LUIS GUSTAVO RAMOS DOS SANTOS - ESPAÇO PRA QUE TE QUERO?

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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS UNIDADE ACADÊMICA DE PÓS-GRADUAÇÃO – CIÊNCIAS HUMANAS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL

LUIS GUSTAVO RAMOS DOS SANTOS

ESPAÇO PRA QUE TE QUERO?

São Leopoldo 2010


LUIS GUSTAVO RAMOS DOS SANTOS

ESPAÇO PRA QUE TE QUERO?

Monografia apresentada à Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos como requisito para obtenção do título de Especialista em Educação Infantil.

Orientador: Prof. Dr. Euclides Redin

São Leopoldo 2010


Dedico com todo carinho à minha mãe, incansável incentivadora, que se fez presente nos melhores e piores momentos, responsável pelo homem que sou.


AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, o grande arquiteto do universo, que tem traçado caminhos em minha vida pelos quais eu jamais pensei caminhar, por afastar os perigos e por me dar força para continuar na eterna busca pelo conhecimento. À minha amada mãe, que com muita fibra, garra, inteligência, determinação entre tantas outras qualidades que tem, me criou para ser forte e vencer. És o meu porto seguro, e serei eternamente grato por isso, apesar de nem sempre demonstrar. Te amo minha “véia” e saiba que és uma das poucas pessoas pelas quais eu daria minha vida. Ao meu irmão e padrinho, por ter transmitido serenidade nos momentos turbulentos, por ser meu maior sócio e por ser sempre tão afável, alguém que me inspira a querer ser um homem melhor. À minha querida irmã, pela compreensão, pelo apoio irrestrito quando mais precisei, pelo ombro amigo, por ter me permitido ser teu co-piloto e principalmente por ter me dado os meus maiores orgulhos, minhas maiores paixões: Ana Carolina e Luiz Henrique, afilhados que não têm noção do quão importante são para mim. À minha namorada, Claudete Weber, pelo apoio incondicional, por acreditar em mim quando nem eu mesmo acreditei, pela paciência, pelo carinho, pelo colo, pelo beijo, pelo amor, por tudo que és. Te amo muito, sempre, pra sempre. Aos meus cunhados, Rogério e Rosane, por fazerem meus irmãos felizes e por fazerem parte da história dessa família. Ao meu orientador Professor Doutor Euclides Redin, pela paciência, pelo conhecimento transmitido, por ser essa pessoa amável, simples e humilde, e principalmente por amar o que faz e por isso o fazer tão perfeitamente. Sinto-me orgulhoso em dizer que sou seu aluno.


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A todos os professores que me conduziram nesta jornada, por ter acreditado em meu potencial como educador. Aos meus superiores que acreditaram em mim e que contribuíram para que este trabalho se tornasse possível. À equipe da SEMEC de Ivoti, aos professores e funcionários da E.M.E.I. Pedacinho do Céu e à Cia de Dança Raízes da Paz que, mais do que colegas de trabalho, foram amigos e que contribuíram imensamente para minha formação enquanto educador, o meu muito obrigado a todos. Aos meus tão queridos alunos, que confiam em mim a cada dia, a cada nova proposta, e aos pais que me confiam seus bens mais preciosos, fazendo de mim um profissional plenamente realizado por permitir que eu faça o que mais amo nesse mundo, ensinar. Enfim, aos meus amigos e a todos que foram compreensivos quando estive ausente, quando não fui paciente, quando não pude dar atenção, quando me fechei e não falei o que sentia a fim de poupá-los, mas que entendem que sem sofrimento não há mudança e que tudo valeu a pena, pois o dia de colher os louros da vitória está próximo e espero que estejam comigo para comemorar esta e tantas outras vitórias que ainda estão por vir.

Luis Gustavo


“Podemos escolher o que semear, mas somos obrigados a colher aquilo de plantamos” Provérbio Chinês


RESUMO

O objetivo desta monografia foi refletir a respeito do espaço físico escolar na educação infantil, sobre como ele se constitui e como vem sendo utilizado, além de realizar uma análise da influência do ato de brincar no desenvolvimento geral da criança, da função do professor enquanto mediador da relação criança-espaço, e das proposições feitas pelo Estado e estudiosos a respeito do assunto. Foi possível perceber que existe um consenso geral quando se fala sobre como deve ser a infraestrutura escolar e sobre como esses espaços podem ser utilizados, ainda que a teoria não seja um retrato fiel da realidade encontrada na maior parte das Instituições de Educação Infantil. Pode-se dizer que muito já se foi feito, mas ainda há muito por fazer. Essa questão deve sempre estar em pauta, uma vez que se faz necessária a constante discussão do assunto a fim de ouvir os envolvidos procurando sempre promover melhorias e a evolução da educação infantil no país. Palavras Chave: Educação Infantil. Infra-estrutura escolar. Espaços de recreação.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Crianças desenhistas .......................................................................... 13 Figura 2: A jaula

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Figura 3: O difícil caminho da autonomia

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Figura 4: [Arteiros] ............................................................................................... 17 Figura 5: [Tudo é sujo]

.................................................................................... 18

Figura 6: [Desejo] ............................................................................................... 20 Figura 7: O conselho de crianças

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO

.............................................................................................. 9

2 ONDE BRINCAR? COMO O ESPAÇO É TRATADO 3 O ESPAÇO HOJE

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4 O QUE PODE SER FEITO

.......................................................................... 19

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

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REFERÊNCIAS

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1 INTRODUÇÃO

Por ter no brincar a ferramenta fundamental para o desenvolvimento infantil, este estudo se propõe a realizar reflexões no que diz respeito ao espaço físico escolar, fora da “sala de aula”, disponibilizado para esta tão importante etapa da vida.

O brincar, de acordo com Piers e Landau (1980, p. 43 apud Moyles, 2002, p. 21), “desenvolve a criatividade, a competência intelectual, a força e a estabilidade emocionais, e... sentimentos de alegria e prazer: o hábito de ser feliz”. É nesse sentido que acredito no brincar enquanto ferramenta pedagógica, em criar não apenas momentos, mas esse “hábito de ser feliz”, não do brincar pelo brincar, mas pela possibilidade de aprendizado inerente a ele e que pode ser levada para a vida adulta.

O caráter lúdico presente no brincar torna-o capaz de fazer simples e divertida uma tarefa muitas vezes complicada e aparentemente chata, isso permite, a meu ver, criar em cada ser humano a possibilidade da adaptabilidade e da confiança. E como afirma Loizos (1969, p. 275 apud Moyles, 2002, p. 14), “longe de ser uma atividade supérflua, para “o tempo livre”... o brincar, em certos estágios cruciais, pode ser necessário para a ocorrência e o sucesso de toda a atividade social posterior”.

Porém para que o brincar seja reconhecido e que lhe seja dada a devida importância, duas coisas são fundamentais: a aceitação por parte de professor e o espaço disponibilizado para que ele ocorra.

A aceitação do professor torna-se primordial, uma vez que ele é o responsável pela mediação necessária, e conforme Moyles (2002, p. 18) “é um “fato” reconhecido na educação que o ensino e a aprendizagem bem-sucedidos de qualquer coisa dependem muito de o professor estar convencido dos méritos de uma determinada filosofia, método ou estilo.”


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Contudo, o objetivo desse estudo não está em convencer os professores da importância do brincar, para isso existem diversos livros e estudos de autores reconhecidos e que podem dar conta desse objetivo com maestria. Este estudo se destina a realizar reflexões sobre o espaço disponibilizado para que o brincar aconteça de forma saudável, seja instrumento de experimentações, desafios e novas aprendizagens nas escolas de educação infantil.

A presente monografia apresentará três partes, na primeira será dito como é tratado o assunto, a segunda parte procurará explanar a minha forma de ver enquanto profissional da Educação Física atuante na Educação Infantil e finalmente a terceira parte tentará expor algumas proposições sobre o tema.


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2 ONDE BRINCAR? COMO O ESPAÇO É TRATADO

A legislação brasileira prevê a construção e organização do espaço físico da escola de educação infantil, descrevendo-o como devendo ser “promotor de aventuras, descobertas, criatividade, desafios, aprendizagem e que facilite a interação criança-criança, criança-adulto e deles com o meio ambiente” (Brasil, 2008). Essa descrição remete a um espaço amplo, desafiador, capaz de proporcionar aos pequenos as mais diversas experimentações, porém não traduz a realidade.

O documento do Ministério da Educação, intitulado Parâmetros Básicos de Infra-estrutura para Instituições de Educação Infantil, traz uma série de sugestões de como podem ser elaborados tanto projetos de criação quanto de reforma das Instituições de Educação Infantil. Porém mais importante do que o resultado do projeto, seja ele de reforma ou construção, é como ele será elaborado. Concordo com o documento citado anteriormente quando este afirma que “a criança pode e deve propor, recriar e explorar o ambiente, modificando o que foi planejado” (Brasil, 2008), contudo, penso que a criança deve estar presente desde o desenvolvimento do projeto, opinando também na criação e não apenas na “reforma”. O Plano Nacional de Educação – PNE (Brasil, 2001) traz uma série de metas a serem cumpridas e a que mais chama a atenção sobre o assunto traz o seguinte texto na Meta nº2 em sua alínea d: “ambiente interno e externo para o desenvolvimento das atividades, conforme as diretrizes curriculares e a metodologia da Educação Infantil, incluindo repouso, expressão livre, movimento e brinquedo”. O documento do MEC, Parâmetros Básicos de Infra-estrutura para Instituições de Educação Infantil, chama a atenção para mais uma parte do PNE no que diz respeito à Meta nº 18, fazendo a observação de que: [...] se passa a exigir uma atenção especial no planejamento do espaço e na organização do ambiente considerando as várias atividades de cuidado (banho, repouso e alimentação), bem como a diversidade de situações e atividades a serem oferecidas às crianças para evitar um ambiente de confinamento e monotonia. (BRASIL, 2008)


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A relação estabelecida entre a criança e o espaço a que ela terá acesso dependerá fundamentalmente do tempo e da qualidade deste tempo em que se dará essa vivência. Ao realizar atividades no ambiente externo à sala de aula a criança tem a possibilidade de fazer uma leitura de mundo mais ampla. Relacionando-se com o espaço e no espaço ela recria suas vivências, reconhece-se como ser, interage com seu semelhante, e acaba por conhecer suas limitações, suas possibilidades e proporções.

Na Figura 1 Tonucci (2008, p. 224) coloca de forma simples, porém objetiva, o que se pode entender como o “desejo” de muitas crianças freqüentadoras das escolas de educação infantil, uma vez que para elas é muito mais interessante recriar, ressignificar, do que simplesmente ter brinquedos “prontos”, que não geram desafios. No trabalho com as crianças, já me deparei muitas vezes com situações onde uma estante passa a ser cama, os degraus de uma escada formam um ônibus, folhas ou sementes são dinheiro, etc. E quando digo que são não o faço por acaso, mas porque por alguns instantes aqueles objetos deixaram de ter seu significado e uso habituais e passaram a realmente ser o que as crianças queriam naquele momento.

Compartilho das mesmas idéias de Barbosa e Horn (2001, p. 73) quando dizem que o espaço físico da escola influencia no desenvolvimento das crianças [...] na medida em que ajuda a estruturar as funções motoras, sensoriais, simbólicas, lúdicas e relacionais. Inicialmente as crianças têm as suas percepções centradas no corpo; concomitante com o seu desenvolvimento corporal, sua percepção começa a descentralizarse e estabelecer as fronteiras do eu e do não-eu. Conseqüentemente os espaços educativos não podem ser todos iguais, o mundo é cheio de contrastes e de tensões, sendo importante às crianças aprenderem a lidar com isso.

Barbosa e Horn (2001, p. 75 e 76) ainda sugerem uma organização para utilização do espaço externo de acordo com a atividade a ser realizada: Espaço de Interligação para jogos tranqüilos, Espaço para brinquedos de manipulação e construção, Espaço Estruturado para jogos de movimento, Espaço para jogos imitativos e Espaço Não Estruturado para jogos de aventura e imaginação. Essa


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forma de organizar a área externa da sala de aula nos dá uma idéia das possibilidades de atividades que existem para serem propostas nos ambientes externos. Atividades que podem ser livres ou dirigidas, porém a interação do professor é indispensável em qualquer uma delas para que o desenvolvimento das crianças seja pleno.

Figura 1 – Crianças desenhistas

Concordo com Barbosa e Horn (2001, p. 72) quando dizem que “o cotidiano das escolas infantis está impregnado de vínculos afetivos em que o adulto tem importante papel de favorecer, de mediar a compreensão e interpretação do mundo pela criança”, e para isso acredito que são necessários profissionais comprometidos com esse objetivo, responsáveis pela utilização do espaço disponibilizado para a educação infantil, a fim de torná-los não apenas locais de “trabalho”, mas que possibilitem a criação do “hábito de ser feliz”.


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3 O ESPAÇO HOJE

Enquanto profissional da Educação Física atuante na Educação Infantil, penso que o espaço destinado às atividades externas, fora da sala de aula, ainda é um tanto quanto restrito na maioria das instituições de educação infantil, uma vez que ainda são poucos os espaços realmente pensados com essa finalidade desde o projeto. Muitos locais ainda são casas adaptadas ou reformadas, prédios adaptados, entre outros, o que acaba por limitar as possibilidades de trabalho.

Nos Parâmetros Básicos de Infra-estrutura (Brasil, 2008) consta que devem ser levadas em consideração as relações entre área construída e áreas livres, além de uma recomendação de que a área construída seja de 1/3 do terreno, não ultrapassando 50% do mesmo. Mas isso só é plenamente possível de ser atendido quando se pensa na escola de Educação Infantil desde seu projeto, da aquisição do terreno à implantação, do contrário atender a essas regras torna-se um tanto quanto problemático.

Ainda no documento do MEC é possível encontrar notas a respeito do ambiente natural presente na escola: A interação com o ambiente natural estimula a curiosidade e a criatividade. Sempre que possível, deve-se prover um cuidado especial com o tratamento paisagístico, que inclui não só o aproveitamento da vegetação, mas também os diferentes tipos de recobrimento do solo, como areia, grama, terra e caminhos pavimentados. (BRASIL, 2008)

Observando as crianças em momentos de atividades livres no espaço disponível é possível ver o quanto esse simples cuidado em manter a natureza por perto pode fazer a diferença no desenvolvimento integral das crianças. Podemos observá-los subindo em árvores, fazendo castelos de areia, transportando areia com caminhõezinhos, rolando na grama, entre tantas outras atividades, interações que podem ser intensificadas com a mediação do professor.

Tonucci (2008, p. 48) faz uma série de críticas ao sistema atual na Figura 2, ele expressa a restrição do espaço físico e a aparente satisfação do cuidador, considerando que por ser pequena a criança, o espaço disponível para ela também


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pode ser, privando-a da liberdade de criação e de experimentação. Contudo, o documento do MEC, nos lembra que a ausência total de limites físicos também pode ser prejudicial, portanto: É preciso refletir sobre o momento de desenvolvimento da criança para organizar as áreas de recreação. Crianças menores necessitam de uma delimitação mais clara do espaço, correndo o risco de se desorganizarem quando este é muito amplo e disperso. Espaços semiestruturados em espaços-atividades contribuirão para a apropriação dos ambientes pelos pequenos usuários. (BRASIL, 2008)

Figura 2 – A jaula

Outra situação comum de se observar na educação infantil é a cobrança do desenvolvimento de capacidades como autonomia, criatividade e independência, porém sem que se permita a ação. Situações que são apresentadas de maneira genial por Tonucci (2008, p. 52) na Figura 3.

A apropriação do espaço desde o berçário proporciona um pleno desenvolvimento da criança com relação a aspectos como compreensão espacial, dimensionamento, proporções, entre outros. Mas é preciso que essa apropriação aconteça por completo e para isso se faz necessária uma série de interações e experimentações que podem ser mediadas pelo professor quando se chega a certo ponto, proporcionando sempre um novo desafio.


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Figura 3 – O difícil caminho da autonomia

Outra situação tão complicada quanto à falta de espaço é a não utilização dele devido às condições em que se encontra, ou quanto ao terreno. Ao levar as crianças para a área de recreação, o professor deve estar ciente de que elas experimentarão e utilizarão o espaço das mais diferentes maneiras possíveis, imagináveis e muitas vezes até inimagináveis, cabe ao professor fazer as mediações e intervenções necessárias, porém sem “podar” as crianças. Tonucci (2008, p. 53 e 84) traduz essa situação nas Figuras 4 e 5.


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Figura 4 – [Arteiros]

Essas são situações que ocorrem no dia-a-dia de qualquer escola de educação infantil, seja ela pública ou privada. Cabe a toda a comunidade escolar mudar a realidade, mudar o quadro atual. Quando digo comunidade escolar, me refiro aos diretores, professores, funcionários, pais e alunos, mas estes últimos só terão voz se os demais assim desejarem e ouvirem.


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Figura 5 – [Tudo é sujo]


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4 O QUE PODE SER FEITO

Um primeiro passo já foi dado quando documentos como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (Brasil, 1996), o Plano Nacional da Educação – PNE (Brasil, 2001), os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (Brasil, 1998), a Política Nacional de Educação Infantil (Brasil, 1994), os Parâmetros Básicos de Infra-estrutura para Instituições de Educação Infantil (Brasil, 2008), entre tantos outros que surgem a cada dia, tratam do assunto de forma séria e com a devida importância. Porém o próprio Ministério da Educação admite a precariedade de muitos ambientes destinados à educação infantil: No Brasil, grande número de ambientes destinados à educação de crianças com menos de 6 anos funciona em condições precárias. Serviços básicos como água, esgoto sanitário e energia elétrica não estão disponíveis para muitas creches e pré-escolas. Além da precariedade ou mesmo da ausência de serviços básicos, outros elementos referentes à infra-estrutura atingem tanto a saúde física quanto o desenvolvimento integral das crianças. Entre eles está a inexistência de áreas externas ou espaços alternativos que propiciem às crianças a possibilidade de estar ao ar livre, em atividade de movimentação ampla, tendo seu espaço de convivência, de brincadeira e de exploração do ambiente enriquecido. (BRASIL, 2008)

Outro ponto importante a ser pensado é a implantação de comissões ou conselhos, como os apresentados por Tonucci (2005), atuantes junto ao poder público, fiscalizando e propondo melhorias para que não só as instituições de educação infantil, mas as cidades sejam melhores e as necessidades da população sejam atendidas plenamente para todas as faixas etárias. Seria muito bom se a Figura 6 criada por Tonucci (2008, p. 124) fosse um retrato da realidade no que se refere a ouvir os anseios da população infantil.

Mas é de suma importância o comprometimento dos professores quando os espaços forem adequados, afinal para que tenhamos uma educação infantil sólida, bem estruturada e consciente do seu papel como primeira etapa da educação básica, é preciso que os profissionais que atuam nela sejam qualificados e que se sintam parte integrante do processo. Para isso é necessário o investimento em formação e valorização desse profissional.


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Contudo, não basta criar leis e outros documentos que tratem com respeito a educação infantil se essas proposições ficarem no papel. É preciso que isso seja vivido na prática do dia-a-dia. Faz-se necessário aplicar tais regras para que a educação infantil seja consolidada como espaço de educação e não visto apenas como um espaço de cuidados básicos.

Figura 6 – [Desejo]


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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo permitiu conhecer, ainda que minimamente, as atuais leis e discussões a respeito da infra-estrutura escolar e de como esse assunto vem sendo tratado no Brasil, além de permitir um aprofundamento na questão do brincar.

Foi possível constatar que, apesar de existirem leis e documentos atestando sobre a necessidade de investimento na área, na prática o espaço está longe de ser prioridade. O reconhecimento da Educação Infantil como primeira etapa da educação básica em nosso país ainda é recente e acredito que este seja um dos fatores determinantes para a caracterização do quadro atual. Outro fator importante, a meu ver, é a inexistência de uma cultura de cobrança e fiscalização por parte da população.

Porém para que ocorra mudança, acredito seja necessário que toda a sociedade esteja envolvida e comprometida, a começar pelos pais e professores que estão diretamente ligados ao assunto.

Talvez, mudar a visão de um país seja algo utópico, mas se começarmos com a escola onde matriculamos nossos filhos ou onde trabalhamos, possamos promover a mudança necessária, afinal nossas crianças passam a maior parte do dia nas instituições de educação. Cabe a nós adultos parar para ouvir os anseios da população infantil, assim será muito gratificante quando a criança retratada por Tonucci (2008, p. 225) na Figura 6 não estiver mais espantada por ser ouvida.


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Figura 7 – O conselho de crianças


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REFERÊNCIAS

BARBOSA, Maria Carmem Silveira. Por amor e por força: rotinas da educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2006. 240 p.

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação Fundamental. Coordenadoria de Educação Infantil. Política Nacional de Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF/Coedi, 1994a.

BRASIL. Congresso Nacional. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23 de dezembro de 1996a.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998b, 3v.

BRASIL. Plano Nacional de Educação. Apresentado por Ivan Valente. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.

CRAIDY, Carmem Maria; KAERCHER, Gládis Elise P. da Silva (Org.). Educação infantil: pra que te quero? Porto Alegre: Artmed, 2001. 164 p.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. Coleção Leitura.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa: conforme a nova ortografia. 4. ed. São Paulo: Positivo, 2009. Acompanha CD-Rom.

HORN, Maria da Graça Souza. Sabores, cores, sons, aromas: A organização dos espaços na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2004.

MOYLES, Janet R. Só brincar? O papel do brincar na educação infantil. Tradução de Maria Adriana Veronese. Porto Alegre: Artmed, 2002. 200 p. il.

TONUCCI, Francesco. Quando as crianças dizem: agora chega! Tradução de Alba Olmi. Porto Alegre: Artmed, 2005. 243 p.


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______. Frato: 40 anos com olhos de criança. Tradução de Maria Carmem Silveira Barbosa. Porto Alegre: Artmed, 2008. 248 p. il.


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