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Mês Abril nº 22
Uma história sobre o que é ser feliz Uma crítica sobre o sistema de inspecção de viaturas brasileiro
O poema sobre o amor de uma vida
Índice e destaques
Índice Editorial………………………….……...3
As Nossas Sugestões………….…..5
Pequenas Histórias A mulher que segurava balões coloridos………..……..………………...8 A mulher que se esquecia......11 Como nas histórias de encantar…………………………………13 Lirismos Não foi?.......................………….16 As Palavras….…………………......19
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Destaques Histórias Narrativas A mulher que segurava balões coloridos – uma história sobre as diferentes formas de ser feliz Como nas histórias de encantaruma reflexão entre o que se deseja e a realidade
Histórias Poéticas As Palavras – Um poema sobre o poder das palavras
Críticas e Maldizeres Uma tarde no Detran – Uma crítica divertida sobre o sistema de documentação e inspecção brasileiro
Críticas e Maldizeres Uma tarde no Detran………….21
Regras para Trabalhos Enviados………………………………….28
Ficha Técnica: Mês de Abril 2012 n.º22 via internet – ebook Editora: Marta Sousa Revisora: Patrícia Lopes Redacção: Marta Sousa, Adoa Coelho, Pedro Menezes, Ana Maria Teixeira, Giovana Damaceno Grafismo: Paula Salgado (logótipo), Patrícia Lopes (Capa), imagens de “Uma tarde no Detran” são retiradas do blog de Giovana Damaceno Interdita a reprodução para fins lucrativos ou comerciais dos textos e interdita Escrita Criativaa outros que não o autor e a reprodução sem a indicação do respectivo nome do autor.
Editorial
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Este mês temos uma capa que celebra a Páscoa. Esperemos que gostem! Este mês temos mais dois livros lusófonos na rubrica As Nossas Sugestões com a parceria da Editora Universus. Contamos também com participações muito interessantes. A rubrica Pequenas Histórias começa com A Mulher que segurava Balões coloridos, uma história sobre formas diferentes de ser feliz, segue-se A Mulher que se esquecia… uma história aborda também o tema da forma de viver a felicidade,
de seguida
temos
Como nas Histórias de
Encantar que nos faz reflectir sobre os sonhos e desejos em contraste com a realidade. Na rubrica dos Lirismos temos Não foi? um poema sobre o amor que dura uma vida, depois temos o poema As Palavras sobre o poder das palavras. Nas Críticas e Maldizeres temos uma crítica divertida sobre a demora no sistema de inspecção de viaturas brasileiro. Agradecemos o apoio e divulgação dos nossos participantes e leitores e aguardamos as vossas opiniões no Facebook e no nosso blog. Podem também enviar as vossas opiniões e participações para asnossahistorias@hotmail.com. Desejamos a todos uma Boa Páscoa! Marta Sousa Escrita Criativa
As Nossas Sugestões “Um poema de 8 em 8 Horas” De Avelino Gamelas
Sinopse: Aprecie a escrita simples de quem, essencialmente, ama. Poemas e sonetos escritos ao longo dos últimos três anos, por quem nunca pensou chegar aqui. Por vezes, uma ou outra aventura mais audaz. Aventure-se também!
Escrita Criativa
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Autor: Avelino Gamelas, nasceu há 49 anos na Freguesia de São Nicolau, na cidade do Porto, mais precisamente, em plena Praça da Ribeira. Estudou na Escola Primária de São Nicolau, na Escola Preparatória Ramalho Ortigão e no Liceu Alexandre Herculano e é, desde sempre, Técnico
Administrativo
na
Comissão
de
Coordenação
e
Desenvolvimento Regional do Norte, um organismo desconcentrado do Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território. Começou a escrever tardiamente, ou seja, em meados de 2008 e sempre divulgou junto de amigos e conhecidos esta vocação, tentando de forma simples, conciliar com outra das suas paixões bem recentes, a fotografia. Esta é a sua primeira obra. Avelino Gamelas é casado com Manuela Lisboa, sua principal inspiração, e pai de dois filhos, o Pedro e o Rui.
Dedicado ao seu pai, Rodrigo Ferreira da Silva.
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Na tua boca De Joaquim Monteiro
“Tudo arderá na fogueira dos sentidos mas só o amor triunfará” Joaquim Monteiro
Autor:
Nasceu em Paus, pequena aldeia no concelho de Resende, distrito de Viseu, em 1949. Veio para Lisboa aos 2 anos e aí tem permanecido até aos dias de hoje. Fez uma incursão pelo Seminário menor de Beja, querendo abraçar o ideal de missionário. Da vocação falhada (ou mudada) ficou-lhe o gosto pelo canto e literatura, vertentes essas que o têm acompanhado aos longo dos anos. Foram publicados no tempo de juventude (68 a 70) vários poemas nos extintos jornais Diário de
Escrita Criativa
7 Lisboa e República, nos suplementos juvenis, onde conheceu nomes amigos como Joaquim Pessoa e Gastão Cruz e outros. Volta agora a escrever, porque tem tempo e, a carne e a alma assim o ditam. Feliz ficará se esses escritos servirem para o deleite de alguns. Assim vos deixa este livro com amor!!
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Pequenas Histórias
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A mulher que segurava balões coloridos
Era uma vez uma mulher que segurava balões coloridos. Estava sentada à beira de um caminho, esperava algo. Guardava religiosamente cada um dos seus inúmeros balões, como se fosse um tesouro único.
Porém, passou um pássaro e, julgando tratar-se de algo comestível, bicou-lhe um dos balões, ele acabou por rebentar. Ela então enxotou o pássaro, disparou-lhe alguns impropérios e continuou à espera.
Olhou para cima e com tristeza disse: -Menos um tesouro meu, mais um que sofreu...
Pouco depois, parou ao pé dela um carro de luxo, a janela de vidro fumado desceu e surgiu um homem bem vestido. Disse que ia atrasado para a festa de aniversário do seu querido filho, que lhe tinha prometido levar imensos balões, mas tinha-se esquecido. Era um homem de negócios, andava sempre atarefado com muita coisa. Não tinha tempo para coisas dessas. Ofereceu-lhe uma pequena
A mulher que segurava balões coloridos Escrita Criativa
9 fortuna pelo tesouro colorido. Ela não aceitou, os balões eram dela, ora essa! Não os iria libertar. O homem partiu, fazendo chiar os pneus. Ela então verteu uma lágrima.
Olhou para cima e com tristeza disse: -Dinheiro? Para que queria eu dinheiro? Aqui, sou feliz por inteiro...
Continuou à espera. Nisto passou um menino, vestido de índio. Ia para a tal festa de aniversário, era Carnaval, quis mascarar-se. Naquela idade, tudo era um alvo para o seu arco e flecha. Tudo e todos eram inimigos, tudo e todos eram cowboys que ele tinha de eliminar. Não tardou muito para que o menino, ao passar pela mulher que segurava tantos alvos coloridos, disparasse uma das suas setas. PUUUMMM! Mais um balão. A mulher escorraçou-o dali, ele fugiu.
Olhou para cima e com tristeza disse: -Que enxovalho! Menos um balão, por causa daquele pirralho...
Aos poucos, a mulher que segurava os balões coloridos ia ficando com cada vez menos balões. Isso só a fazia ficar cada vez mais apegada a eles. Diz-se, em jeito de segredo, que ainda hoje continua
A mulher que segurava balões coloridos Escrita Criativa
10 por lá, envelhecida, agarrada ao fio que já não tem qualquer dos seus balões coloridos, esperando por uma oportunidade da vida.
Pedro Daniel Afonso Menezes
A mulher que segurava balões coloridos Escrita Criativa
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A mulher que se esquecia…
Tinha um caracol e outro fora do sítio como se estivera a nadar no mar, livremente, selvagem, nua e verdadeira. Vivia tudo intensamente, não existiam meias tintas para ela. Quando o Sol brilhava era com tanta força que lhe queimava o peito desprotegido da vida. Quando chovia, caíam trovões de fazer tremer Deus que os criava… dilúvios desciam à terra, qual Noé sem escolha. Os seus arco-íris eram os mais coloridos e amplos que se possa imaginar e por isso era feliz. Esta mulher via uma borboleta e voava com ela, percorria os campos, florestas, flor sim, flor sim, folha sim, folha sim… e sim, é verdade, ela esquecia-se. Esquecia-se que à sua volta girava um mundo com pessoas que trabalhavam, a buzinar nos seus carros infernais, chateadas, cansadas, fartas. Sim ela esquecia-se porque Amava e essa força carregava-a em mais
A mulher que se esquecia…
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um dia. Sempre uma estrela a brilhar, um gato a espreguiçar-se; sempre algo especial a acontecer e isso era AMOR.
Ela AMAVA o simples da VIDA.
Adoa Coelho
A mulher que se esquecia‌
Escrita Criativa
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Como nas histórias de encantar Era uma vez uma linda princesa que vivia num belo e perfeito castelo. Mas ela não era feliz, o seu pai, Rei daquele pequeno feudo à beiramar plantado, não lhe dava a liberdade que ela precisava. E então ela abria a janela do seu quarto e chorava para que a libertassem. O seu choro tornou-se um murmúrio constante naquele lugar. Demasiado baixo para ser incomodativo, mas demasiado alto para passar despercebido.
Até que apareceu o príncipe encantado, enfrentou o pai tirano e resgatou a princesa do seu infortúnio. Imediatamente, a princesa percebeu que era ele o escolhido porque numa questão de segundos sentiu aquela química. Bastou um olhar, ele nem precisou de falar, foi imediato, estava escrito que seria assim... Porque um príncipe sempre surge a uma bela princesa. Selaram o seu Amor num longo beijo, acompanhado de fogo de artifício. Surgiram palavras no céu que anunciavam que eles foram felizes para todo o sempre.
E o realizador gritou: -Corta!!! A cena está perfeita!
Os actores festejaram, tinham finalmente chegado ao final de longos
Como nas histórias de encantar
Escrita Criativa
14 meses de filmagens.
A princesa já não precisava de fingir, podia agora voltar para o seu camarim onde, diariamente, se transformava em algo que não era. Enviou uma sms para aquela pessoa especial que desde há umas semanas a fazia feliz. Tinham-se conhecido através de um acaso no facebook. Naquele dia iam finalmente conhecer-se pessoalmente e consolidar todo o seu Amor.
Desembarcou e mal colocou o seu pé, que horas antes tinha sido o pé daquela princesa, soube que iria ser feliz. Sorriu quando o reconheceu por entre aquela multidão. Era ele o escolhido.
Correram um para o outro até se encontrarem num longo abraço. Olharam-se. Deram as mãos e entrelaçaram os dedos. E finalmente beijaram-se.
Algo aconteceu, ou melhor, algo não aconteceu.
Não surgiu a química, o fogo de artifício não apareceu no céu, nem as palavras que anunciavam a felicidade eterna.
Como nas histórias de encantar
Escrita Criativa
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Então ela deixou-o imediatamente, voltou para o seu barco e partiu. A pessoa que ela tinha conhecido durante semanas, com quem partilhou o seu coração, já não importava tanto assim, tudo tinha sido um infeliz engano.
-Não, não, não, sem a química ele não pode ser a pessoa certa para mim. A vida é como um filme e temos de sentir o fogo de artifício no ar, senão isso não pode ser Amor! - Pensou ela, enquanto regressava de barco. -E sem Amor, ele não serve para mais nada na minha vida.
E assim, regressou ela a casa. Ao ver o seu email descobriu que, devido ao seu belo desempenho nas filmagens anteriores, o mesmo realizador lhe tinha proposto um novo trabalho, mais uma adaptação cinematográfica para outra fábula de encantar.
-Que bom! - Pensou ela. -Posso continuar a ser feliz e a sentir aquela química maravilhosa que me faz arrepiar a pele...
Porque o Amor é como nas histórias de encantar, não é? Pedro Daniel Afonso Menezes
Como nas histórias de encantar
Escrita Criativa
Lirismos
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N達o foi? Duas crian巽as sentam-se Riem-se Choram Brincam Com um gelado lambuzam-se Conhecem-se Fazem birras Todo o tipo de tricas. Olham-se nos olhos e dizem: -Vais ficar comigo? Vai ser bom partilhar a vida contigo, n達o vai?
Dois jovens adultos sentam-se Num jantar a dois, reconfortam-se Partilham uma sobremesa regional Doce conventual Repartem sonhos imediatos Doces retratos
N達o Foi?
Escrita Criativa
17 Zangam-se Odeiam-se Amam-se? Reencontram-se. Olham-se nos olhos e dizem: -Fica comigo. É tão bom partilhar a vida contigo, não é?
Dois idosos De uma segunda infância zelosos Cansam-se Sentam-se Partem um pão seco ao meio De farinha com centeio Uma partilha A vida é como uma ilha Mãos enrugadas tocam-se Reconhecem-se Lágrimas de cabelos brancos Nos pés, tamancos Rugas de saudades
Não Foi?
Escrita Criativa
18 Naquelas idades. Olham-se nos olhos e dizem: -Ficaste comigo. Foi t達o bom partilhar a vida contigo, n達o foi?
Pedro Daniel Afonso Menezes
N達o Foi?
Escrita Criativa
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AS PALAVRAS Umas simples palavras Ditas ou escritas Podem gerar apenas, sorrisos Ou gargalhadas, Indignação Ou admiração, Pavor Ou raiva.
Uma simples palavra Pode gerar mil outras, afins Elementares, Análogas Ou incomparáveis, Vulgares, Ou raras.
Elas podem ser a noite Ou o dia. Frias como o Inverno,
As Palavras
Escrita Criativa
20 Quentes como o verão Suaves como a primavera, Monótonas como o Outono
Dependendo da forma como são ditas Ou escritas Podem gerar amor, Ou o ódio! Umas simples, simples palavras…
Ana Maria Teixeira
As Palavras
Escrita Criativa
Críticas e Maldizeres
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Uma tarde no Detran Escorchante - esta é a palavra O horário agendado era 16 horas. Como sempre me esforço em fazer, cheguei às 15h20, para ter tempo de sobra antes da hora marcada e, quem sabe, ser atendida antes e sair mais cedo. Mas, o que se seguiu a partir daí foi uma saga, que só terminou quatro horas depois e, portanto, é digna de ser relatada, pelo menos por desabafo. Espero que você tenha paciência para ler; a mesma que tive para suportar o descaso.
Estou falando de uma tarde perdida na vistoria do carro no Detran/RJ, em Volta Redonda. Uma missão que exige paciência de Ghandi, não apenas pela demora, como também pelos péssimos humores do ambiente e lentidão do sistema que nós, contribuintes, pagamos para funcionar.
Uma tarde no Detran
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22 Ao chegar, meu primeiro susto. A fila do lado de fora já dava volta no galpão. Não consegui contar, mas pela distância analisada depois que consegui vencer a esquina e alcançar a rua principal, devia haver pelo menos uns vinte carros à minha frente. Quando finalmente pude entrar, incredulidade total. A mesma fila à minha frente, até a primeira cabine de atendimento e o local lotado. Ainda bem que a pessoa aqui, bem treinada a ouvir sua intuição, passara em casa antes pra pegar um livro, porque só para chegar ao portão de entrada foi uma hora de espera.
Do lado de fora a rapaziada que não sossega dentro dos carros já se exaltava: “Isso aqui é o absurdo de sempre”, “Alguém tem que fazer alguma coisa para acabar com esse desrespeito”, “Tá assim desde janeiro e ninguém faz nada; a gente vem aqui e obedece a tudo feito carneirinho”. Isso mesmo. Uma fila de carneirinhos cordatos, fingindo-se de calmos, atendendo a todas as ordens. Afinal, estávamos num setor de serviços públicos, o que quer dizer: “Não reclame. Pode ficar pior”.
Exatamente depois de 1h40 de fila, cheguei à cabine de atendimento, onde me esperava uma funcionária mais ou menos simpática. Foram poucos segundos de alívio, por imaginar que, enfim, resolveria minha
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23 vida e iria embora. Quando prestei a atenção no que rolava lá dentro, nas linhas de vistoria, perdi as esperanças de chegar pontualmente ao compromisso marcado para as 18h30. Eram 17 horas.
Fui encaminhada para a linha 5, onde um carro era vistoriado e outro aguardava. Sem exagero, o vistoriador era tão lento, mas tão lento, que, ou estava sentindo alguma dor muito forte, ou estava acionado seu botão slow. Cada movimento básico dele levava segundos; parava, pensava, tudo muito, muito devagar. E a pessoa aqui devorando sua coletânea de contos de Fernando Sabino, para evitar contar as horas. Até que chegou outro vistoriador para me atender.
Meu jisuisinho do céu!
Jovem, alto, ligeiramente obeso e mal humorado, ou melhor, mal educado mesmo. Parou na janela, não olhou na minha cara (boa tarde, nem pensar!): “Me dá o documento aí!”. Saiu:
- Acende lanterna, farol, farol baixo!! Seta esquerda!! Seta direita!! Pisca-alerta!! Buzina!! Limpador e esguicho!! Pisa no freio!! Marcha à ré!! Seta esquerda!! Seta direita!! Pisca-alerta!! Agora vem cá e abre o porta-malas que quero ver o pneu!! Pode fechar!!
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Voltei para o carro e ele pediu para abrir o capô (aquilo tudo que quem tem carro sabe como é). Procedimento encerrado, o tal vem até a janela e diz: “Pode fechar o capô!!” . Hein?! “Não é só baixar?”. “É, sim, senhora!!”. Dito isso, virou-se e me deixou com cara de ‘como assim?’. Saí, baixei o capô, precisei de ajuda, chamei-o de volta, o mau humor bufou e enfim retornei ao carro, de novo. “Pode estacionar e aguardar na cabine A!!”. Olhei em volta e não havia como sair. “Pode estacionar e aguardar na cabine A!!”. Perguntei “De que jeito?” e foi o único momento em que ele abriu um sorrisinho, meio sem graça. Ajudou-me a sair por uma greta minúscula entre um carro e outro e pronto. Estava livre daquilo. Voltei a olhar o relógio. Passava das 18 horas.
Na cabine A, nova surpresa: sistema fora do ar. “Vamos aguardar pra ver se volta, senão, a senhora vai ter de retornar amanhã”. Num momento desse o que nos resta é rezar, até mesmo para não se deixar envolver pelo péssimo humor das funcionárias, os dos outros contribuintes cuspindo marimbondos, além de todas as janelas fechadas e o aparelho de ar condicionado só fazendo barulho. Tudo isso dentro de um container, ou seja, um cubículo.
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25 Quase 19 horas, sistema ok, só faltava emplacamento. Eram 18h40 e ainda iria emplacar o carro. Fome. Vontade de ir ao banheiro. Lá fui eu ao container sanitário e putz, como é revoltante saber que se paga uma fortuna por um IPVA e mais um monte de Dudas para se deparar com banheiro sujo, fétido, sem papel, sem sabonete, sem nada para enxugar as mãos. Do lado de fora, mais uma inspirada bem funda: “Falta pouco”.
Foram 40 minutos esperando emplacamento e, finalmente, às 19h30 saí de lá. Como diz meu marido, escorchante. Esta é a palavra que define bem o serviço: paga-se caro, muito caro, para receber em troca o mínimo do mínimo que inoperância do Estado permite. O pior de tudo é o desânimo por saber que fui eu quem votei, que sempre escolhemos nossos governantes na esperança que mude. E nunca muda.
Parece piada:
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Com este me diverti:
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Giovana Damaceno
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Regras para Trabalhos Enviados
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