A SOCIALIZAÇÃO DA CRIANÇA NO CONTEXTO ESCOLAR - Cristiane Antonioli

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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS UNIDADE ACADÊMICA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL

CRISTIANE ANTONIOLI

A SOCIALIZAÇÃO DA CRIANÇA NO CONTEXTO ESCOLAR

São Leopoldo 2010


CRISTIANE ANTONIOLI

A SOCIALIZAÇÃO DA CRIANÇA NO CONTEXTO ESCOLAR

Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Educação Infantil, pelo Curso de Especialização em Educação Infantil da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Orientador: Prof. Dr. Euclides Redin

São Leopoldo 2010


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 4 2 PROCESSOS DE SOCIALIZAÇÃO................................................................ 5 2.1 ALGUNS COMENTÁRIOS DA TEORIA BEHAVIORISTA........................................... 5 2.2 MODELO PSICODINÂMICO.............................................................................. 6 2.3 TEORIA SÓCIO-CULTURAL ............................................................................. 6 3 LINGUAGEM E SOCIALIZAÇÃO ................................................................... 8 3.1 SOCIALIZAÇÃO ............................................................................................. 8 3.2 LINGUAGEM ................................................................................................. 9 4 SOCIALIZAÇÃO DA LINGUAGEM NA ESCOLA ........................................ 11 4.1 EXPLORAÇÃO DO AMBIENTE SALA DE AULA ................................................... 12 4.2 LINGUAGEM ORAL ...................................................................................... 13 4.3 DESAFIOS CORPORAIS ................................................................................ 13 4.4 IDENTIDADE E AUTONOMIA .......................................................................... 14 4.5 LINGUAGENS PLÁSTICAS ............................................................................. 14 4.6 LINGUAGEM MUSICAL ................................................................................. 15 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 17 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 19


1 INTRODUÇÃO

Para a criança, a aquisição da linguagem é um processo integrado, um processo de socialização. A escola é muito importante, é o meio onde a criança adota uma postura e um comportamento quanto a sua cultura. Esse processo se dá no momento em que o bebê encontra-se na barriga da mãe. O desenvolvimento da linguagem se dará pela diversificação social e cultural do meio em que a criança está inserida. Essas diferenças só são visíveis em determinados contextos de socialização, que será vivenciada. De acordo com os ambientes em que a criança se encontra, tais como, casa, escola e o mundo em geral, fazem com que as crianças passem por pequenas experiências de socialização. Este trabalho explorará a importância do contexto escolar na socialização das crianças em idade escolar. O papel fundamental que o educador exerce, e o quanto um bom planejamento é capaz de desenvolver a socialização das crianças. Através de teorias e métodos de grandes pesquisadores será possível observar os pontos culminantes para o bom aproveitamento das pontecialidades individuais de cada criança como um individuo único que ela é; e mostrar que toda e qualquer atividade é capaz de atingir tal objetivo de forma natural.


2 PROCESSOS DE SOCIALIZAÇÃO

2.1 ALGUNS COMENTÁRIOS DA TEORIA BEHAVIORISTA O behaviorismo originou-se perto da segunda década do século XX. Esta escola comportamentalista acredita que o ser humano é semelhante à uma máquina, cujo comportamento pode ser previsto e controlado. O comportamentalismo sob certo aspecto remonta ao espírito mecanicista que viajou entre séculos, cuja doutrina afirmava que todos os processos naturais são mecanicamente determinados e podem ser explicados pelas leis da física, ou seja, que os mesmos métodos experimentais, que tinham alcançado tanto sucesso no estudo dos segredos do universo físico, podiam ser aplicados à pesquisa do comportamento humano. E era exatamente neste foco de abrangência que se baseavam os comportamentalistas. Eles queriam resultados práticos e objetivos, e não há melhor praticidade do que comparar o homem as máquinas. Rejeitavam, então, todo tipo de conceito mentalista, como mente e consciência. Para os behavioristas a consciência nunca foi sentida, e por isso era muito improvável sua existência. Por conseguinte, eles rejeitavam a introspecção, pois através desta chagava-se a dados colhidos subjetivamente. Buscavam em contraponto a objetividade através dos aspectos do estímulo e resposta no comportamento. Ou seja, dá-se um estímulo e recebe-se uma resposta. Repete-se o estimulo e recebe-se a mesma resposta, chegando-se ao que tanto se desejava a previsibilidade de atos humanos. A teoria behaviorista representa a expressão, onde o objeto de estudo é o comportamento explícito. Percebendo o sujeito como passível em relação ao meio e condicionável a estímulos. O professor é a figura central e o aluno passivo. O estudo de Skinner, 1957; é uma tentativa de interpretar os eventos materiais envolvendo relação entre comportamento e ambiente.


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"... um organismo comporta-se de determinado modo por causa de sua estrutura corrente, mas a maior parte disto está fora do alcance da introspecção. No momento devemos contentar-nos... com as histórias genética e ambiental da pessoa. O que é intropectivamente observado são certos produtos colaterais dessas histórias" (Skinner, 1974, p. 17).

2.2 MODELO PSICODINÂMICO Para contrapor a teoria behaviorista, o modelo psicodinâmico da socialização enfatiza o conflito. Esse modelo consiste em estabelecer relações mostradas por um sujeito até os sinais dados do inconsciente. Freud buscou quebrar com seu método os vínculos ao nos comunicarmos uns com os outros, e perceber aquilo que se diz nas entrelinhas. O modelo psicodinâmico veio para romper os vínculos e mostrar o conflito entre os impulsos humanos e as regras que regem a sociedade. Nossas necessidades vêm a tona disfarçadas de várias maneiras e provando que muitas vezes não temos consciência de nossos desejos, que muitas vezes estão reprimidas. O inconsciente passa a ser o objeto de pesquisa. É neste modelo que se dá importância a primeira infância e nos mostra o valor entre as relações afetivas entre educador, família, escola e estado. A socialização se dará num espaço de vínculos fortemente afetivos. 2.3 TEORIA SÓCIO-CULTURAL A psicologia sócio-cultural analisa e discute a relação entre aprendizagem e desenvolvimento. Para essa teoria a socialização começa com o nascimento do sujeito e sua interação com o meio social. O desenvolvimento do homem é através das interações estabelecidas com o mundo e seus semelhantes. Para Vigostky a linguagem é ferramenta fundamental para a formação do meio social de uma criança. A teoria sócio-cultural tem como ponto de partida a teoria de Piaget, na qual vai se apoiando a discussão, ressaltando fatores que lhe serviram de análise. A linguagem foge dos domínios da ciência natural e passa a construir-se em problema da psicologia social. “O pensamento se processa por uma gradual socialização dos estrados mentais” (Vigotsky,1979, p.33).


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Para Vigotsky o aparecimento do pensamento social vem primeiro do egocêntrico, e este representa o pensar de si para si. A criança toma consciência das diferenças mais cedo do que das semelhanças. Vigotsky compartilha, assumidamente, com Freud, da assertiva que a criança, em seus primeiros meses de vida, é um ser a-social e estritamente orgânico, excluído do mundo externo e limitado às próprias funções fisiológicas. Os limites entre a realidade e a fantasia durante a primeira infância é destacado por Vigotsky, mesmo obedecendo a uma lógica primitiva. Podendo constatar que o teórico estabelece uma hierarquia valorativa entre o pensamento infantil/primitivo e o adulto/moderno. Do ponto de vista de Vigotsky, o que caracteriza o pensamento infantil é a aglutinação dos elementos que percebe. Fazendo referência a Piaget, Vigotsky nos fala de uma falta de rigor nas leis reguladoras e de estabelecimento de relações ordenadas, justificando que a criança não conhece a categoria da causalidade, sendo a categoria do interesse mais familiar. A partir deste raciocínio, observa-se no pensar infantil um emparelhamento de impressões singulares. A criança na primeira infância, já é capaz de estabelecer diferenças e relações entre causas e efeitos, sobretudo se ela já se encontra em ambiente pré-escolar. Vigotsky afirma que “o pensamento relacional é produto de um alto grau de desenvolvimento cultural” (p157). A representação da criança pode agir sobre outra independente da distância, do tempo e da total falta de relação. Esta é a positividade do pensamento e da fantasia infantil, território de transformação de experiências individuais, familiares e culturais. Vigotsky fala de um pensamento mágico, capaz de correlacionar eventos ou estímulos contemporâneos. A partir desta ótica, a criança será inserida no mundo social a partir de uma passagem caracterizada pela inibição das funções primitivas e elaboração de formas complexas de adaptação. Tomaria lugar a superação: “inserindo-se no seu ambiente, a criança inicia logo a se transformar e a mudar: isto acontece muito cedo porque a situação cultural já pronta cria nela determinadas formas de adaptação que a muito foram criadas pelos adultos que a rodeiam” (p. 168).


3 LINGUAGEM E SOCIALIZAÇÃO

3.1 SOCIALIZAÇÃO A socialização é um processo interativo, necessário para o desenvolvimento, através do qual a criança satisfaz suas necessidades e assimila a cultura ao mesmo tempo em que reciprocamente, a sociedade se perpetua e desenvolve. Este processo inicia-se como o nascimento e, embora sujeito a mudanças, permanece ao longo de todo ciclo vital. No decorrer das últimas décadas, vem se observando uma mudança significativa no processo de socialização infantil, levando-se em conta fatores como o avanço da tecnologia nos meios de comunicação, o crescimento acentuado de informações disponíveis, as novas configurações familiares, etc. dentro deste contexto, a escola exerce um papel importante na consolidação do processo de socialização, processo esse que ocorre já no início da vida da criança. A escola será determinante para o desenvolvimento cognitivo e social infantil e, portanto, para o curso posterior da sua vida. É na escola que se constrói parte de identidade de ser e pertencer ao mundo; nela adquirem-se os modelos depositam-se as expectativas, bem como as dúvidas, inseguranças e perspectivas em relação ao futuro e às próprias potencialidades. A criança, quando nasce, já é membro de um grupo social, pois suas necessidades básicas estão inevitavelmente ligadas às outras pessoas e estão programadas para serem satisfeitas em sociedade. O grupo social onde a criança nasce necessita também da incorporação desta para manter-se e sobreviver e, por isso, além de satisfazer suas necessidades transmite-lhe a cultura acumulada ao longo de todo o curso do desenvolvimento da espécie. Esta transmissão cultural envolve valores, normas, costumes, atribuições de papéis, aquisição da linguagem, habilidades e


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conteúdos escolares, bem como tudo aquilo que cada grupo social foi acumulando ao longo da história e que é realizado através de determinados agentes sociais, que são encarregados de satisfazer as necessidades da criança e incorporá-la ao gruo social. Entre esses agentes sociais estão os pais, os meios de comunicação, a escola e o professor. Assim, o processo de socialização é uma interação entre criança e meio. Esta interação e seu resultado dependem das características da própria criança e da forma de agir dos agentes sociais. A socialização é possível a partir da compreensão do mundo da criança, das experiências vividas, ocorrendo à necessária interiorização das regras afirmadas pela sociedade. Nesse início de vida a família e a escola serão os mediadores primordiais, apresentando/significando o mundo social. As peculiaridades estarão determinando as diferenças pessoais, pois esse processo não é simplesmente ensinado: a criança mostra-se um parceiro ativo, podendo procurar novas informações em outros lugares. Deste modo, as atitudes e comportamentos sociais não serão obrigatoriamente cópias fiéis das atitudes e comportamentos de seus mediadores. Dizer isto não significa, porém, diminuir o papel dos mediadores, nem desconsiderar o fato de as crianças se identificarem com os seus familiares: pais, irmãos mais velhos e outros adultos. Elas podem, inconscientemente, copiar a conduta do adulto como elas vêem o adulto atuando à sua volta. Assim, esse processo na primeira infância implica conhecer as atitudes e os comportamentos dos familiares, adultos e jovens, mas também ao conjunto de normas, regras e crenças praticados e valorizados pelo grupo, que possibilitarão a sua introdução na sociedade. Como afirma GOMES (1990), haveria uma: "(...) imperiosidade de analisar os três ângulos da questão: o mundo social imediato a ser interiorizado pela criança; a família que, além de ser mediadora, tem especificidades que a distinguem de qualquer outra; a criança que, sujeito da aprendizagem social, interiorizará o mundo mediado a partir de suas próprias idiossincrasias e de maneira singular e solitária” (GOMES, 1990, p. 59).

3.2 LINGUAGEM A linguagem tem importante papel, é ela a primeira forma de socialização da criança. E são os pais que na maioria das vezes exercem esse papel, através de orientações verbais, como histórias que muitas vezes expressam valores culturais. Antes mesmo que a criança aprende a falar, ela já vivencia valores, crenças e regras. Ao desenvolver sua linguagem a criança alcança um nível lingüístico e cogni-


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tivo mais elevado, aumentando seu campo de socialização e ao entrar a escola ela passa a ter mais oportunidades de interagir com outras crianças e culturas, grandes autores trazem o quanto é importante a criança se envolver em novas experiências sociais bem cedo, pois terá benefícios futuros. A linguagem é estudada pela pragmática desde a década de 70, e desde então passou a ser analisado o ato da fala, no contexto social e cultural no qual é usada. A partir do contexto é possível compartilhar a fala sem necessariamente verbalizar a intenção do indivíduo. A criança adquire a linguagem com a interação dos aspectos biológicos com os processos sociais. A relação criança e adulto é fundamental para o desenvolvimento das habilidades da fala. Segundo Borges e Salomão, os estudiosos da interação social voltaram seus estudos para a fala materna apresentada as crianças. Para eles os pais apresentam uma forma diferenciada para falar s seus filhos, esta diferente na fala com adultos. Na grande maioria uma fala simples, repetitiva, gramaticalmente e semanticamente ajustada para a compreensão e interesse da criança. Essa fala dirigida na primeira infância é conhecida como “motherese”, por ser relacionada a fala da mãe e exercer uma interação social, a qual desenvolve as habilidades cognitivas e sociais, que são incorporadas ao próprio modelo de produção da fala da criança. Para Vigotsky essa interação que excede o nível de desenvolvimento real da criança, acaba por aproximar-se de seu nível potencial, ajudando-a a avançar de um nível para outro. Esse processo irá constituir de forma dinâmica as contribuições do adulto, podendo alterar conforme o progresso na compreensão e entendimento da criança.


4 SOCIALIZAÇÃO DA LINGUAGEM NA ESCOLA

Não se concebe um desenvolvimento proporcionado exclusivamente pela educação formal, como também não se entende esse desenvolvimento sendo realizado unicamente pelo grupo familiar. Afinal, juntas, escola e família são responsáveis pela formação do indivíduo. Não se pode valorizar a escola em oposição à educação familiar e vice-versa. Em ambos espaços, o contato com outras crianças de mesma idade, com outros adultos não pertencentes ao grupo familiar, com outros objetos de conhecimento vai possibilitar outros modos de leitura do mundo. Toda essa nova experiência pode ser muito positiva para o desenvolvimento da criança. As instituições de Educação Infantil organizam e formalizam uma aprendizagem que já se iniciou na família e que vai ter continuidade nas suas experiências com a sociedade. Assim, não só a família se torna responsável pela aprendizagem da vida social, embora represente, inicialmente, o elo mais forte que liga a criança ao mundo. "Ao final do processo de socialização a criança não só domina o mundo social circundante, como já incorporou os papéis sociais básicos - seus e de outros, presentes e futuros mas, acima de tudo, já adquiriu as características fundamentais de sua personalidade e identidade" (GOMES, 1990, p.60). A escola é mais do que uma estrutura física na qual a pessoa recebe informações (visuais, táteis, térmicas, auditivas e/ou olfativas-gustativas), este ambiente é um atuante continuamente presente na vivência humana. Como já dito por diversos pesquisadores esse espaço de interação é fundamental para o desenvolvimento social da criança e é a partir de atividades simples como alimentar-se e vestir-se, até atividades complexas, como contar uma história. É nesse meio que, ao estender a mão em busca do objeto, ela [a criança] adquire a noção de distância; é nele que a mãe aparece e desaparece, desligada do seu corpo; é ainda nele que exercita o seu domínio, equilibra-se, caminha e corre. (...) É num espaço físico que a criança estabelece a relação com o mundo e com as pessoas (Lima, 1989, p. 13).


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A escola por ser um dos agentes sociais que tem o importante papel de satisfazer as necessidades da criança e torná-la parte de um grupo, e construir seu próprio conhecimento, a partir das interações com outros indivíduos e com o mundo em sua volta. Pensando nisso, a escola infantil deva oferecer experiências de aprendizagens para o desenvolvimento da criança, levando em conta seu momento e suas dificuldades, tornando a escola um ambiente cheio de conquistas e realizações, para o desenvolvimento sociolingüístico da criança. 4.1 EXPLORAÇÃO DO AMBIENTE SALA DE AULA O espaço, sala de aula, é um elemento essencial que oferece a qualidade e os cuidados que formam a base didática da escola. É possível perceber o relacionamento entre crianças e os adultos que passam determinado tempo interagindo neste espaço. Através do brincar a criança explora o mundo e percebe o ambiente em que está. BERÇÁRIO – Ao propor brincadeiras diárias de esconder; encaixar peças; construir pistas; experimentar as propriedades dos objetos: quais rodam e quais não, quais flutuam e quais não, quais são duros e quais são moles; jogar bola; cirandar; imitar gestos motores e vocais dos companheiros.

MINIGRUPO - Brincar todos os dias é fundamental. Organizar cirandas e brincadeiras de roda; brincadeiras de esconde-esconde; pega-pega; jogos com bola; faz de conta com uso de fantasias, marionetes e reprodução dos fazeres adultos. Promovem o exercício da fala e histórias de si ou sobre o mundo em geral.

O descobrir é desafiador, é através de novas brincadeiras, de exploração de novos cantinhos, onde a criança confronte suas dificuldades. Provocar a criança, fazer com que se sinta membro deste ambiente, parte da interação social. A exploração do ambiente sala de aula ajuda a perceber o novo meio e as novas regras para a sua interação social e verbal.


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4.2 LINGUAGEM ORAL É na educação infantil que construímos sujeitos falantes, e é onde a linguagem é trabalhada de forma contextualizada, por meio de brincadeiras, cantigas de roda... A fala é o principal instrumento para nossa comunicação. Deve ser diariamente trabalhada.

BERÇÁRIO e MINIGRUPO - Um contexto rico de interações estimula a criança a expressar seus desejos, sentimentos e necessidades por meio dos gestos, balbucios e das situações coletivas de comunicação. Organizar rodas de conversa e atividades de observação e conte histórias. Deixar, também, que as crianças imitem os colegas e aprendam a organizar instruções para as próprias brincadeiras, seguindo receitas e regras.

Proporcionar um ambiente contextualizado ajuda a criança a adquirir os aspectos básicos da competência comunicativa. A criança exercita sua habilidade de se expressar e responder aos outros em sua volta, avaliando seu desempenho social. 4.3 DESAFIOS CORPORAIS Assim como a fala, a criança deve praticar seus movimentos, o estímulo através rolar, sentar, engatinhar, andar, correr, saltar, segurar objetos e arremessá-los, manipulá-los e encaixá-los. Esse é um momento onde o professor deve orientar e não controlar, a criança deve se sentir livre e explorar seus limites.

BERÇÁRIO - Estimular que os pequenos explorem diferentes espaços através de diversos movimentos, como engatinhar, sentar, manipular objetos, arrastar-se, rolar (circuito de obstáculos: túneis, passar por baixo de..., pneus etc.). A partir da conquista da marcha, as crianças podem aprender a correr, saltar, pular, subir e descer com maior autonomia. Quando a destreza física é valorizada aprimoramos a agilidade verbal.


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MINIGRUPO Propiciar a exploração dos desafios oferecidos pelo espaço por meio da coordenação entre movimentos simultâneos. Ofereça, também, orientação corporal com relação às noções de frente, trás, em cima, embaixo, dentro e fora.

O adulto é visto como um modelo para fomentar ou modelar a linguagem falada. Ao orientar o professor serve de modelo e instrumento que vai provocar as comunicações. Quando valorizada a destreza física, estamos estimulando o aprimoramento e a agilidade verbal. 4.4 IDENTIDADE E AUTONOMIA Na escola as crianças aprendem hábitos tais como vestir-se, pentear-se, alimentar-se e fazer sua higiene. Esses momentos têm um importante papel para estimular a autonomia. E também é quando a criança percebe as diferenças entre as pessoas, construindo sua identidade de acordo com as regras de sociabilidade.

BERÇÁRIO e MINIGRUPO Organizar jogos interativos com adultos e crianças; faça com que os pequenos se familiarizem com a própria imagem corporal; estimule a comunicação com diferentes parceiros; ensine a apropriação de regras de convívio social e de hábitos de autocuidado; dialogue para ajudar as crianças a solucionar dúvidas e conflitos e para que reconheçam e respeitem as características físicas e culturais dos colegas.

As crianças monitoram e fazem juízos sofisticados sobre seu próprio desempenho lingüístico e dos outros. Perceber sua identidade e as de outras crianças, propiciam uma autonomia, garantindo um processo de partilha, agindo como agentes socializadores uns dos outros. 4.5 LINGUAGENS PLÁSTICAS A criança naturalmente é curiosa, e não devemos perder esse momento para desafiá-las a descobrir o mundo das formas, das cores, dos gestos e sons. Tornando seres mais abertos a desafios expressivos, as artes.


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BERÇÁRIO - Propiciar o acesso a diferentes manifestações do campo visual – desenho, pintura, fotografia - e estimular o reconhecimento e a exploração das primeiras marcas gráficas. MINIGRUPO Na educação infantil a criança forma um repertório de imagens de referência. Por isso, propor diversas experimentações artísticas com melecas, tintas e misturas, valorize as garatujas e faça com que os pequenos reconheçam os próprios desenhos e explorem as relações de espacialidade.

As crianças também se socializam de forma indireta, é por meio da linguagem plástica que a criança procura experimenta, descobre e vai tomando consciência do seu próprio eu. Peça fundamental, a linguagem plástica representa uma excepcional contribuição para que as crianças dêem curso às suas diversas formas de linguagem, com um sensível enriquecimento no processo de comunicação e expressão social. 4.6 LINGUAGEM MUSICAL O papel da música na escola é de fundamental importância, pois é através da música que a criança pode desenvolver diversos elementos para a formação de seu sujeito, tais como a linguagens: oral, corporal e artística. O educador é fundamental para ampliar o repertório de seus alunos e desafiá-los. BERÇÁRIO - Valorizar os momentos de percepção e de reação aos sons ambientes, o reconhecimento de vozes familiares e de músicas favoritas pelo movimento corporal, a produção de sons ao bater, sacudir ou chacoalhar objetos, assim como a utilização do corpo e da própria voz. MINIGRUPO - Propor desafios de canto – individuais ou em grupo –; jogos e brincadeiras musicais. Relacionar a música com a expressão corporal e a dança e ensinar às crianças como identificar silêncios, pausas, sons da natureza, da cultura e passagens sonoras. Estimular, também, a escolher suas canções favoritas.


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Podemos conceituar a Música como toda "sinfonia sonora" que nos cerca, agradável ou não. A linguagem musical leva a criança a ter alegria e um grande prazer, pois as atividades têm um caráter lúdico, de jogo, de brinquedo. A música por si só é um instrumento valioso para a aprendizagem e de socialização, cria um ambiente, com novas regras, aprimorando o vocabulário de forma direta e contextualizada.


5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A socialização é um processo interativo, necessário para o desenvolvimento da criança, satisfazendo suas necessidades e assimilando a cultura ao mesmo tempo em que, reciprocamente, a sociedade aumenta e desenvolve. Este processo inicia-se desde bebê e, embora sujeito a mudanças, permanece em um ambiente que evolui a cada minuto. Nos últimos tempos, vem se observando uma mudança significativa no processo de socialização infantil. A escola é determinante para o desenvolvimento cognitivo e social infantil. Na escola se constrói parte da identidade de ser e pertencer ao mundo; nela se adquirem os modelos de aprendizagens, a aquisição dos princípios éticos e morais que permeiam a sociedade. Na escola depositam-se as expectativas, bem como as dúvidas, inseguranças e perspectivas em relação ao futuro às suas próprias potencialidades. É importante mencionar ainda que existem variações no contexto sociocultural em que os indivíduos vivem. A variação entre contextos é marcada pelos diferentes modelos de uso da linguagem que o meio social oferece. Estes modelos são apresentados segundo os modos de vida e os tipos de interações típicas do meio social dos indivíduos, ou seja, correspondem a seus hábitos e necessidades adaptativas. A teoria da interação social busca romper o dualismo natureza versus ambiente que prevaleceu por tanto tempo nas explicações sobre a aquisição da linguagem. Os pressupostos dessa teoria contribuem para uma análise do conhecimento acerca do contexto sociocultural em que o indivíduo está inserido, permitindo uma articulação deste com as características individuais do adulto e da criança, orientado por um modelo bidirecional, através do qual se evidenciam a reciprocidade e a adaptação mútua entre o adulto e a criança.


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A escola tem um importante papel enquanto espaço socializador da criança. É fundamental na promoção do conhecimento social, no grande desenvolvimento das capacidades cognitivas, na compreensão que as crianças têm do mundo social e suas particularidades. Compreender a forma que a escola contribui para a socialização, levando em conta os valores éticos e morais bem como a construção da identidade e a capacidade de relacionar-se e interagir. Educar não é só um processo de ensino-aprendizagem, é um processo de construir indivíduos críticos, socializados, com conhecimento pleno daquilo que é importante ser, enquanto indivíduo, e daquilo que o mundo espera de si, plenamente integradas no espaço em que estão inseridas.


REFERÊNCIAS

BORGES, Lucivanda Cavalcante; SALOMÃO, Nádia Maria Ribeiro. Aquisição da Linguagem: Considerações da Perspectiva da Interação Social. Psicologia: Reflexão e Crítica, 2003, 16(2), pp. 327-336. EDWARDS, Carolyn. As cem linguagens da criança : a abordagem de Reggio Emilia na educação da primeira infância. Porto Alegre : Artmed, 1999. FLETCHER, Paul. Compêndio da linguagem da criança. Porto Alegre : Artes Médicas, 1997. LIMA, M. M. S. A cidade e a criança. São Paulo: Nobel. 1989. REDIN, Euclides; MÜLLER, Fernanda; REDIN, Marita Martins (Org.). Infâncias: cidades e escolas amigas das crianças. Porto Alegre: Mediação, 2007. SILVA, Regina Carrancho da; Psicologia e Educação, Forum Crítico da Educação – Revista do ISEP – v. 2 – n. 2, abril/2004. VYGOTSKY, Lev Semenovich. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. 10. ed. São Paulo : Ícone, c2006.


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