Escrita Criativa nº 2

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Mês de Agosto n.º 2


Índice e destaques

Índice Editorial……………………………3 As Nossas Sugestões……….4 Histórias Narrativas………….5  Quando os Véus Caem…5 A Senhora das Conchas..13 Histórias Poéticas……………25 ”Inconsciente”..…………..25 Na Escuridão…………….….27 Só no Mundo……………….29 Experiências Adquiridas………………………31  Lava a Ferver entre Murmúrios……………………..35 Anjo do Céu……………..….36 A Máscara Vazia………..…38 Mar Revoltado…………….44 Críticas e Sátiras……………..46 Contrasaramago…………46 Sexo a Cair no Ridículo..48 Regras para trabalhos enviados………………………..51

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Destaques  Histórias Narrativas - Quando os Véus Caem de Ruy Crespo Filho – Uma história profunda e cheia de significado com uma linguagem encantadora.

 Histórias Poéticas - “Inconsciente” de Mafalda Ferreira. Um belos e envolvente poema que faz o coração estremecer.  Críticas e Sátiras - Contrasaramago – uma diatribe muito interessante acerca de um dos livros do escritor português muito conhecido.

Ficha Técnica: Mês de Julho n.º2 via internet – e-book Editora e Proprietária: Marta Sousa Redacção: Marta Sousa, Vitor Figueiredo, Patrícia Lopes, Susana Pacheco, Luís Monteiro, Mafalda Ferreira, Ruy Crespo Filho Grafismo: Marta Sousa Interdita a reprodução para fins lucrativos ou comerciais dos textos e interdita a reprodução sem a indicação do respectivo nome do autor. Escrita Criativa


Editorial

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A segunda edição da Escrita Criativa trazlhe novas histórias e algumas modificações na estrutura da revista. Introduzimos de uma nova secção para Críticas e Sátiras e retirámos a nossa Agenda Literária. Por fim, colocámos no final da revista algumas regras importantes para quem enviar trabalhos que é importante saber. Como somos uma revista nova nós estamos ainda a fazer algumas estruturações na revista e estamos sempre disponíveis a saber as vossas dúvidas e opiniões e sugestões sintam-se livres para enviar-nos para asnossashistorias@hotmail.com . Este mês convidámos uma escritora Mafalda Ferreira que lançou o seu livro “Os meus Sonhos nas tuas Mãos” no dia 24 Abril de 2010 a participar na Escrita Criativa e felizmente contamos com um dos seus belos poemas na nossa revista. Também tivemos a participação de Luís Monteiro quem nos enviou uma diatribe muito interessante que originou a ideia da nossa secção de Críticas e Sátiras, contamos também com a participação de Ruy Crespo Filho que nos escreve em português do Brasil com a sua história profunda e cheia de significado. Sem esquecer as participações de Patrícia Lopes a nossa grande poetiza da nossa primeira revista e de Susana Pacheco que com a sua história e opiniões fazem-nos pensar na filosofia de vida de cada um. Agradecemos a participação de todos! Marta Sousa Escrita Criativa


As Nossas sugestões

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Amante de Sonho Quem gosta de um bom romance e cheio de emoção? Este mês temos uma sugestão de um romance sobrenatural, falamos do livro Amante de Sonho. A sua história envolve o sobrenatural com o realismo das emoções humanas. Para quem ficou interessado aqui fica um resumo: Uma terapeuta sexual cuja vida é ouvir falar sobre sexo, não tem nenhuma relação p há muito tempo segundo a s ua amiga Selena. Então esta pensa em arranjar-lhe um parceiro sexual por um mês. Selena como cartomante e boa crente em magias tenta por artes mágicas arranjar um companheiro para a sua amiga mas será que consegue?

Quinto Dia Para os amantes de um bom trilher cheio de suspense e com uma linguagem envolvente, este livro revela pouco a pouco o fio de um eco- trilher emocionante durante toda a sua história. Uma história que faz-nos reflectir sobre a nossa atitude como Homem com a natureza. Para quem gostou aqui vai um pequeno resumo: O que tem em comum um pequeno e artesanal pescador do Peru que um dia fatídico tenta pescar para mais longe deixa cair a sua rede ao mar e nunca mais regressa, com um observador de baleias do Canadá e com um biólogo e professor de um dos Centros de Investigação da Noruega? Alguns devem estar a pensar nada, outros devem estar a pensar que é o mar… mas é muito mais que isso…

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Histórias Narrativas

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NOTA: Texto Escrito em Português do Brasil

QUANDO OS VÉUS CAEM "o cabelo crescido foi dado em lugar do véu, então o cabelo crescido na mulher é o próprio véu"

PORTUGAL- 1585- SANTA INQUISIÇÃO

A

jovem Consuelo gostava de encerrar o dia como cafetina

do bordel do tio indo à igreja para agradecer a Deus, mas aquele dia era diferente. Existia uma promessa de algo novo

no ar.... uma força estranha! Ela era sensível, intuitiva. Percebia que aquela força mexia com ela. Não temia o santo inquisidor. Ele podia ser até duro, cruel com as bruxas e com os hereges, mas era um santo.... o Santo Inquisidor! Que olhos azuis! Suas mãos eram delicadas, pequenas, pura seda.... imaginou ela a suavidade sensual do tecido a passear pelo seu corpo nu. Aparentava ter uns trinta e cinco anos. Mas o que é a idade para um santo inquisidor?

Ao entrar na igreja, fora logo notada principalmente pelos homens. Quando os Véus Caem

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6 Trajava um elegante vestido bordado pelas poderosas agulhas de ouro de Luana., a Santa dos bordados. Mas voltemos a essa criatura deslumbrante. Ah! O véu branco leve e claro, claro e leve, encobria uma parte da sua face deixando à mostra apenas o cordão com o crucifixo entre os seios. Caminhou elegantemente ao altar da virgem e ajoelhou-se. Fez o sinal da cruz e começou a rezar. Levantou e caminhou até o confessionário. Cada passo que dava marcava com descompasso às batidas frenéticas do seu coração. Suas mãos suavam...um calor inesperado invadiu seu corpo de mulher! Suas pernas começaram a tremer. Era uma sensação estranha, mas muito prazerosa… Sim, ela nunca tinha passado por isso em toda a sua vida. Sentou no pequeno banco do confessionário, a cortina se abriu, dando para perceber a silhueta do seu confessor.

--Reze comigo agora a oração que o teu pai ensinou.

Ela cobriu a cabeça e a face ficando à mostra apenas um simples crucifixo. O inquisidor quebra o silêncio com sua voz doce, suave, sole-tra-da.

--- Qual o pecado que achas que cometeste, minha criança?

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As suas pernas tremeram. Será que ele percebeu os segredinhos tão bem guardados da sua alma e do seu coração?

Ele foi enfático.

--Por acaso este corpo angelical é capaz de pecar?

A voz de Consuelo saiu fraca e quase inaudível.

--- Talvez meu santo inquisidor o pecado da intenção....

--- Como assim?

---É meu desejo me libertar das correntes da prisão.

---Oh! Minha criança, a prisão é uma mentira! Acredite, a verdade te libertará!

---Oh! Meu santo inquisidor...

--- Qual é a dúvida?

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---A incerteza de poder chegar até o final de um caminho tão desconhecido.

--- Não temas! Não temas! Per-ce-ba, perceba! Quando o caminho e o caminhante se tornam uma unidade, a incerteza desaparece e as correntes são quebradas.

--- Então eu preciso também morrer para renascer na morte que liberta?

É como o despontar da linda primavera, meu santo...inquisidor?

-- Mais do que isso. Por acaso a semente e a terra não se comungam? Isso é criação, transformação do pensamento em vida de uma coisinha tão pequenininha. Se abra minha Consuelo como um botão, para que possa ser colhida.

--- Mas eu tenho tanto medo, as rosa são tão frágeis....

--- Nem sempre, nem sempre minha cara, elas são belas, mas

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9 também têm espinhos e podem ferir até de morte.

--- E se os espinhos forem retirados, que mal pode cometer contra o que vier colhê-la?

--- Neste caso, o caminho estará aberto para ser desvendado em toda a sua plenitude.

--- Como posso ter certeza que na escolha desse caminho não serei abandonada?

--- Através da fé. Acredite! Acredite! A fé remove tantos obstáculos. Tendo fé naquele que te compreende e te revela através de parábolas o teu infinito amor

---Mas se os que amamos são fornicários ou celibatários não estarei caindo em pecado?

--- SIMMMMM! Isto está canonicamente correto! Mas há de convir que estamos tratando da castidade. Percebe? Olha, fiques tranquila sempre que vieres até mim em confissão eu te perdoarei

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10 .---- Diga-me, então, santo inquisidor, se eu agir fundamentada na castidade dos que se amam poderei seguir por esse caminho e o véu que encobre a minha face será intocável?

--- Ah! Este teu véu branco, claro, claro, leve como as nuvens brancas do céu parece até uma revelação. O que está ocorrendo aqui na verdade é uma aliança.

---Mas eu sou tão solitária...

---A tua solidão, a cada passo que der rumo ao seu caminho; por certo a solidão ficará para traz. Sabe, o casamento com pessoas escolhidas e abençoadas pela Igreja de Deus é um fator divino que o intelecto humano não consegue explicar.

-- Será por isso, santo inquisidor, que os amantes quando querem explicá-los é porque o amor já morreu?

--- Sim, está correto. Mas vale acrescentar que o senhor tem um plano divino para cada um de nós. Falo por experiência própria como intermediário da sabedoria divina que é preciso estar atento para ver e ler o que as mãos divinas escrevem .Para você em determinado

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11 instante este plano se tornou uma dúvida cruel. Mexeu com você a ponto de trazê-la até mim e abrir esse coraçãozinho. Percebe agora que você passou a enxergar a essência desse sentimento?

--Sendo assim, santo inquisidor, fixa os teus olhos nos meus.

Ele a olha carinhosamente...consagradamente. Consuelo continua;

--- Acalenta a minha alma e o meu corpo com suas orações.. Diante de ti me curvo para viver a minha confissão.

Ele sai vai até ela e deposita ritualisticamente em seu colo uma orquídea.

Ela pergunta com espasmo e admiração.

-Que orquídea maravilhosa ! Vou levá-la para enfeitar e perfumar o meu leito. Como é chamada?

--- Na França ela é conhecida como testicule di patre, que significa graciosamente de testículo de padre.

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12 Naquele momento o véu branco e claro, leve e claro que encobria a cabeça e uma parte da face de Consuelo cai e mostra de maneira sutil os seus lindo seios duros, bicudos como ele tinha imaginado. Com sua voz calma ele finaliza:

--- A tua confissão é um novo despertar .

O santo inquisidor pega o véu branco de Consuelo. Suas mãos se tocam. Os olhos verdes de Consuelo apenas confessam...nos gestos claros, leves ... leves e claros

TEXTO DOS MAGOS DE SANTA ANA DE RUY CRESPO FILHO

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A Escritora das Conchas

No profundo mar azul, no ano 3000, Sora andava pela sua cápsula em dúvida no que deveria fazer. Ela queria ser Escritora das Conchas mas para isso precisava de se inscrever no concurso complicado com milhares de raparigas. Era preciso ser boa atleta, saber cozinhar e ter a criatividade a fluir como as ondas do mar. O Concurso da Escritora das conchas ia realizar-se dali a três meses. Ela era péssima atleta, a cozinhar queimava todos os pratos e apenas a criatividade lhe sobrava. Mas ser a Escritora das Conchas era o paraíso para ela. Isso envolvia escrever mensagens para toda a cidade todos os dias e apresentar sítios para as pessoas se sentirem bem e intervirem umas com as outras. Ela não era muito extrovertida mas queria aquele trabalho para fazer as pessoas sentirem-se bem todos os dias. De repente, decidiu, teria que pedir ajuda a alguém mas como não tinha muito dinheiro tinha que contratar apenas uma pessoa para a ajudar. Tinha que ser uma pessoa que soubesse ambos, ginástica e cozinha. Então foi perguntar às suas antigas colegas da escola se elas conseguiam ensinar ou dizer alguém que pudesse fazer isso. Todas A Escritora das Conchas

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14 elas indicaram um rapaz que para elas era “super cool” mas que tinha problemas financeiros, por isso, era capaz de aceitar. O nome dele era Misoki. Ela foi ter com ele. Ele realmente vivia numa cápsula minúscula mesmo ao lado do Centro de Osmose, que tratava a água do mar e abastecia a cidade com água doce, mesmo ao lado da barreira que separava a cidade deles do mar. Ele era bonito mas vestia-se tão simplesmente que ela ficou-se a perguntar como as suas amigas achavam-no “super cool”. Apesar da sua timidez ela disse a si própria que nunca poderia falar para uma multidão se não conseguisse falar com um rapaz. Ela falou-lhe tão formalmente que ele começou a gozar com ela, e como via que ela não reagia ele provocou-a até que ele disse uma coisa que a fez sentir insegura e furiosa: - Como uma Escritora da Conchas pode ser assim tão formal? Rapariga estás a falar comigo, um pobre que vive ao lado de um Centro barulhento e posso ser levado pelas águas do mar a qualquer altura, não com um finório! - E por seres pobre tenho que tratar forma diferente de uma pessoa rica? Que pena que tens de ti próprio! – Gritou ela irritada.

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15 - Ah! Assim, sim, é que é falar! – Sorriu. - Agora , a Senhora Escritora das Conchas vais ter que fazer-me sorrir todos os dias, vai fazer parte do teu treino – e piscou-lhe o olho. Então ficou combinado todos os dias eles se viam, corriam, faziam exercício e depois cozinhavam e comiam. A comida quase sempre saia intragável pois Sora mesmo com as explicações de Misoki não conseguia acertar com os condimentos. Fizeram isto durante um mês e as melhoras foram poucas mais na cozinha do que no exercício. Na sua forma física Sora deixava ainda muito a desejar. Ela anteriormente só conseguia correr cinco minutos no mesmo ritmo até se cansar e conseguira evoluir para sete minutos. O concurso para a Escritora das Conchas ia realizar-se dali a dois meses. O tempo estava a escassear. Por isso ela decidiu que ele ia viver com ela para treinarem mais tempo e como ela própria brincou “ Não posso deixar que o meu treinador seja levado pelas águas do mar, não é?” Misoki ficou surpreendido com a casa dela em que ela vivia sozinha com empregados-robots. Os pais dela era separados e decidiram que era melhor assim desde de os dezasseis anos de Sora, era melhor do que disputas e ter que conviver o pai com mãe nem que seja por momentos. Sora apoiava a decisão deles pois as disputas deles só a faziam sentir-se mal.

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16 Ele ficou no quarto de hóspedes da casa e todos os dias de manhã e à tarde treinavam a cozinha e o exercício e à noite a criatividade. Misoki não tinha criatividade nenhuma mas Sora incentivou-o a tentar. O treino da criatividade consistia em frases para eles sentirem-se bem. Após treino duro com poucos sucessos aquele exercício fazia com que eles, tanto ele com ela sentissem vontade de tentar outra vez. Tentar treina-la melhor. Tentar mais uma vez ser uma atleta melhor, cozinhar melhor. Duas semanas se passaram. Ambos emagreceram. Houve um dia em que na hora de almoço depois de um treino exaustivo para os dois ela serviu-lhe um prato incomestível mesmo depois de conselhos dele dados vezes e vezes sem conta. Misoki exasperado e frustrado reclamou para Sora: - Assim ainda morro à fome! Estou farto disto. – Pegou no prato e meteu o conteúdo no lixo e saiu da casa dela. Sora também não comeu nessa refeição. Nem correu nem treinou o resto do dia. Ficou todo o dia a repetir sempre o mesmo prato a ver a receita. A provar e a fazer de novo. Ela não percebia porque ela precisava saber cozinhar. A Escritora das Conchas só tinha que fazer as pessoas felizes e não percebia o que cozinhar tinha a ver com isso. Mas ela entendia que Misoki tivesse a passar fome, mesmo assim ele recusava-se a cozinhar e a deixar os empregados-robots de

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17 Sora cozinhar. Ele dizia “ Come aquilo que fazes e senão conseguires faz de novo!” Sora não gostava de cozinhar muitas vezes. Fazia o máximo duas vezes por refeição. Mas naquele dia ela fez mais que dez até acertar com o tempero e com a cozedura. Quando provou e soube-lhe bem o seu coração bateu mais forte. Foi à procura de Misoki, ela tinha feito aquele prato para ele. Encontrou-o junto a uma fonte da Praça Principal de Atlântida. Sora lembrara-se de aprendido na escola que tinham dado aquele nome à cidade em nome de uma outra civilização perdida havia muitos milhares de anos. Chegou perto dele e agarrou-o no braço e disse: - Vem comigo para casa, fiz uma coisa para ti. Ele foi e quando chegaram em casa ela aqueceu o comer e fez dois pratos decorados. Ele olhou desconfiado para o prato e depois para ela e provou e sorriu e disse: - Está delicioso! Parabéns! – Sorriu com um sorriso caloroso aquele prato era uma vitória para ele também. Comeu a comida toda do prato e ainda repetiu. Naquele percebeu que a comida também era uma forma de fazer as pessoas sorrirem e sentir-se bem depois ele começou-se a rir do aspecto dela. Ela estava toda suja pois ao tentar acertar na receita sujara-se a fazer a comida. Ela riu-se também. Estavam os dois vitoriosos. Ele não estava só a ajudá-la mas a lutar com ela também.

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18 Após disso ela começou a gostar mais de cozinhar e os resultados foram muito melhores. O empenho também foi muito maior. Misoki chegou a ansiar as horas de comer. Os pratos de Sora estavam cada vez mais maravilhosos. Mais duas semanas se passaram. Faltava um mês para o Concurso da Escritora das Conchas. Começaram a esforçar-se mais nos exercícios. Todas as provas para o concurso eram de resistência. As concorrentes começavam com uma corrida de obstáculos para acabar com uma corrida de cerca de um quilómetro. Quem fosse a primeira a chegar era a escolhida. Misoki tentava explicar que não era uma questão de correr rápido mas sim de manter o ritmo, Sora, por sua vez, pensava que o seu ritmo era devagar de mais e na corrida o que importava mais era ganhar. Por causa destes conflitos, Sora melhorava a passo de caracol e Misoki começara a fazer meditação para não se irritar. Em todo o Concurso da Escritora das Conchas, esta prova era a que Sora menos entendia. Em todo o programa da Escritora das Conchas não havia uma parte em que tivesse que correr ou fazer algum tipo de desporto. O que desporto poderia fazer por ela? O que podia ela ajudar as pessoas com o facto de saber correr?

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19 Misoki cansou-se de tentar fazer ela correr um quilómetro sem que ela se cansasse sem sequer lá chegar. Então passaram para os obstáculos, esse era o seu grande problema. Sora começou a correr, querendo ultrapassá-los à pressa e só fez foi magoar-se e dar quedas desagradáveis. E assim passou-se mais uma semana. Faltavam três semanas para o concurso da Escritora das Conchas. No primeiro dia do treino da semana seguinte Misoki disse que ela não ia correr mas sim ouvir o que ele tinha a dizer, sentou-se à frente dela e começou: - Eu sou o teu treinador, não sou? Então eu não vou aceitar mais que negues a minha forma de te treinar nem que não acredites naquilo que eu te mando fazer. Estamos os dois nisto e eu quero que tu venças tanto quanto tu, mas estou farto que não ligues a nada do que eu digo! Por isso daqui para a frente vais fazer um treino de ritmo, vais tentar manter sempre o mesmo ritmo durante toda a corrida e depois pensas em acelerar. Mas antes de tudo, tu vais tentar passar os obstáculos devagar, sem correr, sem pressa porque a correr é que não consegues mesmo ultrapassá-los. Pensa em tudo que já fizemos em tudo que já melhoramos e pensa na utilidade que isto tem para ti quando fores a Escritora da Conchas!

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20 - Hum… Que utilidade? Não tem utilidade nenhuma! É só para me chatear o juízo! Não vejo a Escritora das Conchas actualmente a correr ou a passar obstáculos no seu programa, não faz sentido nenhum! - Faz sim, pensa lá um pouco! A Escritora das Conchas começa no programa da TvInteractiva mas depois caminha todas as praças da Atlântida a dar conchas para animar as pessoas e só para comer e às vezes mesmo para comer tem que cozinhar primeiro. Achas mesmo que isso não cansa, que ela no final de cada dia só tem vontade de cair e não andar mais? - Mas ela está sempre a sorrir e está sempre de tão bom humor! - Exacto porque tem uma boa resistência física, e consegue disfarçar o cansaço. Ela não tem que correr mas tem que andar muito. Sempre ao mesmo ritmo, percebes? - Percebi. – disse Sora animada. – Obrigada, Misoki sem ti nem sei como conseguiria. – Deu-lhe um beijo na cara. - Hey! Também não é preciso tanto ainda não venceste! – Disse ele envergonhado. - Não, não venci mas percebi o que faz de uma mulher a Escritora de Conchas, as suas vantagens e desvantagens e isso é o mais importante! – Disse a piscar o olho e foi fazer o aquecimento.

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21 Ela tinha entendido finalmente ela tinha respeitado a vontade de Misoki mas manter um ritmo era mais difícil do que ela pensava, ele estava sempre a dizer que ela estava a ir muito rápido ou que tinha diminuído a velocidade. E assim se passaram mais duas dolorosas e exaustivas semanas. Faltava uma semana para o Concurso da Escritora das Conchas. Sora estava com um bom ritmo, não um óptimo mas um bom ritmo e parecia estar demasiado confiante apenas por os resultados estarem mais visíveis. Por sua vez, Misoki estava mais exigente que nunca. Ele dissera “ Agora não é altura de se desleixar, estás bem mas não óptima!” Ela estava cansada daquele treino exaustivo mas a ideia de dali a uma semana poderia ser a Escritora das Conchas animava-a e distraía ao mesmo tempo. Os nervos já estavam a tomar conta de si. No meio da semana Misoki levou-a para a cidade para passear o dia todo e falar com as pessoas. No princípio Sora sentiu-se bem intimidada mas as pessoas ao ouvir as palavras mágicas “Escritora das Conchas” apoiavam-na e a timidez foi diminuído e tomando contornos surpreendentes, pois haviam pessoas que lhe tratavam bem, outras mal e outras ficavam indiferentes. “As pessoas não são todas iguais é difícil agradar a todos. E isso é uma coisa que

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22 todos que querem ajudar a fazer as pessoas, em geral, felizes. Mesmo que uma pessoa trate mal, não quer dizer que o que é feito está mal, mas sim, que a pessoa não está bem. E por muito que reclame um sorriso sabe bem a toda a gente.” Aprendeu Sora animando-se cada vez mais para a sua tarefa. Por fim chegou o dia do Concurso da Escritora das Conchas. Sora nas provas de Criatividade e de interacção com público ficou em primeiro lugar, e nas provas de cozinha e de resistência física ficou em segundo mas mesmo assim foi a escolhida para ser a Escritora das Conchas e ela ficou tão, tão feliz que chorou. Após um momento, a antiga Escritora das Conchas que ela ia substituir pediulhe um discurso e todo o público quis também. Sora assim um pouco envergonhada pegou no microfone e começou a falar: “ Muito obrigada por todo o apoio. Agradeço também a Misoki que treinou comigo e que lutou comigo para que este sonho seja possível neste momento. Quero também deixar uma mensagem a todos que me ouvem e que sonham com algo ou até mesmo para as concorrentes que perderam nesta edição do concurso das Escritora das Conchas que é: não vejam apenas as vantagens de um sonho conseguido, não vejam o lado bonito ou não pensem apenas que é porque querem que tem que ter. Lutem por ver o que vos vai custar mais no vosso

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23 sonho, vejam as desvantagens e considerem se é mesmo o que o vosso coração quer. Após disso, vejam o caminho que tem seguir, compreendamno, vejam cada passo, para que seja útil no futuro. Cada etapa a passar ensina-vos qualquer coisa que vai ser importante para o futuro do vosso sonho, para a vossa vitória! E por fim vejam qual o uso do vosso sonho, o que adianta ter um sonho se vai contra os vossos ideais? Ou que só faça bem a vós? No fundo sempre queremos que os outros nos vejam no que somos bons por isso façam o vosso sonho não só para o vosso bem mas para o bem de todos! Eu passei todas essas etapas e ultrapassei-as e por isso acredito que ser a Escritora das Conchas seja perfeito para mim! Lutem pelos vossos sonhos mas escolham bem o vosso caminho! Muito obrigada!” Uma grande ovação passou pela praça enquanto Misoki voltava à sua casa. Quando chegou a sua mãe cumprimentou-o com saudades. Ele informou-a que tinha dinheiro para comprar outra cápsula no centro da Atlântida, a sua mãe gritou de felicidade. Após terem mudado de casa Misoki tirou um curso e foi para um colégio ensinar educação física, descobrira a sua vocação. Todos os

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24 alunos o adoravam e por vezes recebia a visita da famosa Escritora das Conchas a deixar mensagens para lhe alegrar o ânimo.

Marta Sousa

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Histórias Poéticas

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«Inconsciente» Vago, vazio Um corpo frio Vagueando pela solidão A escuridão que invade a alma. Pela noite calada Como a Lua nua As palavras voam com os sonhos, São estrelas que brilham Ou pedaços de ti que se encaixam em mim.

És só um corpo E uma mente, Um coração inconsciente. Gestos são acções que ficam por fazer Como se a vida fosse mais do que um dia, E tu és quem mais estraga a magia. «Inconsciente»

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26

Um corpo E uma mente Um coração Vazio de emoção, Trazes contigo a solidão Mais do que a tua companhia. É quando partes que me faltas Quando as tuas palavras não ouço E me perco sem seguir o rumo que traçam.

Por Mafalda Ferreira

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«Inconsciente»

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27

Na Escuridão

Perante ruas desertas De sonhos por concretizar Vê-se vazios a andar Por entre curvas sombrias.

Não há Sol.

Não há Lua.

Há apenas escuridão Que os candeeiros murchos tentam disfarçar.

Na Escuridão

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28 Ouve-se grilos escondidos, Ouve-se gritos perdidos, Vê-se um mundo arruinado À espera por algo que há-de chegar.

Marta Sousa

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Na Escuridão

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29

Só no Mundo

Se tivesses só para onde irias? Quais as pedras do caminho que verias? O que pensarias, terias medo?

Se tivesses só poderias fazer tudo? Serias realmente livre? Serias realmente feliz? Poderias ver o tempo a passar alegremente? Ocuparias a mente? Trabalharias? Sabias o que fazer? Ou perdias-te em pensamentos?

Como seria o pensamento de uma pessoa verdadeiramente só? Sem pessoas só arvores, animais e deserto. O que seria o tempo? O que seria a correria? O que seria a construções e os grandes feitos? Só no Mundo

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30 Memórias de um passado? Marcas de um futuro?

O que seria uma pessoa só neste mundo? Pensa nisso e depois pensa que sempre que pensamos só em nós Estamos a viver num mundo, Sozinhos.

Marta Sousa

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Só no Mundo

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31

Experiências Adquiridas As experiências fazem parte da vida de todos, ora se passa directamente connosco ou indirectamente, mas que acabamos por absorver e aprender sempre algo de importante para a nossa vida. As experiências das pessoas com mais idade são sempre uma mais valia para a nossa educação e aprendizagem. As experiências são um dado adquirido de cada indivíduo e cada um lida e gere essa informação da maneira como lhe convém. Uma coisa que nós temos são as experiências que vivemos isso ninguém nos pode tirar. O conhecimento adquirido por prática, indirectamente, ensina-nos a pormo-nos no lado da outra pessoa e obriga-nos a pensar como agiríamos se nos fizessem a nós, e também aprende-se ouvindo com muita atenção o que a outra pessoa passou na vida seja a nível sentimental, profissional ou emocional, serve-nos sem dúvida alguma como uma lição. A experiência directa, é a experiência por aquilo que nós passamos e que devemos tirar daí sempre uma lição. Se não aprendermos a bem aprendemos a mal, a vida encarrega-se de nos ensinar e ver as coisas, por mais que não queiramos ver, a vida irá dar-nos sempre o “estalo” na cara até aprendermos…e aí teremos de avaliar em que pontos é que errámos para nos podermos corrigir.

Experiências Adquiridas

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32 Eu aprendi a não brincar nem com as emoções das outras pessoas, a não gozar com as fragilidades dos outros indivíduos e principalmente a ter em atenção para não ferir os sentimentos da pessoa em questão, e principalmente sendo sempre sincera em todos os pontos, pois mais vale uma dura verdade do que uma doce mentira. Era o que todas as pessoas deveriam fazer assim muita gente não batia com a cabeça na parede.

 Luto por Amor… Esta palavra tem vários desígnios

uma delas está

directamente ligada á morte é sem dúvida uma palavra com bastantes dizeres. Quando namoramos ou curtimos, ou seja o que for, e começamos a gostar dessa pessoa, mas porém essa pessoa não sente o mesmo por nós...um dia tem o fim... vai cada um para seu lado e vai existir sempre uma pessoa que vai acabar por sofrer mais. Quando isto acontece a pessoa deve fazer um luto, chama-se a isto luto por amor, não estou a dizer com isto para as pessoas pararem de viver, mas sim não se envolverem com outra pessoa nos próximos tempos (pode demorar meses como anos).

Experiências Adquiridas

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33 Geralmente os amigos dizem-nos sempre," ah, devias d arranjar outra/o", "devias de a/o esquecer", "começa a curtir com aquele ou aquela fulano/a e vais ver que a esqueces"... E começamnos

a empurrar até para algumas situações complicadas. E porque que devemos fazer um luto?

Porque a nossa cabeça e os nossos sentimentos devem de estar livres. Quando achamos que já nos sentimos livres e prontos para nos envolvermos com alguém (curte ou namoro) devemos dar esse passo. Nós devemos de "ir para outra pessoa" limpos, livres...

Vou dar um exemplo: Se por acaso a pessoa "A" se envolver com uma pessoa "B" mas a "A"tem a "C" na cabeça, acontecerá que a pessoa "A" vai acabar por arrastar os problemas que teve com a pessoa "C", para a curte ou namoro com a pessoa "B", quem vai acabar por sofrer é sem dúvida a pessoa "B", que se vai entregar a "A", a "A" só está a usar a "B" para esquecer a "C", só que vai haver um problema que

Experiências Adquiridas

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34 geralmente as pessoas esquecem, a "A"vai acabar mais tarde ou mais cedo com a "B". Nestas situações a pessoa "A"acabará sempre com a pessoa "B".

Deve-se

fazer

um

luto

quando

realmente

se

ama verdadeiramente, agora quando não se ama nem se gosta o suficiente,

concordo

que

se

envolva

com

outra

pessoa.

Isto tudo para dizer que as pessoas têm sentimentos... nós não esquecemos uma pessoa a usar outra, isto é um pensamento erradíssimo na sociedade de hoje em dia, só não vê isto quem não quer. Susana Pacheco

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Lava a Ferver entre Murmúrios Lava fervente Passa devagar entre as veias Não se vê passado Não se sabe o futuro. Não se quer saber! Entre murmúrios secretos Contam verdades de quer e não poder Vê-se vontades e perde-se movimentos. Por dentro da terra Move-se até ao centro Lava efervescente com murmúrios perturbantes. Do passado nada ficou se não uma dor, breve, Porque já passou do futuro não se sabe Porque não há nada a saber A história repete-se E há quem se pergunte porquê. Perguntas sem lógica, Mentes pequeninas A acreditar que o mundo é como se quer entender e não a verdade Porque a mentira Finge o bem querer! Na verdade quando as veias explodirem de lava fervente Não haverá murmúrios que a queiram ver. Marta Sousa Lava a Ferver entre Murmúrios

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Anjo do Céu Tempo que passa, sem ver-se a passar algo perdido num futuro presente, O dia amanhece logo escurece, Sem que se deixe notar. Perdido por minutos por contar, vai contando sorrisos e lágrimas Por razões que se vão alterar, Porque nada pára, nada fica quieto, Nada é imodificável Tudo é um remoinho, Nada se ganha, nada se perde, Tudo se transforma.

O princípio das coisas o fim destas As corridas esquecidas As batalhas perdidas As vitorias que ninguém reconhece Os pequenos detalhes que ninguém vê O tempo que passa e nada se vê senão trabalho, Dor e destruição. Anjo do Céu

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E quando chega a morte ninguém lembra-se do resto. Quando ela passa e os restantes olham e dizem: “Haja Deus! Foi um anjo para o céu!” Anjo esse que enquanto teve cá a ver o tempo passar Não conseguiu céu ver.

Marta Sousa

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Anjo do Céu

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A Máscara Vazia Almas munidas de armas Almas em pose de uma máscara Que te iludem com palavras Que te fazem crer nos seus gestos Que te fazem acreditar no brilho honesto em seu olhar

Que te fazem duvidar que de uma farsa se trata Ocultando as suas verdadeiras intenções atrás de um papel Um papel que tão bem representam A máscara vazia que perante a ti te erguem Sem ter noção do que carregas no coração Desprezando as cicatrizes infligidas

Almas vazias que vestem uma máscara de fantasia Retocam-se para o baile Capricham nas palavras E persuadem a sua vítima que anteriormente seleccionaram

Um sorriso esboçado ao vazio Palavras que erguem no ar Lançam o feitiço para te encantar A Máscara Vazia

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39 A máscara que tão bem usam Impossível de a desmascarar

As lágrimas que caem impossível de as agarrar O coração que se parte impossível de se colar O orgulho que morre impossível de o recuperar O amor depositado que deixaste de acreditar

A confiança no ser que automaticamente foi abandonada A crença na verdade que deixaste de a usar O medo que te domina e que não te deixa entregar O cepticismo eminente num ser já não crente O significado que é apagado Quando a máscara cai perante ti Quando os sentimentos que vestiste eram mentiras sem fim

O papel que tu tão bem desempenhaste A máscara que tu tão bem usaste A lágrima com dor que sai O grito aflito que não se vai Os sentimentos que tu me despertaste A pureza que tu assassinaste

A Máscara Vazia

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A ferida cometida derivada do teu acto egoísta O medo que implantaste na minha alma As ondas desequilibradas que em mim surgiram O amor que te dei e que tu usaste em teu próprio proveito A faca que tu me espetaste dentro do peito

Te diria com toda a convicção Que hoje encontrei o meu perdido coração Acredito na felicidade que posso trazer Mas só um ser que não foste tu Hoje me fez crer

O amor que tu vestes é o reflexo da tua alma impura O reflexo que tu vês é o teu ser egoísta Nunca se irá esfumar o teu acto desprezível E o efeito que teve em mim é deveras irreversível

Hoje ando refundida do amor Não consigo ocultar o medo da entrega Não consigo esconder os sintomas da minha queda Outrora sentia-me a voar

A Máscara Vazia

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41 Tu para mim eras aquele tesouro que eu tanto queria desvendar Hoje sinto-me a cair O amor honesto de cada um é que me faz seguir

Cada coração puro que me toca em segredo Consegue por momentos abafar o meu medo No final abafa o vazio por já nada renascer dentro de mim Abraço o amanhã acreditando que não é o fim

Luto contra estas cicatrizes impregnadas por todo o meu corpo Pondo a fé que um dia o amor deixe de ser tão torto Não sou como tu, não dependo de um papel Sou quem sou, e procuro sempre a mim ser fiel

Não me visto das tuas mentiras Ou do teu falso amor Mas congelo dentro de mim todo o motivo de dor Aproxima-se o fim de ano Não consigo ficar sem pensar no teu dano Tanto tempo que já passou Desde que o teu falso amor me trespassou

A Máscara Vazia

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42 Nessa altura anulei a minha existência Criei uma horrível dependência Quase todos que me acompanhavam me viraram as costas Eu não conseguia suportar as feridas que estavam expostas O meu coração não parava de sangrar A ferida não parecia estancar

No último final com a tua pior arrogância Vieste querer mais de mim por pura ganância Não era o suficiente criares em mim uma falsa felicidade Que um dia eu descobri pela boca da verdade

Nem direito eu tive de me defender Era um combatente com o orgulho ferido Uma alma que o seu coração tinha perdido Quando me roubaste os meus lábios sem direito Quando me fizeste acreditar que aos meus olhos tu eras perfeito

Mas quando a tua máscara pelo chão rolou O cenário outrora belo, negro se revelou E quando o ano chega ao fim eu me relembro Deste tenebroso medo que plantaste em mim

A Máscara Vazia

Escrita Criativa


43 Algum dia estarei livre do teu acto impiedoso? Alguma vez a vida me vai fazer acreditar num dia mais harmonioso?

Eu aqui deambulo na rua com os pés descalços Eu aqui sozinha na estrada me encontro sem nenhum amparo Eu aqui refundida no meu canto onde o medo toma conta de mim Onde este turbilhão de emoções não parece ter um fim

Quero encontrar a paz nos braços de alguém Que me levem, que me mostrem o que há para mais além Que parem este carrossel Que me façam acreditar que não é só mais um a representar o seu papel.

Lena Amurita (Patrícia Lopes)

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A Máscara Vazia

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Mar Revoltado Tempestade que castigas Este mar grande e bravo Preso a este leito Mar preso entre marés E paredes de pedra sem fim.

As ondas batem e revelam A sua frustração.

As paredes prendem-no à sua condenação Leito pequeno, Ondas grandes Fatigadas enraivecidas Cansadas daquele leito e da injustiça Paredes fortes também vergam À força do mar rebelde.

Preso entre ondas de sentimentos explosivos Ninguém o vê Lá de cima das paredes de pedras, Anjo do Céu

Escrita Criativa


45 Grandes e duras, Implacáveis.

Como se não tivessem fim As ondas murmuram O que elas não querem ver Paredes fortes que não sentem Mais que si próprias Um dia, à custa deste mar, Vocês vão ceder À sua revolta.

Marta Sousa

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Anjo do Céu

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Críticas e Sátiras

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contrasaramago Morra o caim morra, pim! mas foi o abel que caíu e o senhor saramago ouviu sendo ele o "senhor", pois é o narrador!

Um deus passeando pela brisa do éden gostava de o ser o senhor saramago, um deus com ceptro coroado em barbárie! (onde é que já vi isto?: na carnificina "flash gordon"!) mas tendo lido dostoievski devia ter percebido, sem ficar aborrecido, que deus morreu e tudo é permitido.

Se tudo é permitido, abel foi morto por saramago?! não, por caim. será que a bíblia é assim? ou o senhor assim o quis... Contrasaramago

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47 e saramago? já leu o genesis? tresleu, e quase enlouqueceu: pois no livro lilith é amante de caim pensando nós que ela era um(a) querubim caída em desgraça, em abono da verdade pois parte faz, das hordas de satanás.

Li "caim" (o livro dos disparates) e quando caí em mim apeteceu-me ver "as asas do desejo" no original "o céu sobre berlim". Nele há anjos que se apaixonam voando pela cidade não há um anjo que encorna o pai da humanidade!

Abaixo o saramago abaixo? não! antes de abraão ele é... o nobel da literatura e em "caim", o deus da narrativa - que sabe de cor saramago escreveu "caim": uma bíblia de maus costumes onde falta o amor! Luís Monteiro Contrasaramago

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Sexo a Cair no Ridículo Hoje em dia as pessoas são cada vez mais individualistas, mais egoístas, hoje em dia reina sem dúvida o que se designa por curtes, no tempo dos meus pais esta palavra não tinha existência e o respeito pelos sentimentos das pessoas existia... as curtes vieram a destruir o que de mais bonito existe no ser humano... sentimentos, as palavras amor, respeito, amizade, confiança, carinho, sinceridade, honestidade, e compreensão viraram uma banalidade.

As pessoas estão cada vez mais desiludidas e magoadas, porque não se sabe exibir a palavra que todas as pessoas falam, mas ninguém sabe ter, que é paciência, é uma doutrina e um privilégio em que só os sábios a têm.

Eu pergunto-me se não há paciência agora em que existe mais facilidade de comunicação, como é que no tempo dos meus pais e avós existia tanta paciência? As pessoas não têm paciência porque não querem e não são suficientemente maduras, preferem assim à mínima discussão acabar e partir para outra, conhecendo assim novas aventuras, novos amores... Isto está provado que não é solução fugir ou afastar não é Sexo a Cair no Ridículo

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49 uma decisão viável, criando assim na outra pessoa que está a sofrer, uma raiva e ódio, ficando assim com medo de se envolver com outro parceiro.

Mas infelizmente as pessoas preferem encontrar respostas fáceis às perguntas difíceis, ferindo e magoando a pessoa a quem devia dar de verdade uma segunda oportunidade. Uma pessoa quando gosta luta e não desiste à primeira discussão é preciso ter paciência é assim que muitos casamentos duram, é verdade são poucos, mas o segredo consiste na confiança, compreensão, amor de verdade, sinceridade, respeito, carinho, e muita, muita paciência, porque tal com na vida, namorar, viver junto ou casado, não é como nós pensamos, existe sim, um simples mar de rosas com bastantes espinhos à mistura.

Se uma pessoa não quiser envelhecer ou até mesmo acabar a sua velhice sozinho, porque a solidão é o pior inimigo do Homem, então temos que, muitas vezes dar o braço a torcer, não sermos tão teimosos e não ver sempre as coisas à nossa maneira egoísta, porque existe sentimentos e estes são para ser respeitados. Os amigos não são para tudo na vida, e os amigos que nós tanto apreciamos um dia acabam, porque a vida é assim mesmo vai cada

Sexo a Cair no Ridículo

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50 um para seu lado, constituindo uma família, este é o destino do Homem, construir a sua própria família, é para isso que nós existimos, não sabemos viver sozinhos temos pânico da solidão, pelo simples facto que não fomos criados para sermos solitários, por isso, peço a todas as pessoas que sejam sensíveis, não voltem as costas ao único sentimento que o Homem tem de bom, porque esta palavra faz de nós uma pessoa bondosa e com bons sentimentos, porque: A VIDA PODE SER FEITA DE LOUCURAS, MAS AS LOUCURAS NÂO CONSTRÕEM, DE TODO, UMA VIDA.

Susana Pacheco

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Sexo a Cair no RidĂ­culo

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