvores mas rapidamente se aborreceram e escalaram para outros alvos, pássaros e até uns coelhos que passavam por ali, não estavam impunes a levarem um tiro, felizmente para eles a pontaria dos rapazes não era lá grande coisa… Pelo menos no início, mas rapidamente melhoraram e rapidamente os animais começaram a rarear, por isso decidiram usar latas que era o que não faltava nas ruas e um ou outro pneu deitado fora naquela zona por algum cidadão menos ciente dos problemas ambientais, podiam ser usados mais que uma vez e, verdade seja dita, fazia muito menos confusão acertar numa lata do que na cabeça de um coelho. Naquele dia tinha calhado a Andrew trazer as latas por isso Trevor tinha ido á frente. Quando chegou não trazia latas mas sim nódoas negras, cortes e vários rasgões na roupa mas o que assustou os outros dois foram os seus olhos cheios de ódio.
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26 - ‘Tão man, ‘tas todo fodido, o que é que te aconteceu? – Perguntou Trevor já adivinhando qual a resposta mais provável - Encontrei o merdas do Alex e do Mike no caminho – e avançando uns metros á frente dos outros dois concluiu – quando repararam que trazia um saco com latas vazias começaram a fazer merda; quando dei por mim ‘tava a comer porrada daqueles cabrões… - O Vincent ‘tava lá? – Inquiriu David – tenho umas contas a ajustar com aquele filho da puta, os gajos andam sempre os 3 juntos! - Yá e fazias o quê? Aborrecia-lo até á morte? - Entrepôs Trevor – Além do mais eles deviam estar perdidos, é bem sabido que só andam os 3 juntos porque partilham o mesmo cérebro – e tristemente pensou – São tão idiotas que até é capaz de ser verdade. David e Andrew eram muito parecidos, podiam até passar por irmãos, tinham muitas semelhanças a única diferença flagrante era que David usava óculos e que Andrew usava aparelho, e como tal tinham direito á quota-parte de gozo por parte dos colegas, mas apesar
de
todos
serem
fisicamente
(e
até
um
pouco
psicologicamente) semelhantes era Trevor quem estava na pior situação no que respeitava a ser gozado pelos colegas. A sua mãe era mexicana e o seu pai era negro mas tinha fugido ás suas responsabilidades como pai mesmo antes dele nascer, por isso era
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27 frequente chamarem-lhe bastardo, macaquinho abandonado e, mais recentemente (cortesia de Mike), senhor cor de merda, era também comum fazerem piadas sobre como tinha sido concebido, sendo a maioria sobre a mãe dele se ter envolvido com um gorila e o resultado fora ele, tais piadas eram contadas na sua frente para o humilhar e, invariavelmente da história, acabavam com um já quase tradicional, “que puta que ela é”. - Devíamos fazer algo, isto já chega, qualquer dia vamos parar ao hospital – Protestou David, mesmo tendo a noção que eram mais fracos e que se fizessem queixa ao conselho directivo ou aos pais mais tarde o que aconteceria era uma boa e velha caça ao chibo, sentia que devia haver algo que eles pudessem fazer – Se apontássemos uma destas meninas á cabecinha daqueles merdinhas as coisas piavam de maneira diferente – desabafou. - Provavelmente nem davam pelo buraco na tola – Contrapôs Andrew – Certamente pensavam que sempre estivera ali. - És capaz de ter razão, mas não são só eles – disse David erguendo-se – é também toda aquela merda que precisa de ser limpa. Caiu um silêncio desconfortável e os olhares recaíram sobre David; - Não podes estar a falar a sério, não és Deus, não podes decidir quem vive ou quem morre – Interveio finalmente Trevor mas
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28 David viu que os seus olhos aprovavam e isso era tudo que ele precisava. - Deus? Onde ‘tava esse quando te obrigaram a beber água da sanita? E a ti Andrew? Onde estava o gajo quando, há uns meses, quando estavas no duche decidiram que era engraçado espalhar as tuas roupas pelo corredor? Esse merdas anda a dormir e eu não aguento mais com o ressonar dele. Nem eu nem ninguém. David tinha dito as palavras certas, as humilhações, ainda demasiado frescas na memória dos outros dois amigos, foi o suficiente para reacender as chamas da raiva e do ódio que até ao momento estavam adormecidas nos confins dos seus corações, as suas palavras tinham sido como gasolina para um fogo brando, agora ardendo abrasadoramente quente. - O que propões David? – perguntou Trevor – Como fazemos isso? - Engraçado perguntares isso, tive os primeiros planos sobre esta questão quando pus os olhos naquela quantidade parva de metralhadoras que encontramos a implorar algum uso – depois de uma breve pausa agachou-se ao pé dos outros e disse quase segredando de modo que os outros dois se tiveram que inclinar para a frente. - Proponho o seguinte…
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Estava uma linda manhã de primavera, uma brisa fresca trespassava-lhe o corpo, levando-lhe para longe os resquícios de torpor que o sono deixara, e um sol quente lavava-lhe a cara sentiuse de repente mais desperto que nunca e avançou lenta, mas seguramente, para o portão da escola. - Boas! – Disse ao guarda da escola. - Bom dia, Trevor – respondeu com indiferença e com um bocejo. Era incrível a memória daquele porteiro, conhecia de vista quase todos os alunos da escola e sabia o nome de mais de metade. - Ei! Espera aí. Algo despertara o porteiro do seu torpor, como podia ser? Teria já descoberto o plano deles? Teria descoberto onde tinham escondido as armas? Como saberia, como? Mais branco que a cal virou-se lentamente pronto para negar qualquer história, embora se lhe revistassem a mala seria imediatamente descoberto. - S-sim? - Olha lá, soube já de ti e do grupo do Mike, ele já te deixou em paz? - Err bem, mais ou menos…
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30 - Não te preocupes com isso, ele vai parar, mais uma e vai suspenso, portanto se alguma coisa se passar fala logo, logo com uma auxiliar, está bem? - Sim claro, obrigado pela preocupação. – e sem mais palavra virou-lhe as costas “suspensão, não arranjavam algo mais agradável?” – pensou amargamente – “Só lhes estão a dar um feriado, realmente que patético, deviam era expulsá-los logo, ir o resto do ano para casa, sinceramente o concelho disciplinar deve achar que é normal o pessoal andar à porrada por isso é que só ai á terceira agressão grave é que começam a ser sancionados a sério, e mesmo assim nem é sempre”. Consultou o relógio que marcava 8:15, tinha-se atrasado com o estúpido do porteiro e precisava de se dirigir rápido para o sitio onde, na noite anterior, tinham escondido as armas de maior porte, tinham sincronizado os relógios e já não tinha muito tempo antes da festa começar. Quando chegou ao pé das redes viu que os outros dois já tinham estado lá, tinham decidido ir separados caso algum deles fosse apanhado os outros não seriam, e desse modo o espectáculo acabaria sempre por acontecer. Pegou numa espingarda e numa metralhadora e enfiou-as no saco de viagem que lá estava ao pé e depois dirigiu-se a uma casa de banho previamente designada de
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31 modo a preparar-se. A meio caminho ouviu o toque anunciando a primeira aula do dia, era mau tinha só mais 20 minutos para se por em posição. Deslocou-se em passo rápido para uma das casas de banho do piso térreo, para não levantar muitas suspeitas, enfiou-se num cubículo e começou a tirar as munições e as pistolas da mala e as armas do saco e carregou-as, depois disto tirou um momento para contemplar a tarefa á sua frente quando, sem qualquer aviso, ouviu mexer na porta seguido de uma praga que não conseguiu distinguir, só um segundo depois reconheceu a voz de Alex, e se Alex estava ali… Enfiou o resto das munições nos bolsos, distribuindo-as pelos diferentes bolsos que as calças tinham, esperou que batessem outra vez e respondeu: - ‘Tá ocupado saio já – e dito isto empunhou uma das pistolas - Foda-se agora já não é preciso já mijei no canto – respondeu Alex - Olha lá ó porco do caralho não sabes usar urinóis? – Perguntou Trevor de dentro do cubículo - ‘Tavam todos entupidos, mas espera lá eu conheço essa voz, és tu macaco do caralho? Já não disse à tua mãe para não me faltares ao respeito? Logo á noite não lhe pago.
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32 E dito isto, enquanto duas outras vozes sem corpo se riam, deu um fortíssimo pontapé na porta. - Ouviste caralho? Abre a porta e pede desculpa se não é pior. Durante um segundo tremeu, mas depois apercebeu-se de que ele é que fazia as regras. Tentou parecer assustado, o que não foi difícil atendendo ao que estava prestes a fazer, e disse: - E-Está bem, eu saio já desculpa, desculpa. Mal abriu a porta uma par de mãos voaram para dentro do cubículo agarraram-lhe no colarinho e atiraram-no, segurando-o, contra a parede. No preciso momento em que as costas de Trevor tocaram a parede um estampido encheu a casa de banho. Demorou um segundo a perceber o que tinha acontecido, as mãos de Alex ainda o agarravam mas sangue escorria-lhe da boca, tentou formular uma palavra mas só uma bolha de sangue saiu. Quando o seu corpo inanimado caiu no chão reparou que os outros dois ainda tinham um sorriso na cara de quem não percebera o que tinha acabado de acontecer como se o amigo tivesse decidido pregarlhes uma partida, depois Mike reparou na arma na mão de Trevor. - Caralho, mataste-o, mataste mesmo! – A voz sumida de Mike foi o suficiente para arrancar o torpor no qual Trevor estava
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33 absorto e com o pensamento “olha agora já está, mais vale concluir o trabalho, que se foda” disse: - Cala a merda da boca e encosta-te á parede, tu também meu merdas – concluiu apontando a arma a Vincent. - Eh man! não nos mates, foda-se desculpa, nós nunca… eh pa! Desculpa – dito isto Vincent começou a chorar e deslizou lentamente em direcção ao chão, antes de ter sequer chegado é posição sentada já Trevor lhe tinha posto uma bala na cabeça, achou bastante engraçada a forma como as suas pernas se mexeram tal come se ele fosse uma marioneta e lhe tivessem cortado os fios de uma vez só. Ao ver o cérebro do amigo espalhado na parede imaculadamente branca como se de uma pasta carmesim se tratasse Mike exclamava apenas, baixinho: - Merda, vou morrer também. - Agora já não és tão valente pois não? Já não me queres bater? Já não me queres chamar nomes? Goza comigo, caralho, goza, dá-me uma desculpa e juro que te dou um tiro mas não te preocupes, não te mato logo, ainda brinco um bocadinho contigo, queres brincar comigo, queres? Quando acabou de falar Trevor avaliou a situação e, com um prazer sádico, constatou algo que o deixou completamente arrebatado.
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34 - Ó valentão, mijaste-te todo – e aproximando o cano da arma à cara de Mike finalizou – tens medinho que te mate? - Findo um momento gritou: - RESPONDE, MERDA, SE NÃO JURO QUE TE MATO JÁ. - S-Sim, não quero morrer não queria… - Nunca acabou essa frase no momento em que o ia fazer, um alarme sonoro era emitido pelo relógio de pulso de Trevor, o que, alem de fazer os dois dar um salto, queria dizer só uma coisa, era hora de dar inicio ao show. - Olha, parece que já não tenho tempo para brincar contigo, que pena, então, como queres morrer? Na cabeça ou no coração? Talvez te de uma morte lenta… Então? Vá, tenho que me despachar, queres que decida eu? - N-não p-por favor imploro… - Não tens o direito de implorar nada, és só um verme, uma pessoa pequenina que se sente grande fazendo os outros pequenos és um tirano e como todo o bom tirano o que mais temes são aqueles mais fracos que tu porque temes que se unam e façam aquilo que eu estou prestes a fazer, adeus meu pedaço de merda. E, sem dar a oportunidade de resposta, fez soar mais uma vez um estrondo pela casa de banho e com um borrifo, pedacinhos de cérebro osso e sangue, projectaram-se da parte de traz da cabeça de Mike espalhando-se pelos azulejos brancos por detrás dele
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35 começando a escorrer em direcção ao chão. Nos andares de cima já tiros de metralhadora se ouviam junto com gritos e uma ou outra explosão, Trevor foi buscar o saco ao cubículo e quando saiu reparou em algo muito curioso, Alex ainda vivo, rastejava em direcção a saída, com certeza depois de testemunhar a morte dos seus outros dois amigos, sentira o desejo enorme de tentar salvar a própria pele. Sem piedade Trevor virou-o com o pé e antes de lhe enfiar mais duas balas no crânio acabando sem dúvida o que começara, perguntou algo que sempre o atormentara. - Porque é que vocês nos trataram tão mal? Findo um momento breve que pareceu uma eternidade o outro lá respondeu: - V-vocês s-sempre t-ão espertos… - interrompeu-se para cuspir mais sangue e retomou – só nos qu-queriamos divertir, é-ééram t-tão gozáveis… Ia dizer mais mas antes de mais uma palavra Trevor interrompeu-o. Desde a tarde anterior, tinham delegado tarefas, David iria estabelecer-se no andar de cima da escola, Andrew cortaria o acesso á escola barricando portas janelas ou qualquer outro meio de fuga, eliminando órgãos da direcção e contínuos, e ele, Trevor tinha por conta dele eliminar as salas no andar de baixo.
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36 Chegou á primeira sala, escolhida completamente na base do acaso, pôs a mão na maçaneta da porta e tentou abri-la, as mão fraquejaram-lhe e
não conseguiu, sabia que agora muito
provavelmente iria matar apenas inocentes que nunca lhe tinham feito mal, tirou um momento encostando-se á parede fria, decidiu ignorar aquela sala e passar á próxima, mas, quando pôs a mão no puxador da porta constatou que também nada podia fazer ali. Estava quase a acabar as salas do piso térreo sem ter sequer ter entrado em nenhuma quando ouviu uma sirene lá fora. “Merda, queres ver que alguém avisou a polícia? Lá vamos nós para o plano B, que caralho” avançou para o corredor principal da escola e encontrou Andrew - ‘Tão como correu? – Perguntou em jeito de conversa Trevor. - Bastante bem, consegui matar os telefones, e as pessoas á volta deles, mas a bófia ‘ta lá fora - Eu sei, foi uma das putas daquelas pop stars. Nem tinham dado pela aproximação de David que vinha da direcção das escadas - Testemunhas há? – perguntou Trevor . Escolheu ser ele a fazer a pergunta, sabia que se lhe perguntassem se tinha entrado
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37 nalguma daquelas salas seria apanhado na mentira, a sua cara denunciá-lo-ia. - Zero do meu lado – Respondeu Andrew - Nenhum sobrevivente do meu – Disse David – Já é hora de cavar daqui? Há assim tantos polícias lá fora? - Pá, estavam três carros, e devem estar a chegar mais – respondeu Andrew – ‘tamos fodidos se nos apanham, como é? - Vamos, levem as armas por causa das impressões digitais, tudo o resto não importa muito, talvez apanhem uma ou outra completa nos invólucros mas a maioria deve ser parcial, nem chega para uma identificação – afirmou Trevor Correram, sem mais palavra para a única porta que não estava barricada, e quando saíram em direcção a vedação, ainda não tinham dado seis passos quando ouviram um barulho de queda atrás deles quando Trevor olhou de relance para trás viu Andrew com os miolos espalhados pelo chão. - Snipers nos telhados – gritou para David, que só teve tempo de se atirar para o chão antes de uma bala acertar no local onde ele estivera apenas um segundo antes rastejando para um muro baixo, do outro lado, espalmado contra o chão, protegido pelos muros de um canteiro, que felizmente para ele tinham uma altura elevada estava David a sua mente e os seus olhos completamente centrados
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38 no buraco na rede cerca de 6 metros á sua frente, depois disso poderia entrar num dos sistemas de canalização que levariam a uma distância segura, a única coisa que o separava da liberdade eram as forças da lei. - Como é que fazemos isto? – Quis saber David – o Andrew está morto, não está? – perguntou tristemente. - Está – foi tudo que Trevor conseguiu dizer. - Merda, não era suposto ter acontecido assim… Temos de descobrir de onde devem os tiros onde é que eles ‘tão? - Um de nós tem que dar cobertura ao outro, o que significa que só um se safa – David tinha feito um argumento válido mas Trevor tinha uma ideia melhor. - Já sei, tu vais para os canos e eu volto para a escola, ponho as armas nas mãos de um miúdo qualquer e dou um tiro no meu próprio braço e fazendo com que pareça que tenhamos lutado, ao género de “não senhor guarda, quando este rapaz voltou para trás lutei com ele”… Achas que cola? Assim tinham que decidir por um alvo. - Sim talvez resulte, e… Valeu a pena, quero que saibas isso, pena que não tenha encontrado o grupo do Mike, acho que se baldaram… logo hoje. - Não baldaram não, matei-os eu, e fi-lo com um sorriso.
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39 - Ainda bem, fico feliz – e com um sorriso contou – um… Dois… - Três – Completou Trevor Correndo em direcções opostas Trevor viu com os olhos da mente David a dirigir-se para o buraco da vedação e, mesmo antes de o ouvir a cair, mesmo antes de sentir a bala a assobiar por cima da sua cabeça já sabia que David já estava morto, acelerou o mais que pode e entrou de volta para a escola atirando-se para o chão, passado
um
segundo
levantou-se
triunfantemente
e
repentinamente, sentiu uma queimadura e uma dor penetrante na parte esquerdo corpo, e com pesar viu que o seu ombro tinha um enorme buraco, largou tudo excepto uma pistola e correu escada acima para finalizar o plano dele, atirou-se ao primeiro corpo que viu, demasiado desesperado para pensar, simulou uma luta feroz e finalmente deu um tiro no braço já ferido e outro no cadáver, impregnou a arma com as impressões do cadáver e desceu lentamente as escadas na direcção que veio, ainda tinha algum tempo e havia algo que tinha que fazer. A polícia avançava agora pela escola, lenta mas seguramente, faltava ainda um miúdo, seria seguramente morto, este tipo de eventos era um paraíso para os media, certamente que iriam culpar os jogos extremamente violentos que os miúdos jogavam, ou a sua
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40 educação em casa, ou até, quem sabe, a sua predisposição genética, o Sargento Hoffman sabia precisamente o que se passava, já tinha visto
alguns
destes
casos,
não
tão
violentos
certamente,
normalmente eram suicidas raramente homicidas, mas as razões eram normalmente as mesmas. Acendeu um cigarro e disse para o cadete: - Mais um lindo caso de bullying… Gostaria de saber o que terá puxado estes miúdos ao limite… - Mas… Sargento, senhor, eles mataram os colegas quase todos, só os do piso térreo se safaram, e no segundo o único foi um pobre coitado, tinha o braço em fanicos, com todo o aspecto de ter sido furado por uma granada, acho que, pelo aspecto da coisa surpreendeu um dos agressores. Não acha que eram apenas loucos? - Porque seriam loucos rapaz? – E fitando o cadete como se o visse pala primeira vez respondeu – Se entrassem em tua casa violassem a tua mulher e os teus três filhos uma e outra vez e depois os matassem o que farias? Responde como um homem e não como um polícia. - Acho que os matava… Mas é diferente aqui eles… - És parvo?! Como é diferente? Este é um caso claro de retaliação, quantas vezes achas que a sua integridade física foi violada?
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Quantas vezes achas que foram aterrorizados? Estes
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41 rapazes fizeram mal, muito mal, mas eles não são os culpados, os culpados são os pais, que não ouvem ou nada fazem quando sabem o que os filhos sofrem, os culpados são as escolas que não punem os miúdos de maneira severa o suficiente, mas os maiores culpados, sem sombra de dúvida são aqueles que são idiotas o suficiente para achar que podem maltratar os mais fracos e que daí não advirá nenhum mal maior. Posto isto aproximou-se outro agente das forças de intervenção e disse: - Encontramos um saco de armas à entrada, mas parecem ter sido limpas, há demasiado sangue por todo o lado para tirarmos o ADN do suspeito que fugiu, mas parece que lutou e morreu, todos os sobreviventes foram levados para o hospital, parece que isto já acabou… - Óptimo – Disse o sargento – Agora senhores, se não se importam tenho uma montanha de papelada para acabar.
Vitor Figueiredo
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Histórias Poéticas
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A Friendly Angel
Um dia um anjo apareceu na minha vida E transformou meus dias em alegria Mais tarde ele partiu e de mim não se despediu Tenho saudades Achavas que irias ficar comigo para a eternidade Foi tão de repente mas continuas na minha mente Ele está a cair Mas conta comigo para te acudir Nesse poço fundo não te vou deixar cair Mesmo que negues a minha ajuda Não vou ficar à espera que alguém te acuda Vou-te dar a mão Não vou deixar que sejas engolido pela escuridão Conta comigo Afinal somos amigos até ao infinito.
Lena Amurita (Patrícia Lopes)
A Friendly Angel
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Coração versus Razão
Palavras vão, palavras vem, Tudo se perde, Tudo se ganha, Entre o perder e ganhar Se perde a razão e o resto de afecto Que se poderia sentir. Sentir pelas multidões, Pelas simpatias, Pelas arrogâncias Por tudo que nos torna humanos… E não máquinas.
Devemos subjugar os sentimentos à razão, Mas não devemos esquecer-nos deles. Quando se esquece deles perde-se um coração. Quando os enaltece Fica-se descontrolado, Quando são comentados para toda a gente Fica-se vulnerável.
Neste mundo em que a razão comanda O coração é quem sonha E não a razão com sentido. Quem sonhos não tenha, Não tem mais que um vazio cheio Das muitas coisas que tenha.
Coração Versus Razão
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Então a razão e o coração Devem andar juntos pela mão Pois o coração é a fraqueza Que nos torna sensíveis, E a razão a nossa fortaleza, Para dirigir os sentimentos onde são preciosos,
Uma sem a outra é como o sol sem a lua E o mar sem sal.
Marta Sousa
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Coração Versus Razão
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O Coração Herói Acima de tudo custa muito ver-te partir Estou muito grata pelo tempo que me fizeste sorrir Serás sempre relembrado O tempo que permaneces-te por cá nunca será apagado Não me esquecerei das histórias que escreves-te Os leitores quando as liam ficavam com o coração reluzente Até à última badalada foste um verdadeiro herói Fizeste-me perceber que os nossos corações são a nossa salvação Quando a dor por dentro nos corrói Abram o vosso coração Iluminem tudo em vós Deixemos de estar sós Abram o vosso coração Deus não vos irá estender a mão Tu sabes que é verdade bem lá no fundo do teu coração E estarás sempre na memória de quem te admira Tinhas um desejo que lutas-te para o alcançar A vida foi injusta ao pôr-te barreiras para te fazer parar Não partiste em vão Acredita que me ensinaste uma lição Hoje decidi-me que vou lutar por tudo aquilo que sempre sonhei Tudo o que me fez viver quando acreditei O prometido foi devido Aqui está a prova de que tu nunca serás esquecido Quando a luz alcançar tudo será revelado em tua memória Tu não iras passar só de uma história Especialmente criado em tua memória. Lena Amurita (Patrícia Lopes) O Coração Herói
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Energia Movendo-se mais rápido que o ser Agitando o mundo Move-se e move o mundo sem se ver Causando bem e mal Sem conhecimento de tal.
Que nos faz delirar, Exaltar, Revoltar, Desfazer, Construir, Orgulhar pelo conquistado, Chorar pelo destruído!
Sonhar e sentir, Realizar bem e mal, Nós temos poder, Nós temos o orgulho, Nós temos a culpa. O resto é só palavras…
Marta Sousa
Energia
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Vazio eu e?? Ghost in the world Lutei, batalhei e perdi Mas nunca aceitei o fim É o inicio de uma nova era Pela qual estou à espera De uma alma para me unir Alguém que me faça sorrir Viajarei por toda a parte Mostrarei a minha arte Neste simples poema No qual falo de um profundo tema Que é a solidão O quanto vazio está o meu coração Podes ser tu o eleito Não procuro ninguém perfeito Porque tal perfeição não existe Mas a escuridão resiste Quer levar-me para o poço fundo Prefiro refugiar-me no “submundo” Não quero cair Preciso de alguém para me acudir Não me deixes afundar Eu por ti vou esperar Espero ser capaz De um dia alcançar a paz Vês-me a chorar? Ouves-me a gritar? Vazio e ?? Ghost in the World
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48 E estou perdida Não encontro a saída Uma voz… altiva Diz que eu tenho alternativa Ela ecoa na minha cabeça A voz da minha consciência Que me diz para eu ter paciência Eu só lhe peço que nada mais me aconteça Forças para continuar ainda tenho Das pessoas a obtenho… Vou em busca…em busca… Do que não pode ser encontrado Mas continua…continua… A ser procurado O resultado não é garantido O tempo é indefinido… O outro que vive dentro de mim Algo se esconde Por entre as lágrimas Algo se esconde atrás das muralhas O meu outro eu… Serás tu? Ou serei eu? Alguém que eu gostava de conseguir alcançar Do que somente na minha mente visualizar Ele vive escondido Longe de todos Longe do perigo
Vazio e ?? Ghost in the World
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49 Com medo de se revelar Há sempre um sítio onde se tenta refugiar Ninguém o consegue ver ou perceber Pois, ele não se mostra e só se esconde Nas suas fantasias mais inacessíveis Espera pela sua hora para se soltar Do que lhe impede de se mostrar Ele queria transformar a sua tristeza em alegria Mas não consegue encontrar a outra via Tanta frieza que ele carrega dentro da sua consciência Não tem forças, não tem competência Gostava que ele parasse de só mostrar-me derrota E me mostrasse o que há mais para além da porta Farta de ser eu a sofrer Espero que o meu outro venha a aparecer O meu outro eu utiliza um escudo Para não ser ferido no mundo É inútil para uma situação fútil E quando está para cair Ele pensa logo em fugir Aquele que eu gostaria de ver Aquele que eu gostaria de ser O que queria mudar mais Porque nos não somos iguais
Lena Amurita (Patrícia Lopes)
Vazio e ?? Ghost in the World
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Diferentes mas Iguais Somos pessoas diferentes mas iguais Temos coração, boca, braços e mãos As minhas pernas não podem caminhar A cadeira de rodas ajuda-me a deslocar Por vezes há barreiras que me impedem de caminhar Eu posso sentir-me em apuros e com a tua ajuda eu vou contar Não me olhes de lado Posso parecer frágil mas não estou incapacitado Sou um deficiente motor mas esse não e o meu verdadeiro nome Sou baixo e magrinho e o meu nome é gomes Queres ser meu amigo? Preciso que caminhes lado a lado comigo Que nunca me rejeites pela minha aparência Quero que valorizes a minha existência Não tenho culpa de ser como sou Apesar de tudo tenho orgulho de ser quem sou Espero que consigas ver o bom que há em mim E que a nossa amizade nunca tenha um fim Todos diferentes, todos iguais Eu sou como tu e com a tua amizade eu posso até ser muito mais. Lena Amurita (Patrícia Lopes) Diferentes mas Iguais
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Alma de Poeta Solidária (homenagem as belas sessões de “poesia vadia”)
Só nós almas de coração aberto Conseguimos entender porque a poesia nos faz sentir tão perto Quando soltamos a nossa voz Expomos os nossos sentimentos Algo toma conta de nós E assim, partilhamos este belo momento Deixa de ser o nosso, porque se torna o de toda a gente Libertamos tudo do que nos vai na mente Num local tão pequeno e acolhedor Onde cada um de nós liberta-se de um acumular de dor A nossa própria alma se liberta Quando surge este especial acontecimento Onde nos encontramos todos partilhando sentimentos Cada um solidário com a dor de alguém Emoções vividas no reino de aquém Cada um presta ouvido Cada um segura o seu coração Todos nós escutamos com toda a atenção Todos nós contemplamos esta bela união Quando o que se ergue são os nossos corações Quando o que nos lembramos se converte num mar de recordações Hoje, mais uma vez iremos juntar esta corrente Onde a crítica se torna ausente Não se trata de uma breve inspiração Mas sim de um desabafo, vindo do nosso coração Alma de Poeta Solidária
Escrita Criativa
52 Mais momentos mágicos eu quero partilhar Daqui não quero sair, este é o meu lar
Lena Amurita (Patrícia Lopes)
Alma de Poeta Solidária
Escrita Criativa
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O Verdadeiro Significado da Palavra Amizade Sinto saudade das pessoas que perdi, Sinto saudade de momentos que eu achei que nunca iriam acabar, Sinto saudade de me sentar no colo da minha mãe, Sinto saudade da inocência e da ingenuidade, Sinto saudade dos velhos tempos que infelizmente não voltam, Sinto saudade do riso das crianças onde reinava a paz e alegria, Sinto saudade do teu toque mágico, Sinto saudade do teu carinho, Sinto saudade do teu abraço, Sinto saudade do teu riso, Sinto saudade de ouvir a tua voz, Mas sobretudo sinto saudade de ser criança, pois sei, que este tempo não volta atrás, o tempo vai passando... e nós vamos envelhecendo com ele sem nos apercebermos. Quando somos crianças não damos importância, só queremos que o tempo passe para nos tornarmos adultos, para podermos fazer o que queremos, na qual, muitos das vezes nos tornamos adultos mesmo com idade de uma criança, foi o meu caso, não sou de nenhum país em guerra, também não perdi os meus pais... o que me tornou adulta (com corpo e idade de criança e mentalidade de uma mulher), foi sem dúvida a dura realidade da vida, pelo que passei, pelo que sofri, pelo que fizeram por mim e o que me ensinaram... O MUNDO DA DROGA... muitos pensam que é brincadeira, outros envolvem-se nelas dizendo que lhes deixa calmos e relaxados ou então o inverso, existem vários tipos de droga, umas mais pesadas, outras mais leves; mas claro está, não deixa de ser droga pois altera e muito o nosso comportamento, infelizmente convivi e vi o que realmente a Droga era capaz de fazer. O Verdadeiro Significado da Palavra Amizade
Escrita Criativa
54 Tentei, fiz de tudo, mas o meu esforço foi em vão, força de vontade não me faltava para te tirar desse mundo, e quando eu pensava que tinha conseguido... Meu Deus mal eu sabia que te iria enterrar. Será que a tua força de vontade de viver era igual à minha ou era inferior? É uma pergunta que nunca vou obter resposta. Ajudei-te, eu e a minha família. Perdi-te nos meus braços com uma promessa que tu pediste que eu cumprisse, que não desistisse de viver e é por essa promessa e pelo teu lindo sorriso, que quando penso em desaparecer renasce a esperança, a esperança de que algo vai mudar para melhor... a minha intuição diz que a vida continua sempre com um sorriso para alguém que precisa, pois existem pessoas e situações bem piores que a nossa, afinal a tua frase era agarra a vida com tudo aquilo que tiveres pois só temos esta vida...
Susana Pacheco
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O Verdadeiro Significado da Palavra Amizade
Escrita Criativa
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Untitled… Ausência de Resposta Alma perdida por entre o tempo remoto Faltam-lhe as palavras Sentimentos morrem num corpo quase morto Desgastada na luta por nada Uma lágrima alcança o céu desejando a madrugada O raiar de um novo dia Um dia brilhante e pacífico O momento em que eu deixe de cair neste tamanho precipício A voz está sumida O coração falha A inspiração se perde As mãos desgastadas da batalha A ferida que não estanca A voz que sumida grita As lágrimas que correm invisíveis Deambulando perdido na escuridão Desnorteado sem ninguém lhe estender a mão O choro escondido por entre um sorriso As lágrimas derramadas rolam pelo chão Ele procura pela paz mas não encontra a salvação Ele tenta gritar mas todos os esforços são em vão Sozinho se encontra sufocado enquanto procura pela resposta em cada dia amargurado Lena Amurita (Patrícia Lopes)
Untitled… Ausência de Resposta
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Palavras Mentiras, Verdades, Deslizes de palavras, Soltas ao vento, Livres de sentido, Livres de pensamento, E de aprisionamento. Apenas palavras, Apenas sons, Que ninguém ouve, Ou ninguém que ouvir, Ou até alguém ouve, Ri, Goza, Diz mais palavras tolas Que ninguém sente. As palavras sentidas São palavras pesadas Presas no sentido Geram mais palavras, Presas, Dolorosas, Desgostosas das lágrimas que prendem Por isso é preciso deixá-las serem livres Não lhes prendam... Marta Sousa
Palavras
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Eu Confesso…
Confesso que as vezes nos escutamos pouco Tudo o que vem da nossa boca é oco Porque nem sempre o que digo é o que eu sinto Agora lúcida, vou-te dizer que não minto Quando te digo o que as vezes omito Que estou grata por poder caminhar Se caminho foi porque tu me deste forças para andar Grata por me fazeres rir Se me rio foi porque fizeste o riso surgir Grata por respirar Se respiro foi por tu teres partilhado o teu ar Quando erguermos uma palavra que nos possa atirar ao chão É nesses momentos que mais do que nunca devemos apelar ao nosso coração Por isso te digo, ouve, pois eu não minto Quando te confesso aquilo que apenas sinto O amor singelo e sublime sem nenhum tipo de condição O carinho e amor que expresso em gratidão.
Lena Amurita (Patrícia Lopes)
Eu Confesso…
Escrita Criativa
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A Aspirante Felicidade
Poderei ser a tua doce Julieta? Serás tu o meu eterno Romeu? Poder-me-às quitar a dor que me esquenta? Ou estarei condenada, amor meu? Aspirar o que desejo e não tenho Ser fiel crente no que não obtenho
Estarei condenada a ser uma simples crente Que vive a felicidade somente na sua mente Abandonar-me-às só, sem nenhum sinal de clemência Será invisível para ti a minha existência?
Poder-me às permitir perder-me no teu doce abraço? Mesmo que depois fique em puro embaraço? Podes ficar aqui, mesmo que só nos reste o silêncio?
Faz-me acreditar que sou digna da felicidade Não enxotes de mim a verdade Dê-mos as mãos sem pensar demasiado Revela em ti, para mim o teu ser ocultado Pelas batalhas árduas travadas Pelas feridas na alma aprofundada A Aspirante Felicidade
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Sorriamos juntos sem pensar no que há-de vir Cresça em nós o desejo que nos vai fazer seguir Conservo em mim a tua doce imagem Crente de que não se tratou apenas de uma miragem Envolve-me antes que se torne tarde Tornando o amanhã somente numa aspirante felicidade Para uma pessoa por quem tenho muito apreço Cujo ser que revela em si não tem preço.
Lena Amurita (Patrícia Lopes)
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A Aspirante Felicidade
Escrita Criativa
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Um Sítio sem Cores
Lá vão eles numa azáfama profunda centrando-se na razão que os afunda mais uma vez cabisbaixos, preocupados, consternados ignorando o seu redor, outras almas cambaleiam com dor
Eles estão demasiado concentrados no seu umbigo Não presenciam as almas perante um sinal de perigo O sangue delas escorre pelo chão Não tem tempo a perder no meio daquela confusão
Lá se ouvem os passos que se pressionam no chão Como se o chão lhes fosse escapar debaixo do pés Empurram, praguejam ignorando os outros a seu redor Naquela azáfama onde se criam vítimas Vítimas do seu puro egoísmo, egocentrismo.
Demasiado ocupados para se preocuparem A palavra solidariedade não se revela nos seus gestos A palavra humanidade está simplesmente ausente O comportamento de um bom cidadão não está presente
Um Sítio Sem Cores
Escrita Criativa
61 São tão inconscientes como os animais O que somos nós? Senão mais os outros e nada mais? Sem quererem saber entram no seu próximo destino Desprezando aqueles que ficam pelo caminho Pisam, empurram, praguejam Uma enorme poluição sonora se cria sem sentido E aquele sítio, torna-se um sítio sem cores Um sítio triste, vazio, abandonado, perdido Um sítio que deixou apenas de ser colorido.
Lena Amurita (Patrícia Lopes)
Um Sítio Sem Cores
Escrita Criativa
Agenda Literária
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Novidades Livros Julho 2010 Estante de livros é um site que informa as últimas e mais importantes saídas de várias editoras. Se gosta verdadeiramente de leitura dê uma espreitadela no link que se encontra no final da página. Novidades da estante de livros das editoras Saída de Emergência, Gailivro e Civilização: A Lança do Deserto, Peter V. Brett, Gailivro (6 de Julho) A Iniciação, Jennifer Armintrout, Gailivro (6 de Julho) Confia em Mim, Jeff Abbott, Civilização (7 de Julho) Os Flamingos Perdidos de Bombaim, de Siddharth Dhanvant Shanghvi, Civilização (7 de Julho) Conflitos, Sadie Jones, Civilização (7 de Julho) A Demanda do Visionário – Robin Hobb, Saída de Emergência ( 9 de Julho) Resistir ao Amor - Jill Mansell, Saída de Emergência (9 de Julho) Vingança Mortal - J.D. Robb 6.º volume da série Mortal, Saída de Emergência,(9 de Julho)
Agenda Cultural
Escrita Criativa
63 Highlander-Amante Imortal – Karen Marie Moning, Saída de Emergência ( 9 de Julho) Traição de Sangue – Charlaine Harris, Saída de Emergência (16 de Julho) Os Doze Reinos, Madalena Santos, Gailivro (20 de Julho) A Ferro e Fogo – Simon Scarrow, Saída de Emergência (23 de Julho) Fique a saber mais sobre estas novidades no site : http://www.estantedelivros.com/category/lancamentos E além das novidades da estante de livros mais novidades de outras editoras para o mês de Julho. Bertrand: Indústria farmacêutica As perguntas que sempre quis fazer, de Ana Macedo e Ana Reis (1 Julho) Papiro Editora Despindo a Alma, de Maria Lucinda Aguiar (3 de Julho) http://www.bertrand.pt/calendario/lista.php?d=2010_07&t=2&l=0
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