Escrita Criativa nº30

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Mês Dezembro nº 30

Uma história sobre os relacionamentos e os verdadeiros sentimentos

Um poema sobre a responsabilidade de cada um na vida em sociedade e na política

Uma reflexão sobre poesia

Um poema que reflecte sobre as dores de todos nós Escrita Criativa


Índice e destaques

Índice

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Destaques Histórias Narrativas

As Nossas Sugestões………….…..5

 Segundo – Uma história sobre um relato de uma personagem que revela e reage aos seus sentimentos

Pequenas Histórias

Histórias Poéticas

Na Praia………………..…………….10 Segundo………………….………….15

Pobreza na Rua – reflecte sobre as condições e o futuro dos sem-abrigo Menino da Rua- poema sobre a tristeza das crianças que vivem na rua Testamento essencial – um poema sobre o bom tratamento das pessoas que precisam  O meu avô marujo- uma recordação de um avô único

Editorial………………………….……...3

Lirismos Pobreza na Rua…….……….…….18  Menino de Rua……..…...........20  Espelho...………………..….……..22  Dor…….……………………………....23  Testamento Essencial…..……………………………..32  O meu avô Marujo..………………………………….34

Críticas e Maldizeres  Revolta……………….……………..29 Chamam-lhe “Defs”…………….32 Regras para Trabalhos Enviados………………………………….34

Críticas e Maldizeres Chamam-lhe “Defs” – um poema que reflete sobre a visão da sociedade sobre as pessoas com deficiência Ficha Técnica: Mês de Dezembro 2012 n.º30 via internet Editora: Marta Sousa Revisora: Patrícia Lopes Redacção: Marta Sousa, Mário Figueira, Fátima Ramos, Ana Maria Teixeira, Maria Manuela Macedo, Manuel Rodas Flávio Pereira. Grafismo: Paula Salgado (logótipo), Marta Sousa, imagens de “Pobreza na Rua”, “Menino de Rua” e “Revolta” foram enviadas por Maria Manuela Macedo. A imagem de capa foi retirada da internet. Interdita a reprodução para fins lucrativos ou comerciais dos textos e interdita a outros que não o autor e a reprodução sem a indicação do Escrita Criativa respectivo nome do autor.


Editorial

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Na Revista Escrita nº 30 temos uma capa comemorativa ao Natal e a esta época festiva. Esperemos que gostem! Como habitual temos mais duas sugestões de literatura lusófona, este mês da Editora LP Books, com a colaboração de Isabel Fontes. Agradecemos mais uma vez a colaboração e o apoio. Nas Pequenas Histórias, temos duas histórias de José Mário Figueira retirado do seu livro "Malmequeres em Agosto" em que nos contam a história de tentativa de mudança mas sempre com recordações de um passado ainda muito presentes. Na secção lírica temos poemas que reflectem sobre a vida das pessoas mais pobres como os sem-abrigo e as crianças de rua até reflexão sobre dor passando pelos tratamentos de saúde, recordações de familiares queridos e reflexão sobre a poesia. Nas Críticas e Maldizeres temos poemas críticos sobre as decisões de cada um de nós sobre a política e a forma de viver e as atitudes da sociedade na forma que trata as pessoas com deficiências.

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4 Agradecemos o apoio e divulgação e aguardamos as vossas opiniões no Facebook e no nosso Blog. Podem também enviar as vossas opiniões e participações para asnossahistorias@hotmail.com. Desejamos um óptimo Natal e um feliz ano novo a todos os nossos leitores!

Marta Sousa

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As Nossas Sugestões

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Loucura de Helena Cristina Sinopse: na cidade de Estremoz.

Por vezes a realidade dos outros dói, entristece, disseca a alma. E para fugir a essa realidade muitas pessoas criam a sua própria realidade. Uma realidade que veneram e acreditam com toda a sua força. Uma realidade que no fundo destrói e acaba seduzindo o seu criador num mundo de ficção. Uma teia ilusão que engole o mundo que o rodeia. Disto que fala este livro da realidade torcida que a mente consegue criar. Aqui conhecem a história de João e Sara duas pessoas de mundos diferentes que se encontram em épocas diferentes onde João descobrirá que afinal não existem diferenças entre o real e irreal. Enfrentará o passado e confrontará o presente. Para descobrir a realidade dos seus actos. Escrita Criativa


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Breve Bio: Nasceu em 1979 na cidade de Estremoz. Com dois anos apenas foi para Elvas uma cidade no Alentejo de Portugal. Onde cresceu e casou até aos 24 anos, sempre teve um gosto especial pela escrita desde miúda que rabiscava nos cadernos poemas que oferecia à família. Claro que para a sua mãe e pai e os irmãos, a menina sempre tinha jeito para a escrita. Acabou por vir trabalhar para Lisboa onde se inscreveu num clube de escrita, onde todos os seus colegas e amigos a incentivaram a escrever este livro. É o seu primeiro romance. Livros de: LP Books - www.lp-books.com

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À Espera de Marianita de Fragoso de Lima Sinopse: Nesta primeira obra a autora conta, de forma emotiva e numa linguagem densa e por vezes metafórica, uma história que classifica como "de gente simples" num estilo em que as influências literárias do "realismo fantástico", tão gratas à literatura sulamericana, se cruzam com a paixão pelas gentes e pelas paisagens portuguesas do Alentejo onde mergulham as suas próprias raízes.

Breve Bio: Nasceu no mês de Maio, em plena paisagem Alentejana, já lá vão “alguns anos”. Estudou na magnífica cidade de Évora e enquanto isso, ensaiou a arte de pintar, com tintas de esmalte e pincéis de pelo sintético.

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8 Ainda adolescente, assume, alternadamente com a sua mãe, o Editorial Diário no Jornal local. Aos vinte anos de idade a vida trouxe-a a Lisboa, cidade pela qual se apaixonou e se sentiu em casa, até aos dias de hoje. Profissionalmente, iniciou a sua carreira na área dos Recursos humanos, fascinada pelo mistério que a Natureza humana encerra em si mesmo e que diariamente admira e tenta desvendar. Entretanto, foi mãe e essa terá sido, seguramente, a sua maior responsabilidade mas também a sua melhor obra que viu reproduzida nos seus netos, Francisco e Madalena. Nunca deixou de pintar e foram várias as vezes que apresentou publicamente os seus quadros, óleos em tela, sempre de grandes dimensões, talvez influenciada pela grandeza da planície alentejana. A par da pintura esteve sempre a escrita, até que um dia decidiu partilhar com outros as suas histórias. Totalmente de ficção, salvo as referências que faz aos aspectos culturais alentejanos, sempre presentes na sua memória e coração. É uma mulher de várias paixões, que se divide entre pintura e escrita, entre planície dourada e o verde do rio Tejo, entre a descoberta sistemática do seu interior. É uma mulher de sorte, porque ao seu redor tem pessoas magníficas que todos os dias a ensinam coisas novas e lhe lembram que a vida é

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9 uma constante aprendizagem e que ĂŠ nesta troca de saberes, que ficamos mais ricos e mais fortes. Maria de Lourdes FRAGOSO DE LIMA Toscano

Livros de: LP Books - www.lp-books.com

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Pequenas Histórias

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Na Praia O tempo colaborou com o jovem casal apaixonado e apresentava-se perfeito para a ocasião. No local, o azul cálido e sereno, roçava no areal branco e fino. No ar, sentia-se um forte cheiro a paraíso daquela aguarela pintada. O desenho da tela completou-se com a chegada de um pequeno grupo de golfinhos que entrava no rio, vindo dos lados do Atlântico, em frente à Península de Troia. O cenário estava perfeito para um excelente dia de água salgada e areia. Mas a meio da tarde, nós os dois, figuras do mesmo quadro, sentimos repentinamente o corpo cansado do calor abrasador e da luz do Sol, que castigava a nossa pele e alterava a sua cor. Sensações agradáveis de desejos tomaram conta dos nossos sentidos. O momento convidava para os corpos se tocarem e não tardou muito para que começassem a surgir alguns longos e húmidos beijos, todos eles acompanhados de um intenso sabor a sal. Apesar disso, até se tornavam agradáveis, aumentando o nosso prazer sensual enquanto os corpos ardentes exalavam cheiros de paixão e de desejos. Naquele momento era como se não houvesse amanhã. Algum tempo depois, incendiados por esse amor que arde em chamas loucas e difíceis de apagar, os desejos tornaram-se incontroláveis. No entanto, ainda

Na Praia

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11 conseguimos por alguns momentos combater esse movimento impulsivo evitando o contacto físico. Mas logo a seguir, novo ímpeto surgiu. Queríamos voltar a resistir, mas o forte desejo de volúpia era mais poderoso que a nossa força de resistência. Depois, quando demos conta disso, já o prazer carnal se tinha atirado a nós num impulso violento e mútuo, conquistando os nossos corpos, para estes terminarem entrelaçados sob o areal quente, numa entrega total e sem retorno possível. Naqueles instantes, conquistámos o mundo. Sonhámos com as estrelas e desejámos ter asas de esperança para ir ao seu encontro. Logo depois, sentimo – nos dentro de um carrocel francês a girar ao compasso musical de uma concertina, que largava ao acaso sons e gemidos contagiantes e convidativos para que a dança nunca termine, senão quando o próprio mundo acabar. Mais tarde, a dança giratória daquele romântico carrocel terminou e por entre voltas e sabores a sal, os nossos rubros lábios, mas teimosamente húmidos, acabaram unidos e fortemente colados daquela luta de prazer.

Houve depois um período de silêncio e de inércia do corpo, mas de muita atividade nas nossas cabeças. Alice encontrava-se estendida sobre a toalha de praia no branco e fino areal. A jovem perdeu-se em sonhos de paraísos descobertos e

Na Praia

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12 isso entendia-se pela sua evidente felicidade. Ao mesmo tempo e com os olhos a luzir, não deixava de contemplar o infinito do Céu, onde o voo acrobático de algumas gaivotas acontecia lá no alto, tirando proveito do ar quente vindo do cimo da serra.

Um homem também chora e naquela interminável noite quente, lavei de lágrimas os brancos lençóis da cama, sem conseguir encontrar-me com o sono. Pela minha cabeça circularam vários pensamentos em simultâneo, que baralharam completamente o meu poder de concentração. Sentia-me culpado, mas não sabia qual o mal que tinha cometido. As cenas daquela extraordinária tarde estavam guardadas num compartimento especial da minha memória. Tratavase de um filme em que revia a presença de dois corpos entrelaçados e sequiosos de se tocarem, para um repentino assalto final de uma cena que desejávamos adiar, mas que se antecipou com a partida de Alice. Tudo rodava de forma desordenada dentro da minha cabeça. O filme surgiu em exibição durante grande parte da noite, até que por fim e vencido pelo cansaço, o sono destruiu a película e todas as cenas terminaram.

Na Praia

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13 Depois Alice Morais ergueu-se muito vagarosamente acima do soalho, no fundo do meu quarto, para lá dos pés da cama. Apresentou-se vestida de neve, com os ombros cobertos pelo longo e brilhante cabelo negro. Subiu sentada no vazio escuro, de pernas cruzadas num quadro de meditação. De seguida, circulou lentamente naquela posição junto das paredes de toda a assoalhada. Mais tarde e de forma progressiva, as suas passagens começaram a evoluir para um processo de rodopio mais rápido e constante, de me levar à loucura. De súbito, Alice deixou de rodar como um pião e voltou a levitar de um modo lento e seguro deixando um raro brilho no escuro do quarto. Afigurava-se ainda mais atraente. Espalhava feitiço como estrelas cadentes descendo do Céu nocturno.Trazia o inigualável sorriso. O corpo em chama e a pele ainda rubra do Sol da última tarde. Reparei nos seus delicados pés despidos, quando por uma vez na sua levitação, circulou bem próximo de mim. Nessa vez, quase me tocou e eu senti o seu irresistível cheiro feminino. Aquela essência natural, que atinge certas partes sensoriais do nosso cérebro e nos deixa incontroláveis.

Encontrei-me sentado na cama com os olhos pregados no fundo do quarto.

Na Praia

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14 Corri desesperadamente para a janela à procura de Alice de branco vestida. Mas no choque do fresco e puro ar da manhã, apenas encontrei o frenesim da pardalada lá fora, intercalado com o chamamento do melro e o inconfundível cantar do chapim. O despertar do dia, oferecido pela capoeira da vizinhança, levou-me aquela imagem maravilhosa e fez renascer toda a população dispersa pela encosta da serra. Mais uma vez, a grande bola levantou-se vestida de laranja e trouxe consigo um magnífico azul a pintar o Céu. Ao início da manhã, já o cheiro florestal exalava por toda a região. Para mim, era o começo de uma nova vida.

José Mário Figueira

Na Praia

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SEGUNDO

Ao final da tarde do terceiro dia, estava sentado num local sobranceiro à casa da ilha e olhava para o mar. Ao longe, sobre as águas do oceano, surgiram tintas espalhadas de laranja e amarelo a esconder o Sol que se deitava. Aquele quadro, com um romantismo singular, trouxe-me Alice de novo à memória numa imagem que mantinha gravada. Paixão? Loucura? Ou apenas nostalgia de um passado muito recente, que eu tentava iludir com alguns manuscritos seus que coloquei sobre os meus joelhos? Sentia-me cada vez mais só e completamente à deriva numa jangada atlântica entre dois continentes. Fazia um esforço tremendo para viver a vida sem a minha princesa, mas já não conseguia suportar por mais tempo a sua ausência. Pensei que fosse morrer de tanta saudade. Nesta vida de incertezas, já duvidava das minhas capacidades psíquicas e esse facto estava patenteado no meu olhar mórbido quando a revia. Esse reencontro sucedia sempre que uma qualquer rapariga surgia a dobrar uma esquina das ruas de pedra vulcânica. Visões que alteraram a minha sensatez e todas as outras faculdades. Tive alguns momentos que fiquei com medo de enlouquecer.

Na Praia

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16 Fui obrigado a reaprender a viver e a esquecer o inesquecível. Tentei substituir o que me pareceu insubstituível e abracei de novo a vida com paixão. Assim que conheci uma bonita rapariga, com uma simpatia de realçar, a ideia fixa e doentia no olhar de feitiço da princesa da Arrábida, começou a esvair-se aos poucos. No entanto, continuava a viver na esperança de um dia o telefone tocar, mas isso nunca chegou a acontecer. Aos domingos arranjava-me a rigor, como um jovem casadouro. Vestia a melhor camisa e ia ao encontro de Hortência, que vivia numa aldeia dos Biscoitos. Os dias, meses e anos, foram passando rapidamente e para além deste namoro, também fui levado ao encontro de outros amores. Do amor pelas ilhas, pelas terras e pessoas. Tudo contribuía para que isso sucedesse. Desde a forma alongada da ilha de S. Jorge, deitada sobre o oceano; o branco cume do Pico a cortar o Céu; o desenho da Graciosa que a vista alcançava nos dias mais abertos; a passagem frequente dos grupos de golfinhos junto da costa; o movimento irregular das baleias na travessia do canal; ou ainda o fresco perfume das hortênsias multicoloridas espalhadas como searas em flor por todo o lado, numa paisagem de verde constante, que me deixavam viver aparentemente calmo e sem perturbações psíquicas.

Na Praia

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17 A paixĂŁo pelas ilhas e o falar estranho das suas gentes, conquistaram-me a alma. A coragem regressou e finalmente reencontrei o caminho para seguir em frente, sem Alice na minha vida.

JosĂŠ MĂĄrio Figueira

Na Praia

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Lirismos

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POBREZA DA RUA Pobreza da rua Lixo Caminhando sem destino Pobreza da rua noites sombrias e frias Pobreza da rua Vivendo na rua

Pobreza da rua, Fome da rua Olhar transparente Esperanรงa distante Tristeza inquietante Temor vibrante Dor permanente Vestes imundas Cheiro moribundo Pobreza da rua das avenidas

Pobreza da Rua

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19 Viver? Não!!!!! Sobreviver? Às vezes!!!! O amanhã? Com o presente tão incerto... Chegaremos ao futuro?

Maria Manuela Macedo https://www.facebook.com/groups/453409811366375/

Pobreza da Rua

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20

MENINO DA RUA Menino da rua, que corre e salta ao vento, mas que é tão violentado, só por pedir um sentimento.

Menino de traços desfigurados, dormindo á noite em cima do papelão... cobre seu corpo com trapos esfarrapados... Aquecendo assim o frio do seu coração.

Sem sonhos nem vaidades, De pés feridos e descalços caminhando... Porque não frequentou nem escolas nem faculdades, Pelas esquinas das vielas da vida vai chorando.

Delinquente discriminado pela sociedade, sempre procurando um pouco de pão e amor, vai caminhando com ar sarcástico pela cidade, rindo e assobiando a sua dor.

Menino da Rua

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21 Desde tenra idade abandonado, não conhece abraços nem calor, porque o arco -iris para ele não teve cores, foi só pintado com o negro tom dos dissabores.

Maria Manuela Macedo https://www.facebook.com/groups/453409811366375/

Menino da Rua

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22

Espelho Escorrem poemas Momentos de água Deslizando em fendas Talhadas a par e passo Podem acordar os pássaros Aprisionados no espelho Soltarem-se do rio Os doirados das nuvens Do fundo das muralhas Labaredas azuis Que nas horas escuras ou leves Imensas ou breves Entre charcos e bordados Palavras e pedras Versos e pétalas Há um espelho que nos reflecte

Fatinha de Oliveira Ramos http://emfasustenido.blogs.sapo.pt/

Espelho

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DOR

Da dor todos sabemos falar Mas ninguém a consegue quantificar. Todos temos uma dor E muitas vezes nem lhe damos valor. A dor é muitas vezes efectiva. Uma vez por outra também é afectiva! Mas a dor é em nós um ponto assente Como se da vida um presente Que um dia nos abate E no outro para a combater nos dá arte! Gostaria de saber analisar O meu e o vosso sofrimento Para dele podermos falar Aliviando assim o nosso tormento!

Ana Maria Teixeira

Dor

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TESTAMENTO ESSENCIAL

Sem aviso, Pelos corredores silenciosos caminhei. Sem alarido, Pois outra coisa não me nobilita Dei entrada no vosso piso. Nas vossas mãos me entreguei.

Caminhando em aglossia Ouvi quem na quietude da noite não finge E em sono doloroso gemia. Quem a noite do dia não distingue, Quem em sono agitado dormia E que temporariamente no vosso piso habita.

Com delicadeza Sem questionar a minha desdita Olhando-me nos olhos com firmeza Provisório leito me indicaram Como uma mãe que o filho aconchega

Testamento Essencial

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25 O meu primeiro sono velaram.

Sem qualquer indicação, O silêncio da noite findou Com a alvura da manhã como inspiração. A clareza do dia ao trabalho incita, Das enfermeiras e auxiliares recebemos saudação De movimento humano o vosso piso se animou.

Com lisura me cuidaram Com lisura vi cuidar Honrando a farda que envergavam Pois bem-fazer a profissão dignifica. Todos os profissionais que tão bem me trataram São merecedores destes versos que escrevo, para os reverenciar.

Ana Maria Teixeira

Testamento Essencial

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O MEU AVÔ MARUJO I O meu avô era alto Por isso, via mais longe! Um dia sonhou que havia de pescar o nevoeiro Na várzea do rio E dá-lo às crianças Para brincarem no alpendre! Foi trabalhar nos domingos de manhã E fez uma escola. A partir daí Nunca mais ficou sozinho! Ensinava às crianças A pisar uvas e cuidar das cabras. Ensinava às uvas e às cabras A cuidar das crianças! II O meu avô Marujo tinha longas pernas E mãos grandes Que tapavam os olhos

O meu avô Marujo

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27 Para não ver a serra dentro dele. Quando as longas pernas Ficaram cansadas Falava com a burra branca E iam os dois ver a serra Que não podia esconder dentro dele. Os filhos ofereciam-lhe palavras de saudade e consolo. Ele respondia : E eu que te pedi? III Afagava as abelhas nos cortiços. Servia-lhes água no suor das mãos E das pedras pisadas Nasciam flores! O aroma do vinho com mel Enchia a ternura da casa. O alquimista das flores e dos sonhos Olhando o fundo mais fundo da lareira Sorria e dizia aos netos: Quero essa manta toda brincada! IV O meu avô Marujo Falava do Teso do Inimigo

O meu avô Marujo

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28 E do Coto do Fascista E dos refugiados da Guerra Civil. Falava de requisições e senhas De tempos difíceis e maus. Contava que o regedor Vinha requisitar o milho Que ele escondia nos pipos da adega, Porque o inverno tinha sempre muitas bocas. O meu avô era republicano Dava conselhos Tocava bandolim e castanholas. Às vezes afagava a sombra das árvores E olhava longe, longe À procura dos meus olhos de criança. Como não sabia o que dizer, sorrasia! E ele sorria também, O meu avô Marujo!

Manuel Rodas in http://manrodasblog.blogspot.pt/search/label/POESIA

O meu avô Marujo

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Críticas e Maldizeres

REVOLTA

Todos os dias pela madrugada Ouves a mesma musica a tocar Ouvindo-a... Sabes que chegou a tua hora de labutar. É ele que te está outra vez a chamar. Para teu corpo e tuas mãos, lhe ofereceres a trabalhar

E tu lá vais... Chorando, por vezes, as penas que te vão no peito, contidas. Mostras teus lábios sorrisos-mentira, a irradiar. E vivendo assim... Vais trabalhando na terra, que te há-de enterrar

Revolta

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Mil promessas te fizeram que a tua vida iria mudar. E tu?... Sempre cavando... trabalhando, sem parar

Vais apanhando folhas vazias e soltas, no ar. Bolhas de água, e na esperança sempre a acreditar. E sempre continuando a ficar, no mesmo lugar Sem que a tua voz possa gritar Na espera, que um dia vá mudar

PÀRA!!! REFLETE!!! Olha á tua volta! Será que não percebes?

Revolta

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31 O quanto os outros andam também tristes na vida? Também eles são obrigados a calar!

Levanta-te!!!! Levanta a tua alma!!! Levanta a tua voz e bem alto grita: "O TEU SIM e O TEU NÂO"final Não ajudes com o teu egoísmo A destruir a tua NAÇÂO até ao final!

Afinal de contas não é o "POVO" a "UNIÂO"??? Não é o povo a ""SOCIEDADE"??? Chega de vidas pobres e sofridas!!! Quantos mais de fome morrerão? Quantos mais sobreviverão? Quantos mais as suas vidas liquidarão?

DIZ NÂO À MISÈRIA,IMPERANDO A TUA NAÇÂO

Maria Manuela Macedo https://www.facebook.com/groups/453409811366375/

Revolta

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Chamam-lhes “Defs” Na vida nem todos fomos escolhidos pela perfeição Uns por via genética, outros por acaso Acontece-lhes um problema que faz um traço Ao qual não se pode fugir facilmente

A sociedade está habituada aos nomes E a esses seres humanos não valoriza Cria palavras, quase escraviza Aqueles que não são como os outros

Sem um membro, gagos ou simplesmente pior que isso Alguns seres humanos lutam pela aceitação A sociedade tenta cortar as barreiras Da integração

Uns descriminam, outros proíbem A luta pela aceitação parece não ter fim Se as mulheres antes eram tratadas mal Não sei o que me diz a mim Que a diferença não seja um bem social Há cegos que tudo vêem sem precisas de olhos

Chamam-lhe “Defs”

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33 Há “mancos” que tudo ultrapassam apenas com o coração Há gagos que basta uma palavra escrita Para alguém de forma bonita Mostrar que todos tem boa intenção

Mas porque será a sociedade discriminatória Se já Darwin em sua “Evolução….” dizia A sociedade é seleccionada De acordo com as variações que o Meio lhes potência?

Não será a deficiência uma adaptação Nem que seja só em conceito Para mostrar á sociedade Que os melhores nem sempre tem tudo no mínimo considerado “direito”?

Deixo às cabeças para que pensem Já que os neurónios para algo servem A não ser que tenhais Alzheimer E este poema na pele percebem Flávio Pereira Páginas: http://flavioblog.co.cc (Blog) Mini Site: https://sites.google.com/site/poethzone/ Página de Autor, facebook: https://www.facebook.com/pages/Flávio-Pereira-poetaromancista-dedicatorista

Chamam-lhe “Defs”

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Regras para Trabalhos Enviados

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- A Escrita Criativa não se responsabiliza pelo conteúdo que é publicado, a responsabilidade é única e exclusivamente dos seus autores. - A Escrita Criativa publica os trabalhos dos autores tendo como o limite a capacidade da revista, caso haja demasiados trabalhos enviados alguns poderão não ser publicados ou poderão ser publicados no número seguinte. - O limite de tamanho dos trabalhos recebidos é de vinte páginas A5 com letra a tamanho 11, se os trabalhos não respeitarem estas indicações poderão não ser aceites. - A Escrita Criativa não aceita trabalhos com conteúdo sexual explícito. - Por norma só será publicado um trabalho por pessoa em cada número, podendo haver excepções por falta de trabalhos. - A Escrita Criativa não corrige erros ortográficos nem faz alterações às obras enviadas, se for enviado algum trabalho com erros ortográficos poderá ser enviado de volta para correcção ou pode não ser aceite. - A Escrita Criativa só aceita trabalhos escritos em português.

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35 - Trabalhos com expressões noutras línguas deverão ter uma nota no fim a dizer o seu significado, caso isto não aconteça poderão não ser aceites. - Trabalhos com direitos de autor registados na Sociedade Portuguesa de Autores deverão informar a SPA antes de enviar os seus textos para a Revista Escrita Criativa. A Revista Escrita Criativa publica somente textos autorizados pelos autores.

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