Escrita Criativa nº 4

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Mês Setembro nº 4

História cheia de significados e envolvente na sua profundidade

Uma engraçada e surpreendente história sobre a vida de um quotidiano ficcional. Uma história criativa sobre a inspiração na escrita.

Um poema que dá importância às experiências da vida e ao acto de escrever.


Índice e destaques

Índice Editorial………………………………..…3 As Nossas Sugestões……………….5 Histórias Narrativas…………………6 Barbora…………………………………….6 Em Branco…………………………………8 Atrás das cortinas do Tempo.….10 Os Habitantes das Gavetas………19 Histórias Poéticas………….………..24 Almas em Sincronicidades.………24 A Vida………………………………………27 Despedida……………………………….29 Mundo Falso……………………………31 Testamento Vital……………………..33 Céu Azul………………………………….35 Nós e Eles………………………………..37 Futuro……………………………………..39 Olimpo…………………………………….40 Críticas e Sátiras………………………41 Arte…………………………………………41 Regras para Trabalhos Enviados………………………………….43

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Destaques Histórias Narrativas  Barbora - História cheia de significados e envolvente na sua profundidade. Em Branco - Uma história criativa sobre a inspiração na escrita.Os Habitantes das Gavetas - Uma engraçada e surpreendente história sobre a vida de um quotidiano ficcional.

Histórias Poéticas  Testamento Vital - Um poema que dá importância às experiências da vida e ao acto de escrever. A Vida – Um original e criativo poema sobre a vida.

Críticas ou Sátiras  Arte – crítica sobre o tema da arte e as diferentes formas de concepção da mesma

Ficha Técnica: Mês de Setembro n.º 4 via internet – ebook Editora e Proprietária: Marta Sousa Redacção: Marta Sousa, Vitor Figueiredo, Nuno Guimarães, Mariana Andrade, Vicente Fino, Mena Silva, Ana Maria Teixeira, Ruy Crespo Filho, Sofia Rosa Grafismo: Marta Sousa, Ruy Crespo Filho (Imagens do poema “Alma em Sincronicidades”) Interdita a reprodução para fins lucrativos ou comerciais dos textos e interdita Escrita Criativaa reprodução sem a indicação do respectivo nome do autor.


Editorial

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Editorial Este mês editamos uma capa muito especial. Apesar de ser um desenho muito simples (desenhado por mim) é a nossa ideia de logótipo, ou melhor é o nosso esboço de logótipo para a Revista Escrita Criativa, o que acham dela? A nossa ideia é ter simpáticos textos felizes a sair de um baú poeirento. Dar vida aos vossos textos é a nossa missão. Desafiamos quem tenha um melhor desenho ou habilidade para desenhar uma melhor proposta a enviar para asnossashistorias@hotmail.com Este mês temos a sugestão de livro do poeta Flávio Pereira que nos ofereceu uma valiosa participação na Revista Escrita Criativa anterior. Agradecemos a todos os nossos participantes, este mês contamos com muitas histórias, Nuno Guimarães revela um pouco do seu futuro livro que vai ter o título de “Metropolis”, um excerto interessante e profundo, Mariana Andrade também com uma história muito criativa assim como Vicente Fino com os seus “Os Habitantes nas Gavetas” sem esquecer o nosso habitual participante, mas nem por isso sem valor, Ruy Crespo Filho que este mês nos brinda com uma história e um poema com o seu estilo muito próprio. Na poesia, temos pela primeira vez uma Escrita Criativa


4 quadra popular de Mena Silva de um estilo simples mas muito original e de Ana Maria Teixeira com temas do quotidiano descritos de uma forma muito interessante, por fim, contamos com uma a crítica de Sofia Rosa sobre o tema da arte como conceito. Acabo com uma pequena nota, por motivos académicos poderá haver alguma demora nas respostas à confirmação de recepção dos vossos trabalhos mas garantimos que todos serão respondidos e não haverá qualquer alteração na Revista Escrita Criativa. Agradecemos a vossa participação e o vosso apoio. Aguardamos os vossos poemas histórias e críticas em asnossashistorias@hotmail.com ! Marta Sousa

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As Nossas Sugestões

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Poemas Sonhadores

Prefácio de “Poemas Sonhadores”: Desde que comecei a escrever poesia tive um desejo: de a registar em livro. No inicio fazia poesia um pouco mais pela rima agora tanto pela rima como pelo sentimento que nela quero ter. Este livro contém um pouco do inicio da minha escrita assim como algumas dedicatórias a grandes amigos e amigas minhas. Este livro tem boas críticas dos meus professores e amigos.

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Histórias Narrativas

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Barbora hoje falei-lhe. encontrei-a ao chegar e murmurei quase a medo um “laba diena” que lhe chegou rastejando aos ouvidos e a fez sorrir. passeei-me no seu sorriso, e bebi-lhe devagar a resposta. a mesma, um “laba diena” como o meu, mas adocicado por uma voz que já tinha imaginado e enfeitado de um brilho azul que se derramava do olhar. pela primeira vez pertinhara-me de Laura, inspirava o ar que ela expirava e pisava com segundos de intervalo as suas passadas invisíveis marcadas no soalho. depois, possui-lhe as mãos com a minha alma, tentando perceber o que na dela ia. sempre achei que as mãos são a face da alma e os dedos, dez caminhos para o coração. os nossos olhos conversaram e combinaram encontrar-se. o perfume dela, escorreu evaporado sobre mim e tingiu-me a pele de arrepio. como narrador, sentia-me perdido na história, mas Laura sossegoume dizendo-me que era normal. que sabia da minha existência e que gostaria de conversar comigo. previ que quereria que lhe contasse o fim. desejei saber mais coisas sobre ela. planeei conhecer melhor o decifrador de palavras. saímos. caminhamos a saborear a noite e a beber a brisa que nos refrescava por dentro. percorremos a cidade a falar de tudo e de nada. contamos estrelas e desenhamos com Barbora

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7 nuvens, quadros surrealistas de tulipas. encontramos esquinas e bancos de jardim com marcas de namorados. vimos montras sem as ver, porque os olhos estavam apagados. cheiramos relva molhada, corremos para ouvir bater corações, bebemos água na concha de cada mão, evitamos, como crianças, pisar os riscos da calçada e sentamo-nos na beira do passeio só para deixarmos o tempo passar. construímos poemas com os dedos e falamos usando palavras e gestos. fizemos jogos com letras sorteadas, escrevemos no chão com o dedo molhado de saliva e descobrimos que o fim do aMOR é o começo da MORte.

nota: "laba diena" saudação lituana que significa bom dia

Nuno Guimarães Excerto tirado do seu futuro livro “Metropolis”

Barbora

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Em branco A folha estava em branco. Não havia nada que lhe apetecesse realmente dizer. Nada a partilhar com o resto do mundo. A folha estava em branco e a inspiração devia ter ficado por detrás do muro de celulose que tinha frente e verso, mas que não rimava. Talvez houvesse dias em que todas as emoções lhe afloravam aos dígitos e ela ultrapassava esse muro e passava para o lado de lá da malha de fibras a que chamava papel. Talvez houvesse dias em que ela era uma malha de fibras a que chamava Ana (ou a que chamavam) e no entanto, essa malha de fibras revelava-se assim, em branco, tal qual folha de papel, por preencher, ainda há espera de transpor um muro de ideias feitas, palavras batidas, sonhos mastigados e jogados fora, pessoas cinzentas que andavam tão perdidas quanto ela pelas entrelinhas de um grande livro. Talvez houvesse dias em que tinha histórias para contar, dessas, para crianças, de Era uma vez e viveram felizes para sempre, dias em que talvez fosse possível esticar o feliz para sempre em vez de ser feliz num era uma vez. Noutros teria, certamente, contos do fantástico desses que nos deixam a pensar em coisas que nos podiam acontecer, mas que (in)felizmente acontecem sempre aos outros. Talvez houvesse dias em que procurasse o verdadeiro sentido das Em Branco

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9 palavras em si e, de balança e régua, pesasse e medisse, com a precisão de um alquimista procurando transformar pedra em ouro, a melhor maneira de tentar transformar as suas palavras em poesia. Talvez houvesse dias em que todos os seus sentidos estivessem despertos e sentissem tudo de todas as maneiras, qual Caeiro, e as coisas simples andassem à solta, apaixonando os olhos dos mais atentos, dos que dão o sentido aos sentidos que se escrevem num pedaço de papel. Talvez houvesse dias em que sentada em frente duma folha vazia lhe quisesse dar alma, corpo, um lugar e um espaço, uma razão de ser. Porém, dias havia em que não lhe saía nada. A cabeça era um marulhar de ideias e no papel não havia uma só letra, um só risco ou ponto. Nesses dias não havia nada a dar ao mundo, não havia partilha ou palavra certa e a folha ficava em branco à espera dos dias de talvez. Mariana Andrade

Em Branco

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10 NOTA: Texto Escrito em Português do Brasil

ATRÁS DAS CORTINAS DO TEMPO PORTUGAL-1585- Aldeia de Santa ANA

O MAGO Imagine que você está lendo agora . Mas suponhamos que outras pessoas estiveram lendo o meu texto neste mesmo lugar 2000 anos antes. Poderíamos dizer que os dois acontecimentos, o ler do mesmo texto, ocorreram no mesmo lugar. .Repare Raphael que o espaço-tempo não são duas coisas, mais uma. Todos os acontecimentos pertencem ao espaço-tempo.

RAPHAEL Vamos aos atos e fatos Nino conta para o filho como aconteceu.

NININHO - Diga-me pai: e a mulher do renascimento?

Atrás das Cortinas do Tempo

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11 NINO O GORDO. -Quando o mago de Santa Ana pegar a espada sagrada e a flor mais pura do universo, a mulher do renascimento surgirá. Temos que estar atentos à batalha dos anjos não acabou.

NININHO - Como surgiu o primeiro Mago de Santa Ana?

NINO - Foi quando ele estava crucificado. Elas choravam. De repente o dia se fez noite. Os mantos de Maria e Madalena se tornaram como a noite. Eu olhei a cruz e por segundos ele não estava lá e sim beijando Maria Madalena. Quando os dois se uniram eu vi uma estrela amarelada brilhar abaixo deles. Que ódio eu tenho dessa estrela!Ouça o que ele disse:

CRISTO ´´ Olhos meus fitai-a pela última vez; Braços meus; abraçai-a para nunca mais. Ó meus lábios, Vós que sóis a porta da respiração. Atrás das Cortinas do Tempo

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12 Selai com um beijo leal este pacto eterno que a morte me roubou´´... Quando olhei novamente ele estava crucificado. Parecia na verdade uma visão. Fiquei com raiva olhei para ele, e senti que estava vivo. Transformei-me no soldado Longinus e com minha lança perfurei o seu peito. . Jorraram do corte água e sangue. Madalena abriu as mãos. Na sua mão direita, caiu água e na mão esquerda sangue. Fiquei com ódio porque em seu flanco o sangue não gotejava. Jorrava! Maria madalena foi envolvida por uma luz. De suas mãos de brotaram duas rosas: branca e vermelha. Foi quando ela disse:

MARIA MADALENA --Eu floresço como a videira! Retirou o seu talit e colocou aos pés da cruz e fez esta oração:

ORAÇÃO DA ROSA BRANCA Aos pés da cruz Escuta meu coração. Atenda as suplicas dos meus lábios. Ave, rosa branca Que brota da terra das minhas mãos És pura e sagrada Veio da água viva que jorrou Atrás das Cortinas do Tempo

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13 Do peito do MESTRE crucificado Ave rosa branca amada Símbolo da vida, da morte e da ressurreição. Contigo mantenho acesa a luz da esperança És a minha força! O meu escudo contra a lança do mal! Aos pés da cruz Escuta meu coração Atenda as suplicas dos meus lábios. Ave rosa branca! Amem. No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro e viu que a pedra estava revolvida. Foi ter com os discípulos e disse-lhes:

MARIA MADALENA - Tiraram do sepulcro o meu SENHOR. Os discípulos foram até lá e compreenderam que era necessário ressuscitar dos mortos. E voltaram para casa. Maria Madalena permaneceu na entrada do túmulo e viu dois anjos que lhe perguntaram:

OS ANJOS Mulher por que choras?

Atrás das Cortinas do Tempo

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14 MARIA MADALENA Por que levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram? Tendo dito isso, voltou-se para trás e viu Cristo em pé, mas não reconheceu que era o seu amor.

NINO Eu estava escondido no jardim, na entrada do túmulo. Como me arrependo de não ter feito mais uma crueldade. Tinha a lança já pronta para o ataque mortal contra eles. Foi quando Maria Madalena abraçada aos lençóis de linho perfumado do seu Raboni falou chorando:

MARIA MADALENA Então assim que me deixa meu amor, meu amigo?

CRISTO Adeus! Não deixarei nunca de mandar noticias minhas sempre que possa.

MARIA MADALENA Não tornaremos mais a nos ver?

Atrás das Cortinas do Tempo

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Silencio dentro do túmulo. CRISTO ´´Sonhei que minha amada veio ter comigo e encontrou-me morto. Ela insuflou-me com beijos a vida a ponto de me ressuscitar.´´

NINO Podia perfurar os corações deles ali mesmo. Mas foi muito rápido. Agora filho eu pressinto o Ressurrecto. Que venha a golgota. À hora sexta, as trevas sobre a terra até a hora nona para que ele possa clamar diante de nos: - Elói-Elói - lama Sabactani - Deus meu por que me desamparaste?Lutemos filho para isto. Minha lança que traz grudado o sangue Crístico me servirá muitas vezes. Que seja feita sua vontade pai. Vejamos se o mago de Santa Ana e o tal de Elias vêm tirá-lo da cruz. Os dois zombando saem rindo.

NINO Quem triunfará a Verdade ou a mentira?A espada ou a lança? NININHO

Atrás das Cortinas do Tempo

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16 Pai não se esqueça do punhal. Tempos-lugares diferentes no tempo místico

NO TEATRO DO ESPÍRITO SANTO SÉCULOS DEPOIS

ROMEU

Então, nem as santas, nem os romeiros tem lábios?

JULIETA - Sim, tem, mas são só para rezar.

ROMEU Nesse caso, ó minha santa querida, deixai que meus lábios façam o que as mãos fazem; elas rezam, aceitai a sua súplica para que a minha fé não transfigure em desesperança.

JULIETA

Mas as santas não se mexem, ainda que atendam os rogos que lhes façam. Atrás das Cortinas do Tempo

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A CENA SE MODIFICA PARA CRISTO E MARIA MADALENA

´´ Então fique imóvel, porque eu vou sentir a recompensa da minha prece! Os vossos lábios perdoaram todos os meus pecados. ´´ Neste momento ele a beija. Uma estrela de seis pontas surge no céu.

MADALENA Nesse caso ficaram os meus lábios com todos os pecados...

CRISTO - Sim, ó dulcíssima culpa restitui-me esses pecados... A pega na cintura e a beija outra vez.

MARIA MADALENA Que certo sois em contas de beijos. Coro Só o amor lhes dará força, tempo e ocasião para caírem nos braços um do outro...

Atrás das Cortinas do Tempo

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CRISTO NA CRUZ AGONIZANDO Olhos meus fitai-a pela última vez; Braços meus; abraçai-a para nunca mais. Ó meus lábios, vós que sóis a porta da respiração. Selai com um beijo leal este pacto eterno que a morte me roubou... Ela responde em todos os tempos. Em todas as vidas em todos os lugares: MARIA MADALENA Aos pés da cruz Meu SENHOR.. Escuta meu coração Meu amor Minha oração Atenda as suplicas dos meus lábios!. Ave rosa branca Amem. Então, saiu Maria Madalena do sepulcro anunciando aos discípulos: Eu vi o meu senhor! Eu vi o meu amor! As cortinas dos tempos se fecham! Abrem para novas cenas dos mesmos atos em outros tempos que a mente humana é incapaz ainda de compreender.

Ruy Crespo Filho Atrás das Cortinas do Tempo

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Os Habitantes das Gavetas

Não sei de onde isto apareceu. Não me lembro de ter alguma vez comprado algo semelhante. Um abre-latas em alumínio com um cabo de plástico duro revestido por uma macia película de borracha. Nunca até hoje precisei usar um abre-latas cá em casa, porque haveria de me aparecer agora um no bolso do casaco? Decidi não me chatear mais com o dito cujo e lancei-o, com um certo desprezo, para a gaveta dos talheres. Sim, gaveta dos talheres; o local onde todos eles vivem em perfeita harmonia, livres e sem etiquetas ou nichos próprios embora sempre que precise de algum, a tarefa de o procurar no meio daquela anarquia seja hercúlea. Mas enfim, preocupo-me mais com a sua saúde mental e nesse aspecto nada como viverem ao molho e em constantes promiscuidades. Por vezes vou encontrá-los em posições suspeitas, alguns diria até artísticas, mas nunca se atrapalham e assim que abro a gaveta ficam imóveis como se fossem objectos inanimados. Bem sei que não o são, embora não possa dizer que alguma vez os tenha visto a fazer algo suspeito ou vergonhoso, mas quando a gaveta está fechada bem os oiço num rebuliço tal que por vezes incomodam os habitantes da Os Habitantes das Gavetas

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20 gaveta abaixo, esses sim, um exemplo de bom comportamento. Saltam do estendal directamente para a gaveta, depois de terem sido dobrados em três partes e de novo ao meio. Os panos são seres mais civilizados que os talheres, como tal, necessitam de uma certa ordem no seu cubículo. A ordem não tem nada que enganar: empilhados em cima uns dos outros formando duas filas da altura que a gaveta permite. Esta ordem só obedece a um critério: não juntar panos turcos com panos lisos para evitar conflitos. Sim, porque os panos lisos são muito conflituosos e quando têm algum pano turco por cima, queixam-se logo do calor e do incómodo que o suor lhes causa. Tirando este aspecto, nada há que lhes possa ser apontado; estão sempre bem ordenados, exactamente da forma como os deixei e se fazem alguma coisa quando a gaveta está fechada é problema deles. São muito silenciosos por isso é difícil perceber se há alguma movimentação, e quando voltam à sua posição, se é que alguma vez a abandonam, fazem-no ordenadamente respeitando a ordem anterior. No entanto, quando coloco algum dos talheres em cima de um qualquer pano, estes ficam extremamente irritados, chegando ao cúmulo de se arrepelarem em vários pontos, ficando assim inutilizados para a sua função primária. Nestes casos reutilizo-os como panos de limpeza geral, maioritariamente para limpeza do pó. É nestas funções que eles mostram o quão sensíveis podem ser. Por

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21 vezes, ao contactarem com certos produtos de limpeza, ficam extremamente doentes, adquirindo uma coloração completamente diferente da original, muitos deles perdem mesmo os bonitos desenhos que os ornamentam. Lembro-me que um deles há algum tempo ficou tão manchado que o desenho original, uma menina com um traje campestre a colocar um pote de mel numa prateleira de um móvel, alterou-se completamente e parecia agora que a menina era o próprio mel que entretanto se tinha entornado do frasco. Algumas vezes perduram durante algum tempo com estes sinais cancerígenos que ilustram o seu estado decadente. Admiro-me com o tempo que alguns aguentam tamanha enfermidade.

À gaveta que fica por baixo da dos panos, dou-lhe o nome de gaveta de alta segurança isto porque é lá que estão as Facas, não falo em simples facas de faqueiro mas sim em Facas, as que uso para cortar coisas bem mais duras que um simples bife bem passado ou uma teimosa costeleta de porco. A gaveta das facas funciona como uma autêntica cela prisional: são extremamente perigosas, são desconfiadas, organizam motins complicados de controlar e pior do que tudo isto, são elas quem dita as regras dentro da gaveta. Tenho menos dificuldade em controlá-las quando estão organizadas em pequenos grupos: as facas do peixe, as facas do pão, as facas da

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22 carne e os perigosíssimos cutelos. Os cutelos são os seres mais fortes dentro da gaveta e é mais seguro para eles quando as coisas funcionam em grupos. É que já houve casos em que se juntaram membros das facas do peixe, do pão e da carne e encurralaram um dos cutelos tendo-o deixado muito mal tratado, inclusive já houve baixas nos cutelos. No que me diz respeito, lido melhor com as Facas quando funcionam em grupo, isto porque quando preciso de uma delas e em caso de problemas, só tenho que enfrentar as do seu grupo. Raramente as outras Facas intercedem em meu desfavor; ficam sossegadas e agem como se nada estivesse a acontecer no interior da gaveta. O meu problema é quando elas decidem organizar-se e em vez de quatro grupos pequenos passam a ser um grupo grande, grande e perigoso. Nestas situações é raro entrar na gaveta e não sair de lá com escoriações e por vezes ferimentos que me enviam directamente para a “enfermaria” que tenho no móvel da casa de banho do 1º andar. Só há uma maneira de lidar com as Facas nestas situações: fazendo-me acompanhar do Fuzil, que as retrai mas não as demove, e lançando-lhes um pano bem grosso para cima deixando-as desorientadas. Para tirar a faca que quero do meio das outras enfio a minha luva de talhante, uma luva feita em malha de aço que me rouba toda a destreza manual mas que neste caso me é bastante útil. Mesmo depois de ter conseguido tirar a faca que

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23 pretendo, esta continua violenta e tudo faz para conseguir infligir-me golpes na mão mas, como tenho a luva de malha de aço, ao fim de algum tempo a faca fica estourada e acaba por desistir ficando eu dono e senhor da situação.

Imagino que a esta hora estarão vocês a perguntar: mas porque se incomoda ele com esta gente? A minha maneira de ser não permite que seja insensível a estas questões. Não posso é deixar que estes indivíduos tomem conta da minha vida.

Vicente Fino

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Histórias Poéticas

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NOTA: Texto Escrito em Português do Brasil

ALMAS EM SINCRONICIDADES ME LEVE, MINHA POESIA. ME LEVE, QUERO PARTIR COM VOCÊ. DESTE HORIZONTE TÃO CURTO MOSTRE-ME LUGARES QUE AINDA NÃO PASSEI CRIANÇAS QUE EU NÃO BRINQUEI DE UM VENTRE QUE NÃO COLOQUEI ALMAS EM SINCRONICIDADES FALAM SEM FANTASIAS DOS DESENGANOS DAS PAIXÕES SOFRIDAS E DO AMOR EM SILENCIO... ME LEVE, MINHA POESIA. MOSTRE-ME A MULHERE QUE EU NÃO CONHEÇO MAS SEI QUE ME ESPERA QUE NÃO SE DESESPERA QUE SORRIR DA AMARGURA COM ALEGRIA E QUE NÃO TEM MEDO DO RECOMEÇO

Almas em Sincronicidades

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25 POIS A VIDA A FEZ GUERREIRA EU NÃO QUERO MAIS UM SÓ PENSAMENTO COMO UM INSTANTE QUE PASSA QUERO A SINCRONICIDADE DAS ALMAS PURAS QUE SE REVELAM A LUZ DO LUAR EMBALADAS PELA TERNURA SEM NADA FALAR TRAZEM CONSIGO O CREPÚSCULO DA ETERNIDADE QUALQUER SUBJETIVISMO TURVARÁ A BELEZA DA MINHA OUTRA ALMA PODERÁ MANCHÁ-LA QUALQUER PENSAMENTO ERÓTICO DOS SERES MUNDANOS Ó VEM DE LONGE A VIBRAÇÃO DO SEU CANTO EM PENSAMENTO CORAÇÕES PULSANDO EM HARMONIA NO MESMO MOMENTO SIM... SOMOS ALMAS EM SINCRONICIDADES CANTANDO NO MESMO COMPASSO EM HARMONIA... ME LEVE, MINHA POESIA. GUIA MEUS PASSOS ME LEVE, PARA ONDE FOR.

Almas em Sincronicidades

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26 QUERO ME TRANSFORMAR EM LUZ COM MEU AMOR! ABRA MINHAS ASAS PARA VOAR!

Ruy Crespo Filho

Almas em Sincronicidades

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A Vida

A vida é bela! A vida é loucura! Uns gostam muito dela, Pois acham-na uma doçura!

A vida! É alegria, a vida é emoção! A vida é dor! Uns vivem-na com paixão! Outros com muito amor…

A Vida

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A Vida ĂŠ Natureza Tanto no Homem como no animal Todos temos a certeza Que ninguĂŠm nasce igual. Mena Silva

A Vida

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DESPEDIDA

Estamos sempre de partida Pela vida, por qualquer lugar Fazemos a nossa viagem N達o nos podemos acomodar.

Por cada lugar onde passamos Fazemos novas amizades. As nossas vidas marcamos, Deixamos saudades.

Mas como estamos de passagem E temos de prosseguir Vamos construindo imagens Que nos ajudam a sorrir.

Despedida

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Com elas nos confortamos Quando a vida nos castiga, Quando saudosos acordamos Ou nos recompomos da fadiga.

Por estarmos de passagem N達o podemos amainar E prosseguimos viagem Para a vida granjear.

Ana Maria Teixeira

Despedida

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Mundo Falso

Tudo Cheira a falso Cheira a mentiras por contar Chega a ser um pensamento de uma conclusão “Pois, deve ser assim…”

Então tudo enche-se de vazio E as coisas desfazem-se Na palma das tuas mãos São jogos em vão Sem ninguém ganhar

O momento cheio; O futuro vazio; É o nosso mundo perfeito.

Mundo Falso

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Perfeito de mentiras Perfeito de intenções de enganar Tudo que tocas é nada E até de ti próprio duvidas És o mundo cheio de nadas Que te envolve e sufoca. És a mascara triste de uma felicidade de um conto de fadas À espera de existir.

Marta Sousa

Mundo Falso

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TESTAMENTO VITAL

Mais um ano de existência Que maravilhoso é festejar A nossa bela aparência A nossa linda forma de na vida estar.

Vê cada vinco, cada sinal Na tua cara marcado Como um vocábulo vital Que lá ficou assinalado.

No teu corpo cada ruga É uma prova do teu destemor Do teu sim ou da tua recusa Da tua forma de entrega ao amor.

Testamento Vital

Escrita Criativa


34 Não tenhas medo de envelhecer Porque é lindo é a prova exclusiva De que continuas a escrever Nas paginas da vida, a tua vida!

Ana Maria Teixeira

Testamento Vital

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Céu Azul

Viajo pelos céus Perdidos em Horizontes De terras longínquas Num “quase lá” Que nunca mais chega.

Um entender do braço Para o céu E nunca agarrar o seu azul.

Perco-me em sombras de memória Sem que seja presente Apenas passam segundos, tempos, E as únicas coisas que passam rápido São o passado e o futuro

Céu Azul

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36 Em mãos que se entrelaçam E sorrisos partilhados O resto é o Céu Azul. Demasiado longe, Para ficar alegre. Demasiado perto, Para chorar. Só fica o esperar.

Marta Sousa

Céu Azul

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NÓS E ELES

Festejam-nos o dia Dão-nos prendas que parecem cair do céu por magia Eles são os filhos, nós os pais A eles nós queremos escutar todos os ais....

Mas se com tanta magia Nos festejam o dia Dizendo coisas encantadoras Com a mesma se fecham nas suas conchas aterradoras...

Quando pensamos que já nada nos querem ocultar Pois já lhes demos asas para nos consultar Surge algo para o nosso coração quebrar Para o nosso pensamento ofuscar.

Nós e Eles

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Quebrada a confiança conquistada Questionamo-nos sobre o método utilizado Será que são eles que são obstinados Ou o nosso método está errado!

Ana Maria Teixeira

Nós e Eles

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Futuro O sono se foi As horas ficaram Perdidas na escuridão À procura de um futuro Que seja descoberto, Ou se tudo der errado, Perdido.

Quantos caminhos tem o futuro? Quantos significados tem uma palavra? Quantas verdades ilusórias cabem nela? Onde cabe a humildade? Onde se perde a essência?

Marta Sousa

Futuro

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OLIMPO Ainda há poucos meses Sobre o amor falei. É um tema que mil vezes Durante a vida repetirei.

Hoje é um dia muito especial Para do amor voltar a escrever Pois o amor é a essência vital Para uma vida a dois viver.

Há 25 anos que és o meu gladiador Na arena da vida pelejando Para merecer a minha confiança e o meu amor!

Eu sou a deusa que á tua vida dá beleza E contigo vou batalhando Para manter a nossa chama acesa!

Ana Maria Teixeira

Olimpo

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Críticas ou Sátiras

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Arte

O que é a arte para si?

O que para si é uma escultura, uma música, um poema ou uma pintura?

O que procura nelas?

Como diferenciar um simples desenho com uma obra de arte?

Para mim, é simples, a arte é a forma das pessoas transmitirem sentimentos. Não importa que tipo de sentimentos, o importante é senti-los a cada peça de arte que se faz. Transmitir sentimentos não é fácil nem é único. Os sentimentos não são contas matemáticas e não se conseguem transmitir como algo concreto. Por isso quando alguém pinta a dor, outro alguém pode ver amor. Não importa a arte é a mesma. A Arte

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42 A arte é fazer algo que toque nos nossos sentimentos. Algo que nos faça sentir. Por isso, não admito que a arte seja para os cultos, os letrados, ou como se costuma dizer “Para quem sabe”. Eu diria que é para quem sente. Se a arte fosse para quem “sabe”era uma conta matemática ou a descrição de um átomo. A arte é muito mais que isso, é bela em todas as suas formas, porque é de todos!

Sofia Rosa

A Arte

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Regras para Trabalhos Enviados

- A Escrita Criativa não se responsabiliza pelo conteúdo que é publicado a responsabilidade é única e exclusivamente dos seus autores. - A Escrita Criativa publica os trabalhos dos autores tendo como o limite a capacidade da revista, caso haja demasiados trabalhos enviados alguns poderão não ser publicados ou poderão ser publicados no número seguinte. - O limite de tamanho dos trabalhos recebidos é de vinte páginas A5 com letra a tamanho 11, se os trabalhos não respeitarem estas indicações poderão não ser aceites. - A Escrita Criativa não aceita trabalhos com conteúdo sexual explícito. - Por norma só será publicado um trabalho por pessoa em cada número, podendo haver excepções por falta de trabalhos. - A Escrita Criativa não corrige erros ortográficos nem faz alterações às obras enviadas, se for enviado algum trabalho com erros ortográficos poderá ser enviado de volta para correcção ou não ser aceite. A Escrita Criativa só aceita trabalhos escritos em português.

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