Escrita Criativa nº29

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Mês Novembro nº 29

Um poema sobre a amizade que dura para além da vida

Uma história sobre os sentimentos de quem ajuda os outros

Um poema sobre o que é possível fazer por amor

Um poema satírico sobre a arte de governar Escrita Criativa


Índice e destaques

Índice Editorial………………………….……...3 As Nossas Sugestões………….…..5 Pequenas Histórias Diário……………………….………….14 Lirismos Campo de Inocência……….……20  Elegia à Sirena Limia…...........23  Dúvida… ou… Certeza???..………………..….……..28  O Amigo……………………………...30  O Artista……………………………..32  Adormeci a pensar em ti…………………………………………….34

Críticas e Maldizeres  El-Rei D. Dinis na Casa de Mateus………………….……………..36 Regras para Trabalhos Enviados………………………………….38

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Destaques Histórias Narrativas  Diário – Uma história sobre um relato de uma personagem que revela os seus sentimentos sobre a sua vida que se baseia em ajudar os outros.

Histórias Poéticas Campo de Inocência – Um poema sobre a imaginação e alegria de criar O Artista– Um poema sobre os diferentes talentos possíveis e a recordação de amigo Dúvida…ou…Certeza????- um poema sobre as duvidas e a necessidade de estar com a pessoa amada

Críticas e Maldizeres El-Rei D. Dinis na Casa de Mateus – um poema satírico sobre a arte de governar

Ficha Técnica: Mês de Novembro 2012 n.º29 via internet – ebook Editora: Marta Sousa Revisora: Patrícia Lopes Redacção: Marta Sousa, Beatriz Nunes, Luís Carlos Gaudella, Ana Maria Teixeira, , Maria Manuela Macedo, Firmino Bernardo. Grafismo: Paula Salgado (logótipo), Marta Sousa, imagens de “Duvida..ou..Certeza???” e “Adormecia a pensar em ti” foram enviadas por Maria Manuela Macedo. A imagem de capa foi retirada da internet. Interdita a reprodução para fins lucrativos ou comerciais dos textos e interdita a outros que Escrita Criativa não o autor e a reprodução sem a indicação do respectivo nome do autor.


Editorial

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A capa da Revista de Novembro festeja o Halloween ou o dia das Bruxas, sem esquecer, a literatura que tanto adoramos. Este mês divulgamos interessantes.

livros Na

e

iniciativas

rubrica

“As

muito Nossas

Sugestões” temos mais dois livros lusófonos com a colaboração com Isabel Fontes que valem a pena ler. Agradecemos mais uma vez a colaboração e o apoio. Ainda nas Nossas Sugestões sugerimos o livro “Nunca Neva no Meu Aniversário” de Nuno de Sousa Tavares que podem ler gratuitamente (basta fazer um registo) no site do autor. Temos ainda divulgação da Casa da Palavra, um espaço para eventos culturais que vale a pena saber mais. Temos também a divulgação de uma exposição muito interessante sobre Ivone Silva. Nas Pequenas Histórias, temos um relato de uma personagem que revela os seus sentimentos sobre a sua vida que se baseia em ajudar os outros. Na secção lírica temos poemas sobre sentimentos profundos de amor, as dúvidas e os pecados que fazemos por ele, assim como sentimentos sobre as pessoas ausentes.

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4 Nas Críticas e Maldizeres temos a crítica temos o poema muito curioso de Firmino Bernardo sobre as decisões politicas e arte de governar. Agradecemos o apoio e divulgação e aguardamos as vossas opiniões no Facebook e no nosso Blog. Podem também enviar as vossas opiniões e participações para asnossahistorias@hotmail.com.

Marta Sousa

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As Nossas Sugestões

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Sei onde mora o Heberto Helder de Manuel Monteiro Sinopse: O romance conta a história de um homem vulgar, mas que, devido a duas características, vai viver uma vida invulgar. O personagem principal tem uma fobia que o faz perseguir homens famosos, para saber mais da sua vida íntima (Salazar, Álvaro Cunhal, Sebastião Alba, Herberto Helder) e que o conduz às mais mirabolantes aventuras. E tem um dom sexual (fruto da iniciação na juventude com uma prostituta do Bairro Alto) que faz dele um agente de felicidade para mulheres insatisfeitas, casadas e solteiras. No romance, um outro personagem adquire uma dimensão original: o gato Osborne, que toma a palavra e participa na acção, assumindo um papel decisivo no seu desfecho.

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6 Sobre Manuel Monteiro: Manuel Augusto Monteiro é transmontano de Vila Real. Tem 63 anos. Foi camponês e depois operário. É actualmente alfarrabista. Em 1974 foi um dos fundadores da União Democática Popular. Em 1979 foi deputado à Assembleia da República por esta força política. Durante 4 anos foi autarca, membro da Assembleia Municipal de Lisboa. Em 1982 abandonou a UDP, continuando a participar na vida política em pequenos núcleos. Aos 40 anos, com apenas a 4.ª classe, fez exame ad-hoc de acesso à universidade e aprovado frequenta o curso de História até ao 2.º ano, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

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A Casa da Maresia de Rosa Ralo Sinopse: Prosa poética...a história da Carlota, que veio do campo para uma cidade à beiramar e aqui se confundiu com a maresia, protegida por um anjo-gaivota...a ideia principal reside na procura da família perdida, dos afetos, do ideal do amor eterno, dos valores….

Sobre Rosa Nunes Ralo: escrevo desde que me lembro...cartas, poemas, pequenas histórias... Chamo-me Rosa Nunes Ralo Nasci em Lisboa, no bairro da Ajuda sou divorciada e tenho um filho já plantei árvores não me lembro quantas...

Formação de base: professora primária exerceu a profissão desde os 18 anos...foram 34 de entrega e prazer...foi professora por opção...

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8 mais tarde licenciou-se na ESEL em Língua Portuguesa, por questões de progressão na carreira e de aprofundar conhecimentos... Estive ligada à experimentação dos novos programas , no tempo do ministro Roberto Carneiro...uma experiência que alterou a minha postura no ensino... Faz parte do Projecto Together, de parceria com a UNICEF, a Solami e o Secretariado Entreculturas...um projecto internacional , visando a integração de minorias étnicas... Tem ainda um curso de Educação Sexual e Planeamento Familiar que ainda não o colocou no activo... Aposentada há 4 anos e foi a partir daí, que se dedicou a escrever e a pintar, duas paixões adiadas... Actualmente frequenta um curso de nível avançado de pintura, na Nextart, uma escola de artes que faz parte das suas rotinas há 4 anos... Publicou em 2009 o meu primeiro e único livro: A casa da maresia.

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Nunca Neva no Meu Aniversário de Nuno Tavares Sinopse: Ricardo e Sónia partilham uma amizade de vinte e cinco anos, mas com os últimos quinze afastados por rumos de vida diferentes. Amigos desde a infância, sempre foram muito próximos até ao momento em que a Universidade os obrigou a distanciarem-se. Ele foi estudar para o Algarve, ela regressou à sua terra natal, os Açores. Nunca Neva no Meu Aniversário é uma história passada no Faial, quando após quinze anos afastados fisicamente, Ricardo corresponde ao chamado da amiga que atravessa uma situação pessoal muito complicada. Sónia vê o seu casamento acabar e procura o apoio do amigo de sempre. Ricardo nunca esquecera a paixão da adolescência, mas quinze anos longe da amiga tinham transformado todo esse sentimento numa

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10 recordação arquivada na memória. No entanto, voltar a estar na sua presença vai reavivar aquilo que parecia estar esquecido. Numa viagem pelo Faial, memórias e sentimentos misturam-se entre duas almas que sempre se entenderam tanto quanto se estranharam. Uma relação próxima que nem a distância conseguiu separar, mas que uma tragédia poderá pôr fim.

Podem ler na seguinte página tendo apenas que se registar: http://www.nunotavares.com/nst/nunca-neva-no-meu-aniversario

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CASA da PALAVRA Sejamos todos a "Casa da Palavra" Missão Sejamos todos a "Casa da Palavra" Descrição da empresa A Casa da Palavra é um Projeto que visa a Produção, Associada a Lançamentos e Divulgação de Eventos Culturais. Pauta-se pelo lema "A Nossa Palavra é a Sua". Descrição Ambicionamos ser uma fonte de Cultura Saudável que, não engorda e, o que fazemos é gerar a potencialidade e a felicidade nas pessoas.

Somos constituídos por uma pequena mas experiente equipa que tem como pano de fundo alimentar este projeto, por isso, somos: Fernando Chainço – Produtor de Ideias

Isabel Fontes – Coordenadora de Equipa

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Plataformas:

Adelaide De Freitas

Universo de Música

Revista Escrita Criativa

Informação de contacto E-mail:

casadapalavraprod@gmail.com

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Sobre o Miguel Villa: Interesses Filmes Favoritos

TUDO O QUE TENHA A VER COM CULTURA E FADO PASSEIOS PELOS CAMPOS E PAZ TODOS OS FOLMES PORTUGUESES E ESPANHOIS DE PEDRO ALMODOVAR

Música

FADO NAS VOZES DE DUAS GRANDES SENHORAS AMALIA E FERNANDA

Favorita

BAPTISTA

Livros Favoritos OS QUE TENHO Á CABECEIRA E QUE VOU LENDO A POUCO E POUCO

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Pequenas Histórias

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Diário Sexta-feira, 13 de Janeiro de 2012 Quem diria que quem mais ouve seria quem mais necessita de ser ouvido? Nunca pensei realmente em fazer algo deste calibre, nunca tal blasfémia ideia me havia antes passado pela cabeça. Mas o que fazer contra o inevitável? Se a minha mente deseja rebaixar-me ao ponto de me tornar similar a uma rapariguinha adolescente de coração partido ou a um jovem rapazinho com complexos sociais, pois que seja! Enfim, talvez seja isso mesmo, talvez seja essa a fonte de todos os meus problemas. Problemas a mais! Especialmente os dos outros… É que isto há cada coisa! Todo o santo dia sem interrupção, a minha mente, o meu corpo e a minha alma bombardeados com os maiores sofrimentos, as maiores dores, as maiores torturas, os maiores complexos, as maiores angústias, todos diferentes, todos singulares e todos de outros que não eu. Oh, mas tudo isso sempre me fascinou, a complexidade da mente humana, a infinidade intrincada de puzzles mentais que o pensamento monta e desmonta, cada peça se une a outra, passo a passo o mistério se resolve, a identidade psicológica do indivíduo encontra-se e quando se está prestes a alcançá-la,

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15 quando se está prestes a chegar à raiz do problema, ela escapa-se por entre os dedos, esconde-se por entre os filamentos nervosos, a rede de neurónios, perde-se na imensidão desconhecida do subconsciente. Ou melhor, do inconsciente. Pois sim, inconsciente sou eu, sem dúvida, por me submeter a tal terapia de choque! "Encontrei o significado da minha vida, ajudando os outros a encontrarem o sentido das suas vidas.", já dizia Viktor Frankl. Verdadeiramente é esse o principal objetivo de alguém como eu, a principal razão que nos conduz a este aglomerado de loucuras atrás de loucuras, penetrando tão fundo na vida de outra pessoa que quase corremos o risco de sermos engolidos pela escuridão da sua alma, pelo ácido corrosivo que destrói a sua vida. Olhar alguém que nos olha como se fossemos o seu bote salva vidas, a sua última esperança e não nos comovermos diante do seu desespero, do seu mundo carbonizado que se desfaz aos pedaços, da sua alma carcomida mais morta que viva, parece-me algo quase inumano. E no entanto, o afastamento é essencial para conseguir salvar o que sofre, para trazer a vida ao que morre. Estúpida e cruel ironia! Impossível de ignorar e impossível de acudir tudo ao mesmo tempo, é uma tortura ver assim um ser humano tão fragilmente exposto nas nossas mãos, tão meramente à nossa mercê.

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16 Pior de tudo é ser impotente, depararmo-nos, por vezes, com almas e mentes tão destruídas que são impossíveis de salvar. E a cada nova morte quase parece que somos nós também a morrer. Ninguém acredita que a loucura leva à morte. Afinal se a morte é algo tão físico como o nascimento, como pode morrer quem apenas sofre por dentro? Porém, esquecem-se que a morte leva à loucura e que há quem morra no seu íntimo tão precocemente que depois a vida se vive sem viver. “ Uma palavra que não representa uma ideia é uma coisa morta, da mesma forma que uma ideia não incorporada em palavras não passa de uma sombra.”, quantas vezes não comprovei a veracidade das palavras de Lev Vygotsky ao olhar as sombras de vida que deambulavam fingindo viver, diante dos meus olhos? Só a mim me posso culpar pelo caminho que escolhi, sei-o tão bem, reconheço-o tão intrinsecamente marcado nas minhas células, que se tornou quase uma sentença, um castigo pela minha imbecilidade precipitada. Vê-los tão de perto, esses seres que se dizem humanos mas que de humanos nada têm, desumanizados pelo próprio mundo em que vivemos, ouvir as suas preces, os seus gemidos, os seus gritos contidos, torna-me a mim próprio um deles. As suas mentes conspurcadas podem levar à loucura, mesmo quando cada um deles

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17 é tão inocente como um recém-nascido, uma nuvem, uma flor acabada de florescer. Ainda assim persisto, ainda assim vivo dos seus sucessos, das suas recuperações, da felicidade ainda escassa que alcançam nas suas vidinhas sem importância, tão sem importância como a minha. Hoje despedi-me de um deles, Frankie, o menino que era incapaz de sentir. Nunca conheci criança mais inteligente, mais perspicaz, mais astuta e porém, tão desconectada de todo o mundo, tão desligada de todas as outras crianças e almas que povoam esta terra de ninguém. Não posso dizer que não me afeiçoei a ele, seria uma mentira das maiores que alguma vez teria dito. Sei que sentirei saudades e reconheço-me incapaz de curar a sua doença. Frankie é um menino que um dia será um psicopata, um sociopata, funcional com sorte. Frankie será um dia um dos monstros de quem procuramos fugir, que nos esforçamos por enclausurar. Contudo, para mim, será sempre o pequeno Frankie, o menino de olhos cinzentos-rato e pele esbranquiçada, com um ar adoentado e infeliz, que me entrou pelo consultório no primeiro dia. Espero ter sido capaz de ajudá-lo, nem que só um bocadinho. Espero ter conseguido penetrar as suas muitas camadas de isolamento e de desilusão e raiva para com a humanidade. Ter sido capaz de conhecê-lo e levá-lo a conhecer o

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18 mundo pelos meus olhos, os olhos das pessoas diferentes dele de quem ele tenta a todo o custo se afastar.

"Todo homem de génio vê o mundo sob um ângulo diferente do dos seus semelhantes, e é nisso que está a sua tragédia." disse um dia Havelock Ellis. Penso que nenhuma outra frase se adequa mais à pessoa que reconheci no meu pequeno Frankie.

Ele, um grãozinho de areia neste meu Universo sem fim de casos, de problemas, de pessoas, de vidas. Poderia citar tantos outros, Susie, a menina que não falava, Christian, o menino que perdeu os pais, Melory, a menina incapaz de chorar, Peter, o menino que ouvia vozes… Crianças entre tantas, tantas outras que ficarão para sempre registadas neste meu diário de anotações. Sim, por mais que me custe, por mais que me doa, sou forçado a admitir a verdade. Toda a vida ouvi crianças como psicólogo profissional que sou, toda a vida as tentei ajudar a todo o custo, toda a vida me esforcei por entrar nas suas vidas e ajudá-las a reconstruírem os seus castelos, a reencontrarem os seus sonhos. Nunca pensei que um dia precisasse que elas ouvissem os meus desabafos. A partir de hoje será para elas e por elas que escreverei os meus casos pois, estejam onde

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19 estiverem, sentirei assim que me incentivam, que me dão forças para continuar a procurá-las e a resgatá-las dos mundos cruéis que as aprisionam. Talvez salvando-as da solidão seja capaz de encontrar uma forma de combater a minha.

Beatriz Nunes

http://biabutterfly-1996.wix.com/palavras-de-tinta.

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Lirismos

20

Campo de Inocência Leve brisa, ténue, suave Suspiro que se dissolve e esbate A Alma, ave que bate as asas nas mãos de uma criança. Sentimento, pensamento, sonho que se eleva, Bola de sabão que flutua perdida no ar, Voar sem levantar os pés do chão, momentos de felicidade pura Indecifrável jura de um futuro por traçar. Murmúrios longínquos, terras distantes e o mar Pérola dos oceanos, joia rara, âmbar. Sol, estrela que ilumina e irradia os olhos, sorrisos aos molhos. Chuva, choros escondidos de uma tempestade qualquer. Dragões, fadas, duendes, bruxas, príncipes, princesas, magos Desejos vagos, frágeis, delicados estados De Acreditar em tudo e não saber de nada. Histórias, memórias, brincadeiras, rimas Risos, canções, eternas orações, Desejar o mundo inteiro na palma da mão. Pintar Traços indefinidos, coisas que não são visíveis com o olhar

Campo de Inocência

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21 Mas apenas com o coração. Amar o que não se conhece, não se vê, não se sente Calor de viver o presente, estar vivo, sorrir ao mundo E a si mesmo. Despertar e ver tudo Como se fosse pela primeira vez. Questionar, procurar a resposta, descobrir. Dar sem pedir nada em troca. Quando tudo dura para sempre e o sempre termina num segundo, Quando um segundo não tem fim, o tempo avança e, assim, nada tem mais importância Que o nascer de uma flor, essa essência Brotar da consciência, reconhecer sem pensar. Brilhar, sem razão aparente Sorrir, sem motivo evidente. Temer o escuro por não se ver, recear mais que tudo crescer E enfrentar, no entanto, o desconhecido como um velho amigo De braços abertos. Lançar, um feitiço secreto No lugar indiscreto, especial, que é só seu. Natural, porque nada é planeado e tudo é levado sem preocupações. Rarescer, neste caminho sem rumo Tantalizar, um desejo profundo Olvidar, o que os outros recordam

Campo de Inocência

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22 Velar, por essa chama dormente, Quase intermitente, que um dia incandesceu, eclipsou, o seu céu de nadas. Embalar esse passo de dança, valsa sem compasso fixo, mutável. Noite de luar, palácio de esboços, contornos, tronos de pensamentos sonhadores. Eflorescer e iluminar esse quadro sagrado, nimbado de cores, coroado de flores De sonhos, de amores, de mundos imaginados que foram, que são, ou que um dia serão. Nessa verdade verdadeira escrita apenas por existir, apenas por eclodir, apenas por remanescer e ocultar. Dizer o que não dita. Sonhar e acreditar esse campo de inocência infinita. Recordar. Beatriz Nunes http://biabutterfly-1996.wix.com/palavras-de-tinta

Campo de Inocência

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23

Elegia à Sirena Limia Agarrado num negro madeiro Maldigo a minha fatal sorte Que me levou o batel inteiro, Negando-me a mim a final morte. Agarrado assim, em delírio, Lembro-me da suave canção Que me trouxe aqui, a este rio, Seguindo aquele deus pagão, Aquele que acerta bem no peito Com flechas vis, de ilusão cheias, Que nos levam a sair do leito Familiar e seguir p’ras praias Longínquas, onde uma sereia Canta, enfeitiça o coração, Faz lançar o batel contra a areia, Afogando a tripulação. Lembro-me de quando descansava, Escutando os sinos de Tregosa, Encostado a um muro eu ‘stava A admirar aquela flor mimosa, A rosa vermelha, cor de fogo,

Elegia à Sirena Limia

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24 Que estava num jardim ali perto, Que com o vento fazia o seu jogo, O seu jogo de amor prometido. Então ouvi o negro cântico Que me falava de amor fingido Que eu cria real. Era cínico O canto. Era cínico o canto! Mas eu não o percebia. Para mim Era apenas musica de encanto Que me guiaria para o jardim Eterno. Mas descobri que eterno Somente a morte. Nada mais o é. Neguei então o jardim terreno, Reneguei tudo, até minha fé. Larguei família e amigos. Vi meu nome lançado à lama! Fiz-me um pirata, um saqueador. Matei e o sangue das vitimas Bebi! Hoje, flagelado pela dor, Num papel escrevo estas rimas, Confessando o crime terrível, Que o meu vil amor fez cometer.

Elegia à Sirena Limia

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25 Sim tu, Sirena amada, horrível, Fingiste o amor, fingiste o prazer. Foste a mão e eu a ‘spada Que juntos desceram sobre a terra Matando todos, até crianças, Sacrificaram o mundo à guerra; Que apagaram todas as mudanças Que nos tentam combater em vão! Desisto Sirena! Eu desisto! Jamais serie a ‘spada da mão Criminosa. Serei cruz de Cristo, Serei ‘sperança, jamais a morte, Lutarei até ao fim contra ti E, se me ajudar a sacra sorte, Encontrarei o amor que perdi, Salvar-te-ei da vileza da vida, Mostrar-te-ei a vida do ‘spírito E tu a seguirás, protegida Pela mão do divino perito. … …

Elegia à Sirena Limia

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26 … … … Falhei! Afogo-me nesta ria. Matei todos os meus companheiros. Não te salvei, Sirena Limia. ‘Gora nos momentos derradeiros, ‘Gora que sinto a agua a levar-me, Tento dar um último suspiro. Sinto-me etéreo, a elevar-me. Sinto as mãos de um qualquer Zéfiro A colocar-me ali à superfície; Vejo aproximar-se um outro batel, Julgar-me ser uma piscatória ‘spécie, Tirando-me da agua, dando-me mel. Dizem que tive sorte, ‘tou vivo. Mal conhecem eles o flagelo Que é viver sendo assim, cativo, Dum qualquer coração de gelo! Agarrado ainda ao madeiro, Maldigo a minha fatal sorte

Elegia à Sirena Limia

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27 Que me levou o batel inteiro, Negando-me a mim a final morte. Luis Carlos de Gaudella

Elegia Ă Sirena Limia

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28 DÙVIDA...OU...CERTEZA??????

Será que o tempo está a acabar? Será que vou deixar de te ver? Só que... Eu não te consegui falar Tudo o que tinha para te dizer

Mas Talvez... Talvez um dia Nos voltemos a encontrar Quem sabe?Dentro de um sonho Quem sabe?Numa noite de luar

Seja onde for, a certeza tenho Que sempre estarás comigo Seja em que sentimento for Nesse sentimento nosso...o amor

Será que é um sentimento errado? Fazeres parte na minha vida Será que teu coração está ocupado?

Dúvida…ou…Certeza???

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29 Não me aprofundes mais a minha ferida..

Serás tu culpado pelo sucedido? Ou serei só eu sou a grande culpada Quando dou vida a este sentido Parecendo um sonho inacabado

Deixa meu olhar,o teu amor cativar Deixa meu sorriso ser a tua tentação Deixa minha poesia te gritar e falar Tudo o que me vai no coração

Maria Manuela Macedo https://www.facebook.com/groups/453409811366375/

Dúvida…ou…Certeza???

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30

O amigo Quando temos um amigo Que longe de nós mora Guardámo-lo em nosso coração E lembrámo-lo a toda a hora.

Quando temos um amigo Que a doença à vida nos tirou Guardámo-lo na nossa memória Pois nosso coração à muito o consagrou.

E se a distância nunca nos separou E se a nossa amizade nunca se desvaneceu Não será a fatalidade a separar-nos De quem sempre nos acompanhou.

E a nossa memória é infinita E as lembranças que guarda são inumeráveis Ajudando-nos nos momentos difíceis A construir Imagens invejáveis.

O amigo

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31 Que nos refazem da saudade E que nos d達o novo alento Que nos dizem que o nosso amigo Nos acompanha todo o tempo.

Ana Maria Teixeira

O amigo

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32

O artista

O nosso artista partiu! Num sábado gentilmente, Com o seu artístico jeito, Ajeitou-me da semana o peixe, Deixando-me na mão o troco feito E um cortesmente até sábado!

Não se despediu Pois não pensava partir, Mas enquanto de futebol Jogava uma partida O coração traiu-o tirando-o à vida!

Na minha memória para sempre vai ficar Manuel António, O menino que vi nascer a cortar carne Até pelo peixe se apaixonar.

O artista

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33 Um verdadeiro artista! Dizia-me um amigo, admirando o seu dom. Homenageio este artista, Despedindo-me no mesmo tom!

Ana Maria Teixeira

O artista

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34 ADORMECI A PENSAR EM TI...

Esta noite adormeci... A pensar em ti... Adormeci a escrever-te um poema, imaginando-te ao meu lado sentado.

Acordei... O céu tinha desabado. O sonho... esse... tinha desvanecido. E tu não estavas sentado a meu lado

Nesse momento... Minha vida voltou ao passado. Sei que algo inesquecivel aconteceu. Que tu ignoras o presente Mas só te peço: Não faças do futuro "TEMPO PERDIDO"

Será preciso dizer-te

Adormeci a pensar em ti

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35 Que o tempo está a passar E a vida continua E os sonhos podem acabar

Ainda te lembras? Naquele dia,um desejo eu te pedi... Só te peço que não me respondas "AINDA NAO DECEDI"

Escuta a voz do teu coração Deixa ele por ti falar Ou se a tua resposta for "NAO" Não me deixes eternamente a esperar. Maria Manuela Macedo https://www.facebook.com/groups/453409811366375/

Adormeci a pensar em ti

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Críticas e Maldizeres

El-Rei D. Dinis na Casa de Mateus

- Ai flores, ai flores, do verde pino, se sabedes novas do prémio antigo? Ai Deus, e u é?

Ai flores, ai flores, do verde ramo, se sabedes novas do prémio desapoiado? Ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do prémio antigo, aquele a que o governo quis dar castigo? Ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do prémio desapoiado, aquele que o governo quer ver cancelado? Ai Deus, e u é?

- Vós me preguntades pelo prémio antigo e eu bem vos digo que continuará vivo. Ai Deus, e u é? El-Rei D. Dinis na Casa Mateus

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Vós me preguntades pelo próprio desapoiado e eu bem vos digo que será continuado. Ai Deus, e u é?

E eu bem vos digo que continuará vivo e será entregue ante o prazo saído. Ai Deus, e u é? E eu bem vos digo que será continuado e será recebido no prazo acordado. Ai, Deus, e u é?

Firmino Bernardo

wwww.vidaparaesquecer.wordpress.com

El-Rei D. Dinis na Casa Mateus

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Regras para Trabalhos Enviados

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- A Escrita Criativa não se responsabiliza pelo conteúdo que é publicado, a responsabilidade é única e exclusivamente dos seus autores. - A Escrita Criativa publica os trabalhos dos autores tendo como o limite a capacidade da revista, caso haja demasiados trabalhos enviados alguns poderão não ser publicados ou poderão ser publicados no número seguinte. - O limite de tamanho dos trabalhos recebidos é de vinte páginas A5 com letra a tamanho 11, se os trabalhos não respeitarem estas indicações poderão não ser aceites. - A Escrita Criativa não aceita trabalhos com conteúdo sexual explícito. - Por norma só será publicado um trabalho por pessoa em cada número, podendo haver excepções por falta de trabalhos. - A Escrita Criativa não corrige erros ortográficos nem faz alterações às obras enviadas, se for enviado algum trabalho com erros ortográficos poderá ser enviado de volta para correcção ou pode não ser aceite. - A Escrita Criativa só aceita trabalhos escritos em português.

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- Trabalhos com expressões noutras línguas deverão ter uma nota no fim a dizer o seu significado, caso isto não aconteça poderão não ser aceites. - Trabalhos com direitos de autor registados na Sociedade Portuguesa de Autores deverão informar a SPA antes de enviar os seus textos para a Revista Escrita Criativa. A Revista Escrita Criativa publica somente textos autorizados pelos autores.

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